Proposta do JBS pelo Independência é a mais 'real', segundo advogado
JBS ofereceu R$ 268 milhões pelos ativos do frigorífico Independência.
Credores dão resposta dia 15, após adiamento da reunião desta 2ª (30).
Da Agência Estado
Data: 30/04/2012
O advogado do frigorífico Independência, Pedro Paulo Gasparini, do escritório Gasparini, DeCresci e Nogueira
de Lima Advogados, afirmou que a proposta de compra feita pelo grupo JBS, de R$ 268 milhões, para os ativos
do Independência é a mais "real, factível" de toda a recuperação judicial.
O processo teve início em maio de 2009 e desde então já foram realizadas 14 assembléias de credores para
discutir o futuro do frigorífico. O futuro do Independência será decidido dia 15, com a continuação da assembléia
iniciada nesta segunda-feira (30) e suspensa a pedido dos credores para um prazo maior de avaliação da
proposta da JBSx.
"A falência não agrada a ninguém. A verdade é que estamos todos desgastados. Temos que levar em conta que
esse é o momento de resolver a grande questão do futuro do Independência", declarou o advogado. Segundo
ele, na atual conjuntura do setor de proteínas brasileiro, não há outro player que teria condições de fazer outra
proposta. "Se fizermos um cálculo financeiro, a JBS está fazendo um ótimo negócio. Está levando ativos que
proporcionará a ela uma relevante capacidade de geração de caixa", completou.
O advogado da JBS, Eduardo Munhoz, do escritório Mattos Filho, explicou que na proposta de R$ 268 milhões, o
grupo levou em consideração a avaliação dos ativos e o valor econômico dos mesmos. "O desafio foi construir
estrutura financeira para garantir o mínimo de investimento. Procuramos seguir as prioridades e as prerrogativas
da recuperação judicial", afirmou.
De acordo com o advogado, há três instâncias de aprovação da proposta. A primeira seria em assembléia (AGC);
a segunda, dos detentores dos bonds de US$ 165 milhões com vencimento em 2015, e a terceira, dos credores
de linhas de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), que são extraconcursais, ou seja, não foram
originalmente incluídos no plano de recuperação judicial.
"Os R$ 135 milhões a serem pagos em ações da JBS, ao preço de R$ 7,91 por ação, serão destinados ao
pagamento dos detentores dos bonds de 2015. A outra metade será destinada ao restante dos credores, que
inclui os de garantia real e os quirografários (nesta classe estão os pecuaristas)", afirmou.
O prazo para a efetivação da compra pela JBS é de 60 dias. "Esse prazo é mais longo do que os gestores
gostariam, mas é mais real", declarou Munhoz. No domingo, o presidente da JBS, Wesley Batista, comentou que
esperava formalizar a compra do Independência em 30 dias, após a aprovação em assembléia.
Pecuaristas
O assessor jurídico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Carlo
Daniel Cordibelli Francisco, afirmou que "aparentemente a proposta feita pela JBS é sólida", mas que agora irá
analisar com mais calma os termos para repassar aos credores pecuaristas do Estado. "O alongamento do
processo deixou todos (credores) cansados e descrentes. A JBS é uma empresa de peso, que tem respeito do
setor e ao que tudo indica é que é uma proposta séria. O fato dela ter entrado no processo foi muito bem visto
pelos nossos credores", declarou.
Presente praticamente em todas as reuniões de credores do Independência, o pecuarista de Mato Grosso Romão
Ribeiro Flor não compartilha da opinião do assessor jurídico da Famasul. "A proposta é ruim, não vou receber
quase nada. Já fiquei descapitalizado e tinha esperanças de receber", declarou. O pecuarista tem a receber do
Independência cerca de R$ 2 milhões. "Sei que o meu voto vai ser vencido, mas vou lutar para receber o que
tenho direito", disse.
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Leia em PDF - Gasparini, de Cresci e Nogueira de Lima Advogados