INSTITUTO DE ESTUDOS VALEPARAIBANOS 38 ANOS NESTA EDIÇÃO: Nossa Opinião Dr.Hugo menico Di 2 Do- Convite Vale do Colonial Paraíba 3 Cousas e Lousas 4 Dom Pedro, Gua- 6 ratinguetá e a Independência Minha Terra Mi- 6 nha Gente: A Viagem Continua Lorena no Século 7 XIX: Esplendores de Lorena O Santuário São Benedito de 8 EXPEDIENTE: Jornalista Responsável: Nelson Pesciotta Mtb . 2032-DET-SP Conselho Editorial: Francisco Sodero Toledo Edição: Diego Amaro de Almeida Impressão: Gráfica Santa Teresa Distribuição Gratuita Os Artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores Nº 221—JULHO/AGOSTO DE 2011 I N FOR MAT I VO - IE V IEV—SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS XXV Simpósio de História O XXV Simpósio de História do Vale do Paraíba esse ano foi realizado em parceria com o UNISAL, tendo como Presidente o Prof. Francisco Sodero Toledo. Sua abertura ocorreu a 30 de junho às 19h, com uma apresentação musical do Prof. Davi Coura Borges que desenvolve um projeto de musicas com temas do Vale do Paraíba; em seguida tivemos a abertura solene, quando o Prof. Sodero apresentou os Anais do Simpósio que estão disponíveis no endereço eletrônico: http:// www.valedoparaiba.com/ simposio/anais/ , onde podemos encontrar todos os artigos dos trabalhos apresentados neste ano. Em seguida foi apresentado um vídeo contando a história do 24 primeiro simpósios, que pode ser assistido através do endereço eletrônico: http:// www.youtube.com/user/ portalvpcom#p/u/8/_Ls7g_4i-yU Na seqüência houve uma mesa de debates onde Thereza Regina de Camargo Maia, Tom Maia, Joaquim Roberto Fagundes e Julio Soares Fidelis, debateram a importância dos arquivos para a pesquisa e educação no Vale. de e encera na Casa onde viveu o Conde Moreira Lima . Ainda neste dia tivemos uma apresentação cultural que contou com poetas e músicos de Lorena. Também foram premiados trabalhos que foram apresentado durante o dia 01, nas categorias Comunicação e Painel. No último dia de Simpósio tivemos a palestra do Prof. Dr. Renato Leite Doutor em Economia pela FEA/USP (1998). Atualmente é Professor Associado da FEA-RP/USP. Atua na área de história econômica e demográfica, principalmente nos seguintes temas: desigualdade regional, acumulação de riqueza, cafeicultura, posse de escravos, crédito hipotecário, comércio e ciclo de vida. Sua palestra tra- Como Grupo de pesquisa: Suele França Costa com o tema: “A importância dos acervos escolares como campo de pesquisa, espaço e memória”. Na categoria Painel os premiados foram: Gilberto L.C. Barbosa com o tema: “A outra História - Algumas reflexões de Eric Hobsbawm”. E também de Gilberto L.C. Barbosa, “Variações sobre a técnica de gravador no registro da Informação viva”, e de Dilma Falcão da Silva com tema: “A importância da Pesquisa em Folkcomunicação e a rede FolkCom”. Como tema para o próximo Simpósio foi escolhido através da votação aberta. “O Vale do Paraíba e a Memória do Trem”, a sede ainda não foi definida. E no encerramento do primeiro dia de trabalhos tivemos uma palestra sobre o futuro da pesquisa, proferida pelo Sr. Walter Olivas, do Portal My Heritage. No dia 1 de julho ocorram as comunicações dos trabalhos orais e banners. Também neste dia houve um passeio pelo, “ Quadrilátero Sagrado de Lorena”, este roteiro, saí da Basílica de São Benedito, passa pela casa onde viveu o escritor Euclides da Cunha e segue para o Palacete Veneziano, em seguida vai para a Igreja do Rosário, passa pela Catedral da Pieda- Na categoria comunicações: Como graduação: Rafaela Molina de Paiva com o tema: “A História como veículo de aproximação aluno, comunidade e escola” e Amanda Vieira de Oliveira Monteiro com o tema: “Registros da história: as touradas de Taubaté”. Como pósgraduação: Claúdia Isabel R.Santos com o tema: “O momento - Um arauto de Cruzeiro em 1933”. tou das diversas formas de pesquisas relacionadas com o estudo a partir da documentação. O Professor Renato também recebeu o Prêmio Marcello de Ipanema, premio que é concedido ao simposista que percorreu maior distância para participar do Simpósio. E o pesquisador Roberto Guião apresentou o trabalho que vem desenvolvendo com a documentação da Fazenda do Vale Fluminense E ao final do evento aconteceu o almoço de confraternização do IEV, que também comemorou a realização do seu simpósio de prata. O simpósio contou com 96 participantes inscritos. Foto 1: Prof.Dr. Renato Leite Marcondes - Foto de Andréia Marcondes Foto 2: Comissão Organizadora - Foto de Jenyfer Ramos INFORMATIVO-IEV Página 2 Nossa Opinião No último dia 18 de agosto foi realizado em Lorena um importante evento popular: a audiência pública para a apresentação do projeto de uma usina termoelétrica em Canas, município distante menos de 5 quilômetros de Lorena, de quem já foi um distrito antes de emancipar-se. Esta assembléia já é, pelo simples fato de ter se realizado, um feito auspicioso, mas foi muito importante por ter reunido considerável número de pessoas – cerca de 300 (de Lorena, principalmente, mas também de Canas e outras cidades vizinhas), numa época em que os assuntos de interesse público não ganham maior ressonância, senão quando já se tornaram fatos consuma- dos..Ouvindo, discutindo e opinando, o povo pode exercer o seu poder –aspecto essencial do regime democrático, pois embora já lhe seja assegurada essa força pela eleição dos seus representantes políticos, a vontade da maioria da população, quando esclarecida e livre,dá rumo ao comportamento dos legislativos e executivos. No exercício desse poder, a população valeparaibana vem obtendo melhorias para sua vida; um destaque é a preocupação com a qualidade do ar e da água – questão que está no âmago do assunto que aqui foi discutido. Se algum progresso na qualidade da água do Rio Paraíba do Sul já foi conseguida, como assegura a Cetesb ao divulgar resultados de suas análises, isto se deve em grande parte à pressão popular que já tornou possível a instalação do tratamento dos esgotos (afinal lançados no Paraíba) em muitas localidades. Essa melhoria de qualidade deve ser recebida com entusiasmo mas também com reservas porque nos seus mais de mil quilômetros de trajeto, o Rio Paraíba do Sul continua recebendo muitos afluentes que, por seu turno, também merecem tratamento especial.Nossa esperança é que o povo continue alerta, aplicando sua força no sentido da melhoria da qualidade de vida em todo o Vale do Paraíba. Termelétrica de Cuiabá, exemplo da que buscam instalar no Vale do Paraíba Dr. Hugo Di Domenico Filho de imigrantes italianos, Hugo Di Domenico nasceu em 4 de agosto de 1914, em Lorena, cidade em que residiu até 1930. Aos 17 anos foi para o Rio de Janeiro, onde se formou médico na Faculdade de Medicina que, à época, ficava na Praia Vermelha. Já formado foi para Taubaté por influencia do cunhado médico, Dr. José Cembranelli, exercendo por 40 anos a medicina clínica e cirúrgica, atuando no antigo Hospital Santa Isabel como diretor do Pronto Socorro, chefe da enfermaria médica de mulheres do departamento de Patologia. Foi também um dos primeiros professores da Faculdade de Medicina de Taubaté e diretor do Centro de Saúde de Taubaté, no qual se aposentou há 20 anos. É Casado há 70 anos com D. Maria Henriette Baum Di Domenico, com quem tem três filhos e cinco netos. De seu grande interesse pelos estudos de línguas, desenvolveu o domínio fluente de seis idiomas e pesquisou profundamente a língua tupi-guarani, a qual considera exercer influência direta na nossa linguagem do cotidiano, principalmente no Vale do Paraíba. Essa pesquisa deu origem aos livros “Toponímia e Nomenclatura Indígena de Taubaté (1976) e “Fitonímia e Zoonímia Indígenas de Taubaté” (1981) e agora ao “Léxico Tupi-Português”, em que, além da etimologia dos vocábulos indígena, acrescenta suas várias grafias de acordo com diferente autores. Hoje aos 97 anos, ainda exerce parcialmente a clínica médica. Dr. Hugo é membro efetivo do IEV Dr. Hugo di Domenico e sua mais recente obra. “Léxico Tupi-Português” Convite para elaboração de obra coletiva Convido os pesquisadores, estudiosos e demais interessados para participar e colaborar da construção da Enciclopédia online. Uma obra coletiva, on-line, de conteúdo aberto, publicada em formato de verbetes disponível para reprodução. Seguem algumas informações básicas sobre o projeto: Endereço eletrônico: www.valedoparaiba.com e-mail para contato: enciclopé[email protected] MISSÃO: transmitir a cultura local e regional para o mundo, valorizando a terra, o povo e as tradições. META : disponibilizar informações e conhecimentos sobre os municípios que compõem a região do Vale do Paraíba e áreas limítrofes ligadas pelo mesmo passado e raízes históricas, como o litoral norte de São Paulo, o litoral sul-fluminense e o sul de Minas Gerais. OBJETIVO DA PARTICIPAÇÃO DOS AUTORES: colaborar na implantação do maior centro on-line de informações e de conhecimentos sobre a região do Vale do Paraíba e áreas limítrofes. META DA ENCICLOPÉDIA: produzir e disponibilizar 1.000 verbetes até dezembro de 2011 e ampliar o conteúdo sobre os municípios da região. PROJETO: autoria – portal valedoparaiba.com com apoio cultural do UNISAL-Lorena. http:// disponível em: www.valedoparaiba.com/ Enciclopedia/home.aspx ATIVIDADES PREVISTAS: - revisão, correção e ampliação dos conteúdos dos verbetes publicados; - preparação de conteúdo e de imagens; - produção de verbetes. Sugestões de atividades: Apresentação de conteúdos relacionados com os 12 itens em que está dividida a obra e sugestão de novos itens. Sugiro que “naveguem” pela Enciclopédia, acessando pelo endereço indicado e os que se interessarem e puderem participar ou precisarem de novos esclarecimentos escrevam para enciclopé[email protected] ou então liguem para (12) 31522937. Toda colaboração será muito importante. Será garantido o crédito de autoria e o nome do autor passará a figurar na home-page site do projeto. O projeto apresenta uma oportunidade única de mostrar a nós mesmos e ao mundo interligado por via eletrônica o que somos e sabemos a respeito da nossa terra e de nossa gente. Ficarei feliz com a adesão dos colegas. Francisco Sodero Vice-presidente do IEV Seu “Léxico TupiPortuguês”, editado pela Universidade de Taubaté (UNITAU) tem 1.080 paginas, com cerca de 70.000 verbetes. Dr. Hugo é membro efetivo da Academia Taubateana de Letras, da Academia de Letras de Lorena e é membro efetivo do IEV. Nº 221—JULHO/AGOSTO DE 2011 Página 3 Vale do Paraíba Colonial: uma rede mercantil em expansão com predomínio de mão de obra indígena Regina Kátia Rico Santos de Mendonça No mês de julho, aconteceu o “XXV Simpósio de História do Vale do Paraíba em Lorena, cujo tema escolhido foi “A importância dos arquivos para a pesquisa e o ensino na perspectiva do século XXI”. Durante a apresentação dos trabalhos houve uma troca de experiências riquíssimas, onde cada pesquisador utilizou de fontes diversas para a montagem de seu trabalho. Em particular o meu tema de pesquisa é “Escravidão indígena no Vale do Paraíba: exploração e conquista dos sertões da capitania de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, século XVII”, que nasceu de uma monografia (UNITAU) e se desenvolveu numa dissertação de mestrado (USP). Durante a apresentação no simpósio, procurei enfatizar os diversos documentos que utilizei durante 17 anos de pesquisa. Mostrar que não só a documentação primária e secundária foram importantes para análise da pesquisa como documentos iconográficos, como mapas de época e gravuras de viajantes fizeram com que refletíssemos sobre a questão da mão de obra utilizada na região do Vale do Paraíba nos finais dos quinhentos, durante o seiscentos e por que não dizer início dos setecentos. Uma das dificuldades que encontrei durante a pesquisa foi a necessidade de paleografar os documentos da época além de analisá-los, muitos dos quais se encontram em estado de decomposição. Sugeri durante o simpósio que os arquivos da região do Vale do Paraíba devessem preservar de forma mais eficaz esta documentação. Existe na Universidade de São Paulo, junto ao Instituto de Estudos Brasileiros, técnicas para conservação destes documentos, no qual poderá ser feita a reconstrução do material, digitalizá-lo, microfilmá-lo se caso for necessário. Todo processo é acompanhado pelo responsável do arquivo que fica incumbido em manter preservada a documentação e divulgá-la junto aos pesquisadores que necessitam destes documentos para desenvolver seus trabalhos. Voltando ao tema pesquisado, a dissertação de mestrado teve por objetivo refletir, analisar e apreender o sistema que envolveu o trabalho compulsório indígena na região do Vale do Paraíba Paulista, época do surgimento de novos povoados e vilas ligando a região de São Paulo (inclusive o oeste paulista) – Vale do Paraíba – Sul de Minas Gerais – Rio de Janeiro (via Parati), Neste contexto através de documentos de inventários, testamentos, cartas de alforria, Atas da Câmara da vila de São Paulo e da vila de São Francisco das Chagas de Taubaté, além de documentos diversos como Alvarás, Requerimentos, Pareceres do Conselho Ultramarino, Livro do Tombo ligado ao Arquivo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (fundação do Convento de Santa Clara em Taubaté), foi possível verificar que as entradas de apresamento indígenas e de prospecção de minérios exterminaram e escravizaram várias nações indígena. Com certeza ainda há muitas lacunas sobre o cotidiano dos colonos valeparaibanos, religiosos e indígenas, agentes históricos que deram início à formação das vilas no Vale do Paraíba. Não deixando de anotar a presença do negro africano que também participou desta formação. Ao questionarmos a escravidão no Brasil Colonial, é necessário procurar reconstruir a história olhando todos os aspectos daquela sociedade, daquele período, seja político, econômico, social, religioso e cultural. Dentro do que foi pesquisado dividimos o trabalho em três capítulos sendo o primeiro questionando sobre o cotidiano dos paulistas, religiosos, indígenas no final do século XVI e início do XVII. Como acontece os relacionamentos entre estes agentes históricos, a formação de entradas e armações que tinham a finalidade de apresar indígenas e encontrar minérios na região da serra de Sabaraboçu. O segundo, percebemos na documentação analisada a preocupação com os caminhos em direção ao sertão, a reorganização do apresamento modificando grandes expedições para pequenas armações com apoio da igreja (principalmente a ordem Carmelita e a Franciscana). E o terceiro a reflexão sobre o processo de disputa de terras entre os Monsanto e os Vimieiro, mas o que mais enfatizamos foram a formação dos povoados e vilas, a forte influência carmelita e franciscana, o desenvolvimento econômico, social da região e principalmente o trabalho compulsório indígena que predominou naquele período. Após longa análise e estudos concluímos que na região do Vale do Paraíba Paulista do período colonial, não houve uma ruptura entre o rural e o urbano das vilas, mesmo após encontrar as minas de ouro no final do século XVII, existiu uma interligação, uma interdependência, uma grande articulação e dinamismo destas áreas seja no sentido social, econômico e político. O processo de mercantilização se expande, aumenta o intercâmbio entre a Região Mineradora, o Vale do Paraíba, São Paulo,Rio de Janeiro (Florestan Fernandes,Mudanças sociais no Brasil,p.206-209). Foi neste contexto que a procura pela mão de obra indígena cresceu, não que o negro africano não fosse utilizado, pelo contrário, o estereótipo do índio incapaz convinha à Coroa e aos traficantes, que tinham no comércio de africanos fabulosa fonte de lucros. Do ponto de vista legal, os índios aldeados eram homens livres, postos na condição de tutela. Já os índios presos por “resgate ou guerra justa” eram explorados como inimigos da Coroa Portuguesa, porém nos inventários e testamentos no rol de peças os escravos indígenas são denominados como gentio da terra, peças do gentio, peças de serviço, etc. Essa foi à forma que os colonos encontraram para burlar a lei que proibia o cativeiro indígena (Beatriz Perrone-Moisés, “Ìndios livres e índios escravos.”In:Manuela Carneiro da Cunha,Historia dos índios no Brasil,p.12). Cresce a doação de sesmarias nesta região mostrando a importância em preservar os caminhos que favoreciam a expansão mercantil paulistana, os arrendamentos dos contratos e dos direitos de passagem favorece o monopólio nas mãos de uma elite local. Era a ordem do Império Português, que atendia tanto à Coroa quanto às elites locais, o fortalecimento do estado patrimonialista da elite senhorial dentro de um quadro estamental-escravista. Não haviam antagonismos estruturais, nem rupturas, mas inúmeros interesses em comum (Stuart B.Schwartz, Segredos internos,p.337338). Sugestões Bibliográficas: FERNANDES, Florestan. “Caracteres rurais e urbanos na formação e desenvolvimento da cidade de São Paulo.” In: Mudanças sociais no Brasil. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1974. PERRONE-MOISÉS,Beatriz.”Índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista.” In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil,São Paulo: Companhia das Letras, 1992 SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo, Companhia das Letras,1988. Profa.Ms. Regina Kátia Rico Santos de Mendonça, membro do IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos), Professora de História e Geografia e Pesquisadora da História Regional. “...há muitas lacunas sobre o cotidiano dos colonos valeparaibanos, religiosos e indígenas, agentes históricos que deram início a formação das vilas no Vale do Paraíba.” Índios e Colonizadores - Imagem de Debret INFORMATIVO-IEV Página 4 Cousas e Lousas 1 - A Santa Casa de Misericórdia de Pindamonhangaba mantém, ao lado do hospital, o Museu Histórico Provedor Dino Bueno, fundado em 6 de agosto de 1863. O Museu pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 7.30 às 11 h e das 13 às 17 horas. 2 - “O Jambeirense”, jornal de circulação mensal da cidade de Jambeiro, no Vale do Paraíba Paulista, conta com 107 anos de circulação. É um dos mais antigos do país. acervo de Rio Branco, que ficará sob a guarda a AMAN, em Resende. Centro de Estudos”,de Edson Balieiro.Com o prestígio da Academia de História local. 9 - Causa muita preocupação em Taubaté o prédio da Igreja do Rosário, cujo teto ameaça ruir e as paredes mostram-se inseguras. O imóvel é tombado. 17 - Em Cunha, no dia 2 de julho, aconteceu a abertura das câmaras do Forno Noborigame dos artesão Suenaga e Jardineiro. 10 - Pressão popular levou o prefeito de Caçapava a vetar projeto de lei que autorizava a instalação no município de indústria que manipula chumbo. Estão felizes os ambientalistas. 3 - Vinte e três deputados estaduais paulistas agregaram-se numa Frente de Defesa do Rio Paraíba do Sul. Coordena o grupo o deputado Padre Afonso Lobato, que é de Taubaté. 11 - Está havendo em Lorena e outras cidades vizinhas muita pressão para impedir a instalação, em Canas, de uma central termo-elétrica movida a gás. 4 - A cidade mineira de Cataguases e seus distritos terão rede de esgotos até uma ETE a ser construída pela COPASE, conforme acordo entre a Prefeitura Municipal e o Governo de Minas Gerais. Cataguases integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. 12 - Na cidade de Paraíba do Sul (Vale do Paraíba Fluminense) está sendo esperada a reabertura de uma ferrovia de 14 km que liga a cidade aos distritos de Werneck e Cavarú, trecho que compunha a Estrada Real. Está sendo restaurada uma locomotiva de 1910. 5 - Municípios valeparaibanos paulistas receberão ETEs (Estações de Tratamento de Esgotos) que a SABESP construirá. Entre eles, Areias, cidade onde Monteiro Lobato foi Promotor Público. Também Aparecida, cuja demanda é muito grande pela freqüência de romarias. Até hoje a cidade não tem tratamento dos esgotos. 6 - A Academia Barramansense de História está muito ativa e realizou uma sessão de estudos no dia 29 de julho. Agradecemos o convite. 7 - Nosso companheiro Antonio Fernando Costela, pela Editora Mantiqueira, mantém em Campos do Jordão, na av. Eduardo Moreira da Cruz, 295, na Vila Jaguaribe, o Museu da Casa da Xilogravura. Vale a pena visitala. Só fecha às terças e quartas feiras; nos outros dias está aberto das 9 às 12 e das 14 às 17 horas, No momento exibe preciosa coleção de xilogravuras chinesas. 8 - Nosso companheiro Cel. Bento, de Itatiaia/Resende, recebeu, por intermédio do Embaixador Roberto Luís, para a Federação das Academias de História Militar Terrestre do Brasil, importante 13 - Pela JAC Editora, de S. José dos Campos, nosso companheiro Benedito Sérgio Lencioni, exprefeito de Jacareí e presidente da Academia de Letras da cidade, lança interessante obra com o título “O Corneta da Morte – Ensaio sobre a Verdade na História”, em que discute a figura de um escravo que se tornou corneteiro na Guerra do Paraguai . 14 - Prossegue em Lorena o curso de Educação Patrimonial e Ambiental, ministrado pelas companheiras arquiteta Sônia Bueno Affonso e jornalista Federica Giovanna Fochesato, em sequência ao Projeto NEPA, declarado Ponto de Cultura. Estão inscritos, neste ano, professores das redes municipais de ensino de Piquete, Canas, Cachoeira Paulista, Areias, S. José do Barreiro e Bananal. 15 - Cybelle M. de Ipanema, nossa companheira do Rio de Janeiro, é presidente do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado; o IHGRJ tem sede na Av. Augusto Severo, 8, 12. andar, Glória, CEP 20021-040, Rio de Janeiro, RJ. E-mail do Instituto: [email protected] 16 - Dia 9 de junho, em Resende, foi lançado o livro “Memórias do 18 - Filiaram-se ao IEV recentemente: Neusa Conceição Figueira Vereschi, de Guaratinguetá, Regina Kátia Rico Santos de Mendonça, de Taubaté, e Antonio Tadeu de Miranda Alves, de Lorena. Os últimos são mestres em História. 19 - Ganhou destaque na imprensa regional recentemente, a Cachoeira do Pimenta. Tal beleza natural está em Cunha, em lugar privilegiado, a 10 km do centro da cidade. 20 - Pela Imprensa Oficial de S. Paulo acaba de ser lançada a obra “Impressões do Brasil”, do prof. Roger Bastide, francês que foi, na década dos 50, professor da Faculdade de Filosofia da USP 21 - Em Guaratinguetá,a Câmara Municipal aprovou a criação doFundo Municipal do Meio Ambiente. Entre os objetivos da importante lei, o pagamento de agricultores pela preservação das nascentes no município. 22 - Com pesquisa de José Tavares Correa Lira, saiu pela EditoraCosac Naify, “Warchavchik”: fraturas das vanguarda, homenagem ao arquiteto que se notabilizou pelas obras modernistas que implantou em S. Paulo desde sua chegado ao Brasil em 1923 . Percival Tirapelli Percival Tirapelli, nosso companheiro de S. Paulo, inaugurou no dia 22 de agosto, como curador, no Museu de Arte Sacra da Capítal, uma exposição de Oratórios Barrocos. 23 - O Instituto Moreira Salles editou “Desenhos e aquarelas de Portugal e do Brasil”, de Charles Landsar-1825-1826”. Tradução de Cláudio Alves Marcondes 24 - A cidade de Paraibuna tem mostrado cuidado com sua memória. Ainda há pouco foram lançados dois volumes da coleção Parahybuna, História e Cidade e mais uma reprodução do Código de Posturas da Câmara Municipal e o Almanache de Parahybuna, organização do nosso companheiro Luís de Gonzaga Santos, ex-prefeito do município. Um volume – “Parahybuna” é de augtoria de João Netto Caldeira. Aula de Patrimônio Ambiental realizada pelo projeto NEPA no UNISAL. Foto: Arquivo IEV Nº 221—JULHO/AGOSTO DE 2011 Página 5 Lista Parcial dos Livros Adquiridos pelo Projeto NEPA no ano de 2011 N Livro Autor 1 1932 - Imagens de uma Revolução Villa, Marco Antonio 2 Anna de Assis - Histria de um Tragico Amor - Euclides da Cunha, Anna e Dilermando de Assis Andrade, Judith Ribeiro de 3 Avaliação de Impacto Ambiental - Conceitos e Métodos Sánchez, Luis Enrique 4 Barões do Café Faria, Sheila de Castro 5 Debret e o Brasil - Obra Completa Lago, Pedro Correa do; Bandeira, Julio 6 Do Nicho ao Lixo - Série Meio Ambiente Scarlato, Francisco Capuano 7 Energia e Meio Ambiente - Tradução da 4ª Ed. Hinrichs, Roger A 8 Escritos de Euclides da Cunha - Política, Ecopolítica, Etnopolítica Rosso, Mauro 9 Euclidiana - Ensaios Sobre Euclides da Cunha Galvao, Walnice Nogueira 10 Ferrovia, Sociedade e Cultura - 1850-1930 Lima, Pablo Luiz de Oliveira 11 Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha - 2ª Ed. 2009 Eluf, Luiza Nagib 12 Matar para Não Morrer Del Priore, Mary 13 Mazzaropi - Uma Antologia de Risos Duarte, Paulo 14 O Vale do Paraíba e a Arquitetura do Café Telles, Augusto C Silva 15 Saneamento, Saúde e Ambiente - Fundamentos para um Desenvolvimento Sustentável Philippi Jr., Arlindo 16 São Paulo Artes e Etnias Tirapeli, Percival 17 TAUNAY E O BRASIL - Obra completa 1816-1821 Pedro Corrêa do Lago 18 Turismo, Sustentabilidade e Meio Ambiente Arndt, Jorge Renato Lacerda 19 Vale do Paraíba - Velhas Fazendas Holanda, Sérgio Buarque de 20 Tráfico, Cativeiro e Liberdade - Rio de Janeiro, Séculos XVII - XIX Florentino, Manolo 22 Arte Brasileira no Século X I X Pereira, Sonia Gomes 22 Turismo e Patrimônio Cultural - Interpretação e Qualificação Costa, Flavia Roberta 23 Geografia, Turismo e Patrimônio Cultural Paes, Maria Tereza Duarte 24 A Tutela do Patrimônio Cultural Sob o Enfoque do Direito Ambienta Marchesan, Ana Maria Moreira 25 As Cidades Brasileiras e o Patrimônio Cultural da Humanidade Silva, Fernando Fernandes da 26 Paradigma Biocêntrico: Do Patrimônio Privado ao Patrimônio Ambiental Silva, José Robson da 27 1822 Gomes, Laurentino 28 Era dos Extremos - O Breve século XX Hobsbawm, Eric INFORMATIVO-IEV Página 6 Dom Pedro, Guaratinguetá e a Independência Benedito Dubsky Coupé Tendo partido do Rio de Janeiro a 14 de agosto de 1822, o Príncipe Regente D. Pedro chegou à Vila de Lorena na tarde de 18 de agosto. Na vizinha Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá já havia grande agitação. Desde 20 de julho, como se vê no Auto de Vereança extraordinária ferviam as notícias. O boato da viagem do Príncipe a São Paulo agitou ainda mais os ânimos, tendo a Câmara de Guaratinguetá, a 17 de agosto, deliberado enviar o professor Francisco de Paula Ferreira à Vila de Lorena, para saudar o Príncipe e lhe entregar um ofício. Foi, ainda, passado edital aos guaratinguetaenses, ordenando que fossem arrumadas e caiadas as frentes das casas, que fossem prontificadas as ruas e iluminadas as fachadas, na noite em que aqui pernoitasse o ilustre visitante. Santo Antônio de Guaratinguetá era, nesse ano de 1822, uma pequena Vila, com uns 7 mil habitantes, mas já teria alguma prosperidade, trazida pela exploração do açúcar e da aguardente. Segundo Saint-Hilaire, era uma vilazinha mais comprida do que larga. Mas, que pela planta levantada por Arnaud Julien Pallière, em 1821, na parecia assim ser tão estreita... No dia 19, a cavalo, bem à frente de sua pequena comitiva, vindo de Lorena pela Estrada Geral, o Príncipe chega a Guaratinguetá e atinge a Ponte da Estalagem. Daí, rumando para a Rua da Cruz Grande, atualmente Marechal Deodoro, chega à casa do Capitão-Mor Manoel José de Melo, logo abaixo da ladeira, na esquina dessa rua com um estreito beco, onde mais tarde se abriria a Rua do Mercado (hoje 9 de Julho). Era o Capitão-Mor um grande senhor de engenho, e sua casa apresentava certo luxo e algumas comodidades. Nela se preparou o jantar e bem assim o pernoite de Sua Alteza Real. Tendo os comestíveis sido apresentados em riquíssima baixela de ouro, acompa- nhada de talheres dourados, o fato causou a admiração de D. Pedro, a que o Capitão Mor teria respondido simplesmente: “As posses dão, Real Senhor” (tradição oral anotada pelo Dr. J. B. Rangel de Camargo). Baseado ainda em relato de Lucia de Melo, bisneta de Manoel José de Melo, relata Carlos Eugênio Marcondes de Moura que “o anfitrião preparou para o Príncipe os melhores aposentos, e ele mesmo recolheu-se a outras dependências da casa”. Manoel José de Melo, porém, não se privou, ainda que nessa ocasião tão especial, de dormir em seu grande leito com baldaquim e cortinado de seda, talhado em jacarandá, e que se conservou na família até 1932, quando foi queimado pelos soldados legalistas. Nesse mesmo dia 19, D. Pedro recebeu do Cônego Antônio Moreira da Costa uma mensagem enviada pelo clero de Taubaté, que foi respondida e datada do Paço de Guaratinguetá, tendo assinado também outros papéis e portarias. No dia 20 de agosto teve prosseguimento a viagem do Príncipe e sua comitiva, à qual se incorporaram dois guaratinguetaenses, além do Capitão-Mor Manoel José de Melo, os jovens José Monteiro dos Santos e Custódio Leme Barbosa. O Alferes José Monteiro dos Santos era filho do Sargento-Mor Máximo dos Santos Sousa e de Ana Policena Angélica de Jesus. Nasceu em Guaratinguetá em 1779,serviu em Cunha, foi eleitor do Partido Liberal e Vereador. Alferes da Guarda Nacional, foi proprietário da Fazenda Pau Grande, tendo sido casado com Anacleta Delminda de Jesus e, em segundas núpcias, com Maria Madalena de Meireles Sousa. Faleceu em Guaratinguetá, em 1870. O Alferes Custódio Leme Barbosa (1799-1833) era filho do Sargento-Mor Lourenço Leme Barbosa e Ana Francisca Romeiro. Casou-se com Maria Ribeiro de Jesus, tendo o casal uma única filha, Custódia Ribeiro de Jesus, casada com seu primo Tenente Coronel José Leme Barbosa seguiu a tradição da família, os “poderosos senhores Lourenço”, que mantinham tropas “a botar carga para a Vila de Paraty.” A comitiva seguiu o Príncipe D. Pedro, subindo a ladeira da Cruz Grande, passando pelo Largo da Matriz (que tinha então apenas a torre direita), ganhando o rumo da Rua da Figueira. Essa figueira, que se erguia no fim da Rua Visconde, foi derrubada há alguns anos e nela D. Pedro teria gravado suas iniciais, fato depois relatado por Zaluar em 1860. Pela atual Rua Siqueira Campos, a comitiva seguiu no rumo da Capela de N. Sra. Aparecida e daí para Pindamonhangaba. Nessa vila foi criada a Guarda de Honra do Príncipe D. Pedro, na qual foram integrados José Monteiro dos Santos e Custódio Leme Barbosa. Deste modo, na tarde memorável de 7 de Setembro de 1822, às margens do Ipiranga, esses dois guaratinguetaenses estiveram presentes aos fatos que marcaram nossa emancipação política. Prof. Benedito Dubsky Coupé, falecido em 19 de julho de 2011, membro do IEV de Guaratinguetá. Capa do Livro Vento Rio Acima, que conta a história de Guaratinguetá. Uma importante obra do Prof. Coupé. Minha Terra Minha Gente: A Viagem Continua Julia San Martin Boaventura Domingo Como era esperado e desejado o domingo! As mulheres? Roupa especial, diferente da dos outros dias.havia a bolsa e o sapato – de salto alto- combinando na cores. A saia rodada com várias anáguas.Os homens? O terno bem apresentável com um vinco na calca tão bem passado que parecia quebrar, o sapato engraxado com esmero,colarinho engomado, tudo dentro dos figurinos da moda. Tênis ?! imagine, quem saísse de tênis ou conga no domingo,esse tipo de calçado única a exclusivamente era usado nas aulas de ginástica ou por pessoas da classe menos abastada.Sobre o tênis, lembro-me de que a sua limpeza era executada em casa passando uma escova envolvida em alvaiade misturada com álcool. Em tecido grosso não eram sofisticados como agora. Voltemos ao assunto De manhã O ponto de destaque era a missa das dez Matriz, oficiada pelo pároco João José de Azevedo e freqüentada pela elite pindense principalmente pelos mais jovens. As senhoras e senhores mais idosos assistiam a missa das seis da manhã. No coro, o som do órgão dedilhado ora pelo maestro João Antonio Romão ora pelo professor Alexandre Salgado.O término dessa cerimônia religiosa trazia ao jardim da Cascata a beleza e a vivacidade na presença de rapazes e mocas. Estas, no verão,empunhavam elegantemente graciosas sombrinhas,protetoras da luz solar.Em grupos, aos pares,todos ocupam os bancos assombreados por copadas arvores, estreitando amizades, combinando passeios esperando o momento de se dirigirem à Estação da central do Brasil. Sim, a Estação.Para que? para apreciar a chegada do rápido das 11 horas.O Sr. Vicente Reis de Oliveira, Agente da Estação, esmerava-se para que esse local tivesse jardins floridos e bem tratados além da limpeza costumeira.O rápido era o meio de locomoção mais sofisticado da época. Mais caro,mais bonito,muito mais confortável que o expressinho. De maneira envernizada num tom avermelhado. Oferecia cadeiras de couro, panos brancos nos encostos e carro restaurante, Nº 221—JULHO/AGOSTO DE 2011 saia de são Paulo e se dirigia ao Rio de Janeiro em aproximadamente doze horas.Trazia gente importante, desconhecida, rapazes, mocas bonitas, bem arrumados, e de chapéu ,cuja alegria se estampava quando,nas janelas,davam,adeuses e sorriam aos curiosos agrupados nas plataformas das estações. Também chegavam e partiam alguns pindenses, cuja viagem já saíra como noticias no jornal Tribuna do Norte e por esse motivo centralizaram os comentários nas tertúlias.’ “Viajará esta semana para São Paulo a negócios o Senhor João da Silva onde ficará alguns dias. É desejo deste colunista que tenha muita sorte e regresse para o nosso convívio o mais breve possível.” Alias, ir a São Paulo era uma viagem preparada antecipadamente em que os trajes exigiam roupas finas adequadas para a visita à capital. Chapéus ,luvas, bolsas e sapatos combinando eram indispensáveis para a boa apresentação das senhoritas e senhoras.O terno,gravata, chapéu , caneta no bolso ao lado da lapela,denunciavam o bom gosto e refinamento. Ah! Não podemos esquecer o guardachuva.Este era um objeto versátil.Enrolado com todo cuidado para deixá-lo bem fininho, elegante mesmo,servia para umas piruetas no ar, ensaiadas, atrativas, ou para o cavalheiro apoiar-se nele nas esquinas ou jardins com ares sedutores. No inverno,um casaco longo bem dobrado sobre o braço se constituía no maior “charme” masculino.Desta forma, o movimento dos curiosos e carregadores de malas,na estação,era significati- Página 7 vos,emoldurado pelas vozes típicas dos vendedores de frutas,balas,doces,saquinhos de biscoito-de-vento,flores. A passagem do Rápido, na memória de muitos pindenses, está fixada como momentos de aprendizes emoções em que quimeras, expectativas,flertes passageiros e acenos despretensiosos tomaram de assalto a imaginação de uma juventude sadia e aceleraram a palpitação de corações sonhadores. O almoço de domingo? Enquanto a moçada se divertia, aproveitando o sabor do domingo, as mães de família ou empregadas preparavam o almoço. Não eram costume desfrutar o comodismo das refeições em restaurantes. Em Pinda só existiam bares com lanches, frapês, sucos,com alguns servindo refeições simples a viajantes.Mesmo com a inauguração , em 1942, do restaurante do Hotel Brasil era muito difícil uma família “comer fora”.Havia fortemente instalado o aconchego familiar que fazia das refeições um momento muito importante em que o chefe da casa sentava-se à cabeceira e os demais, em assentos definidos, só se serviam após o pai.” Criança fica de boca fechada, só escuta.’’ A folga domingueira proporcionava mais tempo e a alimentação podia ser mais caprichada, macarronada com frango.O preparo dessa ave dava trabalho.O frango comprava-se vivo na feira do mercado que ocupava grande área ao lado da praça Xis passava alguns dias comendo milho para limpar seu interior das possíveis” ruindades’’ Rechonchuda vasilha com água era colocada no fogão A lenha.Enquanto isso,cortava-se o pescoço da ave e preparavase o sangue em uma vasilha para o molho pardo seria então depositada na água fervente para a tiragem das penas.As mais macias penas eram acondicionadas para posteriormente, serem usadas na confecção de almofadas e travesseiros. Só depois de bem limpa e que a ave, frango ou galinha, seria cortada e preparada. Não era fácil? E por esse motivo que frango... só domingo. A tarde Passeios de bicicletas no bosque,no haras,no campo de aviação, na Ponte do Paraíba. Matinês no Cine Éden as três horas. Jogos de futebol na casa paroquial, futebol no campo de São Paulo e no das Palmeiras. A principal atração no futebol eram os jogos do Comercial contra a Ferroviária que atraiam uma torcida ferrenha e disposta a quebrar tudo com guarda-chuvas e o que mais tivesse as mãos quando resultado da peleja desagradasse.A matinê dançante no literário às 17 horas era infalível,congregando os amantes da música, da danças e ...dos românticos que, ambiente propício, preparavam os encontros da noite. Julia San Martin Boaventura é membro da Academia Pindamonhangabense de Letras; trecho extraído do livro “Minha Terra, Minha Gente”, publicado na cidade de Pindamonhangaba no ano de 2001, livro apresenta histórias do cotidiano da cidade. Lorena no Século XIX: Esplendores de Lorena José Geraldo Além do Palacete do Conde Moreira Lima, a cidade se orgulhava de outros: o do Doutor Arnolfo de Azevedo, no Largo da Matriz, inteiramente reformado em 1890, por Ramos de Azevedo, chamado “Solar dos Azevedo”, dispunha de vasto “Salão de Visitas (onde os retratos do Imperador e da Imperatriz ladeavam velho espelho de cristal), escritório, Capela interna, enorme sala de jantar, 8 quartos (dos quais três eram alcovas), despensa, quarto de banho, copa, cozinha, quarto de empregada, lavanderia e três cômodos menores de rés-dochão. Germinado ao Lado direito, tinha a direita uma entrada para carruagens, empedrada, que ia terminar na cocheira. No interior do prédio, existia um terraço, para o qual abriam-se as portas para a sala de jantar, e que, por uma escada de pedra, tinha acesso a um jardim, lateral e dava acesso ao interior do prédio por uma pequena escadaria interna, destinada a vencer a altura correspondente ao portão” (AZEVEDO, Aroldo, 5 pág. 91). E ainda o do Major Bráulio Moreira Lima, na Rua Princesa Imperial, e muito mais. Rua abauladas, apedregulhadas, limpas de mato, emplacadas e com casas numeradas bondes circulando e dando lucro, duas belas igrejas, novas e grandes, sobradões imponentes, uma atividade grande no setor secundário. Lorena não destoava das outras cidades do Vale do Paraíba(MÜLLER, Nice Lecocq, pág. 47). Prof. José Geraldo Evangelista foi membro do IEV— Lorena. Trecho extraído de seu livro “Lorena no Século onde Se erguia uma fonte de água em repuxo. A porta principal abria-se para a entrada XIX. Publicado em 1978 Foto: Jenyfer Ramos O Santuário de São Benedito Página 8 Francisco Sodero Toledo No espaço do “quadrilátero sagrado” da cidade de Lorena destaca-se o edifício do Santuário Basílica Menor de São Benedito. Um monumento de estilo neogótico considerado uma jóia arquitetônica da cidade, a única Basílica dedicada ao santo em todo o hemisfério Sul. Um espaço sagrado, dirigido pelos sacerdotes salesianos, que congrega ricos e pobres, negros e brancos e os devotos em geral de São Benedito. O edifício do Santuário constitui um prédio singular na arquitetura urbana apresentando, segundo Cláudia Rangel, profissional responsável pelas obras de restauração e conservação do Santuário São Benedito entre os anos de 1997 e 2000, as seguintes características:“...uma construção predominantemente neo-gótica, definida principalmente pelos arcos ogivais (conduzindo o olhar do observador para o alto, reforçando a percepção da altura e leveza deste tipo de construção) e os vitrais. Outros elementos ainda se destacam, como: uma grande cúpula abside, pilares com capitéis em estilo coríntio (estilizado), querubins, faixa decorativa com elementos fitomorfos, pintura parietal, nichos, marmorizado das colunas (original), naves centrais e laterais (esta ultima em dois níveis) conferindo à construção um gran- de ecletismo no que tange aos elementos decorativos. Vê-se também, a forte influencia do rococó e do neoclássico, tanto nos aspectos das imagem da Padroeira, Nossa Senhora da Piedade, entre os anos de 1886 e 1889, quando a Catedral passava por reformas. Desde o ano de 1917 está agregada ao Vaticano como Basílica, podendo distribuir aos fiéis que a ela acorrem, os mesmos benefícios e indulgências que a Igreja Romana atribuí a determinadas datas comemorativas, concedendo àqueles que recebem os sacramentos da confissão e da eucaristia, a expiação de suas culpas e o alcance de graças nos dias santos. pinturas decorativas, como também pela própria procedência das imagens sacras de madeira policromada, que se integram à decoração de todo o conjunto”. O prédio da Basílica foi projetado pelo arquiteto Charles Peyronton sendo inaugurado em 14 de fevereiro de 1884 com grandiosa festa, missa solene, procissão, concursos de bandas da região e muita diversões para a população. A partir de então tornou-se centro de visitação, oração, de grandes cerimônias religiosas e palco da celebração das festas em louvor a São Benedito. Serviu ainda como matriz da cidade, abrigando a Sob a coordenação da Irmandade de São Benedito celebra, por mais de 150 anos, a tradicional Festa em Louvor ao Glorioso São Benedito. A festa, ao contrário de outras cidades da região, onde é celebrada na segunda feira da Páscoa, ocorre em outubro, em data próxima ao aniversário natalício do santo padroeiro. O Santuário de São Benedito constitui um dos mais expressivo “lugar de memória” da cidade de Lorena. Ele exprime com lucidez e emoção, as práticas sociais e culturais dos devotos e de todos aqueles que freqüentam o belo espaço em que está situado. Faz parte da memória coletiva, guarda as mais ricas tradições e compõe a identidade cultural da comunidade lorenense. Fotos: Jenyfer Ramos Prof. Francisco Sodero Toledo “Desde o ano de 1917 está agregada ao Vaticano como Basílica, podendo distribuir aos fiéis que a ela acorrem, os mesmos benefícios e indulgências que a Igreja Romana atribuí a determinadas datas comemorativas, concedendo àqueles que recebem os sacramentos da confissão e da eucaristia, a expiação de suas culpas e o alcance de graças nos dias santos.”