Modelos de planeamento e gestão de recursos hídricos 19 de Novembro Metodologias de análise • Sistema real vs sistema simplificado • Modelação – Matemática; – Física; • Análise de sistemas: – Simulação; – Optimização: • • • • Programação linear; Programação dinâmica; Métodos baseados em gradientes; Métodos heurísticos – – – Redes neuronais; Algoritmos genéticos; Simulated Annealing; • …. IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 154 Problemas tipo • Planeamento – Que alterações profundas há a realizar no sistema para satisfazer os usos / fins do sistema ? – Longo prazo; • Gestão – Qual a política de operação do sistema, tendo em conta a sua configuração (condições naturais, infra-estruturas, usos/fins) ? – Médio prazo; • Gestão em tempo real – Qual a decisão apropriada para o próximo período tendo em conta o estado do sistema ? – Curto prazo. IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 155 Exemplos • Planeamento: – Como resolver os problemas de cheias de uma determinada localidade ? – Como resolver os problemas de abastecimento de uma região ? – Como resolver os problemas de contaminação de um curso de água ? • Gestão: – Qual deve ser a política de exploração de uma albufeira para satisfazer certos fins ? • Gestão em tempo real: – Que volumes de água devo atribuir a cada uso esta semana tendo em conta o estado do sistema e as previsões de afluências ? IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 156 Formulação • Dado um problema: – Alternativa 1 –> Implicações (benefícios, custos) – Alternativa 2 –> Implicações (benefícios, custos) ….. – Alternativa n –> Implicações (benefícios, custos) • Qual é a alternativa mais apropriada ? • Problema: Existe um número muito elevado, por vezes infinito, de alternativas para solucionar o problema. IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 157 Resolução 1. Identificação de soluções viáveis (admissíveis), i.e. que satisfazem as condicionantes do problema; 2. Avaliação dos benefícios e custos de cada alternativa. 3. Identificação da melhor alternativa. IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 158 Técnicas de resolução • Simulação – Modelo matemático que estima o desempenho do sistema se adoptada determinada solução; – O utilizador testa várias alternativas e avalia os resultados; – Por tentativa e erro, é identificada a melhor alternativa; Alternativa 1 Modelo Implicações Alternativa 2 Modelo Implicações Alternativa i Modelo Implicações Alternativa n Modelo Implicações IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 Análise Comparação Melhor alternativa 159 Técnicas de resolução • Optimização – – – – Identificação de possível solução; Estimativa do desempenho do sistema; Aperfeiçoamento da solução; Identificação da melhor alternativa de forma automática; Alternativa x Simulação Implicações Gera novas alternativas IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 Melhor alternativa 160 Vantagens e desvantagens • Simulação – Permite simular o sistema de forma mais realista; – Exige a identificação manual das alternativas viáveis; – Exige identificação da melhor alternativa por tentativa e erro; – Quando existe um número infinito de alternativas, é difícil identificar a melhor. • Optimização – Simulação simplificada do sistema; – Identificação da melhor solução de forma automática. – A solução identificada como melhor pode não ser a melhor no mundo real. Solução: • Utilizar optimização para identificar a “melhor” solução; • Avaliar a solução por simulação e proceder a aperfeiçoamentos; IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 161 Formulação de um problema de optimização • Cada alternativa é representada pelos valores que um conjunto de variáveis assume. • Variáveis de decisão: X1, X2, ….,Xn • Função objectivo: B(X1, X2, ….,Xn) (e.g. beneficios ou custos da alternativa) • Max B(X1, X2, ….,Xn) Sujeito a F1(X1, X2, ….,Xn) <= b1 F2(X1, X2, ….,Xn) <= b2 ....... Fn(X1, X2, ….,Xn) <= bn IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 162 Técnicas de optimização • Programação linear – Só podem ser incluídas equações lineares • g(X1, X2, …, Xn) = c1 X1 + c2 X2 + … + cn Xn • e.g. não é possível assumir que o custo de uma solução varia com o quadrado de uma variável • Programação dinâmica – A função objectivo tem de ser separável. • – F(X1, X2, …, Xn) = f1(x1) + f1(x2) + … + fn(xn) Maldição da dimensão • Programação não linear – Não há garantia de identificação da melhor solução. • Técnicas heurísticas – Redes neuronais; – Algoritmos genéticos; – Simulated annealing (recozimento simulado); • Programação inteira – Variante da PL que permite considerar variáveis não contínuas • Programação dinâmica estocástica; teoria do controlo – Variantes da PD IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 163 Programação linear • As variáveis são contínuas; • Todas as equações são lineares; • Formulação padrão (forma canónica;) – Max C1X1 + C2X2 + … + CnXn – Sujeito a • • • • • a11 X1 + a12 X2 + … a11 Xn <= b1 a21 X1 + a22 X2 + … a21 Xn <= b2 … am1 X1 + am2 X2 + … amn Xn <= bm X1>=0, X2>=0, …., Xn>=0 IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 164 Exemplo 1 Mitigação de cheias IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 165 Ex.1 - Mitigação de cheias • Uma pequena cidade, que sofre frequentemente cheias, está a estudar as duas soluções tecnicamente viáveis para mitigar este problema. A primeira solução consiste em construir um dique que custa 200 mil euros por cada metro de altura, sendo possível construir diques até um máximo de 4 m. Cada metro de altura do dique reduz o risco de cheia em 5%. • A outra solução é a definição de um volume de encaixe de cheias numa albufeira localizada a montante da cidade. A entidade que gere essa albufeira está disposta vender o direito de utilização da capacidade de armazenamento, até um volume de 10 dam3, por 150 mil euros por cada dam3. Cada dam3 de volume de encaixe de cheias reduz o risco de cheia em 3%. • Actualmente, sem qualquer medida de protecção, o risco de cheia é 50%. A cidade pretende saber qual é a solução mais barata que reduza o risco de cheia para um valor inferior a 10 % – Qual é a solução mais barata para atingir o risco de cheia pretendido ? – Quanto é custaria reduzir o risco de cheia para 9 % ? – Quanto a cidade estaria disposta a pagar pela possibilidade de utilizar mais um dam3 de capacidade de armazenamento na albufeira ? IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 166 Ex.1 - Mitigação de cheias Formulação / Resolução Função objectivo: Minimizar custos Variáveis de decisão: • Volume de encaixe de cheias, V (dam3) • Altura do dique, H (m) H 8 Solução óptima V = 6.6 dam3 H=4m Custo = 1790 milhares de euros Min 200H + 150V (milhares de euros) Sujeito a: 4 V <= 10 dam3 Soluções Admissíveis H <= 4 m 50 – 5H – 3V <= 10 V>=0; H>=0 IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 13,3 V 167 Programação linear • Todas as equações (restrições e função objectivo) são lineares e são representadas por rectas no espaço das soluções; • A zona das soluções admissíveis é um polígono convexo; • A solução óptima é sempre um dos vértices do polígono; • O número de restrições condicionantes é igual (ou superior) ao número de variáveis. Polígono não convexo Polígono convexo IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 168 Preços-sombra • Cada restrição tem um preço-sombra (incluindo as de não negatividade); • Definição: – Variação do valor da função objectivo decorrente do incremento em uma unidade do lado direito da equação; • Significado: – Custo unitário do recurso associado à restrição; • Restrições: – – Condicionantes -> preço-sombra <> 0. Não condicionantes -> preço-sombra = 0 Max C1X1 + C2X2 + … + CnXn Preços sombra Sujeito a a11 X1 + a12 X2 + … a11 Xn <= b1 a21 X1 + a22 X2 + … a21 Xn <= b2 Y1 Y2 ....... ….. am1 X1 + am2 X2 + … amn Xn <= bm X1 >=0 Yn z1 X2 >=0 … Xn >=0 z2 … zn IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 Custos reduzidos 169 Ex.1 - Mitigação de cheias Cálculo de preços sombra Problema original Min 200H + 150V (milhares de euros) Sujeito a: V < 10 dam3 H<4m 50 – 5H – 3V <= 10 V>=0; H>=0 Solução óptima original V = 6.6 dam3; H = 4 m Custo = 1790 milhares de euros Preço sombra de H <= 4 H<= 5 Nova solução óptima V = 5 dam3; H = 5 m Custo = 1550 milhares de euros Preço sombra = 1790–1550 = 240 milhares de euros/m Preço sombra de 50-5H-3V<=10 50-5H-3V<=11 Nova solução óptima V = 4.6 dam3; H = 4 m Custo = 1490 milhares de euros Preço sombra = 1790– 1490= 300 milhares de euros/(%risco) IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 H 5 4 10 13,3 V 10 13,3 V H 4 170 Ex.1 - Mitigação de cheias Preços sombra • Quanto é custaria reduzir o risco de cheia para 9%? – Preço sombra da restrição do risco de cheia – Custo = 300 milhares de euros/(%risco) • Quanto a cidade estaria disposta a pagar pela possibilidade de utilizar mais um dam3 de capacidade de armazenamento na albufeira? – Preço sombra da restrição sobre o volume de encaixe de cheias; – 0 milhares de euros/dam3 – Só está a utilizar 6.6 dam3 dos 10 dam3 que tem disponíveis. • Quanto a cidade está a pagar pela imposição de não permitir a construção de um dique com uma altura superior a 4 m? – Preço sombra da restrição sobre a altura máxima do dique; – Custo = 240 milhares de euros/m IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 171 Ex.1 - Mitigação de cheias Análise de sensibilidade • Max Z=c1H+c2V – c1 = 200 – c2 = 150 • Qual é a sensibilidade da solução encontrada a variações dos coeficientes da função objectivo • • • • • • Max Z=c1H+c2V H = 1/c2 x Z- c2/c1 x V c2/c1 > 8/13.3 c2 > 0,6 x c1 Se c1 = 200 -> c2 > 120 Se c2 = 150 -> c1 < 250 IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 H 4 10 13,3 V 172 Exemplo 2 Abastecimento de água IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 173 Ex.2 - Abastecimento de água • • • • Uma cidade necessita de garantir um abastecimento de água de 500 dam3 por ano. Para resolver este problema existem duas soluções: a construção de uma barragem num local próximo da cidade ou a construção de um sistema de adução a partir de um aquífero existente localizada a uma grande distância da cidade. O local escolhido para construir a barragem permite o armazenamento de água até um máximo de 20 000 dam3. Cada dam3 de armazenamento custa 500 euros e proporciona um abastecimento garantido de 0,04 dam3/ano. Os custos de construção do sistema de adução são de 50 mil euros por dam3/ano de capacidade de transporte. Dado que o aquífero que alimenta o sistema de adução só pode garantir o fornecimento de máximo de 800 dam3/ano não há interesse em construir um sistema com uma capacidade de transporte superior a esse valor. A construção destas duas infra-estruturas exige uma rede logística para fazer chegar máquinas e materiais à região. A fim de reduzir o impacto da construção na região foi acordado com a população limitar o número de camiões que transitam a 50/dia. A construção de cada 1000 dam3 de armazenamento da albufeira exige 2 camiões/dia. A construção de cada 100 dam3/ano de capacidade de transporte exige 5 camião por dia. – Qual é a solução mais barata ? – Quanto é que custa o acordo de limitar o número de camiões? – Quanto é que a cidade estaria disposta a pagara para conseguir um maior abastecimento garantido por parte da albufeira a montante do sistema de adução? IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 174 Ex.2 - Abastecimento de água Formulação / Resolução • • • • Variáveis de decisão – V – Volume de armazenamento (mil dam3) – A – Capacidade de adução (dam3/ano) Função objectivo – Min 500V + 50A (milhares de euros) Restrições: – Local de construção: V <= 20 – Recarga do aquífero: A <= 800 – Necessidades de água: 40V + A >= 500 – Acordo: 2V + 0,05A <= 50 – V >=0; A >=0. Solução óptima – A = 0 dam3/ano – V = 12,5 mil dam3 – Custo = 6250 mil euros IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas • A 1000 800 500 V 12,5 20 25 Preços sombra – Local de construção: 0 euros/dam3 – Necessidades: • Nova solução: A=0, V=12,525, Custo=6262.5 • Preço sombra: 12,5 mil euros/dam3/ano – Acordo: 0 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2008 175