MARCIO LUCATO UMA PROPOSTA DE MODELAGEM PARA SECADORES DE MACARRÃO DE CORTE LONGO SÃO CAETANO DO SUL 2009 MARCIO LUCATO UMA PROPOSTA DE MODELAGEM PARA SECADORES DE MACARRÃO DE CORTE LONGO Dissertação apresentada à Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos. Linha de Pesquisa: Análise e Controle de Processos Químicos Orientador: Prof. Dr. Eduardo Lobo Lustosa Cabral SÃO CAETANO DO SUL 2009 Lucato, Marcio Uma proposta de modelagem para secadores de macarrão de corte longo / Marcio Lucato.—São Caetano do Sul, SP : CEUNEEM, 2009. 114 p. Dissertação de Mestrado — Programa de Pós-Graduação. Linha de Pesquisa: Análise e Controle de Processos Químicos — Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia.São Caetano do Sul, SP, 2009. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Lobo Lustosa Cabral 1. Macarrão de corte longo 2. Modelagem 3. Secagem 4. Sistema de controle I. Instituto Mauá de Tecnologia. Centro Universitário. Escola de Engenharia Mauá. II. Título. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Eduardo Lobo Lustosa Cabral, pela orientação, dedicação e amizade durante a execução deste trabalho. Ao Prof. Dr. Marcello Nitz, pela sugestão do tema, aulas sobre secagem e auxílio em momentos importantes. À Profª Edilene Amaral de Andrade Adell pelas correções no texto e auxílio com as tarefas da coordenação. Aos amigos, Prof. Sergio Kenji Moriguchi, pelo constante incentivo e pelas aulas que deu em meu lugar e Prof. Dr. Ed Claudio Bordinassi, pelas aulas em que me substituiu e pelos desenhos usados neste trabalho. Ao Prof. Dr. Jose Maria Saiz Jabardo, pelo constante incentivo e discussões conceituais sobre o tema. Ao Prof. Dr. Leo Kunigk por todo o auxilio prestado, principalmente com a escolha do periódico para a publicação do artigo. Ao Prof. Dr. Marcos Costa Hunold, pelo auxílio com o Matlab. Ao Prof. Dr. Gustavo Ferreira Leonhardt, pelas informações sobre fabrico e secagem de macarrão. Ao Prof. Dr. Mario Cavaleiro Fernandes Garrote, pelo incentivo. À Helena, Carla, Paula e Marcela pelo companheirismo e compreensão pelo tempo que tomei do nosso convívio para execução deste trabalho, e à Marcela também pela digitação das equações. Sobretudo a Deus pela oportunidade de realizar mais este trabalho. RESUMO Para a conservação do macarrão em temperatura ambiente, desde a fabricação até o momento do consumo, sua umidade deve estar dentro de limites tais que impeçam sua deterioração. O teor de umidade adequado é atingido em um processo de secagem em equipamento industrial contínuo. A operação de um secador industrial consome grande quantidade de energia. A otimização do consumo de energia pode ser feita pelo emprego de um sistema de controle multivariável do tipo “Controle Ótimo”, baseado nos métodos do espaço dos estados. Este estudo produz a modelagem do secador industrial na forma adequada para servir de base para o projeto do sistema de controle multivariável e testa seu desempenho por meio de simulação computacional. ABSTRACT To conserve dry pasta at room temperature, from manufacturing until consumption, moisture content must be within certain limits to avoid deterioration. Adequate moisture content is a consequence of the drying process in a continuous industrial dryer. Industrial dryer operation demands large amount of energy. A multivariable control system based on the “Optimal Control” state space method allows optimizing energy consumption. An industrial dryer is modeled in this study in a convenient way to be used to design a multivariable control system and tests model performance by means of computational simulation. SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 17 1.1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA – PORQUE SECAR. ......................................................................................... 17 1.2. PROCESSOS DE SECAGEM ........................................................................................................................ 17 1.3. OBJETIVO ............................................................................................................................................... 19 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................... 20 2.1. SECADOR ................................................................................................................................................ 20 2.2. SECAGEM ............................................................................................................................................... 25 2.3. CINÉTICA DE SECAGEM DO MACARRÃO .................................................................................................. 31 2.4. SECAGEM CONTÍNUA .............................................................................................................................. 36 2.5. A QUESTÃO DO CONTROLE ..................................................................................................................... 38 2.5.1. Teoria de controle moderno .......................................................................................................... 38 2.5.2. Escolha .......................................................................................................................................... 40 2.6. 3. METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 42 3.1. 4. DESCRIÇÃO ............................................................................................................................................. 43 DEFINIÇÃO DE UM TIPO DE SECADOR ............................................................................................ 48 4.1. 5. MODELAGEM .......................................................................................................................................... 40 DESCRIÇÃO ............................................................................................................................................. 48 MODELAGEM ........................................................................................................................................... 50 5.1. TEMPERATURA ....................................................................................................................................... 50 5.1.1. Variação da energia interna da massa de ar úmido no VC........................................................... 51 5.1.2. Energia transportada pelos fluxos de massa entrando e saindo do VC ........................................ 52 5.1.3. Balanço de energia no VC............................................................................................................. 54 5.1.4. Calor líquido trocado .................................................................................................................... 56 5.1.5. Temperatura TE de entrada no trocador de calor ......................................................................... 61 5.1.6. Umidade absoluta 5.2. na entrada do trocador de calor .............................................................. 64 PRESSÃO................................................................................................................................................. 66 5.2.1. Vazões de entrada e de saída de ar ............................................................................................... 68 5.3. UMIDADE ABSOLUTA.............................................................................................................................. 72 5.4. TEMPERATURA DE SAÍDA DA ÁGUA QUENTE........................................................................................... 74 5.4.1. 5.5. 6. ωE Cálculo da temperatura do ar úmido na saída do trocador de calor............................................ 78 UMIDADE DA PASTA ............................................................................................................................... 81 PROJETO BÁSICO DO SECADOR ........................................................................................................ 83 6.1. PROCESSO DE SECAGEM ......................................................................................................................... 83 6.2. CÁLCULO DOS PARÂMETROS DE OPERAÇÃO DO SECADOR ...................................................................... 84 6.2.1. Umidade de equilíbrio ................................................................................................................... 84 6.2.2. Umidade relativa ........................................................................................................................... 84 6.2.3. Umidade absoluta.......................................................................................................................... 85 6.2.4. Perda de umidade da pasta ........................................................................................................... 85 6.2.5. Vazão de ar ambiente admitido ..................................................................................................... 86 6.3. 7. SIMULAÇÃO E RESULTADOS............................................................................................................... 93 7.1. 8. ESTUDO DO TROCADOR DE CALOR .......................................................................................................... 87 SIMULAÇÃO ............................................................................................................................................ 95 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................... 98 8.1. CONCLUSÕES SOBRE A ESCOLHA DO MODELO ......................................................................................... 99 8.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................................................................. 100 LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1-1– PRÉ-SECADOR (MILATOVICH E MONDELLI, 1990) ................................................................. 20 FIGURA 2.1-2 – DISTRIBUIÇÃO DE AR NO PRÉ-SECADOR (MILATOVICH E MONDELLI, 1990).......................... 21 FIGURA 2.1-3 – CIRCULAÇÃO DE AR NO PRÉ-SECADOR (MILATOVICH E MONDELLI, 1990)............................ 21 FIGURA 2.1-4 – DISTRIBUIÇÃO DE AR E FLUXO DE PASTA NO SECADOR (MILATOVICH E MONDELLI, 1990) ... 23 FIGURA 2.1-5 - LINHA DE SECAGEM PAVAN (MILATOVICH E MONDELLI, 1990) ............................................ 23 FIGURA 2.1-6 - LINHA DE SECAGEM BÜHLER PARA PASTA LONGA (MILATOVICH E MONDELLI, 1990)........... 23 FIGURA 2.1-7 – LINHA DE SECAGEM BRAIBANTI (MILATOVICH E MONDELLI, 1990) ..................................... 24 FIGURA 2.1-8 – SECADOR PAVAN (CATÁLOGO PAVAN S.P.A, 2007) ...................................................................... 24 FIGURA 2.2-1 – ISOTERMA CARACTERÍSTICA DE BIO-MATERIAL (KUDRA E STRUMILLO, 1998)....................... 25 FIGURA 2.2-2 – FORMAS DE ISOTERMAS PARA DIVERSOS MATERIAIS (KUDRA E STRUMILLO, 1998) ............... 29 FIGURA 2.2-3 – CURVA TÍPICA DE SECAGEM (KUDRA E STRUMILLO, 1998)..................................................... 30 FIGURA 3.1-1 – CURVA DE SECAGEM (CATÁLOGO PAVAN S.P.A.,2007)................................................................. 44 FIGURA 4.1-1 – CORTE TRANSVERSAL DO SECADOR PROPOSTO PARA MODELAGEM ............................................... 48 FIGURA 5.1-1 – VC CONTENDO A PASTA DENTRO DA CÉLULA ................................................................................ 56 FIGURA 5.1-2 – VC NA REGIÃO DA MISTURA DO AR ADMITIDO COM O RECIRCULADO ............................................ 61 FIGURA 8.1-1– MODELO DE SECADOR COM MISTURA APÓS O TROCADOR DE CALOR .............................................. 99 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 2.3-1 - EFEITO DA TEMPERATURA NA DIFUSIVIDADE EFETIVA (VILLENEUVE E GÉLINAS 2006) ...... 34 GRÁFICO 2.3-2 - EFEITO DA UMIDADE RELATIVA NA DIFUSIVIDADE EFETIVA (VILLENEUVE E GÉLINAS 2006) ....................................................................................................................................................................... 34 GRÁFICO 2.3-3 - EFEITO DA TEMPERATURA NA UMIDADE DE EQUILIBRIO (VILLENEUVE E GÉLINAS 2006).... 35 GRÁFICO 2.3-4 -EFEITO DA UMIDADE RELATIVA NA UMIDADE DE EQUILÍBRIO (VILLENEUVE E GÉLINAS 2006) ....................................................................................................................................................................... 35 GRÁFICO 6.1-1 - CURVA DE SECAGEM CONFORME RECOMENDAÇÕES DE MILATOVICH E MONDELLI (1990) . 83 GRÁFICO 6.3-1 - VARIAÇÃO DO COEFICIENTE GLOBAL DE TROCA TÉRMICA ........................................................... 92 GRÁFICO 7.1-1 – VARIAÇÃO DAS TEMPERATURAS DO AR ÚMIDO ........................................................................... 95 GRÁFICO 7.1-2 – VARIAÇÃO DA UMIDADE RELATIVA ............................................................................................ 95 GRÁFICO 7.1-3 - VARIAÇÃO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO ...................................................................................... 96 GRÁFICO 7.1-4 – VARIAÇÃO DA UMIDADE MÉDIA DA PASTA AO SAIR DA CÉLULA .................................................. 96 GRÁFICO 7.1-5 – COMPARAÇÃO TE ALGÉBRICO X TE INTEGRADO .......................................................................... 97 LISTA DE TABELAS TABELA 3.1-1 – PROCESSO DE SECAGEM DO SECADOR PAVAN .............................................................................. 45 TABELA 3.1-2 – COMPARAÇÃO DE MODELOS DE ISOTERMA. .................................................................................. 46 TABELA 5.2-1 – COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA PARA DAMPER TIPO BORBOLETA ............................................ 71 TABELA 5.2-2 – COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA PARA DUTO INSTALADO EM PAREDE. ..................................... 72 TABELA 6.1-1 - PARÂMETROS DE OPERAÇÃO DO SECADOR .................................................................................... 84 TABELA 6.3-1 – VALOR DO CALOR ESPECIFICO DO AR ÚMIDO PARA DIVERSAS CONDIÇÕES ................................... 88 TABELA 6.3-2 – TEMPERATURAS DE ENTRADA E DE SAÍDA DO TROCADOR DE CALOR ............................................ 89 TABELA 6.3-3 – VAZÃO DE ÁGUA QUENTE ............................................................................................................. 90 TABELA 6.3-4 – VALORES DE CAPACIDADE DE TROCA TÉRMICA ( UA ) ................................................................. 90 TABELA 6.3-5 – ÁREA NECESSÁRIA PARA CADA SITUAÇÃO AMBIENTE EXTREMA .................................................. 91 TABELA 6.3-6 – VARIAÇÃO DO COEFICIENTE GLOBAL DE TROCA TÉRMICA ............................................................ 91 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 – CÁLCULO DA CAPACIDADE TÉRMICA ............................................................................................... 102 ANEXO 2 – CÁLCULO DO COEFICIENTE GLOBAL DE TROCA TÉRMICA ................................................................. 103 ANEXO 3 – DIAGRAMAS DE BLOCO NO SIMULINK .............................................................................................. 108 ANEXO 4 – PAINEL DE CONTROLE NO SIMULINK ................................................................................................ 112 LISTA DE SÍMBOLOS S - área da seção transversal do duto A - área de troca do trocador de calor a A - atividade do vapor de água cpar TE - calor específico a pressão const. do ar úmido na entrada do trocador de calor cpg - calor específico a pressão constante do ar seco cp A - calor específico a pressão constante do vapor de água cp0 ar - calor específico a pressão constante, do ar úmido, à temperatura T0, referido à massa de ar seco cvg - calor específico a volume constante do ar seco cv A - calor específico a volume constante do vapor de água cvar - calor específico a volume constante, do ar úmido, à temperatura T, referido à massa de ar seco c aq - calor específico da água quente cm - calor específico do metal do trocador de calor Cc - capacidade calorífica da corrente fria Ch - capacidade calorífica da corrente quente C - coeficiente de perda de carga da transição do secador para o duto de saída C (θ ) - coeficiente de perda de carga variável em função do ângulo de abertura do “damper” U - coeficiente global de troca do trocador de calor R0 ar - constante de gás ideal do ar ambiente, referida à massa de ar seco Rar TE - constante de gás ideal do ar úmido na entrada do trocador de calor Rar - constante de gás ideal do ar, dentro da célula, referida à massa de ar seco Rg - constante de gás perfeito para ar seco RA - constante de gás perfeito para vapor de água ρ 0 ar ρ ar - densidade do ar ambiente externo ao secador - densidade do ar úmido interno ao secador ∆f (Vi ) - diferença entre o valor da função f (Vi ) e o valor da função f (Vi 0 ) D - difusividade efetiva da umidade ωE ω } cpar - é o calor especifico médio entre as condições ωE , TE e ω , T , do ar úmido ω E ω0 } cpar - é o calor especifico médio entre as condições ωE , TE e ω0 , T0 , do ar úmido ε - efetividade uaq - energia interna média da água quente dentro do trocador de calor uar - energia interna media do ar u g - energia interna média do ar seco contido na célula um - energia interna média do metal do trocador de calor uA - energia interna média do vapor de água contido na célula hAl - entalpia da água (líquido saturado) hAv - entalpia da água (vapor saturado) haqe - entalpia da água quente entrando no trocador de calor haq s - entalpia da água quente saindo do trocador de calor hA lv - entalpia de evaporação da água, à temperatura do ar úmido da célula h ge - entalpia do ar seco entrando na célula h gs - entalpia do ar seco saindo da célula hge TC - entalpia do ar seco, entrando no trocador de calor hgs TC - entalpia do ar seco, saindo do trocador de calor hP 0 - entalpia do macarrão ao entrar na célula hP 0 - entalpia do macarrão ao entrar na célula hP - entalpia do macarrão ao sair da célula hP - entalpia do macarrão ao sair da célula hAe TC - entalpia do vapor de água contido no ar úmido entrando no trocador de calor hAs TC - entalpia do vapor de água contido no ar úmido saindo do trocador de calor h Ae - entalpia do vapor de água, contido no ar úmido, entrando na célula h As - entalpia do vapor de água, contido no ar úmido, saindo da célula hg - entalpia média do ar seco no interior da célula har e - entalpia média do ar úmido do ambiente externo, admitido na célula har TE - entalpia média do ar úmido entrando no trocador de calor har - entalpia média do ar úmido no interior da célula hA - entalpia média do vapor de água no interior da célula ξ - fator de correção Q& liq - fluxo de calor através da fronteira do volume de controle Q& PASTA - fluxo de calor trocado com a pasta Q&TC - fluxo de calor trocado com o trocador de calor m& P - fluxo de macarrão, base seca, que passa pelo secador m& Pu - fluxo de macarrão, base úmida, que passa pelo secador y A - fração molar do vapor de água no ar f A0 - fugacidade da água livre à pressão da mistura f A - fugacidade do vapor de água f A - fugacidade parcial do vapor de água M aq - massa de água quente dentro do trocador de calor m& AP - massa de água trocada com o macarrão M g - massa de ar seco contido na célula M gE - massa de ar seco no volume de controle antes do trocador de calor M ar - massa de ar úmido no volume de controle mS - massa de material seco M m - massa de metal do trocador de calor mA - massa de vapor de água M A - massa de vapor de água contido no ar dentro da célula M A E - massa de vapor de água no volume de controle antes do trocador de calor L - percurso da pasta dentro de cada célula ∆P - perda de carga causada pela singularidade em questão Patm - pressão atmosférica do ambiente externo ao secador pv - pressão de saturação do vapor d’água P - pressão do ar úmido no interior da célula Pvent - pressão na sucção do ventilador de exaustão pg - pressão parcial do ar seco p A - pressão parcial do vapor de água β1 - primeira raiz característica da função de Bessel da primeira espécie e ordem zero R p - raio do espaguete Sr (Vi ) - sensibilidade relativa da variável Vi T0 - temperatura (de bulbo seco) do ar ambiente (externo ao secador) T - temperatura (de bulbo seco) do ar dentro da célula Tbs - temperatura de bulbo seco do ar de secagem Tbu - temperatura de bulbo úmido do ar de secagem Taqe - temperatura de entrada da água quente TE - temperatura de entrada do ar úmido no trocador de calor Tc ,i - temperatura de entrada do fluido frio Th ,i - temperatura de entrada do fluido quente Taq s - temperatura de saída da água quente Tc ,o - temperatura de saída do fluido frio Th,o - temperatura de saída do fluido quente TT - temperatura do ar úmido de saída do trocador de calor T0 - temperatura do meio ambiente Taq - temperatura média da água quente Tm - temperatura média do metal do trocador de calor t - tempo ω0 ω - umidade absoluta do ar ambiente (externo ao secador) - umidade absoluta do ar dentro da célula ω0 - umidade absoluta do meio ambiente ωE - umidade absoluta média na entrada do trocador de calor X e - umidade de equilíbrio (do macarrão) X - umidade final da pasta ao sair da célula X 0 - umidade inicial da pasta ao entrar na célula ϕ - umidade relativa m& AP - umidade trocada entre a pasta e o ar do interior da célula Vi 0 - valor de referência da variável Vi ui - variável de controle (entrada) xi - variável de estado m& aq - vazão de água quente m& g - vazão de ar de seco m& g TC - vazão de ar seco através do trocador de calor m& P - vazão de pasta base seca m& A TC - vazão de vapor de água contido no ar úmido através do trocador de calor m& gTC - vazão do ar seco através do trocador de calor m& aqe - vazão em massa da água quente entrando no trocador de calor m& aq s - vazão em massa da água quente saindo do trocador de calor m& g - vazão em massa de ar seco m& ge TC - vazão em massa de ar seco, entrando no trocador de calor m& gs TC - vazão em massa de ar seco, saindo do trocador de calor mar e - vazão em massa de ar úmido admitido na célula marTC - vazão em massa de ar úmido através do trocador de calor mar s - vazão em massa de ar úmido saindo da célula m& Ae TC - vazão em massa de vapor de água contido no ar entrando no trocador de calor m& As TC - vazão em massa de vapor de água contido no ar saindo do trocador de calor m& gTC - vazão em massa do ar seco contido no fluxo de ar úmido através do trocador de calor m& gv - vazão em massa do ar seco contido no fluxo de ar úmido provocado pelos ventiladores de circulação do ar da célula m& ar - vazão em massa do ar úmido m& ge - vazão em massa do ar, base seca, que entra na célula m& gs - vazão em massa do ar, base seca, que sai da célula m& A - vazão em massa do vapor de água contido no ar úmido m& Ae - vazão em massa do vapor de água contido no ar úmido admitido na célula m& As - vazão em massa do vapor de água contido no ar úmido saindo da célula m& Av - vazão em massa do vapor de água contido no fluxo de ar úmido provocado pelos ventiladores de circulação do ar da célula m& A TC - vazão em massa do vapor de água contido no fluxo de ar úmido através do trocador de calor m& AP - vazão em massa do vapor de água, trocado pela pasta, que entra no volume de controle mar v - vazão em massa dos ventiladores de circulação (total) v&ar - vazão em volume do ar V - velocidade do ar passando pela singularidade V - volume da célula 1. INTRODUÇÃO 1.1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA – PORQUE SECAR. O macarrão é uma massa alimentícia que ao ser produzida apresenta uma elevada umidade, expressa em massa de água por massa de macarrão seco, da ordem de 43% ou até superior. Não pode, assim, ser armazenada à temperatura ambiente sem se degradar. Para que possa ser armazenada e comercializada de forma conveniente a massa deve ser seca a teores de umidade da ordem de 15% ou inferiores. Atualmente, a indústria alimentícia emprega linhas contínuas para a produção dos diversos tipos de macarrão, sendo o secador o equipamento que realiza uma das fases finais do fabrico. Após a secagem, vem um resfriador para trazer a massa1 à temperatura ambiente para que possa ser armazenada até o momento de ser embalada. Após o resfriador, há um setor de ensilagem que serve de pulmão para igualar as vazões da linha de fabricação e a de embalagem. 1.2. PROCESSOS DE SECAGEM A qualidade da massa alimentícia produzida está diretamente ligada ao processo de secagem, portanto, a uma sequência de tempo de exposição a uma determinada temperatura e umidade relativa. A qualidade é consequência de uma escolha e controle adequados do processo. O processo de secagem evoluiu ao longo do tempo, passando do emprego de temperaturas, na faixa de 40 a 55ºC, para valores mais elevados, na faixa de 85 a 90ºC. Segundo ORMENESE et al. (1998), em comparação com o processo tradicional em baixa temperatura, a secagem em temperatura mais alta apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: 1 Neste texto os termos massa e pasta são empregados como sinônimos de macarrão. 17 1. a produtividade é maior devido ao tempo de secagem menor, o que também resulta em equipamentos mais compactos e de menor custo; 2. os macarrões secos através dos processos de alta temperatura apresentam melhor cor e melhores características de cozimento (maior firmeza, menor perda de sólidos e menor gomosidade); 3. quando se tratar de massas com ovos, há o risco de contaminação por microrganismos patogênicos (Salmonela e S. aureus) que somente são eliminados com temperaturas acima de 60ºC, atingidas na secagem em alta temperatura; e 4. há uma perda nutricional associada à perda maior de lisina disponível na secagem em alta temperatura. MILATOVICH e MONDELLI (1990) classificam os processos de secagem em três tipos: − processo tradicional a baixa temperatura, em torno de 50ºC, necessitando de cerca de 48 horas para a secagem completa; − processo a alta temperatura, na faixa de 65-75ºC, completando a secagem em 12-17 horas; − processo a altíssima temperatura, superior a 86ºC, chegando a 90-105ºC. Nesse caso o tempo de secagem para pasta longa, é cerca de 5 horas. A tendência atual é o emprego do processo de secagem a altíssima temperatura, devido à maior produtividade, melhor qualidade do produto e menor risco de contaminação. A qualidade da pasta, produzida em equipamentos como os descritos, depende do ajuste adequado da temperatura e da umidade relativa de secagem, em cada célula do secador, de forma que a massa, que atravessa o equipamento em um fluxo contínuo e constante, passe pelas diversas fases que o processo de secagem exige. 18 O processo de secagem é composto de diferentes fases, cada uma delas caracterizada pela temperatura e umidade relativa do ar que envolve o fluxo de massa e pelo tempo de exposição da massa a essa condição de umidade e temperatura. O tempo de exposição é definido pelo comprimento de cada célula e pela velocidade de transporte da pasta, que são características construtivas da máquina. Já a temperatura e a umidade relativa do ar interno à célula podem ser ajustadas. O ar externo que é admitido na célula, vem do ambiente da fábrica, portanto condicionado a uma temperatura bem inferior àquela exigida pelo processo de secagem, é aquecido em um trocador de calor, que usa água quente como fluido quente. De forma que sua temperatura pode ser controlada por meio da variação da vazão de água quente. A umidade relativa, que tende a aumentar à medida que o ar interno à célula incorpora a umidade cedida pela massa, pode ser controlada pela admissão de ar mais seco advindo do ambiente externo ao secador. Há exaustores com suas sucções ligadas às células de maneira a garantir uma pressão interna abaixo da pressão atmosférica, assim a vazão de ar mais seco, admitido para abaixar o teor de vapor de água no ar interno, pode ser controlada através de um “damper”. O controle da temperatura e da umidade relativa do ar dentro de cada célula, é de extrema importância para a obtenção da qualidade desejada para a pasta produzida. Existem diversos tipos de sistemas de controle. Os mais indicados para controle de equipamentos que trabalhem com processos cujas variáveis sejam acopladas são os sistemas de controle projetados com o uso dos métodos do espaço dos estados. O projeto de um sistema de controle necessita partir de um modelo que descreva o processo a ser controlado. 1.3. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é modelar o processo de secagem de macarrão em secador contínuo, de maneira a obter um modelo na forma adequada para ser linearizado e usado para o projeto do sistema de controle. 19 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. SECADOR Nas linhas modernas, a secagem é feita em equipamentos com características próprias. O transporte da massa ao longo do secador, no caso da massa longa, é feito por meio de varas de metal conduzidas por correntes, sobre as quais os fios de macarrão são estendidos, caindo metade do comprimento para cada lado. O processo de secagem a alta temperatura é constituído de duas fases, présecagem e secagem, conforme MILATOVICH e MONDELLI (1990), descritas conforme segue. A pré-secagem é uma fase muito delicada e crítica, da qual depende o êxito final do processo. O pré-secador é praticamente um túnel construído em um só nível, conforme ilustrado na Figura 2.1-1, no qual a pasta entra com uma elevada umidade em um ambiente úmido e quente. Nesta fase a pasta perde um percentual significativo de umidade. O ar de secagem é aquecido em trocadores de calor, nos quais o fluido quente é água aquecida. Figura 2.1-1– Pré-secador (MILATOVICH E MONDELLI, 1990) O ar é forçado através da camada de massa a secar por meio de ventiladores centrífugos, distribuídos ao longo da largura do secador em quantidade suficiente para garantir uma uniformidade no fluxo de ar, conforme mostrado na figura 2.1-2. . 20 Figura 2.1-2 – Distribuição de ar no pré-secador (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) Chapas de metal curvadas formam defletores que guiam o ar de forma que, após passar pela massa a secar, é desviado no sentido longitudinal do secador até encontrar outro defletor que o obriga a subir atravessando novamente a camada de pasta, conforme se pode ver na figura 2.1-3. Figura 2.1-3 – Circulação de ar no pré-secador (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) A manutenção da umidade interna do ar no pré-secador e a eliminação do excesso com a conseqüente reposição de ar externo é feita por meio de outros ventiladores centrífugos instalados externamente ao túnel do pré-secador. O seu funcionamento é automático e controlado por um sensor de umidade colocado próximo à zona de aspiração. 21 A fase de secagem pode ser feita por diferentes tipos de secadores, MILATOVICH e MONDELLI (1990) descrevem um dos tipos: O esquema da figura 2.1-4 refere-se ao critério de distribuição de ar e de posicionamento dos grupos de ventilação na galeria de secagem de uma linha THT (secagem a altíssima temperatura) para pasta longa produzida pela empresa Pavan S.p.A. tradicional fabricante de secadores para pastifícios. O secador é composto de três planos sobrepostos e termicamente independentes. A largura, comprimento e número dos planos variam segundo a produção horária da linha. Para baixas produções, usualmente, a galeria de secagem é composta de um só plano. No exemplo indicado, a massa percorre os planos do secador de baixo para cima, passando sob as centrais de ventilação, cada uma das quais composta de: − um ou mais ventiladores centrífugos, conforme a largura da linha, instalados acima da massa de forma a fornecer um fluxo de ar uniforme; − um trocador de calor usando água quente como fluido quente para aquecer o ar, colocado acima da massa. A circulação de água é controlada por uma válvula acionada por um painel de controle; − uma unidade de condensação, constituída de um trocador de calor a água fria, colocado abaixo da linha da massa. Também aqui a circulação de água é controlada por uma válvula acionada por um painel de controle; − um sistema de emissão de vapor constituído por circuito ligado a um pulverizador montado próximo ao trocador de calor de aquecimento. A admissão de vapor é modulada por uma válvula comandada pelo sistema de controle automático em função da umidade relativa medida por um sensor. O texto citado não esclarece a finalidade da injeção de vapor. Como o texto é de 1990 e o catálogo atual do mesmo equipamento afirma que as condições de secagem prédefinidas são alcançadas sem a injeção de vapor, pode-se supor que o sistema de controle do equipamento descrito em 1990 não era muito eficiente, pois precisava corrigir uma retirada excessiva de umidade, na unidade de condensação, com uma injeção de vapor no ar de secagem antes do mesmo voltar a ter contato com a pasta. 22 Figura 2.1-4 – Distribuição de ar e fluxo de pasta no secador (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) A concepção da linha de secagem conforme diferentes fabricantes parece não apresentar variações de conceito de funcionamento, mas apenas detalhes de projeto, como mostram as figuras 2.1-5, 6 e 7. Figura 2.1-5 - Linha de secagem Pavan (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) Figura 2.1-6 - Linha de secagem Bühler para pasta longa (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) 23 Figura 2.1-7 – Linha de secagem Braibanti (MILATOVICH e MONDELLI, 1990) A figura 2.1-7 mostra a linha de secagem Braibanti, também para pasta longa. Da mesma forma podem-se notar ventiladores provocando fluxo de ar transversal ao percurso da massa, passando por trocadores de calor. A análise de catálogos atuais de secadores mostra que esses secadores descritos por MILATOVICH e MONDELLI (1990) há quase duas décadas não apresentaram mudanças significativas de projeto, como pode ser notado na figura 2.1-8, extraída do catálogo atual da Pavan. O catálogo informa também que a secagem desejada é obtida sem a emissão de vapor. Anteriormente usada, como descrito por MILATOVICH e MONDELLI (1990), foi abandonada, provavelmente, para evitar contaminação da massa, ou talvez o sistema atual de controle prescinda da adição de vapor para controle da umidade. Figura 2.1-8 – Secador Pavan (catálogo Pavan S.p.A, 2007) 24 2.2. SECAGEM Do ponto de vista de engenharia de processo, secagem é uma transferência, através de uma interface, de massa (umidade) do material úmido para o gás que o envolve (ar) que pode ser idealizada pelo transporte de umidade líquida do núcleo do material para sua superfície, seguido pela evaporação do líquido da superfície do material, e a dissipação do vapor de água em uma quantidade de gás. Quando o mesmo volume de ar permanece em contato com o material úmido sob pressão e temperatura constantes (condições estáticas), a umidade é transferida através da interface até que as respectivas concentrações em massa nas fases líquida e gasosa estejam em equilíbrio termodinâmico (KUDRA e STRUMILLO, 1998). Macarrão é um bio-material. Ainda segundo KUDRA e STRUMILLO (1998), qualquer bio-material pode ser visto como uma estrutura sólida preenchida com uma certa quantidade de água independente da origem do material e de sua umidade inicial/final. Do ponto de vista da secagem há dois tipos de umidade: não ligada e ligada. Umidade não ligada é aquela cuja pressão de vapor é a mesma que para a superfície livre do líquido puro. Umidade interna em material não higroscópico é não ligada, assim como a umidade que excede a umidade de equilíbrio em materiais higroscópicos. A figura 2.2-1 apresenta o conteúdo de umidade X em função da umidade relativa do ar ϕ , e os tipos de ligação de umidade. CONTEÚDO DE UMIDADE X UMIDADE NÃO LIGADA UMIDADE LIVRE UMIDADE LIGADA (HIGROSCÓPICA) UMIDADE DE EQUILÍBRIO UMIDADE RELATIVA DO AR Figura 2.2-1 – Isoterma característica de bio-material (KUDRA e STRUMILLO, 1998) Umidade ligada (higroscópica ou dissolvida) é definida pelo líquido que exerce uma pressão de vapor menor que a do líquido puro na dada temperatura. 25 A secagem, que é a retirada da umidade do bio-material, depende das condições do ar do ambiente no qual o material está imerso. Então o estudo do processo de secagem envolve o estudo das propriedades do ar úmido. Como os processos de secagem se dão, usualmente, à pressão atmosférica, ou próxima dela, o ar úmido pode ser visto como um gás ideal. As seguintes propriedades são importantes neste estudo: − Umidade absoluta ( ω), é a concentração de vapor de água no ar úmido expressa como a massa de água por unidade de massa de ar seco. ω= mA mg 2.2-1 na equação 2.1-1 mA é a massa de vapor de água e mg é a massa de ar seco; − Umidade relativa (ϕ), é a concentração de vapor de água definida como a razão da massa do vapor de água pela massa máxima de vapor possível na mesma temperatura (condição de saturação). Para um gás ideal pode ser definida como a razão da pressão parcial do vapor de água pA pela pressão máxima de vapor pv (pressão de saturação) na mesma temperatura. ϕ= pA pv 2.2-2 A umidade relativa é função da pressão de saturação do vapor de água, que por sua vez, é função da temperatura (mantida a pressão total, usualmente a pressão atmosférica), portanto, para uma mesma condição de umidade absoluta, pode-se controlar a umidade relativa pela temperatura da mistura gasosa. A umidade absoluta, mantida a hipótese de gás ideal para a mistura gasosa, pode ser expressa em termos das pressões parcial e total do ar na mistura. A massa de vapor de água à pressão pA e temperatura T pode ser calculada por: mA = p AV RAT 2.2-3 na qual, V é o volume da mistura e RA é a constante de gás ideal para vapor de água e a massa de ar seco pode ser calculada por: 26 mg = p gV 2.2-4 Rg T na qual, pg é a pressão parcial do ar seco, Rg é a constante de gás ideal para ar seco. Substituindo mA e mg na equação 2.2-1 e levando em consideração que RA = 461,5 J/kgK Rg = 287 J/kgK tem-se: ω= Rg p A RA pg = 0, 622 pA ( P − pA ) 2.2-5 A umidade absoluta pode ser também expressa em termos da umidade relativa substituindo em 2.2-5 o valor de pA calculado em 2.2-2: ω = 0, 622 Usualmente os materiais ϕ pv P − ϕ pv em processo 2.2-6 de secagem são descritos como constituídos por uma estrutura completamente seca e uma certa quantidade de umidade, principalmente no estado líquido. Essa quantidade de umidade é usualmente expressa como umidade em base seca, que é a massa de umidade mA por unidade de massa do material seco mS: X= mA mS 2.2-7 Associada à função de Gibbs é definida a fugacidade, que é uma propriedade termodinâmica importante no estudo de gases reais. Citando VAN WYLEN e SONNTAG (1993): ”A fugacidade é essencialmente uma pseudo-pressão. Quando é substituída pela pressão pode-se, com efeito, usar para os gases reais as mesmas equações que são normalmente usadas para os gases ideais”. Atividade de água a A é uma propriedade relacionada com o conteúdo de umidade ligada do bio-material. 27 aA = na qual fA f A0 (VAN WYLEN e SONNTAG, 1993) 2.2-8 f A é a fugacidade (parcial) do vapor de água no bio-material e f A0 é a fugacidade da água livre (substância pura) à pressão da mistura. Se a mistura (ar úmido) puder ser admitida como solução ideal (a variação de volume na mistura é desprezível) à pressão P, assim como a P0 segue-se: aA = yA f A f A0 2.2-9 Para mistura de gases ideais (ar úmido à pressão atmosférica) a equação 2.2-9 pode ser escrita: aA = yA P pA = 0 P0 P 2.2-10 na qual yA é a fração molar de vapor de água P é a pressão total do gás (ar) e P0 pressão da água livre (para as fases líquido e vapor nos sistemas difásicos, o estado de referência para cada componente é tomado como da substância pura naquela fase e à pressão da mistura). Como a pressão da água próxima a sua superfície livre é a pressão de saturação pv , vem: aA = pA pA = =ϕ P 0 pv 2.2-11 Segundo KUDRA e STRUMILLO (1998), embora a definição de atividade de água seja similar àquela de umidade relativa do ar ϕ, estes dois parâmetros são iguais apenas no equilíbrio termodinâmico. Na prática de secagem, no entanto, a atividade de água é frequentemente sinônimo de umidade relativa do ar porque sob condições típicas de secagem as diferenças entre ambas quantidades é menor que 0,2% (GAL,1972 citado por KUDRA e STRUMILLO ,1998). 28 Mantida a temperatura constante, o conteúdo de umidade no material, dado pela umidade em base seca X, é função da atividade de água do material. Essa função CONTEÚDO DE UMIDADE X depende das características do material úmido, como ilustrado na figura 2.2-2. ATIVIDADE DE AGUA Figura 2.2-2 – Formas de isotermas para diversos materiais (KUDRA e STRUMILLO, 1998) No processo de secagem podem-se distinguir alguns valores característicos de conteúdo de umidade do material: − umidade inicial X0 - é a umidade do material no início do processo de secagem; − umidade de equilíbrio Xe - é a umidade em equilíbrio com o vapor de água contido no ar de secagem. Esta é a umidade mínima teórica que pode ser obtida no processo de secagem; − umidade higroscópica máxima Xmax - é a máxima umidade de equilíbrio quando o ar de secagem está saturado. Quanto ao processo de secagem, as seguintes fases podem ser percebidas, em função dos valores da umidade em base seca (X) do material e da umidade relativa (ϕ) do ar de secagem: 29 − secagem controlada pelas condições externas – a resistência à transferência de massa na interface ar-material predomina e a velocidade de secagem depende dos coeficientes de transferência de calor e de massa na superfície do material e das condições do ar (temperatura e umidade relativa). − secagem controlada pelas condições internas – a resistência à transferência de massa através do material predomina e a velocidade de secagem é fortemente influenciada pelas propriedades do material úmido, como a difusividade da água no material, sua temperatura e a diferença entre sua umidade e a umidade de equilíbrio. No processo de secagem, mais importante do que o estudo da dinâmica de secagem (que caracteriza os perfis de temperatura e umidade através do material) é o conhecimento da cinética de secagem do material, que descreve as variações da umidade e da temperatura médias com o tempo. A cinética de secagem é tipicamente mostrada em um diagrama da umidade CONTEÚDO D EUMIDADE X média em função do tempo, como ilustrado na figura 2.2-3. TEMPO Figura 2.2-3 – Curva típica de secagem (KUDRA e STRUMILLO, 1998) 30 O trecho AC da curva representa a fase de secagem controlada pelas condições externas. O percurso inicial AB, com velocidade de secagem crescente, representa o espaço de tempo necessário para elevação da temperatura do material de uma temperatura inicial T0 à temperatura de bulbo úmido do ar de secagem Tbu. No trecho BC o material já atingiu a temperatura de bulbo úmido do ar de secagem e nela permanece, devido ao processo de evaporação adiabático, até o fim da fase que se dá quando toda a umidade não ligada tiver sido retirada. Nesse trecho a velocidade de secagem é constante. No trecho CD o processo de secagem é controlado pelas condições internas. A temperatura do material, inicialmente igual à de bulbo úmido do ar de secagem, vai gradualmente, à medida que o material perde umidade, subindo até próximo da temperatura de bulbo seco, tão mais próximo quanto maior for o tempo de exposição àquelas condições. A velocidade de secagem vai decrescendo à medida que a umidade do material aproxima-se da umidade de equilíbrio. 2.3. CINÉTICA DE SECAGEM DO MACARRÃO Segundo ANDRIEU et al. (1985), citando Andrieu e Stamatopoulos (1984), o processo de secagem do macarrão, conforme dados colhidos em experimentos, é controlado pelas condições internas do material e a velocidade de secagem depende da umidade de equilíbrio na sua superfície. ANDRIEU et al. (1985) estabeleceram um modelo para a isoterma de espaguete, obtido por extrusão, ajustando a relação empírica de Oswin a dados experimentais. Foram tentadas outras expressões, mas a que melhor se adaptou a todo o intervalo desejado 0,10 < aA <0,90, com um erro relativo médio entre o valor calculado pela relação entre o valor calculado e o valor medido no experimento de 6,3%. A relação obtida foi a seguinte: a X e = (0,154 − 1, 22 × 10 −3 × T ) A 1 − aA ( 0,078+ 7,32×10 −3 ×T ) 2.3-1 31 na qual Xe é a umidade de equilíbrio, ou seja, o menor teor de umidade que a pasta pode atingir naquela condição de umidade relativa e temperatura do ar no qual ela está imersa, T é a temperatura, expressa em graus Celsius, e aA é atividade de água na pasta. Embora tenha sido o primeiro estudo visando estabelecer a variação da umidade de equilíbrio com a atividade de água para diversas temperaturas, ainda não se tem expressão mais precisa para esse fim. VILLENEUVE e GÉLINAS (2006), citando PONSART et al. (2003), constataram que a relação empírica de OSWIN é a que melhor se adequou para descrever a isoterma para pasta, e determinaram experimentalmente as constantes, resultando a expressão: a X e = (0,1522 − 1, 247 × 10−3 × T ) A 1 − aA (0,08883+7,892×10 −3 ×T ) 2.3-2 que, pode-se notar, não apresenta uma diferença significativa para a primeira. Note-se que, embora as equações 2.3-1 e 2.3-2 forneçam Xe em função da aA, na prática de secagem, no entanto, a atividade de água é frequentemente atividade substituída pela umidade relativa do ar porque sob condições típicas de secagem as diferenças entre ambas quantidades é menor que 0,2% (GAL,1972 citado por KUDRA e STRUMILLO ,1998). Outro ponto do estudo original de ANDRIEU e STAMATOPOULOS (1986) confirmado por VILLENEUVE e GÉLINAS (2006) é a expressão para determinar a variação da umidade média do espaguete em função do tempo, obtida a partir da Lei de Fick, dada por: β 2 Dt X − Xe 4 = 2 exp − 1 2 Rp X 0 − X e β1 na qual 2.3-3 X é a umidade média, X0 é a umidade inicial, β1 é o primeiro auto valor da equação de Bessel, D é a difusividade efetiva da água no espaguete e Rp é o raio do espaguete. 32 A umidade de equilíbrio X e e a difusividade efetiva D são parâmetros importantes no estudo da umidade média da pasta no processo de secagem, ambas variam em função da temperatura e da umidade relativa do ar no qual a pasta está imersa. Um importante avanço na área, introduzido por VILLENEUVE e GÉLINAS (2006), foi o estudo de sensibilidade da difusividade efetiva da água na pasta e da umidade de equilíbrio com a variação da temperatura e da umidade relativa. VILLENEUVE e GÉLINAS (2006) usaram o método de diferenças finitas, proposto por CHOKMANI, VIAU e BOURGEOIS (2001) para o cálculo da sensibilidade relativa. A analise de sensibilidade determina os efeitos da variação do parâmetro de entrada na variação da saída do modelo. Usando um cenário de referência, os parâmetros de entrada são variados um a um dentro de um intervalo específico. Parâmetros de entrada críticos são expressos como % de variação na saída do modelo por unidade de mudança do parâmetro de entrada. Sensibilidade relativa não é influenciada por unidades ou escalas dos parâmetros de entrada. ∆f (Vi ) Vi 0 Sr (Vi ) = 0 ∆Vi V j0, j≠i f (Vi ) 2.3-4 Sr (Vi ) é a sensibilidade relativa da variável Vi , ∆f (Vi ) é a diferença entre o valor da f (Vi ) e o valor da função f (Vi 0 ) , Vi 0 é o valor de referência da variável Vi . função O estado de referência foi secagem a 40ºC e ϕ = 65%. A temperatura foi incrementada de 1ºC no intervalo de 41 a 80ºC, com ϕ constante e igual a 65%. A umidade relativa foi incrementada de 1% entre 66 e 85% com temperatura constante de 40ºC. Os gráficos 2.3-1 a 2.3-4 apresentam os resultados desse estudo2 de sensibilidade. 2 O estudo em questão compara as sensibilidades de pasta rica em fibras, com pasta isenta de fibras, que é o produto, usualmente consumido, objeto deste trabalho. 33 SENSIBILIDADE RELATIVA RICO EM FIBRAS SEM FIBRAS TEMPERATURA (ºC) Gráfico 2.3-1 - Efeito da temperatura na difusividade efetiva (VILLENEUVE e GÉLINAS 2006) SENSIBILIDADE RELATIVA RICO EM FIBRAS SEM FIBRAS UMIDADE RELATIVA (%) Gráfico 2.3-2 - Efeito da umidade relativa na difusividade efetiva SENSIBILIDADE RELATIVA (VILLENEUVE e GÉLINAS 2006) SEM FIBRAS RICO EM FIBRAS TEMPERATURA (ºC) 34 Gráfico 2.3-3 - Efeito da temperatura na umidade de equilibrio (VILLENEUVE e GÉLINAS 2006) SENSIBILIDADE RELATIVA RICO EM FIBRAS SEM FIBRAS UMIDADE RELATIVA (%) Gráfico 2.3-4 -Efeito da umidade relativa na umidade de equilíbrio (VILLENEUVE e GÉLINAS 2006) A análise de sensibilidade mostra que o efeito da umidade relativa é maior que o efeito da temperatura, tanto na difusividade efetiva como na umidade de equilíbrio. Mostra também que a variação de ambas as propriedades é relativamente pequena mesmo em intervalos grandes, tanto de temperatura como de umidade relativa. Derivando a equação 2.3-3 em relação ao tempo, para intervalos de X para os quais a difusividade efetiva ( D ) possa ser considerada como constante, chega-se a uma expressão importante para o estabelecimento de um modelo de controle do processo de secagem. β 2 Dt dX 4 dX D = 1 − 2 exp − 1 2 e − β 2 2 ( X − X e ) dt β1 Rp R p dt 2.3-5 Se além da difusividade efetiva, também a umidade de equilíbrio puder ser considerada constante, tem-se: dX D = − β12 2 ( X − X e ) dt Rp 2.3-6 A pasta longa existe em duas formas, espaguete e talharim, a equação que descreve a umidade média da pasta para o talharim, obtida da aplicação da Lei de Fick para uma placa plana, estabelecida por ANDRIEU e STAMATOPOULOS (1986), é semelhante na forma à equação 2.3-3: 35 π 2 Dt X − Xe 8 = 2 exp − 2 X0 − Xe π 4 L 2.3-7 na qual L é metade da espessura do talharim. Devido a esta semelhança entre as expressões, o modelo desenvolvido para o espaguete também é aplicável ao talharim. Estas relações foram desenvolvidas para a variação da umidade média de uma quantidade definida de pasta, sendo, portanto, aplicáveis na forma como foram desenvolvidas para processos em batelada (secagem sob condições externas constantes). Os secadores atualmente usados na indústria são do tipo contínuo, ou seja o macarrão, imediatamente após extrudado atravessa uma sequência de células (ou câmaras) e sai na umidade desejada no final da linha. 2.4. SECAGEM CONTÍNUA As relações obtidas para secagem em batelada foram adaptadas para uso em processo de secagem contínuo, por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997), utilizando expressões para o cálculo da umidade de equilíbrio (Xe) e a difusividade (D), corrigidas para minimizar o erro que aparece ao usar esses parâmetros obtidos em secagem em bateladas e em escala de laboratório. Conforme KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997), no projeto de um processo de secagem, usualmente são obtidos dados experimentais com equipamento de laboratório, que são usados para projetar uma planta piloto, em escala. Os testes realizados na planta piloto ajudam a fazer as correções finais nos dados para o projeto do equipamento em escala industrial. Os experimentos com a planta piloto podem ser omitidos devido e seu custo elevado (KÜÇÜK e ÖZILGEN citando BISIO (1985)). Dessa forma, os resultados obtidos com a unidade industrial usualmente diferem da expectativa baseada nos dados obtidos em laboratório. O projeto será considerado bem sucedido se as diferenças entre os objetivos do projeto e o desempenho efetivo do equipamento industrial ficarem dentro de limites aceitáveis. 36 Comparando dados de umidade efetiva de espaguete ao sair de um secador industrial com a umidade calculada pelas equações 2.3-1 e 2.3-3 (ANDRIEU e STAMATOPOULOS (1986)) usando dados obtidos em um secador de laboratório do tipo batelada, KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997) estabeleceram uma forma de corrigir as expressões válidas para secagem em batelada de maneira a poderem ser usadas para processos de secagem contínua. A expressão proposta para o cálculo da umidade de equilíbrio ϕ X e = (1 + ξ ) (0,154 − 1, 22 ×10 × T ) 1−ϕ X e é: ( 0,078+ 7,32×10 −3 ×T ) −3 Na qual ϕ 2.4-1 é a umidade relativa do ar úmido que envolve o macarrão e T é a temperatura em graus Celsius. O fator de correção ξ X e para uma aumenta o valor da umidade de equilíbrio dada condição de umidade e temperatura. Para manter o valor adequado de obtenção de uma umidade final desejada X e para X da pasta torna-se necessário estabelecer uma condição de umidade relativa mais baixa, o que obriga a uma vazão maior de ar externo admitido na célula. Uma possível explicação para essa condição de operação é a falta de homogeneidade no fluxo de ar no entorno de cada fio de macarrão. Nos fios envoltos por um fluxo de ar menor a umidade relativa deve ser mais baixa para provocar o remoção de umidade da pasta desejada. O processo de secagem de macarrão é controlado pelas condições internas, com a taxa de secagem decrescendo à medida que a umidade média da pasta se aproxima da umidade de equilíbrio. Existem dois períodos distintos, chamados de primeiro e segundo períodos de taxa decrescente. No primeiro período de taxa decrescente há umidade na superfície e a taxa de migração de água do interior para a superfície do macarrão é menor do que a taxa de evaporação da água na superfície. No segundo período de taxa decrescente não há mais umidade na superfície do macarrão e a superfície líquida da água está nos capilares e se aprofunda à medida que a secagem prossegue, a evaporação ocorre abaixo da superfície da pasta, e a difusão do vapor ocorre desde o ponto de evaporação até a superfície. 37 KÜÇÜK difusividade e ÖZILGEN (1997) propuseram uma expressão para cálculo da D em cada um dos períodos. As expressões são: ln D1 = ln(1 − ξ ) − (20,1 − 0.086ϕ ) − 1378 + 24, 6ϕ T 2.4-2 1705 + 19, 6ϕ T 2.4-3 ln D2 = ln(1 − ξ ) − (20,3 − 0.075ϕ ) − Por um processo de tentativa e erro, o valor ótimo calculado para o fator de correção 2.5. ξ foi 0,2. A QUESTÃO DO CONTROLE O objetivo deste trabalho é modelar o processo de secagem de macarrão de forma a que o modelo obtido se preste para o projeto de um controlador para o secador. É então necessário escolher um método de controle para definir a forma adequada de construir o modelo. 2.5.1. Teoria de controle moderno Segundo FRIEDLAND (2005), a definição do processo de controle é o terceiro e final estágio do desenvolvimento do sistema de controle, o estágio no qual as características dinâmicas do compensador são conhecidas, depois que o conceito de controle tenha sido estabelecido, depois que o hardware (sensores e atuadores) tenham sido selecionados, depois que o desempenho necessário tenha sido determinado. Ainda conforme FRIEDLAND (2005) este aspecto da engenharia de sistema de controle é geralmente chamado “teoria”. O termo “teoria” é adequado por várias razões. Primeiro porque é essencialmente matemático no conteúdo, e matemática é frequentemente equiparada a teoria. Segundo porque trata não com os dispositivos reais, mas com seus modelos (teóricos, isto é, matemáticos) idealizados. Terceiro, ele constitui um corpo sistemático de conhecimentos: teoremas, algoritmos de projeto, métodos gráficos, e outros que possam ser aplicados em controles de sistemas independente da tecnologia específica usada na sua implementação. 38 A história da teoria de controle pode ser convenientemente dividida em três períodos. O primeiro, começando na pré-história e terminando no início da década de 40, pode ser chamado de período primitivo. Ele foi seguido por um período clássico, que mal durou 20 anos, e finalmente veio o período moderno. O termo primitivo é usado aqui não com um sentido pejorativo, mas no sentido de que a teoria consistia em um conjunto de análises de processos específicos, por métodos matemáticos apropriados, e frequentemente inventados para lidar com eles, em vez de um corpo organizado de conhecimentos que é o que caracteriza os períodos clássico e moderno. Embora os princípios de feedback possam ser encontrados na tecnologia da Idade Média e anterior, o uso intencional do feedback para melhorar o desempenho de sistemas dinâmicos começou por volta do começo da revolução industrial no final do século 18, início do 19. O marco foi o controlador centrífugo inventado por James Watt para controlar a velocidade de sua máquina a vapor. Ao longo da primeira metade do século 19, engenheiros e “mecânicos” inventaram outros tipos de controladores de melhor desempenho. Os princípios teóricos que descrevem a operação dos controladores foram estudados por grandes físicos dos séculos 18 e 19, como Huygens, Hooke, Airy e Maxwell. Pela metade do século 19 sabia-se que a estabilidade de um sistema dinâmico era determinada pela localização das raízes da equação característica. Os problemas matemáticos que surgiram na estabilidade de sistemas de controle realimentados ocuparam a atenção de matemáticos do inicio do século 19. O período clássico da teoria de controle começou durante a Segunda Guerra Mundial no Laboratório de Radiologia do MIT. Estava a cargo do pessoal do Laboratório de Radiologia, que incluía engenheiros, físicos e matemáticos, a solução de problemas de engenharia que apareceram devido ao esforço de guerra, incluindo sistemas de controle de radar e de controle de tiro. O laboratório que estava encarregado dos problemas em sistemas de controle incluía tanto pesquisadores familiarizados com os métodos de resposta em frequência desenvolvidos por Nyquist e Bode para sistemas de comunicação, como engenheiros com conhecimentos de outras técnicas. Trabalhando juntos, eles desenvolveram uma teoria de controle sistemática que não era ligada a nenhuma aplicação em particular. 39 O uso dos métodos no domínio da frequência (transformada de Laplace) tornou possível a representação de um processo por sua função de transferência e assim permitiram a visualização da interação dos vários subsistemas de um sistema complexo pela interligação das funções de transferência no diagrama de blocos. O diagrama de blocos contribuiu talvez tanto quanto qualquer outro fator para o desenvolvimento da teoria de controle como uma disciplina distinta. Com seu uso é possível estudar o comportamento dinâmico de um sistema hipotético manipulando e combinando “caixas pretas” no diagrama de blocos sem ter que conhecer o que acontece dentro das “caixas pretas”. O período clássico da teoria de controle, caracterizado pela análise no domínio da frequência, continua em vigor, agora em uma fase “neoclássica” com o desenvolvimento de varias técnicas sofisticadas para sistemas multivariáveis. Mas há concomitante com ele o período moderno que começou no fim da década de 50, início de 60. Os métodos do espaço dos estados são a pedra fundamental da teoria de controle moderno. A característica essencial dos métodos do espaço dos estados é a representação dos processos por meio de equações diferenciais em lugar de funções de transferência. Isto pode, à primeira vista, parecer um retrocesso ao primeiro período, no qual as equações diferenciais também eram usadas para representar o comportamento dinâmico dos processos. Mas naquele período os processos eram suficientemente simples para poderem ser representados por uma só equação de ordem razoavelmente baixa. No enfoque moderno os processos são modelados por sistemas de equações de primeira ordem. Em princípio não há limite para o número de equações de primeira ordem do sistema. Na prática a única limitação está na capacidade de o software processar os cálculos necessários com confiabilidade. 2.5.2. Escolha O equipamento de secagem, conforme descrito em 2.1, é composto de muitas células interligadas, porém com controle independente, tendo cada célula vários parâmetros para ser controlados, de forma que resultam em uma quantidade grande de variáveis para controlar. 2.6. MODELAGEM A descrição de um processo no espaço dos estados requer sua representação por um conjunto de vetores que representem as entradas, o estado e as saídas do sistema. 40 Entradas são as variáveis manipuladas intencionalmente para operação do sistema de controle. O estado do sistema é representado por um conjunto de variáveis, chamadas variáveis de estado, que permitam o conhecimento completo do sistema em qualquer dado momento. Saídas são variáveis que podem ser medidas através de sensores adequados. Tomando a dinâmica do sistema descrita por um conjunto de equações como segue: dx1 = f1 ( x1 , x2 ,..., xk , u1 , u2 ,..., ul , t ) dt dx2 = f 2 ( x1 , x2 ,..., xk , u1 , u2 ,..., ul , t ) dt ................................................................ 2.6-1 dxk = f k ( x1 , x2 ,..., xk , u1 , u2 ,..., ul , t ) dt na qual x1, x2, ...xk são variáveis de estado, u1, u2, ...ul são entradas do sistema, também chamadas de variáveis de controle. A modelagem objetivada por este trabalho apresentará a variação no tempo de cada variável de estado do processo de secagem contínua de macarrão em função das outras variáveis de estado. 41 3. METODOLOGIA A metodologia usada neste trabalho está ilustrada no diagrama abaixo: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ESCOLHA DE UMA ISOTERMA CONFORME ESTUDOS PESQUISADOS COMPARAÇÃO DA CURVA OBTIDA COM A CURVA DE SECAGEM DE UM SECADOR INDUSTRIAL CONCLUSÃO DEFINIÇÃO DE UM TIPO DE SECADOR PARA SERVIR DE BASE PARA A MODELAGEM DO PROCESSO DE SECAGEM MODELAGEM DO PROCESSO DE SECAGEM 42 PROJETO BÁSICO DE UM SECADOR PARA SERVIR DE BASE PARA A SIMULAÇÃO CONSTRUÇÃO DO MODELO NO “SIMULINK” (MÓDULO DE SIMULAÇÃO DO SOFTWARE MATLAB) SIMULAÇÕES CONCLUSÕES 3.1. DESCRIÇÃO A pesquisa bibliográfica forneceu três modelos de isotermas para a secagem de macarrão, são os modelos desenvolvidos por ANDRIEU et al. (1985), VILLENEUVE e GÉLINAS (2006) e KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997). Dos três modelos para isoterma de secagem de espaguete estudados, o único que propõe uma adequação do modelo obtido em laboratório, por análise de uma secagem em batelada, para uso em secador contínuo industrial, é o modelo proposto por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997), de forma que optou-se por usá-lo na modelagem de um secador industrial, proposta neste trabalho. Buscando validar a escolha feita, procurou-se comparar o desempenho de um secador real com o desempenho do processo de secagem proposto por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997). 43 O catálogo para linha de produção de pasta longa de Pavan S. p. A., acessível em http://www.pavan.com/catalogues.asp, apresenta o desempenho do secador através das curvas de evolução da umidade da pasta, umidade relativa e temperatura internas do secador em função do tempo de secagem (tempo de permanência da pasta ao longo do secador), conforme a figura 3.1-1. Figura 3.1-1 – Curva de secagem (catálogo Pavan S.p.A.,2007) A imagem foi ampliada para aumentar a precisão de leitura e os valores de umidade da pasta X , temperatura T e umidade relativa ϕ foram tabelados para melhor visualização conforme tabela 3.1-1. As três primeiras linhas correspondem à fase de présecagem. 44 Tabela 3.1-1 – Processo de secagem do secador Pavan Para a Tempo de secagem (horas) X (%) T (ºC) (%) 0,5 0,75 1 30 22 17,6 55 75 98 85 85 85 1,75 2,5 3,25 4 4,75 5,5 16 14,3 14 13,6 14,3 14,3 90 90 85 85 70 70 80 80 80 80 73 82 comparação procurou-se, usando ϕ o modelo escolhido (KÜÇÜK e ÖZILGEN, 1997), estabelecer qual a umidade relativa, necessária para levar a pasta á mesma umidade e temperatura do secador real, em cada fase do processo. A comparação feita foi, então, entre a umidade relativa real e a calculada pelo modelo proposto, para cada fase do processo. Para o cálculo da umidade relativa, calculou-se, inicialmente, a umidade de equilíbrio X e , necessária para levar a umidade da pasta ao valor desejado após o tempo de percurso do macarrão no secador, em cada fase do processo de secagem. Esse cálculo foi feito usando-se a equação 2.3-3, que relaciona a umidade média da pasta X , após o tempo de percurso dentro de uma célula do secador, com a umidade média inicial X 0 e a umidade de equilíbrio X e . A umidade média inicial X 0 , a umidade média X e o tempo de percurso, foram retirados do catalogo citado. A umidade inicial é de 43%, base seca, a umidade Xe o tempo de percurso estão na tabela 3.1-1 para cada fase da secagem. 45 Usou-se o fator β1 R p = 0,85 x 10-3m (espaguete de 1,7mm de = 2,4048, diâmetro) e os valores da difusividade efetiva D , calculados pelas equações 2.3-2 e 2.3- 3, (KÜÇÜK e ÖZILGEN, 1997). Para o cálculo da difusividade D foram usados os valores da temperatura e da umidade relativa da tabela 3.1-1. A seguir, com a temperatura T da tabela 3.1-1 e a umidade de equilíbrio calculada como exposto, calculou-se a umidade relativa secagem, usando a equação 2.3-1, com fator ξ ϕ para cada fase do processo de = 0,2 (KÜÇÜK e ÖZILGEN, 1997). As umidades relativas assim obtidas foram comparadas com a umidade declarada no catálogo Pavan. Analisaram-se as diferenças entre os valores de catálogo e os calculados, em cada fase do processo, da seguinte forma: Para cada fase do processo calculou-se a diferença, em valor absoluto, entre o valor de catálogo da umidade relativa e o valor calculado para o modelo de isoterma. Calculou-se, então, a diferença percentual média. A tabela 3.1-2 mostra o resumo deste procedimento de análise. Tabela 3.1-2 – Comparação de modelos de isoterma. Pavan Küçük e Özilgen Tempo de secagem (horas) 0,5 0,75 1 X (%) T (ºC) ϕ ϕ (%) (%) Diferença percentual 30 22 17,6 55 75 98 85 85 85 73,4 67,1 80,3 13,6 21,1 5,5 1,75 2,5 3,25 4 4,75 5,5 16 14,3 14 13,6 14,3 14,3 90 90 85 85 70 70 80 80 80 80 73 82 80,6 75,9 76,8 76,1 71,8 71,8 0,7 5,1 4,0 4,9 1,6 12,4 Diferença percentual média 7,7 46 Como pode-se observar na tabela 3.1-2 a diferença percentual média, entre o valor calculado e o de catálogo é de 7,7%. Levando em consideração que o gráfico de catálogo é informação comercial, sem precisão portanto, porém real (por uma questão de idoneidade e ética do fabricante em questão), a diferença mostra que há coerência entre os resultados obtidos pelo modelo considerado e o desempenho real de um secador industrial, validando assim a escolha feita. 47 4. DEFINIÇÃO DE UM TIPO DE SECADOR 4.1. DESCRIÇÃO A modelagem está ligada a um determinado tipo de secador, apresentando diferenças nas equações obtidas para descrever o processo de secagem. Entre os diversos tipos examinados, conforme descrito no item 1.3, optou-se por um secador semelhante ao Braibanti da figura 1.3-7, com algumas modificações. Na região de présecagem os ventiladores de circulação do ar úmido da célula são colocados abaixo do trocador de calor, como observado em linha de secagem de um pastifício visitado. Na região da secagem final, optou-se pelo uso de três planos independentes, como no secador Pavan, ilustrado na figura 1.3-8, porém mantendo a configuração das células da pré-secagem, com os ventiladores abaixo do trocador de calor, como mostrado no corte transversal esquemático da figura 4.1-1 m ar s Pvent T m ar e T0 Patm TE TT m ar v T Figura 4.1-1 – Corte transversal do secador proposto para modelagem 48 Cada célula é constituída de um leito para a passagem das barras, carregadas com o espaguete, que cruzam longitudinalmente o secador. Acima do leito de pasta fica um trocador de calor aquecido com água quente. Entre o trocador de calor e o leito de pasta estão instalados dois ventiladores axiais para prover a circulação do ar. Acima do trocador de calor está o duto de alimentação de ar externo, provido de um damper para controle da vazão de ar. Nas laterais do teto do secador estão tomadas de ar de exaustão, uma de cada lado, ambas estão conectadas na sucção de um ventilador centrífugo. O fluxo de ar, conforme indicado pelas setas, na figura 4.1-1, é descendente na parte central da célula, onde o ar externo admitido passa pelo trocador de calor e atravessa o leito de pasta, sendo então desviado, por chapas curvas, para as laterais. O fluxo de ar em ambas laterais é ascendente e não se mistura com o descendente devido a duas paredes, uma em cada lateral do leito de pasta. Próximo ao teto, em cada lateral, o fluxo ascendente divide-se em dois, um de menor vazão sai pelo duto de exaustão e o remanescente, de maior vazão, é desviado, por chapas curvas, para a região acima do trocador de calor, misturando-se com o ar externo admitido pelo duto com damper. 49 5. MODELAGEM A forma escolhida para a modelagem da dinâmica do secador foi a de apresentar a variação de cada variável de estado em função das variáveis de estado e das entradas do sistema. As variáveis de estado do sistema de secagem são: − T - temperatura média do ar na célula − P - pressão do ar na célula − ω − TaqS - temperatura de saída da água quente - umidade absoluta média do ar na célula As entradas do sistema, que são as variáveis possíveis de ser controladas, para operação dentro do processo especificado, são: 5.1. − m& ge - vazão de ar seco admitido no secador − m& aq - vazão de água quente no trocador de calor TEMPERATURA Escrevendo o balanço de energia para um volume de controle (também referido neste texto como VC) que contenha o ar dentro da célula, mas exclua a pasta e o trocador de calor, tem-se: d & −∑ mh & Q& liq = ∫ u ρ dV + ∑s mh dt VC e 5.1-1 50 na qual: Q& liq = Q& Trocado com trocador de calor − Q& Trocado com apasta d ∫ u ρ dV = variação de energia interna da massa de ar úmido no VC dt VC & − ∑ mh & = energia transportada pelos fluxos de ar úmido entrando ∑ mh s e e saindo do VC e fluxo de água trocado com a pasta Hipóteses feitas no modelo adotado: O ar úmido dentro das células é retirado por meio de ventiladores centrífugos cuja vazão é controlada por meio de dampers, ficando, portanto a pressão ligeiramente abaixo da atmosférica (cerca de 91.300 a 96.300 Pa). A temperatura varia de célula para célula, ao longo do processo, no intervalo de 50ºC a 110ºC. É portanto possível tratá-lo como uma mistura de gases ideais. A variação máxima de temperatura que a mistura sofre é inferior a 100ºC (varia de temperatura ambiente a 110ºC), a variação do calor específico a volume constante, cv e calor específico a pressão constante cp , neste intervalo é da ordem de 1%, de forma que, neste estudo, ambos serão admitidos constantes. 5.1.1. Variação da energia interna da massa de ar úmido no VC d d d u ρ dV = ( µar umido M ar umido ) = ( ug M g + u A M A ) ∫ dt VC dt dt 5.1-2 na qual: − u g = energia interna média do ar seco contido na celula; − uA − M g = massa de ar seco contido na célula; − M A = massa de vapor de água contido no ar dentro da célula. = energia interna média do vapor de água contido na célula; 51 du g dM g d du dM A ug M g + u A M A ) = M g + ug + M A A + uA ( dt dt dt dt dt dM g dt = m& ge − m& gs 5.1-3 5.1-4 na qual: − m& ge = vazão mássica do ar, em base seca, que entra no volume de controle; − m& gs = vazão mássica do ar, em base seca, que sai do volume de controle; dM A = m& Ae + m& AP − m& As dt 5.1-5 na qual: − m& Ae = vazão mássica de vapor de água contido no ar que entra no volume de controle; − m& AP = vazão mássica do vapor de água, trocado pela pasta, que entra no volume de controle; − m& As = vazão mássica de vapor de água contido no ar que entra no volume de controle; Substituindo 5.1-5 e 5.1-4 em 5.1-3; e 5.1-3 em 5.1-2, tem-se: du g d du + u g ( m& ge − m& gs ) + M A A + u A ( m& Ae + m& AP − m& As ) u ρ dV = M g ∫ dt VC dt dt 5.1-6 5.1.2. Energia transportada pelos fluxos de massa entrando e saindo do VC & −∑ mh & = ( m& ∑ mh gs s h gs + m& As h As ) − ( m& ge h ge + m& Ae h Ae + m& AP h AP ) 5.1-7 e 52 na qual: − h ge = entalpia do ar seco que entra no volume de controle; − h gs = entalpia do ar seco de sai do volume de controle; − h Ae = entalpia do vapor de água, contido no ar, que entra no volume de controle; − h As = entalpia do vapor de água, contido no ar, que sai do volume de controle − h AP = entalpia do vapor de água trocado com a pasta; Considerando que o ar úmido que sai do volume de controle tem as mesmas propriedades médias que o ar úmido no interior da célula, devido à intensa agitação do ar provocada pelos ventiladores de circulação, vem: hgs = hg 5.1-8 hAs = hA 5.1-9 e nas quais: − hg = entalpia média do ar seco no interior da célula; − hA = entalpia média do vapor de água no interior da célula; Conforme WAANANEM e OKOS (1994), a secagem do macarrão pode ser admitida como um processo isotérmico, o processo de troca de calor com a pasta é muito mais rápido que o processo de troca de massa. A pasta permanece tempo bastante longo (20 a 45 min) dentro de cada célula para atingir o teor de umidade programado para aquela fase do processo de secagem, porém logo nos primeiros minutos atinge temperatura muito próxima da temperatura do ar úmido. A pasta atinge valores de temperatura entre a temperatura de bulbo seco e a de bulbo úmido. Para efeito deste estudo vamos admitir que a temperatura média da pasta seja igual à temperatura média do ar úmido, então: hAP = hA 5.1-10 Substituindo 5.1-8, 5.1-9 e 5.1-10 em 5.7-7, fica: 53 & −∑ mh & = ( m& ∑ mh h + m& As hA ) − ( m& ge h ge + m& Ae h Ae + m& AP hA ) gs g s 5.1-11 e 5.1.3. Balanço de energia no VC Substituindo 5.1-6 e 5.1-11 em 5.1-1, chega-se a: du g du Q& liq = M g + u g ( m& ge − m& gs ) + M A A + u A ( m& Ae + m& AP − m& As ) + dt dt ( m& gs hg + m& As hA ) − ( m& ge h ge +m& Ae h Ae +m& AP hA ) 5.1-12 Substituindo, u g = hg − Pg vg = hg − Rg T 5.1-13 u A = hA − PAv A = hA − RAT 5.1-14 Vem: du g du Q& liq = M g + M A A + ( hg − Rg T ) ( m& ge − m& gs ) + ( hA − RAT ) ( m& Ae + m& AP − m& As ) + dt dt ( m& gs hgs + m& As hAs ) − ( m& ge hge + m& Ae hAe + m& AP hA ) 5.1-15 Cancelando os termos semelhantes e com sinal oposto, e substituindo: hg − hge = cpg (T − T0 ) 5.1-16 hA − hAe = cp A (T − T0 ) 5.1-17 m& Ae = ω0 m& ge 5.1-18 m& As = ω m& gs 5.1-19 du g = cvg dT 5.1-20 du A = cv A dT 5.1-21 Tem-se: 54 dT Q& liq = M g ( cvg + ω cv A ) + m& gs ( Rg + ω RA ) T + m& ge (T − T0 ) ( cpg + ω0 cp A ) − dt m& ge ( Rg + ω0 RA ) T − m& AP RAT 5.1-22 na qual: − cvg = calor específico a volume constante do ar seco contido na célula; − cv A = calor específico a volume constante do vapor de água contido no ar úmido da célula; − cpg = calor específico a pressão constante do ar seco contido na célula; − cp A = calor específico a pressão constante do vapor de água contido no ar úmido da célula; − ω0 − ω − T0 =temperatura (de bulbo seco) do ar ambiente (externo ao secador); − T =temperatura (de bulbo seco) do ar dentro da célula; = umidade absoluta do ar ambiente (externo ao secador); = umidade absoluta do ar dentro da célula; Para simplificar a notação, considerando: cvg + ω cv A = cvar 5.1-23 Rg + ω RA = Rar 5.1-24 cp g + ω0 cp A = cp0 ar 5.1-25 Rg + ω0 RA = R0 ar 5.1-26 nas quais: − cvar = calor específico a volume constante, do ar úmido, à temperatura T, referido à massa de ar seco; − Rar = constante de gás ideal do ar, dentro da célula, referida à massa de ar seco; − cp0 ar = calor específico a pressão constante, do ar úmido, à temperatura T0, referido à massa de ar seco; − R0 ar = constante de gás ideal do ar ambiente, referida à massa de ar seco; 55 E substituindo 5.1-23 a 5.1-26 em 5.1-22, obtém-se: M g cvar dT & = Qliq − m& gs RarT − m& ge cp0 ar (T − T0 ) + m& ge R0 arT + m& AP RAT dt 5.1-27 5.1.4. Calor líquido trocado Q& liq = Q&TC + Q& PASTA 5.1-28 na qual: − Q& liq = fluxo de calor através da fronteira do volume de controle (VC); − Q&TC = fluxo de calor trocado com o trocador de calor (TC); − Q& PASTA = fluxo de calor trocado com a pasta 5.1.4.1. Tomando CALOR TROCADO COM A PASTA um VC contendo o leito de pasta que atravessa a célula longitudinalmente, conforme mostrado na figura 5.1-1, excluindo o ar úmido da célula, tem-se: m AP m p (1+x0 ) m p (1+x ) Figura 5.1-1 – VC contendo a pasta dentro da célula 56 Neste texto, quando mencionado umidade inicial da pasta X 0 , ou umidade final X , entende-se o valor médio para cada cilindro de espaguete, obtido pela integração da distribuição de umidade ao longo do raio do cilindro, uma vez que, na fase de resfriamento, logo após a secagem, a umidade vai homogeneizar-se em todo o volume do cilindro com o valor médio final do processo de secagem. Balanço de massa no VC: m& P (1 + X 0 ) = m& P (1 + X ) + m& AP 5.1-29 na qual: − m& P = vazão de pasta base seca; − X 0 = umidade inicial da pasta ao entrar na célula; − X = umidade final da pasta ao sair da célula; − m& AP = umidade trocada entre a pasta e o ar do interior da célula; Efetuando os parênteses e simplificando, vem: m& AP = m& P ( X 0 − X ) 5.1-30 Balanço de energia no VC: Conforme WAANANEN e OKOS (1994), o processo de troca de calor é muito mais rápido que o processo de troca de massa, e isso se deve, principalmente, ao baixo calor específico da pasta (da ordem de 1 a 1,5 kJ/kgK). Assim, nos primeiros minutos, ao entrar na célula, a pasta atinge a temperatura do ar úmido, e a energia necessária para isso é muito baixa (da ordem de 4% da energia trocada pelo trocador de calor), de forma que será desconsiderada. Q& PASTA = m& P hP + Xm& P hAl + ( X 0 − X ) m& P hAv − ( m& P hP 0 + X 0 m& P hAl ) 5.1-31 na qual: 57 − hP = entalpia do macarrão ao sair da célula; − hP 0 = entalpia do macarrão ao entrar na célula; − hAl = entalpia da água (líquido saturado); − hAv = entalpia da água (vapor saturado); Efetuando os parênteses, e substituindo 5.1-30 em 5.1-31, vem: Q& PASTA = m& P ( hP − hP 0 ) + m& AP ( hAv − hAl ) 5.1-32 Considerando a temperatura de entrada da pasta igual à temperatura de saída e igual à temperatura média do ar úmido, vem: m& P ( hP − hP 0 ) = m& P cpPASTA (Ts − Te ) = 0 5.1-33 A equação 5.1-32 fica: Q& PASTA = m& AP ( hAv − hAl ) = m& AP hA lv 5.1-34 na qual: − hA lv = entalpia de evaporação da água, à temperatura do ar úmido da célula. 5.1.4.2. CALOR TROCADO COM O TROCADOR DE CALOR Tomando um volume de controle em torno do ar contido no trocador de calor (VC engloba só o ar úmido). Balanço de energia: d Q&TC = ( uar M ar ) + m& gs TC hgs TC − m& ge TC hge TC + m& As TC hAs TC − m& Ae TC hAe TC dt ( ) ( ) 5.1-35 na qual: 58 − uar = energia interna do ar no VC; − M ar = massa de ar úmido no VC; − m& gs TC = vazão mássica de ar seco, saindo do VC; − m& ge TC = vazão mássica de ar seco, entrando no VC; − m& As TC = vazão mássica de vapor de água contido no ar saindo do VC; − m& Ae TC = vazão mássica de vapor de água contido no ar entrando no VC; − hgs TC = entalpia do ar seco, saindo do VC; − hge TC = entalpia do ar seco, entrando no VC; − hAs TC = entalpia do vapor de água contido no ar úmido saindo do VC; − hAe TC = entalpia do vapor de água contido no ar úmido entrando no VC; A massa de ar M ar , contida no VC, é muito pequena (para um trocador de calor do tipo compacto, com 2 m x 0,5 m x 0.2 m, é de cerca de 0.15 kg), comparada à massa total de ar dentro da célula (cerca de 30 kg) e a massa de metal e de água quente do trocador de calor ( cerca de 20 kg e 15 kg respectivamente), portanto sua capacidade térmica pode ser desprezada e, em consequência o acúmulo de energia também não é significativo. A vazão de ar úmido deixando o trocador de calor pode ser admitida igual à vazão do ar que entra, pois o ar a baixas velocidades pode ser considerado incompressível. Como não há perda ou adição de vapor de água dentro do VC, resulta que a vazão mássica do vapor de água contido no ar úmido na saída é igual à vazão da entrada, então: m& gs TC = m& ge TC = m& g TC 5.1-36 m& As TC = m& Ae TC = m& A TC 5.1-37 e nas quais: − m& g TC = vazão de ar seco através do trocador de calor; − m& A TC = vazão de vapor de água contido no ar úmido através do trocador de calor. 59 Com essas considerações a equação 5.1-35 fica: ( ) ( Q&TC = m& g TC hgs TC − hge TC + m& A TC hAs TC − hAe TC ) 5.1-38 Considerando: m& A TC = ωE m& g TC 5.1-39 hgs TC − hge TC = cpg (TT − TE ) 5.1-40 hAs TC − hAe TC = cp A (TT − TE ) 5.1-41 nas quais: − TT = temperatura de saída do trocador de calor, do ar úmido; − TE = temperatura de entrada no trocador de calor, do ar úmido Substituindo 5.1-39 a 5.1-41 em 5.1-38, vem: Q&TC = m& g TC ( cpg + ωE cp A ) (TT − TE ) 5.1-42 cp g + ωE cp A = cpar TE 5.1-43 Considerando: Para facilitar a notação, substituindo 5.1-43 em 5.1-42, tem-se: Q&TC = m& g TC cpar TE (TT − TE ) 5.1.4.3. 5.1-44 CALOR LÍQUIDO TROCADO Substituindo 5.1-34 e 5.1-44 em 5.1-28, tem-se o calor líquido trocado com o ar úmido dentro da célula: 60 Q& liq = m& g TC cpar TE (TT − TE ) − m& AP hA lv O sinal negativo para o termo 5.1-45 Q& PASTA deve-se ao fato de que o fluxo de calor trocado com a pasta sai do VC em torno do ar úmido no interior da célula. 5.1.5. Temperatura TE de entrada no trocador de calor Tomando um volume de controle que contenha a massa de ar na entrada do trocador de calor, compreendendo a região onde o fluxo de ar externo admitido encontra-se com os fluxos de ar interno recirculado, conforme mostra a figura 5.1-2. m ar s= m gs (1+w) m ar e= m ge (1+w0 ) m ar TC= m g TC (1+wE ) m ar v = m gv (1+w) Figura 5.1-2 – VC na região da mistura do ar admitido com o recirculado Balanço de energia: d & − ∑ mh & Q& liq = ∫ u ρ dv + ∑S mh dt VC E Q& liq = 0 5.1-46 não há fonte de calor no VC dM ar du d d u ρ dv = (uar M ar ) = uar + M ar ar ∫ dt VC dt dt dt 5.1-47 61 na qual: − M ar = massa de ar úmido no VC; − uar = energia interna média do ar no VC. Considerando que: M ar duar dT = M ar cvar E 1 4 24 3 dt dt 5.1-48 a TE e ω E uar = har TE − Rar TETE 5.1-49 dM ar = m& ar e + (m& ar v − m& ar s ) − m& arTC dt 5.1-50 nas quais: − cvar = calor específico a volume constante do ar úmido no VC; − TE = temperatura do ar úmido na saída do VC (e entrada no trocador de calor); − har TE = entalpia média do ar úmido no VC; − Rar TE = constante de gás ideal do ar úmido no VC; − mar e = vazão mássica de ar úmido admitido na célula; − mar v = vazão mássica dos ventiladores de circulação (total); − mar s = vazão mássica de ar úmido saindo da célula; − marTC = vazão mássica de ar úmido através do trocador de calor. Substituindo 5.1-48 a 5.1-50 em 5.1-47, tem-se: d dT u ρ dv = M ar cvar E + (har TE − Rar TETE )[m& ar e + (m& ar v − m& ar s ) − m& ar TC ] 5.1-51 ∫ 1 424 3 dt dt VC a TE e ωE & − ∑ mh & =h ∑ mh ar TE S m& ar TC − har (m& ar v − m& ar s ) − har e m& ar e 5.1-52 E 62 na qual: − har = entalpia média do ar úmido dentro da célula; − har e = entalpia média do ar úmido do ambiente externo, admitido na célula. Substituindo 5.1-52 e 5.1-51 em 5.1-46, e juntando os termos de forma conveniente, vem: dT − M ar CV ar E = (m& ar v − m& ar s )(harTE − har ) + m& ar e (harTE − har e ) − 1 424 3 dt a TE e ωE 5.1-53 RarTE ⋅ TE (m& ar e − m& ar s + m& ar v − m& ar TC ) O valor do calor específico do ar úmido varia menos de 10% dentro das condições de entrada e de saída do VC, de forma que a equação 5.1-53 pode ser escrita em função de valores médios do calor específico do ar úmido, fazendo: harTE ωEω } − har = cpar (TE − T ) 5.1-54 na qual: − ωE ω } cpar = é o calor especifico médio entre as condições ωE , TE e ω , T , do ar úmido. harTE − har e ω E ω0 } = cpar (TE − T0 ) 5.1-55 na qual: − ω E ω0 } cpar = é o calor especifico médio entre as condições ωE , TE e ω0 , T0 , do ar úmido. Substituindo 5.1-54 e 5.1-55 em 5.1-53: 63 ωEω ωE ω0 } } dTE − M ar CV ar = (m& ar v − m& ar s ) cpar (TE − T ) + m& ar e cpar (TE − T0 ) − 1 424 3 dt aTE ( RarTE m& ar e − m& ar s + m& ar v − m& ar TC 5.1-56 ) Fazendo: m& ar s m& ar v − m& ar s = m& ar v 1 − m& ar v com m& ar s 1 − m& ar v = f 5.1-57 m& ar v − m& ar s = f ⋅ m& ar v Substituindo 5.1-57 em 5.1-56 e multiplicando ambos os membros por (-1), temse: ωE ω } dTE M ar CV ar = Rar TE m& ar e − m& ar s + m& ar v − m& ar TC − f ⋅ m& arV cpar (TE − T ) − 1 424 3 dt ( ) a TE e ωE 5.1-58 ωE ω0 } m& ar E cpar (TE − T0 ) 5.1.6. Umidade absoluta ωE na entrada do trocador de calor Tomando um volume de controle que contenha a massa de ar na entrada do trocador de calor, compreendendo a região onde o fluxo de ar externo admitido encontra-se com os fluxos de ar interno recirculado, conforme mostra a figura 5.1-2., e escrevendo o balanço de massa do vapor de água contido no VC, tem-se: dM A E dt = ( m& Av − m& As ) + m& Ae − m& A TC 5.1-59 64 na qual: − M A E = massa de vapor de água contida no volume de controle (VC); − m& Av = vazão mássica do vapor de água contido no fluxo de ar úmido provocado pelos ventiladores de circulação do ar da célula; − m& As = vazão mássica do vapor de água contido no ar úmido saindo da célula; − m& Ae = vazão mássica do vapor de água contido no ar úmido admitido na célula; − m& A TC = vazão mássica do vapor de água contido no fluxo de ar úmido através do trocador de calor. Substituindo M A E = ωE M gE ( ωE é a umidade absoluta média e M gE é a massa de ar seco no VC) em 5.1-59 e diferenciando o produto M gE ωE M gE , vem: dM gE dωE + ωE = ( m& Av − m& As ) + m& Ae − m& A TC dt dt 5.1-60 A variação da massa de ar seco no VC é: dM gE dt = ( m& gv − m& gs ) + m& ge − m& gTC 5.1-61 na qual: − m& gv = vazão mássica do ar seco contido no fluxo de ar úmido provocado pelos ventiladores de circulação do ar da célula; − m& gs = vazão mássica do ar seco contido no ar úmido saindo da célula; − m& ge = vazão mássica do ar seco contido no ar úmido admitido na célula; − m& gTC = vazão mássica do ar seco contido no fluxo de ar úmido através do trocador de calor. 65 m& Av = ω m& gv , m& As = ω m& gs , m& Ae = ω0 m& ge e Substituindo 5.1-61 em 5.1-60 ; fazendo m& A TC = ωE m& gTC , ( ω é a umidade absoluta do ar úmido dentro da célula, ω0 é a umidade absoluta do ar ambiente admitido na célula e ωE é a umidade absoluta média do ar úmido dentro do VC) e simplificando a expressão, chega-se a: M gE 5.2. dωE = ( m& gv − m& gs ) (ω − ωE ) + m& ge (ω0 − ωE ) dt 5.1-62 PRESSÃO Tomando um volume de controle em torno do ar úmido contido na célula (excluindo o trocador de calor e a pasta), e escrevendo o balanço de massa do ar seco contido no VC, tem-se: dM g dt = m& ge − m& gs 5.2-1 na qual: − M g = massa de ar seco dentro da célula; − m& ge = vazão mássica de ar seco exterior admitido na célula; − m& gs = vazão mássica de ar seco saindo da célula. P = Pg + PA 5.2-2 na qual: − P = pressão absoluta do ar úmido na célula; − Pg = pressão parcial do ar seco na célula; − PA = pressão parcial do vapor de água contido no ar úmido da célula. 66 Pg = Mg V Rg T 5.2-3 na qual: − V = volume da célula; − Rg = constante de gás ideal do ar seco; − T = temperatura média do ar úmido na célula. PA = MA RAT V 5.2-4 na qual: − V = volume da célula; − RA = constante de gás ideal do vapor de água contido no ar úmido da célula; − T = temperatura média do ar úmido na célula. ω= MA Mg 5.2-5 na qual: − ω = umidade absoluta do ar úmido dentro da célula. Substituindo 5.2-3 a 5.2-5 em 5.2-2, tem-se: P= Escrevendo a massa T M g ( Rg + ω RA ) V 5.2-6 M g , em função da pressão P , vem: Mg = P V ⋅ T ( Rg + ω RA ) 5.2-7 67 Derivando em função do tempo, obtém-se: dM g dt T ( Rg + ω RA ) = dP dω dT V − PV ( Rg + ω RA ) + TRA dt dt dt T ²( R g +ω RA )² Substituindo 5.2-8 em 5.2-1 e notando ( Rg + ω RA ) = R ar , para simplificar, tem-se: dP dT dω RarT − Rar P − PTRA dt dt = m& − m& V ⋅ dt ge gs T ² R ² ar Isolando 5.2-8 5.2-9 dP dt e simplificando a expressão, chega-se a: dP TRar P dT RA P d ω = (m& ge − m& gs ) + + dt V T dt Rar dt 5.2-10 5.2.1. Vazões de entrada e de saída de ar As vazões de entrada e de saída de ar da célula são controladas por uma perda de carga variável, no duto de admissão, provocada pela variação do ângulo de abertura do damper. Genericamente: ∆P = C ρV ² 2 5.2-11 68 na qual: − ∆P = perda de carga causada pela singularidade em questão; − C = coeficiente de perda de carga da singularidade; − ρ − V = velocidade do ar passando pela singularidade. = densidade do ar passando pela singularidade; Escrevendo 5.2-11, em função da vazão em volume: ∆P = C ρ v&ar 2 2 S 5.2-12 na qual: − v&ar = vazão em volume do ar; − S = área da seção transversal do duto. Isolando v&ar , vem: v&ar = S 2∆P ρC 5.2-13 Escrevendo em função da vazão mássica do ar, m& ar = ρ v&ar = ρ S 2∆P ρC m& ar = ρ v&ar , tem-se: 5.2-14 Ou, de forma mais conveniente: m& ar = S 2ρ ⋅ ∆P C 5.2-15 69 Escrevendo em função da vazão de ar em base seca, tem-se: m& ar = m& g + m& A = m& g (1 + ω ) 5.2-16 na qual: − m& ar = vazão mássica do ar úmido; − m& g = vazão mássica de ar seco; − m& A = vazão mássica do vapor de água contido no ar úmido; − ω = umidade absoluta do ar úmido. Isolando m& g , vem: m& g = 1 m& ar 1+ ω 5.2-17 Substituindo 5.2-15 em 5.2-17, chega-se a: m& g = S 1+ ω 2 ρ ar ⋅ ∆P C 5.2-18 Particularizando 5.2-18 para a vazão de ar admitido na célula, vem: 1 1 S 2 ρ0 ar 2 2 & mge = ⋅ ( Patm − P) 1 + ω0 C (θ ) 5.2-19 na qual: − ω0 − ρ 0 ar − C (θ ) = coeficiente de perda de carga variável em função do ângulo de abertura = umidade absoluta do ar ambiente externo ao secador; = densidade do ar ambiente externo ao secador; do damper; − Patm = pressão atmosférica do ambiente externo ao secador; − P = pressão interna do secador. 70 Particularizando 5.2-18 para a vazão de ar saindo na célula, vem: 1 1 S 2 ρ ar 2 & mgs = ⋅ ( P − PVent ) 2 1 + ω C 5.2-20 na qual: − ω − ρ ar − C = coeficiente de perda de carga da transição do secador para o duto de saída; − Pvent = pressão na sucção do ventilador de exaustão; − P = pressão interna do secador. = umidade absoluta do ar úmido interno ao secador; = densidade do ar úmido interno ao secador; A variação do coeficiente de perda de carga para o damper adotado para o projeto básico do secador está na tabela 5.2-1. m ar Tabela 5.2-1 – Coeficiente de perda de carga para damper tipo borboleta θ D/D0 0 10 20 30 40 50 60 70 75 80 85 90 0,8 0,19 0,45 0,87 1,55 2,6 4,13 6,14 8,38 9,4 10,3 10,8 15 0,9 0,19 0,05 1,22 2,51 4,97 9,57 17,8 30,5 38 45 50,1 100 1 0,19 0,07 1,76 4,38 11,2 32 113 619 2010 10360 99999 99999 FONTE: ASHRAE Handbook, 1997 71 O coeficiente de perda de carga para o duto de exaustão foi extraído da tabela 5.2-2, com L/D = 0. L Tabela 5.2-2 – Coeficiente de perda de carga para duto instalado em parede. L/D0 t/D0 0,000 0,002 0,01 0,05 0,01 0,5 0,57 0,68 0,08 0,5 0,51 0,52 0,55 0,02 FONTE: ASHRAE Handbook, 1997 5.3. 0,10 0,20 0,30 0,50 10,00 0,086 0,6 0,92 0,66 0,97 0,69 1 0,72 1 0,72 UMIDADE ABSOLUTA Tomando um volume de controle em torno do ar úmido contido na célula (excluindo o trocador de calor e a pasta), e escrevendo o balanço de massa do vapor de água contido no VC, tem-se: dM A = m& AP + m& Ae − m& As dt ( ) 5.3-1 na qual: − dM A = variação de massa de vapor de água no VC; dt − m& AP = massa de água trocada com o macarrão; − ( m& Ae − m& As ) = diferença entre os fluxos de massa de vapor de água no ar úmido entrando e saindo do VC. 72 Considerando que: dM A d M = Mg A dt dt M g 5.3-2 MA =ω Mg 5.3-3 nas quais: − M g = massa de ar seco no VC; − M A = massa de vapor de água no ar úmido contido no VC; − ω = umidade absoluta do ar úmido no VC. Substituindo 5.3-3 em 5.3-2: dM g dM A d dω = (M g ⋅ ω ) = M g +ω dt dt dt dt 5.3-4 Como: dM g dt = (m& gee− m& gs ) 5.3-5 na qual: − m& ge = vazão mássica de ar seco entrando no VC; − m& gs = vazão mássica de ar seco saindo do VC. Substituindo 5.3-5 em 5.3-4, vem: dM A dω = Mg + ω (m& gee− m& gs ) dt dt 5.3-6 Substituindo 5.1-18, 5.1-19 e 5.3-6 em 5.3-1, tem-se: 73 Mg dω = −ω (m& ge − m& gs ) + m& AP + ω0 m& g e − ω m& gs dt 5.3-7 na qual: − ω0 = umidade absoluta do ar ambiente externo ao secador. Simplificando chega-se a : Mg 5.4. dω = m& ge (ω0 − ω ) + m& AP dt 5.3-8 TEMPERATURA DE SAÍDA DA ÁGUA QUENTE Tomando um volume de controle em torno do trocador de calor e escrevendo o balanço de energia: d & − ∑ mh & Q& liq = ∫ u ρ dv + ∑S mh dt VC E Q& liq = 0 5.4-1 desprezando perdas de calor. d d u ρ dv = (um M m + uar M ar + uaq M aq ) ∫ dt VC dt 5.4-2 74 na qual: − um = energia interna média do metal do trocador de calor; − M m = massa de metal do trocador de calor; − uar = energia interna média do ar úmido dentro do VC; − M ar = massa de ar úmido dentro do VC; − uaq = energia interna média da água quente dentro do trocador de calor; − M aq = massa de água quente dentro do trocador de calor. A massa de ar úmido M ar contida no volume de controle é muito pequena em comparação às massas de metal e de água quente (para um trocador de calor com volume igual a 2m x 0,5m x 0,2m, é de cerca de 0,15 kg), portanto sua capacidade térmica pode ser desprezada. & − ∑ mh & = m& ∑ mh aq s S haq s + m& g s hg s + m& As hAs − m& aqe haqe + m& ge hge + m& Ae hAe 5.4-3 E na qual: − m& aqe , m& aq s = vazões em massa da água quente entrando e saindo do trocador de calor (TC); − haqe , haq s = entalpias da água quente entrando e saindo do TC; − m& ge , m& g s = vazões em massa do ar seco entrando e saindo do TC; − hge , hg s = entalpias do ar seco entrando e saindo do TC; − m& Ae , m& As = vazões em massa do vapor de água entrando e saindo do TC; − hAe , hAs = entalpias do vapor de água entrando e saindo do TC. Substituindo 5.4-3 e 5.4-2 em 5.4-1, tem-se: 75 Mm d µaq dum + M aq + m& aq s haq s + m& g s hg s + m& As hAs − m& aqe haqe + m& ge hge + m& Ae hAe = 0 dt dt 5.4-4 Considerando: dum = cm dTm 5.4-5 na qual: − cm = calor específico do metal do trocador de calor (TC); − Tm = temperatura média do metal do trocador de calor; duaq = caq dTaq 5.4-6 na qual: − caq = calor específico da água quente; − Taq = temperatura média da água quente. O coeficiente de película do lado da água é muito maior que o do lado do ar, então a temperatura média temperatura média Tm do trocador de calor pode ser admitida muito próxima da Taq da água quente. Tm ≈ Taq 5.4-7 A água é incompressível, então: m& aqe = m& aq s 5.4-8 76 O ar a baixas velocidades pode ser considerado como incompressível e não há variação de pressão significativa através do trocador de calor, a perda de carga é desprezível. Também não há perda ou adição de vapor de água dentro do trocador de calor no lado do ar, então tem-se: m& ge = m& g s = m& g TC m& Ae = m& As = m& A TC 5.4-9 5.4-10 Considerando também: haqe − haq s = caq (Taq e − Taq s ) 5.4-11 hg e − hg s = cpg (TE − TT ) 5.4-12 hAe − hAs = cp A (TE − TT ) 5.4-13 nas quais: − cpg = calor específico a pressão constante do ar seco; − cp A = calor específico a pressão constante do vapor de água contido no ar úmido; − TE = temperatura do ar úmido na entrada do trocador de calor; − TT = temperatura do ar úmido na saída do trocador de calor; Substituindo 5.4-5 a 5.4-13 em 5.4-4 e re-arranjando os termos, chega-se a : ( M m cm + M aq caq ) dTaq dt = m& aq caq (Taqe − Taq s ) + m& g TC cp g (TE − TT ) + m& A TC cp A (TE − TT ) 5.4-14 77 Escrevendo a vazão de vapor de água e da umidade absoluta m& A TC em função da vazão de ar seco m& g TC ωE , do ar úmido que atravessa o trocador de calor, tem-se: m& A TC = ωE m& g TC 5.4-15 Para evitar erro numérico nos cálculos relativos à dinâmica do sistema de controle, é necessário usar a hipótese da “célula doante”, na qual a propriedade média precisa ser admitida igual à propriedade na saída da célula, assim: Taq = Taq S 5.4-16 Substituindo 5.4-16 e 5.4-15 em 5.4-14, tem-se: ( M m cm + M aq caq ) dTaq s dt = m& aq caq (Taqe − Taq s ) − m& g TC (cp g + ω E cp A )(TT − TE ) 5.4-17 Pode-se simplificar a notação usando ( M m cm + M aq caq ) dTaq s dt cp g + ωE cp A = cpar E , de forma a ficar: = m& aq caq (Taqe − Taq s ) − m& g TC cpar TE (TT − TE ) 5.4-18 5.4.1. Cálculo da temperatura do ar úmido na saída do trocador de calor Cálculo da temperatura do ar úmido de saída do trocador de calor pelo método “ ε -NUT” (INCROPERA e DE WITT, 2002). Definindo: Ch = m& aq ⋅ c aq 5.4-19 78 Cc = m& gTC cp arTE 5.4-20 nas quais: − Ch = capacidade calorífica da corrente quente; − Cc = capacidade calorífica da corrente fria; − m& aq = vazão de água quente; − c aq = calor específico da água quente; − m& gTC = vazão do ar úmido; − cp arTE = calor específico do ar úmido. Cmax = max(Ch , Cc ) 5.4-21 Cmin = min(Ch , Cc ) 5.4-22 CR = Cmin Cmax NUT = UA Cmin 5.4-23 5.4-24 na qual: − U = coeficiente global de troca do trocador de calor; − A = área de troca do trocador de calor. qmax = Cmin (Th ,i − Tc,i ) = Cmin (Taq E − TE ) 5.4-25 q = Ch (Th ,i − Th ,o ) = C c (Tc ,o − Tc,i ) = m& gTe ⋅ cparTE (TT − TE ) 5.4-26 79 nas quais: − Th ,i = temperatura de entrada do fluido quente; − Th,o = temperatura de saída do fluido quente; − Tc ,i = temperatura de entrada do fluido frio; − Tc ,o = temperatura de saída do fluido frio. ε= q 5.4-27 qmax na qual: − ε = efetividade Para escoamento cruzado (como no trocador de calor tipo compacto escolhido), com um só passe em cada corrente e fluidos não misturados, tem-se: 1 0,22 exp −CR ( NUT )0,78 − 1 ( NUT ) C R { ε = 1 − exp } 5.4-28 De 5.4-25, 5.4-26 e 5.4-27, tem-se: m& gTC cp arTE (TT − TE ) = ε ⋅ Cmin (Taqe − TE ) Isolando 5.4-29 TT , obtém-se: TT = TE + ε ⋅ Cmin (Taq E − TE ) m& gTC ⋅ cparTE 5.4-30 80 5.5. UMIDADE DA PASTA Conforme exposto em 3.1 adotou-se o modelo proposto por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997) para a adequação do estudo da secagem de macarrão feito em batelada e escala de laboratório para secagem contínua em secador industrial. A umidade de equilíbrio é calculada pela expressão da equação 2.3-1: ϕ X e = (1 + ξ ) (0,154 − 1, 22 ×10−3 × T ) 1−ϕ ( 0,078+ 7,32×10 −3 ×T ) na qual: − X e = umidade de equilíbrio; − ϕ − T = temperatura média do ar úmido dentro da célula; − ξ = umidade relativa do ar úmido dentro da célula; = fator de correção para uso da equação em processos contínuos. A umidade média do macarrão no final de cada célula é calculada pela equação 2.3-3, proposta por ANDRIEU e STAMATOPOULOS (1986): β12 Dt X − Xe 4 = exp − 2 Rp X 0 − X e β12 Isolando X , tem-se: β12 Dt X = X e + ( X 0 − X e ) 2 exp − 2 Rp β1 4 5.5-1 No secador contínuo, o tempo que a pasta fica exposta ao meio ambiente de secagem é função da velocidade da esteira que carrega as varas com as tiras de espaguete e o comprimento da célula. 81 t= L vP 5.5-2 Substituindo 5.5-2 em 5.5-1, chega-se a: X = Xe + ( X0 − Xe ) β12 D L exp − 2 β12 R p vP 4 5.5-3 Na qual: − X = umidade média do macarrão ao final do percurso na célula; − X 0 = umidade média do macarrão no início do percurso na célula; − β1 − D = difusividade efetiva da água na pasta; − RP = raio do cilindro de espaguete; − L = comprimento da célula; − vP = velocidade de translação da esteira carregando as varas com pasta. = primeiro termo da função de Bessel de primeira espécie e ordem zero; 82 6. PROJETO BÁSICO DO SECADOR Para a modelagem definiu-se um secador para pasta longa baseado em (i) processo de secagem recomendado por MILATOVICH e MONDELLI (1990), (ii) secadores descritos por MILATOVICH e MONDELLI (1990) e (iii) secador industrial observado em visita a pastifício. 6.1. PROCESSO DE SECAGEM Optou-se por processo de secagem de espaguete a altíssima temperatura, como é a tendência atual, seguindo as recomendações de MILATOVICH e MONDELLI (1990). O processo de secagem definido compreende três fases na pré-secagem e seis fases na secagem final. Cada fase é processada em uma câmara ou célula. O tempo percorrido e a umidade da pasta atingida ao final de cada fase são mostrados no gráfico 6.1-1. Curva de Secagem Umidade da pasta (kg agua/kg pasta seca) 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 Tempo de percurso (horas) Gráfico 6.1-1 - Curva de secagem conforme recomendações de MILATOVICH e MONDELLI (1990) 83 Os parâmetros de operação estão resumidos na tabela 6.1-1. Tabela 6.1-1 - Parâmetros de operação do secador Fase do processo Tempo de percurso da pasta Umidade da pasta Umidade de equilibrio Temperatura da célula Difusividade efetiva Umidade relativa do ar da celula Umidade absoluta do ar da célula Água evaporada da pasta Ar ambiente admitido na célula 35ºC 95% Ar ambiente admitido na célula 20ºC 20% t X Xe T D ϕ ω mAP mge mge x10-11 (%) (kg de vapor/kg de ar seco) (kg/s) (kg/s) (kg/s) 2 (horas) Inicial Présecagem Secagem Célula 1 Célula 2 Célula 3 Célula 1 Célula 2 Célula 3 Célula 4 Célula 5 Célula 6 6.2. (%) (%) (ºC) (m /s) 0,00 40,8 0,33 32 20,58 50 2,11 79,87 0,075 0,04323 1,064 0,592 0,67 26,5 20,22 70 2,72 82,09 0,242 0,02702 0,13 0,111 1 22,5 18,73 98 3,69 86,99 3,833 0,01965 0,0052 0,0049 1,75 16,7 13,82 90 3,4 78,58 0,945 0,02849 0,0313 0,0294 2,5 14,4 13,25 90 3,4 77,62 0,916 0,0113 0,0128 0,012 3,25 14,1 13,73 85 1,061 76,39 0,581 0,00147 0,0027 0,0025 4 13,8 13,43 85 1,06 75,81 0,573 0,00147 0,0027 0,0025 4,75 13,5 13,09 70 0,086 68,7 0,19 0,00147 0,0095 0,0078 5,5 13,1 12,56 70 0,086 67,16 0,184 0,00196 0,0131 0,0107 CÁLCULO DOS PARÂMETROS DE OPERAÇÃO DO SECADOR 6.2.1. Umidade de equilíbrio Usou-se os valores das colunas “Tempo de percurso da pasta” e “Umidade da pasta”, da tabela 6.1-1, extraídos, por sua vez, da curva de secagem da figura 6.1-1, juntamente com os valores da coluna “Difusividade efetiva” (recomendados por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997)), inseridos na equação 2.3-3, para cálculo do parâmetro X e umidade de equilíbrio, cujo valor deverá ser garantido pelas condições de temperatura e umidade relativa na célula. Os valores de X e calculados estão tabulados na respectiva coluna da tabela 6.1-1 6.2.2. Umidade relativa Conforme exposto no capítulo 3 optou-se pelo modelo de isoterma proposto por KÜÇÜK e ÖZILGEN (1997), equação 2.3-1, para definição do processo de secagem. 84 Inseriu-se os valores de temperatura de cada fase conforme recomendações de MILATOVICH e MONDELLI (1990), tabulados na coluna “Temperatura da célula”, da tabela 6.1-1, e os correspondentes valores de X e , umidade de equilíbrio, calculados em 6.2.1, na equação 2.3-1, para cálculo dos valores de umidade relativa ϕ.O valor obtido, operando em cada célula, juntamente com o valor correspondente de temperatura T, garantirá o valor da umidade de equilíbrio, necessário para atingir o valor da umidade da pasta X programado para cada fase do processo. Os valores de ϕ calculados estão tabulados na coluna “Umidade relativa do ar da célula” da tabela 6.1-1. 6.2.3. Umidade absoluta Calculou-se a umidade absoluta ω, parâmetro importante no estudo do balanço de massa, para a modelagem da célula, pela equação 2.1-6, usando-se a umidade relativa ϕ, calculada em 6.2.2 e a pressão de vapor pv , à temperatura T do ar da célula, calculada pela equação de Antoine: pv = 133, 3224 × 10 B 2 A+ T + C log T + DT + ET 6.2-1 A = 16,373 B = −2818, 6 C = −1, 6908 D = −5, 7546 ×10 −3 pv em Pa e T em K. Os valores de ω calculados estão tabulados na coluna “Umidade absoluta do ar da célula” da tabela 6.1-1. 6.2.4. Perda de umidade da pasta Calculou-se a perda de umidade da pasta m& AP , em cada fase do processo, como o X 0 e a umidade final X , que é a umidade & P , conforme equação atingida pela pasta na saída da célula, pelo fluxo de macarrão m produto da diferença entre a umidade inicial 6.2-3. 85 Na primeira célula da pré-secagem, a umidade inicial X 0 é a umidade da massa extrudada que é alimentada no secador. Nas demais células, X 0 é a umidade do macarrão na saída da célula imediatamente anterior. Tomando-se o balanço de massa para um volume de controle envolvendo o macarrão dentro da célula, tem-se para a água: m& P X 0 = m& AP + m& P X 6.2-2 m& AP = m& P ( X 0 − X ) 6.2-3 m& P é o fluxo de macarrão, em base seca, que passa pelo secador. A produção m& Pu , em base úmida, adotada como nominal do secador é de 2000 kg/hora, a produção m& P , em base seca, é: m& P = m& Pu 1 (1 + X ) 3600 6.2-4 Para uma umidade final de 13,1% (0,131 kg de água/kg de pasta seca), o fluxo de macarrão m& P é de 0,49 kg/s. Os valores de m& AP calculados estão tabulados na coluna “Água evaporada da pasta” da tabela 6.1-1. 6.2.5. Vazão de ar ambiente admitido Como visto em 6.2.2 a umidade do ar interno à célula determina a umidade de equilíbrio e em consequência a umidade da pasta. A manutenção da umidade do ar interno ω , é feita com a admissão de ar ambiente (externo ao secador) e exaustão de ar interno. Esta troca de ar compensa a umidade cedida pela pasta com o menor teor de umidade ω0 contido no ar ambiente admitido. Calculou-se a vazão de ar seco m& ge , necessária para a manutenção da umidade do ar interno, em valor adequado, tomando um volume de controle coincidindo com a parede interna da célula, porém excluindo a pasta, de forma que o volume de controle contém todo o ar interno à célula. 86 Em regime, os balanços de massa para o vapor de água e para o ar seco resultam: Para o vapor de água: m& geω0 + m& AP = m& gsω 6.2-5 m& ge = m& gs 6.2-6 e para o ar seco: Substituindo 4-5 em 4-4, resulta: m& ge = m& AP ω − ω0 6.2-7 A condição ambiente de referência para o projeto básico do secador é a condição de verão, que é mais severa do ponto de vista da umidade relativa ambiente. A condição adotada, neste trabalho, para o verão é temperatura do ar de 35ºC e umidade relativa de 95%. A tabela 6.1-1 apresenta o desempenho do secador na situação de ar ambiente de verão, no entanto está tabulada também a vazão de ar externo na situação de ambiente de inverno, 20ºC e umidade relativa de 20%, pois foi necessária para o cálculo da capacidade do trocador de calor. Os valores de m& ge calculados estão tabulados nas colunas “Ar ambiente admitido na célula” da tabela 6.1-1. 6.3. ESTUDO DO TROCADOR DE CALOR Para o projeto básico do trocador de calor é necessário conhecer as temperaturas de entrada e de saída da água quente e do ar úmido e a vazão mássica do ar úmido em regime. As temperaturas de entrada e saída da água quente são condições de projeto e dependem do equipamento gerador de água quente escolhido. Adotou-se temperatura de entrada de água quente Taqe = 130ºC e temperatura de saída Taqs = 110ºC. 87 A temperatura de entrada do ar úmido no trocador de calor calcula-se pela equação 5.1-58 escrita para a condição de regime, dTE dt = 0 : ω E ω0 ωEω } } f ⋅ mg v (1 + ω ) cpar T + mg e (1 + ω0 ) cpar T0 TE = ωE ω ωE ω0 } } f ⋅ mgv (1 + ω ) cpar + mge (1 + ω0 ) cpar 6.3-1 A umidade absoluta na entrada do trocador de calor calcula-se pela equação 5.162 escrita para a condição de regime, ωE = Lembrando que d ωE dt = 0 : ω mgv − ω mgs + ω0 mge 6.3-2 mgv − mgs + mge cpar = cpg + ω cp A , calor especifico do ar úmido, base seca, pode ser calculado a partir dos calores específicos do ar seco (1005 J/kg.K) e do vapor de água (1900 J/kg.K), para as diversas condições conforme tabela 6.3-1. Tabela 6.3-1 – Valor do calor especifico do ar úmido para diversas condições Temperatura do ar úmido Umidade relativa do ar úmido Umidade absoluta do ar úmido Calor específico do ar úmido T ϕ ω cpar (ºC) (%) (kg de vapor/kg de ar seco) (J/kgK) 20 35 46 71 50 20 95 79,87 0,00286 0,03435 0,065 0,065 0,075 1010,434 1070,265 1128,5 1128,5 1147,5 A vazão de ar úmido através do trocador de calor é função das vazões de ar admitido e ar de exaustão e vazão de ar dos ventiladores (axiais) de circulação. Escolheu-se a vazão dos ventiladores a partir da velocidade recomendada do ar (10 m/s) e área da seção dos ventiladores. Os dois ventiladores axiais de 0,60 m de diâmetro tem a área total de 0,566 m2, então a vazão total dos dois é de: 88 10 m kg kg × 5, 66m 2 × 0,8 3 = 4, 5 s m s 6.3-3 E a vazão de ar seco é: m& gv = m& ar v (1 + ω ) = 4,5 (1 + 0, 075 ) 4, 2 kg s 6.3-4 Com as equações 6.3-1 a 6.3-4 e os valores da tabela 6.3-1 calculou-se os valores das temperaturas de entrada 6.3-2 mostra os valores de TE , e de saída TT , no trocador de calor. A tabela TE , TT e ωE , para as situações de verão e de inverno. Tabela 6.3-2 – Temperaturas de entrada e de saída do trocador de calor Temperatura ambiente Umidade relativa ambiente Umidade absoluta na entrada do trocador Temperatura na entrada do trocador Temperatura na saída do trocador T0 ϕ0 ωΕ TΕ TT (ºC) (%) (ºC) (ºC) Inverno 20 20 0,066 46,02 71,74 Verão 35 95 0,065 46,3 71,77 A vazão de água quente no trocador de calor calcula-se pela equação 5.4-18 escrita para a condição de regime, dTaqs dt = 0 : m& aq caq (Taqe − Taq s ) − m& g TC cpar E (TT − TE ) 6.3-5 89 Os valores calculados estão na tabela 6.3-3. Tabela 6.3-3 – Vazão de água quente Temperatura ambiente Umidade relativa ambiente ϕ0 Vazão de água quente no trocador de calor T0 (ºC) (%) maq (kg/s) Inverno 20 20 1,457 Verão 35 95 1,441 Com esses valores calcula-se a capacidade de troca térmica global de troca térmica x área do trocador de calor), pelo método UA (coeficiente ε , NUT , com as equações 5.4-19 a 5.4-28, conforme detalhado no anexo 1. Os valores calculados estão tabulados na tabela 6.3-4. Tabela 6.3-4 – Valores de capacidade de troca térmica ( UA ) Ar ambiente Capacidade de troca térmica Temperatura Umidade relativa T0 (ºC) (%) UA (W/K) Inverno 20 20 1468 Verão 35 95 1761 Com os valores de ϕ0 UA , e o comprimento dos tubos do trocador, escolhido pela geometria da célula como sendo de 2m, calculam-se o coeficiente global de troca térmica U e a área A do trocador de calor, conforme detalhado no anexo 2. Os valores de A , e a correspondente quantidade de tubos aletados estão na tabela 6.3-5. 90 Tabela 6.3-5 – Área necessária para cada situação ambiente extrema Ar ambiente Temperatura Umidade relativa T0 ϕ0 Coeficiente global de troca térmica Quantidade de tubos aletados U Área de troca do lado do ar A 2 (m2) (ºC) (%) (W/m K) Inverno 20 20 89,4 10 16,4 Verão 35 95 86 12 20,5 Como previsto a condição mais severa de trabalho é no verão devido à elevada umidade relativa, a escolha necessária para a construção do trocador é com 12 tubos e 20,5 m2 de área de troca do lado do ar. Observa-se que o coeficiente global de troca térmica varia conforme variam as vazões de água quente e de ar, para introduzir essa variação no modelo construído no software Simulink (MATLAB) usado para a simulação, calculou-se o coeficiente global de troca térmica, para o trocador com 20,5m2, para intervalos de vazões de ar e de água quente que contenham a operação do secador dentro dos limites ambientes estudados. Os valores de U estão na tabela 6.3-6 e gráfico 6.3-1. Tabela 6.3-6 – Variação do coeficiente global de troca térmica m& aq m& g TE (kg/s) (kg/s) 3,8 4 4,2 0,5 64,3 65,4 66,3 1 74,8 76,3 77,6 1,5 79,6 81,3 82,8 2 82,5 84,3 85,9 91 Variação de U com mg TE e m aq 90 85 mgmTEg(kg/s) TE(kg/s) 2 U (W/m K) U 80 3,8 4 75 4,2 70 65 60 0 0,5 1 1,5 2 2,5 m aq maq(kg/s) Gráfico 6.3-1 - Variação do coeficiente global de troca térmica 92 7. SIMULAÇÃO E RESULTADOS Para a simulação do modelo dinâmico construído foi usado o “toolbox” Simulink do MATLAB. Usando as definições do secador, em termos de dimensões e quantidades, fornecidas no capitulo 6, “Projeto básico do Secador”, construiu-se as equações deduzidas no capitulo 5, “Modelagem” no software Simulink. As principais equações estão mostradas no anexo 3. Para mostrar o desempenho da modelagem simulou-se a operação do secador iniciando com um ambiente externo de inverno (20ºC e 20% de umidade relativa) com as variáveis de controle (vazão de água quente e ângulo do damper) ajustadas para levar as variáveis de estado: propriedades do ar úmido da célula (temperatura, pressão e umidade relativa), da água quente (temperatura de saída do trocador de calor), e da pasta (umidade de equilíbrio e umidade média ao final do percurso na célula) aos valores de operação em regime. O ponto de partida para este ajuste foram os valores para vazão de água quente e vazão de ar admitido calculados no capítulo “Projeto básico do Secador”. A simulação prosseguiu nessas condições por 5 min, tempo suficiente para o processo entrar em regime. A seguir simulou-se uma mudança no ambiente no qual o secador opera, mudouse para o ambiente de verão (35ºC e 95% de umidade relativa), sem alterar as variáveis de controle. O objetivo desse procedimento é observar a variação ocorrida nas propriedades do ar úmido e da pasta quando mudam as condições externas e o sistema de controle não atua. A simulação prosseguiu por mais 5min, tempo suficiente para o processo entrar novamente em regime. Simulou-se, então, a atuação do sistema de controle, ajustando a abertura do damper e a vazão de água quente, usando como base os valores calculados em “Projeto básico do secador”. A simulação prosseguiu por outros 5min, até o processo entrar novamente em regime. 93 Constatou-se que ao atingir novamente a condição de operação em regime as propriedades do ar úmido e da pasta voltaram aos valores desejados, indicados na tabela 6.1-1, já comentada. Os gráficos 7.1-1 a 7.1-4 ilustram a simulação descrita. Além de obter-se gráficos para ilustrar a simulação, foi montado um painel de controle no Simulink, mostrado no anexo 4, com indicadores numéricos, para uma leitura mais precisa. Observou-se que, à exceção da vazão de água quente e, em consequência, a temperatura de saída da água quente, todos as variáveis atingiram exatamente os valores previstos no “Projeto básico do secador”. A razão da diferença de cerca de 5% para o valor da vazão de água quente devese ao fato de que, no cálculo daquele valor feito no “Projeto básico do secador”, por se tratar de um valor de referência, foi adotado para o calor específico do ar úmido que atravessa o trocador de calor, um valor médio aproximado. No modelo construído no Simulink, o calor específico do ar úmido é calculado em tempo real a partir dos calores específicos do ar seco e vapor de água e da umidade absoluta do ar úmido na entrada do trocador de calor, também calculada em tempo real. 94 7.1. SIMULAÇÃO A seguir estão os gráficos com as variações das variáveis mais importantes. TEMPERATURAS 80 Te T TT 75 T ( ºC ) 70 65 60 55 50 45 0 100 200 300 400 500 600 700 Operando com variaçao de 20ºC 20% a 35ºC 95% 800 900 Gráfico 7.1-1 – Variação das temperaturas do ar úmido UMIDADE RELATIVA NA CELULA 0.82 UR ( % ) 0.815 0.81 0.805 0.8 0.795 0 100 200 300 400 500 600 700 Operando com variaçao de 20ºC 20% a 35ºC 95% 800 900 Gráfico 7.1-2 – Variação da umidade relativa 95 UMIDADE DE EQUILIBRIO NA CELULA Xe ( kg de agua / kg de pasta seca ) 0.22 0.215 0.21 0.205 0.2 0.195 0 100 200 300 400 500 600 700 Operando com variaçao de 20ºC 20% a 35ºC 95% 800 900 Gráfico 7.1-3 - Variação da umidade de equilíbrio UMIDADE MEDIA DA PASTA NA SAIDA DA CELULA X ( kg de agua / kg de pasta seca ) 0.33 0.325 0.32 0 100 200 300 400 500 600 700 Operando com variaçao de 20ºC 20% a 35ºC 95% 800 900 Gráfico 7.1-4 – Variação da umidade média da pasta ao sair da célula 96 A análise da célula para construção do modelo dinâmico indicou duas regiões características: (i) mistura de correntes de ar úmido antes do trocador de calor e (ii) ar úmido da célula como um todo. As duas regiões foram modeladas usando o mesmo método, ou seja foram estudadas como suas variáveis se alteram com o tempo. Observou-se a dinâmica da região antes do trocador de calor é muito mais rápida que a dinâmica do resto da célula, de forma que o transiente daquela região não tem influência significativa na dinâmica da célula, podendo ser estudada em regime permanente sem prejuízo dos resultados gerais da célula. Para comprovar esta última afirmação foram construídos dois modelos, um primeiro modelo com todas as variáveis calculadas por integração da expressão de sua variação com o tempo em função da própria variável e das demais, e um segundo modelo, no qual as variáveis temperatura e umidade absoluta do ar úmido antes do trocador de calor foram calculadas algebricamente, por equações resultantes da aplicação do balanço de massa e de energia para situação de regime permanente. O resultado da simulação dos dois modelos em situações idênticas mostrou que não há diferença significativa nos valores das variáveis em qualquer instante do tempo, como mostra o gráfico 7.1-5. COMPARAÇAO TE INTEGRADO E ALGEBRICO 54 Te-int Te-alg 53 52 Te ( ºC ) 51 50 49 48 47 46 45 0 100 200 300 400 500 600 700 Operando com variaçao de 20ºC 20% a 35ºC 95% 800 900 Gráfico 7.1-5 – Comparação TE algébrico x TE integrado 97 8. CONCLUSÕES Os resultados da simulação mostram que o modelo dinâmico desenvolvido neste trabalho representa adequadamente o processo de secagem contínuo, uma vez que alterando apenas as variáveis de controle disponíveis em um secador real (abertura do “damper” e vazão de água quente) o modelo reconduz o processo à condição de regime desejada, quando um desvio desta é provocado por uma perturbação no ambiente externo ao equipamento. O objetivo proposto, de modelar o processo de secagem de macarrão em secador contínuo, de maneira a obter um modelo na forma adequada para ser linearizado e usado para o projeto do sistema de controle, foi atingido, uma vez que o modelo dinâmico desenvolvido apresenta a variação no tempo de cada variável de estado em função dela mesma e das demais. Na pesquisa bibliográfica feita não foi achado modelo dinâmico para secagem de macarrão em processo contínuo, sendo este um modelo original de múltiplas aplicações. O equacionamento obtido permite uma análise dinâmica do processo, que por sua vez leva à avaliação do desempenho do equipamento permitindo uma otimização do projeto. A análise do ambiente interno do secador, temperaturas, vazões de ar úmido, umidades relativas e absolutas das diversas regiões auxiliam a compreender melhor o processo de forma a dar subsídios para melhorar a operação do equipamento e a qualidade do produto final. O modelo dinâmico presta-se ao projeto de sistemas de controle para o equipamento, e este modelo, da forma como foi construído, permite a montagem de modelos de controle multivariável, pelos métodos do espaço dos estados, que apresentam consideráveis vantagens com relação aos sistemas de controle clássicos, quando tem-se que controlar um conjunto de variáveis fortemente interligadas, como é o caso do equipamento de secagem de pasta, com sua várias células em sequência. Entre os diversos tipos de sistemas de controle que podem ser desenvolvidos pelos métodos do espaço dos estados está o “Controle Ótimo”, que permite fazer o controle de todas as variáveis, em conjunto, obedecendo uma função de otimização, que pode ser construída com diversos critérios, como minimizar o consumo de energia ou otimizar parâmetros de qualidade do produto. 98 8.1. CONCLUSÕES SOBRE A ESCOLHA DO MODELO A proximidade dos resultados obtidos aplicando-se o modelo escolhido, com os dados fornecidos por um fabricante de secadores industriais para pasta, publicados em seu catálogo, sugerem que o modelo escolhido funciona para o processo de secagem contínuo. A escolha do modelo usado para descrever o processo de secagem do macarrão deveu-se ao fato de ter-se originado de um estudo de adaptação de modelos desenvolvidos em laboratório, com a secagem de pequenas quantidades, em ambiente sob condições controladas e constantes, para uso na previsão da umidade da pasta durante um processo de secagem em secador contínuo industrial. Em etapa anterior do estudo havia-se optado por um modelo de secador no qual a mistura do ar da célula com o ar admitido se dava após o trocador de calor, como mostra a figura 8.1-1. m ar s Pvent T m ar e T0 Patm T E TT m ar v T Figura 8.1-1– Modelo de secador com mistura após o trocador de calor 99 A simulação do modelo construído para esse tipo de secador mostrou um funcionamento muito dependente das condições do ambiente externo, chegando a exigir equipamento de troca de calor de dimensões descomunais para situações de baixa umidade relativa ambiente. Com baixa umidade relativa ambiente a vazão de ar externo necessário para manter a umidade relativa interna, compensando a umidade cedida pela pasta, é muito pequena, exigindo então uma temperatura após o trocador de calor muito elevada (da ordem de 170ºC) para transportar a energia necessária para evaporar a água da pasta. Essa inadequação levou à opção pelo tipo de secador (figura 4.1-1) estudado neste trabalho. A simulação do atual modelo, discutida no capitulo 7, mostrou uma robustez deste tipo de secador com relação à variações das condições do ambiente externo, uma vez que a energia necessária para o evaporação da água retirada da pasta é transportada por uma vazão significativamente maior que a vazão do ar externo admitido, pois a maior parte da vazão dos ventiladores é direcionada para a alimentação do trocador de calor. 8.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS O modelo dinâmico desenvolvido está pronto para ser linearizado e usado para o projeto de controladores para o secador. A sugestão é projetar um controlador multivariável usando as vantagens do método de “Controle Ótimo” para gerenciar e otimizar aspectos importantes da operação do equipamento, como o uso de energia. Outra possibilidade de prosseguimento deste trabalho é buscar uma correlação mais estreita com o funcionamento de um secador industrial por meio da verificação de dados levantados experimentalmente. 100 REFERÊNCIAS (1) American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers. Fundamentals. ASHRAE Handbook. Atlanta. ASHRAE, 1997. (2) ANDRIEU, J.; STAMATOPOULOS, A. Durum wheat pasta drying kinetics. Lebbensmittel Wissenschaft und Technologie, 19 (1986), 448-456. (3) ANDRIEU, J.; STAMATOPOULOS, A.; ZAFIROPOULOS, M. Equation for fitting desorption isotherms of durum wheat pasta. Journal of Food Technology. 20 (1985), 651-657. (4) CHOKMANI, K.;VIAU, A.; BOURGEOIS, G. Analyse de l’incertitude de quatre modeles de phytoprotection relative á l’erreur de mesures de variables agro méteorologiques d’entrée. Agronomie 21, 147-167. (5) FRIEDLAND, B. Control System design. An Introduction to State-Space Methods. Mineola. Dover Publications, 2005. (6) INCROPERA, F. P.; DE WITT, D. P. Fundamentos de transferência de Calor e de Massa. Rio de Janeiro. LTC, 2002. (7) KÜÇÜK, R.; ÖZILGEN, M. Predicting dying behavior of spaghetti in a continuous industrial dryer with the models determined in a lab scale batch system. Journal of Food Processing and Preservation. 21 (1997), 245-256. (8) KUDRA, T.; STRUMILLO C. Thermal Processing of Bio-materials. Quebec. CRC Press, 1998. (9) MILATOVICH, L.; MONDELLI, G. La Tecnologia della Pasta Alimentare. Pinerolo. Chiriotti Editori, 1990, 330p. (10) ORMENESE, R. S. C.; LEITÃO, R.F.F.; SILVEIRA, N.F.A.; BALDINI, V.S. Influência da secagem à alta temperatura nas características das massas com ovos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 18, no1, Campinas, 1998. (11) PAVAN S.p.A. Long-cut pasta line – catalogo.2007. (12) VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R.E. Fundamentos da Termodinâmica Clássica. São Paulo. Edgard Blücher, 1993. (13) VILLENEUVE, S.; GÉLINAS, P. Drying kinetics of whole durum wheat pasta according to temperature and relative humidity. LWT. 40 (2006), 465-471. (14) WAANANEM, K. M.; OKOS, M. R. Effect of Porosity on Moisture Diffusion during Drying of Pasta. Journal of Food Engineering. 28 (1996), 121-137. 101 ANEXO 1 – Cálculo da capacidade térmica Cálculo de UA para a situação ambiente de 35ºC e 95% de umidade relativa T0 = 35K Te = 46.298K TT = 71.776K Taq e := 130K Taq s := 110K kg mgv = 4.2 s kg maq := 0.1 s Given ( )( mgv ⋅ cp we_ar ⋅ TT − Te ( maq := Find maq ) ( maq ⋅ cp aq ⋅ Taq e − Taq s ) kg maq = 1.441 s ) Ch := maq ⋅ cp aq J Ch = 6023.992 s⋅K Cc := mgv ⋅ cp we_ar J Cc = 4728.855 s ⋅K ( ) J Cmax = 6023.992 s⋅K ( ) J Cmin = 4728.855 s⋅K Cmax := max Ch , Cc Cmin := min Ch , Cc Cmin CR := Cmax CR = 0.785 ( ) q max := Cmin⋅ Taq e − T0 ( )( q := mgv ⋅ cp we_ar ⋅ TT − Te ε := q max = 449241.267W ) q q max q = 120479.84W ε = 0.268 NUT := 1 Given ε 0.78 1 0.22 − C R ⋅NUT −1 ⋅ NUT ⋅ e CR 1−e NUT := Find ( NUT) NUT = 0.372 UA := Cmin⋅ NUT UA = 1760.9 W K Nota: Usou-se o software Mathcad para o cálculo, as abreviaturas sofreram modificação devido à limitação do software. 102 ANEXO 2 – Cálculo do coeficiente global de troca térmica "Dimensionamento TC com tubo de 22mm.mcd" Cálculo do coeficiente global de troca térmica Uc e área Ac (quantidade de tubos) para a condição extrema de funcionamento: T0 UR ºC 35 % 95 0 w 0 kg/kg 0.03435 kg/s 4.2 m ºC/ºC 130/110 kg/s 1,4323 W/K 1748 Dados de projeto: -(T0, UR0, Taqe)=fixados como condições de projeto -mgv =vazão de ar seco através do TC em regime -(UA, maq )=calculados para garantir a temperatura TT com Taqe/Taqs = 130/110, arquivo: "Analise TC_NUT_Te.mcd" UA := 1761 W K kg mgv := 4.2 s kg maq := 1.441 s Cálculo do U Propriedades: Condutividade térmica do alumínio a 120ºC W kal := 238⋅ m⋅ K Umidade absoluta do ar wE := 0.066 Calor específico do ar seco (46ºC) cp g := 1007 Calor específico do vapor (46ºC) cp A := 1882 Calor específico do ar úmido cp 0 := cp g + wE⋅ cp A Calor específico da água quente (130ºC) cp aq := 4278 Condutividade térmica da água quente J kg⋅ K J kg⋅ K cp 0 = 1131.2 J kg⋅ K J kg⋅ K W (130ºC) kaq := 0.688 m⋅ K − 7 kg Viscosidade do ar a (46ºC) µ ar := 185⋅ 10 Número de Prandtl do ar (46ºC) Prar := 0.707 Viscosidade da água (120ºC) µ aq := 200⋅ 10 Número de Prandtl da água (120ºC) Praq := 1.24 m⋅ s − 6 kg m⋅ s 103 A expressão geral para o coeficiente global de troca térmica é: 1 1 Uc⋅ A c η 0c⋅ h c⋅ A c + Rfc η 0c⋅ A c + Rw + Rfh η 0h⋅ A h + 1 η 0h⋅ h h⋅ A h O índice "c" indica o fluido frio e "h" o fluido quente Uc =coeficiente global de troca térmica referido à área do lado do fluido frio Ac =área da superfície de troca térmica do lado do fluido frio hc =coficiente de convecção do lado do fluido frio η 0c =eficiência da aleta do lado fluido frio Rfc=resistência à condução por incrustação do lado do fluido frio Rw =resistência à condução da parede do tubo Ah=área da superfície de troca térmica do lado do fluido quente hh=coficiente de convecção do lado do fluido quente η 0h=eficiência da aleta do lado fluido quente Rfh=resistência à condução por incrustação do lado do fluido quente Com a água quente no interior dos tubos e o ar úmido no exterior aletado tem-se: Não há aletas no interior do tubo: η 0h=1 Admitindo que não há incrustações: Rfc=Rfh=0 Resulta: 1 1 Uc η 0c⋅ h c 1 + A c⋅ Rw + Ah Ac hh⋅ Adotada a seguinte configuração para o trocador de calor: Tubo diâmetro interno D i=22 mm, diâmetro externo D o=26mm Aletas diâmetro externo D al =44,1 mm, espessura t=0,304 mm Superfície CF-8.8-1.0J de Kays, W. M.; London, A. L. Compact Heat Exchangers Cálculo da resistência térmica da parede do tubo, termo A Do := 26.0mm A h_c := Di Do Di := 22.0mm ⋅ ( 1 − 0.830) Do Di⋅ ln Di Rtubo := 2⋅ kal⋅ A h_c c Rw =Rtubo A h_c = 0.144 −5 2 K Rtubo = 5.368 × 10 m⋅ W 104 Cálculo do coeficiente de convecção do lado do gás 2 Área frontal do TC (perpendicular ao fluxo de gás) A fr := 2m⋅ 0.4m A fr = 0.8m Razão entre a área de escoamento e a área frontal σ := 0.439 mgv G := σ⋅ A fr fig 11.20 Incropera kg mgv = 4.2 s Vazão mássica por m2 Diâmetro hidráulico Dh=4Ac/P Número de Reynolds G = 11.959 G⋅ Dh Re = 3794.6 µ ar Fator de Colburn 2 ms fig 11.20 Incropera Dh := 5.87mm Re := kg jh := 0.0085 − jh = 0.00671 Coeficiente de convecção do lado do gás h c := jh ⋅ Re − 2000 G⋅ cp 0 2 Prar 2000 fig 11.20 Incropera ⋅ 0.002 h c = 114.3 3 W 2 m ⋅K Cálculo da eficiência da aleta Raio maior da aleta 44.1 r2 := mm 2 r2 = 22.05mm Raio menor da aleta 26 r1 := mm 2 r1 = 13mm Largura da aleta L := r2 − r1 L = 9.05mm Espessura da aleta t := 0.304mm Eficiência da aleta η f , cf fig. 3.19 Incropera t r2c := r2 + r2c = 22.2mm 2 t Lc := L + Lc = 9.2mm 2 A p := Lc⋅ t 2 A p = 2.8mm 1 3 Com: 2 hc Lc ⋅ = 0.366 kal⋅ A p 2 Eficiência global da superfície aletada Área das aletas / área total (R ( η 0c := 1 − Raletas_total ⋅ 1 − η f ) r2c r1 = 1.7 da fig 3.19: η f := 92% η0 aletas_total ) Raletas_total := 0.825 fig 11.20 Incropera η 0c = 0.934 105 Cálculo do coeficiente de convecção do lado do líquido Para uma estimativa do número de tubos do TC será calculada a área de troca admitindo para o coeficiente global de troca térmica metade do valor do coeficiente do lado do gás. hc Uc := 2 A c := W Uc = 57.2 2 m ⋅K UA 2 A c = 30.8m Uc Área total de troca por metro de tubo: A cm := 2⋅ π⋅ r2c − r1 Quantidade de tubos consideranto 2m de comprimento: − 4 kg Di = 0.022m µ aq = 2 × 10 ms ( Como Re crítico = 2300, Reaq := ) Nuaq Reaq := 2 ⋅ 346⋅ 0.825 n := A cm = 0.8536m Ac n = 18 A cm⋅ 2 maq maq_tubo := n kg maq = 1.432 s Vazão por tubo: 1 2 2 kg maq_tubo = 0.0793 s 4⋅ maq_tubo π⋅ Di⋅ µ aq Reaq = 22958.6 4.36 if Reaq < 2300 0.023⋅ Re 0.8⋅ Pr 0.4 otherwise aq aq ( ) Nuaq Reaq = 77.242 kaq h h := Nuaq Reaq ⋅ Di ( ) h h = 2415.6 Relação de áreas nos lados quente e frio A h W 2 m ⋅K / A c = A h_c A h_c = 0.144 Given 1 Uc 1 1 + Rtubo + h h ⋅ A h_c η 0c⋅ h c ( ( ) Uc := Find Uc A c := UA Uc Quantidade de tubos ) W Uc = 81.3 2 m ⋅K UA = 1761 W K 2 A c = 21.7m n := Ac A cm⋅ 2 n = 12.7 106 Cálculo do U c com a nova quantidade de tubos n n := 13 maq maq_tubo := n kg maq = 1.432 s Vazão por tubo: − 4 kg Di = 0.022m µ aq = 2 × 10 4⋅ maq_tubo Reaq := ms kg maq_tubo = 0.1102 s π⋅ Di⋅ µ aq Reaq = 31875.5 Como Re crítico = 2300, o escoamento é turbulento Como Re crítico = 2300, ( ) Nuaq Reaq := 4.36 if Reaq < 2300 0.023⋅ Re 0.8⋅ Pr 0.4 otherwise aq aq ( ) Nuaq Reaq = 100.43 kaq h h := Nuaq Reaq ⋅ Di ( ) h h = 3140.7 Relação de áreas nos lados quente e frio A h W 2 m ⋅K / A c = A h_c A h_c = 0.144 Given 1 Uc 1 1 + Rtubo + h A ⋅ η 0c⋅ h c h h_c ( ( ) Uc := Find Uc A c := UA Uc Quantidade de tubos ) W Uc = 86 2 m ⋅K 2 A c = 20.5m n := Ac A cm⋅ 2 n = 12 Nota: Usou-se o software Mathcad para o cálculo, as abreviaturas sofreram modificação devido à limitação do software. 107 ANEXO 3 – Diagramas de bloco no Simulink [Qliq] [mgs] From76 From67 [Rar] From31 [T] Product34 From68 1 T1 [T] Integrator From26 1 s [T0] From64 [T] Temperatura [Cp0ar] From65 Product28 Product30 Goto20 [mge] From29 [Tponto] In1 Out1 T K p/ºC10 To Workspace [Mg] [R0ar] From30 From27 [T] [Cvar] Product27 Product29 From28 From25 [mge] From138 [mAP] From23 RA Product25 RA1 [T] From66 Scope73 [W0] From43 [mge] From44 Product38 [mAP] [Mg] From45 From46 Scope89 1 s [W] Integrator2 Umidade do Ar Product39 [Wponto] Goto26 w To Workspace2 108 1 [T] P1 From42 Integrator1 [Rar] 1 s Product37 Product24 From41 [P] Pressão [Tponto] V From70 RA5 P [P] [mge] From40 Product26 From69 RA [T] RA2 From71 [mgs] To Workspace1 [P] Product32 From24 From72 [Wponto] From73 [Rar] From74 Taqe Temp entr agua quente 1 Taqs [Te] [maq] maq1 Caq Calor esp agua quente Product41 From48 Mm 1 s [TT] Massa do metal Integrator4 From49 Cm Calor específico Product43 do metal [mgte] [Taqs] Temp de saida da agua quente Product45 From50 [CpTear] From51 Product42 Maq Massa de agua quente Caq Calor específico de agua quente Product44 109 [T ] From152 [Te] From151 [cp_we_w] From143 [W] From144 Product91 1 mgv 18 CpA8 Product87 [T 0] From157 [f] [T e] From145 From156 [cp_we_w0] From153 [W0] From154 Product93 1 19 [mge] Product92 From158 Integrator3 1 s [W] From167 Product103 1 23 Product98 mgv [Mg_Te] CpA12 From172 [Cvar_Te] [we] From173 From165 1 22 [Te] Goto32 Product97 [mgte] From166 [W] From155 1 21 Product96 [mgs] From163 [W0] [Rar_Te] From162 From159 1 20 Product95 [mge] [Te] Product94 From161 From164 110 [W] From176 Product104 [we] From174 mgv CpA13 [W] Integrator5 From178 Product105 [we] From177 1 s [we] Goto33 [mgs] From175 [W0] From181 Product106 [we] From180 [mge] From179 111 ANEXO 4 – Painel de controle no Simulink 112