Dom 25 Fev Edição Lisboa
Domingo 25 de Fevereiro de 2007
Ano XVII, n.º 6176
Portugal: 1,40€ (IVA incluído)
Espanha: 2,00€ (IVA incluído)
Director: José Manuel Fernandes
Directores adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
Quarto de oito volumes
da colecção produzida
por Martin Scorsese.
Na próxima terça-feira.
The Blues DVD €7,95
Pública
Ségolène Royal
será a mamã
de que a França
precisa?
Portugueses
encontram na
Índia cidade
perdida em 1739
As crónicas de
Daniel Sampaio
e José Eduardo
Agualusa
Não há estimativas sobre os casos em
Portugal que não estão legalizados
a A luta de Luís Gomes, militar detido em Tomar, para manter consigo
a criança que acolhera desde os três
meses de idade trouxe o assunto para
a ordem do dia. Há quem faça quase
tudo para ter um filho. E nestes casos
é fácil cair na tentação de manter
adopções informais na esperança de
que um dia se tornem definitivas e de
papel passado. Mas a coordenadora do
Observatório da Adopção, Filomena
Fonseca, adverte que é errado alguém
ficar informalmente com uma criança
na expectativa de a adoptar. Os candidatos a pais “têm de ser avaliados”
e os menores podem nunca se tornar
adoptáveis. Se o cenário se alterar, o
sofrimento será “terrível”. Para quem
adopta e para quem é adoptado. O PÚBLICO descreve, nesta edição, alguns
casos onde as adopções se complicaram, por várias razões: idade avançada da potencial adoptante, problemas
conjugais, dificuldades económicas e
outras. Tudo isto num país que tem
mais de 15 mil menores em instituições de apoio e 715 em listas nacionais
de adopção, metade dos quais ainda
sem candidato a adopção atribuído. O
mesmo país onde o desespero já levou
alguém a tentar vender um bebé por
500 contos. Com o pretexto de “ajudar uma pessoa que precisa muito de
dinheiro.” c Portugal, 4/5
Sector automóvel
Futebol
Diocese do Porto
Óscares A torre de Babel, págs. 2/3
GARY HERSHORNR/EUTERS
Adopções fora
do circuito legal
podem ser más
para as crianças
Novo bispo é
historiador e um
leitor atento
a É um homem de consensos mas
sempre pronto para um bom debate.
Historiador e leitor compulsivo, D. Manuel Clemente foi nomeado na quinta-feira bispo do Porto. Aos 58 anos,
sucede a D. Armindo Lopes Coelho e
tem pela frente dois desafios: dar uma
nova dinâmica pastoral a uma diocese adormecida à sombra do passado
e chamar à missa um maior número
de fiéis. c Portugal, 7
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Médio Oriente
Menos 88 mil
Estrangeiros
empregos na UE dominam Liga
em cinco anos
portuguesa
Educação para a
paz só funciona
desde o berço
a A indústria automóvel dos Quinze
da União Europeia perdeu cerca de 88
mil postos de trabalho entre 2000 e
2005, indicam os dados da Associação dos Construtores Europeus de
Automóveis. Em Portugal, ficaram
sem emprego neste sector perto de
seis mil pessoas, o que coloca o país
como o segundo mais penalizado da
Europa. c Economia, 40/41
a Os efeitos dos programas de educação para a paz entre judeus e árabes
são diminutos e efémeros, concluiu
um estudo da Universidade de Haifa,
em Israel, com jovens israelitas e palestinianos. A forma mais eficaz de obter resultados a longo prazo é apostar
numa abordagem que envolva todos
os níveis de ensino. Do infantário à
universidade. c Mundo, 18
a Os números não deixam margem
para dúvidas: na primeira volta da
Liga Bwin, os treinadores das 16
equipas participantes utilizaram 113
futebolistas estrangeiros e apenas 110
portugueses. Segundo um estudo do
Sindicato dos Jogadores Profissionais
de Futebol, seis dos clubes apostaram
mais em atletas nascidos fora de Portugal. c Desporto, 34/35
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2 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Destaque
Óscares Noite já cheia de surpresas anuncia-se pouco surpreendente
Hollywood
em noite de reis,
rainhas e uma
torre de Babel
Cerimónia dos Óscares da Academia
traz em 2007 mais do mesmo mas
embrulhado de maneira diferente
Jorge Mourinha
a Hoje, pelas 17h00 de Los Angeles
(1h00 de amanhã em Lisboa), arranca
no Kodak Theatre a noite mais longa
do cinema, este ano apresentada pela
actriz Ellen de Generes: a cerimónia
anual de entrega dos Óscares, os prémios da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas de Hollywood.
Nesta 79.ª edição, Babel, do mexicano Alejandro González Iñarritú, o
realizador Martin Scorsese (The Departed – Entre Inimigos), as actrizes Helen
Mirren (A Rainha) e Jennifer Hudson
(Dreamgirls) e os actores Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia) e Eddie
Murphy (Dreamgirls) partem favoritos
numa corrida ao mesmo tempo cheia
de surpresas e pouco surpreendente.
Cheia de surpresas, porque a lista
das nomeações “dividiu o mal pelas
aldeias” (não há um filme dominante
em todas as categorias principais) e fugiu das grandes produções de prestígio
que os estúdios afinam milimetricamente. Pouco surpreendente, porque a
lista dos nomeados (e dos vencedores)
continua a ser gerida de acordo com
a agenda ideológica de uma indústria
de alcance global.
Os “independentes”
Mais do que em anos anteriores, as
nomeações de 2007 confirmam que o
cinema dito “independente”, produzido fora dos grandes estúdios, se tornou
no novo mainstream e que Hollywood
está a olhar com atenção para o cinema
feito fora das suas fronteiras. Alguns
dos favoritos anunciados falharam as
nomeações para os prémios maiores
(Dreamgirls, de Bill Condon, só está
presente em categorias secundárias);
apenas dois dos cinco nomeados para melhor filme (The Departed – Entre
Inimigos, e Cartas de Iwo Jima, de Clint
Eastwood) são produções de estúdio;
entre as cinco actrizes nomeadas na
categoria principal, há apenas uma
americana (Meryl Streep) contra três
inglesas ( Judi Dench, Helen Mirren e
Kate Winslet).
Os latinos estão em força: para além
das nomeações de Babel, que incluem
a actriz mexicana Adriana Barraza (e a
japonesa Rinko Kikuchi) como melhor
actriz secundária, a espanhola Penélope Cruz surge candidata a melhor
actriz por Voltar, de Pedro Almodóvar, e dois outros realizadores mexicanos vêem obras suas nomeadas,
Guillermo del Toro (cujo Labirinto do
Fauno recebeu seis citações, melhor
filme estrangeiro à cabeça) e Alfonso
Cuarón (Os Filhos do Homem, com três
nomeações).
O cinema americano sempre soube
integrar cineastas de outros países – Alfred Hitchcock era inglês, Billy Wilder
vienense – e as nomeações de 2007
sugerem que a indústria reconheceu
que o “sangue novo” de que precisa
dificilmente virá de dentro.
Os Óscares intervenientes
Mas a cerimónia de 2007 é também significativa pela “boa consciência” que
revela nos filmes que escolheu nomear
(num ano em que o público americano
se virou contra a guerra no Iraque) e
pela compreensão de que os EUA não
estão sozinhos no mundo. Para além
de obras tão evidentemente intervenientes como Babel, Cartas de Iwo Jima ou Diamante de Sangue, de Edward
Zwick (com cinco nomeações, entre as
quais melhor actor, para Leonardo di
Caprio), basta olhar para os tópicos dos
cinco filmes candidatos ao Óscar de
melhor documentário: o aquecimento global (Uma Verdade Inconveniente,
favorito), a situação no Iraque (Iraq in
Fragments e My Country My Country), a
religião nos EUA (Deliver Us from Evil e
Jesus Camp). Os votantes da Academia
sempre gostaram de evidenciar as suas
impecáveis credenciais liberais numa
cidade que vota essencialmente democrata – como o prova igualmente a
presença de cinco actores negros entre
os nomeados, com três favoritos (Forest Whitaker, Eddie Murphy e Jennifer Hudson; os outros são Will Smith,
por Em Busca da Felicidade, e Djimon
Hounsou, por Diamante de Sangue). A
dupla vitória de Denzel Washington e
Halle Berry em 2002 pode finalmente
estar a dar frutos.
Mesmo um filme feel good como Uma
Família à Beira de um Ataque de Nervos
acaba por reflectir o estado disfuncional da actual sociedade americana.
Mas a presença da comédia independente de Jonathan Dayton e Valerie
Faris entre os nomeados apenas confirma como os Óscares continuam a
ser uma cerimónia de “baixo risco”.
O liberalismo da Academia mantémse dentro de coordenadas civilizadas
e bem-comportadas, excluindo das
nomeações mais mediáticas objectos
provocadores ou perturbantes como
Borat, de Larry Charles, ou Pecados Íntimos, de Todd Field. Daí que esta seja
uma cerimónia dominada pelo business
as usual, onde os vencedores parecem
previsíveis à distância. Logo veremos
se esta será uma noite de surpresas ou
de confirmações.
Babel é um dos favoritos, apesar
das más reacções da crítica
FOTÓGRAFO
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 3
Scorsese vs. Eastwood, duelo de
gigantes com resultado anunciado
a Face à convicção unânime de que
Babel vai levar para casa o Óscar de
Melhor Filme, é mais ou menos consensual que Martin Scorsese parte
favorito para o prémio de Melhor
Realizador.
A tendência é para os dois óscares
serem entregues ao mesmo filme, mas
está longe de ser uma regra rígida (em
2003, Chicago ganhou melhor filme
mas Roman Polanski foi o melhor
realizador; o ano passado, Ang Lee
levou a estatueta, mas foi Colisão que
venceu o prémio máximo).
E mesmo que The Departed – Entre
Inimigos esteja longe de ser o melhor
Scorsese, a sensação é que chegou a
hora do realizador, nomeado para o
prémio de direcção cinco vezes (por O
Touro Enraivecido, A Última Tentação
de Cristo, Tudo Bons Rapazes, Gangs de
Nova Iorque e O Aviador) sem nunca
ganhar.
Ferido pela derrota de O Aviador,
Scorsese escusou-se a fazer campanha
este ano, o que poderá ter jogado em
seu favor, sobretudo porque Entre Inimigos é muito mais “scorsesiano” do
que o anterior, visto como uma tentativa calculada de ganhar o cobiçado
prémio. Ironicamente, Entre Inimigos
é também o seu maior êxito comercial de sempre – mais uma razão para
a Academia o recompensar este ano.
Clint, ainda outsider
No entanto, há quem ponha essa vitória anunciada de Scorsese em dúvida
face à presença de Clint Eastwood pela quarta vez entre os nomeados.
A presença de Cartas de Iwo Jima
foi uma surpresa: a maior parte dos
observadores esperava que fosse As
Bandeiras dos Nossos Pais a aparecer
na lista, mas a sua recepção tépida
levou a Warner a mudar de táctica e
a antecipar o lançamento do segundo
filme, acolhido com o entusiasmo que
o outro não teve.
Mesmo assim, Eastwood continua
a partir outsider: já levou o prémio
para casa por duas vezes, em 1993
com Imperdoável e há dois anos com
Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos,
e a sensação é que este ano há outros
que merecem mais ser premiados.
O que não invalida que a Academia
possa preferir premiar Eastwood por
contar a mesma história de dois pontos de vista diferentes. J.M.
Martin Scorsese
Clint Eastwood
Helen Mirren, a rainha
Óscar de Melhor Actriz já tem nome escrito
a É o ano dela: prémio de melhor actriz em Veneza, Globo de Ouro para
melhor actriz dramática, um sem-número de honrarias internacionais
pela sua interpretação da rainha de
Inglaterra Isabel II em A Rainha, de
Stephen Frears.
Isto no mesmo ano em que ganhou
um Globo de Ouro por ter interpreHelen Mirren
interpretou a
rainha Isabel
II no filme de
Stephen Frears
e Isabel I na
série televisiva
Elizabeth
tado a outra Isabel de Inglaterra, na
mini-série televisiva Elizabeth. Até
uma das suas concorrentes, Judi
Dench, nomeada por Diário de um
Escândalo, acha que não tem hipóteses contra Dame Helen Mirren, de
62 anos, nascida em Londres de pais
aristocratas russos.
Esta é a terceira nomeação de Helen
Mirren para os óscares, e primeira como actriz principal (as duas anteriores
foram na categoria de actriz secundária, por A Loucura do Rei George, de
Nicholas Hytner, e Gosford Park, de
Robert Altman).
Apesar de dois prémios de interpretação em Cannes por A Loucura do
Rei George e Tempo de Guerra, de Pat
O’Connor, e de papéis em filmes como
O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher
e o Amante Dela, de Peter Greenaway,
ou Excalibur, de John Boorman, é no
teatro (onde fez parte da Royal Shakespeare Company e da companhia de
Peter Brook) que os seus talentos são
mais reconhecidos.
E foi o pequeno ecrã que a celebrizou internacionalmente, graças à inspectora Jane Tennison que encarnou
em sete temporadas da aclamada série
britânica Principal Suspeito.
Se há este ano um óscar que já tem
nome escrito, é o de Melhor Actriz
para Helen Mirren. J.M.
Forest Whitaker, o rei
Favorito, apesar da sombra de Peter O’Toole
a É o ano dele: o Globo de Ouro pelo
seu retrato do ditador ugandês Idi
Amin Dada em O Último Rei da Escócia,
ficção histórica do escocês Kevin Macdonald, colocou-o à frente da corrida
para o Óscar de Melhor Actor.
A vitória não é tão certa como a de
Helen Mirren – entre os “opositores”
está um Peter O’Toole oito vezes nomeado e nunca vencedor que pode
ganhar o prémio por simpatia – mas
Forest Whitaker, de 46 anos, é o favorito para levar a estatueta dourada para casa, logo à primeira nomeação.
Seria uma boa compensação pela
indiferença da Academia à sua prestação emblemática, em Bird, de Clint
Eastwood, que lhe valeu o prémio de
interpretação em Cannes, mas nem
sequer foi nomeada para os óscares.
Forest nasceu no Texas, a 15 de julho de 1961, e passou pelo teatro antes
de se estrear no cinema, aos 21 anos.
Revelado em 1986 em Os Bravos do
Pelotão, de Oliver Stone, e A Cor do Dinheiro, de Martin Scorsese, Whitaker
Forest Whitaker
interpreta o
ditador ugandês
Idi Amin Dada
no filme O Último
Rei da Escócia,
uma ficção
histórica
tem alternado entre filmes de estúdio
(Bom Dia Vietname, Espécie Mortal,
Chuva de Fogo), produções independentes (Jogo de Lágrimas, Fumo, Maria
Madalena) e televisão (participando
em episódios das séries Serviço de
Urgência e O Protector).
Dirigiu também três filmes menores
(Quatro Mulheres Apaixonadas, Uma
Nova Esperança e First Daughter).
O reconhecimento do seu trabalho
em O Último Rei da Escócia deixa-o
particularmente satisfeito – para o
actor, é um dos seus três papéis preferidos, a par do que desempenhou
em Bird e Ghost Dog – o Método do
Samurai, de Jim Jarmusch. J.M.
4 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Portugal
Crianças Histórias de quem deseja ter filhos
Adopções
informais
podem ser o pior
para as crianças
As adopções de facto podem ser minoritárias em Portugal
Não se deve ficar com uma
criança a cargo com o propósito
de a adoptar, porque ela pode
nunca se tornar adoptável
Ana Cristina Pereira
a Há quem ofereça uma criança que
não deseja ou pode criar. E “a tentação
pode ser forte quando se está há anos a
tentar ter um filho”, reconhece Esteves
Aguiar, presidente da Colo – Associação
Portuguesa de Apoio à Adopção. Mas
tudo pode acontecer quase por acaso.
Porque a criança estava desamparada.
Porque a criança foi ficando.
A. é “a solteira” de uma família de
cinco irmãos. Sempre partilhou casa
com a matriarca de quotidiano animado pela algazarra dos netos. Quando a
mãe de J. emigrou, o miúdo ficou com a
avó materna e acabou por transitar para a idosa vizinha, logo convertida em
sua ama. A. acarinhou-o, a avó morreu,
a progenitora não regressou. E, um dia,
andava já o rapaz na escola primária,
A. dispôs-se a adoptá-lo.
Helena Simões, coordenadora nacional da adopção na Segurança Social,
fala em “adopções de raiz” e em “adopções de facto”. As primeiras seguem
todos os trâmites legais – depois de
uma criança ser declarada adaptável,
as equipas de adopção procuram, entre os candidatos aprovados, a família
É um erro ficar
informalmente
com uma criança
na expectativa
de a adoptar. “As
pessoas têm de
se candidatar e
ser avaliadas”
que melhor se lhe adequa. As segundas resultam de um facto consumado
– desenvolveram-se relações de afecto susceptíveis de legitimidade legal.
“Tem de se ver o que é mais adequado
para a criança”.
Filomena Fonseca, do Observatório da Adopção, critica quem fica,
informalmente, com uma criança na
expectativa de a adoptar – “As pessoas
têm de se candidatar, de ser avaliadas”.
“Quem quer adoptar não deve ir por
esta via, porque a criança pode nunca
ficar em situação de adoptabilidade”,
concorda Helena Simões. O cenário
pode alterar-se e “é um sofrimento
terrível”. Mas “isto não quer dizer
que não se deve acolher uma criança
que precisa”. Fazê-lo configura “um
acto de solidariedade”.
É impossível dizer quantas crianças
chamam mãe e pai a quem não as concebeu nem legalmente adoptou. Não
há estimativas sobre “adopções” não
legitimadas pelo direito. Tão-pouco se
sabe quantas das já decretadas pelos
Tribunais de Família e Menores resultam de adopções de raiz ou de adopções de facto. Há, tão-somente, a percepção de que estas últimas representam uma “minoria”. E que ocorrem em
idades mais tardias – quando o menor
está há muito a cargo dos adoptantes e
há manifesto desinteresse ou consentimento dos pais biológicos.
Dantes, nota Filomena Neto, especialista em Direito de Família, era frequente crianças pobres serem dadas
a criar a casais que as tratavam como
filhas. Hoje, “essas situações são difíceis de esconder”. “As Comissões de
Protecção articulam-se com as escolas,
com os centros de saúde”. O que “ainda vai havendo muito é crianças com
duas famílias”. E, nesse cenário, pais
de afecto que experimentam o medo
de ver partir a criança.
Impõe-se, torna a advogada, valorizar mais a tutela e a adopção restrita
(sem corte com os pais biológicos). “As
pessoas agarram-se ao vínculo – ‘É minha, não ma podem tirar’. Falam muito
em família de afecto, mas querem um
vínculo irrevogável – seja ele biológico
ou legal”. Portugal tem mais de 15 mil
menores em instituições. Em Dezembro, 715 figuravam nas listas nacionais
de adopção – metade sem candidato
atribuído. Abundam pais que sabem
que nunca poderão ter os filhos e não
os libertam. E candidatos que só admitem uma adopção plena e uma criança
sem problemas de saúde e menos de
três anos.
A. iniciou o processo de adopção
com o consentimento da progenitora. Quando J. saiu da sala de audiência, perguntou: “Não vão fazer mal à
minha mãe, pois não?” Mantiveramse telefonemas, visitas. Só houve uma
coisa que mudou – “Ele via os meus
sobrinhos chamarem-me tia e também
me chamava. Naquele Natal, perguntou-me o que eu queria e eu disse-lhe:
‘Quero que tenhas boas notas e que
me chames mãe’. E ele respondeu:
‘Chamar-te mãe é fácil, ter boas notas
é complicado’”. Tinha duas mães.
A luta desesperada de uma mulher
Separou-se e ia ficando sem os filhos
a O marido apaixonou-se por outra
e, “de um dia para o outro”, saiu
de casa. Acordaram dias de visita,
fins-de-semana alternados, mas ele
depressa deixou de aparecer. Que fazer? “Partir a louça” e avançar para a
adopção singular ou “fazer de conta”
que o matrimónio se mantinha intacto
e dali a algum tempo tratar do divórcio e regular o poder paternal?
Desejaram um filho biológico e um
adoptado. Moravam juntos há quatro
anos quando se candidataram à adopção, sem fazer exigências de etnia,
género, idade. Nove meses depois,
a Segurança Social atribuiu-lhes um
rapaz de quatro anos e uma menina
de três. Desistiram de tentar ter um
filho biológico.
Eram vítimas de negligência grave.
Passavam horas infindas sozinhas sem
cuidados de higiene e de alimentação.
O miúdo era o mais afectado. Não se
sabia vestir, nem despir, tinha dificuldade em andar e em falar. Maria
contou a verdade ao tribunal e, de
imediato, manifestou a sua vontade
Crianças sem pais
15 mil
Número de menores em
instituições de apoio em
Portugal. Em Dezembro do
ano passado, 715 figuravam
nas listas nacionais de
adopção – metade sem
candidato atribuído.
de adoptar sozinha. Decorria Julho de
2004, o juiz solicitou, com carácter
de urgência, novo relatório social. E
Maria descobriu aquilo que designa
por síndroma dos pais adoptivos. “Tinha de ser perfeita”. Uma técnica da
Segurança Social acusou-a de “estar
a roubar às crianças a possibilidade
de terem um pai”.
A advogada eriçou-se. “Ninguém
pensa” em retirar filhos biológicos a
quem se separa.
Depois de os serviços equacionarem a retirada de ambos, “puseram
a hipótese de retirar um”. De repente,
parecia já não se incomodar em separar irmãos... “Quem é que fica? Quem
é que vai decidir?”, inquietava-se Maria. “Ficou claro” que seria o rapaz,
que tinha um atraso.
O relatório social foi favorável. Ainda assim,o Ministério Público pediu a
extinção do processo de adopção, alegando desestabilidade de instância.
O divórcio não desestabilizou “o
amor, a vontade e a competência”
de Maria, nem “os progressos e a boa
inserção” dos miúdos, argumentou a
defesa. Viviam com ela há dois anos.
O tribunal deu-lhe razão.
A educadora de infância mostra
as fotografias dos filhos agora com
sete e oito anos. No desespero da incerteza, chegou a pensar fugir. Não
os sujeitaria a novo abandono, nem
que tivesse de ganhar a vida a “lavar
escadas”. A.C.P.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 5
Diário de Timor
de diário do mais jovem país do
mundo. As alegrias, as tristezas,
a violência e a paz. Em http://
blogs.publico.pt/timor/
NELSON GARRIDO
Numa altura em que se
aproximam novos processos
eleitorais em Timor-Leste, Ângela
Carrascalão faz uma espécie
Criança entregue à mãe quatro anos depois desta o ter oferecido
Mulher que criou meio-irmão como se fosse
um filho diz que “parir é dor, criar é amor”
a A tristeza de Isabel Moreira imbuiuse de revolta. “O menino tem cinco
anos, está comigo desde bebé”. O menino, de que fala, é o meio-irmão que
lhe chamava mãe e que a mãe levou
há um mês, à revelia de uma decisão
do Tribunal de Menores do Porto, que
já legitimou o acto.
Em meados de 2001, Isabel foi a
Cinfães e conheceu o meio-irmão mais
novo – “todo sujinho, cheio de hematomas”. Enterneceu-se com aqueles
olhinhos meigos”. “O meu pai e a mãe
dele disseram que o podíamos levar,
que era sossegadinho”.
Isabel, o marido e a filha trouxeram-no naquele mesmo dia para Matosinhos. Andavam em obras lá em casa.
O miúdo celebrou o primeiro aniversário na casa renovada. Não houve um
corte radical com os progenitores. De
vez em quando, levavam-no a Cinfães
e ele “estava cada vez mais lindo”.
“Há 14 meses”, António (72 anos)
e a companheira (32) separaram-se.
“Acordámos que os três [filhos comuns] mais velhos ficavam com ela
e que o mais pequeno ficava com a
Isabel”, recorda o idoso. O tribunal de
Cinfães anuiu. Ele dar-lhe-ia 73 euros
mensais por cada filho menor – menos
Manuel, que estava com Isabel.
O casal foi “ao Porto meter os papéis para adopção”. “Ela já nos dava o
menino de vez, mas não deu porque a
Justiça é lenta”. Em Março, foi decre-
Isabel Moreira
tada uma tutela judicial de um ano.
Em Abril, a rapariga “pediu o filho de
volta”. E, em Dezembro, o tribunal
decidiu entregar-lho.
“Isto foi um roubo que me fizeram!
O parir é dor, o criar é amor! Se visse
como ele estava quando o trouxemos!
Tirei-lhe os piolhos, os hematomas,
cuidei dele estes anos todos”, pranteia a mulher, de 42 anos, mostrando
as fotos do miúdo. “Eu disse que ela
não tinha condições, que vive com um
homem que pede esmola e eles disseram que pedir não é roubar.”
Para a retirada não ser abrupta, a
juíza estipulou um período transitório de seis meses: o rapaz continuaria
com a meia-irmã e passaria dois fins-de-semana por mês com a mãe. A 26
de Janeiro, já não o devolveu. “Fui à
polícia, mandaram um fax para os
tribunais de menores do Porto e de
Lisboa. Liguei para a dr.ª Ana Maria
[do Projecto de Apoio à Família e à
Criança (PAFC)]. Não é justo! Ela não
estava a cumprir a lei!”
O PÚBLICO tentou falar com a
técnica do PACF, que remeteu para
a coordenadora, que remeteu para
a direcção distrital da Segurança
Social. Helena Simões, indicada pelo
presidente do Instituto de Segurança
Social, limitou-se a dizer: “É um processo que está em tribunal”. Dia 12, o
tribunal decidiu entregar “de vez” a
criança à mãe.
A medida deverá se avaliada de seis
em seis meses. “A juíza perguntou-me
se recebia o menino, caso ele depois
tivesse de ir para um colégio e eu respondi que não”, diz Isabel.
“Ela nunca me trouxe os meninos
uma vez por mês como disse o juiz,
cortou os telefonemas, cortou tudo”, remói António. Em Dezembro,
o idoso deixou de pagar a pensão de
alimentos. Pega nesse dinheiro e dáo a Raquel, que saiu de casa, pediu
guarida ao Lar Rosa Santos, passa
o fim-de-semana com ele e não tem
Legislação só permite adoptar até aos 50 anos
Um bebé por 500 contos
Comprar uma criança é uma tentação
para quem luta sem êxito por ter um filho
Esteves Aguiar já foi confrontado
com uma proposta obscura: um
bebé em troca de 500 contos. A
vertente comercial repugnou-o,
ao ouvir: “Vocês querem muito
um filho, pensem nisto como uma
maneira de ajudar uma pessoa
que precisa muito de dinheiro e
que de outra forma pode vender
a criança a alguém que a vai usar
na pornografia infantil”.
Há sete que Esteves Aguiar e
a mulher tentavam ter um filho,
os seus nomes figuravam há dois
nas listas da Segurança Social.
“É mais fácil uma pessoa ficar
tentada nestas circunstâncias”,
nota o presidente da Colo –
Associação Portuguesa de Apoio à
Adopção. Se a mulher não pedisse
dinheiro pelo recém-nascido,
“seguramente teria dito que sim”.
Há tendência para desvalorizar
o processo de legalização. “A
pessoa pensa: ‘Isso resolve-se”.
O bebé não estava registado.
Qualquer um podia avançar para
uma conservatória. O boletim
do bebé não é obrigatório, até
porque o parto pode ocorrer em
casa. Em certas zonas do interior,
diz fonte dos serviços de registo
e notariado, ainda é frequente
raparigas solteiras fecharem-se
no quarto nos últimos meses de
gravidez e um familiar casado
registar a criança como sua.
Mesmo com bebés por registar,
o negócio não é seguro. Pode
haver uma denúncia, a mãe
pode arrepender-se, basta um
teste de ADN para desmascarar
a fraude. Ainda há dois anos,
a PJ desmantelou uma rede
de importação de barrigas da
Bulgária. Detectou dois casos:
o recém-nascido foi retirado
à família que o comprara e
integrado no circuito regular de
adopção, mas o tribunal deixou
o outro bebé, mais velho, com a
família compradora, entendendo
que já havia laços de afecto
equiparáveis a filiação. A.C.P.
A mãe deixou-lhe o filho em casa, mas ela
era velha de mais e teve problemas com a lei
a Apareceu subnutrido no centro de
saúde. Aos oito meses, “não ria, não
chorava, não segurava a cabeça. Tinha
os olhos e a barriga muito grandes”.
Chamaram H., a administrativa que
ajudava na paróquia. E ela foi, “à pressa”, à igreja “encher a mala do carro”
de haveres para aquela família.
Vivia com os pais, uma irmã, uma tia
e quatro primos. “Os grandes comiam,
o menino não”. H. tornou “a encher
a mala”. Desta vez, deixou leite a um
vizinho para que este lhe desse um
litro por dia. Efeito: zero. A pediatra,
que exigia ver a criança uma vez por
semana, alertou a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), a
Segurança Social.
O bebé “não podia esperar”. H.
chamou a mãe a sua casa, decidida a
cuidá-lo ao fim-de-semana. Ela trouxeo “embrulhado numa camisola de fato
de treino”. Suja. O menino sorveu logo
um biberão e meio, aumentou 220 gramas ao primeiro par de dias, perdeu
180 nos cinco que se lhe seguiram.
Como “não saía dos seis quilos”, H.
quis mantê-lo 15 dias. Avisou a CPCJ e a
Segurança Social, não fosse a rapariga
dizer que lho roubara. Decorria Janeiro de 1997, a mãe não voltou. Ao fim
H. não se quis identificar
de um ano, H. declarou ao presidente
da CPCJ “que o menino já não saía” e
ouviu que nem pensar, que dali a 15
anos ela poderia ter Alzheimer.
Contra ela pesava a idade. Tinha 54
anos e a lei só permitia adoptar até aos
50. Recorreu a um advogado – “Tive
conhecimento pelo padre que me iam
tirar o menino [e inserir no circuito de
adopção]!” O miúdo estava com ela há
dois anos – “Não estava a criar um filho
para o meterem numa instituição!” Falaram-lhe de uma excepção legal que
vigorava até 2000. E ela animou-se.
Em Julho de 99, foi à Segurança Social pedir para acelerar o processo.
Divorciada, com um filho biológico
de 17 anos, foi “insultada” por uma
técnica – “Disse-me que eu queria que
me chamassem mãe depois de velha;
disse-me que o menino estava numa
família com defeito”. Quando entraram os papéis, decorria Setembro de
2000. A excepção legal acabara em
Junho, a juíza indeferiu o processo. H.
recorreu – primeira à Relação, depois
ao Supremo.
O seu caso foi apresentado a figuras
públicas como Maia Neto, Luís Vilas
Boas, Bagão Félix. Em 2003, a nova
lei alargou a idade dos adoptantes
para os 60. H. mudou a residência
fiscal, reiniciou o processo. Apesar
de a diferença de idades ser superior
a 50 anos, a lei prevê “motivos ponderosos”, argumentou a defesa. A
adopção foi decretada em Agosto de
2004. O miúdo tinha seis anos. Faz 11
anos em Março. Está enorme. “Veste
roupa para 16 anos”. A.C.P.
6 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Portugal
Por que razão há poucos tão poucos treinadores negros no futebol português? Desporto, página 37
“As pessoas não têm cuidado nenhum” com o
álcool ao volante e o Carnaval foi um desastre
SERGIO AZENHA
Obras na
Caparica
resistiram ao
mau tempo
Bárbara Simões
a As obras do Instituto da Água para
reposição da pedra no paredão destruído pelo mar terça-feira, na Costa
da Caparica (Almada), aguentaram a
preia-mar de sexta-feira à noite, embora as águas tenham levado, nalguns
casos, parte das pedras repostas.
Apesar das marés fortes que se fizeram sentir, o presidente do Instituto
da Água, Orlando Borges, confirmou
à agência Lusa que a situação esteve
controlada, não colocando em risco os
parques de campismo do Inatel e Clube de Campismo de Lisboa, que estão
situados mesmo junto à praia. No entanto, o mar “acabou por voltar a levar
parte das pedras que foram repostas,
voltando a abrir certos rombos, mas o
trabalho elaborado foi o mais adequado, visto tratar-se de uma situação de
emergência”.
Orlando Borges admitiu, no entanto, que estas obras de emergência não
foram nem serão suficientes para impedir o mar de avançar durante as
marés vivas de Março, previstas para
entre 18 e 23 de Março. Nesse sentido,
e até ao final da próxima semana, o
Instituto da Água (Inag) comprometeu-se a deslocar para o local pedras
de tamanho superior ao ali existente
para fazer face à necessidade de repor
o máximo possível da defesa aderente
até ao mês que vem.Lusa
Roubo de
lampreia
vale medidas
drásticas
a O proprietário de um supermercado
de Viana do Castelo ameaça afixar na
montra do estabelecimento as fotografias dos “clientes larápios”, depois de
há dias um idoso “ter chegado ao cúmulo” de roubar uma lampreia. “Foi a
gota que fez transbordar o copo. Já me
tinham roubado muitas coisas, como
bolachas, chocolates, brinquedos e ambientadores, mas, sinceramente,nunca
pensei que alguém tivesse a coragem
de aparecer na caixa para pagar uma
lata de sardinhas de conserva e fugir
com uma lampreia debaixo do braço”,
referiu à Lusa o proprietário do estabelecimento.
Luís Cantinho, dono do Ponto Fresco, garantiu que tem todos os passos
do homem gravados no sistema de
videovigilância do supermercado e
que “dá perfeitamente” para o identificar.
“O vídeo até acaba por ser engraçado, porque, de facto, foi preciso ter
muita imaginação e muita coragem
para esconder uma lampreia que até
nem era das mais pequenas. Sei quem
ele é e vou falar com ele para o tentar convencer a pagar a lampreia, que
custava 35 euros. Caso contrário, faço
umas fotos e afixo-as na montra, para
ver se ganha vergonha”, acrescentou o
empresário que se diz muito irritado
com tanto roubo.
PSP e GNR detiveram no
Carnaval mais de 400
condutores que tinham
abusado da bebida
a O que passa pela cabeça de alguém
que bebe, bebe e a seguir senta-se ao
volante e começa a conduzir em direcção ao destino? Pouca coisa: “Quando a pessoa pega no carro já não tem
sentido crítico”, sabe Domingos Neto,
director do Centro Regional de Alcoologia do Sul.
A avaliar pelos números divulgados nos últimos dias (ver quadro),
foi já destituídos de sentido crítico
que muitos portugueses este ano se
meteram à estrada durante o período
de Carnaval.
A Polícia de Segurança Pública, que
numa semana deteve 311 condutores
com uma taxa igual ou superior a 1,2
gramas de álcool por litro de sangue,
fala em recorde. “O número de detenções por condução sob influência do
álcool foi o maior de sempre registado em operações executadas pela
PSP (média de 44 detidos por dia)”,
anunciou em comunicado. Lideram
os distritos de Lisboa (87 detenções)
e Porto (78). Seguem-se, no topo da
lista, a Madeira (38), Vila Real (15) e
Setúbal (12). A GNR deteve 98 pessoas
nas mesmas circunstâncias.
Um condutor é considerado sob influência de álcool se apresentar uma
taxa de alcoolemia igual ou superior a
0,5 g/l. Ter 1,2 g/l ou mais é crime. Para
uma pessoa que não está habituada a
beber muito, este nível equivale já a
“andar aos tombos”, resume Domingos Neto. Mas se tiver desenvolvido
uma grande tolerância à bebida os efeitos não são tão evidentes – “parece que
está sóbria” e acha-se perfeitamente
capaz de conduzir. “As alcoolemias
mais perigosas são essas.”
Esta foi a primeira vez que a PSP
estendeu ao Carnaval as operações
no âmbito da Polícia Sempre Presente,
São cada vez mais os casos de
condutores alcoolizados
habituais na Páscoa, férias de Verão e
Natal. Foram nestes dias submetidos
ao teste do álcool 7743 condutores. A
GNR fiscalizou praticamente o mesmo
número de pessoas que no ano passado (à volta de quatro mil) e deteve
menos por excesso de álcool (98 em
vez das 246 de 2006) – explica o tenente-coronel Costa Cabral, das relações
públicas da GNR.
No total, as duas forças de segurança
registaram 409 detenções, neste período, por abuso da bebida. E aplicaram
759 multas a quem apresentava taxas
entre 0,5 e 1,2 g/l. Dito de outra maneira: entre multas e detenções, houve
1168 situações em que os condutores
tiveram de prestar contas por causa
do que tinham bebido.
“É desastroso e é vergonhoso. As
pessoas não têm cuidado nenhum.”
Para o director do Centro Regional de
Alcoologia do Sul, só “fiscalização e
sanções imediatas” poderão mudar o
panorama. “Sou o primeiro adepto das
campanhas de prevenção, mas têm de
ser acompanhadas de sanções. Senão
as pessoas riem-se da prevenção, não
ligam nenhuma.”
Também o subintendente Pedro
Moura, do Departamento de Operações da Direcção Nacional da PSP,
acha que as duas vertentes – prevenção e “repressão” – têm de andar a
par. E que a sensibilização para a
questão do álcool e condução deveria ter início cada vez mais cedo, nas
escolas. Por exemplo, junto de quem
tem 13 ou 14 anos e começa a pensar
tirar carta de moto.
“E não são campanhas como a do
condutor designado – uma pessoa
sóbria com quatro bêbados dentro
do carro”, conclui Domingos Neto.
“Ninguém está em condições de conduzir assim.” Porquê? “Os outros
quatro fazem muito barulho. E gesticulam muito.”
Cheque entregue por empresário a jogador do Leiria
nunca foi levantado e o caso foi arquivado
Tânia Laranjo
a O cheque de 25 mil euros que terá
sido entregue por um empresário a
um jogador do União de Leiria, três
dias antes do Jogo da Supertaça com
o FC Porto, em Agosto de 2003, afinal
nunca foi levantado. O PÚBLICO confrontou o empresário envolvido, que
confirmou ter emprestado dinheiro ao
jogador, mas garantiu que o cheque
nunca foi depositado na conta do
atleta. “Ele acabou por não precisar
do dinheiro”, esclareceu, acrescentando ser uma situação normal o
empréstimo de dinheiro por parte
dos empresários.
Em causa estava uma alegada tentativa de corrupção a um dos avançados,
O futebol não pára de criar casos
que nessa altura jogava na União de
Leiria. A situação foi tornada pública
pelo Correio da Manhã, que omitia o
nome dos envolvidos, mas revelava a
cópia de um cheque que teria servido
para fazer com que o jogador prejudicasse a sua equipa. O PÚBLICO sabe
que o documento, enviado para a
Direcção Central de Combate à Criminalidade Económica e Financeira
da PJ no final do ano passado, nunca
foi objecto de investigação, por o cheque não ter sido levantado. “Nunca
fui ouvido pelas autoridades por causa
daquele empréstimo. Se for, explicarei
tudo”, garantiu o empresário.
A suspeita levantada contra o empresário e o jogador terá chegado às
autoridades através de uma denún-
cia anónima. No entanto, e porque o
cheque não tinha entrado no circuito
bancário, aquela foi imediatamente
arquivada, não tendo sido feita qualquer diligência.
A associação deste caso ao Apito
Dourado poderá ter sido motivada por
existir uma certidão, proveniente do
Tribunal de Gondomar, relativamente
a suspeitas de corrupção nesse jogo.
Nesse caso foram indiciados Pinto da
Costa, Pinto de Sousa e o árbitro Pedro
Proença pelos crimes de corrupção
desportiva.
A prova assenta numa escuta telefónica em que Pinto da Costa sugere a
Pinto de Sousa a nomeação de Pedro
Proença, o que o dirigente da arbitragem aceita.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 7
Portugal
D. Clemente,
o historiador
que vai para
bispo do Porto
PEDRO CUNHA
Igreja Católica Mudança na segunda diocese mais importante do país
D. Manuel Clemente quer continuar a fazer pontes entre a Igreja e a cultura
D. Manuel Clemente é o novo bispo
do Porto. Adepto do consenso,
tem pela frente uma realidade
complexa e com tensões
António Marujo
a Pacificador, homem de consensos,
afectivamente próximo. Historiador,
leitor compulsivo, sempre pronto para
um bom debate. Devotado ao diálogo
entre a Igreja e a cultura, com um
percurso dentro de estruturas eclesiásticas – seminário, Universidade
Católica Portuguesa (UCP) – mas em
permanente contacto com meios académicos e culturais não-católicos. Manuel Clemente, de 58 anos, foi nomeado quinta-feira bispo do Porto.
Até agora a desempenhar o cargo
de bispo auxiliar de Lisboa, Manuel
José Macário do Nascimento Clemente
nasceu em 16 de Julho de 1948. Antes
de decidir ingressar no seminário, em
1973, tinha já concluído a licenciatura
em História na Faculdade de Letras
de Lisboa.
Os dois apelos – a historiografia e o
catolicismo – acabariam por coincidir
no seu percurso de investigador, iniciado com a defesa da tese em Teologia
Histórica. Nas origens do apostolado
contemporâneo em Portugal – A ‘Sociedade Católica’ (1843-1853) era o título
da sua dissertação, entretanto publicada (ed. UCP).
Com um percurso eclesial feito essencialmente em instituições ligadas
ao ensino – o Seminário Maior de Cristo-Rei, nos Olivais (Lisboa) e a Faculdade de Teologia da UCP –, D. Manuel
tem agora, pela frente, um desafio
maior: o de dar uma nova dinâmica
pastoral a uma diocese adormecida à
sombra do passado.
“A atenção
à cultura
continua a ser
fundamental.
Não será difícil
ler os sinais dos
tempos e estar
atento”
A cátedra episcopal do Porto tem,
na sua história, uma lista de grandes
nomes, como António Barroso ou
António Ferreira Gomes. Este último, condenado ao exílio por Salazar
durante a década de 60, acabou por
deixar uma imagem do homem intelectual, extremamente culto (é dele,
por exemplo, o prefácio dos Contos
Exemplares de Sophia de Mello Breyner), mas que não conseguiu gerir da
melhor forma a relação com alguns
padres e a organização da acção da
Igreja.
Manuel Clemente sucede, agora, a
D. Armindo Lopes Coelho, que atingiu os 75 anos (data canónica para
a saída) e se encontra hospitalizado.
O novo bispo do Porto, que tomará
posse a 25 de Março, recupera essa
dimensão de relação com a cultura e
os meios académicos que ficou ligada à
personalidade de Ferreira Gomes. Não
por acaso, Manuel Clemente é, desde
2002, responsável da comissão da
Conferência Episcopal para a Cultura
e as Comunicações Sociais. Na Rádio
Renascença e no programa Ecclesia,
da RTP 2, mantém desde há anos uma
presença regular.
A comparação com Ferreira Gomes
não o assusta, como dizia ontem ao
PÚBLICO: “Passaram 50 anos e a
atenção à cultura continua a ser fundamental. Terei muita gente que pensa
e escreve a ajudar-me. Não será difícil
ler os sinais dos tempos e estar atento
à realidade.”
Vinte por cento na missa
Para o seu governo, o novo bispo tem,
para já, uma prioridade: “conhecer,
amar e servir” a diocese, onde vivem
mais de dois milhões de pessoas, dos
quais 98 por cento se consideram católicos, mas em que a média de pessoas
que vai à missa está pouco acima dos
20 por cento. Apesar desta taxa, o
número de baptizados (quase 17 mil,
dados de 2004) e de casamentos pela Igreja (quase 7500) continua a ser
dos mais elevados entre as dioceses
portuguesas.
Com uma grande diversidade social
e geográfica – mais urbana na faixa litoral, mais rural e desertificada em
zonas como Arouca, Baião ou Castelo
de Paiva –, a diocese tem quase 400
padres a trabalhar em 477 paróquias
agrupadas em 34 vigararias (equivalentes aos concelhos civis). Além da vastidão e diversidade sócio-religiosa da
diocese – “equivalente a Lisboa”, diz o
próprio –, Manuel Clemente enfrenta
outro desafio importante: conseguir
impor decisões e restabelecer a unidade num clero dividido em grupos
onde, por vezes, o que conta mais são
fidelidades antigas ou uma espécie de
estratificação eclesiástica, tendo em
conta os títulos canónicos.
A capacidade do novo bispo para
o diálogo e o consenso, a sua “proximidade afectiva” – a expressão é do
director da Faculdade de Teologia da
UCP, Peter Stilwell – podem ser trunfos
de Manuel Clemente na nova tarefa
que tem pela frente.
Além da diversidade
sócio-religiosa da diocese
– “equivalente a Lisboa”, diz
o próprio –, Manuel Clemente
enfrenta outro desafio:
conseguir impor decisões
e restabelecer a unidade
num clero dividido onde,
por vezes, o que conta mais
são fidelidades antigas ou
uma espécie de estratificação
eclesiástica
Cultura e capacidade intelectual
continuarão a ser pontos que o distinguem. A paixão pela História traduz-se nas várias obras já publicadas:
além da tese, onde estuda aquela que
foi a primeira tentativa, em Portugal,
de organização de apostolado católico
autónomo da hierarquia eclesiástica,
há outras como Igreja e Sociedade
Portuguesa do Liberalismo à República (ed. Grifo) que consubstanciam a
sua atenção prioritária ao século XIX,
tempo em que a Igreja Católica deixou
de dominar o espaço público.
Também a religiosidade popular
tem sido objecto da investigação de
Manuel Clemente, padre desde Junho
de 1979 e bispo auxiliar de Lisboa desde Janeiro de 2000. No patriarcado,
foi ele o responsável directo pela
organização do Congresso Internacional para a Nova Evangelização,
cuja sessão de Lisboa decorreu em
Novembro de 2005.
Na sua primeira saudação, D. Manuel incluía todos os crentes de outras
confissões e todas as instâncias públicas e sociais (incluindo desportivas)
da diocese.
Em Abril de 2005, a propósito da
eleição do novo Papa Bento XVI, dizia,
em entrevista ao PÚBLICO: “A Igreja
preza muito uma consciência bem
informada que tenha capacidade de
decisão, e nesse santuário da consciência a Igreja não se mete, mas não
pode prescindir de dar à consciência
de cada um todos os elementos da
questão, até em nome da humanidade total que a Igreja defende.”
8 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Portugal
Q.B.
Saúde Acordo entre Governo e seis câmaras não impede mais protestos
DAVID CLIFFORD
Corrupção
PGR diz consciência
ética está a mudar
O Procurador-geral da República,
Pinto
Monteiro, defendeu
ontem,
O
procurador-geral
da República,
em Coimbra,
quedefendeu
a “consciência
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Monteiro,
ontem,
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dos portugueses
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Coimbra,
que a “consciência
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importante.”
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papel importante.”
Suíça
Alunos sem aulas
de Português
O director de uma escola suíça
está a impedir, desde Janeiro,
cerca de 100 alunos portugueses
de frequentar as aulas de Língua
Portuguesa, atitude que pais,
alunos e professora consideram
“xenófoba” e “discriminatória”.
O curso de Português, do 2.º ao
10.º ano, é ministrado por uma
professora portuguesa paga
pelo Ministério da Educação de
Portugal. A professora Teresa
Soares conta que durante um ano
recebeu várias queixas do director,
que nega serem verdadeiras, e
informou a Embaixada de Portugal
em Berna sobre o que se estava a
passar naquela escola.
O ministro da Saúde, Correia de
Campos, voltou ontem a defender
a substituição do “hospital-miniatura” pelo “hospital
de proximidade”, perante os
dirigentes de seis dos 15 concelhos
visados pelo encerramento de
serviços de urgência. As câmaras
de Fafe, Espinho, Cantanhede,
Macedo de Cavaleiros, Santo Tirso
e Montijo celebraram protocolos
de cooperação com o Governo,
que visam reorganizar a rede
de urgências. O conteúdo dos
protocolos varia consoante os
casos, mas passa por reforço de
meios, alargamento de horários
de atendimento nos centros de
saúde e manutenção das equipas
médicas.
Em declarações à Lusa, o
presidente da Câmara de Vendas
Novas criticou o Governo por
não ter sido convidado para
o protocolo. Aos jornalistas,
Correia de Campos realçou
que o “processo negocial”
– que “começou há mais de dois
meses” – vai prosseguir, que “vai
continuar a receber autarcas” e
que “está disponível” para outros
acordos. Posição que o líder do
PSD, Marques Mendes, atribui
ao “medo da contestação”, que
obrigou o Governo “a recuar”,
face à “arrogância” do ministro
da Saúde – que “tem os seus dias
contados”. A posição do PSD
não impediu que o presidente da
Câmara de Cantanhede, o social-democrata João Moura, lançasse
o “repto” aos autarcas para
participarem na “concertação
negocial” com o Governo.
Mas nem todas as autarquias
que assinaram protocolos têm o
apoio das populações. Enquanto
a presidente da Câmara do
Montijo, Maria Amélia Antunes,
se regozijava com a garantia de
um serviço de urgências básicas
e dizia que já não há razões para
protestos, era exactamente isso
que fazia a população, aderindo
a um “buzinão”. Realçando
que o Serviço Nacional de
Saúde atingiu “um nível muito
elevado de desempenho”,
Correia de Campos não
retirou responsabilidades aos
“dirigentes do Ministério da
Saúde” pela actual situação.
“Durante as últimas três
décadas, fomos nós que
deixámos de olhar para
estes pequenos hospitais,
continuando a pensar neles
como hospitais-miniatura”,
permitindo que a porta do “que
se chama urgência sem o ser” se
mantivesse aberta.
Sofia Branco
Freeport
ASAE fecha seis
restaurantes
Deficientes
Autarcas querem
boas práticas
Flores
Segredos das violetas
desvendados em Beja
Apelo
Jerónimo pede luta
contra o Governo
A Autoridade de Segurança
Alimentar e Económica (ASAE)
encerrou ontem seis restaurantes
no Freeport, em Alcochete,
notificou outros dez e apreendeu
860 quilos de géneros alimentares.
Manuel Lage, da ASAE, recordou
que os seis restaurantes agora
fechados haviam já sido alvo de
uma primeira inspecção, onde
foram notificados de que teriam
de se licenciar em 30 dias, caso
contrário teriam de fechar as
portas. Terminado o prazo nesta
última semana, o organismo
regressou ao Freeport, tendo-os
encerrado dado não possuírem a
respectiva licença.
A Associação Nacional de
Municípios Portugueses (ANMP)
está apostada em ser um “veículo
promotor de boas práticas” na área
da sensibilização para os problemas
da deficiência no país, afirmou em
Viseu o presidente daquela entidade.
Fernando Ruas, que se reuniu
ontem na cidade onde preside
também à autarquia com os quatro
únicos provedores do Cidadão
com Deficiência no conjunto dos
municípios portugueses, deixou
ainda um recado ao Governo de José
Sócrates que diz não estar “assim
tão preocupado com os problemas
das pessoas com deficiência” em
Portugal.
O mundo secreto, a história, os
mitos e a linguagem simbólica das
violetas vão ser “desvendados”
por especialistas no 8.º congresso
internacional sobre aquelas plantas
que arranca amanhã, em Beja, para
estimular o cultivo em Portugal.
O evento foi promovido pela
associação Les Amis de la Violette,
de Toulouse (França), e organizado
pelo Museu Botânico da Escola
Superior Agrária de Beja (ESAB).
De acordo com o director do Museu
Botânico da ESAB, Luís Carvalho,
o congresso, que se realiza pela
primeira vez em Portugal, pretende
“incrementar os estudos de cultura
científica relativos às violetas”.
O secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, apelou
ontem, num comício em Alverca,
à mobilização dos trabalhadores
e restante população para a luta
contra as ofensivas do Governo
de José Sócrates. “É perante toda
esta realidade - encerramento das
urgências hospitalares, aumento
do desemprego e privatizações
- que se impõe agir, mobilizando
os trabalhadores e as camadas
populares do nosso povo para a
luta, porque só a luta pode travar
esta ofensiva contra os interesses
dos trabalhadores e do povo”,
afirmou Jerónimo de Sousa perante
cerca de 300 pessoas.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 9
Portugal
Indústria automóvel da UE a 15 perdeu 88 mil postos de trabalho em cinco anos Economia, páginas 40 e 41
José Ribeiro e Castro não vê necessidade
de clarificações internas no CDS/PP
Margarida Gomes
Eleições na Madeira e
situação na Câmara de
Lisboa são as prioridades
da direcção do partido
a A poucos dias da prometida declaração política de Paulo Portas, o líder
CDS, Ribeiro e Castro, não vê razões
para “clarificações” internas, afastando assim, implicitamente, a realização
de um congresso extraordinário que
reabra a disputa pela liderança do partido. E colocou as próximas eleições
na Madeira e a eventual convocação
de intercalares para a Câmara de Lisboa como os dois principais desafios
que o partido tem pela frente a curto
prazo, para os quais, diz, “se está a
preparar”.
Em declarações ao PÚBLICO, Ribeiro e Castro não quis fazer qualquer
comentário sobre a possibilidade de
Paulo Portas se apresentar como uma
alternativa à liderança. “Eu falo dos
temas que estão na agenda política do
PUBLICIDADE
CDS e que vão ao encontro daqueles
que são os temas que preocupam os
portugueses”, reagiu, sublinhando
que está a desenvolver o programa de
trabalho com “grande tranquilidade”.
Ontem, esteve em Coimbra no lançamento do Observatório da Educação,
no âmbito de um conjunto de iniciativas que a direcção do partido está a
desenvolver, dando cumprimento ao
programa do seu mandato. “O Governo encravou na política educativa e
um dos sinais é a gestão das escolas,
onde não há evolução no modelo”,
acusou Ribeiro e Castro, propondo
um modelo de “escolas capazes de
desenvolver o seu próprio projecto
educativo e a sua autonomia”.
Contra “o pragmatismo”
AO PÚBLICO o presidente do CDS admitiu que o partido “tem de ser mais
consistente, tem de ter mais propostas políticas que vão ao encontro das
preocupações dos portugueses”.
“Está tudo escrito na minha moção e
é isso que estamos a fazer”, insistiu,
adiantando que a sua estratégia pas-
sa por ir para o terreno, cruzando a
implantação territorial com a implantação sócio-profissional do partido e
reforçando, ao mesmo tempo, o “diálogo com a sociedade civil e com independentes de qualidade que aceitam
trabalhar [com o CDS]”.
Opondo-se às vozes que no interior
do partido – nomeadamente Paulo
Portas – reclamam uma estratégia
mais pragmática, Ribeiro e Castro
avisa que “o CDS é completamente
diferente do PSD e que o pragmatismo é apenas uma ferramenta de
trabalho”.
Embora se manifeste “muito sensível” a esse instrumento, considera, no
entanto, que ele “não é um modelo,
é uma referência”. O líder centrista
lembra, a propósito, que sempre
“detestou partidos ideológicos”,
porque acha que “as ideologias não
resolvem os problemas”. “Nós temos
uma doutrina e não uma ideologia”,
nota, apontando o fracasso das ideologias comunistas e socialistas como
a confirmação de que essa não será a
via de afirmação do partido.
Eleições na CML
Com a Câmara de Lisboa
mergulhada num “pântano
que se degrada dia a dia”,
Ribeiro e Castro desafiou
PSD e PS a abrirem caminho
para a realização de eleições
intercalares. “Era importante que
se pronunciem e a câmara possa
ter consistência, harmonia de
funcionamento e estabilidade”,
defende o líder do CDS, que
pede eleições para os dois
órgãos autárquicos: executivo e
assembleia municipal.
Bloco quer
discutir
desemprego
a O Bloco de Esquerda (BE) desafiou
ontem o Governo a escolher o desemprego, “maior e mais grave problema
social do país”, para tema do debate
mensal no Parlamento, agendado para
quarta-feira.
O desafio foi feito pela dirigente e
deputada Helena Pinto no final de
uma reunião da mesa nacional do
partido, em Lisboa, em que também
foram analisados os resultados do
referendo sobre a despenalização do
aborto e as crises políticas na Câmara
de Lisboa e na Madeira.
Helena Pinto lembrou que, segundo
os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), “Portugal tem a maior
taxa de desemprego dos últimos 20
anos”. “É muito preocupante. O desemprego é o maior e mais grave problema social do país”, justificou.
A dirigente nacional do Bloco
de Esquerda desafiou o primeiroministro, José Sócrates, a escolher
“o desemprego e desenvolvimento
económico” para “tema central” do
debate mensal no Parlamento com o
primeiro-ministro.
10 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Portugal
Madeira Caso da Sertã veio recordar sequestro de bebé ocorrido em 2004
Acusado do desaparecimento da filha, um pescador de Câmara de Lobos foi condenado a seis anos de prisão
Com a mesma idade de Esmeralda, Sofia
continua há três anos desaparecida
Sofia, retirada há precisamente três anos pelo pai à progenitora e ex-companheira, continua
desaparecida. A idade da menina é um dos poucos pontos comuns em dois processos distintos
Tolentino de Nóbrega
a Há três anos, uma menina foi dada
como desaparecida. O caso, ocorrido
na Madeira, tem alguns pontos em comum com o caso Esmeralda, que tem
agitado o país: a idade dos dois bebés
(hoje com cinco anos); o nome Luís,
comum ao pescador de Câmara de Lobos acusado de sequestrar a filha e ao
sargento adoptante de Torres Vedras;
e o tempo da pena a que ambos foram
condenados,seis anos de prisão. No
resto, são casos bem diferentes.
Luís Encarnação está detido no Estabelecimento Prisional do Funchal.
Em completo silêncio desde 22 de Fevereiro de 2004, dia em que fez desaparecer, sem deixar o mínimo rasto, a sua filha Sofia, retirada horas antes das mãos de sua mãe.
Sem palavras, num dos primeiros
lances das íngremes escadinhas do
Pico, sobranceiro à apertada baía do
centro piscatória de Câmara de Lobos, Irene refugia-se, combalida, na
escuridão do seu habitáculo. “Não
consigo falar”, desculpou-se, quando
o PÚBLICO a contactou, poucos dias
antes do quinto aniversário de sua So-
fia, ocorrido a 8 de Fevereiro, quatro
dias antes de Esmeralda completar a
mesma idade.
Irene, dizem os parentes mais próximos, tem esperança de voltar a
abraçar a filha. Perturbada com o desaparecimento de Sofia, depois de
uma fugaz visita do ex-companheiro
e pai da criança, o seu sofrimento intensifica-se sempre que na televisão
ouve notícias do caso Esmeralda,
a criança da Sertã disputada pelos
pais adoptivos e pelo pai biológico,
indevidamente comparado com o da
Madeira no recurso interposto para
Supremo Tribunal de Justiça.
Passaram-se três anos desde que
viu a filha pela última vez. A menina
vestia uma camisola florida, roxa, e
umas calças, de cor cinzenta, com desenhos estampados. Vindo dos Açores, onde se dedicava à pesca, após
desavenças conjugais e disputas da
criança, Luís, a pretexto de ver Sofia
para matar saudades, subtrai-a à mãe,
com quem não era casado, e foge de
Câmara de Lobos, primeiro num táxi
e depois à boleia de um familiar, para
o Caniço, a menos de 20 quilómetros.
Segundo os autos de investigação, três
horas depois, perto da meia-noite, regressou sem Sofia àquela localidade e
apresentou-se à esquadra da PSP, onde se encontrava a mãe a participar o
desaparecimento da menor.
Desde então, sem colaborar com as
autoridades, apresentou sucessivas e
contraditórias versões do desaparecimento, incluindo a de que confiara
a Sofia a um casal de estrangeiros a
troco de 100 contos. Depois de uma
tentativa de suicídio, nos Açores, com
suspeita de ter ingerido um produto
tóxico, foi detido preventivamente, julgado e condenado por um colectivo
do Tribunal de Vara Mista do Funchal,
com a participação de jurados.
Silêncio perturbador
Reservado, de poucas conversas, Luís
foi parco em palavras durante o julgamento, revelando ser uma pessoa
muito controlada e pouco afectiva.
Quando ao colectivo, presidido por Celina Nóbrega, parecia ir surpreender
com qualquer revelação, remeteu-se
de novo ao seu silêncio perturbador.
“Nunca encontrei um arguido assim
tão frio em audiência de julgamento”,
reconheceu ao PÚBLICO a presiden-
A desaparecida
A fotografia de Sofia circula
na Internet, entre a de outras
crianças desaparecidas e
procuradas pela Interpol, a
pedido da Polícia Judiciária.
No mesmo sítio figuram cerca
de cinquenta portugueses
desaparecidos, entre os quais
três nascidos na Madeira.
Sofia, cujo quinto aniversário
ocorreu no dia 8 de Fevereiro,
desapareceu há três anos na
consequência de uma disputa
conjugal. Acusado e condenado
pelo seu desaparecimento, o pai
continua preso, no Funchal.
te do colectivo Celina Nóbrega, escusando-se a mais comentários sobre o
processo.
Ouvidos pelo tribunal, psicólogos
concluíram que a estrutura da personalidade de Luís, que nunca foi à
escola, nem sabe ler ou escrever, assenta em traços de introversão, estabilidade emocional, com níveis mínimos
de ansiedade. Revelou também frieza
e “falta de ressonância afectiva e de
assunção de sentimentos de culpa”.
Foi condenado em cúmulo jurídico
na pena única de nove anos de prisão,
em resultado de dez meses atribuídos
pelo crime de coacção na forma tentada, oito anos pelo crime de sequestro e
18 meses por subtracção de menor.
Inconformado, Luís interpôs recurso para o Supremo Tribunal de
Justiça que, considerando a gravidade dos factos na sua globalidade e a
personalidade de Luís revelada pelas
circunstâncias em que cometeu os
crimes, absolveu-o apenas da prática
de crime de subtracção de menor, devido à existência de “erros notórios na
apreciação da prova”, fixando a pena
única, em cúmulo jurídico, para seis
anos e cinco meses de prisão.
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Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 11
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PSD-Madeira diz que
Cavaco Silva é desleal
Fórum
Gulbenkian
de Saúde
Tolentino de Nóbrega
a O grupo parlamentar do PSD mantém as duras críticas ao Presidente da
República num projecto de resolução
cuja votação está agendada para terçafeira no Parlamento da Madeira.
No documento, apresentado não
como voto, mas como projecto de resolução para ter direito a publicação
no Diário da República, o PSD diz que
“com a decisão de promulgar a Lei das
Finanças Regionais, mais uma vez o
Presidente cobre o Governo, numa
visão deficiente de estabilidade, porque exclusivamente preocupada com a
governação socialista, secundarizando
os conceitos prioritários de ética política, de fiscalização dos actos de governo, de coesão nacional, de confiança
no Estado democrático de Direito, de
justiça e do respeito também devido a
todas as instituições públicas que não
apenas ao Governo socialista”.
Cavaco Silva, frisam, “vem-se tornando corresponsável pela governação de José Sócrates, não sendo esse o
mandato democrático conferido pela
maioria dos portugueses, incluso o
eleitorado madeirense no caso objecto de deslealdade”.
Para o mesmo plenário, o parlamento madeirense tem agendadas
38 propostas, para serem aprovadas
nos próximos dias, antes da eventual
dissolução efectiva. E para evitar a nulidade de propostas do demissionário
governo regional, remetido legalmente
para actos de mera gestão, o líder parlamentar Jaime Ramos requereu para
discussão e votação, com processo de
urgência, dispensa de prazos, dispensa de exame em comissão e de envio à
2006 ∫ 2007
Jardim delega
C I C L O S
D E
C O N F E R Ê N C I A S
|
Auditório 2
| ENTRADA LIVRE
WJ!Djdmp!
Alberto João Jardim tem
delegado noutros dirigentes
regionais as críticas a Cavaco
Silva, optando por centrar o
seu ataque em José Sócrates.
Mesmo assim, no anúncio de
demissão, acabou por censurar
indirectamente o Presidente da
República, que promulgou uma
lei “violando a Constituição da
República, violando o Estatuto
Político-Administrativo da
Região, violando, portanto,
os direitos de cada um dos
madeirenses”.
comissão para redacção final, as propostas do governo regional, assumindo-as como iniciativas do PSD. Entre
estes diplomas encontra-se o decreto
legislativo regional que determina a
suspensão do Plano de Ordenamento
Turístico no concelho do Funchal,
o que define regras relativamente
ao exercício do poder de tutela nas
empresas em que a região tenha uma
influência dominante, e o que aprova
o regime jurídico relativo ao sistema
educativo na Madeira.
Opwbt!Qbupmphjbt!Tpdjbjt
1 Março 2007 • 5ª feira • 15h00
Stress
CONFERENCISTA George Chrousos
PROFESSOR AND CHAIRMAN, FIRST DEPARTMENT OF PEDIATRICS,
ATHENS UNIVERSITY MEDICAL SCHOOL, GREECE
Obesidade
CONFERENCISTA Filipe Casanueva
PROFESSOR, DEPARTMENT OF MEDICINE, ENDOCRINE DIVISION,
SANTIAGO DE COMPOSTELA UNIVERSITY, SPAIN
MODERADOR
Luís Sobrinho
PROFESSOR, FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS, LISBOA
Convento de São Francisco
com obras não-autorizadas
a O Instituto Politécnico de Viana do
Castelo está a promover obras numa
fachada do Convento de São Francisco do Monte, naquela cidade, mas o
Instituto Português do Património
Arquitectónico (Ippar) garante que a
intervenção “não está autorizada”.
A arquitecta Mafalda Carneiro, do
Ippar, disse à agência Lusa que este
organismo “já está a actuar”, porque,
como se trata de um monumento em
processo de classificação, qualquer
O Convento de
São Francisco
foi fundado
em finais do
século XIV,
sendo o terceiro
da Ordem dos
Franciscanos
intervenção carece de autorização
prévia do Ippar. “Neste caso, o Ippar
nem sequer tinha conhecimento da
intervenção”, sublinhou Mafalda
Carneiro. Escusou-se, no entanto, a
explicar em que é que consistirá a actuação do Ippar neste caso, alegando
que não está autorizada a falar sobre
o assunto.
Contactado pela Lusa, o presidente
em exercício do Instituto Politécnico
de Viana do Castelo, Rui Teixeira, admitiu não ter conhecimento de que
o convento, propriedade do instituto
politécnico desde 2001, estava em processo de classificação, mas sublinhou
que se trata apenas de um trabalho de
“consolidação de uma fachada, para
evitar que se desmorone”.
Na quinta-feira, estavam três pedreiros no convento, sem qualquer
acompanhamento técnico, a demolir
uma das fachadas, alegadamente para consolidar a estrutura de suporte,
garantindo que, no final, “ficará tudo
como estava”.
Implantado na encosta do monte de
Santa Luzia, o Convento de São Francisco foi fundado em finais do século
XIV, sendo o terceiro da Ordem dos
Franciscanos em Portugal.
Em 1834, com a extinção das ordens
religiosas, o convento foi comprado
em hasta pública pelo visconde de
Carreira, que constituiu no espaço
da cerca uma exploração agrícola.
A partir da década de 60 do século
XX o espaço conventual entrou em
progressivo estado de degradação e,
em 1987, o seu último proprietário,
Rui Feijó, doou-o à Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo.
15 Março 2007 • 5ª feira • 15h00
Alcoolismo
CONFERENCISTA
Thomas Babor
PROFESSOR AND CHAIRMAN,
DEPARTMENT OF COMMUNITY MEDICINE AND HEALTH CARE,
UNIVERSITY OF CONNECTICUT SCHOOL OF MEDICINE, USA
Toxicodependências
CONFERENCISTA
John Strang
DIRECTOR, NATIONAL ADDICTION CENTRE, INSTITUTE OF PSYCHIATRY,
KING’S COLLEGE LONDON, UK
MODERADOR
José Pereira Miguel
PRESIDENTE, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE DR. RICARDO JORGE
INFORMAÇÕES: Tel 217823560/68 | [email protected] | www.gulbenkian.org
12 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Portugal
Elevador do Lavra volta à actividade no final da semana, Local Lisboa, página 26
A luta continua nos movimentos do “sim” e do
“não” que disputaram o referendo ao aborto
André Jegundo
e Maria José Santana
O processo legislativo
pós-consulta popular está
a preocupar os activistas
dos dois lados da barricada
a O referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG) já lá vai, mas
os movimentos contra e a favor não
cessaram a sua actividade. Os do “sim”
reuniram-se na noite de sexta-feira em
Coimbra. Os do “não” fizeram o mesmo, ontem, em Calvão, no distrito de
Aveiro. Ambos garantem que a luta
continua.
Já sem as bandeiras e os cartazes de
campanha, mas ao som da música de
Zeca Afonso e com cravos vermelhos
sobre as mesas, elementos dos movimentos cívicos pelo “sim” reuniram-se
a festejar a vitória alcançada no referendo, mas, sobretudo, para cerrar
fileiras e assinalar o início de “um
novo combate”. Depois da vitória nas
urnas, os partidários do “sim” estão
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preocupados com as “investidas” do
lado do “não” que têm por objectivo
“distorcer” os resultados do referendo e prometem “vigilância” apertada
à elaboração e aplicação da nova lei
da IVG.
“A luta ainda não acabou”, começou por dizer António Marinho, do
Movimento Médicos pela Escolha,
sublinhado que a discussão da nova
lei na Assembleia da República vai ser
um momento da “maior importância”.
Um dos aspectos que mais preocupam
o médico cardiologista dos Hospitais
da Universidade de Coimbra é a necessidade da nova lei não contemplar
qualquer “estrutura externa que vá influenciar a decisão da mulher”, o que,
na sua opinião, seria ilegítimo à luz da
pergunta colocada em referendo.
A maioria dos elementos dos movimentos que participaram ontem no
jantar-tertúlia mostraram-se também
apreensivos pela forma como o processo tem sido conduzido e censuraram o
regresso da “opacidade partidária” à
questão. “Os movimentos deram um
contributo fundamental para o deba-
te, mas agora a questão está outra vez
restringida à opacidade dos partidos
políticos. E ninguém sabe dizer o que
vai ser a nova lei”, afirmou o médico
Luís Januário.
Do lado do “não”, a Federação Portuguesa pela Vida (FPV) exigiu que o
Governo passe a atribuir um apoio às
mulheres que decidam levar a sua
Os movimentos
do “sim” dizem
que é preciso
cerrar fileiras. Os
do “não” querem
um controlo
efectivo do
aborto legal
gravidez a termo num valor, “no mínimo”, igual ao montante que o Estado
pagará por um aborto “mais um euro”.
Estes movimentos deixaram ainda a
garantia de que vão estar atentos ao
processo legislativo, especialmente no
que concerne “aos aspectos da constitucionalidade dos diplomas que vão
ser elaborados”.
Do conjunto de reivindicações endereçadas ao Governo consta ainda
a exigência de que a percentagem
de financiamento de associações e
instituições que acolhem mulheres
ou crianças em dificuldade aumente
“para 80 por cento” e que os centros
de apoio à vida passem a ser financiados “a 75 por cento”. Outro dos requisitos da FPV passa pela realização
de um controlo efectivo “através de
relatórios semestrais e públicos” das
condições e circunstâncias da prática
do aborto legal nos estabelecimentos
de saúde.
Relativamente ao processo legislativo que terá lugar na Assembleia
da República, os elementos da FPV
aguardam com “expectativa” que
“aquilo que vai ser levado para a lei
corresponde às promessas eleitorais
dos mais altos responsáveis do PS”,
vincou Isilda Pegado, presidente da
federação.
Do encontro, que juntou várias dezenas de pessoas, saiu ainda um apelo
para que os responsáveis dos vários
grupos do “não” se empenhem na criação e dinamização de instituições de
apoio à vida.
Jovens autarcas
vão reunir-se
e trocar ideias
a Os 14 presidentes de câmaras e assembleias municipais com menos de
36 anos vão reunir-se terça-feira, em
Arganil (Coimbra), num inédito encontro da “nova geração de autarcas
locais”, revelaram os organizadores.
A ideia do encontro surgiu à margem de uma reunião do Comité das
Regiões, em Bruxelas, em que participaram os presidentes socialistas das
câmaras de Baião, José Luís Carneiro
(35 anos), e Ferreira do Alentejo, Aníbal Costa (34 anos).
“Só nos conhecíamos pela Internet”, disse José Luís Carneiro à agência Lusa, referindo que, nas conversas que tiveram em Bruxelas, os dois
políticos concluíram que seria importante a nova geração de autarcas trocar impressões e experiências sobre
questões europeias.
Apesar de a ideia ter sido de dois autarcas do Partido Socialista, o encontro vai ter um cariz suprapartidário,
dado que a idade foi o único critério
para a formulação dos convites aos
presidentes de câmaras e assembleias
municipais.
14 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Mundo
Corrida aos consulados Muitos portugueses não se revêem no socialismo de Chávez
Insegurança e expectativa gera corrida
ao passaporte europeu na Venezuela
KIMBERLY WHITE/REUTERS
Portugueses, espanhóis, italianos e seus descendentes tratam de ter documentos em dia.
“Não quer dizer que vá acontecer alguma tragédia, mas as pessoas querem estar preparadas”
Ana Cristina Pereira
a Talvez Ernesto de Oliveira, conselheiro das comunidades eleito pelo
círculo do Estado de Aragua, tenha
razão. Talvez “a preocupação” com
a insegurança e com a política seja
menor entre as portugueses residentes na Venezuela do que entre os seus
familiares em Portugal. Mas, no rescaldo da reeleição do presidente Hugo
Chávez, a corrida ao Consulado Geral
de Portugal em Caracas bateu recordes. E anteontem apareceu morto um
português em Caracas.
Reeleito em Dezembro (com 62,8
por cento dos votos), Chávez prometeu aprofundar a “revolução bolivariana”. A Assembleia Nacional já aprovou
a Lei Habilitante (que lhe permite, ao
longo de 18 meses, legislar por decreto
em matérias de diversa índole) e o presidente trata agora de nacionalizar os
ditos sectores estratégicos (o petrolífero, o eléctrico e as telecomunicações),
o que implicará um grande esforço para as finanças públicas (leia-se PDVSA
– Petróleos de Venezuela).
Numa comunidade que ronda as
400 mil pessoas, há muito quem não
se reveja no “socialismo do século XXI”
de Chávez. Em Janeiro, o cônsul de Portugal em Caracas, Fernando Manuel Teles Fazendeiro, registou uma média de
300 atendimentos diários – mais cem
do que a verificada em 2006. “Há grande expectativa na comunidade face a
novas políticas”, admite.
“Estamos todos a ver onde é que isto vai parar”, interpreta a conselheira
Maria Cremilda Andrade, eleita pelo
círculo de Caracas. Registam-se matrimónios (tendencialmente mistos)
e filhos (alguns já adolescentes ou
mesmo adultos), solicitam-se (ou renovam-se) passaportes e bilhetes de
Expectativa na
comunidade
portuguesa
aumentou
com as
nacionalizações
prometidas por
Hugo Chávez
identidade. Em suma, acautela-se a
cidadania europeia.
“Não quer dizer que vá acontecer alguma tragédia, mas as pessoas
querem estar preparadas”, reforça o
conselheiro Manuel Martins Pereira,
eleito por Valência. De algum modo,
sublinha Ernesto de Oliveira, alguns
temem a repetição de África, isto é,
uma reviravolta política que os despoje de tudo quando conseguiram em
anos. Embora o processo venezuelano
seja “completamente diferente”. “Isto
é mais o barulho do que qualquer outra coisa”. Basta ver que as nacionalizações em curso implicam compra.
As filas também já estão a crescer no consulado espanhol em Caracas
Não foram só os portugueses que se
inquietaram. As filas também engrossaram nas representações consulares
dos outros dois países europeus com
grandes comunidades na Venezuela
(Espanha e Itália).
Outra Cuba
“Não vou ficar aqui à espera que Chávez transforme isto noutra Cuba”,
desabafava um espanhol de 25 anos,
citado pelo El País. Um idoso, ouvido
pelo mesmo diário, atestava que a família inteira, netos incluídos, tinha a
documentação em dia. “Tratámos de
tudo pouco a pouco, porque eu sempre soube para onde ia este senhor.”
No consulado português não existem dados sobre partidas. Apenas a
certeza de que não há qualquer sinal
de saída em massa. “As pessoas estão
a trabalhar”, vinca o conselheiro José
Luís Ferreira da Silva, eleito por Caracas. E a corrida ao passaporte europeu também se explica pela vontade
de viajar – por prazer ou em negócios
– para a Europa ou os EUA.
Perspectivar uma saída da Venezuela não é fácil, indica o empresário
Manuel Martins Pereira. Vender casas
ou negócios, nesta fase de “incerteza”,
é “perder dinheiro”. E investir no exterior também não é pêra doce. Há três
anos, os estrangeiros deixaram de poder enviar divisas para o seu país de
origem. “Quando viajámos, só temos
direito a levar uma média de quatro mil
dólares”, vinca. A par deste controlo
cresce “o mercado negro”. O dólar obtido pela via legal custa 2100 bolívares;
o do mercado negro quatro mil.
Com o controlo de câmbio, “não temos autoridade para importar o que
queremos e estão a desaparecer alguns
produtos” do mercado nacional, explica ainda Manuel Martins Pereira. Os
filhos de Maria Cremilda, por exemplo,
possuem “fábricas de velas” e faltalhes “matéria-prima”. Com limitações,
“o Governo deu autorização para irem
buscá-la à Índia e à China”. E eles lá
fazem as encomendas, sem deixar de
dizer à mãe que “é preciso aguentar” o
presente e “acreditar” no futuro.
Nacionalizar custa
O processo de nacionalizações
já está em marcha. Até agora, a
Venezuela gastou 1100 milhões
de euros a comprar parte da
Companhia Anónima Nacional
Telefones de Venezuela
(CANTV), da Electricidade de
Caracas e da Serviço Eléctrico
de Nova Esparta (Séneca).
De acordo com a imprensa, o
plano de nacionalização dos
sectores eléctrico, petrolífero
e telecomunicações está a
suscitar grande contestação
entre opositores e analistas,
que entendem que o esforço
é incomportável. Pelas suas
contas, as nacionalizações vão
custar de 12 mil a 20 mil milhões
de euros (igual à actual dívida
externa). As medidas pensadas
para controlar a inflação outros
cinco mil milhões.
A partida surge sempre como “Plano B”, na expressão de Aleixo Vieira,
director do Correio da Venezuela. A
nota dominante é esperar, confiar.
E a verdade é que a corrida ao passaporte europeu está já a abrandar.
Para já, sublinha Maria Cremilda, o
pior mesmo é a criminalidade.
Um comerciante português apareceu morto na cave do seu snack-bar,
em El Silencio, Caracas. De acordo
com a Lusa, tinha três feridas de arma
branca no corpo e um golpe no rosto.
As autoridades detiveram ontem um
empregado do estabelecimento, suspeito da autoria do homicídio.
Ainda há duas semanas, uma jovem
portuguesa foi sequestrada. O pai é dono de um bingo, os sequestradores pediram uma quantia exorbitante. “Ela
disse-lhes que a podiam matar, porque
o pai não tinha tal dinheiro e eles libertaram-na por 300 mil bolívares (cerca de 100 mil euros)”, recorda Maria
Cremilda, amiga de uma tia da vítima.
Neste momento, há 94 pessoas de várias nacionalidades sequestradas.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 15
A Coreia do Norte convidou o chefe da Agência Internacional de
Energia Atómica para discutir o seu programa nuclear, num encontro
previsto para a segunda semana de Março. Mohamed ElBaradei disse
já que espera que Pyongyang suspenda as suas actividades nucleares.
“As pessoas não têm cuidado nenhum” com o álcool ao volante Portugal, página 6
Uribe pronto a “diálogo directo” com as FARC
Presidente autoriza
paralelamente os familiares
dos reféns a negociarem
com a guerrilha a libertação
dos cativos
a O Presidente colombiano, Alvaro
Uribe, abandonou por instantes a linha
dura que tem mantido em relação às
Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (FARC), dispondo-se a negociar com elas e autorizando os familiares dos reféns em poder da guerrilha a fazer o mesmo. A mãe de Ingrid
Betancourt, cativa há cinco anos, não
acredita que a ideia resulte.
A luz verde para o diálogo chegou
sob a forma de um comunicado lido
nos media, onde o mandatário diz que
“o Governo está disposto a um con-
Deputados
guineenses
travam estado
de emergência
a Os deputados da República da
Guiné (Conacri) votaram ontem, por
unanimidade, contra o prolongamento
do estado de emergência proclamado
no dia 12 de Fevereiro pelo Presidente
Lansana Conté e que expirava na noite
de sexta-feira.
O chefe de Estado solicitara quinta-feira à Assembleia Nacional que
prorrogasse a lei marcial, mas os 86
deputados presentes na sessão de
sexta decidiram, por mão no ar, que
tal não deveria ser feito. E isto apesar
de o Partido da Unidade e do Progresso
(PUP), de Lansana Conté, ter eleito 90
dos 114 deputados existentes naquele
país da África Ocidental.
Os sindicatos saudaram a votação,
mas vão continuar com a greve geral
que iniciaram até que se encontre um
novo primeiro-ministro. O nome de
Eugène Camará, escolhido pelo Presidente da República pressionado pelos protestos, não é aceite, por não ser
considerado suficientemente isento.
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tacto directo com as FARC, sem intermediários”, numa aparente alusão ao
grupo de países europeus que serviam
de facilitadores das negociações para
um acordo humanitário.
O surpreendente passo de Uribe,
que com isto parece ceder à política
de firmeza que leva há quatro anos,
fora entretanto precedido de outro
ainda mais inesperado: a autorização
dada aos familiares dos sequestrados
a iniciarem diligências para obterem
eles próprios a libertação dos reféns
nas mãos da organização de Manuel
Marulanda “Tirofijo”, missão entregue
à mulher de um dos cativos.
Uribe tinha
acabado
de ordenar
o reforço
da ofensiva
militar
contra
a guerrilha
A guerrilha tem em seu poder pelo
menos 1100 pessoas, segundo o diário
espanhol El País, incluindo 57 polícias,
soldados e políticos. O contingente
“menos” importante é formado por
civis raptados com objectivos financeiros. A incerteza do número exacto
de vítimas deve-se ao facto de os raptores ameaçarem aumentar o valor
das trocas se houver queixa do seu
desaparecimento.
A aproximação dos civis às FARC vai
ser liderada por Lucy Artunduaga de
Gechen, mulher do ex-senador Jorge
Eduardo Gechen de Turbay, sequestrado em Fevereiro de 2002, que se manifestou optimista: “Chegou a hora de
nós, as famílias, podermos estabelecer
um contacto directo com os sequestradores para ver de que maneira podemos contribuir para uma aproximação
entre as partes”. Sobre um eventual
diálogo directo entre as autoridades e
a guerrilha, a negociadora ad hoc disse
que “é assim que é preciso fazer, que o
Governo entre e se sente com as FARC
para que possam procurar uma saída
para um problema tão grave”.
Uma familiar, Yolanda Pulecio, mãe
de Ingrid Betancourt, nas mãos do
grupo de Marulanda há 1828 dias, não
acredita no plano: “Esta autorização
que nos foi dada para nos encontrarmos com as FARC é uma autorização
que francamente não nos serve para
nada”, disse aos microfones da rádio
Caracol.
A disponibilidade anunciada por Uribe para um diálogo directo e a autorização que deu aos familiares para avançarem ocorre inesperadamente um
dia depois de ter ordenado o reforço
da ofensiva militar contra a guerrilha.
Segue-se ainda a declarações ao jornal
francês Le Figaro, segundo as quais Betancourt teria sido levada pelas FARC
para fora do país, o que entretanto foi
desmentido pelos rebeldes.
Nuno Amaral, São Paulo
Arte fala da ditadura em Nova Iorque
REUTERS/HANDOUT
Fernando Sousa
Greves nas
cadeias
do estado
de São Paulo
Lucinda Canelas
a As perseguições, a tortura, a violência e as memórias dos que sobreviveram à opressão das ditaduras latino-americanas da segunda metade
do século XX serviram de base ao trabalho de 14 artistas contemporâneos
da Argentina, Chile, Brasil, Colômbia,
Guatemala, Uruguai e Venezuela, em
exposição no Museo del Barrio, em
Nova Iorque.
Los Desaparecidos reúne fotografia,
gravura, vídeo e instalação de artistas como Marcelo Brodsky, Cildo
Meireles, Óscar Muñoz, Ivan Navarro, Nicolás Guagnini e Juan Manuel
Echavarría.
Alguns dos autores pertenceram
à resistência nos seus países, outros
foram vítimas de perseguição, muitos
tiveram familiares e amigos presos pelas ditaduras da América Central e do
Sul, dos anos 50 ao final da década
de 80. Os mais jovens nasceram já no
pós-ditadura ou em países em que as
perseguições aconteceram em regimes
ditos democráticos, como a Venezuela,
lembrava ontem o jornal El País.
Rostos inexpressivos e listas de nomes cuidadosamente organizadas são
Em 30.000 Nicolás Guagnini fala sobre os desaparecidos na Argentina
uma constante de Los Desaparecidos.
“Estes artistas lutam contra a amnésia
para que semelhantes atrocidades não
se repitam e pedem aos norte-americanos que questionem o papel dos EUA
ao apoiar regimes latino-americanos
que assassinaram o seu próprio povo”,
disse ao diário espanhol o director do
museu, Julián Zugazagoitia.
O colombiano Echavarría explora
a violência cometida pela guerrilha
na luta pelo controlo do narcotráfico.
Muñoz fala sobre a “dificuldade de recordar” e Brodsky parte de uma experiência íntima – o desaparecimento do
seu irmão Fernando. “É interessante
trazer esta exposição aos EUA porque
não fala só de história, mas também do
presente”, disse o artista argentino ao
El País. “O tema dos desaparecidos está na roupa laranja [dos prisioneiros]
de Guantánamo.”
a Os reclusos que, há dois dias, protestam contra a “opressão” do sistema
penitenciário brasileiro ameaçam tomar medidas mais duras se não forem
ouvidos por um representante do Governo federal “a breve trecho”.
Desde quarta-feira que os protestos
chegaram a 80 das 144 cadeias do estado de São Paulo, alegadamente coordenados pelo Primeiro Comando da
Capital. Esta organização com associações criminosas formada por reclusos
e ex-reclusos em 1993 pretende, alega,
defender os direitos dos presos.
Preparada há cerca de um mês, esta
“greve branca” – os detidos não saem
das celas, recusam-se a comparecer
a audiências judiciais e, alguns, a comer – tem por objectivo demonstrar
as fragilidades do sistema prisional
brasileiro.
Ontem, um grupo de reclusos escreveu uma carta à primeira dama, Marisa Silva, onde admite fazer “algo mais
duro” se o Estado não negociar.
Esta onda de protesto surgiu como
forma de denunciar os “maus tratos”
de que dizem ser alvo por parte dos
guardas prisionais, sendo certo que
a apreensão de telemóveis a alguns
elementos das facções criminosas
do Primeiro Comando da Capital
encarcerados numa cadeia na cidade
de Presidente Venceslau (600 km a
oeste de São Paulo) é que inflamou
os ânimos.
De acordo com as autoridades, os
elementos do Primeiro Comando da
Capital utilizam os telemóveis para
coordenar acções realizadas dentro
e fora das cadeias, como foi o caso da
onda de ataques em São Paulo, ocorrida em Maio do ano passado.
Há cerca de duas semanas, uma vistoria foi feita na prisão de Venceslau
- onde a 729 presos foram retirados
vários telemóveis, uma elevada quantidade de droga e alguns computadores
portáteis.
As autoridades não conseguem
ainda estimar o número de reclusos
que aderiu a esta “greve branca”, salvaguardando apenas que ainda não
se registaram feridos e que a situação
está “quase controlada”.
16 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Mundo
Ponto de Vista de Jorge Almeida Fernandes sobre a crise italiana P
Le Pen denuncia alegada ofensiva contra
a sua candidatura à presidência de França
Jorge Heitor
O líder da Frente Nacional
afirma que os presidentes
de municípios que tinham
prometido patrocinar a sua
candidatura receberam
telefonemas a intimidá-los
Prodi demitiu-se quarta-feira
Sofia Lorena
a O Presidente italiano, Giorgio Napolitano, pediu ontem a Romano Prodi
que permaneça no posto de primeiro-ministro e enfrente uma moção de
confiança no Parlamento. O desfecho
para a crise iniciada com a derrota do
Governo num voto sobre política externa no Senado, e a consequente demissão de Prodi, quarta-feira à noite, já
era esperado, mas o último capítulo só
deverá acontecer quarta-feira, quando
Prodi confirmar se conta com maioria
nas duas câmaras do Parlamento.
Após dois dias de consultas, Napolitano precisou de apenas 35 minutos
para dizer a Prodi que esta era “a única
solução”. “Irei ao Parlamento assim
que for possível, com o apoio de uma
coligação coesa determinada a ajudar o país nesta fase difícil e acelerar
a recuperação económica iniciada”,
respondeu o líder da coligação de
centro-esquerda, a União.
Prodi foi derrotado com as abstenções de dois senadores da União, um
do Partido dos Comunistas Italianos,
outro da Refundação Comunista. Em
causa estava a missão italiana no Afeganistão e o alargamento de uma base
militar norte-americana em Itália.
Depois da demissão, disse que só
ficava com uma “maioria blindada”:
obteve-a com um pacto, aceite quintafeira por todos os partidos do Governo. Reforçou a sua liderança e garantiu
que os compromissos internacionais
serão respeitados, mas não mudou o
facto de ter uma coligação muito heterogénea e uma maioria de apenas um
voto na câmara alta do Parlamento.
“Penso que sim”, afirmou ontem
Prodi, questionado sobre se terá a
maioria para continuar no Governo.
De acordo com o jornal Corriere della
Sera, para além dos votos da União,
Prodi contará com quatro senadores
vitalícios e com o voto de Marco Follini, um democrata-cristão que chegou
a ser sondado para integrar uma possível coligação alargada.
A oposição de direita, liderada por
Silvio Berlusconi, reagiu como era esperado à decisão de Napolitano, afirmando que a continuação de Prodi servirá apenas para “prolongar a agonia”
do seu Governo. Mas como o próprio
Presidente afirmou ontem, não havia
nenhuma “alternativa concreta”.
a Jean-Marie Le Pen, o político da
extrema-direita francesa que dirige a
Frente Nacional (FN) desde que esta
foi fundada, declarou ontem na cidade
de Lille, onde principiou a sua convenção presidencial, que foram exercidas
pressões sobre os presidentes de vários municípios para que desistissem
de patrocinar a sua candidatura ao
Eliseu.
“Parece que foi desencadeada uma
ofensiva para reforçar a do senhor
(Philippe) de Villiers, que se esforça
muito para convencer as pessoas de
que não devem votar em Le Pen. Está
a cumprir a sua missão de franco-ati-
Queixa contra De Villiers
“Vamos efectuar um inquérito e
apresentar queixa”, prosseguiu o
presidente da FN, enquanto o seu
colaborador Michel Guiniot também
dizia que o próprio De Villiers anda a
O líder da
Frente Nacional,
Jean-Marie le
Pen, continua
a considerar a
imigração como
a causa de todos
os problemas
telefonar aos presidentes dos municípios para lhes explicar que “é um erro
votar Le Pen”.
Se “milhões de eleitores” que estariam dispostos a votar nele não o
conseguirem fazer por não ter reunido o número de assinaturas suficientes
para a homologação da candidatura,
ameaçou o caudilho da direita nacionalista, “terão sem dúvida reacções
cívicas que poderão ser dolorosas
para alguns”.
Se acaso o seu campo for impedido
de concorrer ao Eliseu, prosseguiu, é
provável que os eleitores que o compõem se vinguem depois nas legislativas, municipais e cantonais.
Lille foi escolhida para cenário da
convenção deste fim-de-semana por
ter sido na região que o candidato
conseguiu os seus melhores resultados durante a primeira volta das
presidenciais de 2002, acima dos 18
por cento. E é aí que hoje vai pormenorizar o seu programa “nacional,
popular e social”.
Desse programa sabe-se desde já,
designadamente pelo que dele foi publicado no jornal Le Monde, que JeanMarie le Pen continua a considerar a
imigração como a causa de todos os
problemas da França e o seu fim como
a solução para o desemprego, a falta
de habitação, o défice da segurança
social, a deliquência juvenil e a dívida
pública.
Se acaso conseguisse chegar ao poder, o líder da Frente Nacional gostaria de accionar aquilo a que chama
“uma política de inversão dos fluxos
migratórios”, não deixando entrar
mais ninguém no país e assimilando
“os que respeitam as leis e os costumes” da França.
Fechar fronteiras
Por outro lado, considerou uma calúnia as interpretações que foram dadas
às suas palavras sobre os atentados de
2001 contra o World Trade Center de
Nova Iorque: “Falei do acontecimento
do 11 de Setembro, mas depois toda a
gente começou a afirmar que eu dissera ‘incidente’”.
Apelos à rebelião cívica em iniciativa
contra a ETA e o Governo de Zapatero
DR
Presidente
italiano
reconduz
Romano Prodi
rador do senhor Sarkozy”, queixouse o homem que em 2002 chegou a
disputar a segunda volta.
Philippe de Villiers é candidato do
Movimento pela França, outra formação política situada à direita do
espectro político. Actualmente tem
apenas dois por cento das intenções
de voto, face aos 14 de Le Pen, que é o
quarto na lista de preferências, atrás
de Ségolène Royal, Nicolas Sarkozy e
François Bayrou.
Nuno Ribeiro, Madrid
a A concentração de milhares de pessoas organizada ontem pela Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT) na
Praça Cólon, em Madrid, concluiu com
apelos à rebelião cívica. Contra a ETA
e o Governo, acusado de titubeante
face à organização terrorista.
“O testemunho dos que me precederam é suficiente, não leio o meu
discurso, apenas digo que a rebelião
cívica é imparável.” Foi desta forma
que Francisco Alcaraz, presidente da
AVT, concluiu a concentração.
Antes de Alcaraz familiares e vítimas
dos comandos da ETA de Juana Chaos
que fizeram 25 vítimas mortais falaram
das ausências e do medo. Ao compasso da marcha militar “A morte não é
o final”, foi feita uma oferenda floral
perante uma cruz branca e uma tocha.
Os discursos foram interrompidos por
gritos “Viva Espanha”, “Assassinos” e
“ETA não”. Os manifestantes levavam
bandeiras de Espanha e cartazes: “ZP
[Rodriguez Zapatero], quem está por
trás do 11 de Março?”.
Juana Chaos, que já cumpriu a pena
pelos 25 assassinatos, encontra-se em
greve de fome por ter sido condenado
a três anos pela publicação de dois artigos no diário basco Gara, nos quais
ameaçava funcionários das prisões.
A pena decretada foi de 12 anos, mas
o Supremo considerou o recurso e
reviu-a para três anos e sete meses
de prisão.
A AVT manifestou-se contra esta
revisão, mas suavizou a posição para
a exigência que Juana Chaos cumpra
na íntegra os três anos e sete meses.
Ou seja, que não seja beneficiado por
medidas compensatórias previstas
na legislação penal e cuja aplicação
depende do executivo.
Milhares voltaram às ruas para protestar contra o Governo e a ETA
Esta mudança de tom e de alvo
– dos juízes ao Governo – permitiu
ao Partido Popular (PP), a principal
força da oposição, estar presente na
concentração através de uma delegação liderada pelo secretário-geral
Angel Acebes. O presidente Mariano
Rajoy não compareceu e em círculos
dos “populares” há recriminações à
estratégia da AVT.
Quando as sondagens revelam que a
diferença dos conservadores de Rajoy
para os socialistas de Zapatero é de 1,2
por cento, os que defendem posições
menos extremas estão inquietos pelo
radicalismo da AVT.
Na prática, esta associação, através
da mobilização de rua que consegue
com o apoio do Partido Popular, manda na agenda política do centro-direita espanhol: ao ponto da convenção
popular para as eleições autárquicas
e regionais de Maio próximo, agendada para ontem, ter sido adiada para
não coincidir com a concentração da
praça Cólon.
AVT
Da autoridade moral
ao poder de facto
Criada em 1981, a AVT só teve
relevância em 1996, quando
Aznar decidiu honrar as vítimas
da ETA. A AVT, que nasceu com a
autoridade moral de quem sofreu
a violência, passou a poder de
facto. É em 2002, com Francisco
Alcaraz na liderança, que a AVT
se aproxima do PP. À custa de
dissidências na Catalunha e
Andaluzia e ao afastamento da
primeira direcção. Desde Janeiro
de 2005, a AVT organizou
sete manifestações e, ontem,
uma concentração. Passou
do ataque ao terrorismo a
querer condicionar a política
antiterrorista de Zapatero e à
crítica à Justiça. N.R.
Tribunal
canadiano
rejeita lei
antiterrorista
a Nove juízes do Supremo Tribunal
do Canadá rejeitaram um sistema de
segurança que permite ao Estado deter e deportar suspeitos de terrorismo
nascidos no estrangeiro sem julgamento, noticiou a BBC on-line.
Na sexta-feira, o colectivo de juízes
decidiu que o sistema em vigor desde
1978 viola a Constituição e nega aos
suspeitos o direito de se defenderem. O Supremo canadiano teve de
se pronunciar sobre a matéria num
caso que envolveu três homens que
negam associações à Al-Qaeda. Mohamed Harkat, nascido na Argélia,
Adil Charkaoui, Marrocos, e Hassan
Almrei, Síria, foram a tribunal dizer
que não têm qualquer ligação à rede
terrorista e que serão torturados em
caso de deportação.
“Antes de o Estado poder deter pessoas por períodos significativos, deve
dar-lhes um processo judicial justo”,
escreveu o colectivo. Harkat esteve
preso três anos e meio até ser libertado, sob rígidas condições, em Junho do
ano passado. Almrei está preso desde
Outubro de 2001 e Charkaoui passou
21 meses na prisão.
O Supremo Tribunal fez um ultimato
ao Parlamento – deu-lhe um ano para
alterar a secção do Immigration and
Refugee Protection Act que permite a
deportação e a detenção sem culpa
formada. Segundo a BBC, o Governo
justifica-se, defendendo que o sistema
é necessário para manter o país em
segurança. Os que o criticam garantem
que é apenas uma forma de o Estado
deportar cidadãos não-canadianos
com base em informações secretas
reveladas apenas a juízes federais em
audiências à porta fechada.
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assinale com um x .
CONTACTO MÓVEL
18 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Mundo
José Diogo Quintela pergunta o que as urgências e a Ota têm em comum. “Como é óbvio, nada.” P2
Educação para a paz só funciona se acontecer
“do infantário à universidade”
Resultados de programas
anuais com jovens de Israel
e da Palestina são escassos e
efémeros, desaparecendo no
regresso às zonas de conflito
a Os efeitos dos programas de educação para a paz entre judeus e árabes
são diminutos e efémeros. Esta é a
principal conclusão de um estudo recente da Faculdade de Educação da
Universidade de Haifa, em Israel, que
envolveu quase mil jovens dos dois
grupos. “Não há dúvidas de que as iniciativas de curta duração têm resultados pouco satisfatórios. A forma mais
eficaz de obter efeitos a longo prazo é
apostar numa abordagem sistémica:
o Ministério da Educação a planear e
liderar os projectos em todos os níveis
de ensino, do infantário à universidade”, afirmou ao PÚBLICO Yigal Rosen,
responsável pela investigação.
A tolerância e a ponderação que
os estudantes adquirem durante o
programa educacional esbatem-se
quando regressam ao lugar de origem,
onde voltarão a partilhar os mesmos
estigmas e preconceitos sociais, explicou o especialista numa conversa
por e-mail. “As escolas para a paz não
podem ser ilhas no meio de uma batalha entre dois povos, sob pena de os
resultados obtidos serem limitados e
desaparecerem após alguns meses”,
defende Yigal Rosen.
Estas iniciativas bem-intencionadas
e voluntaristas estão “quase sempre”
condenadas ao “fracasso”, defende
o investigador da Universidade de
Haifa, caso não estejam alicerçadas
num acompanhamento sistemático
e a longo prazo.
MARCO LONGARI/AFP
Andréia Azevedo Soares
Trabalho imprescindível
“Será então que as sociedades devem esquecer a educação para a paz
e esperar pelas condições ideais para
fazê-lo? A resposta é inequívoca: não”,
avisa Yigal Rosen, para quem a promoção da tolerância é imprescindível.
Estudos como este avaliam apenas a
eficácia dos programas actuais e, face
aos resultados, exortam a adopção de
novos modelos.
O estudo envolveu 956 alunos judeus
e árabes com 15 ou 16 anos, que avaliaram a importância de um conjunto
de ideias associadas ao conflito antes
e depois de participarem no programa
Pathways into Reconciliation. Dois meses após o fim do curso, voltaram a ser
inquiridos. O objectivo era avaliar até
que ponto e durante quanto tempo a
campanha de sensibilização para a paz
seria capaz de alterar a percepção de
cada uma das partes.
Os jovens árabes, por exemplo, nunca puseram em causa a ideia de que
“1948 marcou o início de uma série de
situações nas quais os palestinianos
perderam a terra, as casas e proprie-
Jovem palestiniana e polícia israelita em Jerusalém Oriental
dades, tornando-se refugiados”. Mas
atribuíram menor importância a frases
reforçadas por memórias colectivas,
como “a desonestidade sempre caracterizou os judeus”.
Algo semelhante aconteceu aos
alunos judeus. A afirmação de que
“têm um direito histórico à terra”
manteve-se como um princípio, mas
comentários redutores como “os
árabes sempre desejaram expulsar
os judeus de Israel” perderam peso.
Bastaram dois meses, contudo, para
que houvesse um completo recuo nas
mudanças de perspectiva.
“Uma grande mudança social terá
de ocorrer para que estes jovens possam alterar as suas percepções do conflito. Se a atmosfera de ataques mútuos
se mantém, a abertura para o entendimento que os estudantes adquirem
na escola desaparece quando regressam à zona de conflito”, explica Yigal
Rosen, cuja tese de doutoramento foi
recentemente publicada pela Universidade de Haifa.
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PROGRAMA
14:30
Liberdade, Segurança e Justiça:
Valores Fundamentais da Europa
Salão Nobre da Ordem dos Advogados
Lisboa, Largo de S. Domingos,14
Terça-feira
27 de Fevereiro de 2007
SESSÃO DE ABERTURA
Margarida Marques, Directora, Representação da Comissão Europeia em Portugal
Rui Machete, Presidente da Associação Portuguesa de Direito Europeu
António Figueiredo Lopes, Membro do Conselho Directivo do IEEI
INTRODUÇÃO DOS TEMAS
Nuno Piçarra, Faculdade de Direito, Universidade Nova de Lisboa
15h15
Moderador
I SESSÃO: LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA: UMA CONCILIAÇÃO NECESSÁRIA
José Luís Cruz Vilaça, antigo Pr. do Tribunal de 1ª Instância
das Comunidades Europeias e membro do Conselho Directivo do IEEI
Comunicações Anabela Rodrigues, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Luís Miguel Poiares Maduro, Advogado-Geral,
Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias
Rui Pereira, Coordenador da Unidade de Missão para a Reforma Penal
16h30
Pausa para café
16h45
II SESSÃO: QUE INSTITUIÇÕES PARA GARANTIR ESSES VALORES?
Moderador José Luís Cruz Vilaça, antigo Pr. do Tribunal de 1ª Instância
das Comunidades Europeias e membro do Conselho Directivo do IEEI
Comunicações Maria Luísa Duarte, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
José Narciso da Cunha Rodrigues, Juiz, Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias
José Luís Lopes da Mota, Membro da Eurojust
José António Pinto Ribeiro, Presidente do Fórum Justiça e Liberdades
18h00
Palestinianos
voltam a
enfrentar-se na
Faixa de Gaza
SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Álvaro Vasconcelos, Director do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais
Rogério Alves, Bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses
João Tiago da Silveira, Secretário de Estado da Justiça
Organização
IEEI/APDE /ORDEM DOS ADVOGADOS/IPRI
ENTRADA LIVRE
www.ieei.pt
APOIO
O II Debate Nacional sobre o Futuro da
Europa é promovido pelo IEEI e coordenado
por individualidades e instituições ligadas
às questões europeias, com o objectivo de
conhecer o estado do debate europeu em
Portugal, pela auscultação das posições
e expectativas de diversos sectores da
sociedade portuguesa.
a Quatro palestinianos morreram
ontem em Khan Younis, no Sul da
Faixa de Gaza, num combate entre
grupos rivais, declararam à agência
AFP membros da segurança. Os confrontos de ontem foram os primeiros
desde o acordo da Meca, assinado a 8
de Fevereiro entre o Hamas e a Fatah
com o objectivo de formar um governo
de unidade e acabar com a violência
entre os respectivos partidários.
Mohammad Al-Galban, de 27 anos,
membro das forças de polícia controladas pelo Hamas, foi morto a tiro pouco
depois da meia-noite por elementos
de uma família rival, a dos Kawaras,
que pretendiam vingar o assassínio, há
dois meses, de um dos seus, membro
de uma polícia controlada pela Fatah,
segundo a AFP.
Combatentes do Hamas e elementos
da família Al-Galban responderam durante a madrugada, atacando a família
Kawara com Kalachnikovs, granadas e
tiros de morteiro. Acabaram por morrer os civis Ismail Sobh, de 70 anos, Hazem Kawaram, de 30, e Ghada Kawara,
de 27. E há ainda pelo menos 17 feridos,
incluindo três em estado grave.
O governo condenou a violência e
declarou tratar-se de uma violação do
acordo de Meca, destinado a partilhar
o poder entre as duas grandes formações políticas palestinianas.
Explosão de
camião mata 40
pessoas a oeste
de Bagdad
a Pelo menos 40 pessoas morreram
ontem na explosão de um camião-cisterna armadilhado junto à entrada de
uma mesquita da província de Anbar,
bastião sunita a oeste de Bagdad. Uma
esquadra e uma escola nas imediações
também foram atingidas pela explosão,
que deixou ainda mais de 60 feridos.
Este atentado suicida pouco comum
– os ataques com viaturas armadilhadas
visam normalmente alvos xiitas – aconteceu num dia marcado por manifestações xiitas em protesto pela detenção
por parte de forças norte-americanas
do filho de um dignitário da comunidade maioritária no Iraque.
Em Bagdad e nas cidades xiitas do
Sul, milhares saíram à rua contra a detenção, por algumas horas, do filho de
Abdul-Aziz al-Hakim, chefe do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica
no Iraque, o mais importante partido
político xiita. Ammar al-Hakim contou
numa conferência de imprensa que os
soldados o empurraram, lhe vendaram
os olhos e o algemaram.
O Presidente do país, o curdo Jalal
Talabani, lamentou “a ofensa a que
Hakim foi sujeito” e disse que os soldados americanos responsáveis devem
ser castigados. Talabani pediu aos EUA
que garantam que “acções injustificadas destas não se repitam com políticos
e figuras nacionais”.
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Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 19
Circuncisão reduz
a metade risco de HIV
Clara Barata
a A circuncisão masculina reduz de
forma significativa o risco de infecção
pelo vírus HIV – segundo dois estudos
publicados na revista médica The Lancet, a diminuição pode ser superior a
50 por cento. As agências das Nações
Unidas ligadas à saúde vão discutir no
início de Março se farão novas recomendações à luz destes resultados.
Em Dezembro, estes dois ensaios
clínicos, no Quénia e no Uganda, financiados pelo Instituto de Alergias e
Doenças Infecciosas dos EUA, foram
interrompidos, por haver grande vantagem para os homens circuncidados.
Agora são publicados os resultados.
Em Kisumu, no Quénia, participaram 2784 homens não infectados pelo
HIV. Entre os circuncidados, houve 53
por cento menos casos do que entre
os não submetidos a esta cirurgia,
que remove o prepúcio do pénis. Em
Rakai, no Uganda, participaram 4996
homens, e houve 51 por cento menos
casos de HIV entre os circuncidados.
Tem-se discutido muito se a circuncisão masculina pode mesmo prevenir
a sida. Em Julho, um estudo na revista
on-line Public Library of Medicine calculava que se pudessem evitar dois
milhões de novas infecções e 300 mil
mortes nos próximos dez anos em
África, ao limitar a transmissão pelos
homens às suas parceiras sexuais.
Um homem tem duas vezes mais
probabilidades de infectar uma mulher
do que o contrário. Por isso, reduzir as
infecções masculinas poderia diminuir
em 37 por cento o total de novos casos,
defendia a equipa da OMS.
Japão põe em órbita
quarto satélite-espião
a O Japão lançou ontem o seu quarto satélite-espião, aumentando a sua
capacidade de monitorizar potenciais
ameaças da Coreia do Norte. O satélite
foi posto em órbita pelo foguetão H2A, lançado às 4h41 (hora de Lisboa).
O aparelho permite observar qualquer
ponto da Terra uma vez por dia.
Tóquio iniciou o seu programa de
satélites-espiões depois de um míssil lançado pela Coreia do Norte ter
sobrevoado o território japonês, em
1998. Três outros satélites tinham já
sido postos em órbita desde então. Outros dois explodiram em 2003, quando
o foguetão que os transportava teve de
ser destruído, depois do lançamento,
por se ter desviado da rota.
Os temores do Japão aumentaram
no ano passado, quando a Coreia do
Norte conduziu um teste nuclear em
Outubro. Também a China mostrou o
seu poder, ao destruir com um míssil
um dos seus antigos satélites mete-
Satélite vai vigiar Pyongyang
orológicos. Os cientistas espaciais
japoneses queixam-se, há muito, de
que o país estava a ficar atrasado, em
relação a outros, em termos de capacidade tecnológica espacial, devido a
uma resolução parlamentar, de 1969,
que restringiu o uso do Espaço a fins
pacíficos.
Homens procuram vacina
contra cancro feminino
a Os primeiros destinatários são
as mulheres. Mas cada vez mais homens estão a tomar uma vacina recentemente desenvolvida para prevenir,
nas mulheres, o cancro do colo do
útero.
A vacina – desenvolvida pelo laboratório Merck e comercializada com
o nome Gardasil – é uma protecção
contra quatro tipos de papilomavírus
humano (HPV), associados ao cancro
do colo do útero. O vírus, no entanto, pode também provocar problemas
genitais masculinos, como cancro do
ânus e do pénis.
Várias clínicas no Reino Unido já
estão a administrar a vacina a homens. “Temos tido muita procura.
Hoje de manhã, apliquei a vacina a
um homem. Tinha 24 anos. À tarde,
terei outro, de 67 anos”, disse à BBC
on-line o médico Sean Cummings, de
uma clínica privada. “A motivação é
proteger-se a si próprio e prevenir
a transmissão do HPV aos seus parceiros.”
Nas mulheres, a vacina deve ser
administrada antes da fase sexualmente activa, ou então em jovens até
aos 26 anos.
Nos Estados Unidos, o laboratório
Merck vinha defendendo a inclusão do
seu medicamento no programa obrigatório de vacinação infantil. Mas a
oposição de grupos religiosos – contrários à vacinação de crianças contra
uma doença sexualmente transmissível – fez com que a empresa anunciasse, na semana passada, que desistira
de pressionar os legisladores.
20 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Mundo
Ramos-Horta
confirma que
quer suceder
a Xanana
LIRIO DA FONSECA/REUTERS
Timor-Leste Corrida para as eleições presidenciais de Abril começa a desenhar-se
Ramos Horta garante que tem capacidade para ser Presidente
Primeiro-ministro considera
essencial o diálogo entre as
diferentes instituições e melhorar
a eficiência dos órgãos de decisão
Jorge Heitor
a “Sei que tenho condições e capacidades para assumir o cargo de Presidente da República.” Foi com estas
palavras que o primeiro-ministro de
Timor-Leste, José Ramos-Horta, se
disponibilizou hoje de manhã (madrugada em Lisboa) para concorrer
à chefia do Estado, numas eleições
com primeira volta marcada para 9
de Abril.
A intenção já tinha sido antecipada
há dois dias pela televisão Al-Jazira, do
Qatar. Chegou agora a confirmação,
num dicurso em Timor. “Anuncio publicamente, aqui em Laga [150 quilómetros a leste de Díli, em Baucau], a
minha decisão de me candidatar à
Presidência, para suceder a Xanana
Gusmão, herói do nosso povo, que resgatou das grandes derrotas de 1977-79
e conduziu com extraordinária visão
até à nossa libertação”, disse o chefe
do Governo.
“Foram semanas de reflexão e
de muita hesitação. Reflecti sobre a
honrosa mas muita penosa missão
de me candidatar a chefe de Estado”,
prosseguiu o homem que em 1996
partilhou o Nobel da Paz com o então
bispo católico de Díli, Carlos Filipe Ximenes Belo. Segundo o jornal Sydney
Outros candidatos
Seis políticos querem
ser rivais de Horta
Francisco Guterres (Lu-Olo),
presidente da Fretilin e do
Parlamento, é o adversário
mais forte de Ramos-Horta,
por ter consigo a força política
maioritária.
Francisco Xavier do Amaral,
líder da Associação SocialDemocrata Timorense (ASDT).
Lúcia Lobato, do Partido
Social-Democrata (PSD), do exgovernador Mário Carrascalão.
Manuel Tilman, líder do partido
KOTA, depois de em Portugal
ter sido de 1980 a 1984 deputado
pela ASDI.
Avelino Coelho da Silva,
secretário-geral do Partido
Socialista Timorense (PST).
João Carrascalão, líder da
União Democrática Timorense
(UDT).
Morning Herald, os planos de Horta
assentam num pacto com Xanana
para procurarem mudar de cargo e
diminuir o peso político da Fretilin,
partido maioritário.
O Presidente “deve assumir um papel de interligação e harmonização entre as diversas instituições do Estado,
permitindo uma actuação coordenada
e, portanto, mais eficiente dos diversos
órgãos de decisão”, declarou RamosHorta num discurso de sete páginas,
durante o qual lembrou ter liderado
“o processo de estabelecimento de
relações diplomáticas com cerca de
100 países”.
“O diálogo entre instituições é essencial e pretendo fomentá-lo. Um
país no qual as diversas instituições
se encontrem de costas voltadas não
pode crescer”, defendeu o primeiro-ministro. “Como candidato, durante o
período da campanha afastar-me-ei do
Governo. Não uso, não usarei meios do
Estado para a minha campanha. (...)
Convido o inspector-geral do Estado,
os partidos e outras institutições a monitorizar as minhas actividades”.
Pacto com o Presidente
Ramos-Horta reconheceu que o Governo que chefia é da Fretilin (Frente
Revolucionária de Timor-Leste Independente), cujo líder, Francisco Guterres (Lu-Olo), actual presidente do Parlamento, se apresentou há cinco dias
como candidato do partido à liderança
da nação, no que parece ser o mais
forte despique destas eleições.
Sexta-feira, o primeiro-ministro
reconhecera, em declarações prestadas ao PÚBLICO, que a Austrália e os
Estados Unidos foram dos países que
mais o encorajaram a candidatar-se a
Presidente da República. Entretanto,
Xanana declarara a figuras da oposição, em Díli, segundo o Sydney Morning Herald, que tenciona formar o seu
próprio partido e ir às legislativas, que
só serão marcadas depois de terminadas as presidenciais.
De acordo com o jornal australiano,
Ramos-Horta e Xanana Gusmão “vão
tentar convencer o eleitorado de que,
como Presidente e primeiro-ministro,
oferecem ao país a melhor oportunidade de ultrapassar as divisões e garantir
a estabilidade política, depois do caos
e da violência do ano passado”.
Ainda ontem, um segundo jovem
morreu depois de, na véspera, ter sido alvejado a tiro num confronto com
soldados australianos, na capital.
Primeiro-ministro tencionava sair em Maio
França e Harvard nos planos do Nobel
a José Ramos-Horta diz que, se não
fosse a crise de há um ano, que levou
à demissão de Mari Alkatiri, “teria
continuado apenas no Governo como
ministro de Negócios Estrangeiros até
Maio” próximo. O seu projecto de vida
não passava pela chefia do Governo
e “muito menos” pela candidatura
presidencial, hoje anunciada. “Tinha
planos muito mais simples, modestos. Retirar-me em Maio, ‘exilar-me’
intelectualmente em França por um
ano ou dois, depois Harvard por um
ano, escrevendo, lendo”, revela, em
declarações ao PÚBLICO.
O primeiro-ministro, num contacto
via e-mail estabelecido ontem ao fim
da manhã, esclarece que, ao contrário do que escrevemos em edições
anteriores, as suas declarações sobre
a intenção de se candidatar à Presidência de Timor-Leste, transmitidas
pela cadeia Al-Jazira, foram feitas em
Díli e não em Singapura, como davam
a entender despachos das agências internacionais. A entrevista, acrescenta,
só deveria ter ido para o ‘ar’ durante a
semana que agora começa, permitindo
que o anúncio da candidatura fosse
feito primeiro aos timorenses.
Imprensa exagera sobre Díli
Ramos-Horta considera que “infelizmente, as Nações Unidas têm sido alvos de violência em muitos países”. Demonstram-no o assassinato de Sérgio
Vieira de Melo, no Iraque, e numerosos
ataques a pessoal da ONU em Cabul e,
mais recentemente, no Kosovo, Congo,
Burundi e Haiti exemplifica, reagindo
a recentes críticas – de que disse não
ter conhecimento directo – do chefe de
missão da ONU em Timor-Leste sobre
ataques a veículos e pessoal.
“Muitas vezes exagera-se”, acrescenta. “Na semana passada registouse mais uma fuga de reclusos. Foram
seis. A imprensa internacional falou
em 40! Quando há uma manifestação
de uns 100 fala-se em mil ou dois mil.
Os incidentes dos últimos dias não são
de grande envergadura. A maior parte
da cidade está tranquila com milhares
de pessoas nas ruas, centenas de lojas
abertas, etc.” A “compra urgente” de
arroz à Austrália, Tailândia e China
permitirá que o abastecimento deste
produto no país fique normalizado
“dentro de um mês”, garante o primeiro-ministro. Adelino Gomes
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 21
Mundo
Os favoritos e as polémicas da noite dos Óscares página 2 e 3
Descobertos mais quatro grandes
lagos sob o gelo da Antárctida
Ricardo Garcia
Reservas de água equivalem
à do maior lago subglaciar
jamais identificado e podem
ter influência na drenagem
do gelo para os oceanos e na
subida do nível do mar
a Quatro novos lagos subglaciares – cobertos por uma extensa camada de gelo – foram descobertos na Antárctida.
Somadas, as suas áreas correspondem
à do lago Vostok, o maior corpo de
água subglaciar jamais identificado na
região, cuja superfície é 56 vezes superior à da albufeira de Alqueva.
Pelo menos 145 tinham já sido identificados na Antárctida até agora. Num
artigo publicado na revista Nature,
cinco investigadores norte-americanos sugerem, porém, que os quatro
lagos agora descobertos aceleram a
velocidade com que o glaciar Recovery, no Leste da Antárctida, se move
em direcção ao mar.
Esta informação pode ser uma peça
Antárctida atrai investigadores
relevante num campo onde o conhecimento ainda é escasso. “O exacto mecanismo com que os lagos subglaciares influenciam a dinâmica da camada
de gelo é desconhecido”, escrevem os
autores, liderados por Robin Bell, da
Universidade de Columbia.
Na área onde estão aqueles quatro
lagos, os investigadores identificaram
velocidades de deslocação de 20 a 30
metros por ano dos glaciares tributários do Recovery.
O artigo chama a atenção para o potencial daquelas reservas ocultas de
água na drenagem do gelo e na subida
do nível do mar. Os investigdores sugerem que os efeitos dos lagos subglaciares sejam incorporados nos modelos
sobre o comportamento do gelo, utilizados nos cenários climáticos.
O interesse sobre os lagos da Antárctida é enorme. Cobertos por uma
grossa capa de gelo, aquelas reservas
de águas podem conter vestígios de
formas de vida que estão isolados há
milhões de anos do contacto com a
atmosfera.
No entanto, chegar à sua superfície,
de modo a estudá-los melhor, não é
fácil. Cientistas já fizeram um furo de
3623 metros de profundidade no gelo
sobre o lago Vostok, mas pararam com
as perfurações em 1998. O extremo final está a apenas cem metros do lago.
Mas ainda não foi encontrada uma forma de se recolherem amostras sem
contaminar um ambiente que esteve
milhões de anos protegido.
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Programa das Comemorações
dos 300 anos do nascimento de Carlo Goldoni
Até 4 MAR
Teatro Garcia de Resende entrada livre
Exposição sobre a vida e obra
de Carlo Goldoni
25 FEV 17h00
Teatro Garcia de Resende entrada livre
Lançamento do livro
“Criadas para todo o Serviço”
seguido de debate com Filipe Crawford,
Mário Barradas e José Mascarenhas
25 FEV 19h00
Teatro Garcia de Resende entrada livre
Espectáculo
“Arlequim, Servidor de Dois Amos”
encenação Filipe Crawford
27 FEV 18h00
Universidade de Évora/Centro de Estudos Teatrais entrada livre
Conferência com os professores
José Alberto Ferreira, José Carlos Faria
e Maria João Almeida
22 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Mundo
A semana
Quiosque
Diversamente diferentes
Lido por
António Pinto Ribeiro
O professor Amartya Sen, prémio
Nobel da Economia em 1998, é um
cientista social e um intelectual
interventivo. Na sua carreira
académica tem não só criticado
os mecanismos económicos
e políticos que aumentam as
desigualdades sociais, como
também desconstruído, com
clarividência rara, as razões dos
grandes conflitos mundiais actuais
e das atrocidades a que estão
associados. É disto que se trata
neste seu último livro Identity and
violence: The Illusion of Destiny, um
conjunto de nove ensaios escritos
entre 1998 e 2005.
Amartya Sen faz parte da geração
de cientistas sociais que utiliza os
acontecimentos pessoais como
factos de análise embora sem
os constituir como aprioris ou
alavancados a normas universais.
Neste sentido, o contributo desta
metodologia para os Estudos
Culturais tem sido determinante. O
seu confronto, durante a infância
e adolescência, em Daca (capital
do Bangladesh), com a violência
gerada pelo conflito entre hindus
e mulçumanos, que provocou a
morte de muitos, foi determinante
para as suas preocupações sobre
a forma como a violência está
associada aos conflitos entre
grupos identitários diferentes.
Em Identity and Violence, Sen
desconstrói os clichés sobre
a identidade que são formas
de propaganda perversa e
geram ilusões de pertença, com
consequências que acabam em
conflito. Por outro lado, chama
a atenção para a necessidade de
reexaminar alguns assuntos, tais
como a globalização económica,
a política multicultural, o
histórico pós-colonialismo, os
fundamentalismos religiosos,
transmitidos como dados
adquiridos.
Comecemos, pois, pela própria
noção de identidade que nos
tem sido fornecida como que em
blocos de exclusividade e que tem
como “efeito a miniaturização
das pessoas”. Ora, em seu
entender, o mundo não pode
ser visto como um conflito de
civilizações ou de religiões,
numa clara e severa crítica à
obra de Samuel Huntington,
The Clash of Civilizations and the
Remaking of the World Order.
Pelo contrário, ele deve ser visto
como constituído por homens
e mulheres que são diferentes e
que expressam as suas diferenças
de modos muito diversos. Deste
modo, e contrariando a relação
solitarista e geradora de grandes
equívocos de Huntington, a
“mesma pessoa pode ser e
sem contradição um cidadão
americano de origem caribenha,
com avós africanos, cristão,
liberal, mulher, vegetariana,
corredor de longa distância,
historiador, professor, novelista,
feminista, heterossexual, defensor
dos direitos dos homossexuais e
das lésbicas, amante de teatro,
defensor do meio ambiente,
Amartya Sen
Identity and violence:
The Illusion of Destiny
Penguin Books
adepto do ténis, músico de jazz
e ainda alguém que acredita
seriamente que pode haver outros
seres inteligentes noutros espaços
com quem é possível conversar”.
Claro que todas estas formas
identitárias não terão o mesmo
peso, nem sempre a mesma
importância ao longo da vida.
Cabe ao cidadão, dentro de
limites, fazer uma escolha das
suas identidades de pertença, em
liberdade e segundo prioridades,
porque o passado e a história,
embora importantes, não
constituem os únicos modos de
diferenciação. E nesta linha de
desconstrução sobre os equívocos
das identidades “fechadas”
Amartya Sen aborda, socorrendo-se de um conhecimento exaustivo
das histórias da Europa, da Ásia,
dos EUA, os traços, as presenças
e as trocas que contribuíram
para a formação cultural destes
continentes culturais e dos
respectivos países.
Reconhecendo a complexidade
do tema – identidade e violência
– e os ardis com que tem sido
abordado, esta obra é de uma
clareza invulgar, podendo ver-se
a luminosidade de um raciocínio
que o seu autor pretende que
seja mais comum, insistindo
sempre ao longo de todos os
ensaios que a compõem para que
se resista à miniaturização dos
seres humanos, sendo certo que
para tanto “devemos ter a certeza
de que o nosso espírito não está
dividido por nenhum horizonte”.
Ensaísta e programador cultural
Laurie Garrett, a senhora dos apocalipses possíveis
Em cena
José Vítor Malheiros
Do No Harm. O título, a vermelho,
sobressai na capa da última
edição da revista Foreign Affairs,
uma das “bíblias” das Relações
Internacionais. A tese do artigo é
inesperada como um soco: o texto
defende que as grandes iniciativas
filantrópicas de combate a
doenças em países do Terceiro
Mundo – como as que têm sido
levadas a cabo pela fundação
de Bill Gates no caso da sida ou
da malária – pioram a situação
sanitária nos países onde actuam
em vez de a melhorar. Porquê?
Porque se focam nas doenças mais
mediáticas em vez de reforçar
infra-estruturas de saúde que
teriam um impacto positivo
global. Porque definem objectivos
de curto prazo em vez de fazer
apostas que teriam benefícios
mais profundos mas mais tardios.
Porque absorvem os escassos
recursos dos países onde actuam,
desertificando à sua volta o sector
dos cuidados primários.
A autora do artigo é americana,
chama-se Laurie Garrett, foi
durante muitos anos jornalista
do diário nova-iorquino Newsday,
já ganhou um Pulitzer (e foi
nomeada três vezes) além de
um saco cheio de muitos outros
prémios de saúde, ciência e
jornalismo e anda a defender teses
incómodas sobre a saúde pública
há mais de vinte anos.
Licenciada em Biologia pela
Universidade da Califórnia e com
um doutoramento interrompido
para se dedicar ao jornalismo
(o bichinho de uma rádio local
afastou-a da investigação) Garrett
tornou-se rapidamente famosa
pelas suas reportagens, mas foi o
seu livro The Coming Plague, sobre
as epidemias emergentes, que
focou sobre ela a atenção mundial.
Garrett mostra como a sociedade
global é vulnerável às epidemias
e como a aparente imunidade
às infecções que imaginamos
possuir não constitui qualquer
real protecção. Sida, Ebola,
tuberculose, gripe, bioterrorismo
– a actualidade foi mostrando a
realidade das ameaças anunciadas
A próxima epidemia pode
ser a última. Na guerra
contra a doença, os micróbios
ainda estão a ganhar
por Garrett. The Coming Plague
não é apocalíptico mas enuncia
apocalipses possíveis: é um livro
sobre a vulnerabilidade que o
egoísmo, a cupidez, a arrogância,
a inércia ou os preconceitos
ideológicos nos fazem correr em
termos de saúde. Garrett diz que
os micróbios estão a ganhar, que
eles não conhecem fronteiras
e lembra que é necessário um
sentido de comunidade e esforços
coordenados a nível global para
equilibrar a balança a favor dos
humanos.
No seu segundo livro, Betrayal of
Trust, Garrett foca a desagregação
das estruturas de saúde pública
e lembra como os cuidados
primários de saúde são essenciais,
não podendo ser substituídos por
uma tecnologia médica de ponta
que, em caso de epidemia, não só
não se poderá estender aos pobres
como não conseguirá proteger os
ricos. O trabalho anuncia o artigo
agora saído na Foreign Affairs, que
irá crescer até se transformar num
livro sobre saúde e segurança.
Garrett é membro do Council
on Foreign Relations desde 2004
(ocupando ironicamente um
lugar financiado pela Fundação
Bill e Melinda Gates), onde faz
investigação na área da Saúde
Global, e a sua voz possui hoje um
impacto mundial, embora não
molde ainda as políticas de saúde.
Entre os projectos que tem entre
mãos conta-se um novo livro sobre
doenças emergentes e segurança
global e uma investigação com
foco na sida e no bioterrorismo.
Garrett repete que neste
momento o problema não é falta
de dinheiro nem de ciência, mas
de políticas de desenvolvimento
sustentável. E lembra que as
doenças globais são uma face
inevitável da globalização.
Itália em crise
após demissão
de Romano Prodi
Le Monde
Romano Prodi sonhou ir tão longe
quanto o seu velho rival Silvio Berlusconi: dirigir o Governo durante
toda a legislatura. Em Itália, isso é
uma façanha. Não está seguro que
o consiga e tudo deixa pensar que
um governo Prodi bis será tão frágil
como o que estilhaçou na quarta-feira. […]
The New York Times
Não foi amor nem fé em que
pudessem ficar juntos. Ao que
parece, foi um terror singular que
convenceu nove partidos desavindos
a reunir-se: que Berlusconi volte.
[…] O medo ajudou Prodi a uni-los
[num pacto em] 12 pontos. Estes
visam dar-lhe mais autonomia, mas
também são notáveis pelo que não
dizem, e isso, para muitos analistas,
sublinha que qualquer governo
Prodi vai permanecer dividido.
El País
[…] Se se der o caso de um Prodi
bis ampliado, isso não fará senão
confirmar como é complicado que
um primeiro-ministro sem partido
possa governar uma coligação
heterogénea integrada por uma
dezena de forças que discordam de
tudo: orçamentos, reformas, uniões
de facto, a ampliação da base militar
americana ou o refinanciamento da
missão militar no Afeganistão. […]
Financial Times
A longo prazo, a tendência para
maior estabilidade e um sistema
bipartidário é imparável. Mas os
graves desafios económicos – dívida
superior a 100 por cento do PIB,
perda de competitividade na zona
euro e necessidade de reformar
a segurança social e a saúde
– significam que o que é preciso
é boa governação. […] Apesar de
Itália se encaminhar para um novo
governo instável e curto, deve ser
um governo comprometido com
reformas económicas e rigor fiscal.
Sexta-feira, 2 de Março,
24 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Grande Plano
Homem-Aranha no Abu Dhabi
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 25
Foto AFP
Em situações como esta, os
gritos da multidão tenderiam a
oscilar entre o “salta” e o “não
salta”. Mas, tratando-se de Alain
Robert, o “homem-aranha”
francês, a palavra de ordem
provavelmente terá sido: “sobe,
sobe, sobe...” E ele, de facto,
subiu mais um arranha-céus,
com a mera ajuda dos seus pés e
mãos. O palco da mais recente
façanha de Alain Robert foi a
sede da Agência de Investimento
do Abu Dhabi, uma torre de 185
metros de altura e 40 andares.
Desde 1994 que o francês dedicase a escalar arranha-céus, o que
lhe valeu a alcunha de alpinista
urbano. Algumas das suas
aventuras são pré-organizadas,
com acordo das autoridades
locais e patrocinadores. Outras
são pura aventura e em mais de
uma ocasião Robert foi detido,
antes de completar uma escalada.
Aconteceu, por exemplo, no Kuala
Lumpur, onde o alpinista urbano
tentou escalar as Torres Gémeas
Petronas, o mais alto edifício
do mundo, com 451 metros. Foi
apanhado pela polícia através de
uma janela, quando estava a 340
metros do solo. Em 1982, Robert
sofreu um sério acidente, caindo
de cabeça de uma altura de 15
metros. Esteve em coma e ficou
com sequelas tais que a segurança
social francesa o considera
inválido a 60 por cento.
Um dos problemas com que ficou
é algo de que é difícil crer que
sofra: vertigens. Em Portugal,
Alain Robert já escalou a Torre
Vasco da Gama, no Parque das
Nações, em Lisboa. Ricardo Garcia
26 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Local
JOÃO MATOS
Lisboa Mais velho elevador da cidade regressa ao activo
O elevador do Lavra foi em 2002 classificado como monumento nacional
Ascensor do Lavra retoma esta semana
circulação interrompida há cinco meses
Carris já pediu uma indemnização ao proprietário do edifício devoluto cuja derrocada parcial
obrigou à paragem do elevador, que transporta 280 mil passageiros por ano
Inês Boaventura
a O Ascensor do Lavra, que transportava mais de 700 passageiros por
dia e está imobilizado há cinco meses
devido ao perigo de derrocada de um
prédio na Calçada do Lavra, deverá
voltar a funcionar no final da semana
que hoje se inicia, quando estiverem
concluídos os “trabalhos de reforço e
contenção das fachadas que vão ser
preservadas”.
O mais antigo elevador da Lisboa,
que liga o Largo da Anunciada à Travessa do Forno do Torel, suspendeu
a sua actividade no final de Setembro
de 2006, na sequência da queda de
parte de um beiral do número 6 da
Calçada do Lavra.
De acordo com o secretário-geral da
Carris, Luís Vale, as obras de demolição deste imóvel já foram concluídas,
estando neste momento a decorrer
“trabalhos de reforço e contenção
das fachadas do edifício que vão ser
preservadas”.
A previsão da empresa é que o Ascensor do Lavra, classificado como
monumento nacional desde 2002,
possa voltar a circular no final desta semana. Segundo o porta-voz da
Carris, o elevador transporta anualmente cerca de 280 mil passageiros,
o que corresponde a uma média de
767 passageiros diários.
Tendo em conta estes dados fornecidos pela Carris e o facto de cada
bilhete adquirido a bordo do ascensor
custar actualmente 1,3 euros, com esta paragem forçada do veículo é possível fazer uma estimativa de que a
empresa pode ter deixado de receber
cerca de 30.300 euros por mês.
Este valor aproximado não tem
em conta que existem vários utentes
que não comprariam bilhete por serem possuidores de um passe mensal,
nem eventuais fenómenos de sazonalidade na utilização do ascensor, mas,
ainda assim, ao cabo de cinco meses,
há um défice significativo de receita
para a Carris.
Proprietário culpa Carris
Questionado sobre se a transportadora pretende pedir uma indemnização
ao proprietário do número 6 da Calçada do Lavra, Luís Vale explicou que “o
gabinete jurídico da Carris continua
a analisar a forma de a empresa vir
a ser ressarcida dos custos decorrentes da paralisação do ascensor”.
Mas não adiantou quaisquer outros
pormenores.
Já o proprietário dos números 6, 8 e
10 da Calçada do Lavra, imóveis que,
Elevador da Glória
O Ascensor da Glória é outro
dos elevadores de Lisboa
classificado como monumento
nacional e também ele está
parado devido a obras, desde
Abril de 2006. Neste caso, tratase dos trabalhos de reabilitação
em curso no túnel ferroviário
do Rossio. Tendo em contra o
progresso das obras, a previsão
da Carris é que a circulação do
ascensor possa ser retomada em
Maio deste ano. A paragem deste
elevador, que percorre a Calçada
da Glória e transportava à volta
de 1,2 milhões de passageiros
por ano, custa cerca de 50 mil
euros por mês à Refer.
segundo o próprio, “estavam abandonados há quase 20 anos, sem tecto e
sem telhado”, adiantou ao PÚBLICO
que já recebeu uma carta da Carris a
exigir o pagamento de uma indemnização, cujo valor não quis precisar.
Evaristo Cardoso explicou que o caso
foi entregue a um advogado, acrescentando que não está disposto a assumir
qualquer responsabilidade por acreditar que os suportes do elevador que
estavam afixados no imóvel “podem
ter contribuído” para a queda do beiral do edifício.
Evaristo Cardoso garante que num
outro edifício junto ao Ascensor do
Lavra, no qual funciona um restaurante de que é proprietário, “quando
o elevador sobe os esticadores fazem
força e trepidação”, o que já provocou a queda “de vários azulejos do
prédio”.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 27
Quem é o novo Bispo do Porto? Portugal, página 7
Explosão de gás em Carnaxide faz
onze feridos e provoca incêndio
Ana Henriques
Edifício atingido fica mesmo
defronte do quartel dos
Bombeiros Voluntários de
Carnaxide, que acorreram
de imediato ao local
a Onze pessoas ficaram feridas, uma
das quais com mais gravidade, na
sequência de uma explosão ocorrida
ontem à hora de jantar num prédio
situado na zona alta de Carnaxide. Na
origem do acidente terá estado uma
fuga de gás.
De acordo com o que disseram à TVI
moradores da Praceta de Barbosa du
Bocage, onde ocorreu a explosão, no
andar em que tudo aconteceu tinham
estado a decorrer durante a tarde reparações do sistema de abastecimento
de gás. Uma habitante diz ter sentido
um forte cheiro a gás pelas 17h00.
Situado defronte do quartel dos
Bombeiros Voluntários de Carnaxide,
que acorreram prontamente ao sinistro, auxiliados por outras corporações
que entretanto chegaram também ao
local, o prédio teve de ser evacuado e
vários dos seus moradores assistidos
pelos serviços de emergência médica,
O edifício foi evacuado
uma vez que ficaram intoxicados. À
explosão, que, nas palavras de um morador, “parecia um tremor de terra”,
seguiu-se um pequeno incêndio.
Foi um homem com 40 a 50 anos,
morador no rés-do-chão onde se deu
o acidente, que sofreu os ferimentos
mais graves, com queimaduras em
20 por cento do corpo. Foi transportado para o Hospital de Santa Maria,
enquanto duas outras pessoas, com
ferimentos mais ligeiros, foram leva-
dos para o Hospital de São Francisco
Xavier.
Os bombeiros cortaram o gás e a
electricidade, para prevenir a eventualidade de novas explosões. Para
além de destruir o rés-do-chão, a explosão danificou também a marquise
do primeiro andar. Cerca das 22h00
uma vereadora da Câmara de Oeiras
informava que a autarquia iria realojar
provisoriamente num hotel as 12 famílias que habitavam no prédio.
Manuel Monteiro quer candidatar-se
a presidente da Câmara de Lisboa
Ana Henriques
a O líder do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, vai ser
indigitado como candidato à Câmara
de Lisboa, caso se realizem eleições intercalares, disse o próprio em Braga.
“É uma decisão que deve ser tomada ainda hoje [ontem] pelo conselho
geral do partido”, adiantou, classificando a decisão dos vereadores e dos
deputados municipais do PSD de não
se demitirem como “um escândalo
político”.
Na opinião de Manuel Monteiro, o
líder do PSD, Marques Mendes, deveria forçar a demissão dos autarcas
sociais-democratas, dando a palavra
aos lisboetas, em nome da dignidade,
da frontalidade e da transparência. O
líder do PND considerou que a situação em Lisboa “é insustentável”
e mostrou-se convicto de que será
eleito vereador, já que os lisboetas
vão compreender que o PND é uma
verdadeira alternativa.
Entretanto, o vereador comunista
Rúben de Carvalho disse ontem que
“não será por causa do PCP que não
se realizarão eleições” autárquicas intercalares em Lisboa. Depois de referir
os dois cenários com maior probabilidade de desencadear uma ida às urnas
– ou os vereadores da lista da maioria
social-democrata se demitem todos, o
que se têm recusado a fazer, ou os elementos das listas dos quatro partidos
da oposição renunciam ao mandato –,
o autarca garantiu que “em nenhuma
circunstância” será o PCP a inviabilizar esta última solução: “Não será por
nossa causa que o PSD se manterá à
frente da Câmara de Lisboa”.
Prolonga-se, assim, o impasse relativo à possibilidade de eleições intercalares, com a maior parte dos partidos
da oposição a condenar a crise que se
vive na autarquia, mas sem querer dar
o passo de pedir eleições, à excepção
do Bloco de Esquerda, que exige a ida
às urnas. Com Lusa
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RECITAL DE BEATRIZ BATARDA
E BERNARDO SASSETTI
4 E 18 MAR
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11 MAR
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SÃO POESIA
LUIZ AOS DOMINGOS
MAR
28 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Local
Por que razão há poucos tão poucos treinadores negros no futebol? Desporto, página 37
Efluentes dos esgotos do Algarve chegavam
para regar todos os campos de golfe da região
CARLOS LOPES
Idálio Revez
Regar com água reutilizada permite também poupar em adubos
Só um, em 30, utiliza água
dos esgotos para esse
fim. Especialista diz que
ribeiras do Algarve estão
transformadas em “bacios
hidrográficos”
a Os efluentes que correm para as
ribeiras, poluindo as bacias hidrográficas do Algarve, se fossem tratados e
reutilizados, bastariam para regar os
30 campos de golfe existentes na região. Mas o que acontece, diz o investigador Manuel Costa – que defendeu
uma tese de doutoramento sobre este
tema –, é que as “bacias hidrográficas
estão transformadas em bacios hidrográficos, com a cumplicidade de várias
entidades”.
O espectro da seca de 2005 não
paira no horizonte, mas os estudiosos manifestam preocupação pelo
futuro, sendo certo que a água é um
bem escasso e será cada vez mais cara.
“Reutilizar é preciso”, defende Manuel
Costa, a partir das experiências que realizou durante três anos, aplicando as
águas dos esgotos tratados na rega dos
golfes de Vale do Lobo e nos Salgados.
Além dos benefícios ecológicos, afirma, “poupava-se muito dinheiro em
adubos, porque os efluentes são ricos
em nutrientes minerais, tais como o
fósforo e o azoto”.
Salgados é a excepção
A empresa Águas do Algarve (do
Grupo Águas de Portugal) anunciou
que pretende entrar nesta área de
negócio, mas as obras de renovação
das estações de tratamento de águas
residuais (ETAR) e a certificação da
“água para rega” estão dependentes
de investimentos e de um processo
burocrático que irá demorar entre
quatro e seis anos.
O campo de golfe dos Salgados, em
Albufeira, é o único que é regado integralmente com recursos à reutilização
dos efluentes. Num seminário promo-
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Grândola quer
juntar canções
de protesto
Cláudia Veloso
a A Câmara de Grândola vai propor
à UNESCO e ao Parlamento Europeu
a criação de um Observatório Mundial das Canções de Protesto, como
forma de homenagear e perpetuar as
mensagens e os artistas que tiveram
uma importância decisiva no rumo
dos seus países.
A iniciativa parte de um município, frisa Carlos Beato, presidente
da Câmara de Grândola, que “tem
o privilégio de ter uma ligação única
com um grande músico, um grande
poeta e um grande resistente como
José Afonso”.
Para assinalar o 20.º aniversário da
morte de Zeca Afonso, Carlos Beato
quer “desafiar a Comissão de Cultura
do Parlamento Europeu, a UNESCO
e todas as boas-vontades deste país”
para que o projecto se possa tornar
A ideia do
Observatório
Mundial das
Canções
de Protesto
surge como
homenagem a
Zeca Afonso
vido anteontem em Alcantarilha, pelo
Bloco de Esquerda (BE), Manuel Costa
defendeu que é possível regar campos
de golfe, mas também pomares: “Com
os efluentes das 11 principais estações
de tratamento de águas residuais
(ETAR) é possível regar 1700 hectares
de citrinos”.
No mesmo encontro, Alexandra
Cunha, da Liga para a Protecção da
Natureza (LPN), explicou por que razão os ambientalistas se tinham oposto à construção da Barragem de Odelouca. “Vai travar o trânsito dos sedimentos da serra para o litoral, com o
consequente aumento da erosão costeira e a diminuição de toda a cadeia
alimentar”, frisou.
José Paulo Monteiro, investigador
da Universidade do Algarve, na área
Barragem
LPN contra Foupana
A Liga para a Protecção da
Natureza (LPN) “baixou os
braços em relação a Odelouca,
mas não em relação à Foupana”.
Alexandra Cunha anunciou que
os ambientalistas vão bater-se contra a construção desta
nova barragem, no Sotavento
algarvio. Quanto a Odelouca,
Bruxelas adoptou medidas
minimizadoras do impacto
ambiental. O plano “está
exemplar, vamos ver como vai
ser aplicado”.
dos recursos hídricos subterrâneos,
defendeu neste seminário que o futuro passa “por gerir as águas de
superfície e subterrâneas de forma
integrada”.
O maior aquífero da região – Querença/Silves – tem vindo a ser monitorizado, mas o mapa hidrográfico contempla 17 sistemas de aquíferos, “ainda
não suficientemente estudados”, que
alimentam os mais de 20 mil furos,
segundo o inventário da Comissão
de Coordenação e Desenvolvimento
Regional (CCDR-Algarve).
Comentando os dados existentes
sobre esta matéria, muitas das vezes divergentes, Alexandra Cunha
acrescentou, numa alusão ao caso de
Odelouca: “E o Governo toma decisões
com base em valores imprecisos”.
realidade. Para já, a ideia é criar, em
parceria com a Associação José Afonso, um centro de recolha de todas as
canções com mensagens de protesto
e de resistência.
“Estou a lembrar-me da Bolívia, do
Chile, de Cuba, do Brasil, de Espanha
e de muitos outros países onde o canto
livre e as canções de protesto tiveram
um papel decisivo na luta dos povos
para a liberdade e para a democracia”,
explica o autarca, que integrou a coluna militar que partiu de Santarém
a 25 de Abril de 1974, liderada pelo
capitão Salgueiro Maia.
Uma das localizações possíveis para o projecto é o Estabelecimento
Prisional de Pinheiro da Cruz, caso
se confirme a intenção do Governo de
transferir o equipamento para outro
local. Carlos Beato defende o aproveitamento do espaço para, entre outras
valências, um Museu da Liberdade.
Cenário de miséria em escola da Pontinha
Alexandra Reis
a Ratos, paredes com fendas, telhas
de amianto a cair, buracos no chão,
portas partidas, chuva nas salas de
aula. Este é o cenário com que se
deparam diariamente as cerca de
700 crianças que frequentam a Escola Básica 2+3 Gonçalves Crespo, na
Pontinha, Odivelas.
“Que igualdade de oportunidades
têm os alunos de uma escola onde os
ratos são a companhia de recreio, onde chove nas salas como na rua, onde
os pavimentos são uma colecção de
buracos? Estamos perante uma escola
fantasma”, disse na quinta-feira Lúcia
Lemos, deputada municipal da CDU
na Assembleia de Odivelas.
Segundo o presidente da associação
de pais, Paulo Mota, um representan-
te da Direcção Regional de Educação
de Lisboa (DREL) deslocou-se recentemente ao estabelecimento de ensino:
“Estamos à espera de uma resposta.
Disseram-nos que para a semana diziam alguma coisa”.
Contudo, a escola, com cerca de
30 anos, encontra-se sobre terrenos
deslizantes, o que dificulta a tarefa
de reabilitar o estabelecimento de
ensino. Segundo a CDU, no refeitório, “com condições de segurança e
higiene fora da lei”, são “poucos” os
alunos que ali “tomam as suas refeições, em virtude de os encarregados
de educação recearem que os seus
filhos sejam prejudicados”.
Isabel Silva, da associação de pais,
conta que “a situação relativamente a
infiltrações de água e humidades está
a tornar completamente impossível
o funcionamento de um conjunto
importante de actividades”, como
por exemplo a utilização da sala de
computadores.
“É urgente a necessidade de a Escola Gonçalves Crespo ser alvo de uma
intervenção de fundo”, concluiu Isabel Silva na sua intervenção na Assembleia de Odivelas, que aprovou,
por unanimidade, uma carta dirigida à ministra da Educação, Maria de
Lurdes Rodrigues, convidando-a a
visitar a escola.
A presidente da Câmara de Odivelas, a socialista Susana Amador,
referiu que a autarquia “não se pode
substituir ao Ministério da Educação”, pois a escola é da competência
da DREL.
O PÚBLICO contactou a DREL, mas
não obteve resposta em tempo útil.
30 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
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Para mais informações contactar:
[email protected]; Tel: 21 780 20 90.
A empresa reserva o direito de não vender a propriedade caso
as condições oferecidas não correspondam aos seus interesses
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 31
DIVERSOS
CÂMARA MUNICIPAL DE OVAR / SMAS
CÂMARA MUNICIPAL DE VALENÇA
ANÚNCIO DE CONCURSO DE CONCEPÇÃO
ANÚNCIO DE CONCURSO
SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTE
I.1) DESIGNAÇÃO, ENDEREÇOS E PONTOS DE CONTACTO
Designação oficial: Câmara Municipal de Ovar / SMAS.
Endereço postal: Rua Gomes Freire, 26.
Localidade: Ovar. Código postal: 3880-229. País: Portugal.
Pontos de contacto: Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Ovar.
À atenção de: Directora-Delegada. Telefone: 256585870 - Fax: 256579797
Correio Electrónico: [email protected]
Mais informações podem ser obtidas no seguinte endereço:
Ver «pontos de contacto».
Caderno de encargos e documentos complementares (incluido documentos
para diálogo concorrencial e para um Sistema de Aquisição Dinâmico) podem
ser obtidos no seguinte endereço: Ver «pontos de contacto».
As propostas ou pedidos de participação devem ser enviados para o seguinte
endereço: Ver «pontos de contacto».
I.2) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE E SUAS PRINCIPAIS ACTIVIDADES
Autoridades regionais ou locais.
SECÇÃO II: OBJECTO DO CONTRATO
II.1) DESCRIÇÃO
II.1.1) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante:
Empreitada de execução do reservatório de Maceda.
II.1.2) Tipo de contrato e local de realização das obras, da entrega dos
fornecimentos ou da prestação de serviços:
a) Obras: Execução.
Principal local de execução: Freguesia de Maceda.
Código NUTS: PT161
II.1.3) O anúncio implica: Um contrato público.
II.1.5) Breve descrição do contrato ou das aquisições:
Realização dos trabalhos de construção civil, fornecimento e montagem dos
equipamentos hidráulicos, instalações eléctricas e arranjos exteriores do Reservatório
de Maceda. O objecto de empreitada inclui a execução de um reservatório de betão
armado de duas células circulares, com capacidade de 2x500 m3, fornecimento e
montagem de tubagem e acessórios.
II.1.6) CLASSIFICAÇÃO CPV (VOCABULÁRIO COMUM PARA OS CONTRATOS PÚBLICOS):
Objecto principal
Vocabulário principal: 45232150
Objectos complementares
Vocabulário principal: 45222000
Vocabulário principal: 45247270
Vocabulário principal: 28862500
Vocabulário principal: 28863000
Vocabulário principal: 29131000
Vocabulário principal: 33252400
II.1.8) Divisão em lotes. Não.
II.1.9) São aceites variantes: Sim.
II.2) QUANTIDADE OU EXTENSÃO DO CONTRATO
II.2.1) Quantidade ou extensão total: Valor estimado, sem IVA: 461.424,43.
Divisa: EUR.
II.3) DURAÇÃO DO CONTRATO OU PRAZO DE EXECUÇÃO
Período em dias: 300 (a contar da data da adjudicação).
SECÇÃO III: INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO,
ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICO
III.1) CONDIÇÕES RELATIVAS AO CONTRATO
III.1.1) Cauções e garantias exigidas:
O valor da caução é de 5% do valor da adjudicação.
III.1.2) Principais modalidades de financiamento e pagamento e/ou referência às
disposições que as regulam:
O financiamento será assegurado através de verbas inscritas no orçamento dos
Serviços Municipalizados de Ovar. A empreitada é por preço global nos termos da
alínea a) do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 59/99, de 02 de Março. Os pagamentos farse-ão por autos de medição mensais.
III.1.3) Forma jurídica que deve assumir o agrupamento de operadores
económicos adjudicatário:
A indicada nos n.ºs 9.1, 9.2, 9.3, 9.4 e 9.5 do Programa de Concurso.
III.2) CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO
III.2.1) Situação pessoal dos operadores económicos, nomeadamente requisitos
em matéria de inscrição nos registos profissionais ou comerciais:
Informação e formalidades necessárias para verificar o cumprimento dos
requisitos:
As indicadas nos n.ºs 6.º e 15.º do Programa de Concurso. Titulares de alvará de
construção com as seguintes autorizações: 6.ª subcategoria da 2.ª categoria e da
classe que cubra o valor global da proposta: 1.ª e 5.ª subcategorias da 1.ª categoria,
da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que lhe respeite,
consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta; 1.ª e 8.ª subcategorias
da 2.ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que
lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta; 2.ª, 3.ª, 8.ª e
15.ª subcategorias da 4.ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos
especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na
proposta; 11.ª subcategoria da 5.ª categoria, da classe correspondente ao valor dos
trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos
cabe na proposta; 11.ª subcategoria da 5.ª categoria, da classe correspondente ao
valor dos trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses
trabalhos cabe na proposta. Verificação da qualificação dos concorrentes, será
realizada de acordo com o artigo n.º 19.º do Programa de Concurso.
III.2.2) Capacidade económica e financeira
Informação e formalidades necessárias para verificar o cumprimento dos
requisitos:
Remeta-se para as alíneas d) e e), do n.º 15.1 do programa de Concurso.
III.2.3) Capacidade técnica
Informação e formalidades necessárias para verificar o cumprimento dos
requisitos:
Remeta-se para as alíneas f) a j), do n.º 15.1 do programa de Concurso.
SECÇÃO IV: PROCESSOS
IV.1) TIPO DE PROCESSO
IV.1.1) Tipo de processo: Concurso público.
IV.2) CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃO
IV.2.1) Critérios de adjudicação
Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta
Os critérios enunciados no caderno de encargos, no convite à apresentação de
propostas ou para participar na negociação ou na memória descritiva.
IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVO
IV.3.3) Condições para a obtenção do caderno de encargos e dos documentos
complementares (excepto para um SAD) ou memória descritiva (em caso de
diálogo concorrencial):
Prazo para a recepção de pedidos de documentos ou para aceder aos
documentos: Data: 26/03/2007. Hora: 15.
Documentos a título oneroso: Sim. Indicar preço: 250. Divisa: euro.
Condições e modo de pagamento: Pago no acto da entrega de documentos de
concurso nos SMAS de Ovar.
IV.3.4) Prazo de recepção das propostas ou dos pedidos de participação:
Data: 16/04/2007. Hora: 16.
IV.3.6) Língua ou línguas que podem ser utilizadas nas propostas ou nos
pedidos de participação: PT.
IV.3.7) Período mínimo durante o qual o concorrente é obrigado a manter a sua
proposta (concursos públicos):
Período em dias: 66 (a contar da data-limite para a recepção das propostas)
IV.3.8) Condições de abertura das propostas:
Data: 17/04/2007. Hora: 10. Lugar: SMAS Ovar.
Pessoas autorizadas a assistir à abertura das propostas: Sim.
Podem assistir ao acto público do concurso todas as pessoas interessadas e intervir
as devidamente credenciadas, conforme previsto no ponto 5.2 do Programa de
Concurso.
SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO: 14/02/2007.
14.02.2007
200 € / Tonelada
Serviços ⌧ Serviços especiais SECÇÃO I: ENTIDADE ADJUDICANTE
I.1) DESIGNAÇÃO E ENDEREÇO OFICIAIS DA ENTIDADE ADJUDICANTE
Organismo: Câmara Municipal de Valença
Endereço: Praça da República
Localidade/Cidade: Valença
Telefone: 251809500
Correio electrónico: cm-valença@cm-valença.pt
À atenção de: Divisão de Urbanismo e Ambiente
Código postal: 4930-702 Valença
País: Portugal
Fax: 251809513
Endereço internet (URL): www.cm-valença.pt
I.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Indicado em I.1 Se distinto, ver anexo A
I.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃO
Indicado em I.1 Se distinto, ver anexo A
I.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADOS OS PROJECTOS / PEDIDOS DE
PARTICIPAÇÃO
Indicado em I.1 Se distinto, ver anexo A
I.5) TIPO DE ENTIDADE ADJUDICANTE
Governo central Instituição Europeia Autoridade regional/local ⌧
Organismo de direito público Outro SECÇÃO II: OBJECTO DO CONCURSO
II.1) DESCRIÇÃO DO PROJECTO
II.1.1) Designação dada ao contrato pela entidade adjudicante
“CONCURSO PÚBLICO PARA ELABORAÇÃO DOS PROJECTOS DE EXECUÇÃO DO ARRANJO
PAISAGÍSTICO DO ANTIGO CAMPO DA FEIRA E DO JARDIM MUNICIPAL E PARQUE DE
ESTACIONAMENTO SUBTERRÂNEO”
II.1.2) Descrição
O concurso tem por objecto a selecção da melhor ideia / proposta para a elaboração dos projectos
de execução do Arranjo Paisagístico do Antigo Campo da Feira e do Jardim Municipal e Parque de
Estacionamento Subterrâneo.
II.1.3) Local de execução
Vila de Valença
Código NUTS: 10101160815
II.1.4) Nomenclatura
II.1.4.1) Classificação CPV (Common Procurement Vocabulary)*
Vocabulário principal Vocabulário complementar (se aplicável)
Objecto principal
74.22.40.00-5
Objectos complementares ...II.1.4.2) Outra nomenclatura relevante (CPA/NACE/CPC)**
Serviços de planeamento urbanístico, subcategoria 74.20.51,CPC (1991) 86741
Categoria de serviço 12
SECÇÃO III - INFORMAÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO, ECONÓMICO, FINANCEIRO E TÉCNICO
III.1) CRITÉRIOS DE SELECÇÃO DOS PARTICIPANTES
Os documentos exigidos para comprovação da capacidade técnica e financeira dos concorrentes, são os
definidos no n.º 2 do artigo 33.º e n.º 1 c) do artigo 36.º, todos do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho.
III.2) A Participação está reservada a uma determinada profissão? NÃO ⌧ SIM A equipa proposta para elaboração dos projectos, deverá ser composta no mínimo por:
- Um Arquitecto, que também exercerá as funções de coordenador;
- Um Arquitecto Paisagista;
- Um Engenheiro ou Engenheiro Técnico Civil;
- Um Engenheiro ou Engenheiro Técnico Electrotécnico;
- Um Engenheiro ou Engenheiro Técnico Mecânico.
SECÇÃO IV: PROCESSOS
IV.1) TIPO DE PROCESSO
Concurso público ⌧ Concurso Limitado IV.2) CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS PROJECTOS
Mérito da Proposta de trabalho - avaliado por três parâmetros:
Qualidade paisagística, urbana e arquitectónica da solução proposta;
Organização funcional e articulação com a envolvente; Cumprimento do programa preliminar proposto e
respeito pelas condicionantes que impendem sobre a área de intervenção.
Exequabilidade da solução proposta – avaliado por dois parâmetros: Estimativa do custo da obra e
Flexibilidade da solução para implementação faseada.
IV.3) INFORMAÇÕES DE CARÁCTER ADMINISTRATIVO
IV.3.1) Número de referência atribuído ao processo pela entidade adjudicante - C.T.C. n.º 1/2006
IV.3.2) Condições para a obtenção de documentos contratuais e adicionais
Data-limite de obtenção // (dd/mm/aaaa) ou 60 dias a contar da publicação do anúncio
no Diário da República.
Custo: 25 (vinte e cinco) euros, com IVA incluído + portes do correio se for o caso. Moeda: Euro
Condições e forma de pagamento: O processo será fornecido a quem o solicitar, mediante requerimento
ou Fax enviado à entidade referida em I.1 e o pagamento em numerário ou cheque visado à ordem do
tesoureiro do Município de Valença, referindo expressamente se pretende que o processo seja enviado
por correio.
IV.3.3) Prazo para recepção dos projectos/propostas
// (dd/mm/aaaa) ou 75 dias a contar da sua publicação no Diário da República.
Hora:15 horas e 30 minutos.
IV.3.5) Língua ou línguas que podem ser utilizadas pelos candidatos
ES DA DE EL EN FR IT NL PT FI SV Outra - país terceiro
⌧ _________________
IV.4) Prémios e Júri
IV.4.1) Número e valor dos prémios a atribuir
Serão atribuídos prémios aos três primeiros classificados com os seguintes valores:
1.º prémio: 10.000 € • 2.º prémio: 6000 € • 3.º prémio: 3000 €
O valor do prémio será deduzido aos honorários em caso de adjudicação do projecto.
Ao concorrentes classificados em 4.º e 5.º lugares, ser-lhes-á atribuída uma menção honrosa. O Júri
poderá atribuir mais menções honrosas, caso entenda que o mérito das propostas o justifica.
IV.4.3) O contrato de prestação de serviços celebrado na sequência de um concurso de concepção
deve ser atribuído ao vencedor ou a um dos vencedores deste concurso? NÃO ⌧ SIM IV.4.4) A entidade adjudicante está vinculada à decisão do júri ? NÃO SIM ⌧
SECÇÃO VI: INFORMAÇÕES ADICIONAIS
VI.1) TRATA-SE DE UM ANÚNCIO NÃO OBRIGATÓRIO? NÃO ⌧ SIM VI.3) O PRESENTE CONCURSO DE CONCEPÇÃO ENQUADRA-SE NUM PROJECTO/PROGRAMA
FINANCIADO PELOS FUNDOS ESTRUTURAIS COMUNITÁRIOS? NÃO ⌧ SIM * Cfr. descrito no Regulamento CPV 2151/2003, da Comissão, publicado no JOUE n.º L329, de 17 de
Dezembro, para contratos de valor igual ou superior ao limiar europeu.
** Cfr. descrito no Regulamento 3696/93, publicado no JOCE n.º L342, de 31 de Dezembro, alterado pelo
Regulamento 1232/98, da Comissão, de 17 de Junho, publicado no JOCE n.º L177, de 22 de Junho.
ANEXO A
1.2) ENDEREÇO ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Organismo: Câmara Municipal de Valença
À atenção de: Divisão de Urbanismo e Ambiente
Endereço: Rua Mouzinho de Albuquerque
Código postal: 4930-733 Valença
Localidade/Cidade: Valença
País: Portugal
Telefone: 251809500
Fax: 251809513
Correio electrónico: cm-valença@cm-valença.pt
Endereço internet (URL): www.cm-valença.pt
Organismo: Câmara Municipal de Valença
À atenção de: Serviços Técnicos do Município de Valença
Endereço: Rua Mouzinho de Albuquerque
Código postal: 4930-733 Valença
Localidade/Cidade: Valença
País: Portugal
Telefone: 251809513
Fax: 251809513
Correio electrónico: cm-valença@cm-valença.pt
TEL. 961 356 576
FAX 265 894 391
4.º JUÍZO - TRIBUNAL
DO TRABALHO DE LISBOA
1.ª Secção
Processo n.º 3640/06.0TTLSB
ANÚNCIO
Acção de Processo Comum
Autora: Cláudia lsabel Silva
Pires Inácio
Réu: Cotton Label Design Produção e Distribuição de Vestuário,
Lda. e outro(s)...
Nos autos acima identificados,
correm éditos citando o(a) ré(u)
Cotton Label Design Produção e
Distribuição de Vestuário, Lda.,
com última residência conhecida
em domicílio: Estrada Nacional
119 - FreePort - Loja E17, 2890154 Alcochete, para comparecer
pessoalmente neste Tribunal no
dia 02-03-2007, às 14.00 horas,
a fim de se proceder à audiência
de partes.
Fica ainda advertido de que, em
caso de justificada impossibilidade
de comparência, se deve fazer representar por mandatário judicial
com poderes de representação
e os especiais para confessar,
desistir ou transigir, ficando sujeito
às sanções previstas no CPC para
a litigância de má-fé (art.º 456.º
CPC), se faltar injustificadamente
à audiência.
Fica ainda advertido de que Não
é obrigatória a constituição de
mandatário judicial.
O duplicado da petição inicial
encontra-se nesta secretaria, à
disposição do citando.
N/Referência: 1895034
Lisboa, 08-02-2007
O Juiz de Direito - Dr. José Valério
Ratão Casado
A Oficial de Justiça - Paula Seixas
Público, 25/02/2007 - 2.ª Pub.
TRIBUNAL DE FAMÍLIA
E MENORES E DE
COMARCA DO BARREIRO
2.º Juízo Cível
Processo n.º 613/2001
ANÚNCIO
Execução Ordinária
Exequente: Banco de Investimento
ImobiIiário, S.A.
Executado: António Ferreira Santos Morais
e outro(s)...
Nos autos acima identificados foi designado
o dia 12-04-2007, pelas 10.30 horas, neste
Tribunal, para a ABERTURA DE PROPOSTAS, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria deste Tribunal, pelos
interessados na compra do seguinte bem:
“Fracção autónoma designada pela letra
“C”, correspondente ao primeiro andar direito, destinado a habitação do prédio urbano
em regime de propriedade horizontal, sito
na R. Dr.Manuel Pacheco Nobre, n.º 71,
freguesia do Alto SeixaIinho, concelho
do Barreiro, descrito na Conservatória
do Registo Predial do Barreiro sob o n.º
11099, inscrito na respectiva matriz predial
sob o artigo 1200, sendo que o mesmo
vai à venda pelo valor base indicado pelo
exequente que é de € 57.500,00 reduzido
a 70% ou seja € 40.250,00, podendo os
proponentes assistir ao acto.
Penhorado aos executado: António
Ferreira Santos Morais. Documentos de
identificação: NIF-155471562. Endereço: Av
Pacheco Nobre, N.º 71, 1.º Dt.º, 2830-000
Barreiro e Lídia Maria Franco Morais Ferreira. Estado civil: Divorciado. Documentos de
identificação: BI - 8319018, NIF - 141512385.
Endereço: R. Heliodoro Salgado, N.º 4 - 1.º
dt.º, 2830-000 Barreiro
Fiel depositário: MigueI Torrão em representação da Leilauto - Leilões, Lda., com
domicílio em Apartado 592, 2815 Charneca
de Caparica.
Quantia exequenda: 35.272,44.
N/Referência: 2414874
Barreiro, 13-02-2007
O Juiz de Direito - Dr. Nuno Manuel Salpico
A Oficial de Justiça - Maria João Niza
Público, 25/02/2007 - 2.ª Pub.
Liga
Amigos
Hospitais
dos
dos
LAR DE IDOSOS
E ACAMADOS
Aceita inscrições
através do telefone:
213 242 900
PREVENÇÃO
RODOVIÁRIA
PORTUGUESA
NECROLOGIA
Richard Giles
Trewinnard
Agradecimento - Missa do 30.º Dia
Endereço internet (URL): www.cm-valença.pt
A Família do Richard agradece profundamente
a todas as pessoas e instituições que manifestaram pesar pelo seu falecimento, assim como o
grande apoio e solidariedade demonstrada nesta
altura tão difícil.
1.4) ENDEREÇO PARA ONDE DEVEM SER ENVIADAS AS PROPOSTAS
Organismo: Câmara Municipal de Valença
À atenção de: Secretaria de Obras do Município de Valença
Endereço: Rua Mouzinho de Albuquerque
Código postal: 4930-733 Valença
Localidade/Cidade: Valença
País: Portugal
Telefone: 251809500
Fax: 251809513
Correio electrónico: cm-valença@cm-valença.pt
Endereço internet (URL): www.cm-valença.pt
A Missa do 30.º Dia do seu falecimento será celebrada no dia 2 de Março, na Igreja do Colégio
Oficinas de São José (Salesianos), em Campo de
Ourique (aos Prazeres), pelas 19h.
Ana Constança Peralta Trewinnard - Alice Peralta
Trewinnard - Carolina Peralta
O PRESIDENTE DA CÃMARA MUNICIPAL
JOSÉ LUÍS SERRA RODRIGUES, DR.
Público, 2007.02.25
Fazemos entregas
ao domicílio
1.3) ENDEREÇO ONDE PODE SER OBTIDA A DOCUMENTAÇÃO
18 DE JANEIRO DE 2007
O Presidente da Câmara Municipal de Ovar
Manuel Alves de Oliveira
Vende-se LENHA DE
AZINHO para lareiras
Público, 2007.02.25
32 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
DIVERSOS
EMPREGO
CLÍNICA DOS ARCOS
Tratamento Voluntário
da Gravidez
☎ 00-34-924 27 28 92
☎ 00-34-924 33 01 01
BADAJOZ (ESPANHA)
Em Portugal
938 383 000
Vá a www.miau.pt
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1 dono, 115000km,
912896761, particular.
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Como nova. € 260
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ID. 2514915
EMPREGADOS/AS
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ANÚNCIO DE CONCURSO
Secção I – Entidade Adjudicante
Secção IV – Processo
Entidade pública adjudicante: Serviços de
Acção Social da Universidade do Porto
Endereço postal: Rua da Boa Hora, 18
Localidade: Porto
Código postal: 4050-099
País: Portugal
Objecto do Concurso: Exploração do Bar
da Residência Universitária Novais Barbosa,
sita na Rua da Pena s/n 4050-099 - Porto.
Pontos de contacto: Departamento Social
Telefone: 222005435
Fax: 222003067
Correio Electrónico:
[email protected]
Tipo de Processo: Concurso público
Critérios de Adjudicação:
A proposta economicamente mais vantajosa
de acordo com o exigido no artigo 3.º do
Programa do Concurso.
Condições para a obtenção do Caderno
de Encargos
O Caderno de Encargos e o Programa do
Concurso podem ser obtidos nos Serviços
Financeiros dos Serviços de Acção Social
da Universidade do Porto, no endereço
postal acima referido.
Os concorrentes terão à sua disposição
para consulta, um exemplar do Programa
e Caderno de Encargos, na Secção de
Expediente, Património e Arquivo, entre
as 9.30 e as 12 horas e entre as 14.00 e
as 16.00 horas.
As propostas devem ser apresentadas até
às 16 horas do dia 23 de Março de 2007.
As propostas podem ser entregues, em mão
e contra recibo, directamente na Secção de
Expediente, Património e Arquivo, sita na
morada indicada no endereço postal, entre
as 9.30 horas e as 12.00 e entre as 14.00
e as 16.00 horas, ou enviadas por correio
registado para a mesma morada, desde que
a recepção ocorra dentro do prazo fixado.
Condições e modo de pagamento
O custo do Programa e Caderno de
Encargos é de 15 € mais o IVA à taxa legal
O Pagamento poderá ser feito por cheque
ou numerário.
Secção II – Objecto do Contrato
Designação dada pela entidade adjudicante:
Concurso
Público
n.º
1/DS/2007
– Concessão do direito de Exploração do
Bar da Residência Universitária Novais
Barbosa.
Breve descrição do contrato:
Concessão da Exploração do Bar da
Residência Universitária Novais Barbosa
para a prestação de serviços de Bar e
Cafetaria.
Duração do Contrato:
O contrato a celebrar será válido pelo
período de um ano, renovável por iguais
períodos, desde que não seja denunciada,
por qualquer das partes com a antecedência
de 30 dias em relação ao seu termo e desde
que não tenha decorrido mais de três anos
sobre a data da celebração do contrato.
Secção III – Informações de carácter
jurídico, económico, financeiro e técnico
Condições relativas ao contrato
Caução exigida: Uma caução no valor
de 5%, referente a um ano de renda da
concessão.
Condições de participação:
O Concurso é aberto a todos os
concorrentes que reúnam as condições
exigidas no Programa e Caderno de
Encargos.
A proposta deverá ser apresentada de
acordo com artigo 7.º do Programa do
Concurso.
Secção V – Informações complementares
Serão admitidos pedidos de esclarecimento,
por escrito, até ao último dia do primeiro
terço do prazo fixado para a entrega das
propostas.
A abertura das propostas será realizada no
dia 26 de Março, pelas 10 horas, na sala
de reuniões, do endereço postal acima
referido.
23/02/2007
O Administrador dos Serviços de Acção
Social da Universidade do Porto
João da Cruz Carvalho
Público, 2007.02.26
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos
de Doentes de Alzheimer
A APFADA é uma instituição particular de solidariedade social que apoia os Doentes de Alzheimer
e os seus Cuidados disponibilizando:
Informação sobre a Doença e seus efeitos. Formação para cuidadores, formais e informais.
Equipamentos e Serviços específicos. Atendimento social e psicológico. Grupos de Ajuda Mútua.
Terapia Ocupacional. Banco de ajudas técnicas. Outros benefícios.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Lojas 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa Tel.: 213 610 460/8 - Fax: 213 610 469
- E-mail: [email protected] - Site: www.alzheimerportugal.org
Delegação do Norte: R. Barão do Corvo, 181, 4430-039 Vila Nova de Gaia - Tel.: 226 066 863 - Fax: 223 754 484 - E-mail: [email protected]
Delegação do Centro: Centro de Saúde de Pombal - 3100-000 POMBAL - Tel.: 236 200 970 - Fax: 236 200 971
- E-mail: [email protected]
Delegação da Região Autónoma da Madeira: Complexo Habitacional da Nazaré, cave do Bloco 21 - Sala E - 9000-135 FUNCHAL
- Tel.:/Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]
Núcleo do Ribatejo: Rua Dionísio Saraiva, n.º 11, 1.º - 2080-104 Almeirim - Tel.: 243 594 136 - Fax 243 594 137 - E-mail: [email protected]
E.P.M. - Apartado 1699, 1016-001 Lisboa
Ou envie SMS com nome e morada completos para:
☎ 969 443 981
Assistentes
de Guarda-Roupa
para Teatro
Urgente
Disponibilidade imediata
Contacto - 213245501/02
www.projectosglobais.com
Descrição da Função:
Gestor Programador
S.O.S.
Perfil do candidato:
- Conhecimentos gerais de escritório;
- Conhecimentos na área de programação (Flash e Dreamweaver);
SIDA
- Conhecimentos profundos em Windows e Office;
- Conhecimentos gerais em pesquisas
na Internet;
- Boa apresentação.
Respostas para
[email protected]
800 20 10 40
Empresa em expansão precisa
de Designers - Gráfico e ID
(m/f)
Experiência comprovada
Envio de resposta c/ CV em carta fechada
com ordenado pretendido, para:
Cacém Park - Alto da Bela Vista
Arm. 18 - 2735-344 Cacém
www.projectosglobais.com
Descrição da Função:
Candidato que pretenda
trabalhar em Angola
Perfil do candidato:
- Conhecimentos gerais de informática, seja ao nível de
hardware ou de software;
- Conhecimentos de Gestão Comercial;
-
Conhecimentos profundos em Windows e Office;
Conhecimentos gerais em pesquisas na Internet;
Capacidade de liderança e aptidão comercial;
Grande capacidade de trabalho e gestão de projectos;
Bom relacionamento interpessoal;
Boa apresentação.
Respostas para [email protected]
O mundo mudou.
O mundo é Público
34 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Desporto
Futebolistas
estrangeiros
dominam Liga
portuguesa
FOTÓGRAFO
Liga Bwin Jogadores portugueses estão em minoria
Lucho tenta travar o brasileiro Evaldo, sob o olhar de Lisandro López
Mais de metade dos jogadores
utilizados na primeira volta não
são portugueses. Portugal perde
ou ganha com a globalização?
Hugo Daniel Sousa
a Na primeira volta do campeonato
de futebol da Liga Bwin, os treinadores colocaram em campo 113 jogadores estrangeiros e 110 de nacionalidade portuguesa. Seis das 16 equipas
do principal escalão utilizaram, em
média, mais atletas nascidos fora de
Portugal; duas usaram na mesma proporção futebolistas nacionais e estrangeiros; e os restantes oito técnicos deram primazia aos jogadores da casa.
Estas são algumas das conclusões de
um estudo realizado pelo Sindicato
dos Jogadores Profissionais de Futebol
(SJPF) durante as primeiras 15 jornadas
da época, a que o PÚBLICO teve acesso
em primeira mão.
“Metade dos jogadores serem estrangeiros é um exagero. É necessário
inverter esta tendência e apostar mais
nos futebolistas nacionais”, defende
Números
218
futebolistas estrangeiros estão
inscritos na I Liga, tendo em
conta os plantéis divulgados
no sítio oficial da LPFP,
actualizados pelo PÚBLICO com
as entradas e saídas no mercado
de Inverno
207
jogadores portugueses
participam na Liga Bwin
133
brasileiros jogam no principal
campeonato português,
constituindo o maior
contingente estrangeiro
38
nacionalidades estão presentes
entre os jogadores da I Liga
9
argentinos alinham no
campeonato português, sendo
o segundo maior contingente
estrangeiro, seguido por
Senegal, Sérvia e Camarões
Joaquim Evangelista, presidente do
SJPF, acrescentando que esta situação
maioritária de atletas estrangeiros (51
por cento contra 49) “tem reflexo nas
seleçcões nacionais e no desemprego
dos jogadores”. Uma crítica que não é
exclusiva de Portugal. Em Inglaterra,
o ex-seleccionador Terry Venables diz
que a contratação de atletas de todo o
mundo está a fechar portas aos jovens
ingleses.
Dados recolhidos pelo PÚBLICO
no sítio oficial da Liga Portuguesa de
Futebol Profissional (LPFP) sobre os
plantéis dos clubes, actualizados depois com as contratações e saídas do
mercado de Inverno, permitem concluir que estão inscritos na principal
competição 218 futebolistas estrangeiros e 207 portugueses. Valores que estão em linha com as conclusões do SJPF
sobre a primeira volta da Liga Bwin e
que colocam Portugal, no que se refere
à utilização de estrangeiros, abaixo da
Inglaterra, mas acima dos outros grandes campeonatos europeus.
“Uma faca de dois gumes”
Os efeitos da “lei Bosman”, que
em Dezembro de 1995 pôs fim aos
entraves à utilização de jogadores
comunitários, não são, porém, consensuais entre os diversos sectores
do futebol português. “É uma faca
de dois gumes”, diz Gilberto Madail,
presidente da Federação Portuguesa
de Futebol (FPF). “Para os nossos
melhores jogadores tem sido bom,
porque foram para os campeonatos
mais competitivos da Europa. A nível
interno, não sei até que ponto a nossa
competitividade terá sido afectada”,
acrescenta o líder da FPF, salientanto
o “bom comportamento da selecção
nacional”. Um raciocínio que pode
ser alargado aos clubes portugueses,
que desde 1995 já ganharam duas finais europeias.
Paulo Bento, treinador do Sporting,
desdramatiza, em declarações ao PÚBLICO, os efeitos da “lei Bosman”, isto
mesmo dirigindo um dos clubes em
que a presença de jogadores nacionais
supera a de futebolistas estrangeiros.
“Os jogadores portugueses que são
bons acabam por aparecer naturalmente. Pode não ser no imediato,
logo que atingem os seniores, mas
aparecem, se mantiverem o nível de
qualidade”, argumenta. O técnico dos
“leões”, que enquanto jogador alinhou
em Espanha, defende, por outro lado,
que a “lei Bosman” não teve grande
influência nas selecções portuguesas:
“A selecção é formada pelos melhores,
joguem em Portugal ou fora. Quando
muito, ganha-se alguma coisa por estar
num campeonato mais competitivo”.
Uma opinião partilhada, em parte,
por Agostinho Oliveira, supervisor técnico das selecções jovens, para quem
a qualidade da equipa nacional não
desceu, embora possa vir a decrescer
caso “Portugal não consiga formar com
qualidade”. “Os jogadores têm de se
afirmar no país antes de poderem emigrar”, alerta, frisando que os clubes
portugueses “têm vendido bem, mas
não compram com qualidade”.
A razão da contratação de muitos
estrangeiros é o outro aspecto que causa uma divisão de opiniões. Mediante
a justificação de que muitas vezes é
mais caro contratar um jogador português, Joaquim Evangelista responde
que contra-argumenta. “O que permite
é outro tipo de negócios aos dirigentes
e empresários, em que a compra tem
um valor na origem e outro no destino”, acusa o presidente do Sindicato
de Jogadores.
O peso dos estrangeiros noutros campeonatos
Inglaterra
França
58,9 por cento
Quase seis em cada dez
jogadores que alinham
no campeonato inglês são
estrangeiros. Em 555 futebolistas,
327 não são ingleses, com França
(30), República da Irlanda (28),
Escócia e Holanda (ambos
com 17) a serem os países mais
representados. Portugal surge
logo a seguir, com 13 jogadores.
36,9 por cento
A liga francesa foi a única
que não cedeu dados oficiais
ao PÚBLICO. Contudo, as
estatísticas do sítio zerozero.pt
– que no caso dos outros
campeonatos diferem
ligeiramente dos números
oficiais – demonstram uma
maioria de jogadores franceses
(63,1 por cento). O Brasil assegura
o maior contingente estrangeiro.
Alemanha
46 por cento
O número de estrangeiros
na Bundesliga passou de 19
por cento, em 1995, quando
foi aprovada a “lei Bosman”,
para 46 por cento na presente
temporada, em que 213 dos 465
jogadores inscritos não têm
nacionalidade germânica. Dos
213 estrangeiros actualmente
a jogar actualmente na
Bundesliga, 153 são atletas
comunitários.
Itália
26,6 por cento
Dos grandes campeonatos
europeus, Itália é o que recebe
menor número de estrangeiros.
Esta época, estão inscritos 201
estrangeiros e 556 italianos,
embora esta contagem inclua
tanbém os jovens jogadores
que assinaram contrato com os
clubes do principal escalão do
calcio. Na época passada, eram
173 jogadores de outros países.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 35
Fernando Santos antevê o jogo com o Paços de Ferreira
equipas motivadas. O Benfica há
muitos meses que não perde para
campeonato e seguiu em frente n
Taça UEFA”.
FERNANDO VELUDO
“O jogo da primeira volta não
conta para nada. Nessa altura
tínhamos grandes indefinições no
plantel. Vão estar em campo duas
Tendências
Marítimo
e Aves, os
extremos da
primeira Liga
Hugo Daniel Sousa
A opinião dos treinadores
A origem tem importância
apenas na gestão de grupo
Hugo Daniel Sousa
a José Mourinho construiu o seu FC
Porto em redor de jogadores portugueses e quando chegou ao Chelsea,
mesmo com um maior peso de futebolistas estrangeiros, fez questão de
dizer que não abdicava de um núcleo
formado por atletas britânicos, como
John Terry, Frank Lampard ou Joe Cole. Afinal, a nacionalidade tem alguma
importância na hora da decisão técnica de escolher um ou outro jogador?
Os treinadores ouvidos pelo PÚBLICO defendem que a origem do
futebolista pode ser mais importante
na gestão do balneário do que propriamente nos aspectos estritamente futebolísticos. “Para mim, uma base local
é fundamental, porque cada país tem
a sua cultura futebolística e um núcleo
de jogadores da casa podem ajudar à
integração de elementos vindos de
fora”, argumenta o treinador do Des-
portivo das Aves, Manuel Gonçalves
Gomes, mais conhecido por professor
Neca. “A nacionalidade pode contar
mais nos aspectos da gestão do grupo
do que nas questões técnico-tácticas”,
acrescenta, alertando para a língua comum entre técnico e jogadores como
um factor de proximidade.
Uma ideia realçada por Agostinho
Oliveira, supervisor técnico das selecções portuguesas, para justificar o
facto de o treinador do Arsenal, Arsène Wenger, se ter rodeado de vários
jogadores franceses, argumentando
que “por muito que um treinador se
expresse em várias línguas, há sempre
uma barreira quando não fala o mesmo idioma que os jogadores”. Oliveira
destaca ainda outro aspecto: “Dentro
de cada equipa, há várias lideranças e
muitas delas constituem-se à volta de
um grupo de jogadores de determinada nacionalidade, como os brasileiros
ou os russos”, refere.
a Desportivo das Aves e Marítimo
são os extremos na Liga portuguesa
no que respeita à utilização de jogadores oriundos de outros países. Os
nortenhos utilizaram, em média, 10
futebolistas portugueses e quatro estrangeiros em cada uma das primeiras
15 jornadas do campeonato; no mesmo período, vestiram a camisola dos
madeirenses 11 jogadores de outras
nações e três lusos.
“Um jogador não tem pátria: ou tem
futebol ou não tem”, atira Carlos Pereira, presidente do Marítimo, alegando que o futebol é hoje “um mundo
global onde só cabem os melhores”.
Salientando ser um “adepto da formação”, o líder do clube madeirense
critica os “obstáculos às equipas B”,
como “a proibição de subir à II Liga”
e “a não permissão de utilização de
mais do que três jogadores entre os
21 e os 24 anos”. Um argumento que
serve também como justificação para o elevado número de futebolistas
estrangeiros presentes no plantel da
equipa insular.
Do lado contrário, o Aves é o clube
com mais portugueses no plantel e,
naturalmente, o que entra em campo com mais atletas nacionais. Uma
situação “circunstancial”, segundo
o treinador da equipa. “Houve uma
grande preocupação com a contenção
de custos e muitas vezes no mercado
interno, devido à maior abertura aos
estrangeiros, há jogadores portugueses que não são aproveitados”,
justifica Manuel Gomes, também
conhecido no meio futebolístico por
professor Neca.
O técnico do Desportivo das Aves
advoga, no entanto, que “é preciso
não ter receio do mercado global”:
“Os clubes e os jogadores têm de
estar atentos às oportunidades. Muitos futebolistas portugueses estão a
aproveitar novos mercados, como a
Roménia ou o Chipre”, refere.
O que diz a lei portuguesa?
Não há limites para o número de estrangeiros
O regulamento de competições
da Liga Portuguesa de Futebol
Profissional (LPFP) não coloca
qualquer entrave à utilização
de atletas estrangeiros no
campeonato, referindo no
artigo 37.º que “os clubes
podem inscrever livremente
jogadores profissionais, sem
qualquer restrição em função
da sua nacionalidade”. O mesmo
regulamento, porém, introduz
um novo conceito: o de jogador
“formado localmente”, isto é,
um futebolista que “tenha sido
inscrito na Federação Portuguesa
de Futebol, pelo período
correspondente a três épocas
desportivas, entre os 15 e os 21
anos”, como Nani (na foto), por
exemplo. O plantel de cada clube
deverá ter, no decorrer da próxima
época (2007-08), seis jogadores
formados localmente, valor
que subirá para oito a partir da
temporada 2008-09. Na presente
época vigora a meta, a título
facultativo, de quatro jogadores
formados localmente.
36 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Futebol Liga Bwin
Académica
Boavista
0
2
Manuel Mendes
Golos de Kazmierczak e de
Grezlak decidiram, logo na
primeira parte, o jogo a favor
de um Boavista que soube
sempre gerir a vantagem
a O Boavista quebrou ontem em
Coimbra o ciclo de empates, cinco
consecutivos, e regressou às vitórias
na Liga, um resultado construído na
primeira parte e com o selo da dupla
de internacionais polacos que fazem
parte do plantel boavisteiro. Grezlak,
que já tinha marcado frente ao Setúbal,
abriu o marcador. O seu compatriota
Kazmierczak matou o jogo momentos
antes do intervalo. Os dois golos foram
conseguidos com muitas semelhanças:
nasceram ambos de remates cruzados
dentro da área e foram muito consentidos por uma defesa que parecia de
manteiga.
A formação do Bessa entrou a mandar no jogo. Criou as melhores oportunidades e chegou ao intervalo a ganhar
por 2-0. A Académica, que surpreendentemente alterou a equipa que tinha
conseguido uma vitória no Restelo, só
mandou verdadeiramente no jogo na
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Municipal de Coimbra.
Assistência: 6732 espectadores.
Académica Pedro Roma 6; Paulo Sérgio 5; Litos 4;
Kaká 4; Lino 5; Alexandre 5 (Nestor 5, 61’); Roberto
Brum 5 (Pitbull 6, 38’); Pavlovic 5 (Vítor Vinha 6, 45’) ;
Filipe Teixeira 6; Dame 4; Gyano 4
Boavista William 6; Marquinho 6; Hélder Rosário
6; Ricardo Silva 5; Cissé 6; Tiago 6; Kazmierczak 6;
Essame 6; Hugo Monteiro 6 (Paulo Sousa 5, 77’); Linz
5 (Fary 5, 74’); Grezlak 6 (Zé Manel 5, 62’).;
Árbitro: João Ferreira 5, de Setúbal
Amarelos: Ricardo Silva (20’), Roberto Brum (24’),
Cissé (54’), Paulo Sérgio (68’). Golos: 0-1, por Grezlak,
aos 24’; 0-2, por Kazmierczak, aos 43’
segunda parte e depois de o seu treinador corrigir os erros da aposta inicial.
A saída de Pavlovic de forma a permitir
a entrada de Vítor Vinha para o meiocampo e o necessário recuo de Lino
para lateral-esquerdo não trouxeram
nada de bom à equipa. Regressaram
os problemas defensivos, com demasiados erros, o conjunto perdeu toda
a dinâmica no flanco esquerdo e ficou
praticamente inofensivo no ataque.
Viveu apenas da vontade e técnica
de Filipe Teixeira. E, ao intervalo, a
superioridade no marcador dos “axadrezados” apenas surpreendia quem
não assistiu ao jogo.
Jogo que, de resto, começou (2’) com
Grezlak a dar nas vistas, com um passe
perfeito para Hugo Monteiro obrigar
Pedro Roma a uma boa defesa. Seguiuse o golo, aos 24’, num lance individual
de Grezlak na área da Académica, em
que a defesa de Coimbra ficou de mãos
nos bolsos a ver jogar e o polaco aproveitou para rematar cruzado.
A ganhar, o Boavista quase não
permitiu oportunidades de golo ao
adversário. As únicas aflições para
Jaime Pacheco, de resto, vieram de
dois erros primários (um de William
e outro de Ricardo Silva) e de uma
boa jogada de Filipe Teixeira que Dame desperdiçou. Quase em cima do
intervalo (43’), Kazmierczak voltou a
aproveitar as facilidades concedidas
pela defesa da Académica, dentro da
área. Puxou a bola para o seu melhor
pé, o esquerdo, e fez o segundo golo,
com um remate cruzado.
A perder por 2-0, e devido à lesão de
Pavlovic em cima do intervalo, Manuel
Machado regressou à equipa que na
última jornada venceu o Belenenses.
Vítor Vinha entrou para lateral-esquerdo e Lino passou para a posição de médio-ala. A equipa ganhou finalmente
alguma dinâmica e os lances de perigo
começaram a surgir junto à baliza de
William. Pitbull teve um remate à trave
e outro ao poste (48’ e 78’) e Gyano e
Nestor falharam (67’) a meio metro da
linha de golo. A equipa mostrou algum
futebol, mas era demasiado tarde.
ADRIANO MIRANDA
A vitória dos polacos em Coimbra
Naval
Belenenses
Hélder Rosário ganha um lance de cabeça, perante o olhar de Grezlak
Morreu um polícia
Opinião
José Manuel Meirim
1. Sim. Em Itália.
Nós, por cá, vamos ter legislação
em breve, dizem os governantes
sempre que ocorre um incidente
mais grave. O actual secretário
de Estado também já o afirmou
– em quase dois anos –, como os
anteriores titulares do cargo, por
mais de uma vez.
Deste discurso já somos
conhecedores e pouco mais haverá
a dizer quanto à sua perigosidade,
enquanto revelador de puro
laxismo e da ausência de aplicação
das normas vigentes, em particular
no que concerne às claques.
O que nos motivou a voltar ao
tema da violência foi um trabalho
jornalístico, sobre a segurança
vivida nos estádios portugueses. A
dada altura, uma “caixa” intitulase: “CNVD preparado para avançar
em situações de emergência”,
dando-se aí conta de algumas das
competências deste órgão. Se não
fosse demasiado grave a inércia
do Conselho Nacional contra a
Violência no Desporto, e com o
devido respeito pelo jornalista, o
título era uma boa anedota.
2. O CNVD é um dos exemplos
mais gritantes da falta de
efectividade da norma legal,
dadas as competências que a lei
lhe atribui e de que se afasta por
completo. Perante esta situação, é
certo que a resposta do Governo é
a de que vem aí uma lei nova que
vai “solucionar” essa omissão.
Quarta vitória
seguida do
Belenenses
como visitante
Descansem que, a breve prazo,
com a regulamentação da Lei
de Bases e o surgimento do
“novíssimo” Conselho Nacional
do Desporto, tudo será diferente.
Como costumo afirmar, chegados
aqui, eles começam a falar em
grego e nós não os conseguimos
entender. É que, acima de tudo,
não se torna necessário uma
nova lei (sempre uma nova lei); o
que se exige é uma nova cultura,
uma nova postura na aplicação e
fiscalização da lei.
3. Para que não se diga que tal
aplicação e fiscalização são muito
difíceis de alcançar – e eu acredito
que sim, tendo em conta os
políticos deste infeliz país –, deixo
ao leitor alguns (entre algumas
dezenas) registos das reuniões
da Comisión Nacional Contra la
Violencia en los Espectáculos
deportivos (estamos do outro lado
da fronteira), em que se formulam
propostas de sanções a aplicar.
Reunião de 24 de Janeiro de
2007: multa de 5000 euros e
proibição de acesso a recintos
desportivos, por um período não
superior a cinco meses, a um
adepto que insultou e ameaçou
gravemente polícias. Reunião de
7 de Fevereiro de 2007: multa de
4000 euros (e a mesma proibição)
a dois adeptos que foram
identificados a lançar objectos
contundentes sobre pessoas que
passeavam no exterior do estádio.
Frise-se que nesta última
reunião, a Comisión decidiu
comunicar ao treinador do
Real Madrid, Fabio Capello, o
seu desagrado quanto às suas
declarações elogiosas relativas ao
grupo Ultra Sur.
4. Reuniões todas as semanas?
Não façam isso. Façam como
o nosso CNVD. Só há reuniões
quando ocorra um incidente
grave e se tenha que anunciar
uma nova lei.
2
3
a Dois golos a abrir o jogo lançaram ontem o Belenenses para a
vitória por 3-2 no reduto da Naval
1º de Maio, mas os lisboetas só asseguraram o triunfo na recta final.
O encontro entre duas equipas tranquilas na tabela teve um arranque
atribulado: os visitantes marcaram
por duas vezes, por intermédio de
Nivaldo, que fez o golo mais rápido da Liga, aos 44 segundos, e de
Dady, aos 11’, o que colocou os anfitriões em situação muito delicada.
O conjunto da Figueira da Foz conseguiu, no entanto, reagir e restabeleceu a igualdade com tentos a fechar
a primeira parte e a abrir a segunda,
por Lito (38’) e Gaúcho (50’), com o
Belenenses a salvar-se graças ao remate certeiro de Zé Pedro, aos 72’.
O Belenenses ascendeu provisoriamente ao sexto lugar do campeonato, a apenas um ponto do Sporting de Braga, que ocupa o último
posto de acesso às provas europeias,
apesar de os minhotos ainda não terem entrado em acção nesta ronda.
Embora ocupe apenas o 10º lugar, a
Naval mantém-se bem acima da linha
de despromoção, mas conta por derrotas os últimos três jogos disputados,
entre os quais dois no seu estádio.
A equipa da casa conseguiu resistir ao desacerto inicial – golo de
Nivaldo “a frio”, na sequência de um
canto, e saída em falso de Taborda,
aproveitada por Eliseu, que roubou
a bola ao guarda-redes e centrou
para Dady –, mas foi incapaz de
responder quando Zé Pedro apontou o terceiro golo do Belenenses.
Pelo meio, a Naval cometeu a proeza
de empatar um jogo aparentemente
perdido, com o desvio de cabeça de
Lito perto do intervalo a revelar-se
precioso para relançar a emoção no
encontro e moralizar os jogadores da
Figueira da Foz.
No início da segunda parte, Gaúcho
aproveitou um ressalto na área do Belenenses para marcar e os lisboetas,
que poderiam ter lançado as bases para uma goleada, viram-se de súbito em
dificuldades, passando por alguns sustos antes de Zé Pedro fixar o resultado
final. O esquerdino, que regressou à
equipa depois de cumprir dois jogos
de castigo, marcou o sétimo golo no
campeonato. PÚBLICO/Lusa
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Municipal José Bento Pessoa,
na Figueira da Foz. Assistência: cerca de 1000
espectadores.
Naval Taborda, Mário Sérgio, Paulão, Gaúcho
(Pimenta, 82’), China, Delfim, Orestes, Pedro Santos
(Carlitos, 10’), Fajardo (João Ribeiro, 57’), Saulo, Lito.
Belenenses Costinha, Amaral (Carlitos, 61’), Rolando,
Nivaldo, Rodrigo Alvim, Cândido Costa, Mancuso
(Ruben Amorim, 61’), José Pedro, Eliseu, Garcês, Dady.
Árbitro: Carlos Duarte, do Porto.
Amarelos: Taborda (11’), Mário Sérgio (14’), Eliseu (45’),
Amaral (50’), Lito (69’).
Golos: 0-1, por Nivaldo, aos 1’; 0-2, por Dady, aos 11’; 1-2,
por Lito, aos 38’; 2-2, por Gaúcho, aos 50’; 2-3, por Zé
Pedro, aos 72’.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 37
Desporto
Por que razão
há tão poucos
treinadores de
futebol negros?
LIONEL BALTEIRO
Discriminação? Dos 4214 técnicos inscritos na ANTF 65 são negros
Daúto Faquirá garante nunca ter sentido “qualquer tipo de rejeição”
A questão foi levantada pela BBC em
Inglaterra: menos de 1 por cento dos
técnicos profissionais são negros.
Em Portugal, são 1,5 por cento
Paulo Curado
a O tema é polémico e foi introduzido na quinta-feira pelo canal estatal
britânico de televisão BBC, em tons
chocantes: menos de um por cento
dos treinadores profissionais de futebol em Inglaterra são de raça negra,
segundo uma investigação da estação
televisiva (ver texto em baixo). E em
Portugal? A realidade não anda muito
longe da anglo-saxónica, com os negros a representarem sensivelmente
1,5 por cento do total dos técnicos
existentes. A diferença é que por cá
ninguém parece considerar o facto escandaloso, a começar pelos próprios
treinadores negros, que têm no treinador do Estrela da Amadora, Daúto
Faquirá, o único representante nos
escalões profissionais de futebol.
Com tantos praticantes negros nas
camadas profissionais do futebol
português, não seria de esperar que
muitos enveredassem pela carreira
de treinador quando pendurassem as
chuteiras? A julgar pelos números da
Associação Nacional dos Treinadores
de Futebol (ANTF), nem por isso. Dos
4214 inscritos neste organismo, apenas
65 são negros, segundo revelou o seu
presidente, José Pereira, na sequência
de um contacto do PÚBLICO.
Inglaterra: Curle
e Ince, as excepções
“Chocante” foi o adjectivo
encontrado pela BBC Sport
para qualificar a ausência de
treinadores negros nas ligas
profissionais. Uma investigação
do canal televisivo estatal
revelou na quinta-feira que a
presença de técnicos negros à
frente de clubes da Premiership
(equivalente à Liga principal
portuguesa) e nas competições
da Football League (as restantes
três divisões profissionais) se
resume a Paul Ince, técnico
do Macclesfield, e Keith Curle,
do Torquay, ambas formações
da League 2 (correspondente
a uma terceira divisão). Dois
treinadores num universo de
92 clubes, em que os jogadores
negros representam uma
contrastante percentagem
superior a 20 por cento.
“Nos campeonatos profissionais
[Liga e Liga de Honra], para além do
Daúto Faquirá, não há mais nenhum”,
constatou o dirigente dos treinadores.
E porquê? José Pereira responde com
outra constatação: “Porque não concorrem aos cursos de formação de
treinadores. Grande parte dos jogadores negros que são profissionais de
futebol não opta depois por seguir a
carreira de treinador. A sua presença
nos cursos de formação é irrisória.”
Explicações para esta realidade José
Pereira não tem, mas uma coisa garante, talvez pressentindo a delicadeza do
tema: “Não é porque sejam marginalizados nas candidaturas, simplesmente
não concorrem.”
Aloísio Alves, ex-jogador do FC
Porto e do Barcelona, actualmente
treinador do Vila Meã, da II Divisão
Série A, e um dos raros técnicos de
raça negra em actividade em Portugal,
confirma esta tese, mas encontra-lhe
razões mais profundas. “Alguns exjogadores negros que poderiam seguir a carreira de treinador podem,
eventualmente, pensar que estarão
limitados em termos de opções profissionais. Podem pensar que não terão
as mesmas oportunidades que outros
treinadores não-negros, que poderão
ser preferidos pelos clubes.”
Esta realidade não é, segundo o
técnico, exclusiva de Portugal, mas
reflecte-se a nível mundial e, em alguns casos, por discriminação racial
óbvia, como transparece do exemplo
que deixou referente ao seu país natal, o Brasil. “Lá há muitos jogadores
negros de qualidade e alguns até deram início à actividade de treinadores
principais, mas depois acabam por ter
apenas cargos secundários, como adjuntos ou auxiliares. Talvez possam
sentir alguma diferença no tratamento, com a sua cor a não ajudar
e a contribuir para que sejam menos
aproveitados.”
“Fenómeno mais alargado”
Uma outra justificação para o panorama específico português foi encontrada pelo moçambicano Daúto Faquirá.
“Não existem assim tantos praticantes
de futebol profissional em Portugal
oriundos das ex-colónias africanas. A
maioria dos jogadores negros são brasileiros que, salvo poucas excepções,
regressam ao seu país quando deixam
de jogar.” De resto, o treinador do Estrela da Amadora, de 41 anos, garante
nunca ter sentido “qualquer tipo de
rejeição por motivos raciais” ao longo
da sua carreira como treinador, que se
iniciou na temporada de 1997-98, no
Sintrense, e prosseguiu no Odivelas
(1999-2003), Barreirense (2003-05),
Estoril (2005-06), até chegar, no início
desta temporada, à Reboleira.
Aloísio também não experimenta
falta de oportunidades como treinador em Portugal devido à cor da pele.
“Treinei o FC Porto B [que foi extinto
no final da temporada passada], estou
a treinar o Vila Meã, como podia estar
a treinar outras equipas que me convidaram. Nunca senti qualquer tipo
de discriminação”, garante a ex-glória
dos “dragões”.
Neno, ex-guarda-redes do Benfica
e do Vitória de Guimarães e actual
treinador de guarda-redes dos vimaranenses, partilha destas opiniões.
Tal como os seus colegas, o técnico
cabo-verdiano considera não haver
em Portugal qualquer tipo de preconceito racial em relação à cor dos
treinadores.
Menos convencido da benevolência
racial dos portugueses no que ao futebol diz respeito está Mamadou Ba.
Para o dirigente da Associação SOS
Racismo, a falta de treinadores negros nos clubes portugueses reflecte
apenas a realidade que se vive por cá
em praticamente todas as actividades
“Alguns ex-jogadores
negros podem
pensar que não
terão as mesmas
oportunidades
que os outros”,
alerta Aloísio
de exposição pública, que, considera, estão integralmente vedadas às
minorias.
“O futebol é só mais um exemplo de
um fenómeno mais alargado. Algo que
se deve a um reflexo de um racismo
mais latente, mais difuso na sociedade
portuguesa, até em sectores onde a cor
não é importante, como no futebol”,
refere. E lembra o crescente domínio
de grupos de extrema-direita nas claques dos principais clubes portugueses. Mas Mamadou Ba vai mais longe
e deixa outras questões para reflexão:
“Quantos jornalistas negros há nas redacções? Conhece algum pivot negro a
apresentar telejornais televisivos?”
Mário Wilson, caso único
Mário Wilson foi o único treinador
negro a orientar um dos três “grandes” do futebol português. O “velho
capitão”, como ficou conhecido no
Benfica, iniciou a sua carreira de técnico na Académica, que levou a um
fantástico segundo lugar no campeonato, na temporada de 1966-67. Em
1975-76, liderou pela primeira vez a
equipa “encarnada” que conduziu
ao título nacional. Voltaria ao clube
da Luz nas temporadas 1979-80 e 199596, conquistando mais duas Taças de
Portugal, para um último regresso em
1997-98. Mário Wilson foi ainda o único
seleccionador negro de Portugal, entre
1978 e 1980.
38 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Desporto
Futebol Internacional
Alex Ferguson assume: “Ronaldo
mereceu ser o homem do jogo”
Classificações
Liga francesa
Jornada 26
Lens-Nancy
Nice-Lille
Rennes-Sedan
Lyon-Sochaux
Troyes-Lorient
Le Mans-Monaco
Nantes-Auxerre
Toulouse-Marselha
Bordéus-Valenciennes
Paris SG-Saint-Etienne
DYLAN MARTINEZ/REUTERS
O português continua a dar espectáculo em Inglaterra. Marcou um golo
decisivo no minuto 88 e deixou o Manchester a nove pontos do Chelsea
Luís Octávio Costa
a Uma jogada à Cristiano Ronaldo
resolveu ontem o Fulham-Manchester United a favor da equipa visitante
(1-2), que momentaneamente fica a
nove pontos de distância do perseguidor Chelsea, com um jogo a menos. Na passada terça-feira, em Lille,
o jogador português não escondeu a
frustração por ter sido substituído aos
67’. Ontem, arrancou no meio-campo,
ultrapassou quem tinha que ultrapassar, rematou cruzado e festejou euforicamente como que a dizer: “Quero
decidir jogos”.
Na sua conta pessoal já lá vão 16
golos no campeonato, onde esta temporada o avançado português já marcou a dez equipas diferentes. Alex
Ferguson, que na Liga dos Campeões
tirou Cristiano para colocar Saha, reconheceu o mérito do número sete,
nomeadamente no jogo “mais difícil
de toda a temporada”. “O Ronaldo
continuou a tentar e mereceu ser
o homem do jogo”, sublinhou, não
esquecendo o trabalho do Fulham,
que nunca deu ao Manchester “um
momento de descanso”.
Verdade seja dita, a equipa da casa
foi quase sempre a melhor em campo.
Cristiano Ronaldo foi o primeiro a ad-
16
Ronaldo marcou
o 16.º golo
(está a um de
Drogba). No
ano passado só
chegou aos nove
golos em toda a
temporada
mitir algum “cansaço” pós-Champions.
“Foi um jogo muito duro e o Fulham
jogou muito bem. Talvez até tenha jogado melhor na segunda metade, mas
às vezes o futebol é assim: às vezes a
equipa que joga melhor não ganha”.
McBride marcou aos 17’, Giggs empatou aos 29’. Ronaldo decidiu tudo a
dois minutos do fim.
De resto, a tarde rendeu duas gole-
J
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E
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13
9
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M-S
47-21
40-28
30-28
30-28
32-25
31-27
23-22
26-28
39-33
30-31
22-26
31-28
26-31
29-33
27-34
24-26
25-37
27-30
20-32
33-44
P
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46
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Próxima jornada
Lorient-Nice, Lille-Troyes, Nancy-Le Mans, MarselhaLens, Sochaux-Nantes, Sedan-Paris SG, AuxerreRennes, Monaco-Bordéus, Saint-Etienne-Lyon e
Valenciennes-Toulouse.
Liga inglesa
Jornada 28
Watford-Everton
Aston Villa-Arsenal
Middlesbrough-Reading
Manchester City-Chelsea
Charlton-West Ham
Fulham-Manchester Utd.
Tottenham-Bolton
Blackburn-Portsmouth
Liverpool-Sheffield
Wigan-Newcastle
Rooney e Cristiano Ronaldo festejam efusivamente o golo da vitória
adas, Charlton-West Ham e Liverpool-Sheffield, ambas por 4-0, bem como
uma excelente exibição do Everton
no terreno do Watford (0-3, o primeiro golo foi apontado por Manuel
Fernandes).
San Siro desbloqueado
Em Itália, o dia ficou marcado por um
resultado surpresa – o empate do Palermo no terreno do Atalanta, 1-1 – e
pela notícia da reabertura do Estádio
San Siro já na recepção do AC Milan à
Sampdoria, jogo agendado para a noite de hoje. A decisão seguiu-se a uma
inspecção ao recentemente instalado
sistema de torniquetes electrónicos.
No campeonato alemão, o Estugarda empatou anteontem em casa
com o Hertha. O líder Schalke 04 e o
Werder Bremen, terceiro classificado
do campeonato alemão, só jogam hoje. Aproveitou o Bayern de Munique,
com esperanças de terminar num
dos três lugares que dão acesso à Liga dos Campeões. A equipa de Ottmar
Hitzfeld marcou por duas vezes (Podolski de grande penalidade e Mark
van Bommel) antes de o Wolfsburgo
reduzir (Makiadi). No fundo da tabela poucas equipas pontuaram: o
Bochum-Aachen terminou empatado
(2-2) e o Hamburgo bateu em casa o
Eintracht (3-1).
Em França, o grande vencedor do
dia foi o Toulouse, a única equipa do
topo da tabela classificativa que venceu (o Lens só hoje recebe o Nancy).
Elmander (dois golos) e Emana garantiram uma vitória confortável sobre o
Marselha (3-0) e o 41.º ponto. Tarde
trabalhosa teve o Lyon (sem Tiago),
Final da Taça da Liga
Os miúdos de Arsène Wenger, os graúdos de José Mourinho
Arsenal e Chelsea vão disputar
hoje, em Cardiff, a final da Taça
da Liga naquele que será o 165.º
jogo entre as duas equipas (67
vitórias para o Arsenal, 47 para
o Chelsea e 50 empates). Será
também a sétima tentativa
de Arsène Wenger bater José
Mourinho: o francês conseguiu
apenas três empates e três
derrotas.
O jogo ficará marcado por um
duelo entre os jovens gunners,
uma aposta pessoal de Wenger,
que abdicará por exemplo de
Henry, Gallas ou Ljungberg, e os
Lyon
Lens
Toulouse
Sochaux
Lille
Marselha
Rennes
Bordéus
Saint-Etienne
Le Mans
Nancy
Monaco
Lorient
Auxerre
Troyes
Nice
Valenciennes
Paris SG
Nantes
Sedan
hoje
2-1
0-2
3-3
3-0
0-2
1-1
3-0
hoje
hoje
experientes blues, que já podem
contar com Terry e Robben,
lesionados no Dragão. “O jogo
deles é baseado em experiência
e força, o nosso na mobilidade
e no movimento”, assinalou
o técnico francês. “Wenger é
um bom treinador e os jovens
tornam-se sempre bons
jogadores. Nós só temos três”,
disse o português, juntando os
nomes de Mikel, Kalou e Diarra.
Sobre a final: “grande atmosfera”,
“um grande dia para os fãs”,
“50 por cento azul, 50 por cento
vermelho”.
“E toda a gente quer ganhar”.
obrigado a recuperar de uma desvantagem de dois golos na recepção ao
Sochaux. A equipa de Gérard Houllier
só conseguiu empatar (3-3) nos minutos finais com golos de Wiltord (90’) e
Juninho (90’+3’).
Atlético e Real empatam
Três pontos continuam a separar o Real Madrid (43) e o Atlético Madrid (40),
que ontem empataram (1-1) num emocionante derby da capital espanhola.
O jogo ficou marcado por um início
demolidor da equipa de Zé Castro e
Maniche (Costinha ficou de fora por
castigo). O primeiro golo foi alcançado
durante o 11.º minuto por Torres, que
nunca tinha marcado ao Real Madrid
(o avançado continua sem conhecer o
sabor da vitória contra o Real: conta
quatro empates e cinco derrotas). Três
minutos depois, o Vicente Calderón,
repleto, chegou a comemorar o segundo golo (conseguido por Perea), mas
o árbitro auxiliar ajuizou mal o lance,
que acabou anulado.
Foi um balde de água fria que ajudou a equilibrar um jogo que pendia
para um lado. Sem Nistelrooy, dado
como inapto pouco antes da hora do
jogo, a equipa de Capello acabou por
empatar apenas aos 62’ por Higuaín,
que contou com a “colaboração” de Zé
Castro, pouco lesto na hora de aliviar à
entrada da área. O jogo não terminou
sem uma expulsão (de Cannavaro) e
sem um par de excelentes defesas de
Casillas. O Real Madrid continua no
grupo com acesso à Liga dos Campeões. A tarde começou com a vitória
do Deportivo no terreno da Real Sociedad (golo solitário de Arizmendi,
aos 29’), com apenas 14 pontos e cada vez menos créditos no campeonato
espanhol.
Manchester Utd.
Chelsea
Liverpool
Arsenal
Bolton
Reading
Everton
Portsmouth
Newcastle
Tottenham
Middlesbrough
Blackburn
Aston Villa
Fulham
Manchester City
Sheffield
Wigan
Charlton
West Ham
Watford
0-3
adiado
2-1
adiado
4-0
1-2
hoje
hoje
4-0
hoje
J
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M-S
65-19
48-19
44-19
48-22
32-28
42-36
36-25
36-26
34-36
32-39
32-34
30-38
28-33
30-43
20-32
24-40
28-44
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18-46
16-41
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32
32
30
30
26
23
20
19
Próxima jornada
Arsenal-Reading, Watford-Charlton, Fulham-Aston
Villa, Portsmouth-Chelsea, Sheffield-Everton,
West Ham-Tottenham, Liverpool-Manchester Utd.,
Newcastle-Middlesbrough, Manchester City-Wigan e
Bolton-Blackburn.
Liga alemã
Jornada 23
Mainz-Nuremberga
Bayern Munique-Wolfsburgo
Estugarda-Hertha Berlim
Schalke 04-B. Leverkusen
Hannover-B. Dortmund
Hamburgo-Frankfurt
Bochum-A. Aachen
B. M’Gladbach-Werder Bremen
Cottbus-A. Bielefeld
Schalke 04
Estugarda
Werder Bremen
Bayern Munique
Nuremberga
Hertha Berlim
Hannover
B. Leverkusen
B. Dortmund
Mainz
Wolfsburgo
Cottbus
A. Aachen
Bochum
Hamburgo
A. Bielefeld
Frankfurt
B. M’Gladbach
J
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23
22
23
23
23
23
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23
23
23
23
23
23
23
23
23
22
2-1
2-1
0-0
hoje
4-2
3-1
2-2
hoje
2-1
V
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13
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5
6
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7
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10
7
6
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11
11
7
10
8
12
M-S
40-21
41-26
53-30
35-27
32-19
33-35
32-34
35-34
27-32
21-33
23-28
25-32
35-44
27-36
27-27
28-31
28-42
16-27
Próxima jornada
Schalke 04-Hamburgo, Werder Bremen-Bochum,
Hertha Berlim-Bayern Munique, B. LeverkusenEstugarda, A. Bielefeld-Nuremberga, FrankfurtHannover, A. Aachen-Mainz, Wolfsburgo-B.
M’Gladbach e B. Dortmund-Cottbus.
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24
24
23
23
20
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 39
Quando abalou o mundo, Ali ainda era Clay P2
Atletismo
Basquetebol
Crosse das Amendoeiras tenta hoje
recuperar a dimensão de outros tempos
Ovarense
venceu Benfica
e consolidou
liderança
Luís Lopes
A trigésima edição do
melhor crosse português,
a disputar em Albufeira,
deverá ser de retoma
a Disputa-se hoje em Albufeira a trigésima edição do Crosse das Amendoeiras em Flor, prova que faz parte
do circuito de competições da especialidade da federação internacional.
Após dias mais pobres, aquele que foi
em tempos o melhor crosse mundial a
nível particular terá hoje uma edição
que se espera de retoma, fruto de a
respectiva organização, liderada por
Artur Lara Ramos, ter conseguido,
mesmo com um orçamento algo limitado, atrair até ao Algarve bons
fundistas internacionais.
Na corrida masculina, com 10.000
m de extensão, o hexacampeão europeu de crosse (batido na última edi-
ção) Sergiy Lebid, da Ucrânia, será o
cabeça de cartaz, em parceria com o
queniano Kiprono Menjo, vencedor
da última São Silvestre do Funchal,
os ex-quenianos que correm pelo
Quatar Sultan Zaman e Nicholas Kemboi, alguns bons marroquinos, como
Mohamed Amyn e Hamid el Mouaziz,
o russo Yuriy Abramov e o excelente
especialista de 3000 m obstáculos espanhol Antonio Jiménez Pentinel.
Do lado português os principais
nomes serão os de Eduardo Henriques, Luís Jesus e Hélder Ornelas. O
triunfo não sorri a um lusitano desde
1995, quando ganhou Paulo Guerra,
sucedendo a outros grandes nomes
como Carlos Lopes, Fernando Mamede, António Leitão e José Regalo.
De então em diante apenas o brasileiro Emerson Iser Bem, em 1996, e os
quenianos chegaram ao lugar mais
alto do pódio.
No sector feminino (6000 m) a figura principal será a letã Jelena Prokop-
Meeting de Atenas
Naide Gomes segunda
no comprimento
Naide Gomes
foi segunda
classificada
na prova
do salto em
comprimento do último grande
meeting europeu antes dos
campeonatos continentais,
realizado ontem em Atenas.
A sportinguista, que há uma
semana igualou o seu recorde
nacional indoor com 6,76 m,
confirmando mínimos para os
Europeus, saltou desta feita 6,59
m e só foi batida pela cubana
Yargelis Savigne, a actual líder
mundial do triplo salto, que
alcançou 6,70 m.
cuka, vencedora da última maratona
de Nova Iorque e fundista habituada
a competir em Portugal e a treinar-se
no Algarve.
Prokopcuka tentará reeditar os
triunfos do ano passado e as principais opositoras serão Dorcus Inzikuru,
do Uganda, vencedora do crosse de
Oeiras em Novembro passado e campeã mundial dos 3000 m obstáculos
em 2005, a queniana Nancy Kiprop
e três polacas de valia, Justyna Bak,
a maratonista Malgorzata Sobanska e
Dorota Ustianovska.
A oposição portuguesa será protagonizada por Anália Rosa, vencedora
há duas semanas do crosse de Chiba,
no Japão, Ana Dias, algarvia que agora
representa a Casa do Benfica de Faro
depois de muitos anos a participar
neste crosse pelo Sporting, Mónica
Rosa e Leonor Carneiro. Desta feita,
não corre Fernanda Ribeiro, derradeira vencedora portuguesa, em 2003, a
única a fazê-lo desde 1990.
Manuel Assunção
PATRICK BOLGER/REUTERS
Râguebi Vitória histórica da Irlanda sobre Inglaterra no Torneio das Seis Nações
a A Ovarense aumentou a vantagem
no comando da Liga de Basquetebol,
ao derrotar em Ovar o segundo classificado, o Benfica, por 78-72, em jogo
da 27ª jornada. O encontro de ontem
foi o terceiro no campeonato entre
as duas equipas, e todos terminaram
com a vitória do campeão nacional.
De resto, o Lusitânia continua a ter
o exclusivo das vitórias sobre a Ovarense na liga. A equipa de Luís Magalhães tem apenas duas derrotas
em 24 jogos, ambas frente ao clube
açoriano.
Com este triunfo, baseado nas exibições dos norte-americanos Cordell
Henry (20 pontos) e Greg Stempim
(19), a Ovarense praticamente garantiu o primeiro lugar definitivo na fase
regular, importante para os play-offs.
Ainda faltam algumas vitórias para a
primeira posição ser certa, mas ao
ritmo actual – vai em nove triunfos
seguidos – dificilmente a Ovarense,
que tem razoável vantagem sobre o
Benfica (18v-6d), perderá a liderança.
O reforço Geno Carlisle (18) foi o melhor marcador do Benfica.
O Lusitânia também reforçou o
terceiro lugar – e aproximou-se do
segundo –, porque venceu fora o Ginásio (71-77) e beneficiou da derrota
do FC Porto frente ao Queluz (76-65).
A jornada fica hoje concluída com o
Belenenses-CAB Madeira.
Hóquei em patins
Candelária
na final da
Taça CERS
Manuel Assunção
“Fácil! Fácil!” Foi desta forma
que os 82 mil espectadores que
ontem encheram o Croke Park, em
Dublin, se despediram da selecção
inglesa, que sofreu a mais pesada
derrota da sua história contra a
Irlanda (13-43). Na terceira jornada
do Torneio das Seis Nações em
râguebi, a Inglaterra confirmou
o mau momento que atravessa e
comprometeu, quase de forma
definitiva, as possibilidades de
vencer a competição. Com esta
vitória, a selecção irlandesa voltou
a entrar na luta pela conquista do
Seis Nações. O grande vencedor
da ronda acabou por ser a
França. Os franceses derrotaram
o País de Gales por 32-21, no
Stade de France, e isolaram-se
na liderança da classificação
(três jogos e três vitórias). Para
além do surpreendente triunfo
(pela expressão dos números)
da Irlanda, a terceira jornada
registou ainda outro resultado
inesperado. Na partida que abriu
a ronda, a Itália conseguiu a
primeira vitória de sempre na
condição de visitante. No Estádio
Murrayfield, em Edimburgo, a
formação transalpina venceu a
Escócia por claros 37-17 (aos oito
minutos já estava em vantagem
por 20-0). Na penúltima jornada
– a disputar a 10 e 11 de Março – a
Inglaterra recebe a França, numa
partida que será decisiva para a
definição do vencedor do torneio.
David Andrade
a O Candelária qualificou-se ontem
pela primeira vez para a final da Taça
CERS, ao derrotar em Itália o Novara,
por 4-3, na segunda mão das meias-finais. A última equipa portuguesa que
venceu esta competição, a segunda na
hierarquia das provas europeias de hóquei em patins, foi o Paço de Arcos, na
época de 1999-2000.
A formação açoriana, que tinha
vencido por 4-2 na primeira mão, nos
Açores, eliminou uma das equipas
com maior currículo na história do
hóquei em patins. O Novara é recordista de vitórias na Taça CERS, com
três títulos conquistados, e já disputou
quatro finais da Liga dos Campeões,
embora tenha sido sempre derrotado
no jogo decisivo.
Ao intervalo, o Candelária estava
a perder por 3-1, mas três golos sem
resposta apontados na segunda parte
valeram a reviravolta. Cândido Oliveira, Bruno Matos e Leonardo Tomba
(2) marcaram os golos da equipa
portuguesa.
40 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Economia
Quinze da UE
perdem 88 mil
empregos em
favor do Leste
Postos de trabalho criados no
sector automóvel nos novos Estados-membros da União Europeia já
superam a quebra no lado ocidental
Raquel Almeida Correia
a A indústria automóvel dos Quinze da
União Europeia (UE) perdeu cerca de
88 mil postos de trabalho, entre 2000
e 2005, enquanto os novos Estadosmembros do centro e Leste, no mesmo
período, criaram 146 mil novos empregos. A conclusão é da Associação dos
Construtores Europeus de Automóveis
(ACEA), no seu último relatório económico, mostrando uma Europa cada vez
mais dividida nesta matéria.
A migração do sector automóvel
de ocidente para leste acentuou-se,
sobretudo na primeira metade deste
quinquénio, fazendo com que a UE
tenha chegado ao final de 2005 numa
situação quase paradoxal. Apesar de
ter excesso de capacidade instalada e
de reduzir empregos no lado ocidental, registou, assim, um saldo líquido
positivo de criação de 58 mil postos
de trabalho.
Face a este quadro global, os resultados não são pacíficos na análise por
países. No caso português, a ACEA
refere que, no final de 2005, o país
tinha 22 mil trabalhadores no sector
e que, desde 2000, foram eliminados
58
mil
novos postos
de trabalho
foi quanto
a indústria
cresceu, em
termos líquidos,
com a migração
para leste
seis mil postos de trabalho. São dados
que colocam o país no segundo lugar
no ranking dos mais penalizados da
Europa, a par do Reino Unido, com
uma quebra de 21 por cento na taxa
de emprego.
A indústria portuguesa não se revê
neste balanço. Com base em dados da
Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, da Associação dos
Industriais de Automóveis e das próprias empresas, o centro de inovação
Inteli, que se tem dedicado à análise
do sector automóvel, estima, para o
ano de 2005, um volume de emprego
total de 46 mil pessoas e cerca de 600
despedimentos no período analisado
pela ACEA. Aponta como razão para
a diferença de valores o facto de os
dados apresentados pela associação
internacional terem como fonte o
Eurostat e o Instituto Nacional de Estatística e se referirem a uma leitura
directa das Classificações de Actividade
Económica, “o que é redutor”.
A análise ao desinvestimento na indústria automóvel em Portugal mostra
que este teve especial expressão na fase
anterior ao ano 2000 (nomeadamente
com o fecho das unidades da Renault,
da Ford e da Seagate) e no período
posterior a 2005. Vários anúncios de
encerramento foram feitos neste ano,
mas só produziram efeitos em 2006.
Europa a duas velocidades
Dentro da UE, a Dinamarca é o país
que mais tem sofrido com a crise do
sector automóvel, registando uma
diminuição de 28 por cento no número de trabalhadores. E, no Leste,
a República Checa apresenta a maior
subida – mais 24,4 mil novos postos de
trabalho, em apenas cinco anos.
A confirmar a transferência do
aparelho produtivo para os novos Estados-membros, a associação conclui
que, apesar de no ano 2000 89,4 por
cento dos trabalhadores do sector pertencerem a empresas com sede na UE a
Quinze, o número diminuiu para 83,2
por cento em 2005. A ACEA aponta “o
esforço de reestruturação do sector”
como a principal causa para esta desaceleração.
É o retrato de uma Europa a duas
velocidades, também evidente quando
analisados os índices de produtividade
entre 2005 e 2006. Na categoria dos veículos ligeiros de passageiros, os novos
membros registaram um crescimento
de 25,3 por cento nos índices de produção, contra um decréscimo de 2,4
por cento nos “velhos” países da UE.
Apenas a Finlândia consegue bater os
valores da Europa do Leste, com uma
subida de 52,7 por cento. Portugal
também apresenta um saldo positivo,
embora se fique por um aumento de
4,3 por cento. Nos pesados, os novos
membros também têm um desempenho acima da média da UE, com 13,1
e 8,2 por cento de crescimento, contra 0,9 e 4,8 por cento da Europa a
Quinze. Mas nos comerciais ligeiros o
cenário muda de figura – é o segmento
que continua a ter mais expressão nos
Estados-membros a ocidente.
Em Portugal, desde 2000 perderam-se 6 mil postos de trabalho
DANIEL ROCHA
Automóvel Relatório sobre a indústria europeia entre 2000 e 2005
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 41
Uribe disposto a negociar directamente com as FARC
O Presidente colombiano, Alvaro
Uribe, abandonou sexta-feira por
instantes a linha dura que vem
mantendo em relação às Forças
Armadas Revolucionárias da Colôm-
bia (FARC), dispo
com elas e autori
dos reféns em po
fazerem paralela
Mundo, pág 15
Perspectivas para Portugal
Desinvestimento tem espaço para continuar, mas em menor dimensão
a O desinvestimento no sector automóvel em Portugal tem ainda espaço
para continuar, mas em dimensão menor à dos últimos anos. O prognóstico
de um futuro menos sombrio do que o
presente é de quem vive e acompanha
esta indústria.
Em década e meia, o país perdeu
mais de 16 mil postos de trabalho,
para o que muito contribuíram os
encerramentos de 2006 e os já anunciados para 2007. Só estes dois anos
são responsáveis pelo desaparecimento de mais de 4500 empregos. Aloísio
Leão, presidente da Associação dos
Fabricantes da Indústria Automóvel
(AFIA), acredita que o “grande desemprego, de mão-de-obra maciça,
já aconteceu” e que o país está “hoje
reduzido a algumas produções”.
Do lado dos construtores saíram a
Renault, a Ford e a GM, e a PSA “é uma
incógnita”, enquanto se espera “alguma estabilidade” na Autoeuropa e na
Mitsubishi. Quanto ao sector de com-
ponentes, afirma que “não se pode ir
muito mais além” e que não resta outra solução às empresas sobreviventes
que a de “ganharem dimensão” para
suportar a concorrência.
A dimensão é crucial para que as
empresas de componentes cheguem
onde o ex-ministro da Indústria e
Energia Mira Amaral diz ser necessário. “Só sobreviverão as empresas que
consigam tornar-se fornecedores de
sistemas de primeira linha e dialogar
directamente com os construtores.”
Os outros tenderão a desparecer do
país, assim como as cablagens, que
considera um sector condenado.
Optimista em relação ao futuro de
algumas empresas de componentes
– nomeadamente a Inapal Plásticos
e Simoldes –, por considerar que já
atingiram o patamar de sobrevivência, Mira Amaral admite que, ainda
assim, “o país, em termos globais, vai
continuar a perder emprego, já sem
contar com as cablagens”.
A indústria automóvel, segundo
o centro de inovação Inteli, não vai
desaparecer do lado ocidental da
Europa, nem de Portugal – está é a
mudar muito. E o encerramento de
fábricas reflecte essa tendência. Por
um lado, assiste-se à instalação dos
grandes volumes de produção a leste, onde os custos salariais são mais
baixos; por outro, menores volumes
e mais engenharia a ocidente, onde a
mão-de-obra é mais cara. Por isso, o
Inteli considera que a criação e perda de emprego nesta área também
têm de ser vistas de outro modo: “A
questão que se coloca não é a de reter
emprego, mas de desenvolver o capital humano que melhor corresponda
às tendências de desenvolvimento
dos mercados, dos produtos e das
tecnologias.”
As palavras-chave serão pois “eficiência e flexibibilidade e uma menor
dependência de mão-de-obra menos
qualificada”. Lurdes Ferreira
PUBLICIDADE
Crise obriga a novas estratégias
Sindicatos pró-activos
na defesa dos trabalhadores
a A situação de crise da indústria
automóvel está a obrigar os sindicatos
a definirem novas estratégias para a
defesa dos trabalhadores. O foco está
na criação de novas formas de combater o desinvestimento no sector, procurando maior controlo da gestão das
empresas.
A CGTP, por exemplo, iniciou um
programa de sensibilização junto
das empresas do sector, no sentido
de pressionar o patronato a cumprir
as leis laborais em vigor. O respeito
pelas 35 horas anuais de formação
dos trabalhadores é um dos assuntos em cima da mesa. “Já há muitas
declarações de princípios, mas falta
um compromisso de concretização”,
diz Carvalho da Silva, secretário-geral da confederação. A aproximação
às equipas de gestão das unidades é
um dos objectivos do dirigente. “Há
A UGT vai
organizar
um encontro
internacional
de sindicatos
para fazer
frente ao
desinvestimento
muitos casos em que a postura dos
responsáveis foi decisiva para o abandono das multinacionais. E é preciso
controlar a forma como representam
Portugal dentro dos grupos internacionais”, adverte.
O programa encerra em Março próximo e o dirigente sente-se “optimista” com os resultados, acrescentando
que “os despedimentos só são inevitáveis, se nada for feito em contrário”.
Além da qualificação dos trabalhado-
res, a CGTP diz estar empenhada em
melhorar a imagem do país. “Somos
encarados como uma república das
bananas”, diz Carvalho da Silva.
Já a União Geral de Trabalhadores
(UGT) está a planear um encontro da
Confederação Sindical Internacional
em território português, para Setembro próximo. João Proença, líder da
central sindical, pretende unir forças
com as congéneres para “apontar linhas de orientação da intervenção
dos sindicatos na reestruturação das
empresas e criar políticas públicas
e privadas para responder melhor a
esses processos”, afirma.
Estruturas sindicais mais próximas
da gestão das empresas são o meio
escolhido pela UGT para fazer valer
a sua posição junto do patronato. E a
negociação colectiva e a política reivindicativa económica e social são as
armas no combate ao desinvestimento
na indústria automóvel. Para João Proença, a defesa do sector dos componentes é uma estratégia “vital”.
Ana Teresa Tavares-Lehmann, professora da Faculdade de Economia da
Universidade do Porto, concorda com
o dirigente e aponta alguns caminhos
para “salvar” o sector dos componentes. “Para se protegerem, estas empresas não podem estar expostas a um
único comprador. O ideal é que tenham uma base de clientes diversificada.” Além disso, devem “reconverterse”, diz a especialista. “Já não dá para
ficarem à espera que se consumem os
factos. Devem investir em novas áreas
de valor acrescentado, fora do sector
automóvel, e antecipar a evolução dos
clientes”, opina. R.A.C.
42 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Economia
Semanada
Aviação Chirac e Merkel afastam cenário negro da Airbus
MARCUS BRANDT /AFP
Economia
Final de 2006 põe
retoma em risco
O investimento e o consumo
privado deram, no final de 2006
e no início de 2007, sinais de
abrandamento, que aumentam os
riscos em torno da manutenção
do ritmo de retoma da economia
nacional. Os números divulgados
pelo INE mostram que, desde
o passado mês de Dezembro,
a economia começou a fugir à
tendência que se vinha a sentir e
desacelerou. O indicador de clima,
que agrega as expectativas das
famílias e empresas, baixou de 0,7
para 0,4 pontos, entre Novembro e
Janeiro passados. No indicador de
actividade económica, o cenário é
semelhante.
Impostos
Provedor pede
explicações ao fisco
A Provedoria de Justiça pediu
esclarecimentos às Finanças
pelo facto de a actual legislação
discriminar os contribuintes com
rendimentos de pensões. Em causa
está o facto de o actual Código
do IRS estabelecer um mínimo
de existência, mas apenas para
os que apresentam rendimentos
de trabalho dependente. Na
prática, este mínimo de existência
determina que da aplicação
das taxas de imposto não pode
resultar a disponibilidade de um
rendimento líquido de imposto
inferior ao valor anual do salário
mínimo nacional acrescido de 20
por cento.
Por mais que custe, a ditadura
dos resultados não deixa margem
de manobra. Quando, em 2000,
foi lançado o projecto EADS – a
casa-mãe da Airbus –, os líderes
dos quatro países fundadores
estariam longe de imaginar o que
o futuro lhes reservava. França,
Alemanha, Reino Unido e Espanha
não contariam que, em 2006, a
Airbus voltasse a ser ultrapassada
pela norte-americana Boeing no
número de aviões encomendados.
Algo que já não acontecia
precisamente desde 2000.
Com os resultados financeiros
Telecomunicações
Subida da oferta
não convence PT
Pensões
Banca
Governo ameaça com BCP terá de vender
penalização em 2008 mais de cem balcões
Orçamento
Autarquias melhor
que o Estado
A oferta de 10,5 euros por acção
oferecida por Paulo Azevedo para
comprar a “paz” não foi suficiente
para convencer a administração
da Portugal Telecom. Henrique
Granadeiro continua a recusar
a oferta de Paulo Azevedo e a
garantir que a OPA não se irá
concretizar. Para convencer os
seus accionistas acenou com
uma remuneração global de 6,2
mil milhões de euros. A uma
semana da assembleia geral da
PT, que poderá ser decisiva para a
concretização ou para o chumbo
da OPA, os ânimos estão a ferver e
as acusações entre a Sonaecom e o
BES aumentam.
O Governo ameaçou agravar já
em 2008 a penalização imposta às
reformas antecipadas solicitadas
pelos funcionários públicos,
recuando na intenção de adiamento
desta medida até 2015. Emanuel
dos Santos, secretário de Estado do
Orçamento, mostrou-se incomodado
com os obstáculos colocados
pelos sindicatos no capítulo da
convergência entre o sistema de
pensões da função pública e o
do regime geral e deixou no ar
a possibilidade de cada ano de
antecipação de reforma passar, a
partir do próximo ano, a representar
uma diminuição de seis por cento na
pensão recebida.
Surpresa? As autarquias deram
um contributo para o esforço
de contenção orçamental maior
do que o subsector Estado. Os
dados da execução orçamental,
publicados pelas Finanças na
óptica da contabilidade pública,
mostram que a despesa total
realizada pela administração
local caiu, em 2006, 3,2 por
cento face ao ano anterior. No
Estado, a despesa cresceu, em
termos nominais, 2,4 por cento e
as regiões autónomas acabaram
por ser as que piores resultados
apresentaram, com uma
aceleração de 3,2 por cento nas
despesas.
e de produção a ficarem longe
das expectativas iniciais, e com a
obrigação de apresentar o futuro
avião de longa distância A-350 –
concorrente directo do igualmente
novo Boeing 787-Dreamliner
–, a confusão instalou--se e as
dúvidas sobre quem iria assumir
responsabilidades perante os maus
resultados adensaram-se.
Na semana que agora termina,
esteve prevista a apresentação do
plano de reestruturação da EADS,
sabendo-se à partida que um dos
pontos deste plano seria a redução
do número de funcionários da
Para a Autoridade da Concorrência
aprovar a fusão do Banco Comercial
Português (BCP) com o Banco
Português de Investimento (BPI),
Paulo Teixeira Pinto (na foto) deverá
ter de alienar a outra instituição
um número muito superior aos 60
balcões que já disse estar disposto
a “ceder” caso a operação bolsista
tenha êxito. Os compromissos
poderão envolver a venda de
mais de uma centena de agências.
A Autoridade da Concorrência
deverá comunicar ao mercado já
na segunda ou na terça-feira o seu
projecto de decisão sobre a OPA
bancária, altura em que termina o
prazo para o fazer.
Airbus. Uma apresentação que
viria a ser adiada face à realização
de mais uma cimeira bilateral
entre França e Alemanha.
Foi assim, neste cenário, que
Chirac e Merkel se encontraram.
No final, ambos declararam estar
de acordo sobre a necessidade de
garantir “uma partilha equitativa
dos esforços” na construção do
A-350. Mas, como não há bela
sem senão, esta partilha também
se irá estender à reestruturação
da EADS e da Airbus, e, apesar
do aparente entendimento entre
Chirac e Merkel, ninguém tem
dúvidas de que o desemprego irá
bater à porta dos funcionários da
Airbus. “No momento em que a
Airbus vai tomar, nos próximos
dias, medidas para reforçar a
sua competitividade, a chanceler
e o presidente da República
garantem-lhe o seu apoio e
afirmam-se atentos ao emprego,
às tecnologias e ao equilíbrio
de competências entre todos os
países envolvidos”, sublinhava
o comunicado final da cimeira.
Conclusão: mais de 10 mil postos
de trabalhos serão suprimidos na
Airbus.
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 43
Economia
Jorge Mourinha faz crítica diária de televisão P2
Inflação continua a preocupar a Reserva Federal
norte-americana e adia corte nas taxas de juro
José Manuel Rocha
A autoridade monetária
dos EUA acha que a
estabilidade na curva dos
preços ainda não é um
dado garantido, pelo que
o melhor é manter
“vigilância apertada”
a A possibilidade de a autoridade
monetária dos Estados Unidos da
América (EUA), a Reserva Federal
(Fed), baixar as taxas de juro nos
tempos mais próximos parece estar
afastada. Declarações de responsáveis
da instituição que é liderada por Ben
Bernanke deixam entender que a Fed
continua preocupada com as pressões
em alta que se mantêm sobre os preços e poderá adiar um corte no custo
do dinheiro, que muitos analistas colocavam como hipótese para meados
do ano.
Desde Junho de 2006 que a Reserva
Federal mantém a taxa de referência
nos 5,25 por cento. Um esperado
abrandamento da dinâmica económica seria suficiente, na opinião da
equipa de Ben Bernanke, para manter
a inflação num nível próximo dos dois
por cento, garantindo, assim, um cenário de estabilidade que dispensava
intervenções através de um reforço
da política de juros.
Acontece que a persistência da
inflação na órbita dos dois por cento
está a fazer correr o sentimento de
Onara conquista quatro
novos mercados
Natália Faria
a A Onara, marca portuguesa de
pronto-a-vestir feminino de gama média-alta, vai entrar em quatro novos
mercados em 2007. Alemanha, Suíça,
Inglaterra e Irlanda são os países onde
a empresa portuense vai ter as suas
peças da colecção Primavera/Verão
representadas numa rede de 30 lojas multimarca. Este alargamento
traduz um investimento de 150 mil
euros, segundo José Miguel Barros,
director-geral da empresa. “O maior
investimento foi a nível publicitário,
por causa das dificuldades acrescidas
que advêm de sermos um país pequeno sem grande tradição no sector da
moda”, precisou, acrescentando que,
“como se trata de uma marca nova
nestes mercados, o retorno do investimento só deverá sentir-se dentro de
um ano e meio”.
José Miguel
Barros, directorgeral da Onara,
antevê que
o retorno do
investimento
chegue dentro de
ano e meio
Criada em 1976 por uma família portuense, a Onara tem apostado num
plano de expansão agressivo que a
faz estar representada em 530 lojas
multimarca espalhadas por 17 países.
Dispõe ainda de 12 lojas exclusivas:
cinco em Portugal e as restantes em
cidades como Praga, na República
Checa, Pamplona, em Espanha, Nova Iorque, nos EUA, Cidade do México, e Luanda, em Angola. Além de
se preparar para abrir uma segunda
loja na capital angolana, a empresa
vai criar novos espaços de venda em
Antuérpia, na Bélgica, e em Atlanta,
nos EUA.
Com estes investimentos, a Onara
espera fechar o ano com uma facturação na ordem dos oito milhões de
euros – ligeiramente acima dos 7,9 milhões com que encerrou o exercício
de 2006. Para estes valores têm con-
tribuído as vendas em Espanha, onde
a marca está presente em 230 lojas
multimarca. Nos próximos cinco anos,
o director espera facturar 30 milhões
de euros, tendo a empresa aumentado
recentemente o seu capital de 300 mil
euros para 1,5 milhões.
Reconhecendo que as marcas portuguesas têm melhorado nos últimos
anos, José Miguel Barros ressalva que
a etiqueta made in Portugal continua
com dificuldades de afirmação nos
mercados internacionais. “Não é que
tenhamos má reputação, o problema é
que continuamos desconhecidos. Não
somos um país de vanguarda em termos de moda e design”, sustenta,
acrescentando que, em mercados
como o alemão e o suíço, “persiste
o estigma que resulta das comunidades portuguesas de emigrantes” que
projectam “a imagem do Portugal de
há várias décadas”. “Sempre que lidamos com novos agentes”, explica,
“temos que os trazer a Portugal para
lhes mostrar que somos um país moderno e actual.”
Aposta na China e África
A Onara faz 70 por cento das suas
vendas fora de Portugal. Sem fábrica
própria, à semelhança da maioria das
marcas de pronto-a-vestir, a empresa
decidiu reduzir a produção contratada
em Portugal de 90 para apenas 65 por
cento. Motivo: os preços praticados
pelas confecções portuguesas e a incapacidade de resposta associada à dependência cada vez maior da Inditex
– detentora da Zara. “A base produtiva nacional, em termos de confecção,
está quase exclusivamente suportada
pela Inditex. Neste contexto, produzir
em Portugal tornou-se caro e complicado, nomeadamente por causa das
dificuldades em cumprir os prazos de
entrega”, apontou.
O director-geral da empresa admite que a produção em Portugal possa
descer até valores próximos dos 30
por cento, com a aposta a incidir em
países como “a China, o Norte de África e um bocadinho no Brasil”.
que a estabilidade na curva de crescimento dos preços ainda não é um
dado garantido e, assim sendo, o melhor é mesmo manter uma posição de
controlo e de “vigilância atenta”.
As declarações dos responsáveis da
Fed apontam claramente nesse sentido. “Pessoalmente, sentir-me-ia muito
mais confortável se atingíssemos um
nível para a inflação abaixo dos dois
por cento”, afirmou o presidente da
Reserva Federal de Dallas, Richard Fischer, citado pela agência Reuters.
Este responsável acredita que o
nível dos preços em território norteamericano está em quebra dos patamares mais elevados por onde andou,
mas acrescenta que a Fed continua a
monitorizar as tendências da inflação
de “muito perto”.
Ben Bernanke
Estas declarações vêm confirmar o
conteúdo das minutas da reunião de
Janeiro do Comité de Política Monetária da Fed, onde se diz que os participantes “ainda não vislumbram
uma tendência de abrandamento da
inflação definitivamente estabilizada”,
o que, no entender dos analistas, significa que a autoridade monetária dos
EUA está preparada para voltar a aumentar as taxas de juro se a situação
o justificar.
Mesmo assim, nas declarações à
Reuters, Fischer mostrou-se optimista
em relação a uma quebra das tensões
inflacionistas, uma vez que é previsível que o crescimento económico vai
abrandar e a taxa de evolução do produto interno bruto deverá ficar-se nos
três por cento, numa base anual.
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CONCURSOS PARA ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE DOUTORAMENTO
E PÓS-DOUTORAMENTO 2007 NO ÂMBITO DO PROGRAMA MIT
(Massachusetts Institute of Technology) - PORTUGAL
No âmbito do Programa MIT-Portugal, a FCT abre concurso para:
Bolsas de Doutoramento mistas, a decorrer em Portugal e no MIT, no âmbito dos Doutoramentos em:
• Bio-Engenharia
• Líderes para Indústrias Tecnológicas
• Sistemas Sustentáveis de Energia
• Transportes
em temas especificados pelo Programa e divulgados no sítio da Internet www.mitportugal.org
Bolsas de Pós-Doutoramento no país, nas áreas de:
• Engenharia de Concepção e Sistemas Avançados de Produção
• Sistemas Sustentáveis de Energia
• Sistemas de Transportes
O grau de doutor é atribuído por instituições nacionais. Os tópicos específicos de investigação relativos às bolsas de Doutoramento, bem como os orientadores em Portugal e no MIT, encontram-se definidos pelo Programa MIT-Portugal (em
www.mitportugal.org). O candidato deve apresentar uma carta de motivação, na qual explicite as razões pelas quais pretende ingressar num destes cursos de Doutoramento e, em particular, nos temas seleccionados. Estas bolsas são concedidas,
de acordo com o estabelecido no Estatuto do Bolseiro de Investigação (Lei nº 40/2004, de 18 de Agosto) e ao abrigo do
Regulamento da Formação Avançada e Qualificação de Recursos Humanos da FCT (www.fct.mctes.pt).
BOLSAS DE DOUTORAMENTO MISTAS
Estas bolsas, no número máximo de 9 por cada um dos cursos de Doutoramento atrás indicados e por ano, destinam-se a
licenciados ou mestres visando os temas especificados pelo Programa MIT-Portugal.
BOLSAS DE PÓS-DOUTORAMENTO NO PAÍS
Estas bolsas, no número máximo de 4 por cada área referida anteriormente e por ano, destinam-se a doutorados, de preferência há menos de cinco anos, para a realização de trabalhos de investigação em instituições científicas portuguesas.
FINANCIAMENTO
As bolsas são financiadas por verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
PERÍODO DO CONCURSO
O concurso estará aberto a partir do dia 1 de Fevereiro de 2007. As candidaturas apresentadas até ao dia 16 de Março de
2007 poderão ter início a partir do dia 1 de Maio de 2007 (excepto na área de Bio-Engenharia, que terão início a partir do
dia 15 de Setembro de 2007). As candidaturas apresentadas até ao dia 30 de Junho de 2007, poderão ter início a partir do
dia 15 de Setembro de 2007.
ENTREGA DE CANDIDATURAS
As candidaturas devem ser submetidas através de http://www.fct.mctes.pt/bolsas/concursos . Esta submissão deve ser acompanhada pelo envio dos certificados de habilitações e cartas de referência. Não são aceites candidaturas submetidas por
outros meios. Informações adicionais disponíveis a partir de dia 1 de Fevereiro de 2007 no sítio, www.mitportugal.org
Esta documentação em papel deverá ser enviada por correio ou entregue em mão, num envelope fechado, endereçado a:
Programa MIT-Portugal a/c Dr.ª Cláudia Oliveira
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Av. D. Carlos I, 126, 2.º
1249-074 LISBOA
As bolsas atribuídas na sequência deste concurso poderão ser financiadas por fundos nacionais e por
fundos estruturais da União Europeia de acordo com os respectivos regulamentos
União Europeia - Fundos Estruturais
Governo da República Portuguesa
P
Público
44 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Editorial
Esmoriz,
Caparica:
uma eterna
falta de
memória
É muito mais sensato
e realista deslocar as
populações das zonas
ameaçadas pelo mar
do que tentar deter o
mar com pedregulhos.
É que, quando não
se respeitam os
dinamismos naturais,
a natureza acaba
sempre por cobrar,
e com juros, os seus
direitos
Cartas ao Director
Educação:
energia zero?
Para mim, a melhor notícia que veio
com a remodelação do PÚBLICO foi
a entrada do meu bom amigo Carlos
Fiolhais no grupo dos seus cronistas.
E o que pretendo dizer seria sem
dúvida mais bem explicado por ele,
capaz como é de simplificar as coisas
complicadas.
A única maneira de acelerar
um corpo em movimento sem
aumentar o dispêndio de energia é
diminuir-lhe a massa. De maneira
que, tendendo a massa para zero,
a energia tenderá para um valor
nulo. Até que se chega às partículas
sem massa, como a luz ou as ondas
hertzianas, e se atinge a chamada
velocidade infinita.
A educação pública em Portugal
serviu sempre os interesses do
Estado, segundo a perspectiva
dos governantes. Foi assim
com o marquês, despótico e
totalitário, ou com o liberalismo,
incerto e atabalhoado, ou com a
república, positivista e vesga, ou
com a ditadura, ensimesmada
e prepotente. No entanto, havia
sempre a exigência de algum
saber útil. Mas os governos dos
últimos anos passaram a ter como
finalidade máxima o brilharete
das estatísticas, tendendo para o
zero em reprovações. Ou seja, o
E
m Esmoriz os habitantes
do “bairro dos pescadores”
estão em sobressalto, pois
as ondas de um mar bravio
ameaçam as suas casas. Na
Caparica são os “campistas” de um
dos vários campos ali existentes e que
há muito fizeram desses locais sítio de
habitação permanente.
Em Esmoriz e na Caparica pede-se a
intervenção urgente das autoridades e
a construção de obras de “engenharia
pesada” para proteger o lugar onde
essas pessoas vivem. É provável que
oferecer – repito: oferecer – casas a
quem mora em locais ameaçados pelo
mar saia mais barato do que atirar com
pedregulhos ao mar procurando suster
o seu avanço. Mas não é provável que
isso passe pela cabeça de ninguém,
porque a memória dos homens é curta
e ninguém faz a pergunta essencial:
deveria o parque de campismo
ameaçado estar onde está? E o “bairro
dos pescadores”? Mas era essa a
pergunta que devia ser colocada.
Há várias razões, umas conjunturais,
outras estruturais, para o que se
está a passar. Primeira razão: falta
areia nas praias e nas dunas, e falta
porque a construção de barragens
fez diminuir a chegada de areias ao
mar, logo de materiais que as ondas
depositavam nas praias, tal como
falta porque, ao construir onde não
se devia ter construído, se alterou o
funcionamento natural das dunas,
que por definição têm tendência para
alterar a sua configuração ao longo
do ano, tal como falta areia nalgumas
praias, porque esta ficou retida em
lugares onde é desnecessária devido à
multiplicação de esporões ao longo da
costa. Segunda razão: é natural que o
que se está a passar seja efeito de uma
subida ligeira da água do mar devido
ao aquecimento global, mas o ritmo
dessa subida é mesmo assim muito
mais lento do que nos séculos que se
seguiram à última grande glaciação, a
de Wurm.
S
endo assim, e já que não
vamos demolir as barragens
e é muito difícil desmontar
os esporões que foram sendo
construídos, como também
não podemos impedir sozinhos as
alterações no nível do mar, resta uma
só solução sensata: tirar as construções
permanentes dos lugares ameaçados –
e que na sua maior parte nunca deviam
ter sido erguidas nesses locais.
Se há área em que os estudos
geológicos e etnográficos coincidem
é na constatação de que, em zonas de
dunas litorais, as únicas construções
que a natureza autoriza são, por
infinito. Ora, como para atingir a
velocidade infinita é necessário que
as partículas em movimento sejam
de massa nula, só com um valor nulo
de conteúdos o ensino alcançará o
zero em reprovações. A tendência
é essa.
Daniel de Sá
Maia (S. Miguel)
Que gestão escolar?
A Educação sofreu grandes
mudanças, enormes modificações,
sobretudo na relação de trabalho
dos professores e mesmo no modo
de estes o prestarem. O trabalho
dos docentes alterou-se, passando
mais tempo nas escolas, quer em
tarefas lectivas quer em actividades
extralectivas.
O ensino foi alvo de fortes
alterações mas ainda não foi
verdadeiramente tocado na sua
essência por quem de direito,
desde logo na elaboração de novos
programas que de facto preparem
os jovens para a vida em cidadania,
para o mundo do trabalho. É
importante a reformulação daquilo
que se ensina nas nossas escolas,
pois estas não podem ficar atrás de
uma evolução estonteante, frenética
e repentina que todos os dias
observamos.
O novo Estatuto da Carreira
Docente não agradou aos seus
destinatários, os professores.
Espera-se que a sua regulamentação
ajude a atenuar os efeitos negativos
que uma aplicação cega deste novo
diploma pode originar, pois a classe
docente já foi suficientemente
espremida, aguardando-se agora
que o sumo seja algo que beneficie
os nossos alunos.
A gestão da escola/agrupamento
era um dos temas de que o ECD
iriam fazer eco, ou seja, os moldes
em que aquela iria ser concretizada.
Dúvidas existem se a gestão das
escolas vai ficar tal como está
regra, construções leves erguidas
sobre estacas. Como as que existiam
em Esmoriz e na Costa de Caparica
há décadas. Citem-se, pois, dois dos
nossos melhores etnógrafos, Ernesto
Veiga de Oliveira e Fernando Galhano:
“O sistema de construção palafita, na
sua forma mais característica, com
estacaria aberta, representa, de um
modo geral, solução perfeitamente
adequada às condições naturais,
permitindo a passagem das areias sob
as casas que um vento incessante (...)
arrasta ao longo da duna” (in Palheiros
do Litoral Centro, 1964).
Nas últimas décadas, sobretudo
devido à pressão do turismo, a tradição
dos pescadores que habitavam nas
casas palafitas perdeu-se, estas
praticamente desapareceram,
surgiram urbanizações de maior ou
menor dimensão e, depois delas,
dispendiosas obras de engenharia
para as proteger de um mar que já lá
estava antes e de ondas que não são
hoje mais violentas do que há 50 ou
100 anos. Construiu-se sem ter em
conta a experiência de quem por lá
antes habitava, nem a memória de
anteriores desastres. Não se caia agora
no mesmo logro, pois por mais “leve”
ou “pesada” que seja a engenharia
de protecção, a prazo será sempre
efémera. José Manuel Fernandes
agora ou se esta importante área
vai ser ocupada por um gestor ou
por um professor com formação.
Na verdade, desde sempre, nas
escolas públicas portuguesas, mais
que dinheiro (há pouco), há muitas
especificidades que só um professor
domina e, ultimamente, há muitas
emoções!
Desde há uns meses a esta parte
os órgãos de gestão têm sido, e
vão sê-lo nos próximos tempos,
verdadeiros gestores de emoções.
Emoções exacerbadas, sobretudo
aquelas que são vividas e expressas
pelos professores. Creio que a classe
docente vai dar a volta por cima,
sabendo demonstrar toda a sua
capacidade e entusiasmo, mantendo
o caminho que sempre traçou: o
sucesso educativo dos seus alunos.
Filinto Lima
Oliveira do Douro
Enganos e má
educação, o
verdadeiro terror
No momento em que me sento a
escrever, ainda sinto a indignação
que como cidadão e espectador
ainda me está a incomodar a
consciência. Estou na cidade do
Porto e ainda há 15 minutos me
encontrava a ser maltratado pela
directora do Fantasporto, a senhora
Beatriz Pacheco Pereira.
A situação parece ridícula, mas
torna-se assustadora quando
ouvimos palavras proferidas num
tom que resvala uma certa violência
ou pouca educação: “Você pensa
que eu estou para me chatear
com isso?” Assim foi quando me
encontrava com esta senhora
para reclamar a pouca ética de
uma organização que anuncia no
seu programa bilhetes a 3,5€ e
os vende a 4€. Logicamente que
não fui reclamar 0,5€, se bem que
me são legítimos, mas a falta de
ética por mudar à última hora o
preço dos bilhetes, à revelia de
quaisquer direitos dos espectadores
e espectadoras. Para cúmulo, os
programas com o preço estão na
banca do Rivoli.
Não gosto de me calar. Porque
me sinto farto desta cidade onde
a cultura e os agentes, directos e
indirectos, são sempre tratados com
uma enorme falta de respeito. E por
quem? Por pessoas que parecem ter
pouca sensibilidade para questões
éticas. Não quero aqui com isto
contrariar o percurso da directora
do evento relativamente à cultura
nesta cidade. Mas o que me parece
indigno é que um evento desta
magnitude possa alterar preços à
sua vontade e à revelia das leis de
consumo (...)
João Ricardo de Sousa Gomes
Porto
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 45
Contribuinte n.º 502265094
Depósito legal n.º 45458/91
Registo ICS n.º 114410
E-mail [email protected] Lisboa Rua
de Viriato, 13 – 1069-315 Lisboa; Telef.:
210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa
210111005; Dir. Editorial 210111006;
Agenda 210111007; Redacção 210111008;
Publicidade 210111013/210111014
Porto Rua de João de Barros, 265
– 4150-414; Telef: 226151000 (PPCA) /
226103214; Fax: Redacção 226151099 /
226102213; Publicidade, Distribuição
226151011 Coimbra Rua do Corpo de
Deus , 3, 2º – 3000-176 Coimbra Telef.:
239829554; Fax: 239829648 Madeira
Telef.: 934250100; Fax: 707100049
Proprietário PÚBLICO, Comunicação
Social, SA Sede: Rua de João de Barros,
265, 4150 Porto Impressão Unipress,
Travessa de Anselmo Braancamp,
220, Arcozelo/4405, Valadares; Telef.:
227537030; Mirandela – Rua de
Rodrigues Faria, 103, 1300 Lisboa; Telef.:
213613400; Fax: 213613469 Distribuição
Logista Portugal – Distribuição
de Publicações, SA; Lisboa: Telef.:
219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.:
227169600/1; Fax: 227162123; Algarve:
Telef.: 289363380; Fax: 289363388;
Coimbra: Telef.: 239980350; Fax:
239983605. Assinaturas 808200095
Tiragem média total de Janeiro
52.732 exemplares Membro da APCT
– Associação Portuguesa do Controlo
de Tiragem
Luís Afonso
Preto,
branco...
e também
cinzento
É tão arriscado pensar que tudo continuará na mesma como acreditar em que, desta vez, estamos no bom caminho
Dilema
E
sta semana, mais uma vez, a corrupção esteve em
evidência. Será tão arriscado pensar que tudo
continuará na mesma como acreditar em que,
desta vez, estamos no bom caminho. Mas é razoável admitir que se vive um momento delicado.
Se o Governo, alguns magistrados e um ou outro político
quiserem, esta será uma semana de viragem.
EM ENTREVISTAS, FERNANDO SANTO, BASTONÁRIO
dos engenheiros, mostra como o Estado e as suas leis
favorecem a corrupção no sector da construção. Acusa o
poder político de fazer as leis necessárias à corrupção e
não fazer as que seriam indispensáveis para lhe pôr um
termo. Ele sabe do que fala.
NA TELEVISÃO E NOS JORNAIS, PINTO MONTEIRO, PROcurador-geral da República, sem demagogia nem lugarescomuns, deu sinais suficientes de determinação. Ficou-se
com a impressão de que as grandes operações em curso
(Apito, Furacão, autarquias, Câmara de Lisboa...) estão a
ser levadas a sério. Bastou para criar alguma confiança.
ALGURES ENTRE LISBOA E PORTO, MARIA JOSÉ MORGADO
prossegue o seu trabalho. Ela sabe que toda a gente olha
para o que está a fazer com excepcional atenção. O seu
esforço vai servir de exemplo. Os resultados que ela obtiver serão um marco. O que fizer, ou não, terá influência
muito para além do futebol.
A DERIVA NA CÂMARA DE LISBOA TEM VIRTUDES. APESAR
de a autarquia estar ingovernável, os choques entre partidos levam à descoberta de casos suspeitos. Uns seguem a
pista do Parque Mayer, Feira Popular e adjacências. Outros
atiram-se à empresa Gebalis, que, na câmara, tem a especialidade de bairros sociais. Se houver empate, vence a
corrupção. Se vencer a justiça, perdem os outros todos.
UM ESTUDO DO ISCTE (DIRIGIDO POR LUÍS DE SOUSA E
João Triães) sugere, entre outras conclusões interessantes,
que os portugueses são complacentes com a corrupção. E
refere a opinião maioritária de que os governos, à cabeça,
e a justiça, a seguir, são os responsáveis pela ineficácia do
combate à corrupção.
António
Barreto
Retrato da
Semana
NO PARLAMENTO, COMEÇARAM A SER APRECIADOS 14
projectos de lei de combate à corrupção. Parte é da colheita Cravinho, parte é do clima criado pelo desconforto
do Governo. Que vão fazer os deputados? As expectativas
são reduzidas. Governos e parlamentos mostraram a sua
contrariedade perante o tema. O PS teve uma invenção:
criar um observatório, esquecendo que já existe um,
universitário, justamente aquele que no ISCTE acaba de
publicar um estudo.
A PALAVRINHA DADA NO MOMENTO CERTO, QUANDO
está em apuramento um concurso, é certamente menos
gravosa do que a liberdade de circulação entre Governo,
empresa pública, Parlamento e empresa privada. Mas são
de natureza semelhante. O entendimento entre empreiteiros ou comerciantes para a construção de um estádio
de futebol ou para o fornecimento de máquinas ao Estado
parece mais prejudicial do que a colocação de seis amigos
do partido na empresa municipal. Mas são de essências
parecidas. As deliberações camarárias sobre terrenos e
adjudicações directas parecem muito escandalosas, mas
não são menos do que as leis destinadas a encobrir irregularidades e actos de corrupção.
EM QUEM SE PODE CONFIAR PARA LIMITAR E REPRIMIR
a corrupção? É difícil confiar no poder político, que já perdeu, deliberadamente, várias oportunidades. Por exemplo, quando legislou sobre as incompatibilidades, fê-lo de
modo a limpar a consciência, mas esqueceu quase tudo
o que era essencial, como o circuito de via rápida entre
ministérios e empresas. Ou quando legislou sobre bairros
sociais e adjudicações sem concurso. Ou quando travou
os processos do Tribunal de Contas. De toda a maneira,
parece não haver mil soluções. O Governo e o Parlamento
não merecem muita confiança, mas esta é uma das suas
últimas hipóteses. Há condições para isso. O Governo
tem maioria. Cavaco Silva tem-se mantido atento à que
foi uma das suas prioridades programáticas. Quando quer,
Pobre país em que se
pode confiar mais no
fisco e na polícia do
que no Governo e na
justiça! Mas se alguns
políticos e magistrados
quisessem...
Sócrates parece determinado e severo. O desconforto
socialista no Parlamento,
com a rejeição das propostas de Cravinho, deixou sequelas. É pouco provável
que se possa esperar algo
do Governo, mas não é impossível.
NÃO SE PODE CONFIAR
na opinião pública ou na
sociedade civil. As grandes empresas são as principais
responsáveis. As pequenas calam-se. A corrupção é o
modo de vida de muitas. Quanto aos cidadãos, além de
impotentes, vivem bem com a corrupção. Condenam a
dos outros, mas acarinham a sua. Criticam a dos partidos,
mas não se privam de cunhas nos concursos. Perdoam
os autarcas que cometem irregularidades para bem dos
seus eleitores, mas são severos perante o ilícito de que
não vêm benefícios.
DO SISTEMA JUDICIAL, POUCO SE ESPERA. A SUA INEFIcácia é generalizada. Tem poucos meios especializados.
Vive em crise e cercado por uma opinião cada vez mais
desconfiada. Não há sistema à altura, mas há magistrados,
nos tribunais e na procuradoria, que podem abrir caminho.
Muitas vezes é esta a solução: os sistemas não funcionam,
mas parte deles pode dar o exemplo.
O FISCO É UMA ESPERANÇA. A POLÍCIA, OUTRA. O GOVERno precisa tanto de dinheiro que deu meios. A luta contra
a fuga fiscal é sempre luta contra a corrupção. Ajudados
por técnicos capazes (contabilistas, inspectores, advogados, engenheiros e economistas), o fisco e a polícia podem
ser a divisão avançada nesta luta. Com uma fragilidade: o
Governo pode travá-los em qualquer altura.
POBRE PAÍS EM QUE SE PODE CONFIAR MAIS NO FISCO
e na polícia do que no Governo e na justiça! Mas se alguns
políticos e magistrados quisessem...
46 • Público • Domingo 25 Fevereiro 2007
Espaçopúblico
Do outro mundo
Vasco
O homem lógico
Paulo Moura
V
“O amor só deve ser evocado com tacto, delicadeza e, certamente, sem inflação”
Cinzas da Quaresma
R
eunida em assembleia extraordinária, a Conferência Episcopal Portuguesa, na sequência
do último referendo, decidiu propor algumas
reflexões pastorais aos cristãos e à sociedade
em geral (16/2/07). O jornalista António Marujo investigou os “Alçapões da doutrina oficial católica na
questão do aborto” (PÚBLICO, 20/2/07). A discussão vai
certamente continuar e, agora, mais centrada na configuração do “aconselhamento”.
Esta Quaresma estará, por isso, marcada com as cinzas
de um debate que o fogo da Páscoa poderá transfigurar.
Bento XVI, na sua mensagem, encara o mundo como um
grande caso de amor, de ágape e de eros, apresentado numa bela perspectiva teológica. Não esquece, porém, a tão
discutida lei natural, que considera o único baluarte válido
contra o arbítrio do poder ou os enganos da manipulação
ideológica. No discurso dirigido ao Congresso sobre a Lei
Moral Natural (17/2/07), afirma que “nenhuma lei feita pelos
homens pode subverter a norma escrita pelo Criador, sem
que a sociedade seja dramaticamente ferida naquilo que
constitui o seu próprio fundamento basilar”. Julga o Papa
que “a contribuição dos homens de ciência é de importância primária. Juntamente com o progresso das nossas
capacidades de domínio sobre a natureza, os cientistas devem contribuir também para nos ajudar a compreender
profundamente a nossa responsabilidade pelo homem e
pela natureza que lhe é confiada. Tendo isto como base, é
possível desenvolver um diálogo fecundo entre crentes e
não-crentes; entre filósofos, juristas e homens de ciência,
que podem oferecer também ao legislador um material
precioso para a vida pessoal e social”.
I
mporta saudar esta persistente vontade de articular as
expressões da fé e da razão. Não basta, porém, o voluntarismo para a concretizar. Foi essa, aliás, a crítica
de Paul Valadier à instrução Donum Vitae, publicada,
em 1987, pela Congregação para a Doutrina da Fé: “Ao
situar-se no terreno antropológico, o magistério pastoral
de responsabilidade expõe-se, legitimamente, a discussão.
Argumentos de razão, mesmo revestidos da aura de quem
os pronuncia, continuam a ser argumentos de razão. É
mesmo agradável que, ao proceder assim, a autoridade
eclesiástica se sinta obrigada a desenvolver longa, minuciosa e rigorosamente argumentos oferecidos deste modo
ao debate público da razão comunicacional. Todavia, surge
uma contradição quando, depois de ter assim avançado no
terreno da razão, o magistério eclesiástico reivindique que
Frei Bento
Domingues
este discurso de razão seja, na realidade, ouvido como um
discurso de autoridade, ou quando afirma que se deve aceitar não em primeiro lugar pelos argumentos avançados, mas
em virtude da autoridade que os pronuncia. Esta pretensão
a falar razão com autoridade é contraditória e mistura os
domínios. Arrisca-se, sobretudo, a fazer perder crédito a
este tipo de discurso ao deixar suspeitar de uma simulação:
finge-se falar razão, mas afirma-se saber, autoritariamente, o que a razão deve dizer. O que desconhece o regime
da razão” (1). Para lá desta tradução deficiente, o jesuíta
francês reage a um comunicado do cardeal Decourtray, na
altura, presidente da Conferência dos Bispos de França, que
mandava calar contestações e polémicas provocadas pelo
documento referido, declarando: “A autoridade doutrinal e
moral desta instrução não se tira da argumentação racional
proposta, nem da enumeração das reacções que origina;
deriva da responsabilidade magistral do Papa, que deixa e
manda ensinar esta doutrina”.
P
aul Valadier termina a sua obra citada, inconformado, em parte, com a seguinte posição de Albert
Camus: “Se tivesse de escrever um livro de moral,
teria 100 páginas e 99 estariam em branco. Na
última, escreveria: ‘Só conheço um único dever,
que é o de amar’”. E Valadier tem razão: “Um amor que
não tivesse conteúdo, que não considerasse o conjunto da
condição humana no seio das relações que a constituem,
um amor que não viesse concluir um trajecto, retomando-o
como um conjunto último, ou que não fosse esse sopro que
abrange toda uma vida, seria um amor vazio e vão, uma ilusão de amor, uma palavra vazia, uma projecção idealizante
de si sobre outrem, justamente tudo o que a condição cristã
rejeita como sendo a sua caricatura (...). Tal como todas as
coisas raras e preciosas, o amor só deve ser evocado com
tacto, delicadeza e, certamente, sem inflação”.
Nesta Quaresma, a Comissão Nacional Justiça e Paz
cumpriu algumas dessas exigências do amor. Ofereceu
aos cristãos, às suas comunidades e organizações, assim
como à sociedade civil, um contributo sólido para o debate
de ideias, no seio de novas expressões de criatividade e de
novas formas de intervenção cívica. Esta reflexão sobre o
nosso mundo e a nossa sociedade interpela os actuais estilos de vida, procura alternativas e, contra o pessimismo,
acolhe “sinais de ressurreição”.
Sem isto, a Quaresma é pouco mais que cinzas rituais.
(1) Paul Valadier, A Condição Cristã, Lisboa, Piaget, 2004, p. 211.
i com os meus próprios olhos um homem tornar-se racional. Foi muito penoso. Conhecia-o bem,
era um tipo normal, até certa altura. Sempre
mostrou uma tendência para questionar a realidade que o rodeava, o que frequentemente dava
origem a conversas intelectualmente estimulantes. Coisas
que nos passavam despercebidas aproveitava-as ele para reflectir sobre o mundo, para tirar conclusões drásticas, para
criticar e se indignar. Era um cidadão consciente e lúcido,
daqueles a quem não é fácil enganar. Conferia sempre as
contas nas lojas, submetia os actos dos amigos a um rigoroso
exame moral. Resultado: as pessoas tinham cuidado com
ele e não prevaricavam. Isso era bom. A sua presença tinha
um efeito edificante, dissuasor da auto-indulgência. Elevava
o nível à sua volta, digamos assim. Mas de um dia para o
outro começou a comportar-se de forma estranha.
Jantávamos num restaurante e, ao contrário do costume,
ele estava muito calado. Parecia preocupado, como se o
atormentasse algum problema sem solução. De repente,
levantou-se. Dirigiu-se à mulher de uma mesa ao lado e
fez-lhe esta curiosa observação: “Minha senhora, peço
desculpa por a abordar desta forma, mas... os seus seios
estão a notar-se”.
Era lógico que teria
Ela corou instantaneamente e não conseguiu evide ser internado,
tar baixar os olhos para o
expliquei-lhe. Ele olhou seu próprio peito. Mas não
havia nada de anormal. Usapara mim, lívido,
va uma camisola de lã de gola alta, não particularmente
cheio de olheiras...
provocante.
“Eu sei que pretende cobrir os seios, mas a verdade é que
eles se notam perfeitamente, lamento dizer-lhe”, prosseguiu
o meu amigo racional, apontando para as duas protuberâncias que moldavam o pulôver azul. “Se é obsceno exibir os
seios em público, não o é menos denunciar a sua existência
de forma tão óbvia”.
Consegui arrastar o meu amigo para fora do restaurante,
mas não logrei convencê-lo da estupidez da sua atitude.
Insistia ele que, se havia uma regra social segundo a qual
as mulheres deviam esconder os seios, seria lógico que
se empenhassem verdadeiramente em fingir não os ter,
explicava.
E isto foi só o começo. No dia seguinte fez ver a uma grávida que passear-se naquela condição era como anunciar
com um megafone que tinha praticado sexo. “Ora, se o acto
sexual deve ser feito às escondidas, é uma vergonha andar
a mostrar o estado em que se ficou...”, dizia ele.
Tornou-se insuportável. E o pior é que era difícil combater
os seus argumentos. Por mais absurdo que parecesse, havia
alguma lógica no que dizia. Talvez demasiada. Era esse o
problema: ele levava os raciocínios até ao fim.
Começou a recusar-se a comer em restaurantes, pois
alegava que os cozinheiros usavam restos e cuspiam na
comida. “É lógico!”, gritava, louco de lucidez. “Já reparaste na quantidade de comida que os clientes deixam
nos pratos? Por que razão não haveriam esses restos de
ir engrossar a sopa, ou o bacalhau à Brás do dia seguinte?
E quando o cozinheiro está cansado e com a neura, não
haverá momentos em que odeia os clientes? Que escrúpulo
o vai coibir de cuspir na panela? Se o pode fazer impunemente, é lógico que o faz”.
Passou a cozinhar em casa. Mas só até ao dia em que,
depois de elaborar uma lista de todos os alimentos cancerígenos, oxidantes, indutores do aumento do colesterol,
de problemas digestivos e outros, praticamente deixou
de comer.
Era lógico que teria de ser internado, expliquei-lhe. Ele
olhou para mim, lívido, cheio de olheiras.
E como era extremamente racional, lúcido e lógico,
concordou.
Jornalista
Público • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 47
As reacções dos leitores sobre as mudanças no jornal sucedem-se. Os comentários e justificações também
Muda-se o PÚBLICO (II)
A
s reacções dos leitores sobre as mudanças no
PÚBLICO sucedem-se.
“Quando há mudanças é natural que surja
alguma perturbação inicial. Leva algum tempo
para substituir a estrutura do jornal memorizada pela nova.
Por enquanto, não me queixo a esse nível.
Contudo, passei a ter de ler o jornal com uma lente, o que
não acontecia até agora. Deixei de ter prazer na leitura do jornal e passei a confrontar-me com a ideia de velhice resultante
da fadiga da leitura! Até o Calvin diminuiu sensivelmente de
tamanho! As tabelas tornaram-se quase ilegíveis.
O novo formato das fotografias, nitidamente maior, não me
compensa das perdas de qualidade na leitura.
É um pouco estranho que quando a população idosa aumenta, se lhe dificulte a leitura...
Verifiquei também que o endereço e-mail do Provedor deixou de ser indicado, tendo sido necessário passar pelo Google
para o encontrar!”, escreve José Hipólito dos Santos, um
leitor de Oeiras.
Rui
Araújo
Provedor
do leitor
O endereço electrónico do provedor do leitor do PÚBLICO
é o seguinte: [email protected]
“De um leitor desde o número 1: Lá temos de gramar uma
nova revolução gráfica, que eu aceito como um sacrifício que
temos de suportar para os directores salvarem o jornal, nestes
tempos de jornais gratuitos e Internet.
Mas há uma falha muito grande que tenho de protestar:
O TAMANHO DA LETRA E/OU A QUALIDADE DO PAPEL
OU OUTRA COISA QUALQUER QUE NÃO SEI EXPLICAR,
PERTURBAM-ME A LEITURA. NA SEMANA PASSADA ATÉ
DESISTI DE LER OS ARTIGOS DOS COMENTADORES, POR
CANSAÇO VISUAL.
E nunca até hoje tive problemas de visão, felizmente”, escreve Manuel Lagido, um leitor de Vila do Conde.
Pedi um esclarecimento ao director.
“Efectivamente não reduzimos o tamanho da letra, mudámos foi o tipo de tipografia e esta é mais fina, menos
densa, que a anterior.
Inicialmente, quando vi as primeiras provas, pareceu-me
bem. Quando fizemos os números de teste, impressos em
papel de jornal, comecei a ter dúvidas. Coloquei a questão
a várias pessoas, incluindo todos os membros do nosso
conselho consultivo, porque eu vejo bem ao perto e não
queria julgar sozinho. Todos, sem excepção, disseram que
estava bem. Mas agora tenho vindo a receber cada vez mais
queixas, pelo que já estamos a trabalhar para aumentar o
corpo da letra”, respondeu José Manuel Fernandes.
“Tenho, antes de mais, que aplaudir o novo grafismo.
Está apelativo e, passada a fase inicial de estranheza, torna-se agradável. Há o problema do tamanho das imagens:
excessivamente grandes e que convidam ao facilitismo nos
textos, os quais se poderão tornar mais curtos e menos profundos. O tipo de letra, ainda que de fácil leitura, será talvez
um tudo-nada diminuto. Um ou dois pontos de aumento do
mesmo fariam bem.
Relativamente às mudanças não visuais, há obviamente
aspectos bons e maus. Tendo apenas acesso ao PÚBLICO
on-line (de que sou assinante), não posso falar muito dos
suplementos. Ainda assim, fico com a sensação que o novo
‘Ípsilon’ é bastante mais curto que o ‘Y’. Aí, das duas uma:
ou o ‘Ípsilon’ é realmente mais pequeno (e nesse caso temos a
crítica a um suplemento tão fraco) ou então a edição on-line
do mesmo está substancialmente reduzida face à edição em
papel (de onde advém uma diferença de tratamento entre
os clientes). Sendo o segundo caso aquele que se aplica (e há
razões para acreditar nisso), convém explicar se isso é uma
opção para se manter (de onde adviria uma falha perante
os assinantes, não informados acerca da mudança) ou se é
apenas um erro (e nesse caso há lugar a pedidos de desculpas e uma correcção rápida do problema). Tendo também
o ‘Ípsilon’ sido anunciado como um cruzamento entre o ‘Y’
e o ‘Mil Folhas’, nota-se a falta de conteúdo de um e outro
suplemento. Aqui, repito, poderá ser o problema da falta
da edição on-line.
O segundo caderno, ‘P2’, está também interessante. Tem
alguns temas de actualidade premente e assume uma vertente
mais leve e lúdica, que motiva a leitura pelo prazer. Ainda
assim, será, a espaços, excessivamente ‘leve’ de conteúdos,
caindo em alguns facilitismos de escrita e de temas. Por outro
lado, repete-se aqui uma crítica pessoal bastante antiga: a da
falta de qualidade da secção de Ciência, desta vez agravada
pela falta de conteúdo, o qual parece ter diminuído com a
‘refundação’. Há que notar que ter uma secção de Ciência
implica algo mais do que publicitar prémios de investigação
científica ou anunciar as novas edições do Windows (algo que
considero ridículo surgir na secção de ciência, sendo mais lógico na economia ou sociedade). Implica antes falar de novos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos e apresentá-los
numa linguagem acessível a leigos. Isso raramente tem sido
feito (especialmente se comparada essa actividade com a das
restantes secções do jornal), o que é inaceitável quando há
centenas de publicações científicas mensais com dezenas de
artigos disponíveis. Certamente que é possível ao PÚBLICO
encontrar mais informação para publicar.
Nota para os artigos de opinião: é pena que tenham sido ‘atirados’ para o fim do jornal. Uma marca distintiva do PÚBLICO
era o surgimento da Opinião logo a seguir ao Destaque. Dava
peso à escrita dos seus autores e motivava o leitor a pensar no
assunto. Assim, com os textos no fim, o leitor poderá descartar a opinião por puro cansaço ou desinteresse, visto que já
terá lido o restante do jornal. Esta observação é, creio, tanto
mais pertinente quanto os leitores que mais frequentemente
lerão os artigos de Opinião
serão também aqueles que
mais tendência terão a ler
todo o jornal.
Última nota (e recorrente)
para a edição on-line (paga).
Com a mudança no site do
PUBLICO.PT, surgiu um novo estilo de leitura bastante mais
agradável, onde se pode ver toda a página como uma imagem.
Isto acrescentou a possibilidade de ver as fotografias e outras
imagens/gráficos, o que facilita imenso a compreensão de
inúmeros artigos. Ainda assim, é pena que este sistema não
tenha sido estendido aos suplementos, os quais continuam a
surgir apenas em formato de texto (com a agravante de, agora,
nem sequer ser possível ver as capas). Com esta nova interface não há quaisquer razões para não incluir os suplementos
no estilo de ‘texto + imagens’. A crítica também poderia ser
levada ao suplemento ‘Inimigo Público’ (que creio continuar
a ser publicado), o qual não era disponibilizado na edição
on-line (segundo me foi explicado em tempos pelo director
do PUBLICO.PT José Vítor Malheiros) devido à profusão de
imagens. Essa explicação já não colhe, portanto”, escreve João
Sousa André, um leitor de Enschede, Holanda.
“O tipo de letra, ainda
que de fácil leitura,
será talvez um tudo-nada diminuto”
Solicitei um esclarecimento a José Vítor Malheiros.
“A razão por que há suplementos que não estão disponíveis com o mesmo aspecto gráfico (e a mesma fiabilidade e
funcionalidades) dos cadernos principais do PÚBLICO não
tem a ver com a quantidade de imagens desses suplementos
(ter-me-ei certamente explicado mal ao leitor) mas com o
facto de eles serem paginados num sistema diferente do
resto do jornal – que não nos permite a mesma abordagem
técnica de geração da versão on-line da edição impressa. Está
prevista a integração dos suplementos no mesmo sistema,
mas ela tem sido adiada. Não nos será possível apresentar
os suplementos com o mesmo aspecto gráfico e as mesmas
funcionalidades dos cadernos principais antes que essa integração tenha lugar. Escusado será dizer que desejamos
essa integração, que ela está decidida e planeada e que ainda
não aconteceu por manifesta impossibilidade física – que
excede a capacidade de intervenção do subscritor desta
resposta”, respondeu o director executivo.
Na próxima crónica reproduzirei mais reacções.
Ficha técnica
CONSELHO GERAL
Presidente: Paulo Azevedo Vogais: António Casanova,
António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Luís Filipe Reis
DIRECÇÃO DA EMPRESA
Presidente: Hugo Figueiredo Vogais: José Manuel
Fernandes, João Maria Porto
CONSELHO CONSULTIVO
André Gonçalves Pereira, António Barreto, António
Borges, António Vitorino, Diogo Lucena, Isabel Mota,
José Amaral, Manuela Melo, Rui Guimarães
DIRECÇÃO EDITORIAL
Director: José Manuel Fernandes
Director Executivo: José Vítor Malheiros
Directores adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
Subdirectores: Amílcar Correia, Paulo Ferreira
Directora de arte: Sónia Matos
Adjuntas da Direcção: Lucília Santos
e Teresa Freitas (Porto)
Secretária da Direcção: Madalena Rhodes Sérgio
EDITORES
Portugal: Dulce Neto, Tiago Luz Pedro, Luciano
Alvarez, Raposo Antunes Mundo: Margarida Santos
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Local Lisboa: Carlos Filipe Local Porto: José
Augusto Moreira Desporto: José J. Mateus, Nuno
Sousa Economia: José Manuel Rocha, Luís Villalobos
(suplemento Economia) Vítor Costa P2: João Carlos
Silva, Bárbara Reis, Joana Amado
Edições de Fim-de-semana: Sandra Silva Costa
Público Online: António Granado, Alexandre Martins
Pública: Ana Gomes Ferreira e Marco Vaza (adjunto)
Digital: Pedro Ribeiro Fugas: Pedro Garcias Ípsilon:
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Grande Reportagem: Adelino Gomes (redactor
principal), Alexandra Lucas Coelho (grande repórter),
Kathleen Gomes, Paulo Moura (grande repórter)
REDACTORES E REPÓRTERES
Portugal: Alexandra Campos, Ana Cristina Pereira,
Andrea Cunha Freitas, Andreia Sanches, António
Arnaldo Mesquita (grande repórter), António Marujo,
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Gomes, Clara Viana, Filomena Fontes, Isabel Leiria,
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Botelho, Mariana Oliveira, Margarida Gomes, Paula
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Garcia, São José Almeida (redactora principal), Sofia
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Cultura: Alexandra Prado Coelho, Carlos Câmara Leme,
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Mendes, Paulo Curado Economia: Ana Fernandes, Ana
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Eduardo Melo, Helena Geraldes, Paulo Miguel Madeira,
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Editor de fecho: José Souto Paginação: Ana Carvalho,
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Pinto, Joana Lima, Jorge Guimarães, José Soares, Marco
Ferreira, Nuno Costa, Pedro Almeida (subeditor),
Pedro Costa, Sandra Silva Infografia: Célia Rodrigues,
Joaquim Guerreiro, José Alves
PROVEDOR DOS LEITORES Rui Araújo
Sorteio do Joker
Número sorteado: 5.039.586
1.º prémio: 567.312 euros
Sorteio do Totoloto
Chave sorteada: 10, 22, 25, 30, 35, 41 + 15
1.º prémio: 375.304 euros
I
25 Fevereiro 2007
Entrevista
António Barreto
fala dos males
de Portugal e da
série que estreia
na RTP1, P2
S S N :
0
8
7
2
-
9 770872 154071
1
5
4
8
06176
Crónica
O que têm em
comum a OTA
e as Urgências?
Diogo Quintela
P2
Crónica
As memórias
melómanas de
Bénard da Costa,
P2
Um diálogo original
de segunda
a quinta-feira
De segunda a quinta-feira, o
espaço de opinião da última
página é ocupado por Rui
Tavares e Helena Matos. Ambos
partilham uma coluna chamada
Pingue-pongue num registo
que se inspira na troca de
argumentos habitual entre
os animadores da blogosfera,
mas com outra respiração
argumentativa, e no ritmo
diário que era comum
aos folhetins dos primórdios
da imprensa. A semana que
começa amanhã é aberta por
Rui Tavares, pois coube a Helena
Matos arrancar no passado dia 19.
Vasco Pulido
Valente, como
é habitual,
estará de
regresso sexta,
sábado e
domingo
Opinião
A direita e Paulo Portas
Vasco Pulido Valente
D
izem que Paulo Portas
vai voltar à política na
próxima semana. Paulo
Portas não vai voltar à
política. Não se volta
à política quando se é deputado.
O que Paulo Portas vai fazer, ou
tentar fazer, é tomar conta do CDS.
Escolheu bem a altura. Há um
sentimento geral de que a direita
está impotente perante Sócrates.
Marques Mendes não conseguiu
ainda arrumar o PSD e cometeu
erros sem desculpa. O CDS para
efeitos práticos não existe, embora
meia dúzia de “notáveis” gozem
agora de uma falsa importância e
proeminência, que não querem com
certeza perder. Paulo Portas tem
o caminho aberto e, esperemos,
mais tranquilidade e mais dúvidas.
Passou a época da aprendizagem.
Desta vez, depois do partido e
depois do governo, os riscos que se
prepara para correr só lhe valem a
pena, se unir ou dominar a direita.
Sofrer a animosidade que sempre
provocou, e provoca, para tornar
a ser parceiro minoritário numa
coligação com PSD não é, para ele,
nem uma opção, nem, sobretudo,
um destino digno.
A
direita precisa de um
programa. Mas Paulo
Portas não se pode
deixar convencer pelo
liberalismo diletante e
teórico, que por aí anda, a diminuir
ou a enfraquecer a Segurança Social
e o Sistema de Saúde. Quem tocar
ou quiser tocar neste fundamento
do regime (uma loucura a que nem
a sra. Thatcher se atreveu), fica para
lá do pálio e nunca mais ninguém
lhe tocará. Da educação às leis do
Paulo Portas não deve cair
em duas tentações. Primeiro,
na tentação de “moralizar”
os costumes. Segundo, na
tentação do nacionalismo
trabalho e da administração do
Estado (central e local) a dezenas
de empresas pública falidas,
não falta à direita oportunidade
para desregular, privatizar e,
principalmente, eliminar o enorme
desperdício acumulado por trinta
anos de “centrão”. Desobstruído
o país de parte do seu parasitismo
histórico, o resto depende da
política fiscal.
Fora isto, Paulo Portas não
deve cair em duas tentações.
Primeiro, na tentação de
“moralizar” os costumes, que
resvala necessariamente para a
inconsequência ou para o ridículo:
não cabe à presuntiva direita
indígena mudar ou resistir à
civilização do Ocidente. E, segundo,
na tentação do nacionalismo, a
que um pequeno país, que vive da
“Europa”, é no fundo indiferente.
Os velhos vícios portugueses não
se curam com exortações. Se por
acaso são curáveis, são curáveis
com uma boa dose de liberdade
e responsabilidade, duas coisas
que, do PSD ao Bloco, horrorizam
o regime estabelecido. Se o futuro
CDS de Paulo Portas for subversivo,
sem ser populista, talvez nos tire um
dia desta vil tristeza.
Arquitectura
Calatrava acusa
Câmara de Bilbau
de “barbaridade”,
P2
Sobe e desce
Cristiano Ronaldo
Marcou o seu 16.º golo na Premier
League (aos 88’ do jogo com
o Fulham) e para já deixou o
Manchester com mais nove pontos
do que o Chelsea. Alex Ferguson,
que tinha substituído Ronaldo
frente ao Lille, reconheceu que
ontem o português mereceu ser o
melhor em campo. Será que este é
o golo que definitivamente coloca
o título inglês nas mãos do MU?
(pág. 38) L.O.C.
Naide Gomes
Até ficou abaixo da sua própria
marca (6,76 metros), mas a atleta
portuguesa foi ontem a única
europeia a subir ao pódio em
Atenas. Naide Gomes ficou em
segundo lugar na prova de salto
em comprimento do meeting de
Atenas, com uma marca de 6,59
metros, sendo batida apenas pela
cubana Yargelis Savigne. A prata
chegou a poucos dias de Naide
defender o título europeu em
Birmingham (pág. 39). S.S.C.
D. Manuel Clemente
A nomeação do bispo D. Manuel
Clemente para a Diocese do
Porto traduz o reconhecimento
por um trajecto que apostou no
diálogo cultural e não esquece
a necessidade de entender a
religiosidade portuguesa.
D. Manuel tem agora a missão
espinhosa de tomar decisões
difíceis que dinamizem a segunda
diocese mais importante do país
(pág. 7). A.M.
Alberto João
Jardim
Ele já é um habitué nestas
páginas, mas não há nada a
fazer. Talvez para não ficar
completamente mal na fotografia,
Jardim orientou o seu ataque na
direcção de Sócrates e delegou
noutros dirigentes os reparos a
Cavaco Silva. Com esta manobra,
pode continuar a vitimizar-se pela
promulgação da Lei das Finanças
Regionais sem que tenha de dar
a cara. Mas já toda a gente sabe
como ele funciona... (pág.11) S.S.C.
PUBLICIDADE
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • [email protected]
NUNO FERREIRA SANTOS
Calatrava
acusa câmara
de Bilbau de
“barbaridade”
Pág. 14
António Barreto mostra o melhor e o pior de nós Pág.4/9
2 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Blogues
em papel
No passado 25 de Fevereiro de 1964
Sobre o encerramento
das urgências
Uma medida lógica
http://a-partir-pedra.blogspot.com/
Antes de vir aqui escrever fui ler o
tal relatório de que tanto se fala e
que poderá ser lido aqui. Encontrei
um relatório que me pareceu
correcto e lógico, assentando sobre
factos concretos e mensuráveis.
25.02.07
Para onde
olha Aurélia
de Sousa?
Neste auto-retrato, entre vários
que pintou ao longo da vida,
Aurélia de Sousa representase numa figuração enigmática,
a partir da imagem que ela
própria observa da reflexão
do seu rosto no espelho ou
através de fotografia. Nesta
pequena obra que se presume
realizada em Paris, por volta
de 1900, a autora estrutura
uma composição que supera as
convenções oitocentistas e revela
uma inesperada modernidade. A
absoluta frontalidade da figura
suspensa no olhar dirigido e a
rigorosa simetria da composição
definem, em traços gerais,
algumas das particularidades
deste retrato. E esta sobriedade e
esta austeridade tão plenamente
alcançadas, destacando a força
e a energia da figura que o
domina totalmente, contribuem
para que este auto-retrato de
Aurélia de Sousa se constitua
como uma obra-prima da pintura
portuguesa na transição do
século XIX para o XX.
Auto-retrato
Aurélia de Sousa (1866 – 1922)
Século XIX (c.1900)
Museu Nacional de Soares dos Reis,
Porto
© Instituto Português de Museus
As urgências
de cortar a despesa
http://ridiculoquotidiano.blogspot.com/
O Ministério da Saúde afirma
que só 450 mil cidadãos estarão
apenas a uma hora de um serviço
de urgências. “Apenas”? Qual
é a definição de urgência? Uma
hora em termos de saúde é uma
eternidade. Alguém que sofra um
acidente, tenha um ataque cardíaco,
bronquite asmática, amputação de
um qualquer membro, entre outros,
uma hora é uma sentença de morte.
(...) Se querem economizar, que
se faça nos casos flagrantes, como
(usando uma expressão do próprio
ministro) a “obra faraónica” da Ota,
ou os prémios, reformas, avenças,
estudos e afins que são doados pelo
Estado a apenas um punhado de
cidadãos.
As prioridades do
socialismo moderno
http://arte-de-opinar.blogspot.com/
É espantosa a facilidade com que
este Governo decide encerrar
hospitais, maternidades e serviços de
urgências nos centros de saúde, e ao
mesmo tempo promete investir no
apoio às mulheres que optem pela
interrupção voluntária da gravidez.
Desertificação pois
http://os360graus.blogspot.com/
É horrível a desertificação que
assistimos do nosso interior, mas
como é possivel alguém optar por
viver a 150km da próxima urgência?
Deixem-me ver se percebi
http://nasminhaslinhas.blogspot.com/
Sua Exa. o ministro Correia de
Campos hoje esteve em grande com
duas fantásticas afirmações em
menos de 30 segundos:
- 3 pessoas são operadas de urgência
nas urgências médico-cirúrgicas do
Hospital de Chaves e 0 pessoas são
operadas durante a noite, pelo que
não se justifica mantê-las abertas;
- ninguém quer enterrar no interior
jovens anestesistas de 30 anos
que estão na flor da idade e do
seu charme. Pois. Não sei se terei
ouvido bem, mas este senhor disse,
em menos de 30 segundos, em
horário nobre, que a única coisa
que as urgências fazem é operar
e, não se operando, fecha-se. Eu
até percebo que um leigo como o
Sócrates não possa perceber, mas
o ministro com a pasta relativa aos
hospitais devia saber que operações
não é certamente a única ocupação
das urgências médico-cirúrgicas.
Embora, admito, o nome seja
enganador, vá. Mas diria que o
ministro podia ter mostrado uns
trabalhos de casa um bocadinho
melhor preparados. Ou se calhar
anda a ver muitos episódios da
Grey’s Anatomy.
Quando abalou
o mundo, Ali
ainda era Clay
A 25 de Fevereiro de 1964, uma
aposta em Cassius Clay contra
Sonny Liston era um disparate.
Liston era o campeão do mundo
de pesados, praticamente
invencível; Clay era um jovem
convencido de 22 anos que falava
de mais, mas que ganhara o
direito de disputar o título pela
medalha de ouro nos Jogos
Olímpicos de 1960. O prognóstico
dos especialistas era este: no
ringue do Miami Convention Hall,
a temível esquerda de Liston
iria desfazer o queixo de Clay.
Antes do primeiro toque, Clay
disparava o primeiro golpe. “Urso
feio”, foi o que chamou a Liston.
Quando soou o gongo, quem
lá estava viu ao perto o estilo
de Clay, fiel ao que mais tarde
seria o seu lema – “voar como
uma borboleta, picar como uma
abelha”. Clay dançava no ringue,
avançava, recuava, esmurrava
com a velocidade de um
relâmpago, enquanto o veterano
campeão só atingia ar. Ao fim
dos três minutos do primeiro
assalto, Liston já dava mostras de
cansaço. Nos assaltos seguintes,
o seu rosto ficava inchado, as
pálpebras cheias de cortes. Mas
ao fim do quarto round, os olhos
de Clay começaram a arder. O
mais provável era que os homens
DR
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 3
Quem grita
seus males espanta
Ao domingo
José Diogo Quintela
a O que é que o fecho dos
serviços de urgências e a
construção do aeroporto da
Ota têm em comum? Como é
óbvio, nada. Mas isso deixame sem tese para esta crónica.
Portanto, toca a arranjar uma
ligação. Mas qual?
À primeira vista, também
não sei. Estive a pensar nisso
e a única coisa que me ocorre
é que: 1) partindo do cliché
hollywoodesco que retrata as
enfermeiras como objectos
sexuais muito apetecíveis e 2)
sabendo que, em bom calão
português, se chamam “aviões”
às mulheres bonitas, então
acho que o que o fecho das
urgências e a construção da
Ota têm em comum é que, em
ambos os casos, vai haver uma
deslocalização de aviões. É uma
ligação rebuscada e pateta, não
é?
A minha segunda hipótese
não é tão grosseira, mas
também não tem tanta piada,
se for contada num jantar de
adolescentes que vêem a bola e
bebem cervejas.
É a seguinte: a forma como
estas duas decisões foram
tomadas pelo Governo explicam
bem o modo de actuar de José
Sócrates. Ambas têm o seu quê
de polémico, ambas foram
Bartoon
contestadas, mas só numa é que
o Governo parece periclitar.
Precisamente naquela em que
se refilou com mais barulho.
Em que o povo saiu à rua e fez
banzé.
Portanto, contrapor
argumentos, estudos de
engenheiros de todo o jaez,
depoimentos de especialistas
nas matérias em questão, etc.
e tal, tudo isto é muito giro,
mas não aquece nem arrefece.
Agora, cortar estradas e fazer
charivari, isso sim, já põe o
Governo em sentido. No fundo,
é um governo de betinhos que
se assustam com as primeiras
arruaças. Eu conheço bem esse
género de meninos – fanfarrões
nas aulas, mansinhos no recreio
– dos meus tempos de liceu.
Eram os meus amigos.
Nos documentários sobre a
natureza, às vezes dizem que,
se formos atacados por um
animal selvagem, a melhor
maneira de o afugentar é
fazer muito barulho. Sócrates
lembra um desses animais
ferozes. Intransigente para
quem quer argumentar de
forma civilizada; tíbio para
quem grita mais alto. Com uma
pequena nuance: como se vê
no caso das urgências, não é ele
que vem ceder, é o ministro da
Saúde. Sócrates é assim como
que a mistura entre um leão
e o Houdini: sabe rugir e ser
autoritário, mas também sabe
desaparecer quando é preciso.
É um Leodini.
Portanto, se alguém se quiser
opor à Ota, o que tem a fazer
é sair de casa todo pimpão e
cortar umas estradas. Talvez
assim já seja ouvido. Vá, Miguel
Sousa Tavares, toca a sentar no
meio da rua e fazer birra.
No futuro
Ópera de robôs
Portugal, 2009. Um evento
cultural inédito: uma ópera de
Tod Machover, investigador
do Media Lab do MIT, com
robôs em palco. Portugal, 1997
(e isto aconteceu): o mesmo
Tod Machover apresentou
na Gulbenkian, em Lisboa, o
seu espectáculo Brain Opera.
Sentado numa espécie de trono
cheio de sensores, o cientista
interpretou várias peças para
corpo humano e computadores,
executando gestos que o seu
trono transmitia às máquinas
que os transformavam em
sons. O programa incluía
uma maestrina a dirigir uma
orquestra invisível com uma
batuta digital, também cheia
de sensores, e cuja deslocação
“desenhava” melodias no
ar. E até a assistência pôde
experimentar o que é ser um
músico de carne e osso em
circuito digital. Neste momento,
Machover está a planear uma
tournée mundial, que começará
no Mónaco no Outono de
2008, para apresentar um
novo espectáculo: A Morte e os
Poderes: Uma Ópera Robótica.
Por enquanto, disse-nos
Machover, Portugal não faz
parte do itinerário, mas não é
impossível que venha um dia à
Casa da Música...
Ana Gerschenfeld
Frases
de ontem
“Sente-se em Portugal
um leve cheiro a
capitalismo moderno.”
Francisco Sarsfield
Cabral
Diário de Notícias
“[Belmiro de Azevedo] é
um dos poucos
empresários não
situacionistas deste
país.”
Henrique Granadeiro
Sol
“O jornalismo português
não está a cumprir o seu
dever de vigilância sobre
os poderes.”
João Miguel Tavares
Diário de Notícias
“Não há ninguém, neste
momento, que consiga
arriscar que Sócrates
tem o lugar em perigo
daqui a dois anos.”
Miguel Sousa Tavares
Expresso
“A verdadeira
experiência do poder não
é ser primeiro-ministro. É
estar numa sala de
cinema sozinho.”
Paulo Portas
NS
“Num país normal
Sócrates estaria no olho
da rua.”
Alberto João Jardim
Expresso
“Jardim é perito em actos
patéticos dignos de uma
opereta do século XIX.”
Henrique Monteiro
Escrito na pedra
no canto do campeão tivessem
posto algum produto nas luvas
de Liston. Clay chegou a pensar
em desistir, mas continuou e
passou um round a passear
pelo ringue, a evitar Liston até
recuperar a visão. Ao sexto
assalto, Clay voltou a ver e a
massacrar. Liston foi para o seu
canto e já não voltou, numa das
maiores surpresas de sempre do
boxe. Clay gritou “Sou o maior!”
Um mês depois, anunciou a sua
conversão à religião islâmica
e disse que passaria a ser
conhecido por outro nome:
Muhammad Ali.
Marco Vaza
“Ser estúpido, egoísta
e ter boa saúde são
três requisitos para
a felicidade, mas se
a estupidez faltar
está tudo perdido”
Gustave Flaubert,
escritor (1821-1880)
4 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
António
Barreto
retrata
Portugal
na RTP
Saúde o melhor; Justiça o pior;
poder autárquico capaz do melhor
e do pior; Educação chocante.
Portugal fez muito, em 40 anos,
mas podia ter feito mais, conclui o
sociólogo António Barreto, numa
série que estreia no dia 14 de Março
na RTP1, a seguir ao telejornal.
Adelino Gomes (textos)
Nuno Ferreira Santos (foto)
a Uma semana destas, altos
responsáveis da RTP sentaram-se
numa sala de visionamentos com
António Barreto e Joana Pontes.
Uma série com retratos
comparativos do Portugal
de hoje e de há 40 anos, da
autoria do conhecido sociólogo
e da realizadora, constituía, à
partida, uma das apostas para as
comemorações de meio século da
televisão pública e era preciso tomar
uma decisão sobre a hora a que
os programas iriam ser emitidos.
Contratualmente, por imposição
de Barreto, isso nunca poderia
acontecer depois das 10 e meia da
noite. No final, um dos responsáveis
levanta-se e exclama: ‘Isto passa para
as nove horas [da noite]!’.
No próximo dia 14, a seguir ao
telejornal, os portugueses vão verse, pois, ao espelho – a si próprios
e ao país que habitam - no primeiro
de uma série de sete programas com
cerca de uma hora de duração cada
um.
Em vez dos diferentes sectores da
vida nacional, a série abarca temas:
“as pessoas, o viver, o trabalhar, o
divertir”, explica António Barreto.
Sobretudo interessado na captação
de um retrato social do país, o
sociólogo diz não se ter preocupado
com um eventual equilíbrio
geográfico na gestão das imagens.
Para aquilo que os programas
pretendem transmitir, “é indiferente
o sítio onde se passam as coisas”.
De qualquer modo, boa parte
do país geográfico vai reconhecerse nas diferentes histórias que
preenchem os sete programas:
dos vinhos da Estremadura aos do
Douro, das fábricas de calçado, têxtil
e mobiliário do Norte à planície
alentejana, da Universidade de
Braga à Universidade de Coimbra,
dos barcos de Ílhavo ou Aveiro às
praias do Algarve, das discotecas
para adolescentes na capital a uma
hiperdiscoteca no interior, dos
subúrbios do Porto aos de Lisboa.
Únicas excepções significativas,
detectadas pelo PÚBLICO: as
regiões autónomas dos Açores e
da Madeira e Trás-os-Montes, esta
última região devido à falta de
comparência, à última hora, de
um dos entrevistados, um cónego
nonagenário proibido pelo bispo de
Bragança de falar para as câmaras.
Como no Irão
“Na série, vamos ver o Portugal de
hoje com as referências do Portugal
de há 40 anos, que a malta nova
não conhece”, informa António
Barreto. Um impressionante minuto
de imagens de mulheres a saírem
de uma igreja, no episódio número
6, levará a equipa a duvidar da
própria datação da RTP: “Julgámos
que aquelas mulheres com xailes na
cabeça eram dos anos 50/60, mas
não, eram de 1977. Parece o Irão”.
Para além do recurso ao arquivo
da RTP, “riquíssimo” (ver texto
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 5
de Alexandra Prado Coelho, na
página 9), a equipa usa documentos
oferecidos pelos telespectadores:
“filmes de festas, de casamentos, de
ida à praia”. Uns e outros, somam
cerca de 30 horas de material de
arquivo, de que os autores dispõem
para a montagem final.
“Há qualquer coisa de essencial
na década de 60”, diz Barreto,
justificando a baliza temporal
escolhida para contrapor aos dias
de hoje. Além da fundação da RTP,
em 1957, que facilita o recurso a
imagens animadas, de outra forma
mais difíceis de obter, da fundação
da Gulbenkian, no ano anterior, do
“terramoto Humberto Delgado”,
em 1958, e do subsequente exílio
do bispo do Porto, aquele período
regista, como “poderosíssimas
máquinas” de transformação política
e social, a queda de Goa, a eclosão
da guerra colonial, em Angola, a
emigração maciça para França e
Alemanha e o Turismo.
“Delgado e depois aquela série
de acontecimentos operam uma
verdadeira reviravolta” num país
cujo regime vivia, até então, “o seu
melhor”. Lembra Barreto: “Portugal
estava na ONU, na OCDE, estava a
fundar a EFTA, com a Inglaterra
– veja-se lá o pergaminho –, fora
admitido na NATO, coisa que Franco
não conseguiu. No plano interno,
desenvolvimento, electrificação,
colonização interna, hidráulicas,
parcelamento, emparcelamento,
barragens – Salazar tinha destroçado
outra vez a oposição”.
Desafio partiu da RTP
Foi a RTP e não António Barreto
quem tomou a iniciativa de avançar
com a ideia de um programa sobre
a realidade social portuguesa.
O desafio surgiu há dois anos.
“Disseram-me: ‘Você escreveu dois
livros sobre a sociedade Portugal
[milhares de páginas com estatísticas
sobre Portugal, entre 1960 e
1999]; queremos que os ponha em
televisão’. Vim para casa atordoado
e fui imediatamente falar com a
[realizadora] Joana Pontes. Senti
que só com ela podia fazer este
projecto.”
Do currículo de Joana Pontes
constam, entre outros programas, a
série sobre o século XX português e a
reconstituição do 25 de Abril, na SIC,
além do filme Jorge de Sena, Escritor
Prodigioso. “Era aquela linguagem
cinematográfica de que eu gostava
e que queria. Por ser seca, enxuta,
demonstrativa, com as emoções
necessárias mas não mais do que
isso”, explica António Barreto.
A realizadora aceitou a ideia e os
dois põem-se ao trabalho, feito “em
pingue-pongue, durante semanas”.
Dali saem 30 a 40 páginas com o
projecto de seis programas de cerca
de uma hora cada (a necessidade de
um sétimo surgirá mais tarde, já na
fase da montagem, face à quantidade
e qualidade do material recolhido no
terreno).
A exigência de que seja Joana
a realizadora implica para a RTP
o recurso a trabalho externo.
Decide-se que ambos apresentarão
o respectivo orçamento. Quando
chega a hora de optar, o orçamento
Os episódios
Portugal, um
retrato social
1. Gente diferente
2. Ganhar o pão
3. Mudar de vida
4. Nós e os outros
5. Cidadãos
6. Igualdade e conflito
7. Um país como os outros
externo é mais baixo em cerca de 25
por cento do que o da RTP- Meios.
Segredo? A dimensão exígua
da equipa: além de Barreto e
Joana, constituem-na o director de
fotografia, João Ribeiro, a directora
de som Armanda Carvalho, o
produtor (e, simultaneamente,
“cicerone, condutor da carrinha,
montador”) Rui Branquinho, a
assistente de produção Marta
Tavares e Maria João Silva
(documentos e imagens de arquivo).
Mais tarde, já na fase de montagem,
num encontro que Barreto classifica
de “comovente”, juntar-se-lhes-á
o compositor Rodrigo Leão, autor
da banda sonora que acompanha e
sublinha os sete programas.
Quando sai de Lisboa, a equipa
já sabe onde vai, o que vai fazer e
com quem. “ Apenas uma ou outra
vez fizemos algo que não estava
previsto”, conta Barreto.
O grupo percorre 30 mil
quilómetros pelo país continental,
durante cerca de 4 meses, em séries
de um mês, quase sempre com
regresso ao fim-de-semana.
Este descer ao terreno trouxe
ao sociólogo algumas alegrias
e tristezas profundas. “Fiquei
feliz em ver que em 20 anos
desapareceu totalmente a questão
dos retornados. Saí muito triste
daquele centro burguês do Porto,
a 100 metros da Ribeira, a 100
metros da Bolsa – ninguém lá vive,
está perdido, já não é recuperável,
tudo escavacado; saí furioso das
autarquias –aquelas rotundas com
esculturas, repuxos, fontanários,
azulejos, monumentos aos soldados
do Ultramar, ao 25 de Abril, ao
25 de Novembro, ao emigrante,
aos pastorinhos, as obras de arte
mandadas fazer a quem o presidente
entende (não carece de visto do
TC); o eleitoralismo a obnubilarlhes qualquer visão esclarecida”,
sublinha António Barreto.
“Esta é a minha versão”, esclarece,
quando lhe perguntamos a diferença
que há entre o que viu no país e
aquilo que vai estar nos ecrãs da RTP.
“Os factos não falam por si. Há que
interpretá-los”.
Douro e Têvê em Portugal
“Portugal, um retrato social” satisfaz
uma velha ambição de António
Barreto. Apesar de veterano em
talk-shows, programas eleitorais,
comentários políticos, dos quais
o mais “pesado” foi “Terça-Feira
à Noite”, com Pacheco Pereira e
Miguel Sousa Tavares, o sociólogo
nunca conseguira concretizar o
desejo de ter um programa seu. “Por
três ou quatro vezes”, nos últimos
20 anos, a RTP pediu-lhe “sugestões
ou ideias ou propostas”. Chegou a
fazer pré-guiões: sobre a história do
vinho, sobre os vinhos no mundo,
sobre a guerra colonial (intitulava-se
As Colónias e o Fim). “Tudo histórias
infelizes: nunca me disseram nem
que sim nem que não. Mudava o
presidente, mudava o director de
programas, mudava o director disto
ou daquilo. Uma vez chegou a haver
uma reunião com umas 10 pessoas.
Foi a primeira e a última.”
Até agora. Sempre em
colaboração com a realizadora
Joana Pontes, Barreto tem já em
andamento dois outros projectos:
“As horas do Douro”, filme apoiado
pelo ICAM e que acompanhará
um ano do vinho e da vinha na
região que a UNESCO proclamou
Património da Humanidade; e
um filme, em duas partes, sobre o
impacto da televisão em Portugal,
encomendado pela RTP.
A avaliar pelos primeiros episódio
da série agora em estreia, os
portugueses vão ter razões de sobra
para reservarem algumas horas dos
seus serões, quando chegar a data de
transmissão dos dois novos filmes.
Monólogo
Sobe Estefânia,
sobe a calçada...
O
meu dia começa
muito cedo.
Levanto-me às 5 da
manhã. Entretanto
arranjo-me. Tomo
o pequeno-almoço
e depois começo a preparar as
coisas para os filhos. Faço o
pequeno-almoço, ajeito o almoço
para o meu filho porque vem
almoçar a casa, porque ele é um
bocadinho preguiçoso e não
pode almoçar na escola.
Depois levanto-os a eles. Está na
hora de sair com o meu pequeno.
Vou a pé, tenho que o levar para
o infantário, no qual tenho que
estar às 7 e 10, para o poder
deixar.
Assim que o deixo (...) tenho que
voltar a correr para a estação da
Póvoa [de Santa Iria] para pegar
o comboio das 7 e 5, 7 e 10.
(...) Vou até ao meu local de
trabalho. Tenho um gabinete
de esteticista em Lisboa. Chego,
abro a loja, já tenho duas
clientes à minha espera, são
8 horas, começo o meu dia de
trabalho.
Faço por saber o que elas têm
– ou massagens ou depilação.
Acabo por atender quatro,
cinco, antes da hora de almoço
[mas] eu não páro, não fecho.
Estou sozinha naquela loja, fico
sempre a trabalhar até às 6 e
meia, que é a hora em que vou
buscar o meu filho.
Regresso a casa, só que
entretanto o meu marido está
em casa e que me auxilia nessa
tarefa. Então ele vai buscar o
miúdo e eu fico até às 8. Apanho
o comboio das 8 e um quarto,
chego à Póvoa por volta das 20
para as 9, vou para casa, vou
então tratar do jantar, dou o
jantar aos meus filhos – eu bem
gostava de estar mais tempo
com eles mas é impossível estar
com eles. Eles querem sempre
mais aquela atenção, mas eu
não tenho tempo para lhes dar
aquela atenção.
Então são 9 e meia, 20 para
as 10, está na hora deles irem
para a cama, porque têm que
se levantar cedo no outro dia
de manhã, às 6 e meia já estão
de pé para poderem sair de
casa. Deitam-se, adormecem e
então está na hora de eu fazer
as minhas coisas: arrumar a
cozinha, passar a ferro, tratar
das coisas que uma mulher
normal faz durante o dia, mas
como eu não tenho tempo, tenho
que fazer tudo à noite.
Então chega a hora de me
deitar. Estou sempre cansada,
esgotada, e entretanto é uma da
manhã, 2, estou a ir para a cama.
Depois levanto-me. Por volta das
4 e meia, cinco horas já estou
em pé.
Isto, eu faço quer de Verão,
quer de Inverno. Durmo três a
quatro horas por dia, para poder
conciliar as coisas todas.
Depoimento de Estefânia
Ribeiro, esteticista, no 3º
programa da série
6 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Grua sobre a zona entre a Estrada da Luz e Telheiras, Lisboa
Os portugueses não
gostam do seu país
RUI BRANQUINHO
António Barreto fez 30 mil quilómetros, com uma
pequena equipa, para fazer o retrato social de Portugal,
na RTP. Veio frustrado com a forma como se destrói um
país. Não quer fazer concorrência às telenovelas e ao
futebol da Taça UEFA, mas espera boas audiências.
Entrevista de Adelino Gomes, fotos de António Barreto
PÚBLICO – Surpreendeu-o
o Portugal que encontrou,
comparado com a imagem que
tinha, enquanto investigador, do
Portugal das estatísticas?
ANTÓNIO BARRETO – Fiquei
surpreendido no que respeita aos
idosos e à cultura jovem. O modo
como são tratados os velhos; as
pensões que não chegam para
pagar a renda de um lar. Eu tinha
umas ideias, mas encontrar as
pessoas, falar com elas, fez com
que começassem a desfiar-se coisas
que não estavam no guião. Outro
exemplo: a mortalidade infantil.
Parti com um número na cabeça:
era de cinco por mil, quando já
tinha sido de 80; e tinha havido
nisso uma pipa de massa. Não se
fez, afinal, com a pipa de dinheiro
que eu supunha, mas sobretudo
com organização e eficiência de
meia dúzia de médicos. Aquilo foi
uma ministra (Leonor Beleza) que
escolheu 12 médicos em 12 pontos
diferentes do país, constituiu-se
uma comissão a quem foi dado um
ano para preparar um plano, que
foi aceite, vindo a ministra seguinte,
Maria de Belém, a reconfirmar tudo.
Fecharam-se 150 blocos operatórios
de maternidades, organizaram-se
centros de apoio aos prematuros,
apoiados por meia dúzia de
ambulâncias, só para esse efeito.
E más surpresas?
O que foi feito com as pescas.
Apercebi-me que tinha havido uma
negligência muito grande ao não
aproveitar-se os recursos do mar e
da agricultura porque era mais fácil
e mais imediato receber o cheque
para construir auto-estradas e
investir na indústria.
Barreto, Armanda, João e Joana na Maternidade Alfredo da Costa
Falou da cultura jovem. Que
surpresa foi essa?
Eu não sabia que havia algumas
dezenas de discotecas que
funcionam até às cinco da manhã
para crianças dos 13 aos 16 anos.
Em Lisboa, 20; as outras, no resto
do país. Não sabia que nessas
discotecas se vende álcool, apesar
de ser proibido. Não sabia que
essas discotecas têm um limite de
idade para cima: não se pode entrar
com mais de 16 anos. Não sabia
que centenas de pais, aflitos com
a maneira de tratar com os filhos,
vão para a porta das discotecas às
cinco da manhã esperar as crianças.
Vi uma miúda a quem perguntei:
“Tu tens 10 anos ou 12, não é?” e
ela respondeu, com ar atrevido:
“Tenho, tenho, mais IVA”...Eu vi
numa discoteca no meio do campo,
em plena Beira [Day After], crianças
com 12 anos, já sendo generoso.
O que é que os pais vos disseram
para explicarem estarem ali, à
espera das filhas?
Tentam ficar na onda. Mas há outros
que pura e simplesmente entregam
as crianças a empresas. Estas vão
buscá-las às 10, 11 da noite, e voltam
às 4, 5 da manhã, para as levarem de
regresso, distribuindo-as por cada
casa. Uma dessas pessoas diz-nos,
no programa, que ouve algumas das
crianças dizerem que não vêem o
pai e a mãe senão ao fim-de-semana.
Onde é que Portugal é melhor
do que pensava, além da
organização?
Mudei globalmente de opinião
em relação ao sector da Saúde.
Os indicadores mostram-no,
sem margem para dúvidas:
desapareceram as doenças
contagiosas; temos das melhores
taxas do mundo de vacinação; e
fiquei com uma boa impressão do
Serviço Nacional de Saúde (SNS),
que só não é melhor por causa
das acumulações dos médicos do
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 7
Bairro 6 de Maio, Amadora
Antigos estaleiros da Lisnave, Almada
Rui, Joana, Armando e João na Autoeuropa, Palmela
Fábrica têxtil, concelho de Felgueiras
Encontrou alguma razão para
as pessoas terem saudades do
passado?
Encontrei muito poucas pessoas
com saudades do passado. Ter
visitado intensamente os subúrbios
de Lisboa e Porto foi, para mim uma
espécie de viagem ao inferno. É
muito pior do que estava à espera.
Mas é preciso dizer que na subúrbia
de Lisboa já não há barracas; apenas
uns resquícios nos concelhos da
Amadora e de Loures. Mas há
alojamentos que são tão ou mais
detestáveis que as barracas. Só que
a pessoa que vivia no campo com
o gado diz que é melhor viver na
cidade, mesmo nestas condições.
Quem fala em saudades devem
ser as classes médias, que nunca
viveram no campo, nunca comeram
sardinha com aguardente às seis da
manhã, que nunca comeram feijão
ao meio-dia e mais nada ao longo
do dia.
E o Algarve, transformado num
local quase infrequentável, em
comparação com os anos 60/70?
Para a burguesia boémia de Lisboa,
para o intelectual do Porto, para a
classe média de Coimbra que ia a
Tavira ou à praia da Rocha e vivia no
paraíso e hoje já não vai ao Algarve.
Se essa comparação é feita por
um algarvio que vivia na serra sem
médico, sem luz, sem telefone e hoje
vive na subúrbia de Albufeira ou de
Faro, para ele, o Algarve melhorou.
No poder autárquico houve recuo
ou avanço?
As duas coisas vão juntas. É absurdo
termos tido que esperar por 1976
para haver câmaras eleitas em
Portugal. Em países europeus
onde havia poderes autoritários no
século XIX e XX, já as comunidades
elegiam representantes autárquicos.
O poder autárquico chegou cá com
200 anos de atraso. Ora, um avanço
político é um avanço. Encontrar
algum espírito comunitário é um
avanço em si, qualquer que seja
o presidente da câmara. Se for
corrupto, que haja justiça e novas
eleições para o povo se pronunciar.
Segundo avanço: o comércio
democrático.
O que é isso?
Uma troca: você dá-me o seu voto e
eu dou-lhe o esgoto. É um princípio
fundamental da democracia. Entre
1975 e 1985, os autarcas deram o que
faltava: água canalizada, esgotos,
electricidade. Esta obra de infraestrutura colectiva está na genética
do poder autárquico em Portugal.
Os números são avassaladores: 55
por cento das casas não tinham água
canalizada, 60 por cento não tinham
saneamento básico, 40 ou 50 por
cento não tinham luz, 70 por cento
não tinham retrete. Tido isto se
deve, na sua grande parte, ao poder
autárquico.
Esse mesmo poder a certa
altura enredou-se naquela teia
denunciada por Maria José
Morgado [Pública de 29.9.2002]
com os construtores civis e o
mundo do futebol.
Estou de acordo com essa ideia. Um
capitalismo que vive da especulação
fundiária dos solos e da habitação
tem que se basear muito em
trabalho informal e trabalho negro,
infelizmente, e sem as câmaras não
vive.
Temos um poder autárquico
simultaneamente exemplar e
corrupto?
Lamento que os portugueses vivam
bem com a corrupção.
Quanto à Justiça?
O pior. Em quase tudo na vida temse alternativa: na escola, na saúde,
nos transportes, no emprego. Menos
na Justiça. E ainda bem que não,
pois a Justiça não pode ser privada.
É o mais difícil de mudar. Abarca
todos os aspectos da vida: a família,
a habitação, as relações sociais, o
emprego.
O que é que falhou?
Os políticos têm medo dos
juízes e dos advogados, por isso
legislam pouco e mal. Processual e
culturalmente, o sistema de justiça
não está adaptado ao mundo em
que vivemos e está recheado de
privilégios. Concretizei a ideia de
que os políticos são os grandes
responsáveis da situação. Exemplo:
o Tribunal de Contas investigou,
durante 4 ou 5 anos, a situação em
diferentes autarquias. Resultado:
60 câmaras foram condenadas no
estudo por irregularidades como
compra e venda de terrenos, bairros
sociais, clubes profissionais de
futebol. Em 1999, um projectolei é apresentado no parlamento,
formulado daquele modos
incompreensíveis e aparentemente
inócuos (a alínea tal do número tal
substituída pelo artigo tal do decreto
não sei quantos). Resultado: os
12 anos de irregularidades das 60
câmaras, com os votos de todos os
partidos (muitos deputados se calhar
não se aperceberem do que estavam
a votar) ficaram…amnistiados. As
60 câmaras e todas as outras cujos
processos ainda não tinham chegado
ao fim!...
Perfil
António Barreto
Sociólogo, investigadorprincipal do ICS
Nasceu em 1942, na Foz do
Douro, mas viveu até aos 20
anos na Régua e Vila Real
Três anos em Direito, em
Coimbra, durante os quais se
dedicou, mais do que a estudar
leis, a representar, no CITAC, sob
a direcção de Luís de Lima
Exilou-se em 1963 na Suíça,
onde se licenciou em Sociologia
Início do doutoramento em
Sociologia Rural em Paris,
sob a orientação de René
Dumont; recomeço depois de
sair do Governo (foi ministro
da Agricultura e Pescas do I
Governo Constitucional – 19768), com defesa da tese na Suíça,
já no início dos anos 80, sobre a
Reforma Agrária em Portugal
Autor, entre outras, da obra em
dois volumes A Situação Social
em Portugal (ICS, 1996-2000)
Comentador e comentador em
vários media (desde 1990 no
PÚBLICO, cujo Conselho Geral
integra)
Educação?
Por ser o meu ofício, será o sector
onde tive menos surpresas. Chocame a situação. Tivemos, para educar, dinheiro, recursos humanos,
instalações, profissões de vontade
política, 28 ministros em 30 anos.
Houve erros logo em 1974, com
aquela certeza absoluta de que se ia
acabar com as desigualdades eliminando as escolas comerciais e industriais, e depois as modas da nova pedagogia. Importaram-se tarde e más
horas experiências em que a história
da educação livre nos outros países
permitiu introduzir correcções ainda hoje longe de terminar.
NUNO FERREIRA SANTOS
público com o serviço privado. E
aqui perde o público. Há um enorme
desperdício por causa disso. Há
hospitais com blocos operatórios
excelentes mas com médias de
ocupação de 3 a 4 horas dia. Porquê?
Porque os médicos operam de
tarde no privado. Mesmo com as
filas de espera, com as ineficiências
(o Tribunal de Contas avaliou os
desperdício na Saúde em 25 por
cento!), eu elejo a Saúde como o
sector que mais melhorou e mais
esteve atento às necessidades da
população, nestes 30 anos.
Diferenças entre o Portugal de há
40 anos e o de hoje?
São muitas e bastantes são boas:
estradas, situação da mulher,
mentalidade, condições sociais,
emigração. O padre rezava a missa
virado para Deus e de costas
para o povo; hoje a igreja é a casa
dos homens e o padre veste-se à
civil e fala português. Há menos
conflitos e tensões racistas em
Portugal do que em grande parte
dos países europeus, o que me
deixa muito feliz. Ainda que haja
sinais de que aqui e acolá podem
aparecer problemas sérios e haver
a hipótese de os problemas sérios
se multiplicaram nos próximos 10
ou 15 anos. Mas se nós sabemos
o que se pode passar, a altura de
acudir é agora, não é depois. Mudei,
contudo, a percepção inicial de que
os portugueses tinham feito mais do
que os europeus. A alfabetização,
Barreto com Joana, Rui e João em Chelas, Lisboa
o SNS foram mais depressa,
mas podíamos ter feito melhor,
sobretudo na Educação e na Justiça.
Como fica um homem que passou
anos e anos à volta de indicadores
e agora os foi apalpar, ao terreno?
Não fiquei muito feliz.. Não tinha
ideia de um país que desperdiçasse
tanto: a paisagem, o dinheiro, as
oportunidades. Chocaram-me os
subúrbios de Lisboa, do Porto,
de Setúbal, Braga. É horrível. Os
meus concidadãos, desconfio que
até são limpos em casa, mas tudo
o que é público é absolutamente
repugnante.
Veio mais português?
Não.
Responde assim, tão seco e tão
duro?
O que é que seria preciso para
me sentir mais português? Maior
identificação com os meus
conterrâneos. Que eles fossem mais
cultos, menos complacentes, mais
pontuais. Gostava que tivessem
educação artística (é o país com
menos educação artística da
Europa).
É preciso dizer que os
portugueses têm tantos defeitos
como qualidades O nosso país não
é melhor que os outros, é igual. À
partida, não é mais bonito que os
outros, é igual. Mas está hoje mais
feio do que a maior parte dos outros
porque os portugueses o fizeram
feio. E eu não perdoo isso aos meus
conterrâneos: o que eles fizeram das
subúrbias das cidades; o que eles
fizeram da costa; o que eles fizeram
de algumas montanhas; o que eles
fizeram do Alto Minho; o que estão
a preparar-se para fazer no Douro,
o que estão a preparar-se para fazer
na Costa Vicentina, em grande parte
do Algarve; o que fizeram nalgumas
destas zonas que não são água nem
terra nem fogo nem ar, entre Lisboa
e a Ericeira e Mafra e Torres Novas,
ou entre o Porto e Barcelos e Santo
Tirso e Gaia. Você passa por aqueles
sítios e vê restos de obras, restos
de tijolo no chão. Não me diga que
estas pessoas gostam do país que
têm. Ninguém trata assim uma coisa
de que gosta.
Eu gostava da ideia que eu
podia fazer de Portugal de um
país muito bonito, de um país
com algumas montanhas, de um
país que consegue ter ao mesmo
tempo o Mediterrâneo e o Atlântico,
que consegue ter a planície e a
montanha, que tem a costa, o
litoral e o mar, e que tem os rios e
que tem uma luz nalguns sítios e
que desperdiça tudo, e que estraga
e que estraga , que destrói, que
destrói, que constrói cimenteiras
na Arrábida. Só um povo louco,
só um dirigente louco é que fazem
coisas dessas. Agora está um pouco
melhor, mas há uns 15 anos havia
600 lixeiras no país e as pessoas
viviam ao lado delas. Havia uma
famosa entre a Régua e Mesão Frio,
até o Manoel Oliveira a filmou no
Vale Abraão. Uma coisa hedionda,
esteve ali 30 anos, sem que um
presidente da câmara, um governo,
um ministro, um director-geral
acudissem àquilo. Os portugueses
não gostam de Portugal. Os
portugueses gostam deles.
Não gostam do país que têm.
Destroem–no de tal maneira que não
podem gostar de Portugal. E eu não
gosto das pessoas que não gostam
do país que têm.
Vai ser, então, um acto de
mortificação ver esta série?
O conjunto tem momentos muito
duros. Todos os capítulos têm uma
parte quase de glória. Eu quero dar
a ver as duas coisas.
Teremos uma audiência
grande se as pessoas
se reconhecerem
a Ainda a série não se estreou e já
tem dois outros projectos para a
RTP. Porquê esse interesse todo na
televisão?
É um colossal e fabuloso meio de
expressão que serve para o melhor
e para o pior. Quando escrevo no
jornal, sei que escrevo para uma
elite; quando escrevo na [revista]
Análise Social, sei que escrevo para
um público que não é só a tribo,
mas há a tribo; quando falo na
universidade, sei que falo para a
tribo; a televisão é o meio que mais
me obriga a falar a toda a gente. E eu
gosto de falar a toda a gente.
A necessidade de seduzir
o espectador não torna a
televisão inimiga do rigor e da
profundidade?
O público dirá. Mas eu acho
que é absolutamente possível
falar e explicar na televisão com
todo o rigor. É preciso é ver-se a
que nível de complexidade. Na
televisão você não pode fazer uma
discussão epistemológica sobre os
fundamentos da sua análise. Mas
conheço programas que abordaram
questões difíceis falando para toda
a gente.
Por exemplo?
A série Civilização, de Kenneth
Clark; O Mundo em Guerra; O
Choque do Novo; muitas mais, sobre
a guerra civil americana, a primeira
grande guerra, a guerra da Argélia,
a história do blues (Scorsese), Maio
de 68. E, para falar de uma série
portuguesa, o Século XX Português
de Joana Pontes, na SIC - racional,
bem construída e explicativa. Ela
realizou ainda Alvorada de Abril e
Jorge de Sena, o escritor prodigioso.
Foram aliás estes trabalhos que
me levaram a escolhê-la como
realizadora. Cito também os
programas de Paulo Varela Gomes,
sobre os “vestígios” portugueses
em Malta e no Ceilão. Gostei muito
de ver Alan Taylor, um historiador
inglês que ia à televisão falar, falar,
falar, sem papel, durante 10, 15, 20
minutos, sobre um tema
Quando escrevo no
jornal, sei que escrevo
para uma elite (...);
quando falo na
universidade, sei que
falo para a tribo; a
televisão é o meio que
mais me obriga a falar a
toda a gente. E eu gosto
de falar a toda a gente
Vitorino Nemésio fez o mesmo, cá,
quando o António Barreto estava
na Suíça.
Só o vi depois em pequenos
excertos. Mas posso falar-lhe
de um dos mais fantásticos
programas que houve em Portugal,
seriíssimo e muito interessante, que
era o Falar de Teatro, de António
Pedro. Vi-o explicar como é que se
faziam trovoadas e chuva e passos e
portas a fechar, falsas.
É possível fazer, é possível até
usar os elementos emocionais — a
cor, a estética, a cinematografia, a
música, o som — a favor e não em
vez da demonstração [académica.
É difícil, eu sei. Porque o mercado,
muitas vezes, não é o que pede, os
programadores não é o que têm
na cabeça e os proprietários e os
accionistas das televisões não é
isso que querem porque preferem
lágrimas baratas.
Qual é a audiência que ambiciona
ter?
Não está nas minhas ambições
fazer concorrência às telenovelas
e aos desafios de futebol da Taça
UEFA. Gostava de ter uma audiência
grande. O que só conseguiremos se
as pessoas se reconhecerem no que
está a passar. Se tomarem a série
como uma espécie de ficção ou de
observação longínqua, falha.
MARCELO TAVARES
8 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 9
Há na RTP “melhores imagens”
dos anos 60 e 70 do que de hoje
Vindimas no Douro: o material anterior ao 25 de Abril é de “grande qualidade”
Alexandra Prado Coelho
a A seguir ao 25 de Abril filmavase tudo, filmava-se obsessivamente
o país, as pessoas, os momentos
mais banais do quotidiano. A
euforia da liberdade permitia todos
os exageros. “Havia reportagens
intermináveis, horas e horas, sem
qualquer montagem”, dizem Joana
Pontes, a realizadora e co-autora
(com António Barreto) do guião
de Portugal, um Retrato Social, e
Maria João Silva, responsável pela
pesquisa nos arquivos.
Para esta série de documentários,
Maria João mergulhou nos arquivos
da RTP à procura de imagens que
mostrassem Portugal nas últimas
décadas (é também usado algum
material, não muito, da Cinemateca
Portuguesa e de dois arquivos
particulares): imagens da vida
no campo, nas cidades, dos mais
pobres, dos mais ricos, do trabalho,
nos escritórios, nas fábricas, na
agricultura, das modas, das praias,
das casas, dos que partiam, dos
que voltavam. E uma das coisas
que esse arquivo – extremamente
rico, garante Maria João, para quem
tenha tempo e paciência para o
explorar devidamente – mostra
de forma evidente é a enorme
curiosidade que tinhamos uns sobre
os outros depois da revolução.
Há “horas a fio” de imagens
de reuniões de comissões
de trabalhadores, de longas
reportagens na fábrica de
chocolates Regina ou na CUF,
há programas sobre como fazer
uma cooperativa, como conduzir
uma reunião, outros sobre como
vivem as mulheres divorciadas,
ou as mães solteiras, sobre o
dia-a-dia de uma família, outros
ainda sobre planeamento familiar
– Maria João lembra-se de Alice
Cruz a receber cartas de leitoras
a perguntar se a pílula faz mal
ou como devem amamentar, e a
apresentar respostas de médicos ou
enfermeiras, no programa Pergunte
Connosco. Ou ainda uma cena em
que o jornalista pergunta a um
polícia se sabe o que tem que fazer
para votar nas primeiras eleições
democráticas e, como o polícia
parece confuso, leva-o a ver um
edital e explica-lhe como funciona
o sistema.
“O exercício da democracia
parece naif [nessas reportagens],
mas é comovente” diz Joana,
que recorda também o maestro
Vitorino d’Almeida a discutir com o
público “questões filosóficas sobre
os objectivos de uma canção, o
tipo de mensagem” ou a relevância
de participar numa competição
europeia, no programa de escolha
das músicas candidatas ao Festival
da Canção.
O material que existe anterior ao
25 de Abril é, obviamente, muito
diferente, mas, sublinham ambas,
“de grande qualidade”. A locução
que acompanha as reportagens
é, claro, pura propaganda, mas
as imagens são muito cuidadas e,
mesmo contra vontade dos que as
encomendaram, reveladoras do
país pobre e atrasado que Portugal
era. Curiosamente, Joana e Maria
João descobriram imagens muito
posteriores que “são do final dos
anos 70, mas podiam perfeitamente
ser dos anos 50 ou 40” porque
mostram o mesmo atraso, o mesmo
país parado no tempo.
A preocupação de filmar tudo
mantém-se até ao início dos anos 80
e depois começa a pouco e pouco a
diminuir. As reuniões de comissões
de trabalhadores, as reportagens
sobre pescadores ou mineiros vão
sendo substituídas por programas
de ficção, de entretenimento,
aparecem programas humorísticos.
E começam, gradualmente, a
desaparecer as reportagens/retratos
de Portugal.
Quanto mais nos aproximamos da
actualidade, mais difícil é encontrar
imagens de qualidade, dizem.
Isto tem a ver com os métodos de
trabalho. “O arquivo de hoje é para
agora”, explica Joana, “com muito
pouca profundidade, muito voltado
para a informação dos noticiários”,
com um número reduzido de
A partir dos anos 80,
as reportagens vão
sendo substituídas por
programas de ficção,
de entretenimento,
aparecem programas
humorísticos. E
começam gradualmente
a desaparecer as
reportagens/retratos
de Portugal
grandes reportagens. São captados
poucos segundos de imagens de
um tema, o suficiente para passar
no telejornal – material que não
se enquadra na “respiração” de
um trabalho como o que estavam
a fazer. “Queria falar da crise da
Justiça nos anos 90, por exemplo”,
explica a realizadora, “e o que existe
são fachadas de tribunais, todas
iguais, filmadas sempre da mesma
maneira”.
Maria João confirma que da
pesquisa que fez, de 1957 a 2006, o
mais difícil foi encontrar material
sobre a actualidade. Joana lamenta
que “não exista a preocupação de
ter um arquivo para usar no futuro”.
E teme que “se daqui a 40 anos
quiserem aproveitar o material de
arquivo que existe hoje” para fazer
um retrato de Portugal na viragem
do século, “não consigam”.
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Depois do 25 de Abril filmava-se tudo e o arquivo da RTP é riquíssimo. Hoje a recolha de
imagens é feita para os noticiários, sem a preocupação de criar um arquivo para o futuro
10 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Itália: o pecado original
O
Ponto de Vista
Jorge Almeida
Fernandes
modo como o Governo
de Romano Prodi perdeu
uma votação no Senado e
foi obrigado a demitir-se
ilustra o pecado original da política
italiana: o sistema partidário e a lei
eleitoral. Por uma lógica perversa
das coligações, os governos estão
sempre reféns daquilo a que o
constitucionalista Giovanni Sartori
chama os “nanopartidos”.
A União, centro-esquerda,
de Prodi, não tinha maioria no
Senado e dependia do apoio de
alguns senadores vitalícios. Bastou
que dois dos seus eleitos, um da
Refundação Comunista e outro
dos Comunistas Italianos, tenham
“inesperadamente” decidido sabotar
a política externa do Governo, que
acusam de pró-americana, e que
três senadores vitalícios, entre
eles o “divino Giulio” (Andreotti),
se tenham abstido, também
“inesperadamente”, para provocar a
demissão do primeiro-ministro.
No actual sistema, para haver
maioria e alternância, são
necessárias largas coligações préeleitorais, compostas por inúmeras
formações, de modo a captar o
maior número possível de votos.
Mas, depois, o chefe da coligação e
do Governo fica refém dos aliados,
sobretudo dos pequenos ou dos
extremos. Eles entram na coligação
para sobreviver e partilhar o poder,
mas continuam a representar
interesses particulares ou ideologias
incompatíveis com o programa do
Governo.
Em 1994, Berlusconi foi derrubado
por uma birra do aliado Umberto
Bossi, da Liga Norte. Na última
legislatura evitou rupturas mas, de
facto, esteve sempre prisioneiro.
O primeiro governo Prodi foi
derrubado em 1998 pela Refundação
Comunista, com quem tinha um
acordo parlamentar. E volta a sêlo agora por dois senadores da sua
própria coligação, que nem sequer
imaginavam fazer cair o governo
mas apenas pôr em xeque o ministro
dos Negócios Estrangeiros, Massimo
D’Alema, em protesto contra a
presença italiana no Afeganistão.
“A crise do Governo – escreve Ezio
Mauro, director de La Repubblica
– certifica com exactidão o que
é hoje a esquerda italiana. Um
grupo maioritário que assume
a responsabilidade de governar,
escolhendo a cultura reformista, nos
seus valores e nas suas obrigações.
Um grupo minoritário extremista,
que demonizou Berlusconi como
fascista mas que está pronto a
devolver-lhe a Itália.”
“O drama da esquerda reside
enfim num paradoxo: nas actuais
condições, sem a ala radical não se
vence, mas com a ala radical não se
governa”, conclui.
N
o debate no Senado,
D’Alema frisou que a
missão no Afeganistão,
onde Roma tem 2000
soldados, é “uma missão das Nações
Unidas em que a NATO tem uma
necessária função militar”. E que se
a Itália não estivesse no Afeganistão,
“perderíamos o direito de pesar na
comunidade internacional”.
O Governo Prodi retirou as
tropas do Iraque, manteve-as no
Afeganistão e enviou um contigente
para o Líbano. Pôs termo à
vassalagem a Bush da era Berlusconi,
mas confirmou a tradição atlantista
da Itália, ao mesmo tempo que
recentrava a sua prioridade na
Europa. Esta política tem o apoio
maioritário da opinião pública. Mas
uma simples votação no Senado,
que não era constitucionalmente
imperativa mas uma obrigação de
clarificação política, põe em causa
a credibilidade da política externa
italiana.
O anti-americanismo não
distingue sequer entre Bush e
Estados Unidos. É um misto da
moda antiglobalização com os
órfãos do comunismo. Uma das
suas actuais batalhas é a oposição
ao alargamento de uma base
americana em Vicenza. Dias antes
concentraram lá 80 mil pessoas:
na Itália, as manifestações pesam
quando têm meio milhão de
pessoas. O anti-americanismo pesa
politicamente porque está dentro da
coligação governamental.
O balanço geral do Governo
Prodi é considerado positivo.
Conseguiu iniciar algumas reformas
e, pela primeira vez desde há anos,
Bruxelas saudou um orçamento
italiano. E, também pela primeira
vez desde 2000, houve no ano
passado um crescimento económico
de dois por cento.
O primeiro ponto fraco de Prodi
reside na coligação que construiu
para vencer as eleições. Embora
legitimado por uma votação maciça
nas “primárias” da União, em
Outubro de 2005, e pelo triunfo
eleitoral, resignou-se negociar ao
longo de um mês o programa e
organograma do Governo, de modo
a satisfazer as múltiplas exigências
de todos os componentes da aliança.
E nunca resolveu o segundo
ponto fraco: a falta de maioria no
Senado. Um acordo com alguns
senadores centristas era dificilmente
compatível com a inclusão da
Refundação Comunista e outros
grupos radicais na coligação
governamental.
P
orquê? Temos de voltar
ao sistema partidário.
Prodi conseguiu vencer
as eleições apesar de
uma escandalosa reforma eleitoral
imposta por Berlusconi, pouco antes
do fim da legislatura, para poder
ganhar as eleições com menos votos
(graças à maior fragmentação do
centro-esquerda). Ela forçou Prodi a
fazer a mais larga coligação possível.
A questão volta agora à ordem
do dia, pois esta lei eleitoral tem
de ser submetida a referendo.
Mas o puzzle é quase insolúvel. Os
interesses dos partidos, à esquerda
e à direita, são contraditórios. O
sistema proporcional foi afastado
em nome da alternância. O sistema
maioritário foi introduzido, numa
versão “bastarda”, de modo a impor
a criação de duas coligações préeleitorais sem reduzir o número de
partidos. Antes os multiplicou.
O drama da esquerda
reside num paradoxo:
sem a ala radical não se
vence, mas com a ala
radical não se governa
La Repubblica
Uns desejariam um sistema
análogo ao alemão, proporcional
mas compensado pela barreira dos
cinco por cento. Outros, os grandes
partidos, um sistema maioritário
a duas voltas, como em França.
Ambos reduziriam a seis ou sete o
número de partidos representados.
É bom lembrar que a coligação
de centro-esquerda abriga nove
forças, mas algumas são federações
de minipartidos, o que eleva para
quase vinte o número real dos seus
componentes. Minipartidos, com
pouco mais de um por cento do
eleitorado, não só condicionam o
Governo como detêm importantes
ministérios.
O centro-esquerda não pode
fazer a reforma, o centro-direita
também não. Os pequenos partidos
não o toleram e imediatamente
derrubariam a coligação no poder.
A reforma eleitoral só poderia ser
feita por uma “votação transversal”
das grandes formações de esquerda
e direita, explica Sartori. O sistema
de coligações pré-eleitorais
“permanece intocável por parte dos
partitini que o parasitam”.
“O problema italiano – conclui
– não é o bipolarismo a nível
eleitoral, mas a nível de governo.
É que estamos a fabricar ‘pólos’
cada vez mais heterogéneos no
interior e blindados aos que lhe são
exteriores.”
Independentemente do desfecho
imediato, esta crise, escreve no
Corriere della Sera o colunista
Massimo Franco, não será “apenas
a crise de um governo e de uma
coligação, mas do sistema que
plasmou os alinhamentos políticos
nos últimos doze anos”.
DARIO PIGNATELLI/REUTERS
Análise
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 11
Pré-publicação
A falsa bonança antes da catástrofe
Martin Gilbert, o prolífero escritor que se celebrizou como biógrafo de Churchill, escreveu
uma história da I Guerra Mundial que agora chega a Portugal. Extractos do primeiro capítulo
a Tendo tido experiência de luta
na Índia, no Sudão e na Guerra
dos Boer, Churchill ouviu, quando
regressou a Londres, pedidos para
a criação de um exército capaz de
enfrentar um inimigo europeu.
«Tenho ficado frequentemente
admirado ao saber com que
compostura e fluência membros
desta câmara, e até ministros,
falam de uma guerra europeia»,
declarou a 13 de Maio de 1901,
três meses depois de ter entrado
para o Parlamento, e sublinhou,
para marcar o seu ponto de vista,
que se no passado as guerras
tinham sido feitas “por reduzidos
exércitos regulares de soldados
profissionais”, no futuro, quando
“poderosas populações forem
impelidas umas contra as outras”,
uma guerra europeia só poderá
terminar “em ruína dos vencidos
e num pouco menos que fatal
prejuízo comercial e exaustão dos
vencedores.”
A democracia, advertiu Churchill,
será “mais vingativa” do que os
tribunais e gabinetes de outrora:
“As guerras entre povos serão mais
terríveis do que as guerras de reis.”
Dez anos depois, a 9 de Agosto de
1911, enquanto a febre de guerra
alemã estava a crescer contra a
Grã-Bretanha e a França devido
à exigência alemã de um porto
na costa atlântica de Marrocos, o
dirigente social-democrata alemão,
August Bebel, avisou o Reichstag
de que uma guerra europeia podia
conduzir à revolução. Troçaram
dele, apelidando-o de alarmista, e
um parlamentar disse: “Depois de
qualquer guerra, as coisas ficam
melhor!”
As rivalidades que fomentam as
guerras não podem ser suavizadas
pela lógica de um sentimento antiguerra. Na primeira década do
século XX houve muitas rivalidades
e ressentimentos nas nações para
as quais a paz, comércio, indústria
e aumento da prosperidade
nacional pareciam ser as
verdadeiras necessidades, desafios
e oportunidades. Em França, a
perda de territórios anexados
pela Alemanha em 1871 causou
ressentimentos durante quatro
décadas. O conselho dado pelo
patriota francês, Léon Gambetta,
“Pensem sempre nela, mas nunca
falem dela”, ecoou aos ouvidos
dos franceses. O pano negro que
cobria a estátua de Estrasburgo
na Place de la Concorde, foi um
lembrete visual constante da perda
de duas províncias orientais. O
guia de Paris de Karl Baedeker,
publicado em Leipzig em 1900,
fazia o seguinte comentário sobre a
estátua coberta: “Estrasburgo está
quase sempre coberto de crepes
e grinaldas de luto para marcar a
perda da Alsácia.” Por seu lado, a
Alemanha tinha muitas ambições
territoriais, em particular para lá da
sua fronteira oriental. Desprezando
a Rússia, os alemães pretendiam
anexar as províncias ocidentais
polacas do Império Russo, e
também alargar a influência alemã à
Polónia central, Lituânia e costa do
Báltico. Era como se o império de
Guilherme II repusesse o equilíbrio
de forças que começou a quebrar-se
com Pedro o Grande duzentos anos
antes, e quarenta anos depois da
sua morte, por Catarina a Grande.
A Rússia de Nicolau II também
tinha as suas ambições, em
particular nos Balcãs, pois o grande
defensor de um estado eslavo,
a Sérvia, lutava continuamente
para alargar as suas fronteiras e
chegar ao mar. A Rússia também
se arvorou em defensora das raças
eslavas sob domínio austríaco. Ao
longo da fronteira da Rússia com
a Áustria-Hungria, viviam três
minorias eslavas, de quem a Rússia
era a grande defensora: ucranianos,
rutenos e polacos.
Governada por Francisco José
desde 1848, a Áustria-Hungria
pretendia manter a sua vasta
estrutura imperial tentando um
equilíbrio entre as suas muitas
minorias. Em 1867, numa tentativa
de reduzir as exigências conflituosas
de alemães e magiares, Francisco
José foi nomeado imperador
da Áustria e rei da Hungria. Na
metade austríaca desta monarquia
dual tinha sido estabelecido um
complexo sistema parlamentar, cujo
objectivo era dar a cada minoria
3
um lugar na legislatura . Mesmo o
desejo dos Habsburgo de não mudar
nada, de não mexer em nada,
chocou com o desejo de domar um
irritante, que enfadava o governo
austríaco no sul, o sempre crescente
(pelo menos assim parecia), estado
sérvio.
Na Grã-Bretanha, romancistas e
colunistas, bem como almirantes e
parlamentares, reflectiam os receios
britânicos de uma supremacia
naval germânica, acrescidos, no
princípio do Verão de 1914, por
notícias da abertura iminente do
canal de Kiel, que permitiria aos
navios alemães movimentarem-se
com segurança e rapidez desde o
Mar Báltico até ao Mar do Norte.
O sentimento antigermânico era
um mote regular na imprensa
popular. Houve também repetidos
apelos ao governo liberal para que
implantasse a conscrição militar,
para que não se ficasse dependente,
na eventualidade uma guerra, de
um pequeno exército profissional.
O Gabinete Liberal resistiu a esses
apelos.
Os sistemas de alianças europeus
reflectiam os receios de todos
os estados. As duas Potências
Centrais, a Alemanha e a ÁustriaHungria, estavam ligadas por laços
tanto sentimentais como formais.
O mesmo sucedia, em 1892, com
a França e a Rússia, com quem a
Grã-Bretanha tinha feito acordos
para redução de conflitos. A GrãBretanha e a França, se bem
que não aliadas por meio de um
tratado, tinham assinado a Entente
Cordiale, em 1904, para resolver
as suas disputas no Egipto e em
Marrocos, e desde 1906, faziam
consultas mútuas sobre assuntos
militares. Estes acordos e hábitos
de consulta criaram o que passou a
ser conhecido por Triple Entente:
Grã-Bretanha, França e Rússia,
dando às Potências Centrais a
sensação de estarem cercadas. O
kaiser alemão, Guilherme II, era
particularmente sensível a isso. O
seu sonho era tornar a Alemanha
respeitada, temida e admirada. Neto
da rainha Victoria, ressentia-se do
aparente ascendente no mundo,
do seu filho, Eduardo VII, e do seu
neto, Jorge V, os reis-imperadores,
que governavam o subcontinente
indiano com centenas de milhões de
súbditos.
No seu palácio de Potsdam,
Guilherme estava rodeado pela
memória e cerimonial do seu
antecessor, Frederico Guilherme
I, fundador do exército prussiano.
“Até hoje”, comentava Karl
Baedeker em 1912, “muitos
soldados, em especial os homens
escolhidos nos regimentos de
guarda, constituem os elementos
mais característicos das ruas da
cidade.” Também em Potsdam havia
uma estátua equestre de Guilherme
I, inaugurada por Guilherme II
em 1900, com a deusa da vitória
sentada em frente do pedestal. A
deusa, que no tempo dos romanos
tinha sido a principal divindade
dos Césares, foi embelezada com
relevos do príncipe quando jovem
oficial em Bar-sur-Aube, em 1814,
durante a guerra contra Napoleão, e
da entrada triunfal dos alemães em
Paris em 1871.
Era irónico que Potsdam, símbolo
do poder militar germânico e
montra imperial, mencionada
pela primeira vez no século X,
fosse, nas palavras de Baedeker,
“de origem antiga eslava”.
Nenhum eslavo reclamava então
Potsdam, mas em 1945 os russos
ali se encontraram com os Aliados
ocidentais como vencedores,
ocupantes e pacificadores; mas o
mapa da Europa pós-1900, com
as suas fronteiras bem marcadas,
muitas das quais inalteradas desde
1815, outras alteradas apenas em
1871, disfarçavam forças poderosas
de descontentamento, muitas com
uma origem étnica.
I Guerra Mundial
Martin Gilbert, A Esfera dos Livros
A caminho da declaração de guerra
A regata amigável em Kiel que foi interrompida por um telegrama de Sarajevo
O kaiser saiu de Konopischt
para o seu palácio em Potsdam.
Nove dias depois estava em Kiel
para a regata anual de Elbe, a
Semana de Kiel, tempo para
corridas, bailes e divertimento.
Apesar de o recém-aberto canal
de Kiel representar uma ameaça
germânica à Grã-Bretanha, uma
esquadra de navios de guerra
britânicos foi apresentada como
convidada de honra, ficando os
seus quatro couraçados e três
cruzadores ancorados ao lado
da Frota Imperial De Alto Mar
alemã. Oficiais e marinheiros
de ambas as armadas trocaram
entusiásticas saudações, enquanto
passeavam pelos navios uns dos
outros. Estiveram juntos no enterro
de um piloto britânico morto
num acidente aéreo durante as
festividades.
A bordo do seu iate de corrida, o
Meteor V, o kaiser era o centro do
esplendor da regata. A 26 de Junho,
com o seu uniforme de almirante
da esquadra britânica, foi a bordo
do couraçado King George V.
Tecnicamente, ele era o oficial
da Marinha Real, ali presente,
mais graduado. Durante a visita,
houve um incidente burlesco:
o conselheiro da embaixada
britânica em Berlim, Sir Horace
Rumbold, tinha propositadamente
vestido uma jaqueta e posto um
chapéu alto. O “Almirante da
Esquadra” decidiu que o diplomata
não estava convenientemente
vestido. Apontando para o
chapéu alto, disse: “Se volto a ver
isso, esborracho-o. Não se usam
chapéus altos a bordo de navios.”
Na noite de 27 de Junho, o
comandante da esquadra britânica
deu uma recepção a bordo do
King George V para os oficiais
germânicos. Rumbold recordou,
poucas semanas depois, como
era possível, enquanto decorria
a regata, “eu não ter ficado
impressionado com a grande
cordialidade que havia entre os
alemães e os nossos marinheiros”.
No dia seguinte, 28 de Junho, havia
uma corrida de iates, seguida
com o mesmo entusiasmo tanto
por alemães como britânicos.
O próprio kaiser participava
na corrida, no seu iate Meteor.
Enquanto estava na baía de Kiel,
uma lancha foi entregar-lhe um
telegrama, colocado numa caixa de
cigarros e lançada para bordo do
iate. O kaiser leu-o: o arquiduque
Francisco Fernando, seu convidado
em Konopischt duas semanas
antes, o herdeiro dos Habsburgo,
tinha sido assassinado na capital
da Bósnia, Sarajevo, juntamente
com a sua mulher. A corrida foi
cancelada, encerrou-se também
a Semana de Kiel, e o kaiser
regressou apressadamente ao seu
palácio em Potsdam.
12 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Crónica
A Casa Encantada
João Bénard da Costa
screvo no dia em que
se comemora o 4º
centenário da estreia da
ópera de Monteverdi La
Favola d’Orfeo, ou, para adoptar a
designação depois mais vulgarmente
usada, L’Orfeo, Favola in Musica.
Foi em Mântua, a 22 de Fevereiro
de 1607, na corte dos Gonzaga,
de que o autor, então com 40
anos, era serviçal. Parece que a
data foi escolhida pelas instancias
ditas europeias para celebrar
quatrocentos anos de ópera,
considerando-se, como se escrevia
há cinquenta anos, que L’Orfeo
de Monteverdi “é seguramente o
primeiro drama musical, ou seja,
a primeira obra em que a música
é completamente impregnada por
uma ideia dramática”. Quem é “very
much for birthdays”, como um dos
três maridos das três mulheres de
Mankiewickz (Letter to Three Wives,
1949), pode acender as velas do bolo
e muitos a acenderam incluindo o
CCB do Comendador Berardo.
Os eruditos discutem hoje estas tão
propaladas primícias. Alguns vão
tão longe como 1472 e citam um
outro Orfeo, também de Mântua,
com música de Germi sobre um
poema de Poliziano. Outros falam de
Florença e de La Rappresentazione di
anima e di corpo, no Palácio Corsi, na
última década do século XVI. Outros
ainda citam como “prima opera”
Dafne de Jacomo Peri, no Carnaval
de 1597. Caccini e Le Nuove Musiche,
são igualmente citados. Há sempre
muitas datas para nascimentos,
como as há para as mortes, nestas
paragens bizarras e não tenho
qualquer competência para me
envolver em tais questões. Não estou
aqui para dissertar sobre a história
da ópera, mas sobre a minha história
como “operáfilo” se o termo existisse
e não existe.
Só para acabar com L’Orfeo (já que
com ele comecei por começar)
recordo-o sobretudo como uma
das primeiras óperas que entrou
para a minha discoteca. Julgo
– mas não juro – que foi o primeiro
“long play” que dela se editou,
numa gravação da Archiv de 1955,
dirigida por August Wenzinger
com Helmut Krebs como Orfeo,
Margot Guilleaume no duplo papel
de Música e de Prosérpina e Horst
Günter como Plutão. O mais célebre
nome desse “cast” é o de Fritz
Wunderlich, mas cabiam-lhe apenas
as partes de Apolo, a de um dos
Pastores e a de um dos Espíritos. A
wunder de Wunderlich ainda estava
a despontar.
Era um álbum pesante, com
dois discos. Foi um presente de
casamento, oferta de um casal de
namorados efémeros, de quem a
vida me foi afastando, pois que as
costas dela são largas. Ela já morreu
e teve um fim terrível e extenso.
Ele, vejo-o de longe em longe e, da
última vez, encontrei-o na qualidade
de pai de um dos nossos novos e
promissores cineastas. Possantes
espíritos e formidáveis numes,
para os recordar como Orfeo saúda
Caronte numa das mais célebres
passagens da ópera.
T
ão longe quanto vão as
minhas memórias e ao
tempo em que o renovado
S. Carlos de 1940 (luxuosa
e luxuriosamente recuperado pelo
Estado Novo entre 1934 e 1940, que
assim respondeu ao abandono a
que a I República o votara) ainda
não tinha temporadas regulares, a
ópera era coisa do Coliseu e havia
ainda furiosas discussões entre os
que só a concebiam como italiana
e os que lhe contrapunham a opera
alemã. Ópera alemã, nesses tempos,
queria dizer Wagner e, decorridos
embora sessenta anos sobre a
morte do compositor e sobre a
primeira apresentação em Portugal
duma obra dele, (Lohengrin)
ambas em 1883, a generalidade
dos entendidos que me rodeavam
achava-o demasiado moderno e tão
comprido e tão chato como a espada
de D. Afonso Henriques. O ponto
de vista oposto era supremamente
representado pela minha Mãe e não
esqueço a emoção dela quando,
em plena guerra (5 de Junho de
1943), o Tristão subiu à cena em S.
Carlos, por ocasião de uma célebre
visita da Orquestra Filarmónica de
Berlim, dirigida por Heinz Tietjen,
com Ludwig Suthaus como Tristão
(ainda o ouvi, doze anos depois, no
Siegfried do Crepúsculo dos Deuses)
e Paula Buchner como Isolda. Para
a minha Mãe, o Tristão e Isolda era a
ópera das óperas e essas superlativas
récitas (acontecimento irrepetível até
hoje) foram momentos que sempre
celebrou. Pelo contrário, a ópera
italiana (com a eventual excepção
de Puccini) era considerada com
alguma distancia, mais para as
gentes do Coliseu do que para as de
S. Carlos.
Mas tudo isso eram então para mim
recônditas harmonias, pois só de
ouvido me chegavam os ecos, os
gostos e os desgostos. E, quando S.
Carlos iniciou as suas temporadas
(ou as reiniciou, depois de um
interregno de quase vinte anos),
também só de ouvir dizer me ficaram
os lendários Trovador ou Aida com
o quinteto mágico (Canigla, Gigli,
Stignani, Bechi, Neri), as presenças
da Telbaldi ou de Mario Del Monaco,
nos chamados “anos de ouro” de um
teatro, sobre o qual pairam agora, de
novo e de velho, as mais negras ou
vermelhas nuvens.
Stignani e Bechi nunca os vi. A
Canigla conheci-a em 1955, quando
aqui cantou La Fanciulla del West e a
Tosca. Já não era nada fanciulla mas
ainda fez vir a sala abaixo com bravos
no Vissi d’Arte, Vissi d’Amore, que,
segundo uma tradição que com ela
se findou nos nossos palcos, bisou.
Com Gigli, a história foi mais triste.
Nunca o vi em óperas (foi em 48,
que cantou pela ultima vez em
S. Carlos) mas vi-o e ouvi-o num
recital no Tivoli, no mesmo ano
de 1955. Eu tinha 20, ele tinha 65 e
só lhe restavam mais 2 de vida. A
sala estava à cunha, mas começou
a esfriar quando se apercebeu de
que a voz de Gigli se fora e já não
era. Quando ele se perguntou como
o Werther, “Pourquoi me réveiller
au souffle du printemps?” (aliás, em
italiano, “Ah, non mi ridestar”) foi um
frio outonal que lhe respondeu.
Findo o concerto, o Tivoli esvaziouse com vagas palmas. Mas ficaram
uns quantos, entre velhos fiéis e
virgens como eu, para quem as
lendas sempre se sobrepuseram
aos factos. Não quero exagerar,
mas essa escassa minoria aguentou
vinte minutos sem esmorecer nos
aplausos. Até que Gigli chegou,
DR
Memórias melómanas (I)
E
Mozart, Wagner,
Strauss, Verdi. Ainda
não tinha 20 anos e já os
meus maiores estavam
achados. Como posso
não acreditar em Deus?
já vestido à futrica. E disse que
gostava de ter cantado mais, mas o
publico “è andato via”. Houve um
longo e triste silêncio, cortado pela
voz possante de um velhote que
lhe gritou: “Ma canta, Gigli, canta
per noi”. E houve assim cinquenta
privilegiados (talvez nem tanto)
que o ouviram em seis extras (!!!),
entre os quais o Sonho da Manon,
La Donna è Mobile, o prelúdio de Os
Palhaços e o E Lucevan le Stelle da
Tosca. Imaginação minha, ou nem
nos discos áureos o ouvi cantar tão
bem? As histórias dos cisnes não são
tão fantasiosas quanto se pensa.
Q
uando chegou, por fim, a
minha hora de deixar de
emprenhar pelo ouvido,
para ser fecundado em
acto, dizia-se que os
melhores tempos já tinham ido.
Precisamente nessa temporada
(51-52) S. Carlos, dirigido desde
Agosto de 1946 pelo Dr. José Duarte
Figueiredo (Director vitalício, mais
conhecido por “o Figueirinhas”)
inaugurou uma ousadia face às
tais divisões entre “alemães” e
“italianos”. A temporada passou
a dividir-se entre uma fase
alemã (cinco óperas) e uma fase
italiana (nove), pratica que, com
percentagens diversas, se manteve
até aos anos 80 e à direcção de
João Paes, antes da apagada e vil
tristeza que se lhe sucedeu nos anos
horríveis 82-87, dos “soluços” da
fase 88-91 (em que houve notável
gente) e da tentativa de recuperar
a qualidade antiga ao tempo do
meu querido Prof. Manuel Eugénio
Machado Macedo, a que se sucedeu
(em 2001) a gloriosa direcção de
Paolo Pinamonti.
Voltando a 52. Foi esse o ano em que
vi a minha primeira ópera, como
foi esse o ano em que assisti ao meu
primeiro concerto (cf. Variações
Sob um Tema de Brendel, PÚBLICO,
03/12/06). Foi um Siegfried da tal
temporada alemã, que ouvi sem
saber ler nem escrever e do qual
não tenho memórias especiais. Mas,
no ano seguinte, em que fui, pela
primeira vez, maior de 18 anos,
tudo mudou. Com economias, das
mesadas e dos presentes das datas
natalícias, comprei bilhetes para
cinco espectáculos, na segunda
fila do Balcão de 3ª, onde estreei o
primeiro smoking, a 50 escudos o
lugar, o que valia na época cerca de
seis plateias de cinema, qualquer
coisa como 20 euros de hoje, para
mais que não para menos.
E vi A Flauta Mágica, na primeira
vez que se cantou em Portugal (162
anos depois da estreia!!), a Salomé,
dirigida por Pedro de Freitas Branco
e com a grande Inge Borkh na
protagonista, o Fidelio, que tinha tido
estreia portuguesa no ano anterior
(!), também com a Borkh como
Leonora e a Borkh ainda e sempre no
Navio Fantasma, que não se cantava
em Lisboa desde 1893 em que fora
dado em italiano. Vi ainda o Otelo
com Ramon Vinay no protagonista
(o Vinay de Toscanini e talvez o
Otelo dos Otelos, com perdão para
Vickers que nunca veio a Portugal)
e com o meu Tito Gobbi como Iago.
E digo meu, porque desde esse ano
até 1970, em que nos visitou pela
última vez como Don Giovanni,
Gobbi foi o barítono que sempre
foi o meu Rodrigo, voz de todas as
minhas noites, quanto a Callas, a
Stich-Randall, a Nilsson, a Cossotto e
pouquíssimos mais.
Além deles e de Inge Borkh, a
primeira cantora de ópera por quem
me apaixonei (e que bela estava a
Princesa Salomé nessa noite!) levarei
para a tumba as vozes de Anton
Dermota (Tamino e Belmonte), de
Vilma Lipp (a Rainha da Noite) ou de
Arnold Van Mill (Daland e Rocco).
Um bilhete caído do céu deixoume ainda ver uma excêntrica
combinação da Maria Egeziaca
de Respighi com a Amelia al Ballo
de Menotti, que agora se foi desta
para melhor. É uma opera sobre o
eterno triangulo e Amelia (a mulher
dos dois homens) era uma certa
Fiorella Carmen Forti, uma das
ultimas cantoras que, em lídima
tradição novecentista, fez vibrar
Lisboa mais pelo corpo do que pela
voz. Fosse por isso, fosse porque
a ópera se cantou na Quaresma,
círculos mais rigorosos, que já se
haviam escandalizado com a maneira
como a Borkh despiu os sete véus,
consideram-se chocadíssimos.
Garantiu-se que a mulher do
Presidente da Republica saíra a meio,
o que não confirmo nem desminto.
O que confirmo e nunca desmentirei
é que, desde esse ano de 1953 a
ópera se me colou à carne e ao
espírito tanto quanto, mais ou
menos pela mesma altura, se colou
às personagens do Senso de Visconti.
Daquela pira, nem eles nem eu
nunca mais nos libertámos.
Mozart, Wagner, Strauss, Verdi
(em 54 vi o Tristão com a Mödl e
Windgassen, a Elektra com a Borkh,
as Bodas de Fígaro, com Tajo e a
Simionato). Ainda não tinha 20
anos e já os meus maiores estavam
achados. Como é que eu posso não
acreditar em Deus?
Escritor
14 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Cultura
Arquitectura
Santiago Calatrava processa Bilbau
Obras na ponte que faz ligação para o Guggenheim “são uma barbaridade”
a Bárbaros, diz ele: o arquitecto
valenciano Santiago Calatrava vai
processar o Ayuntamiento de Bilbau
por considerar que este “atentou
contra a propriedade intelectual”,
ao eliminar uma bandarilha da
Ponte de Campo Volantín para a
unir com a passadeira pedonal
desenhada pelo japonês Arata
Isozaki.
A cidade já respondeu. “Senhor
Calatrava, se nos vai processar por
termos permitido o prolongamento
da sua ponte, nós também o
processamos por todas as placas
que se partiram e por todos os
acidentes que isso causou, por
todos os homens e mulheres que
ali caíram. Não fui eu que andei por
lá durante a noite a partir placas”,
avisou o alcaide, Iñaki Azkuna,
citado pelo El Mundo.
Desde que a ponte foi inaugurada
(e muito usada para se chegar ao
Museu Guggenheim), várias pessoas
foram traídas pelo pavimento,
de vidro: as quedas, alega o
Ayuntamiento, sucedem-se.
Aparentemente, a queixa é
para manter: será entregue no
tribunal na terça-feira. “É uma
barbaridade. Isto não acontece em
parte nenhuma do mundo, não há
precedentes. Tiraram a bandarilha,
que pertencia à ponte de Calatrava,
sem a nossa autorização”,
disse o porta-voz do arquitecto,
Fernando Villalonga, que acusa o
Ayuntamiento de Bilbau – o mesmo
que transformou a desoladora
Arte
Música Clássica
Hamburgo
mostrar obra que
Veneza e Berlim
rejeitaram
De surpresa em surpresa
a O Hamburger Kunsthalle
prepara-se para mostrar, ainda
este mês, a instalação do artista
alemão Gregor Schneider que a
Bienal de Veneza e o museu de
arte contemporânea Hamburger
Bahnhof, de Berlim, declinaram:
Cube, um enorme volume com 14
metros de altura, será colocado à
entrada do museu paralelamente
à exposição Homenagem a
Malevitch, de 23 de Março a 10 de
Junho.
Representação quase figurativa
da Kaaba de Meca, o local mais
sagrado do Islão, a instalação de
Schneider foi retirada da Bienal
de Veneza, em 2005, por se temer
que pudesse ofender a comunidade
muçulmana. Posteriormente, em
Março do ano passado, também o
Hamburger Bahnhof, de Berlim,
cancelou a exibição da obra, que
o director do museu considerou
“politicamente duvidosa”. Felix
Kramer, o comissário da exposição
que finalmente vai mostrar a
peça, garante que “em Hamburgo
não haverá oposição”: “Estamos
em contacto com os líderes da
comunidade muçulmana da cidade
desde que lançámos o projecto, no
Outono de 2005, e temos o apoio
do município. É significativo que
até aqui as resistências tenham
partido das autoridades locais
e não propriamente dos líderes
islâmicos”, disse.
Obras na Ponte de Campo Volantín são centro da polémica
Remix Ensemble
mmm n
Diego Masson, direcção Sonia
Wieder-Atherton, violoncelo Porto,
Casa da Música – Sala Suggia
Sexta-feira, 23 de Fevereiro, 21h00
obras de C. Lima, G. Aperghis, M.
Jarrell e F. Donatoni. Sala a 1/3
O último concerto do Remix
Ensemble, na sexta-feira, contrariou
todas as expectativas que sobre ele
pudessem formar-se.
Na primeira parte do espectáculo
foram apresentadas duas obras de
compositores que divulgam a sua
afinidade com o trabalho de Iannis
Xenakis: de Cândido Lima (Viana do
Castelo, 1939), a estreia absoluta de
uma encomenda da Casa da Música,
HÉAMAÓAMÉH-sulcos.silêncios, uma
obra para 17 músicos, de 2006, e de
Georges Aperghis (Atenas, 1945),
Bloody Luna, para violoncelo e
ensemble, de 2004.
paisagem pós-industrial da cidade
num laboratório para arquitectos
– de “prepotência e ignorância”.
Apesar da queixa, Villalonga
frisa que Calatrava – que projectou
a Gare do Oriente, em Lisboa
– não tem nada contra Isozaki,
que considera “um excelente
A primeira é uma surpresa pela
positiva, pois representa o que
de melhor se tem ouvido deste
compositor português nos últimos
tempos. Aspectos a salientar serão
a noção de direcção presente
na obra, as bonitas sonoridades
conseguidas no final (num momento
algo camararístico), a presença
um tanto imperceptível de uma
harpa e o óptimo desempenho dos
percussionistas.
Bloody Luna explora o diálogo entre
o violoncelo (que abre nos agudos,
aí permanecendo em boa parte
da obra) e o ensemble, exibindo
um jogo de ecos que faz confundir
o timbre do violoncelo com o do
violino, fazendo uso de notas longas
e difíceis de manter com igualdade.
Um aspecto interessante é o uso
de pequenos glissandos nos sopros
(género de microtonalidade), efeito
muito conseguido no fagote.
Em geral, nestas obras, o trabalho
de Diego Masson resultou em
arquitecto”. O japonês teve a seu
cargo a remodelação do bairro
de Uribitarte: um programa de
larga escala, que inclui, além da
passadeira sobre a ria do Nervión,
duas torres, cinco edifícios mais
baixos e uma praça onde foi
colocada uma escultura de Chillida.
interpretações dinâmicas,
sendo muito aplaudidos tanto os
compositores como a violoncelista.
Após o intervalo, as obras
prometiam um pouco mais, mas
a interpretação deixou cair essa
expectativa. Da conhecida Music
for a while (1995), do suíço Michael
Jarrell (Genebra, 1958), Masson
conseguiu apresentar-nos um
momento musical de algum enfado,
transformando as sonoridades em
massas secas sem grande interesse.
De igual modo, a execução de Tema
(1981), de F. Donatoni (Verona, 1927Milão, 2000) pareceu mais uma
leitura de conjunto do que uma
interpretação maturada de uma
obra que até é de comunicação fácil.
Em geral, esteve longe de ser um
dos melhores concertos do Remix
Ensemble, mostrando-se mais
positiva a interpretação das obras
dos compositores presentes (Lima e
Aperghis, tendo este último falado
para o público durante a tarde).
Feira
Arco fecha ano excepcional
a A Arco – Feira Internacional de
Arte Contemporânea de Madrid
fechou ontem as portas de uma
das suas melhores edições de
sempre (a primeira coordenada
pela nova directora, Lourdes
Fernández): 20 por cento de
aumento no número de visitantes
profisionais (este ano houve mais
um dia só para compradores), 15
por cento de aumento nas vendas.
Ao todo, passaram pela Arco 190
mil pessoas - entre as quais, conclui
a direcção da feira, um colectivo
emergente de coleccionadores locais
perfeitamente sintonizado com o
actual momento alto do mercado
internacional das obras de arte. A
performance do país convidado
desta 26ª edição, a Coreia do Sul,
também foi impressionante: mais
de metade das galerias venderam
todas as obras disponíveis, sintoma
claro do actual apetite do Ocidente
pela arte asiática. No próximo ano, a
ARCO muda de instalações e convida
o Brasil como país-tema.
Em trânsito
Teatro e artes
plásticas
Teatro Nacional S. João em
Roma, Turim e Paris
O Teatro Nacional S. João vai
apresentar em Roma, Turim
e Paris as produções D. João
e Cabelo Branco é Saudade,
ambas encenadas por Ricardo
Pais. D. João, de Molière, vai ser
apresentado hoje e amanhã
em Roma (e a 1 e 2 de Março
em Turim) e o fado de Cabelo
Branco é Saudade será levado à
Cite de la Musique, em Paris, a 22
de Junho.
Julião Sarmento no Brasil
A Galeria Fortes Vilaça, de
São Paulo, vai mostrar Picture
Show, uma individual de Julião
Sarmento (Lisboa, 1948), a partir
de 3 de Março. A exposição fica
no Brasil até Junho. Depois, o
artista mostrará os mesmos
trabalhos na Galeria Pedro
Oliveira, Porto. No próximo
ano, Julião Sarmento vai
estar em destaque no Museu
de Arte Contemporânea de
Serralves, com uma exposição
comissariada pelo director da
instituição, João Fernandes.
Hoje no Fantas
Nove filmes para
lá da meia-noite
Rivoli - Grande Auditório
15h Ausentes, de Daniel
Calparsoro
17h Historias del Desencanto,
de Alejandro Valle
19h15 The Red Cockatoo,
de Dominik Graf
21h30 Isabella, de Pang
Ho-cheung
23h30 Severance, de
Christopher Smith
Rivoli - Pequeno Auditório
15h15 VIY, de Georgi Kropacyov
e Konstantin Yershov
17h15 Floripes, de Miguel
Gonçalves Mendes
21h15 Haze, de Shynia
Tsukamoto, e Le Livre des Morts
de Belleville, de Jean-Jacques
Jodiau
23h15 The Four Seasons of the
Law, de Dimos Avdeliodis
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 15
JEFF CHRISTENSEN/REUTERS
Palavra chave Angelina Jolie é mais sexy do que Brad Pitt
Pessoas
Hoje fazem anos
José Maria Aznar, ex-presidente
do Governo de Espanha, 54; Inês
Castel-Branco, actriz, 25; Sofia
Cerveira, apresentadora de TV,
32; José Mota, treinador do Paços
de Ferreira, 43; Tom Courtenay,
actor e músico, 70; Neil Jordan,
actor, 57; Tea Leoni, actriz, 41;
Beatriz Rico, actriz, 37; Justin
Jeffre, músico, 34.
Já era a pessoa mais sexy lá de
casa, agora é a pessoa mais sexy
de sempre: Angelina Jolie não se
limitou a passar à frente de Brad
Pitt na sondagem The 100 Greatest
Sex Symbols, também passou à
frente de toda a gente (Marilyn
Monroe incluída). A contagem
decrescente que passou ontem
no Channel 4 deixou Brad no
terceiro lugar da tabela: atrás
de Angelina, mas também atrás
de Elvis Presley. O top ten inclui
ainda um alter-ego de Angelina:
Lara Croft, a única personalidade
virtual com resultados vistosos.
Marilyn Monroe, Beyonce, George
Clooney, Kylie Minogue, Johnny
Depp (vá lá, algum bom senso) e
Scarlett Johansson também estão
nos dez mais do Channel 4.
É uma boa notícia para Angelina
Morrissey já não vai
à Eurovisão
Há cada vez menos hipóteses de o
Reino Unido ter uma
participação digna na
Eurovisão: Morrissey,
que ainda há meio ano
trocou várias vezes de
camisa à nossa frente,
no palco do Festival de
Paredes de Coura, já não
é hipótese para a BBC. A
cadeia britânica anunciou
ontem que o ex-Smiths
não vai participar no
concurso desste ano: “A
BBC abordou diversos
artistas e o Morrissey foi
um dos que manifestaram
interesse. Infelizmente, não
conseguimos dar continuidade a
essa participação e podemos agora
confirmar que, definitivamente,
ele está fora de competição este
ano”, disse um porta-voz da BBC.
Morrissey voluntariou-se para
representar o Reino Unido na
Eurovisão depois de, no ano
passado o concorrente inglês, ter
ficado em quinto lugar a contar
do fim no concurso: “Fiquei
horrorizado, mas
não surpreendido”, disse.
Jolie: nos últimos dias, a figura
da actriz tem sido falada mais
por más do que por boas razões.
A tese da anorexia – Angelina
está cada vez mais magra e terá
ficado profundamente abalada
pela recente morte da mãe, vítima
de cancro – ganhou força com
a sua última aparição pública,
nos Globos de Ouro. “Temos
medo de a abraçar, parece que
ela pode quebrar a qualquer
momento. A Angie não tem
um apetite saudável. E quando
está deprimida ou stressada, é
pior”, disse uma fonte próxima
da actriz à revista Star. Brad
Pitt, dizem os amigos, começa a
ficar preocupado: Angelina pesa
actualmente 53 quilos, dez quilos
a menos do que o normal para a
sua estatura.
Claudia Schiffer
As magrinhas
também têm direitos
Gates apresenta
a Internet à filha
Não é novidade para ninguém
que Bill Gates fez fortuna com os
computadores. Diz a lenda que o
patrão da Microsoft pôs as mãos
num computador pela primeira vez
aos 13 anos de idade. Hoje em dia,
as crianças com menos de dez anos
de idade que vivam nas zonas mais
ricas do mundo já mandam emails
aos pais a avisar que vão chegar
tarde. Bem, quase todas as crianças.
A excepção é mesmo a filha mais
velha de Bill Gates, de dez anos,
que só agora começou a dar os
primeiros passos na Internet.
As modelos vêm em todos os
tamanhos: as magras, as muito
magras e as magras de mais. As
magras e as muito magras têm
acesso livre a qualquer desfile do
mundo, mas as excessivamente
magras já começaram a ser alvo
de alguns olhares indiscretos e
comentários recriminadores.
Apesar da nova moda de torcer o
nariz às profissionais mais delgadas,
nem todos alinham pela mesma
costura. Ao que parece, a ex-top
model alemã Claudia Schiffer
não se conforma com as críticas
às regras alimentares seguidas
pelas modelos e já afirmou que
“não é correcto dizer-se que
existe um índice de anorexia” no
mundo da moda. Schiffer, que já
foi a profissional mais cotada da
indústria, lembra que muitas jovens
“são excessivamente magras mas
são saudáveis” e considera que um
hipotético veto à magreza excessiva
nas passerelles pode significar um
fim de carreira injusto para muitas
mulheres. No ano passado, os
organizadores do evento Pasarela
Cibeles, em Madrid, excluíram cinco
modelos de um grupo inicial de
69, por apresentarem um índice de
massa corporal inferior a 18.
Nicole Richie diz
que não se mete nisso
Nicole Richie, filha adoptiva do
cantor Lionel Richie, garante que
não estava a conduzir sob o efeito
de drogas quando foi apanhada pela
polícia a conduzir sob o efeito de
drogas. Segundo o site tmz.com,
Richie declarou-se inocente em
tribunal, desmentindo assim as suas
próprias declarações à polícia, em
Dezembro passado, quando admitiu
ter fumado marijuana e tomado
um medicamento para o qual tinha
receita médica. Se for considerada
culpada, a jovem pode mesmo ir
parar à cadeia, já que é reincidente.
16 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Policiário
Morte misteriosa em Cascais
Luís Pessoa
Jogos
Atenção aos prazos
A proposta de solução deve ser
entregue impreterivelmente até
ao dia 12 de Março – esta época os
prazos são mesmo para cumprir,
sob pena de exclusão! –, usando
um dos seguintes meios:
Pelos Correios para PÚBLICOPoliciário, Rua de Viriato, 13,
1069-315 Lisboa;
Por e-mail para
[email protected];
Por entrega em mão na redacção
do PÚBLICO de Lisboa;
Por entrega em mão ao orientador
da secção, onde quer que o
encontrem.
a O corpo de um homem
desconhecido apareceu a boiar
na piscina de uma vivenda de
Cascais: quem o matou e porquê?
Este é o repto que Mr. Ignotus
lança a todos os “detectives” em
mais um desafio do campeonato
nacional policiário.
Publicamos hoje mais
um desafio do Campeonato
Nacional e da Taça de Portugal,
um problema do confrade Mr.
Ignotus, residente na Amadora.
É uma estreia nas nossas páginas
como produtor, o que se saúda!
Ficamos a aguardar as reacções
dos nossos “detectives”...
Prova n.º 4 do Campeonato
Nacional e da Taça de Portugal,
Um Cadáver na Piscina, de Mr.
Ignotus (Amadora)
Abri as persianas para olhar
o tempo: estava uma daquelas
manhãs radiosas de Primavera.
Tudo convidava a um encontro
com a natureza, tanto mais que era
domingo e não teria de ir trabalhar.
Dispus-me a ir tomar o pequenoalmoço a uma esplanada próxima
e, depois, a dar um passeio pelo
parque, retardando a hora de
almoço, para compensar o tempo
que ficara a preguiçar na cama.
Ainda meio ensonado, liguei
a rádio para ouvir as notícias e
fiquei logo com a sensação de que
o meu dia não ia ser assim: numa
moradia, em Cascais, aparecera
o cadáver de um homem a boiar
na piscina, suspeitando-se de
assassinato. Os donos da casa
estavam de férias no estrangeiro
e quem chamara a polícia fora o
jardineiro. Antes de sair telefonei
para a PJ e um amigo confirmou
a notícia, indicando-me o local.
Modifiquei logo os meus planos:
iria tomar o pequeno-almoço e,
depois, rumaria a Cascais.
O sol já aquecera bem a manhã
quando me sentei, debaixo do
chapéu da pastelaria, para comer
uma torrada mal passada e beber
um café. As árvores em volta já
tinham tenras folhas e, como
o trânsito era pouco, podiamse ouvir os pássaros a cantar.
Chovera até quase o dia clarear
e, talvez por isso, parecia que a
natureza estava plena de pujança,
com tudo muito verde e fresco.
O café despertou-me; voltei a
olhar o papel onde rabiscara a
morada e confirmei a ideia que,
de repente, me veio à cabeça: a
moradia era a de um casal amigo,
e até já nadara na tal piscina!
Liguei pelo telemóvel e
atendeu-me a criada que,
reconhecendo-me, não só
confirmou as minhas suspeitas
como acrescentou que a casa
estava num pandemónio,
com polícias por toda a parte,
permanentemente a massacrála com as mesmas perguntas.
Procurei tranquilizá-la e disse-lhe
que, em breve, passaria por lá.
Ainda estava ao telemóvel quando
senti o sinal de que alguém
tentava contactar-me. A ligação
era do Inspector Lucas:
“Então já sabes a notícia?
Para ainda não teres aparecido é
porque te levantaste tarde... Dá
um salto até cá, que tenho um
caso de que vais gostar.”
Meia hora depois estava a tocar
à porta da vivenda. Um polícia
acompanhava a criada Dolores,
que rejubilou com a minha
presença e com o saber que era
amigo do inspector.
“Isto está um inferno! Estou
farta de dizer a toda a gente que
não sei nada, porque nem cá
estava. Como os patrões não estão
fui dormir a casa. Só soube o que
se passava quando me telefonaram
a mandar vir para cá”.
O Inspector Lucas fez-me um
rápido ponto da situação: às oito e
doze fora recebida a chamada do
jardineiro Ambrósio participando
que, quando se preparava para
limpar a piscina, vira um corpo
a boiar. Pensando que ainda
poderia estar vivo, tirara-o da
água, logo se apercebendo que já
há muito tinha morrido. Tal como
Dolores, declarou não conhecer
o morto. Também a polícia
ainda não sabia de quem era o
cadáver, pois não fora encontrada
qualquer identificação. Segundo
o médico legista, a vítima sofrera
uma pancada na nuca, que lhe
provocara forte hematoma,
não podendo ainda precisar
se este fora a causa da morte
ou o afogamento. Tudo devia
ter ocorrido pelo meio da
madrugada.
Para o inspector, a vítima não
era dali e admitia mesmo que
fosse estrangeira, quer pelo
aspecto físico, quer pela roupa
que usava. Pressentia que os
empregados (ou pelo menos
um deles) sabiam como a morte
ocorrera. Nenhum tinha álibi para
a provável hora do crime – pois já
não tinha dúvidas que se tratava
de tal –, alegando que estavam em
casa, a dormir. Ele na vivenda,
onde tinha quarto, ela em casa.
Como vivia só e saíra tarde da
moradia, não tinha, também,
quem confirmasse a versão que
contava.
Uma certeza já tinha obtido
com a acareação que lhes fizera:
tinham uma secreta relação
amorosa, que os levava a,
mutuamente, tentarem encobrirse, revelando ambos grande
inquietação.
Fui ver a zona da piscina. O
cadáver permanecia na relva do
lado mais próximo da casa.
A borda da piscina, de
mármore branco, estava
impecavelmente limpa, como
sempre a conhecera; a água
muito azul era um convite; toda a
zona envolvente estava como eu
a conhecia. Nada de dissonante
era visível. A polícia identificara
pegadas do morto junto à borda
da piscina, e também das botas
que Ambrósio ainda calçava. Por
baixo do cadáver estava uma faca,
de lâmina curta e forte, ainda
com a etiqueta da casa onde fora
comprada. Pedi ao inspector
que chamasse a criada, a quem
perguntei a nacionalidade, pois,
pelo ligeiro sotaque, sempre
pensei que não era portuguesa.
“Nasci no Brasil mas como
tinha uma vida miserável, pois
ganhava pouco e o homem me
chegava o pau, fugi e vivo cá há
dez anos. Arranjei logo trabalho
nesta casa e já nem saudades
tenho de lá.”
“E do seu homem, nunca mais
soube nada?”
“Nem quero! Antes da minha
mãe morrer o Honório ainda
aparecia lá por casa a perguntar
por mim. Dizia que me queria
muito, mas fartou-se de me bater.
Era muito bravo. Agora, há mais de
um ano que não recebo notícias...”
Depois foi a vez de Ambrósio,
a quem pedi que me repetisse o
relato do que fizera até agora.
“Como já disse à polícia,
levantei-me cerca das oito horas.
Arranjei-me, tomei o pequenoalmoço, pus a secar a roupa que
ontem molhei e fui à arrecadação
buscar o carrinho com as coisas
para limpar a piscina. Quando
aqui cheguei vi o homem a boiar.
Puxei-o para a relva e, como
já estava morto, fui telefonar à
polícia, que me disse para não
tocar em nada. Eu assim fiz: vim
sentar-me naquela cadeira e
fiquei à espera que chegassem.”
Perguntei-lhe se sabia que a
Dolores era casada. Disse-me
que ela lhe contara que fugira do
Brasil por ele ser muito mau e
ciumento. Que até jurava matá-la,
e ao rival, se soubesse que tinha
outro homem.
Convidei o inspector a dar
uma volta à casa. No estendal
das traseiras secava um fato
de macaco, completamente
molhado; na arrecadação tudo
perfeitamente arrumado. Estava
a observar algumas ferramentas,
que ainda estavam húmidas,
quando apareceu um agente
a informar que junto ao muro
havia pegadas, como se alguém
o tivesse escalado, para forçar a
entrada na moradia.
Fomos ver e, pelo caminho,
perguntei-lhe se suspeitava quem
era o morto, quem o assassinara
e como devia ter acontecido
o homicídio. Expus-lhe a
minha teoria. Ouviu-me com a
habitual atenção. Depois fez uns
telefonemas e quando, tempo
depois, obteve uma resposta,
disse-me que começava a fazer-se
luz sobre todo aquele mistério.
Será que os nossos detectives
também já podem responder às
perguntas que fiz ao Inspector
Lucas?
E pronto! Agora é tempo de
voltar a ler o desafio com muito
cuidado, reproduzir o que se terá
passado e juntar as peças todas
para resolver este caso.
Este foi o Policiário nº 815. A correspondência para esta secção deve ser enviada para Rua Viriato, 13, 1069-315 Lisboa ou para o endereço policiá[email protected]
Descubra as diferenças
Xadrez
Problema 6176
“Chakmati”, 1938
(As brancas empatam)
Estes dois desenhos são diferentes em oito pequenos detalhes.Será que os consegues descobrir?
Solução:
Bd5 Cc2+ 2.Rb3 Ca1+3.Ra4!Rxd5 4.Cc7+Rc6
5.Cxa6 Rb7 6.Bc5! Rxa6 7.Be7! Bg7
[7…Bxe7 afogado]
8.Bf8! Be5 9.Bd6! Bd4 10.Be5!Bc3 11.Bb4!
Bb2 12.Ba3!
Solução das diferenças: aba chapéu; tijolo; folhas cenouras gigante; nós madeira; botões camisa; cenoura lado esq; traço corpo cenoura gigante; copa árvores lado esq.
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 17
Desafios
Soluções da semana anterior
A caixa das medalhas
Quatro danças, quatro pares
Oclube a que pertenço
vai completar 17
anos e por isso
resolveu mandar
fazer três medalhas
comemorativas
diferentes, cada uma
com um diâmetro de 10
centímetros.
As medalhas vão ser
guardadas umas ao
lado das outras numa
caixa quadrada. Por
questões de economia
de espaço e de
material, queremos
que a caixa seja o
menor possível.
Quanto vai medir o
lado do quadrado?
O Desafio proposto na semana
passada foi o seguinte: “Quatro
amigas e quatro amigos
juntaram-se para dançar em
casa de um deles.
Começaram com um rock, um
slow, uma valsa e um tango,
trocando sempre de pares, de
tal modo que não houve nunca
nenhum par repetido. Quando
fizeram uma pausa, ouvi os
seguintes comentários das
raparigas:
Susana: “Gostei muito de
dançar o rock com o Gonçalo.”
Neide: “Aquele novo passo do
João no rock é mesmo a meu
gosto!”
Carolina: “Não sei do que gostei
mais, se da valsa com o Tiago,
se do slow com Gonçalo.”
Gabriela: “Vejam lá que o
Fernando tentou beijar-me
durante o slow.”
Quais foram os pares durante o
tango?”
1) Comecemos pelo rock.
Já conhecemos dois pares:
Susana-Gonçalo e Neide-João.
Faltam Carolina e Gabriela,
Fernando e Tiago.
Mas a Carolina valsou com o
Tiago, logo terá de ser CarolinaFernando e Gabriela-Tiago.
2) Vejamos agora o slow.
Já conhecemos dois pares:
Carolina-Gonçalo e Gabriela-
Fernando.
Faltam Susana e Neide, Tiago
e João.
Mas a Neide e o João estiveram
juntos no rock, logo os pares
só podem ser Susana-João e
Neide-Tiago.
3) Chegou a vez da valsa.
Conhecemos um par: CarolinaTiago.
O João dançou o slow com a
Susana e o rock com a Neide,
por isso só sobra a Gabriela
para a valsa.
Faltam Susana e Neide,
Fernando e Gonçalo. Mas
a Susana já fez par com o
Gonçalo no rock. Então as
únicas possibilidades são:
Susana-Fernando e NeideGonçalo.
4) Finalmente, o tango
Já sabemos que nas danças
anteriores:
– A Susana fez par com o João, o
Fernando e o Gonçalo.
– A Neide dançou com o Tiago,
o Gonçalo e o João.
– A Carolina bailou com o
Gonçalo, o Tiago e o Fernando.
– A Gabriela esteve com o
Fernando, o João e o Tiago.
Conclusão: no tango, os pares
foram:
Susana-Tiago, Neide-Fernando,
Carolina-João e GabrielaGonçalo.
18 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
A minha TV
Jorge Mourinha
Tertúlia para um
Ficar
Tratado
da Magia
O filósofo Giordano Bruno
(1548-1600) é um dos grandes
desalinhados do Ocidente.
Como lembra Rui Tavares, na
introdução à sua tradução:
“Quando compôs a obra que
o leitor tem neste momento
entre mãos, Bruno tinha já
sido excomungado de três
igrejas – a católica primeiro, a
calvinista depois e a luterana
em último lugar. Pouqíssimas
vezes suscitou Bruno tamanha
unanimidade – como esta de ser
quase um herético ecuménico
– e não é dos seus menores
feitos a inimizade que as igrejas
organizadas lhe votaram, a que
devemos ainda acrescentar as
universidades em que não se
deu bem: Toulouse, a Sorbonne,
Oxford”. Como era de prever,
acabou na fogueira inquisitorial.
Mas não parou de incomodar,
pois a redescoberta moderna
de textos como o presente veio
desestabilizar o estatuto que ele
entretanto adquirira de “mártir”
precursor do racionalismo
científico. Esta é a primeira
tradução para português deste
texto, que Bruno compôs em
Frankfurt em 1590-91.
Autor: Giordano Bruno
Tradutor: Rui Tavares
Editor: Tinta da China
a Uma das coisas que mais gosto em
televisão é de ouvir gente que tem
histórias para contar, que as conta
e que as sabe contar. Portugal é um
país demasiado displicente com a
sua própria memória, pouco atreito
a registar com precisão o presente
para que no futuro se faça sentido
do passado. É isso que tornou tão
mágico ouvir João Paes a discorrer
sobre o Portugal dos anos 1950, em
que andou pelo país a montar a rede
de emissores da RTP, ou sobre a sua
relação com Manoel de Oliveira que
levou à criação da polémica ópera
filmada Os Canibais. Foi no magazine
cultural da 2: Câmara Clara (sextas,
22h30), que era supostamente sobre
ópera - mas com um convidado
destes não há tema que resista.
Ângela Barreto Xavier, a outra
convidada de Paula Moura Pinheiro
(mais sóbria do que noutros tempos,
mas completamente fascinada
pelo interlocutor), foi literalmente
chutada para canto, o roteiro
cultural da semana pareceu uma
intromissão indesejada. Ninguém
se lembra de fazer um programa só
com esta gente que tem histórias
para contar?
Documentários
Svensk Filmindustri: A Grande
Aventura do Cinema Sueco
Canal História, 22h00
Graças às personalidades e ao
compromisso artístico dos seus
produtores, directores, actores
e técnicos, a Svensk Filmindustri
conseguiu o reconhecimento
internacional para o cinema sueco.
Desde a sua criação em 1919, por
Charles Magnusson, a Svensk
Filmindustri produziu 1200 filmes,
que incluem as obras principais de
Mauritz Stiller, Victor Sjöström e
Ingmar Bergman.
Pontes
Canal História, 17h00/21h00
O documentário viaja até à nova
ponte Woodrow Wilson Bridge, que
une o estado de Virgínia com o de
Maryland, através do rio Potomac.
Esta construção pode enquadrar-se
no conceito de mega-ponte: com
o objectivo de poderem circular
até 300 000 veículos por dia, terá
12 carris de tráfego, que cobrirão
uma superfície total equivalente ao
tamanho de 25 campos de futebol.
Pirâmides no National
Geographic
National Geographic, 20h00 às
22h00
Três documentários sobre várias
pirtâmides. Às 20h00, As Pirâmides
da Morte faz uma viagem até à
majestosa cidade de Teotihuacán,
México, para descobrir uma
misteriosa civilização. Às 21h00,
O Enigma das Pirâmides tenta
perceber por que razão os egípcios
escolhiam determinados sítios
para construir as pirâmides. Às
21h30, é transmitido O Tesouro de
Tutankamon.
Diários de Che Guevara
Cinema
para realizar um sonho comum:
explorar a América Latina. Mas a
viagem torna-se mais do que uma
descoberta geográfica e conduz os
dois amigos numa grande odisseia
de descoberta interior.
Diários de Che Guevara
Título original: Motorcycle
Diaries
Realizador: Walter Salles
Actores: Gael García Bernal,
Rodrigo De la Serna, Mía Maestro
ARG/EUA, 2004, 128 min.
RTP1, 22h40
Em 1952, Ernesto Guevara (Gael
García Bernal) tem 23 anos e
estuda medicina. Quase no fim
do curso, deixa a sua casa em
Buenos Aires para seguir numa
viagem com o amigo Alberto
Granado (Rodrigo de la Serna). Os
dois partem na temperamental
Norton 500, a mota de Alberto
a que chamam La Poderosa,
Moulin Rouge! [Moulin Rouge!]
Lusomundo Gallery, 21h00
Uma trágica história de amor
ao som da música pop, rock e
techno, tal como o realizador
Baz Luhrman já tinha feito com
Romeu e Julieta. Christian (Ewan
McGregor) é um inglês que
chega a Paris com o sonho de
ser escritor ou poeta. Até que
conhece Satine (Nicole Kidman),
Música
Entretenimento
John Zorn
Mezzo, 18h00
John Zorn (saxofone) e o seu
Masada Quartet – Dave Douglas
(trompete), Greg Cohen (baixo) e
Joey Baron (bateria) – em concerto,
ao vivo, em 2006, numa realização
de Vincent Massip.
a mais bela cortesã de Paris,
durante um encontro com o
gerente do cabaré.
Os Anjos de Charlie
[Charlie’s Angels]
AXN, 22h25
Adaptação da popular série
televisiva dos anos 70 com
realização de McG. Cameron
Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu
são Os Anjos de Charlie. Lindas
e inteligentes, trabalham como
detectives para um milionário
invisível, que tal como na série não
passa de uma voz misteriosa (de
John Forsythe) a ditar ordens às
suas belas meninas. Elas, Natalie,
79.ª Gala de Entrega dos Óscares
TVI, 01h00
Transmissão, em directo do Kodak
Theatre, em Los Angeles, da 79.ª
edição da gala de entrega dos
prémios da Academia de Hollywood.
Este ano, a actriz de comédia Ellen
Degeneres é a anfitriã da cerimónia.
A Corrida para a Passadeira
Vermelha 2007
Biography Channel, 22h00
Programa especial para comemorar
a 79.ª edição da cerimónia de
entrega dos prémios da Academia
de Hollywood. O Biography
percorre os filmes que estrearam
durante o último ano e dá conta das
expectativas e das emoções dos que
se encontram na corrida à cobiçada
estatueta. Inclui entrevistas,
vídeoclips, os bastidores dos
melhores filmes do ano e cenas das
melhores interpretações.
Recomendações PÚBLICO/OPTIMUS
PUB
Não perca A Corrida para a Passadeira Vermelha 2007 no Biography Channel, no seu OPTIMUS MOBILE TV
P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 19
Entrevista
Diga lá, Excelência!
2:, 22h30
Nuno Gaioso Ribeiro é o convidado
de mais uma edição de Diga lá,
Excelência!. A crise que abala a
Câmara de Lisboa é o tema da
entrevista ao actual número um da
oposição socialista na autarquia,
depois da saída de Manuel
Maria Carrilho. Gaioso Ribeiro é
entrevistado pelos jornalistas Dina
Soares, da Rádio Renascença, e
José Manuel Fernandes, director do
PÚBLICO. A entrevista é transmitida
na Renascença a partir das 12h00.
Séries
Casos Arquivados
FOX, 21h15
Nesta nova temporada da série que
a FOX hoje estreia, a detective Lilly
Rush volta a enfrentar o passado
mais sinistro com a sua habitual
astúcia. Ao todo, serão 23 episódios
que põem à prova a perícia policial
de Rush e da sua equipa da brigada
de homicídios de Filadélfia. Entre
eles, está Josie Sutton, um novo
elemento que chega à esquadra de
polícia com um passado obscuro.
Prison Break
RTP1, 15h15
Lincoln está prestes a ser executado
e vê o seu pai na sala ao lado. Um
telefonema do juiz Kessler adia a
execução. Michael faz planos para
uma nova e mais perigosa forma de
fugir pelo jardim da prisão, mas um
acidente põe o seu plano em perigo.
Páginas de Português
Antena 2, 16h00
Uma conversa com o escritor
angolano Manuel Rui sobre a língua
portuguesa em Angola.
Anatomia de Grey
RTP1, 18h45
As vítimas de um acidente de
comboio são enviadas para Seattle
Grace e toda a equipa é chamada.
Derek libera Webber para fazer uma
cirurgia. Addison e Izzie trabalham
com uma mulher que está grávida e
gravemente queimada. Entretanto,
Izzie precisa tomar uma decisão
equivalente a escolher entre a sua
amizade com Meredith e a sua
carreira.
Dylan e Alex, são peritas em artes
marciais e nem precisam de armas
para fazer frente ao inimigo.
oito Óscares, incluindo o de
melhor actor, filme, realizador e
argumento original.
Gandhi [Gandhi]
Hollywood, 23h15
O épico de Richard
Attenborough, que traça um
retrato apaixonado da figura de
Gandhi, o libertador da Índia,
encarnado de alma e coração
por Ben Kingsley. Apesar de
biográfico e de não entrar em
discussões político-ideológicas,
o filme mostra a situação de
pobreza extrema do povo indiano
e momentos marcantes da sua
luta e organização. Conquistou
Especial Dia dos Óscares
Hollywood, a partir das 14h30
Assinalando o dia em que a
Academia entrega as estatuetas
douradas, o canal Hollywood
realiza uma maratona de filmes
premiados com Óscares. Destaque
para Gladiador, de Ridley Scott,
às 14h30, E.T. O Extraterrestre, de
Steven Spielberg, às 17h00, Bonnie
e Clyde, de Arthur Penn, às 19h00, e
O Exterminador Implacável: 2 – O Dia
do Julgamento, de James Cameron,
às 21h00.
Rádio
RTP1
2:
SIC
TVI
06.25 Boletim das Pescas
06.30 Brincar a Brincar
(Último) 07.30 Brinca Comigo
09.10 Pandas na Natureza
10.00 Eucaristia Dominical
11.00 Circo Massimo 12.35 Mr.
Bean 13.00 Jornal da Tarde
14.15 Só Visto! 15.20 Prison
Break 17.00 Aqui Há Talento
06.00 Euronews 07.00
Euronews 07.30 Músicas de
África 08.30 África@Global
09.00 Caminhos 09.25 70X7
09.50 Nós 11.05 Da Terra ao
Mar 11.35 Consigo 12.00 Vida
por Vida 12.30 Olhar o Mundo
13.00 Couto & Coutadas 13.25
Futuro Selvagem 13.50 Hora
Discovery: Crescimento do
Orangotango 14.40 A Voz
do Cidadão 15.00 Desporto
2: 19.20 Entre Pratos 19.50
Diário de Sofia
07.00 SIC Kids 08.45 Disney
Kids 10.00 SIC KIDS 11.00
Uma Aventura... No Carnaval
12.00 BBC Vida Selvagem:
Tale of Two Dogs 13.00
Primeiro Jornal
14.00 Filme:
As Aventuras
de Beary,
O Ursinho
15.45 Filme:
Clockstoppers,
Paragem no
Tempo 17.45
Filme: O Caso
Thomas Crown
06.30 Todos Iguais 07.00
Batatoon 09.30 Morangos
com Açúcar 11.00 Missa
12.30 Oitavo Dia 13.00
Jornal da Uma 14.00 Filme
16.00 Filme 17.45
Superliga: Golos
18.00 Filme a
designar
20.20 Teen Titans
20.40 Futurama
Série animada de humor
sobre a vida no século
XXXI, pela mesma
equipa de criadores de
Bart Simpson.
20.00 Jornal da noite.
20.00 Jornal Nacional
Directo.
21.00 As Escolhas de
Marcelo Rebelo de Sousa
21.40 Gato Fedorento
- Diz Que É Uma Espécie
de Magazine.
21.05 Bombordo: A Pesca
Sagrada em Entogo
Série documental.
21.35 A Alma e a Gente
21.15 Reportagem SIC:
Pedra Preciosa. Trabalho
de Joaquim Franco sobre
o caso Esmeralda.
21.45 Vingança.
21.15 Morangos com
Açucar IV
Série Juvenil
22.40 Lotação Esgotada:
Diários de Che Guevara
Diarios de Motocicleta.
De Walter Salles. ALE/
ARG/Chile/EUA/FRA/
GB/Peru, 2004, 128min.
22.00 Jornal 2:
Inclui Cartaz 2:.
22.40 Diga Lá,
Excelência!: Nuno Gaioso
22.30 Páginas da Vida
Telenovela brasileira
com Regina Duarte,
Tarcisio Meira, Lilia
Cabral, Ana Paula
Arósio, entre outros
22.15 A Designar
23.40 Britcom:
Abençoados + A
Pequena Grã-Bretanha
Séries de humor
britânicas com o selo da
BBC.
23.15 Hora H
Herman José volta aos
sketches humorísticos.
Com Maria Rueff, Ana
Bola, Maria Vieira, entre
outros.
00.55 Pianíssimo. Programa
sobre a história do piano
através dos tempos, com
autoria e apresentação do
maestro António Victorino de
Almeida.
00.40 Onda-Curta 01.40
Afghanistan: The Heroin
Connection 02.40 Parlamento
03.40 Desporto 2:
00.15 CSI Miami 01.15 CSI Las
Vegas 02.15 Filme: Fenómeno
2 03.45 O Bairro da Fonte
00.00 Superliga: jornada
00.30 Superliga: Os casos
01.00 79º Cerimónia
Entrega dos Óscares 05.00
Televendas
SIC Mulher
SIC Radical
História
Odisseia
11.30 Magazine Mulher 12.00
Na Cozinha com Oliver 12.30
A Obra de Debbie Travis
13.30 Oprah 14.15 Cultura Pop
14.45 Juntos Pelo Gosto 15.00
Compacto Essência 17.30
Todos Gostam do Raymond
19.30 Abre Brevemente
20.00 Em Meu Nome
21.00 Querido, Mudei
a Casa 21.45 Grande
Cinema 22.00 Prazer
dos Diabos 23.00
Sexo e a Cidade 23.30
Oprah 00.30 As
Eleitas 01.00 Minisérie: The Waiting
Time
12.00 Beat Box 12.30 Curto
Circuito Est. 2 13.30 Gato
Fedorento 14.00 Ameaça
Invisível 15.30 Conan O’Brien
17.00 O Bem Contra o Mal
18.00 Buffy, Caçadora de
Vampiros 19.00 ECW 20.30
Valha-me Deus (Especial)
21.30 South Park 22.00
Imperiais e Batatas
Fritas 22.30 Show do
Unas 23.00 Oz 23.45
Max Música 00.00
Dance TV 00.30
Carnivale 01.15
Max Música 01.30 5.ª
Dimensão 02.00 Max
Música de Alterne
16.00 Animais em Acção:
Guerreiros Submarinos 17.00
Mais do Que Ferramentas:
Pontes 18.00 Grandes
Conquistadores: A Vingança
de Hernán Cortés 19.00 O
Café 20.00 Beatrix Potter
e Peter Rabbit 20.30 Os
Mais...:4 21.00 A Armada
da Al Qaeda 22.00 Svensk
Filmindustri - a Grande
Aventura do Cinema Sueco
23.00 Aviação de Combate:
F6F Hellcat 00.00 Animais
em Acção: Guerreiros
Submarinos 01.00 Mais do
Que Ferramentas: Pontes
16.00 Broadway: O
Ressurgimento 17.00 A
Sinfonia Inacabada de
Einstein 18.00 À Volta
do Mundo com Stephane
Peyron: Amazónia 19.00 As
Maravilhas de Clipperton:
Tubarões em Perigo 19.30
As Maravilhas de Clipperton:
Um Lago no Meio do Oceano
20.00 Coca-cola Contra Pepsi
21.00 Odisseias: Planeta
Mar 21.30 Odisseias: Homo
Creator 22.00 Os Perigos
do Éden 23.00 Broadway: O
Ressurgimento 00.00 O Rei
Coala 00.45 Maravilhas do
Mundo: A Ilha de Páscoa
17.45 O Caso Thomas Crown
18.45 Anatomia de Grey
20.00 Telejornal
00.55 Pianíssimo
Desporto
Futebol: Beira-Mar – FC Porto
SportTV1, 20h10
Os “dragões” deslocam-se ao
terreno do Beira-Mar, em jogo da
19.ª jornada da I Liga. A equipa de
Jesualdo Ferreira vem de um pouco
saboroso empate frente ao Chelsea,
no jogo da primeira-mão dos oitavosde-final da Liga dos Campeões, e
tenta cimentar a sua liderança na
liga nacional. Os aveirenses estão
na penúltima posição da tabela e
precisam de somar pontos.
Futebol: Estoril – Santa Clara
SportTV1, 11h00
Jogo da 19ª jornada da Liga de
Honra.
Futebol: Carling Cup
SportTV1, 18h00
Chelsea e Arsenal disputam a final
da Liga Inglesa, em Cardiff. José
Mourinho tenta juntar mais um
título ao seu currículo. A SportTV
transmite o jogo em diferido. Quem
tiver parabólica pode acompanhar o
jogo em directo, às 15h, na Sky 1.
Futebol: Liga Espanhola
SportTV2, 18h00/20h00
Transmissão em directo dos jogos da
24.ª jornada: Gimnástic – Valência e
Barcelona – Atlético Bilbao.
Futebol: AS Roma – Reggina
SportTV1, 14h00
Jogo em directo da 25.ª jornada da
Liga Italiana.
Futebol: PSG – St. Etiènne
SportTV1, 23h00
Jogo da 26.ª jornada da Liga
Francesa, em diferido.
Andebol: Sporting – ABC
SportTV1, 16h05
Jogo da 20.ª jornada da Liga.
Basquetebol: Belenenses –CAB
Madeira
2:, 17h00
Jogo da 27.ª jornada da Liga.
Ciclismo: Taça do Mundo em
Pista
Eurosport, 19h45
Terceiro dia da prova, a decorrer em
Manchester.
23.00 Sexo e a Cidade
AXN
Hollywood
FOX
Panda
09.40 Velocidade Perigosa
10.40 Um Passo À Frente
12.10 Sobrenatural 13.00
Zappo 13.30 Insert Coin
14.00 Sem Rasto 14.50 Mr.
Deeds 16.50 Stargate SG-1
17.40 Sobrenatural 18.30
A Irmandade do Mal 20.35
Os Homens do Presidente
21.30 Mentes Criminosas
22.25 Os Anjos de Charlie
00.07 Coyote Bar 01.51
Mentes Criminosas 02.47 Os
Homens do Presidente 03.35
A Irmandade do Mal 05.35
Velocidade Perigosa
09.00 Imperdoável 11.07
Em Rodagem - Velocidade
Mais Furiosa 11.30 África
Minha 14.05 O Mundo das
Estrelas 14.30 Gladiador
17.00 ET, O Extraterrestre
18.51 Starstruck - Val Kilmer
19.00 Bonnie e Clyde 20.50
Starstruck - Joaquin Phoenix
21.00 O Exterminador
Implacável 2, O Dia do
Julgamento 23.15 Gandhi
02.19 Close Up - Julia Roberts
02.48 Dr. Kill & Chance 03.00
Intervalo Técnico 05.03
Hollywood One On One
15.30 Perto de Casa 16.15
Perto de Casa 17.00 Mister
Johnson 18.37 King Of The
Hill 18.59 King Of The Hill
19.21 American Dad 19.41
American Dad 20.02 Family
Guy 20.25 Os Simpsons
20.50 Os Simpsons 21.15
Casos Arquivados 22.03
O Meu Nome é Earl 22.25
O Meu Nome é Earl 22.50
House 23.37 Especial Casos
Arquivados 00.22 Especial
Casos Arquivados 01.07
Especial Casos Arquivados
01.52 Invasão
12.00 Mew Mew Power 12.30
Doraemon 13.00 Pandadoc
13.05 Kaleido Star 13.30 Let’s
& Go 14.00 Megaman 14.30
O Mundo Secreto do Urso
Benjamin 15.00 Pigi e Os
Seus Amigos 15.30 Rupert
16.00 Ruca 16.30 Histórias
dos Ursinhos Carinhosos
17.00 Abram Alas Para O
Noddy 17.30 Kiteretsu 18.00
Ciber-heróis 18.30 Os Pandas
Galácticos 19.00 Campeões
- Oliver e Benji 19.30
Doraemon V 20.00 Abram
Alas Para O Noddy
Na pausa para almoço, divirta-se com Oliver e Benji no canal Panda, no OPTIMUS MOBILE TV
20 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Cinema
Lisboa
Sair
Música sacra
na Baixa
As paróquias da Baixa – Chiado
são palco, todos os domingos
às 16h, até 25 de Março (e de 15
de Abril a 27 de Maio), da 3ª
edição do Ciclo de Concertos
de Música Sacra. Hoje, na
Igreja da Madalena, o Coral
Vértice, grupo vocal fundado
em 1974 por membros do Coro
Gulbenkian, apresenta Música
para a Quaresma na Europa da
Renascença. Com obras de Duarte
Lobo, Tomás Luís de Victoria,
Damião de Góis, entre outros.
Entrada livre.
Lusomundo Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 707 CINEMA
Lições de Condução M12. 13h, 15h30,
18h; O Bom Pastor M12. 12h50,
16h30; Cartas de Iwo Jima M16. 14h,
17h20; O Último Rei da Escócia M16.
12h50, 15h50, 18h30; A Teia da
Carlota M6. 11h, 13h10, 15h40, 18h10
(V.Port.); A Profecia Celestina M12. 13h30,
16h20; Diamante de Sangue M16. 13h40,
17h
Lusomundo Colombo
Av. Lusíada. T. 707 CINEMA
Um Trunfo na Manga M16. 13h10,
15h50, 18h55, 21h45, 24h; O Bom
Pastor M12. 13h, 16h50, 21h, 00h30; Livro
Negro M16. 12h55, 17h, 21h05, 00h10; O
Último Rei da Escócia M16. 12h50,
15h45, 18h30, 21h15, 23h45; Hannibal
- A Origem do Mal M16. 13h20, 16h05,
18h40, 21h10, 23h40; O Regresso M16.
21h50, 23h45; Tenacious D - Rock dos
Infernos M12. 12h45, 15h20, 17h25,
19h30; Rocky Balboa M12. 13h05, 15h30,
21h40, 23h55; Zoom M12. 13h30, 16h20,
18h50; Babel M12. 18h10; Apocalypto M16.
21h20, 00h15; Diamante de Sangue M16.
12h40, 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; A Teia
da Carlota M6. 11h, 13h25, 15h55, 18h20
(V.Port.); Em Busca da Felicidade M12.
21h35, 00h05
Lusomundo Olivaishopping
R. Cidade de Bolama. T. 707 CINEMA
Hannibal - A Origem do Mal M16. 12h40,
15h30, 18h40, 21h30; Um Trunfo na
Manga M16. 13h10, 15h40, 18h20, 21h20; O
Regresso M16. 21h10; Rocky Balboa M12.
21h40; A Teia da Carlota M6. 11h, 13h,
15h10, 17h20, 19h30 (V.Port.); Zoom M12.
12h50, 15h20, 18h30
Lusomundo Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 707 CINEMA
Lições de Condução M12. 12h45, 15h15,
17h45, 21h05, 23h40; Um Trunfo na
Manga M16. 13h20, 15h55, 18h30, 21h30,
00h05; O Bom Pastor M12. 12h40,
16h20, 21h, 00h25; O Último Rei da
Escócia M16. 12h50, 15h45, 18h30, 21h25,
00h15; Hannibal - A Origem do Mal M16.
21h25, 00h20; O Regresso M16. 13h05,
15h25, 18h20, 21h50, 24h; Apocalypto M16.
16h10, 00h15; Rocky Balboa M12. 21h40,
24h; A Teia da Carlota M6. 13h10,
15h30, 18h30; Hollywoodland M12.
13h15, 16h, 21h20, 00h25; Em Busca da
Felicidade M12. 13h10, 15h50, 18h35; Por
Água Abaixo M4. 11h (V.Port.); Babel M12.
13h, 21h10
Medeia - Fonte Nova
Est. Benfica, 503. T. 217145088
Diamante de Sangue M16. Sala 1 - 13h50,
16h25, 19h05, 21h45; A Rainha M12. Sala 2 14h30, 17h, 22h; Babel M12. Sala 2 - 19h15; O
Bom Pastor M12. Sala 3 - 15h, 18h15, 21h30
Medeia - King
Av. Fr. Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808
Pecados Íntimos M16. Sala 1 - 14h30, 17h,
19h30, 22h; A Rainha M12. Sala 2 - 16h45,
19h; As Vidas dos Outros M12. Sala 2 - 14h,
21h30; Half Nelson - Encurralados M16.
Sala 3 - 14h15, 16h30, 19h15, 21h45
Medeia - Monumental
Av. Praia da Vitória. T. 213142223
O Bom Pastor M12. Sala 4 - Cine Teatro
- 11h40, 15h, 18h10, 21h15, 00h20; Cartas
de Iwo Jima M16. Sala 1 - 13h15, 16h,
18h45, 21h30, 00h10; Scoop M12. Sala 2
- 19h; Diamante de Sangue M16. Sala 2 13h30, 16h10, 21h30, 00h30; Uma Família à
Beira de Um Ataque de Nervos M12. Sala
3 - 14h15, 16h45, 19h15; Babel M12. Sala 3
- 21h40, 00h30
Medeia - Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
O Grande Silêncio M12. Sala 1 - 12h, 15h,
18h15, 21h30
Medeia - Saldanha Residence
Av. Fontes Pereira de Melo. T. 213142223
Livro Negro M16. Sala 5 - 13h, 15h50,
18h40, 21h30, 00h20; O Último Rei
da Escócia M16. Sala 6 - 14h30, 17h,
19h30, 22h, 00h30; As Vidas dos
Outros M12. Sala 7 - 13h30, 16h15, 19h,
21h40, 00h20; Pecados Íntimos M16.
Sala 8 - 13h50, 16h30, 19h10, 21h50; Entre
Inimigos M16. Sala 8 - 00h30
Millenium Alvaláxia
Estádio José Alvalade, Campo Grande.
T. 217549000
O Último Rei da Escócia M16. Sala 1 13h20, 16h20, 19h, 22h, 00h30; Hannibal
- A Origem do Mal M16. Sala 2 - 14h, 16h30,
19h10, 21h50, 00h20; O Bom Pastor M12.
Sala 3 - 14h10, 17h40, 21h10, 00h30; Cartas
de Iwo Jima M16. Sala 4 - 13h10, 16h, 18h50,
21h40, 00h20; Socorro, Conheci os Meus
Pais M12. Sala 5 - 21h50, 00h10; Diamante
de Sangue M16. Sala 5 - 13h30, 16h10,
19h; Rocky Balboa M12. Sala 6 - 14h30,
16h50, 19h, 21h50, 00h10; Diamante de
Sangue M16. Sala 7 - 21h50, 00h35; A Teia
da Carlota M6. Sala 7 - 13h30, 16h, 18h30
(V.Port.); Um Trunfo na Manga M16.
Sala 8 - 14h40, 17h10, 19h10, 22h,
00h20; Tempos Cruéis M16. Sala 9 - 21h30,
24h; Em Busca da Felicidade M12. Sala 9
- 13h40, 16h30, 18h50; Entre Inimigos M16.
Sala 10 - 18h20; Babel M12. Sala 10 - 15h30,
21h30, 00h20; Pecados Íntimos M16. Sala
11 - 13h50, 16h30, 21h40, 00h20; Scoop M12.
Sala 11 - 19h10; Happy Feet M4. Sala 12
- 15h10 (V.Port.); O Regresso M16. Sala 12
- 17h30, 19h40, 21h40, 23h50; Tenacious D
- Rock dos Infernos M12. Sala 13 - 16h10,
18h30, 21h55; A Profecia Celestina M12.
Sala 14 - 16h30, 19h30, 22h10; Zoom M12.
Sala 15 - 16h10, 18h30, 21h55; Hollywoodla
nd M12. Sala 16 - 16h30, 19h30, 22h10
Quarteto
R. Flores de Lima, 16. T. 217971378
Match Point M12. Sala 1 - 19h; Voltar M12.
Sala 1 - 16h45, 21h45; Uma Verdade
Inconveniente M16. Sala 1 - 14h30; Voo
93 M12. Sala 2 - 14h30, 19h30; Entre
Inimigos M16. Sala 2 - 16h45,
21h45; Manual de Amor M12. Sala 3
- 19h15; Não És Tu, Sou Eu M12. Sala 3 14h30, 17h, 22h; As Bandeiras dos Nossos
Pais M12. Sala 4 - 19h15, 22h; 10 Dias para
Encontrar Um Melhor Amigo Sala 4 14h30, 17h
Twin Towers
Galerias Twin Towers, R. de Campolide,
351. T. 217249232
O Bom Pastor M12. Sala 1 - 14h45,
18h15, 21h50; Hollywoodland M1
2. Sala 2 - 13h10, 16h, 18h45, 21h40,
00h25; Diamante de Sangue M16. Sala 3
- 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Rocky
Balboa M12. Sala 4 - 13h45, 16h10, 18h30,
22h, 00h30; Babel M12. Sala 5 - 19h,
22h; Scoop M12. Sala 5 - 14h30, 16h45, 01h
UCI Cinemas
El Corte Inglés, Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
T. 707232221
A Rainha M12. Sala 1 - 11h30, 14h20,
16h40, 22h; As Bandeiras dos Nossos
Pais M12. Sala 1 - 19h, 00h15; O Último
Rei da Escócia M16. Sala 2 - 11h30, 14h,
16h35, 19h10, 21h45, 00h25; A Teia da
Carlota M6. Sala 3 - 11h30, 14h15, 16h30,
18h45 (V.Port.); Hollywoodland M12.
Sala 3 - 21h20, 24h; Hannibal - A Origem
do Mal M16. Sala 4 - 11h30, 14h15, 16h50,
19h25, 21h55, 00h30; Babel M12. Sala 5
- 11h30, 15h15, 18h20, 21h30, 00h25; Um
Trunfo na Manga M16. Sala 6 - 11h30,
14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Entre
Inimigos M16. Sala 7 - 00h10; Em Busca
da Felicidade M12. Sala 7 - 11h30, 14h15,
16h45, 19h15, 21h45; Rocky Balboa M12.
Sala 8 - 11h30, 14h20, 16h45, 21h50,
00h05; Não És Tu, Sou Eu M12. Sala 8
- 19h20; O Bom Pastor M12. Sala 9 - 11h30,
15h, 18h15, 22h; Scoop M12. Sala 10 - 11h30,
14h25, 16h40, 21h55, 00h10; Bobby M12.
Sala 10 - 19h15; Venus M12. Sala 11 - 11h30,
14h30, 16h45, 19h, 21h45, 24h; Cartas de
Iwo Jima M16. Sala 12 - 11h30, 15h15, 18h,
21h40, 00h25; Diamante de Sangue M16.
Sala 13 - 11h30, 15h30, 18h30, 21h30,
00h30; Pecados Íntimos M16. Sala 14 11h30, 14h, 16h35, 19h10, 21h50, 00h30
Almada
Academia Almadense
R. Capitão Leitão, 64. T. 212729750
Um Trunfo na Manga M16. Sala 1 - 15h30,
21h30
Lusomundo Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 707 CINEMA
Um Trunfo na Manga M16. 13h, 15h50,
18h35, 21h30, 00h15; O Bom Pastor M12.
Em cartaz
As estrelas do Público
Jorge
Luís M.
Mourinha Oliveira
Mário
J. Torres
Vasco
Câmara
Cartas de Iwo Jima
mmmmm
mmmmm
mmmmm
mmmmm
Encurralados
nnnnn
nnnnn
nnnnn
mmmnn
Hannibal-A Origem...
nnnnn
mnnnn
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Livro Negro
nnnnn
nnnnn
mmmmn
mmmnn
O Bom Pastor
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nnnnn
nnnnn
nnnnn
O Grande Silêncio
mmmnn
mmnnn
nnnnn
mmnnn
O Último Rei da Escócia mm nn
mnnnn
m nnn
mnnnn
Pecados Íntimos
mmm n
mmmnn
mmmnn
mmmnn
Um Trunfo na Manga
mmmnn
nnnnn
nnnnn
nnnnn
Venus
nnnnn
nnnnn
a
nnnnn
a Mau m Medíocre mm Razoável mmm Bom mmmm Muito Bom mmmmm Excelente
13h10, 17h, 21h, 00h20; Livro Negro M16.
13h, 16h30, 21h, 00h10; Hannibal - A
Origem do Mal M16. 12h50, 15h40, 18h25,
21h10, 23h50; O Regresso M16. 17h15, 19h15,
21h50, 23h55; Cartas de Iwo Jima M16.
13h20, 17h30, 21h05, 00h05; Tenacious
D - Rock dos Infernos M12. 12h50,
15h10; Rocky Balboa M12. 13h, 15h35,
18h30, 21h20, 23h40; Zoom M12. 12h40,
15h20, 18h45; Socorro, Conheci os
Meus Pais M12. 13h30, 15h50, 18h50,
21h35, 23h45; Tempos Cruéis M16.
21h45, 00h20; A Teia da Carlota M6.
11h, 13h15, 15h25, 17h35 (V.Port.); Holl
ywoodland M12. 21h25, 24h; Pecados
Íntimos M16. 13h25, 17h40, 21h25, 00h05; O
Escolhido M16. 15h45, 21h40; Em Busca
da Felicidade M12. 12h55, 16h, 18h55,
21h35, 00h15; Artur e os Minimeus M4.
11h (V.Port.); Babel M12. 12h45, 18h20,
00h10; Diamante de Sangue M16. 13h05,
17h15, 21h10, 00h05
Barreiro
Feira Nova Barreiro
Hipermercado Feira Nova. T. 212060020
O Bom Pastor M12. Sala 1 - 14h, 16h30, 19h,
21h30; Apocalypto M16. Sala 2 - 21h45; A
Teia da Carlota M6. Sala 2 - 14h15, 16h45,
19h15 (V.Port.); O Regresso M16. Sala
3 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; Apocalypto
M16. Sala 4 - 14h, 19h; Rocky Balboa M12.
Sala 4 - 16h30, 21h30
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Cascais Villa, Av. Marginal. T. 707220220
O Último Rei da Escócia M16. Sala 1
- 13h20, 15h50, 18h40, 21h30; Rocky
Balboa M12. Sala 2 - 21h40; A Teia
da Carlota M6. Sala 2 - 13h, 15h20,
18h; Hannibal - A Origem do Mal M16.
Sala 3 - 13h10, 16h, 18h30, 21h25; Diamante
de Sangue M16. Sala 4 - 12h40, 15h30,
18h20, 21h20; O Bom Pastor M12. Sala 5
- 12h50, 16h30, 21h10
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Um Trunfo na Manga M16. 13h10, 16h,
18h30, 21h20, 23h50; O Bom Pastor M12.
12h45, 17h, 21h, 00h25; Livro Negro M16.
13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Hannibal
- A Origem do Mal M16. 12h55, 15h40,
18h20, 21h35, 00h15; A Teia da Carlota M6.
11h, 13h30, 16h20, 18h50 (V.Port.); Cartas
de Iwo Jima M16. 12h30, 15h20, 18h10,
21h10, 24h; Artur e os Minimeus M4.
10h45 (V.Port.); Babel M12. 21h05,
23h55; Diamante de Sangue M16. 13h20,
17h40, 21h15, 00h05
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O Bom Pastor M12. Sala 1 - 15h30, 18h30,
21h30; A Rainha M12. Sala 2 - 15h45, 18h30,
21h45
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O Bom Pastor M12. Cinemax - 12h, 15h20,
18h40, 21h10; Um Trunfo na Manga M16.
Sala 1 - 13h50, 16h05, 18h15, 21h30,
23h40; Diamante de Sangue M16. Sala
2 - 21h20, 00h15; A Teia da Carlota M6.
Sala 2 - 11h35, 13h40, 15h50, 17h55
(V.Port.); Happy Feet M4. Sala 3 - 11h30,
13h45 (V.Port.); Cartas de Iwo Jima M16.
Sala 3 - 16h, 18h45, 21h25, 00h10; Socorro,
Conheci os Meus Pais M12. Sala 4 - 15h55,
17h50, 19h45, 23h35; A Rainha M12. Sala 4
- 13h55, 21h35; Artur e os Minimeus M4.
Sala 5 - 11h45, 16h15; Em Busca da
Felicidade M12. Sala 5 - 14h, 18h30, 21h45,
24h; À Noite, No Museu M6. Sala 6 15h30; Rocky Balboa M12. Sala 6 - 13h30,
18h05, 20h05, 22h05, 00h05; Scoop M12.
Sala 7 - 18h55; Hannibal - A Origem
do Mal M16. Sala 7 - 14h10, 16h30, 21h55,
00h20
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As Bandeiras dos Nossos Pais
De Clint Eastwood. Com Ryan
Phillippe, Jesse Bradford, Adam
Beach. EUA. 2006. 132m. Dra,
Gue. M12.
Fevereiro, 1945. A guerra na Europa
estava ganha, mas no Pacífico
continuava acesa. Uma das mais
sangrentas batalhas foi a luta pela
ilha de Iwo Jima, traduzida por
uma das mais icónicas imagens da
História: o momento em que cinco
marines erguem a bandeira dos
EUA no monte Suribachi. Esta é a
história desses soldados.
Cartas de Iwo Jima
De Clint Eastwood. Com Ken
Watanabe, Kazunari Ninomiya,
Tsuyoshi Ihara. EUA. 2006.
141m. Dra, His, Gue. M16.
Lado B do díptico de Clint
Eastwood sobre a batalha de Iwo
Jima. Enquanto As Bandeiras
dos Nossos Pais partia da icónica
imagem em que cinco marines
erguem a bandeira dos EUA
no Monte Suribachi, As Cartas
de Iwo Jima mergulha no
lado dos soldados japoneses.
Décadas depois da batalha, são
desenterradas no local várias
centenas de cartas que revelam
facetas desconhecidas dos
soldados que aí perderam a vida.
Rocky Balboa
De Sylvester Stallone. Com
Sylvester Stallone, Burt Young,
Antonio Tarver. EUA. 2006.
102m. Dra, Acç. M12.
Escrito, realizado e interpretado
por Sylvester Stallone, é a história
do regresso ao ringue para um
último round do mítico Rocky
Balboa. Rocky regressa ao ringue
depois de um combate virtual que
passa numa televisão o dar como
vencedor num combate com o
campeão actual Mason The Line
Dixon.
Scoop
De Woody Allen. Com Hugh
Jackman, Scarlett Johansson,
Geoff Bell. EUA/GB. 2006. 96m.
Com, Pol. M12.
Sondra é uma jovem novaiorquina que descobre novas
pistas sobre uma série de crimes.
A investigação vai conduzi-la ao
atraente homem de negócios
Peter Lyman, que a seduz com o
seu misterioso charme. Mas será
este romance o mais perigoso
“furo” da sua vida?
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P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007 • 21
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Hannibal - A Origem do Mal M16. Sala
1 - 12h50, 15h20, 18h, 21h10, 23h40; Rocky
Balboa M12. Sala 2 - 13h05, 15h10, 18h20,
21h50, 24h; Diamante de Sangue M16.
Sala 3 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h15; A
Teia da Carlota M6. Sala 4 - 13h40, 16h,
18h50 (V.Port.); O Bom Pastor M12. Sala 4 23h50; Em Busca da Felicidade M12. Sala
4 - 21h; Um Trunfo na Manga M16. Sala
5 - 13h20, 15h30, 18h10, 21h40, 00h20; O
Bom Pastor M12. Sala 6 - 13h30, 17h,
21h20; Em Busca da Felicidade M12. Sala
6 - 00h30; Babel M12. Sala 7 - 15h40, 18h30,
21h15, 00h10; Hollywoodland M12. Sala
7 - 13h10
Em estreia
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1 - 15h, 18h, 21h30
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Hannibal - A Origem do Mal M16. 13h,
15h30, 18h20, 21h30, 24h; Um Trunfo
na Manga M16. 13h20, 16h10, 18h40,
21h50, 00h10; O Bom Pastor M12. 13h50,
17h20, 21h, 00h20; Babel M12. 21h10,
00h05; Rocky Balboa M12. 18h10, 21h40,
23h50; Diamante de Sangue M16.
12h40, 15h40, 18h30, 21h20, 00h15; A Teia
da Carlota M6. 11h, 13h30, 15h50, 18h
(V.Port.); Zoom M12. 13h40, 16h
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Hannibal - A Origem do Mal M16.
13h15, 15h45, 18h30, 21h40; Um Trunfo
na Manga M16. 13h30, 15h50, 18h15,
21h15; O Bom Pastor M12. 14h30, 17h50,
21h10; Rocky Balboa M12. 12h50,
15h30, 18h, 21h; O Regresso M16. 13h10,
18h20; Artur e os Minimeus M4. 10h45
(V.Port.); Babel M12. 15h, 20h50; Diamante
de Sangue M16. 15h10, 18h10, 21h05; Em
Busca da Felicidade M12. 12h55, 15h35,
21h30
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Scoop M12. Sala 1 - 15h15, 21h30; Assalto e
Intromissão M12. Sala 1 - 18h15; Por Água
Abaixo M4. Sala 2 - 14h (V.Port.); Não És
Tu, Sou Eu M12. Sala 2 - 15h30, 18h30,
21h45
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C. C. Oeirashopping. T. 707 CINEMA
Hannibal - A Origem do Mal M16. 13h,
15h30, 18h, 21h40, 00h10; Um Trunfo na
Manga M16. 13h20, 16h, 18h40, 21h30,
24h; O Bom Pastor M12. 13h45, 17h15,
21h, 00h15; O Regresso M16. 19h20,
21h50, 23h50; Zoom M12. 12h50, 15h,
17h; Cartas de Iwo Jima M16. 14h, 17h30,
21h10, 00h25; Pecados Íntimos M16.
13h10, 15h50, 18h30; Happy Feet M4.
11h (V.Port.); Rocky Balboa M12. 21h15,
23h40; Diamante de Sangue M16. 13h30,
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21h; Rocky Balboa M12. 21h30; A Teia
da Carlota M6. 11h, 15h, 17h10, 19h20
(V.Port.); Um Trunfo na Manga M16.
15h20, 18h20, 21h20; Hollywoodland M12.
15h10, 18h10, 21h10
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De Ryan Fleck. Com Ryan
Gosling, Shareeka Epps,
Anthony Mackie. EUA. 2006.
106m. Dra. M16.
Dan Dunne é um jovem professor
que a cada dia que passa vê os seus
ideais desvanecerem-se perante
a realidade. Todos os dias tenta
motivar os seus alunos, mas, apesar
de brilhante na sala de aula, Dan
passa o resto do tempo quase
inconsciente, devido à dependência
das drogas. No entanto, um dia é
descoberto por uma aluna e daí
nasce uma amizade cúmplice.
Medeia – King.
Lições de Condução
De Jeremy Brock. Com Julie
Walters, Rupert Grint, Laura
Linney. GB. 2006. 98m. ComDra.
M12.
Ben é um jovem que vive esmagado
pelo conservadorismo dos pais:
uma mãe demasiado autoritária
e um pai vigário. Enquanto os
outros miúdos se divertem, Ben
passa as férias a frequentar aulas de
catequese, aulas de condução com
a mãe e a ajudar num lar de terceira
idade. Mas um trabalho como
motorista de uma actriz irreverente
e extravagante vai revolucionar a
sua vida.
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Vasco da Gama.
Livro Negro
De Paul Verhoeven. Com Carice
van Houten, Sebastian Koch,
Thom Hoffman. GB. 2006. 145m.
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Nos últimos anos da Segunda
Guerra Mundial, Rachel Stein,
uma bela cantora, refugia-se na
província holandesa. Outrora
popular e rica, Rachel vive agora na
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constante ameaça de ser apanhada
pela Gestapo. Rachel acaba por se
juntar à Resistência holandesa e
infiltrar-se nos serviços alemães.
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Damon, Angelina Jolie, Alec
Baldwin. EUA. 2006. 167m. Dra,
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Realizado por Robert de Niro, é a
história do nascimento de uma das
mais famosas e influentes agências
de espionagem: a CIA – Agência
Central de Informação. Uma
história sobre o valor do segredo
e do empenho e sobre um homem
que sacrificaria tudo pelo seu país.
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Piven, Ben Affleck, Jason
Bateman. EUA/FRA/GB.
2006. 109m. Dra, Com, Acç.
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Dois agentes do FBI têm como
missão proteger Aces do patrão
da Máfia, Primo Sparazza. Aces
aceitou testemunhar contra
Sparazza, conhecido por ter
mandado assassinar mais de 130
pessoas, mas assim que a Máfia
se apercebe da traição põe a
cabeça de Aces a prémio.
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De Roger Michell. Com Peter
O’Toole, Leslie Phillips,
Beatrice Savoretti. GB. 2006.
95m. Com. M12.
Maurice e Ian são dois actores
veteranos que, apesar da idade,
continuam a representar. Mas as
suas rotinas são quebradas com a
chegada de Jessie, a sobrinha-neta
de Ian, que rapidamente deixa
o tio à beira de um ataque de
nervos. Mas para Maurice, Jessie é
uma lufada de ar fresco.
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(V.Port.); Rocky Balboa M12. Sala 1 - 16h30,
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da Carlota M6. Sala 2 - 11h, 14h15, 16h45,
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do Cazaquistão M12. Sala 1 - 16h, 21h30
- 10h50 (V.Port.); O Último Rei da
Escócia M16. Sala 1 - 13h10, 15h50,
18h30, 21h15, 00h30; Scoop M12. Sala 2
- 17h05, 21h40, 23h50; Zoom M12. Sala
2 - 11h50, 14h; À Noite, no Museu M6.
Sala 3 - 13h15; Hannibal - A Origem do
Mal M16. Sala 3 - 15h55, 18h35, 21h20,
24h; Happy Feet M4. Sala 4 - 11h20
(V.Port.); Um Trunfo na Manga M16.
Sala 4 - 13h50, 16h25, 18h55, 21h25; O Bom
Pastor M12. Sala 4 - 23h55; Um Trunfo
na Manga M16. Sala 5 - 00h25; O Bom
Pastor M12. Sala 5 - 14h10, 17h35, 21h; Em
Busca da Felicidade M12. Sala 6 - 13h20,
16h, 18h40, 21h30, 00h20; A Teia da
Carlota M6. Sala 7 - 10h10, 12h25, 14h45,
17h, 19h20 (V.Port.); O Regresso M16.
Sala 7 - 22h, 00h05; Tempos Cruéis M16.
Sala 8 - 00h10; Rocky Balboa M12.
Sala 8 - 12h20, 14h40, 17h10, 19h30,
21h50; Por Água Abaixo M4. Sala 9 - 11h
(V.Port.); Diamante de Sangue M16. Sala 9
- 15h, 18h05, 21h10, 00h15
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Socorro, Conheci os Meus Pais M12. Sala
1 - 13h10, 16h, 18h40, 21h30; Diamante
de Sangue M16. Sala 2 - 13h, 15h50,
18h30, 21h20; O Bom Pastor M12. Sala
3 - 13h50, 17h10, 21h10; Hannibal - A
Origem do Mal M16. Sala 4 - 13h20, 16h10,
18h50, 21h40; Rocky Balboa M12. Sala
5 - 21h20; A Teia da Carlota M6. Sala 5
- 13h40, 16h30, 19h (V.Port.); Um Trunfo na
Manga M16. Sala 6 - 13h30, 16h20, 18h50,
21h40
Setúbal
Auditório Charlot
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O Bom Pastor M12. Sala 1 - 13h50, 17h10,
21h10; Hannibal - A Origem do Mal M16.
Sala 2 - 14h, 16h30, 19h, 21h30; Um Trunfo
na Manga M16. Sala 3 - 13h50, 16h20,
18h50, 21h20; Rocky Balboa M12. Sala 4
- 21h40; A Teia da Carlota M6. Sala 4 13h40, 16h, 18h20 (V.Port.)
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Artur e os Minimeus M4. Sala 1
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O Bom Pastor M12. Sala 1 - 13h40,
17h, 21h20; Hannibal - A Origem do
Mal M16. Sala 2 - 13h45, 16h20, 18h50,
21h30; Contado Ninguém Acredita M12.
Sala 3 - 21h25; A Teia da Carlota M6.
Sala 3 - 13h50, 16h25, 18h45 (V.Port.); O
Regresso M16. Sala 4 - 13h35, 16h10, 19h05,
21h50; Diamante de Sangue M16. Sala 5
- 13h30, 16h15, 19h, 21h45; Babel M12. Sala
6 - 13h30, 16h15, 18h55, 21h40
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Apocalypto M16. 15h30, 18h30, 21h30
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Pç. Império. T. 213612444
Ella Enc. Fernando Mora Ramos. Com
Clara Joana, Fernando Mora Ramos. Até
25/2. Sex. e sáb. 21h. Dom. 16h.
Centro Cultural Franciscano
Lg. Luz, 11.
A Lua de Joana Enc. Rita Alagão. Com
Mara Lúcia Galinha, Filipa Oliveira, Rui
Simões. Até 31/3. Sáb. 21h30. Dom. 15h.
Chapitô
R. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550
A Aldeia das 4 Casas Comp. do
Chapitô. Enc. Gina Tocchetto. Sáb. e dom.
16h. Medeia Enc. John Mowat. Com Leonor
Keil, Jorge Cruz, José Carlos Garcia, Marta
Cerqueira. Até 25/2. Qui. a dom. 22h.
Coliseu dos Recreios
R. Portas St. Antão, 96. T. 213240580
O Mistério do Planeta Negro Grupo: A
Família Galaró. Enc. Paulo Ferreira. Até
25/2. Dom. 11h e 15h30.
Rua de Caetano Palha, 37, r/c
estufa (21 de junho de 2006 - 19 de
outubro de 2006) De Maria Duarte,
Gonçalo Ferreira de Almeida, André
Maranha, João Rodrigues, Helena Tavares.
Até 9/3. Todos os dias 20h às 21h/22h às
23h. Trabalho de teatro.
Teatro Aberto
Pç. Espanha . T. 213880089
O Rapaz dos Desenhos Enc. João
Lourenço. Com Luís Alberto, Pedro
Granger, Rui Mendes. Até 18/3. Qua. a sáb.
21h30. Dom. 16h.
Teatro da Comuna
Pç. Espanha. T. 217221770
O Misantropo Enc. Álvaro Correia. Com
Álvaro Correia, João Tempera, Miguel
Sermão, Lucinda Loureiro, Rogério Vieira,
Sara Cipriano, Sandra Faleiro, Victor
Soares. Qua. a sáb. 21h30. Dom. 16h.
Teatro da Politécnica
R. Escola Politécnica, 56.
Prantos Grupo: ACTA. Enc. Luís Vicente.
Com Elisabete Martins, Sónia Litlle B.
Cabrita (percussão). Até 25/2. Dom. 21h30.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7 A. T. 213420000
Macbeth Enc. Bruno Bravo. Com Anabela
Brígida, António Rama, Bruno Simões,
Cristina Carvalhal, Diogo Dória, João
Lagarto, Sérgio Praia, Valerie Braddell.
Até 15/3. Qua. a sáb. 21h30. Dom. 16h (para
escolas nos dias 8 e 22/2 e 8/3, mediante
marcação). Na Sala Principal.
Teatro Maria Vitória
Av. Liberdade - Parque Mayer. T. 213461740
Já Viram Isto? Enc. Francisco Nicholson.
Com Maria João Abreu, José Raposo,
Alice Pires, Paulo Vasco, Fátima Severino,
Bruno Mendes, Paula Sá, Melânia Gomes,
Octávio Matos. Qui. e sex. 21h30. Sáb. e
dom. 16h e 21h30.
Teatro Mundial
R. Martens Ferrão, 12-A. T. 213574089
Amor à Prova Enc. Rui Sérgio. Com Dina
Félix da Costa, Hugo Sequeira, João Maria
Pinto, Paula Neves. Até 1/4. Qua. a sáb.
21h30. Dom. 16h. Animais de Palco Enc.
Almeno Gonçalves. Até 28/2. Sáb. 15h.
Dom. 11h. O Beijo da Mulher Aranha Enc.
Almeno Gonçalves. Com Pedro Giestas,
Luís Lourenço, Orlando Costa (filme). Até
31/3. Qua. a sáb. 21h30. Dom. 16h. Na Sala
2. M/16.
Teatro Nacional D. Maria II
Pç. D. Pedro IV. T. 213250835
Amor de Perdição Enc. Ricardo
Moura, Vera Paz. Até 17/3. Qui. a sáb.
24h. Dom. 19h45. No átrio. Contos de
Shakespeare Enc. Claudio Hochman.
Com Catarina Guerreiro, Fernanda Paulo,
Joana de Carvalho, Luís Godinho. Até
1/4. Sáb. 16h. Dom. 11h. Qua. a sex. (para
escolas, mediante marcação). Na Sala
Estúdio. Frozen - Presos no Gelo Enc.
Marcia Haufrecht. Com Lídia Franco,
Suzana Borges, Bruno Schiappa, João
Pinto Nogueira. Até 4/3. Ter. a sáb. 21h45.
Dom. 16h15. Na Sala Estúdio. Pequenos
Crimes Conjugais Enc. José Fonseca e
Costa. Com Margarida Marinho, Paulo
Pires. Até 1/4. Ter. a sáb. 21h30. Dom. 16h30.
No Salão Nobre.
Teatro Politeama
R. Portas de Santo Antão, 109. T. 213245500
Música no Coração Enc. Filipe La Féria.
Com Lúcia Moniz, Anabela, Carlos
Quintas, Helena Vieira, Lia Altavilla, Joel
Branco. Ter. a sex. 21h30. Sáb. 17h, 21h30.
Dom. 17h. M/6. O Principezinho Enc.
Filipe La Féria. Com Hugo Rendas, Martin
Penedo e Ruben Silva, entre outros. Seg.
PEDRO CUNHA
22 • P2 • Domingo 25 Fevereiro 2007
Souza-Cardoso, Francis Smith,
Eduardo Viana, entre outros. Ter. a dom.
13h às 18h. Pintura, escultura. Exposição
permanente.
Almada
Casa da Cerca - Centro de Arte
Contemporânea
R. Cerca, 2 / Pç. Camões. T. 212724950
1950 - 2000, 50 Anos de Arquitectura
e Urbanismo em Portugal através da
Obra de Francisco da Silva Dias Até
25/2. Ter. a sex. 10h às 18h. Sáb. e dom. 13h
às 18h. Arquitectura.
Évora
Macbeth
a sex. 11h e 15h (para escolas, mediante
marcação). Sáb, dom. e feriados 15h. M/6.
Teatro Tivoli
Av. Liberdade, 182. T. 213572025
Tangos & Tragédias Grupo: Teatro
Brasileiro. Com Hique Gomez, Nico
Nicolaiewsky. Até 25/2. Qua. a dom. 21h30.
Humor de Culto.
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira de Melo, 30-A. T.
213538586
2 Amores Enc. António Feio, Sónia
Aragão. Com António Feio, António
Machado, Cláudia Cadima, João Didelet,
Joaquim Guerreiro, José Pedro Gomes,
Martinho Silva, Maria Henrique. Ter. a sáb.
21h30. Dom. 16h30.
Teatro-Estúdio Mário Viegas/
Companhia Teatral do Chiado
Lg. Picadeiro, 40. T. 213257652
As Obras Completas de William
Shakespeare em 97 minutos Comp.
Teatral do Chiado. Enc. Juvenal Garcês.
Até 2/4. Seg, ter. e dom. 21h.
Filipe Crawford. Dia 25/2 às 19h.
Sintra
Casa de Teatro
R. Veiga da Cunha, 20.
T. 219233719
Renaissance Enc. Nuno Vicente. Até 18/3.
Sex. a dom. 22h.
Quinta da Regaleira
Rua Barbosa du Bocage - Quinta da
Regaleira . T. 219106650
A Ronda das Fadas Enc. Rui Mário. Com
Ana Penitência, Rute Lizardo, Samuel
Saraiva. Até 25/3. Sáb. 16h. Dom. 11h30.
M/4. Espectáculo disponível para escolas
mediante marcação.
Arte
Lisboa
Almada
Teatro Municipal de Almada
Av. Professor Egas Moniz. T. 212739360
A Apologia de Sócrates Grupo: ABC.
Enc. Rogério de Carvalho. Com Laurinda
Chiungue, Miguel Eloy, Miguel Sopas.
Até 25/2. Qua. a sáb. 21h30. Dom. 16h. Na
Sala Experimental. Alice no País das
Maravilhas Grupo: A Menina dos Meus
Olhos – Associação Cultural. Enc. Ângela
Ribeiro. Dia 25/2 às 17h. M/6. XI Mostra
de Teatro de Almada. Espectáculo de
marionetas.
Cacilhas
Casa Municipal da Juventude - Ponto de
Encontro
R. Trindade Coelho, 3 . T. 212748210
Onde É Que Me Deixei Grupo: Teatro e
Teatro – Associação Cultural. Até 25/2.
Dom. 21h30. M/16. XI Mostra de Teatro de
Almada.
Évora
Teatro Garcia de Resende
Pç. Joaquim António de Aguiar.
T. 266703112
Arlequim, Servidor de Dois
Amos Comp.: FC Produções Teatrais. Enc.
Centro Cultural de Belém
Pç. Império. T. 213612444
BES Photo 2006 De Vasco Araújo,
Augusto Alves da Silva, Susanne
Themlitz, Daniel Blaufuks. Até 18/3. Ter. a
dom. 10h às 19h (última entrada às 18h15).
Fotografia. Candida Höfer Até 25/2. Ter.
a dom. 10h às 19h (última entrada 18h15).
Fotografia. Fantasmas De Nuno Cera.
Até 25/2. Ter. a dom. 10h às 19h (última
entrada às 18h15). Filme, vídeo, fotografia
e desenho. Gonçalo Byrne, Geografias
Vivas Até 25/2. Ter. a dom. 10h às 19h
(última entrada 18h15). Arquitectura.
Centro de Arte Moderna José de
Azeredo Perdigão
R. Dr. Nicolau Bettencourt . T. 217823483
A Fundação Até 29/4. Ter. a dom. 10h às
18h (última entrada 17h45). A Partir da
Colecção De Rui Chafes, entre outros. Até
29/4. Ter. a dom. 10h às 18h (última entrada
17h45). Convocação I e II (modo menor
e modo maior) De Fernando Calhau. Até
22/4. Ter. a dom. 10h às 18h. Desenho e
gravura. Humor e Ilustração na Colecção
do CAMJAP De Cristiano Cruz, António
Soares, Jorge Barradas, Amadeo de Sousa
Cardoso, entre outros. Até 29/4. Ter. a dom.
10h às 18h. Vanitas Até 25/2. Ter. a dom.
10h às 18h.
Culturgest
R. Arco do Cego, Ed. CGD. T. 217905155
All Together De Bruno Pacheco. Até 25/3.
Seg, qua. a sex. 11h às 19h (última entrada
às 18h30). Sáb, dom. e feriados 14h às 20h
(última entrada às 19h30). Pintura. Galeria
2. Benjamin Callaway Até 25/3. Seg, qua.
a sex. 11h às 19h (última entrada às 18h30).
Sáb, dom. e feriados 14h às 20h (última
entrada às 19h30). Galeria 1.
Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva
Pç. Amoreiras, 56. T. 213880039
Atelier Simultané 1923-1934 De Sonia
Delaunay. Até 25/2. Seg. a sáb. 11h às 19h.
Dom. 10h às 18h (encerra 3ª e feriados).
Guaches sobre papel. Visitas guiadas:
2ª,4ª,6ª das 10h às 12h (marcação prévia).
Fundação e Museu Calouste
Gulbenkian
Av. Berna, 45A. T. 217823700
Cartier 1899 - 1949. O Percurso de Um
Estilo Até 29/4. Ter. a dom. 10h às 18h.
Jóias. Ingenuidades - Fotografia e
Engenharia 1846 - 2006 Até 29/4. Ter. a
dom. 10h às 18h. Paisagens Múltiplas De
Cruz Filipe. Até 8/4. Ter. a dom. 10h
às 18h. Uma Obra em Foco - Baco de
Michael Rysbrack Até 31/7. Ter. a dom.
10h às 18h.
Galeria D. Luís
Palácio Nacional da Ajuda - Calçada da
Ajuda. T. 213614340
O Espectáculo Vai Começar... De Manuel
Amado. Até 17/3. Ter. a dom. 12h às 18h30.
Pintura.
Mosteiro dos Jerónimos
Pç. Império. T. 213620034
Um Lugar no Tempo Ter. a dom. 10h às
17h. Documental.
Museu do Chiado
R. Serpa Pinto, 4. T. 213432148
Columbano Bordalo Pinheiro Até 27/5.
Ter. a dom. 10h às 18h. Pintura.
Museu Nacional de Arqueologia
Pç. Império . T. 213620000
Vasos Gregos em Portugal - Aquém das
Colunas de Hércules Até 15/7. Ter. a dom.
10h às 18h.
Museu Nacional do Azulejo
R. Madre Deus, 4. T. 218100340
Criar e Aprender Ter. 14h às 18h. Qua. a
dom. 10h às 18h.
Oceanário de Lisboa
Esplanada D. Carlos I - Doca dos Olivais. T.
218917002
Bastidores do Oceanário Até 28/2. Todos
os dias 10h às 19h (última entrada às 18h).
Algés
Centro de Arte - Palácio dos Anjos
Alameda Hermano Patrone. T. 214408300
Colecção Manuel de Brito De Amadeo de
Convento de Santa Clara
R. Serpa Pinto.
Núcleo Provisório do Museu de
Évora Qua. a dom. 10h às 18h. Ter. 14h às
18h. Na igreja.
Monte Estoril
Museu da Música Portuguesa - Casa
Verdades de Faria
Av. Sabóia, 1146 - B. T. 214825494
Retratos de Um Compositor, Fernando
Lopes-Graça Até 22/3. Ter. a dom. 10h às
13h/14h às 17h. Documental.
Sítio da Nazaré
Museu Etnográfico e Arqueológico Dr.
Joaquim Manso
R. D. Fuas Roupinho. T. 262562801
O Chão Que os Dinossauros Pisaram na
Nazaré Ter. a dom. 11h às 19h. Exposição
semi-permanente.
Tomar
Núcleo de Arte Contemporânea
R. Gil de Avô .
Doação José-Augusto França De
Almada Negreiros, António Dacosta, José
de Guimarães, Eduardo Nery, entre outros.
Qua. a dom. 12h às 17h.
Dança
Lisboa
Casino Lisboa
Alameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque
das Nações. T. 218929070
Stomp Até 25/2. Ter. a sex. 22h. Sáb. e dom.
17h e 22h. No Auditório dos Oceanos.
Estoril
Casino Estoril
Pç. José Teodoro dos Santos. T. 214667700
Four: Espírito dos Elementos Ter. a sáb.
20h30 (jantar) e 23h (espectáculo). Dom.
18h. M/12.
Monte Gordo
Casino de Monte Gordo
Av. Infante D. Henrique. T. 281530800
7 Deadly Sins Todos os dias 22h30 (jantar
20h30).
Farmácias
Lisboa
Alcântara- Lisbonense - R. Leão de
Oliveira, 2-b Benfica- Benfica - Estrada de
Benfica, 678-e Coração de Jesus- Branco
- Av. Duque de Loulé, 61-65 LumiarAlameda - Alameda das Linhas de
Torres, 201-b Marvila- Santo António - Av.
Paulo Vi, Loja 3, 14 Nossa Senhora de
Fátima- Leonel Pinheiro - R. D. Filipa de
Vilhena, 9-c Nossa Senhora de FátimaBerne - Av. de Berna, 44-a Santa IsabelAlmeida - R. Silva Carvalho, 136 Santoso-Velho- Conde Barão - Calçada Marquês
de Abrantes, 36-a São João- São João - R.
Morais Soares, 56-c
Outras Localidades
Agualva-Cacém- São Francisco
Xavier - Av. Cidade de Lisboa, 53-a
Albufeira- Alves de Sousa - R. 5 de
Outubro, 40 Alcobaça- Campeão - R.
Alexandre Herculano, 4 Algés- Dias &
Saraiva Lda. - R. Major Afonso Pala, 19
Algueirão-Mem Martins- Cristina - Av.
Vitorino Nemésio, 14-a Almada- Nuno
Alvares - Av. D. Nuno Álvares Pereira,
39-c Amora- Duarte Ramos - R. Bafata
- Centro Comercial Belsul, N.º 11 Lj 29
Arrentela- Quinta de São João - Torre da
Marinha - Praceta Quinta de São João,
Nº 7 Assunção- Moutta - R. da Cadeia,
37 Baixa da Banheira- Nova Fátima
- Estrada Nacional, 244-a BarreiroCentral - Av. Alfredo da Silva, 48-b Beja
(São João Baptista)- Silveira Suc. - R.
de Mértola, 21 Buraca- Gaspar Pote Estrada do Zambujal, 76-a Caldas da
Rainha (N Senhora do- Central - Praça
da República, 15-16 Carcavelos- Central
- R. 5 de Outubro, 25 Carnaxide- Mota
Capitão - Av. Edmundo Lima Bastos, 19b/c Cascais- Cascais - R. Conde de Monte
Real, Charneca de Caparica- Central
- Av. Elias Garcia, 986-d Corroios- Biotifar
- R. José Carlos Ary dos Santos, 2-a
Cova da Piedade- Ramalhinho - R. Dr.
Alberto Araujo, 19-a EntroncamentoCarlos Pereira Lucas - R. Almirante
Reis, 32 Faro (Sé)- Alexandre - R. Ivens,
31 Feijó- Feijó - R. Isidoro Ferreira, 7
Lagos (São Sebastião)- Neves - R. da
Porta Pequena, 3 Leiria- Av. de Leiria
Lda. - Av. Heróis de Angola, 63 Lindaa-Velha- Pinto - R. Antero Quental, 9
Loures- Pinheirense - R. Combatentes Do
Ultramar, 41 Massamá- O Neill Pedrosa
- R. Casal Olival - Lote A 3, Loja D E E
Moita- Parque - R. Alexandre Sequeira,
22-b Moscavide- Pedro Gomes - R. 25 de
Abril, Lte 13 Nossa Senhora do BispoCentral - R. 5 de Outubro, 69 OdivelasCodivel - Praceta João de Lemos, Nº 1,
Oeiras E São Julião da Barra- Central - R.
Conde Ferreira, 29 Paço De Arcos- Seixas
Martins - Av. Patrão Joaquim Lopes, 4
Parede- Macau - R. José Elias Garcia, 42
Peniche (São Pedro)- Central - R. José
Estevão, 16 R/ch Pombal- Paiva - Lg. do
Cardal, 44 Pontinha- Leitão Ribeiro - Av.
25 De Abril, 23-a Portimão- Amparo - Qta
do Amparo, Lote- 30 Póvoa De Santa
Iria- Madragoa - Urbanização Quinta da
Piedade, Fase 2, Lt 39, Lj A Queluz- Gil
- Av. Dr. Miguel Bombarda, 28 Quinta do
Conde- Quinta do Conde - Av. dos Aliados,
Lte 1021 - Boa-água, 1 Reboleira- Heleno
- Av. Manuel Alpedrinha, Lote 7 Rossio
ao sul do Tejo- Santos - Av. Dr. António A.
da Silva Martins, 569 Santa Maria dos
Olivais- Nova - R. António Antunes Silva,
6 Santarém (São Nicolau)- Verissimo
- R. Capelo Ivens, 74 São Brás- Carlos - R.
Sebastião da Gama, Loja 28-b Sé- Esteves
Abreu Lda. - R. do Comércio, 75 Senhora
da Saúde- Branco - R. Dr. António José
de Almeida, 9 Setúbal (Santa Maria da
Graça)- Costa - Lg. Da Misericórdia, 4850 Setúbal (São Sebastião)- Rodrigues
Ferreira - Praça D. Olga Morais Sarmento,
14 Sintra (São Martinho)- Misericórdia Lg. Gregório Almeida, 2 Sobreda- Vale de
Figueira - R. General Humberto Delgado,
111-e Tavira (Santiago)- Maria Aboim - R.
Liberdade, 65 Torres Novas (São Pedro)Nicolau - R. 25 de Abril, 7 Torres Vedras
(São Pedro E San- Santa Cruz - R. Santos
Bernardes, 17 Vendas Novas- Nova
- Av. General Craveiro Lopes, 25-a Vila
Franca de Xira- César - Praça Afonso de
Albuquerque, 7-9
Até Às 22h
Afonsoeiro- Borges da Cruz - Estrada
Nacional 5, 346 Lj.3 Alenquer (Triana)Catarino - Av. 25 de Abril, 56 Alverca
do Ribatejo- Raposo - R. Ivone Silva,
Nº 1 Arraiolos- Misericórdia - R.
Alexandre Herculano, 31 BarcarenaAlbergaria - R. Guerra Junqueiro, Lt.
11lj. A Camarate- Batalha - R. Avelino
Salgado de Oliveira, 6 Coruche- Frazão
- R. Direita, 64 Estremoz (Santo
André)- Godinho - Pça Luís de Camões,
39 Fanhões- Valente - R. Francisco M.
Germano, 14 Grândola- Moderna - R. D.
Nuno Álvares Pereira, 35 Loulé (São
Clemente)- Av. - Av. José C. Mealha, 109a Marinha Grande- Guardiano - Pta
Luís de Camões, 1 Nazaré- Sousa - R.
Mouzinho Albuquerque, 22 Olhão- Brito
- Av. da República, 38-40 Paço de ArcosLaveiras - R. de Milão - Bairro da Pedreira
Italiana, Loja 3 Portela- Nova da Portela
- R. Mouzinho de Albuquerque, Lt.204,lj.a
Porto Salvo- Ferreira Bastos - R. Firmino
Rebelo, 8-b R/c Póvoa de Santo AdriãoCipriano - R. Dr. Mário Sacramento, 9, Cv
Prior Velho- Matos - R. de Moçambique,
Nº 2-a Queijas- Costa Pinto - Estrada das
Várzeas, Nº 15 Loja D Reguengos de
Monsaraz- Martins - R. General Roçadas,
1 Sacavém- Soares - R. Auta da Palma
Carlos, 15 Santiago do Cacém- Corte
Real - R. Dr. Manuel António Costa, 16
Santo António dos Cavaleiros- Faria
- Av. Luís de Camões - Cidade Nova, 5-d
São Brás de Alportel- Dias Neves - Lg.
de São Sebastião, 1-2 Vila Viçosa (São
Bartolomeu)- Monte - R. Dr. António José
de Almeida, 19
Tempo para hoje
Su Doku
Problema 657
Dificuldade: fácil
25.02.07
Solução do
problema 655
Soluções, dicas e
programa de
computador em
www.sudoku.com
Problema 658
Dificuldade: difícil
Problema 6176
Horizontais: 1 Bolo
pequeno, doce ou
salgado, geralmente
servido com manteiga
ou compota. Que ou
aquele que faz versos.
2 Animais que
pertencem a vários
donos. Fui além de. 3
Deu a volta.
Centímetro (abrev.). 4
Repetir. A pessoa ou
as pessoas que. 5
Partícula apassivante
que indica que um
verbo está na voz
passiva. Designativo
de um dentre dois
indivíduos ou dois
objectos próximos da
pessoa que fala. 6
Prestar para.
Variedade de pêssego
do fim do Verão
(regional). 7 Neste
momento. Contracção
de “em” com “a”.
Preposição que
designa posse. 8
Espécie de rã que vive
Realizadores
defendem que RTP
fazia melhores
imagens nos anos 60
Pág. 9
sobre as árvores,
arbustos, etc.
Filamento. 9
Instalação onde
oficiais e sargentos
tomam refeições e
podem dispor de
alojamentos. Palhas
que ficam na joeira
depois de se joeirarem
os cereais. 10 Peneira
de seda. Dez vezes
cem. 11 Mergulhado
em líquido. Escavação
para esgoto ou
canalização de águas.
Verticais: 1 Prestar
fiança ou caução
bastante por. Sétima
nota da escala musical.
2 Disco compacto,
capaz de armazenar
informação digital.
Tecido. 3 Escuta.
Pequeno rolo. 4
Adestrador de
elefantes. Tocar ao de
leve. 5 Pequena lasca.
Acrónimo da expressão
inglesa Short Message
Solução do
problema 656
Soluções, dicas e
programa de
computador em
www.sudoku.com
Service. 6 Abertura
para dar entrada ou
saída. Mal-parecido. 7
Pedaço de madeira.
Objecto voador não
identificado. 8 Eles.
Fruto capsular cónico,
produzido pelo
quiabeiro (Bras.). 9 Dá
ouvidos a. Toma rumo.
10 Recear. Fruto da
palmeira, chamada
datileira. 11 Suspiro.
Brando. Remoinho de
água (prov.).
Ka Kuro
Problema 013
Dificuldade: difícil
Depois do problema
resolvido encontre o
provérbio nele
inscrito (5 palavras).
SOLUÇÃO:
Horizontais: 1 Arte.
DEPOIS. 2 - LOL. Levar.
3 - Édito. Irara. 4 Mimo.
ET. Ler. 5 - Pavoa. 6
Sabe. MAIS. 7 - Pra.
Arfante. 8 Remate.
Raer. 9 ID. Lestes. 10
Nado. Tálamo. 11
Trouxe. Alma.
Verticais: 1 ALÉM.
Sprint. 2 Rodim. Redar.
3 Tlim. Sam. DO. 4
Topa. Alou. 5 LO. Abate.
6 De. EVERESTE. 7
Evito. Tá. 8 Par.
Amarela. 9 Oral.
J[b[j[cfe
Fh[l_i[i=[hW_i
Ze9edj_d[dj[/Z_Wi
-,&-.,--*
Nome da obra:
Mais Além
– Depois do Evereste.
Solução do
problema 012
Por Bill Watterson Tradução de Helena Gubernatis
O kakuro é um puzzle de números
comparado ao sudoku porque cada
número, de 1 a 9, só pode aparecer uma
vez em cada fila ou coluna. Mas há uma
enorme diferença: em cada uma destas
filas ou colunas a soma dos seus números
tem de corresponder ao número indicado.
Por exemplo, se uma fila de duas casas
tem a soma 4, as combinações possíveis
são 1-3 ou 3-1. 2-2 não pode ser, pois não
pode haver números repetidos.
Puzzles: Alastair Chisolm
O último concerto
do Remix Ensemble
contrariou todas
as expectativas
Pág. 14
?d\ehcW‚€e
C[j[ehebŒ]_YWfeh
J[b[\ed[[feh<Wn
Anasal. 10 Rebite. Mm.
11 Suar. Sermoa.
J[b[j[cfe
Fh[l_i[iH[]_edW_iZe
9edj_d[dj[)Z_Wi
-,&-.,--'
J[b[j[cfe
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EXPONOR
NEWS
Publicação Periódica
Fevereiro 2007
55
Cinco dias dedicados aos melhores negócios do mobiliário
EXPORT HOME 2007
na rota dos compradores estrangeiros
Começa na próxima quarta-feira e prolonga-se até domingo, das 10h00 às 20h00,
a 19ª edição da EXPORT HOME, a maior
feira do país de mobiliário, iluminação e artigos de casa para exportação. Conheça as
empresas que vão estar presente e as suas
novidades.
Tal como tem acontecido nas edições anteriores, também a EXPORT HOME 2007
será muito mais do que uma simples exposição de mobiliário. Com o forte intuito de
transformar a EXPONOR no ponto de encontro dos profissionais deste sector, a organização tem, desde já, prontas a arrancar
uma série de iniciativas que já fazem parte
do calendário nacional de eventos e que
prometem contribuir para o debate, análise
e reflexão da indústria do mobiliário e das
vias para o seu desenvolvimento.
Design e internacionalização em discussão
Debates, seminários e espaços dedicados à inovação e ao design estão já agendados ao abrigo do certame.
Peças fundamentais no sucesso das últimas edições da EXPORT HOME, o IV Fórum Internacional de Design e VII Evento de
Design assumem-se, em 2007, como dois pontos altos do certame. ■
EXPONOR estreia conceito InHouse
As feiras que a EXPONOR dedica à decoração do lar conquistaram um lugar de (p)referência no mercado profissional. E o sector conta com um novo
reforço, de 10 a 18 de Março próximos. O EXPONOR InHouse – 1.º Salão
da Casa ao Jardim: Mobiliário, Decoração e Iluminação é o mais recente
conceito direccionado para o público em geral. A mostra será uma emanação da EXPORTHOME. E foi a aposta da Feira Internacional do Porto para
sequenciar dois momentos de um só circuito. Com a qualidade produtiva e
o prestígio do mobiliário português, o certame aproveita e cria sinergias. E
fá-lo deliberadamente numa ocasião em que o sector tem novos desafios
pela frente… Págs. 6 a 8
Mercado já fez a triagem dos melhores
Expositores abordam a feira, as empresas e o sector. Pág. 7
Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público.
2
Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
Design e internacionalização
em destaque
Para além de servir de palco à realização dos melhores negócios do sector, a EXPORT HOME, que começa na próxima quarta-feira, tem já agendadas várias iniciativas que fazem parte do calendário nacional de eventos e que prometem contribuir para o debate, análise e reflexão da indústria
do mobiliário e das vias para o seu desenvolvimento. Paolo
Deganello, designer italiano de prestígio internacional, será
orador no IV Fórum Internacional de Design, que se realiza
no dia 1 de Março, em paralelo à EXPORT HOME e subordinado ao tema “Design e Inovação: Estratégias para
o sucesso empresarial”. Fundador do grupo de Design
Radical, Archizoom Associati, em Florença, é conhecido
mundialmente, entre outras, pela cadeira dobrável AEO e
a cadeira multi-funcional Torso, peças inspiradas no mobiliário dos anos 50 e que são características da sua visão
do design.O professor será acompanhado por prestigiosos
representantes do design luso e espanhol: Eduardo CôrteReal, presidente do Conselho Científico da Escola Superior
de Design do IADE, Pedro Sottomayor, designer da Nautilus e Vicent Martinez, designer e director geral da puntmobles (de Valência), fazem antever um debate aceso.A
EXPORT HOME será ainda palco do VII Evento de Design,
um concurso organizado pela ACICP (Associação Comercial e Industrial do Concelho de Paredes) e pelo Município
de Paredes. O objectivo é mostrar o que de melhor se faz
em termos de design em Portugal. Na feira, das 10h00 às
20h00, na galeria do pavilhão 6, vão estar expostas as 20
propostas escolhidas por um júri. No primeiro dia de feira,
quarta-feira, a partir das 15h00, vai ser possível assistir às
Jornadas sobre “Internacionalização da Economia Portuguesa”, na sala Henry Tillo. Uma iniciativa organizada por
uma comissão constituída pelos advogados Manuel Monteiro, Nicolau Santos Silva e Soares Carneiro. Lugar ainda
para o seminário da AIMMP - Associação das Indústrias de
Madeira e Mobiliário de Portugal, a realizar dia 2 de Março.
Tendo como tema principal e dominador a internacionalização das empresas de mobiliário, esta iniciativa conta
com a participação de reputados especialistas nacionais
em mercados externos. ■
é um evento de impacto nacional para apresentação e
lançamento dos seus produtos. “Hoje, para nós, estar presente numa feira com uma envolvente do nível da EXPORT
HOME é marcar tendências e consolidar a notoriedade da
nossa marca, onde, implicitamente, todo o público visitante
é um potencial cliente, possibilitando consequentemente o
conhecimento e o estreitamento de parcerias com novos
cliente e novos mercados”.
Sendo estas as expectativas subjacentes, o percurso que
a Induflex vê para a EXPORT HOME será o de crescimento
global, ou seja para mercados geograficamente cada vez
mais alargados e nos quais a empresa já está presente.
Marcar tendências
“A Induflex, actualmente, opera em mercados, para além
do nacional, bastante dispares tais como Alemanha, Holanda, Suécia, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, França e
Espanha”, refere fonte da empresa.
Neste contexto, a empresa prima por um “portfólio de produtos na sua colecção que, para além de inovadores, seguem linhas internacionais de vanguarda, sendo as nossa
colecções, nos últimos anos, desenhadas por um grupo de
designers portugueses e um arquitecto norueguês”. Existe
também uma linha desenhada por um arquitecto alemão,
que será apresentada simultaneamente no mercado português e alemão.
Para os responsáveis da Induflex, tem-se assistindo, nos
últimos anos, a um crescimento da EXPORT HOME em
número e grau, ao nível dos seus visitantes de cariz internacional, “que muito tem prestigiado o evento”.
Agora, segundo os decisores desta empresa, “importa
que a notoriedade da feira cresça, pelo que a estratégia da
EXPONOR deverá passar pela consolidação de um lugar
de referência europeu e, ao mesmo tempo, visar mercados
em expansão, nomeadamente o africano”. ■
Haut de Gamme
Desenvolvimento, criatividade e
versatilidade
Induflex
EXPORT HOME tem lugar europeu
ático, sendo este último, actualmente, a principal aposta.
“Vamos abrir várias lojas na Ásia até ao fim do ano. Três
na República Popular da China (uma em Macau, uma em
Hong Kong e uma em Xangai), uma outra em Singapura e
na Índia e uma loja em Nova Deli”, revela fonte da empresa.
Conjuntamente ao investimento na Ásia, a Europa também
vai ter mais lojas Haut de Gamme. Três em França (Lyon e
Paris), três em Espanha (duas em Madrid e uma em Pamplona) e uma em Milão, Itália, são as aberturas previstas
para o primeiro trimestre deste ano.
Lançamento de novas linhas
na EXPORT HOME
Para a Haut de Gamme, a EXPORT HOME é “uma feira que
está bem estruturada para a dimensão do sector e que está
já muito bem posicionada a nível europeu, garantindo as
condições de visibilidade que se esperam destes eventos”.
Desta forma, a edição de 2007 está a gerar grandes expectativas na administração da empresa, que vai procurar
neste certame aumentar o volume de exportação para a
Europa. “As expectativas da nossa participação estão centradas no aumento das nossas vendas nos mercados da
Europa - Espanha, França e Itália”, declaram.
Para atingir este fim, a Haut de Gamme tem preparadas várias novidades para a próxima edição da EXPORT HOME.
“Vamos fazer o lançamento de uma linha nova, da marca
Francesco Rossi, uma marca italiana de uma empresa de
direito, adquirida pela Haut de Gamme, e duas linhas novas na marca Haut de Gamme e uma linha nova na marca
Colonial Club”, avançam os responsáveis.
Linhas estas que seguirão os valores clássicos contemporâneos, “onde se aliam as formas e a estética, de modo
a criarem-se os ambientes associados às exigências dos
dias de hoje”.
A forte aposta na EXPORT HOME 2007 por parte da Haut
de Gamme não causa estranheza, sobretudo numa empresa que tem retirado largos benefícios da presença neste
certame promovido pela EXPONOR. “A EXPORT HOME
tem contribuído, também, para a visibilidade da identidade
da Haut de Gamme e para a notoriedade das suas marcas, particularmente nos mercados espanhol e português,
potenciando as condições para o seu desenvolvimento”,
defende a empresa. ■
Lusorustik
EXPORT HOME
impulsiona os negócios
A Haut de Gamme aspira a ser reconhecida como uma
das melhores empresas de mobiliário do mundo, com um
crescimento sustentado e gerando sempre uma melhor
rentabilidade do capital investido.
O lema da Induflex para 2007 é o de afirmação da sua
marca no mercado ibérico. Neste sentido, esta empresa
prospectiva um crescimento global que passará pelo alargamento de mercados, onde será dada maior ênfase ao
mercado espanhol, reforçando, assim, a sua imagem no
país vizinho.
Para a Induflex, a EXPORT HOME é uma referência para
o sector que, apesar de tradicional, se tem imposto pela
qualidade e design dos produtos expostos.
Como tal, esta empresa considera que a EXPORT HOME
Para tal, a sua estratégia é alicerçada em cinco pilares
que, segundo os seus responsáveis, passam pela “melhor
equipa, a intimidade com o cliente, a inovação total, o
crescimento das marcas e operações mais eficientes”. “O
nosso posicionamento é servir os segmentos de mercado
médio-alto e alto, que encontramos nas feiras da EXPONOR”, referem ainda.
A estratégia desta empresa assenta ainda em itens como a
investigação, desenvolvimento, criatividade e versatilidade
A Haut de Gamme opera nos mercados europeus e asi-
Fundada em 2000, a Lusorustik é uma empresa certificada no âmbito do sistema de Gestão da Qualidade
pela NP EN ISO 9001:2000, que se caracteriza pela
juventude e dinâmica e que está no mercado do mobiliário com qualidade e design próprio, procurando atingir
e superar as expectativas dos clientes. “Apostamos na
Contactos EXPONOR
Ficha Técnica
PORTUGAL EXPONOR - Feira Internacional do Porto 4450-617 Leça da Palmeira - Portugal - Tel.: +351.22.9981400 - Fax: + 351.22.998 1482 - [email protected] www.exponor.pt / EXPONOR Delegação em Lisboa Rua Tierno Galvan, Torre 3, 10, 10.º piso - 1070-274 Lisboa - Portugal - Tel.: +351.21.3826730 - Fax: +351.21.3826734
Publicação Propriedade da Associação para a
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Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
competência da nossa equipa, na experiência e numa
procura constante de novas soluções, de forma a manter
um crescimento sustentado”, descreve Miguel Carneiro.
Este responsável da empresa aponta, igualmente, a qualidade, o dinamismo e a eficácia como os três pontos fortes da
Lusorustik. “Produzimos linhas de mobiliário com qualidade
e versatilidade. Seleccionamos as melhores matérias-primas,
investimos nas ferragens e nos acabamentos de modo a
apresentar móveis de acordo com os altos parâmetros de
qualidade exigidos pelos clientes. Por outro lado, todas as
nossas acções revelam dinamismo e ética, procurando atingir
um elevado grau de credibilidade interna e externa. Por fim,
é uma das nossas políticas responder de forma eficaz a uma
necessidade do cliente”, refere. A Lusorustik caracteriza a EXPORT HOME como um certame com muita credibilidade junto
dos profissionais do sector. “Esperamos que a presença dos
expositores na feira permitam melhorias nos contactos comerciais, quer ao nível no volume de facturação das empresas,
quer na troca de experiências que permitam a evolução do
mercado português. As nossas expectativas para esta edição
centram-se na consolidação das nossas propostas junto dos
nossos clientes e visitante”, afirma Miguel Carneiro.
Linha Zumb com novo complemento
Actualmente, a comercializar móveis em Portugal Continental
e Ilhas, em França e Angola, a Lusorustik está, em 2007, a
implantar uma estratégia comercial que passa pela presença
em feiras do sector e pelo lançamento de mobiliário complementar à linha Zumb Collection com o intuito de a tornar
ainda mais competitiva. Isto depois de, em 2006, no âmbito
da internacionalização da marca, a empresa ter lançando com
sucesso a linha «Zumb».
Um complemento a esta linha será, aliás, apresentado na
edição deste ano da EXPORT HOME, “um certame que tem
contribuído para mostrar as nossas competências no âmbito
da produção de mobiliário, funcionando também como abertura para o mercado exterior”. “A EXPORT HOME é importante
para impulsionar os negócios”, diz ainda Miguel Carneiro. ■
“A EXPORT HOME é a única feira portuguesa de mobiliário,
não tem concorrência”, destaca Daniela Leal.
Apelando à visita dos compradores ao seu stand, a ALEAL
promete apresentar novas colecções, do contemporâneo ao
clássico, dominadas pelas tendências internacionais. “Este
mercado está em constante movimento. A moda de interiores
obriga-nos a estarmos atentos às tendências internacionais. A
decoração de interiores é cada vez mais uma forma de estar
na vida”, destaca a mesma fonte, empresa que tem estado
presente em todos os certames ligados ao mobiliário promovidos pela EXPONOR.
Para a ALEAL, o mercado do mobiliário tem evoluído notoriamente. “Esta é uma indústria tradicional e um dos maiores
avanços tem-se verificado ao nível do processo produtivo. Por
outro lado, e mais recentemente, o progresso tem-se verificado no design. As empresas têm apostado no design para que
possam acompanhar as novas concorrentes internacionais.
Já não há qualidade sem design e funcionalidade. O perfil do
consumidor alterou-se e Portugal está a saber acompanhar
isso. Com esforço, mas com resultados que se vão vendo”,
defende Daniela Leal.
Neste sentido, esta empresa tem “as melhores” expectativas
em relação ao seu futuro, referindo que é para alcançar o sucesso que trabalha, “todos os dias, com afinco e optimismo”.
“Mas sempre atentos aos indicadores económicos nacionais e
internacionais. É um optimismo realista”, conclui. ■
Costa & Januário
Em estreia na
EXPORT HOME
ALEAL
Uma presença constante na
EXPORT HOME
A ALEAL é uma empresa com 25 anos. A tradição, a longa experiência e uma vontade férrea de fazer sempre mais e melhor
estão na raiz de uma marca que, actualmente, se faz notar
num mercado competitivo.
A empresa foi-se consolidando ao longo dos anos, perseguindo um crescimento sustentando, sempre atenta à inovação e
valorizando o trabalho de equipa e a fidelidade de funcionários
e clientes.
A esta característica juntou-se o encontro desejado entre
gerações - o “saber de experiência feito” - e um novo pulsar,
que tem oferecido os inputs necessários para que a ALEAL
seja uma empresa apostada em posicionar a sua marca como
sinónimo de qualidade.
As novas tecnologias, a nobreza da matéria-prima, a mãode-obra qualificada, e o cuidado, sempre renovado, com o
design e a funcionalidade são os pontos fortes do produto de
uma empresa que tem também nas pessoas uma mais-valia
fundamental.
A ALEAL opera no mercado nacional, regiões autónomas
incluídas, e no internacional. “Não temos nenhum mercado
preferencial, sendo certo que gostamos que os portugueses
apreciem a marca ALEAL. Aliás, está aí uma campanha interessante que revela um esforço do país para promover a compra de marcas nacionais: «Cá se fazem, cá se compram»”,
refere Daniela Leal.
Stand dominado pelas tendências
internacionais
A presença na EXPORT HOME, “o único certame internacional
em Portugal”, está, de resto, planeada para conquistar novos
compradores estrangeiros.
A Costa & Januário é uma empresa de pequena dimensão que
aposta na qualidade e na inovação dos seus produtos.
Como factor diferenciador num mercado cada mais competitivo, esta empresa aposta na qualidade dos produtos a preços
competitivos, na personalização do atendimento dos seus
clientes e na constante preocupação de inovação.
Actualmente, a Costa & Januário está presente no mercado
nacional e, numa pequena escala, em Espanha. Porém, faz
parte dos planos da empresa aumentar a presença em mercados internacionais, sendo, inclusive, este o seu principal
objectivo para 2007.
Na opinião dos responsáveis da Costa & Januário este intuito
pode ser mais facilmente concretizado com a presença na
próxima edição da EXPORT HOME. “As feiras da EXPONOR
são mais uma via que ajudam as empresas a atingir os objectivos. No caso da EXPORT HOME, que é uma feira de referência internacional no sector do mobiliário, reúne excelentes
condições que podem ser aproveitadas pelos participantes do
certame. É a primeira vez que vamos participar na EXPORT
HOME. No entanto, estamos confiantes que o facto de participar neste certame vai ser uma mais-valia para a empresa”,
referem.
De facto, para esta empresa, “a EXPORT HOME é um ponto
de referência no sector do mobiliário”, o que faz com que as
suas expectativas em relação a esta edição estejam “centradas na angariação de contactos que nos permitam atingir o
nosso objectivo que é a internacionalização da empresa”.
Produtos rústicos na EXPORT HOME
Produzindo produtos de estilo rústico, que são concebidos
tendo em conta o “estudo das necessidades dos nossos
potenciais clientes, a inovação e a qualidade”, esta empresa
tem, desde já, preparadas algumas novidades para a EXPORT
HOME. “A Costa & Januário produz linhas de traços rústicos
e, seguindo esta orientação, vai apresentar uma nova linha de
mobiliário rústico com variados acabamentos que lhe dão um
toque diferenciador”, afirma a administração.
Para a Costa & Januário existe uma grande qualidade nos
produtos nacionais, o que torna o mobiliário português diferenciador em relação a outros mercados. Porém, já no que diz
respeito à vitalidade comercial do mercado nacional a opinião
é muito diferente. “A procura mostra-se bastante estragada o
que leva a que as empresas procurarem novos mercados para
colocarem os seus produtos”, defende a empresa. ■
3
Jet Class
A maior montra do país
Presença regular na EXPORT HOME, a Jet Class considera
este certame como “a maior montra do país para quem anseia direccionar os seus novos produtos aos profissionais do
sector” e, por isso, assume “uma atitude positiva, perante a
próxima edição”.
“Tendo em vista o fortalecimento do nosso universo de clientes, a EXPORT HOME permite aumentar a nossa área de intervenção, quer no âmbito nacional quer internacional”, refere
um responsável da empresa.
Por outro lado, a Jet Class aproveita a EXPORT HOME para
apresentar as suas criações anuais. “Digamos que este tipo
de eventos é uma plataforma fulcral para quem, como nós,
pretende dar a conhecer as suas inovações. A Jet Class tem
conseguido progredir no bom sentido e a nossa filosofia visa a
divulgação dos passos vanguardistas da marca”, afirma fonte
da Jet Class.
Em 2007, a Jet Class não deixará ninguém indiferente e quem
visitar o seu stand poderá testemunhar “uma rotura com os
padrões e uma harmonia proveniente do jogo de cores e o
convívio de estilos”. Em exposição estará também mobiliário
com ângulos flexíveis e pontos de vista voláteis. “Em concordância com a qualidade crónica dos nossos produtos, vamos
revelar a junção de produtos rústicos e modernos, no mesmo
ambiente”, declara fonte da Jet Class.
No seguimento desta estratégia, esta empresa tem angariado
bons clientes nas edições anteriores do certame, com o consequente aumento gradual do volume de vendas. “Penso que,
este ano, a tendência favorável será mantida”, antevê um dos
elementos da administração.
Aposta no mercado externo
A Jet Class segue uma política que contempla uma actualização permanente e uma atenção “ao que se passa lá fora”,
protagonizando experiências com o intuito de desvendar um
novo olhar sobre o mobiliário. “A Europa é uma referência
importante e, neste momento, o que se tem produzido são as
peças em tons claros e com uma luminosidade suis generis.
Como é lógico, nós tentaremos imprimir o nosso cunho característico nas três vertentes a explorar, a saber, a clássica, a
rústica e a moderna”, explica um responsável.
É mobiliário com estas características que a Jet Class exporta
para países como a Espanha e França, passando pela Holanda e Inglaterra, até à Croácia e Rússia, os principais mercados
da empresa. “Uma quota superior a 85% das nossas vendas
é para fora dos limites nacionais, sendo a venda em território
português algo residual, nomeadamente, no Sul do país”,
aponta a empresa.
Por isso, a Jet Class espera que a próxima edição da EXPORT
HOME conte com uma grande afluência de representantes
espanhóis, “que se assumem como os grandes “adeptos”
deste evento”. Segundo as previsões desta empresa, também
os russos e os franceses se farão notar na feira, uma vez que,
“pelo contacto que temos tido, existe um feedback bastante
positivo, no que concerne ao trabalho português”.
Aliás, para a Jet Class eventos como a EXPORT HOME, “que
despoletam a evolução”, são essenciais para a promoção e
permuta de tipologias de trabalho. “Todos os anos se aprende, se ensina e se reformula algo”, consideram os responsáveis da empresa.
Ano decisivo
Num ano que a Jet Class espera “empreendedor e decisivo”,
os seus responsáveis vão avançar com a construção de novas
instalações e inaugurar um espaço showroom, em Espanha,
que servirá para fidelizar e aumentar o número de clientes num
país que lhes é favorável.
Também por este facto, a EXPORT HOME 2007 assume uma
importância acrescida para a Jet Class, na medida em que
contribui para a cimentação da sua posição no mercado.
“Como é lógico, ninguém obtém retorno imediato da feira de
Março. O importante neste evento é estabelecer contactos
que, a médio e longo prazo, se afirmam como profícuos para
os expositores”, conclui a administração. ■
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Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
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Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
Nova estratégia comercial para o mercado do mobiliário
EXPONOR “encerra circuito comercial”
Parceria com a APIMA para
conferir um cariz ainda mais
internacional à feira
Quais as principias novidades que podemos contar para a 19ª edição da EXPORT
HOME?
António Proença, o mais recente
director das feiras de mobiliário, vê a
EXPORT HOME 2007 como uma
iniciativa capaz de contribuir para o
aumento do prestígio do mobiliário
português além fronteiras.
Em entrevista, António Proença revela
a razão da aliança com a APIMA, assim
como a esperança em ultrapassar as
40.000 visitas na edição deste ano.
Mais à frente, o director explica ainda
como surgiu a ideia de criar a
INHOUSE, um certame que pretende
responder às necessidades do
consumidor final.
EXPONOR NEWS – Quais são as principias linhas estratégicas e apostas para a
EXPORT HOME 2007?
ANTÓNIO PROENÇA: A EXPORT HOME continuará a apostar no mercado internacional, reforçando a imagem de qualidade que tem vindo
a ser alcançada ao longo deste anos. Em 2007,
o reforço vai para o convite a compradores de
Espanha, França, Reino Unido, entre outros mercados de elevado potencial para as exportações
portuguesas.
Quais os objectivos que se propõe alcançar no final da edição 2007?
AP: Aumentar o número e qualidade de visitantes
estrangeiros de forma a potenciar mais e melhores
negócios para as empresas presentes. Apesar da
EXPORT HOME se assumir com vocação exportadora, gostaria também que esta feira funcionasse
como impulso para o mercado interno. Teremos
aqui as novidades para o ano 2007, produtos com
design e que estão claramente dentro dos parâmetros de gosto internacionais. O mercado nacional não pode ficar alheio a estas tendências.
Qual o número de visitantes esperados?
Quantos destes serão estrangeiros?
AP: Esperamos atingir as 40.000 visitas de profissionais. Relativamente aos estrangeiros, a
promoção internacional feita ao longo de 2006 e
neste início de ano tem como objectivo aumentar
o número de compradores provenientes além
fronteiras. Já o ano passado alcançámos o record
com 2419 visitas internacionais.
AP: A EXPORT HOME recebe uma média anual
de 400 expositores, logo, atrevo-me a dizer que
vamos ter esse mesmo número em novidades em
produtos e linhas. Posso assegurar que vão estar
em evidência propostas com qualidade, design e
inovação.
Da parte da organização preparámos algumas novidades, que passaram pela antecipação da promoção internacional da feira e pela criação de diversas
funcionalidades de acesso exclusivo aos expositores
no portal www.exporthome.exponor.pt.
A EXPORT HOME conta com uma parceria estratégica com a APIMA? O que
espera desta colaboração?
Decoradores com espaço
próprio
O InHouse dirige-se ao grande público.
O que poderá encontrar o cliente final na
mostra?
AP: Por um lado, poderá encontrar as novidades
em mobiliário, estofos e artigos para a casa que
anteriormente foram apresentadas aos lojistas e
ter, assim, a oportunidade de, em primeira-mão,
efectuar as suas compras. Para além disso, o
InHouse terá em exposição artigos dos sectores
das piscinas, mobiliário e acessórios de jardim.
São, de resto, sectores em que temos que apostar. Queremos que o EXPONOR InHouse seja um
dos palcos privilegiados na oferta destes produtos. Em Portugal, é já um facto que o mercado das
piscinas, por exemplo, cresceu e desenvolveu-se.
Está-se, por isso, perante uma realidade que demonstra uma preocupação por parte das pessoas
no lazer e na sua qualidade de vida.
AP: O objectivo é unir esforços tendo em conta
as linhas prioritárias do sector: o impulso das
exportações, o apoio no reforço da promoção
internacional do mobiliário e a organização de
actividades de massa crítica para os profissionais
que expõem e visitam a maior feira do sector em
Portugal.
A estratégia assenta em conferir um cariz ainda
mais internacional à EXPORT HOME, divulgandoa nas feiras congéneres na Europa (como foram o
caso de Valência e, mais recentemente, dois certames em Paris) e contando com o seu know-how
nas acções de captação de potenciais compradores estrangeiros.
O InHouse contará com o “Espaço Decoradores”. A quem se dirige e qual o
objectivo desta iniciativa?
InHouse permite melhoria
do circuito comercial
Qual a vantagem para o visitante desta
iniciativa?
O conceito de organização do InHouse
é uma estreia. Como surgiu e com que
desígnios?
AP: Queremos fazer da EXPONOR um lugar de
referência para o grande público nos sectores do
mobiliário, decoração e iluminação. O conceito
InHouse surge da necessidade de existência de
uma continuidade na apresentação de novidades
ao cliente final, potenciando uma melhoria do circuito comercial e reforçando a parceria entre fabricante, loja e consumidor final. Para cumprir este
objectivo, nada melhor do que ter em apresentação os produtos que na semana anterior à feira
estiveram em exposição para o mercado profissional, nacional e internacional, durante a EXPORT
HOME. Estamos certos que é o momento certo,
uma vez que é o consumidor final que, em última
instância, dita o maior ou menor grau de sucesso
das tendências em que as empresas apostam.
De que forma os expositores da EXPORT
HOME podem participar no InHouse?
AP: Os expositores da EXPORT HOME poderão
apoiar o lojista, participando indirectamente nas
suas vendas e amparando-o ao nível da estrutura,
“know-how” e comunicação de conceitos criados
para as marcas.
AP: O “Espaço Decoradores” vai ao encontro de
um dos objectivos do conceito InHouse, ou seja,
poder oferecer ao público uma oferta alargada e
integrada de produtos de serviços ligados ao lar. É
mais um desafio, desta feita lançado em exclusivo
a decoradores, designers e arquitectos de interiores, para promoverem os seus serviços, que, no
nosso entender, têm muita pertinência numa feira
como esta. O “Espaço Decoradores” permite a
estes profissionais uma participação na feira em
condições vantajosas.
AP: Queremos oferecer ao visitante uma oferta
integrada, que vai desde o produto ao serviço. O
recurso a serviços de decoração e design de interiores é uma tendência cada vez mais premente na
actual sociedade. E temos que ir ao encontro das
necessidades e exigências do público.
Qualidade, tradição e design:
o triângulo do sucesso
Que mais-valias atribui ao mobiliário
português no enquadramento da globalização e da aposta crescente das exportações do sector?
AP: A indústria portuguesa do mobiliário afirma-se
num contexto de globalização por três factores:
qualidade, tradição e design. Daí resulta um produto (português) que, por um lado, vai ao encontro dos padrões de gosto e estilo internacionais e,
por outro, possui uma relação qualidade/preço
altamente competitivas. Mais recentemente, assistimos a uma reorganização das empresas do
sector no sentido de uma maior flexibilidade nas
suas estruturas e de um investimento tecnológico
crescente, condições de base para uma postura
exportadora de qualquer empresa. ■
Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
7
InHouse: peças de um puzzle multifacetado
Uma feira resulta igualmente das semelhanças e diferenças sobre a forma de pensar e estar perante o evento.
E é a multiplicidade de respostas ao desafio comum que compõe o todo. Desta feita, o estímulo assumiu a faceta de
entrevista. Com a feira, o sector e as empresas por motivações. Colocámos sete perguntas e ouvimos dois
expositores do EXPONOR InHouse.
1. Costuma participar habitualmente em feiras organizadas pela EXPONOR?
2. As feiras que a EXPONOR dedica ao mobiliário e à decoração do lar conquistaram um lugar de (p)referência no mercado do sector.
Que expectativas deposita a sua empresa na estreia deste novo conceito de feira, o InHouse?
3. Que balanço faz a sua empresa sobre o último ano de actividade do sector? Que pontos fortes e que pontos fracos merecem destaque?
4. Em que medida um certame como o EXPONOR InHouse pode contribuir para o desenvolvimento do sector?
5. Alguns organismos estatais têm utilizado os indicadores económicos mais recentes para prospectivarem uma ligeira melhoria do
clima e comportamento económicos do nosso País, nos tempos mais próximos. Tem a empresa sentido alguma melhoria?
E que cenário antevê para o próximo ano?
6. Que produtos e/ou novidades tem em carteira para apresentar no evento?
7. Acha que a existência do “Espaço Decoradores”, um “pack” chave na mão, poderá chamar mais visitantes?
Antarte:
Mercado já fez a triagem dos melhores
1. Sim. A Antarte tem marcado presença nas feiras sectoriais realizadas na
EXPONOR. Também as empresas do grupo Antarte são presença assídua
como expositores nos certames vocacionados para o sector do mobiliário
e decoração.
2. A Antarte espera que a EXPONOR InHouse seja um sucesso. Este novo
conceito do sector do mobiliário e da decoração, direccionado para o
público em geral, pode diferenciar-se pela oferta integrada de uma multiplicidade de escolhas de produtos, evidenciando a importância do design
de interiores para o consumidor final.
3. O balanço que a Antarte faz é positivo. De um modo geral, pensamos
que os objectivos propostos para o sector foram alcançados. Cremos
também que o próprio mercado acabou por fazer a triagem das empresas
que realmente apostam na qualidade, no design e na diferenciação pelo
serviço e pela inovação. Quanto aos pontos fortes do sector, assentam
em dois factores fundamentais: por um lado, uma maior capacidade competitiva das empresas portuguesas e, por outro, a aposta clara no design.
Os pontos fracos ainda são a falta de ideias próprias e a mão-de-obra
pouco qualificada. Faltam-nos bons profissionais especializados.
4. Este certame será o evento ideal para as empresas vocacionadas para a
área do mobiliário, estofos, jardim, iluminação e decoração apresentarem
ao público em geral as últimas tendências e as propostas mais criativas e
inovadoras em artigos para a casa e jardim.
5. A Antarte tem-se posicionado à margem da “crise nacional,” que afecta
todos os sectores da economia portuguesa. Temos prosperado fruto de
muito trabalho e de uma estratégia comercial muito bem definida. Sabemos quais são os nossos objectivos, por isso planeamos todos os passos
de forma a conseguir alcançar o sucesso empresarial.
6. Iremos apresentar no Salão duas novas linhas de mobiliário arrojadas
e inovadoras para criar ambientes de sonho nos quartos e salas. Assim, à
semelhança daquilo que temos vindo a apresentar em todos os certames,
estamos preparados para surpreender os visitantes que passarem pelo
nosso “stand”. Teremos ainda em destaque novos produtos de decoração, estanhos, faqueiros, baixelas e iluminação.
7. Acredito que o “Espaço Decoradores” será uma mais-valia para o certame. A ideia de apresentar uma oferta “chave-na-mão” aos visitantes, ou
seja, uma oferta integrada, que vai desde o produto ao serviço, parece-me
uma excelente iniciativa, proporcionando também uma oportunidade de
excelência para ser divulgada a oferta de serviços de design, decoração e
de arquitectura de interiores.■
José Guimarães & António Guimarães:
«Acreditamos no sucesso»
1. Já participámos em tempos, e voltamos a estar presentes, porque acreditamos no sucesso.
2. Temos as maiores expectativas em relativamente ao InHouse.
3. Somos uma empresa que, nos últimos 10 anos, tem tido uma taxa de
crescimento que consideramos muito boa, devido à aposta que fizemos
em vários sectores. Para além da “José Guimarães interiores”, abrimos
recentemente a “Projectobanho”, empresa ligada ao sector do banho e
materiais de construção, para fechar o círculo de materiais, que precisamos para os clientes de obras completas (chave-na-mão), que são para
nós acima dos 90 por cento. Daí que o nosso stand na InHouse representa
a forma de estarmos no mercado, projectando, criando novas ideias e
conceitos.
4. Cremos que o sector só pode desenvolver-se com iniciativas e propostas
deste tipo. Cada vez mais, os clientes estão atentos e são conhecedores.
5. Somos uma empresa de sucesso. Desde sempre que tentamos ter “luz
ao fundo do túnel”…
6. Durante o InHouse, o nosso “stand” traduzirá o conceito de uma habitação. Em “open space”, apresentaremos uma cozinha da marca Lyon´s
(que representamos em Portugal), uma zona de jantar e outra de estar,
com peças de vanguarda contemporânea de permeio, com um grande
jardim. Vamos expor também dois quartos casal de alto brilho contemporâneo e duas salas de banho muito contemporâneas, da nossa autoria,
fugindo ao “tradicional”.
7. Acreditamos que sim. E é também a nossa forma de estar no mercado.■
8
Exponor News, 25 de Fevereiro de 2007
RP Industries cheia de fé no InHouse
zação dos momentos que se
passam no nosso lar, seja a
sós, com a família ou amigos.
Para os que apreciam a comodidade e desejam recuperar
do “stress” diário, uma piscina
e um exterior bonito funcionam
como uma verdadeira terapia
de rejuvenescimento do corpo
e da mente», declara fonte da
empresa.
Inspiração romana…
A RP Industries – Piscinas,
Lda. é uma presença assídua
em vários certames organizados pela EXPONOR. E volta
a sê-lo no InHouse. «Habitualmente fazemos questão de estar presentes nas feiras que se
relacionam directamente com
a nossa actividade», refere um
responsável desta empresa,
com a noção que os eventos
com lugar na Feira Internacional do Porto «são importantes
para nos darmos a conhecer
ao público».
«Sabemos que os clientes
procuram as feiras na expectativa de ver um pouco mais
do trabalho que as empresas
são capazes de fazer. Para a
RP Industries, estar presente
nas feiras da EXPONOR é
uma importante aposta dentro
da nossa estratégia de cresci-
mento a Norte do País», afirma
o mesmo responsável.
Neste sentido, a RP Industries
não podia deixar de comparecer no EXPONOR InHouse,
uma mostra que, na opinião
da sua administração, «poderá
ser uma agradável surpresa
em termos de adesão do
público, sobretudo devido
à aposta no conceito casa
e jardim como áreas que se
complementam e das quais se
pode tirar grande partido».
A firma partilha, assim, a ideia
já manifestada pela Organização que a casa e o jardim
devem ser áreas de forte
investimento pessoal em termos de bem-estar e conforto.
«Essencialmente, esperamos
poder mostrar aos visitantes
que a aposta num espaço
exterior é também uma valori-
Na InHouse, a RP Industries
– Piscinas vai apresentar a
sua mais recente linha de
pavimentos, expondo aos visitantes o “Traverti”, um modelo
em Opus Romano que permite
construir espaços de grande
autenticidade, tanto em interiores como em exteriores.
Dado o mote do certame, a
empresa assegura que vai dar
ainda destaque aos pavimentos criados especialmente para
a área circundante da piscina,
onde se realça a Línea Sol,
com bordaduras e pavimentos
das gamas Granitus, Secular e
Antiquus, ideais para a valorização desse espaço envolvente.
Como corolário da excelência
dos produtos comercializados
nos últimos meses, os pavimentos desta empresa foram
escolhidos para a decoração
da área exterior circundante à
piscina e jardins do Aparthotel Laguna Mar, no Clube do
Ancão (Almancil). Também o
São Pedro Vila, condomínio de
luxo em São Pedro do Estoril,
elegeu os pavimentos e muros
Fabistone para decoração dos
terraços.
Sem medo da conjuntura
económica
Especializada no fabrico de piscinas em “kit” de aço galvanizado, a RP Industries – Piscinas
afirma-se como a empresa do
sector que mais tem crescido
no mercado português. Com
sede em Braga e seis filiais no
País, não cessa de inovar na
instalação das suas piscinas.
Foi a aposta na inovação e
qualidade que permitiu à RP
Industries – Piscinas singrar
num mercado que, tal como
a actual conjuntura económica
nacional, está em recuperação
e a fazer a selecção dos melhores. «Apesar de sentirmos que
o sector vive as mesmas dificuldades que o País atravessa
em termos de retracção no investimento, a verdade é que a
RP Industries Piscinas sempre
optou por uma estratégia de
reacção e constante inovação.
Talvez por isso, continuemos a
crescer e a expandir o nosso
mercado
além-fronteiras»,
enfatiza a administração da
empresa, salientando que,
depois da aposta espanhola
(em Barcelona e Pontevedra),
recentemente passou também
a estar presentes em Angola
(Luanda).
Simultaneamente a estes
investimentos em mercados
externos, a RP Industries
transformou os seus pontos
de venda em Portugal em verdadeiros “show-rooms”, nos
quais é permitido aos clientes
visualizar o seu trabalho e
as opções que têm ao seu
dispor. «Sentimos que o último ano, apesar de todas as
dificuldades e obstáculos, foi
um ano marcante para a RP
Industries», afirma, confiante,
um responsável da empresa.
A mesma fonte considera que
um certame como o EXPONOR
InHouse terá grande importância e um papel de destaque
na expansão do sector, pois
servirá como uma mostra privilegiada do trabalho feito em
Portugal e da qualidade dos
produtos nacionais. «Acreditamos que o EXPONOR InHouse
pode permitir a conquista de
novos clientes pelo facto de
ser uma feira onde a casa,
no seu todo, assume grande
destaque, sobretudo porque
as pessoas valorizam cada vez
mais o bem-estar ‘in & out of
the house’», defendem. ■
O momento ideal
para mobilar a casa.
Encontre no EXPONOR InHouse as melhores empresas e marcas para tornar a sua
casa no lar que sempre sonhou. Estas são
apenas algumas…
A A CAMPOS & SANTOS | ACMA PISCINAS |
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DE MOBILIÁRIO | ANTARTE - ROCHA & RAFAEL
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PAULO | APPARATUS-MOBILIÁRIO | AR PEÇAS
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GUIMARÃES E ANTÓNIO GUIMARÃES | JOVEM
4 - COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO
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JOAQUIM DIAS RIBEIRO | JULIU’S
MOBILIÁRIO | KAZA DESIGN | LAR ECONÓMICO
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FERREIRA | LASKASAS INTERIORES | M.A.M.
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DECORAÇÃO | MÓVEIS OLIVEIRA - OLIVEIRA
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TRADIÇÕES - LUCIANA DUARTE | VISÃO D’ÉPOCA
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Campos & Rocha quer crescer com a feira
A Campos & Rocha é uma empresa que
se dedica ao comércio de mobiliário e que
está num processo de crescimento que
os seus responsáveis pretendem que culmine numa posição estável no mercado.
Da estratégia de crescimento faz parte a
presença em feiras vocacionadas, essencialmente, para o grande público e para o
consumidor final. Aliás, a Campos & Rocha
é uma presença regular em certames com
este tipo de características promovidos
pela EXPONOR.
Em 2007, a primeira passagem pela Feira
Internacional do Porto acontecerá já no
próximo dia 10 de Março, no âmbito do
InHouse – 1.º Salão da Casa ao Jardim:
Mobiliário, Decoração e Iluminação.
Para os responsáveis da Campos & Rocha - Comércio de Mobiliário, Lda. este
será um momento importante e que,
por ser uma novidade, poderá causar
um efeito surpresa motivador. «Ao ser
uma estreia, e com um nome diferente,
espero uma feira bem organizada, tanto
do ponto de vista de quem expõe como
de quem visita», refere fonte da empresa, esperando uma grande adesão de
público.
Recuperação económica «lenta mas
gradual»
Segundo a administração da empresa,
eventos como o InHouse poderão funcionar como factor de desenvolvimento
de um sector que atravessou «um ano
de recuperação económica» e que dá
mostras de estar a mudar. «Temos notado alguma melhoria, mas de uma forma
muito lenta e gradual. Esperamos um
ano muito idêntico ao de 2006, ou seja,
um ano ainda de recuperação», prognostica a Campos & Rocha.
Esta empresa, como habitualmente, já
está já a preparar duas colecções de mo-
biliário para apresentar entre 10 e 18 de
Março. Estas colecções serão dominadas por produtos novos que seguem as
mais recentes tendências do mercado.
A Campos & Rocha está igualmente
com expectativa relativamente ao “Espaço Decoradores”, uma iniciativa que
poderá, segundo os responsáveis desta
empresa, atrair mais público e contribuir
para o sucesso do evento. E para tirar o
máximo proveito da dinâmica empreendida pela EXPONOR nestes oito dias, a
Campos & Rocha vai lançar uma campanha promocional da sua presença no
InHouse. ■
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Adopções fora do circuito legal podem ser más para as