Acompanhamento (Tracking) dos Gastos Públicos e Surveys sobre Provisão de Serviços Qualidade do Gasto Público no Brasil 26-27 Junho, 2003 Ritva Reinikka Development Research Group, The World Bank Acompanhamento dos Gastos Públicos e Surveys sobre Provisão de Serviços Primeiro Survey sobre Acompanhamento de Gastos Públicos (PETS) realizado em Uganda em 1996 Desde então, um grande número de PETS e surveys relacionados têm sido implementados Abrangência e natureza dos surveys diferem, mas um tema comum é a ligação entre gastos públicos e produtos e/ou resultados em termos de desenvolvimento Surveys até agora Finalizados Em curso Honduras Peru Albânia Uganda (5) Tanzânia (2) Gana Ruanda Moçambique Zâmbia PNG Bangladesh e mais Brasil Equador Laos Índia Indonésia Etiópia Nigéria Das políticas e dos gastos até os benefícios Nós geralmente acreditamos que prover financiamento e flexibilidade para países com políticas bem formuladas nos permite influenciar a geração de bons resultados. Resultados Fracassos em atingir resultados são geralmente devidos a deficiências em… • Política • Informação/M&A • Capacidade • Incentivos Institucionais • Comportamentos familiares • Financiamento Resultados Desvio de fundos Política Incentivos institucionais Gastos sub-ótimos: Altos salários dos professores; Oferta insuficiente de livros-textos Financiamento Capacidade Informação & Transparência Incentivos Institucionais Instrução de baixa qualidade Capacidade & Incentivos Curriculum & Tecnologia Falta de demanda Financiamento Comportamentos familiares Normas comunitárias Ampla alocação de recursos Problemas na execução orçamentária Problemas na provisão de serviços Falta de demanda por serviços Atrasos e falta de previsilidade (e.g. salários, estoques de remédios) Realocação discricionária de recursos (favoritismo, falta de critérios ou informação, etc.) Desvio de recursos financeiros ou materiais Apropriação indevida de recursos (e.g. Roubo de remédios) Absenteísmo Sobrecarga Ineficiência, alto custo, baixa qualidade ACOMPANHAMENTO DE GASTOS PÚBLICOS E SURVEYS SOBRE PROVISÃO DE SERVIÇOS O elo (ausente) entre gastos públicos e resultados World Development Report 2004 Marco para provisão de serviços Formulador de políticas Cliente Provedor Abordagem do survey Abordagem varia consideravelmente de acordo com o contexto e o foco Foco de múltiplos níveis, mas provedores diretos (escolas ou hospitais) como principal unidade de observação Amostra Representativa Dados coletados através de entrevistas e relatórios gerais (relatórios financeiros, registros de estoques de remédios, etc.) Abordagem multiangular para validação de dados Alguns surveys incluem surveys detalhados de provedores diretos, incluindo disponibilidade/adequação de insumos, qualidade, entrevistas de funcionários e usuários, etc. O que nós aprendemos? Desvio Setor educacional em Uganda 1996 Dados de 250 escolas e unidades administrativas Só 13% das doações programadas (capitation grants) realmente chegaram às escolas (1991-95). Campanha de informação em massa pelo Ministério da Fazenda (imprensa, cartazes) PETS subseqüentes para avaliar o impacto da campanha de informação: 2/3 de redução em desvio graças à campanha Em escolas com jornais, o desvio é 12% mais baixos do que em escolas sem jornais Alto desvio também foi encontrado em outros países (Tanzânia, Gana, Zâmbia, Peru) Desvio das doações programadas para as escolas 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1991-1995 2001 O que nós aprendemos? Funcionários fantasmas e absenteísmo Pagamentos de salários são desviados de forma diferente Diferentes abordagens de medidas: PETS com coleta de dados sobre folha de pagamento e dados sobre pessoal (Honduras 2000, Peru 2002, Zâmbia 2002, Moçambique 2002, etc.) Visitas não anunciadas a escolas e centros de saúde (absenteísmo) Saúde Educação Funcionários fantasmas Honduras 5.0% 8.3% Absenteísmo Equador - 16.0% Honduras 27.0% 14.0% Peru 26.0% 13.0% Índia 43.0% 23.0% Uganda 35.0% 26.0% Pacientes- dados do distrito Podemos confiar em registros administrativos? QSDS Uganda 4000 3000 2000 1000 0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Pacientes- dados do centro de saúde 3500 4000 O que nós aprendemos? Alocação e execução orçamentária Desvio às vezes difícil de aferir devido à falta de alocações explícitas Mas os surveys podem iluminar outras questões importantes relativas à alocação e execução orçamentária Tratamento de saúde primário em Moçambique: Variação muito ampla entre distritos e equipamentos de saúde no que se refere a custeio, pessoal e distribuição de remédios Problemas graves em execução orçamentária, com transferências iniciais atrasadas e baixo processamento de registros, resultando em baixa previsibilidade Precária manutenção de registros nos níveis provincial e distrital, geralmente com grandes discrepâncias entre os níveis Os pontos fortes da abordagem Ferramenta útil para diagnosticar e entender problemas na execução orçamentária e provisão de serviços, incluindo corrupção Perspectiva importante de múltiplos níveis e não alcançada através de simples surveys de escolas ou outros equipamentos públicos Perspectiva do distrito e do provedor direto freqüentemente esquecida no nível central Amostra representativa provê credibilidade não alcançada através de estudos amostrais reduzidos ou revisões institucionais Validação de dados administrativos (financeiro e produto) Pode proporcionar uma base para monitorar mudanças ao longo do tempo Surveys proporcionam dados para pesquisa que possa aperfeiçoar nosso entendimento dos determinantes da corrupção ou da má provisão de serviços Processo de desenhar e implementar o survey é útil para entender arranjos institucionais e processuais para execução orçamentária e provisão de serviços Desenho do survey: o que pesquisar? Por que? Quais são os problemas? Existem importantes lacunas no nosso entendimento da natureza, extensão e fonte dos problemas? Um survey é uma ferramenta apropriada? Deve ser visto como um complemento ou é auto-suficiente? Vale o custo? É viável? Como o orçamento é estruturado e implementado? Quem é o público e há um impacto provável? Há uma demanda política? A informação vai ser usada? Por quem? Questões de implementação: Quem? Como? Requer habilidades como qualquer outro micro survey Etapas da implementação Conceito Comprometimento de todos os envolvidos Desenho do questionário Identificação (e contratação) da agência implementadora Piloto Treinamento enumerador Trabalho de campo (incluindo controle de qualidade control e entrada de dados) Análise e disseminação Algumas limitações Surveys apenas proporcionam parte da resposta E com relação às alocações intra e inter-setoriais? Ligação com os resultados? => Análise orçamentária e análise de impacto social (com dados de domicílio ou por meio de abordagens participativas) ainda são importantes Surveys deveriam suplementar em vez de suplantar informação de rotina, controle e sistemas de integridade Surveys proporcionam informação, mas não resultam necessariamente em mudança A falta de informação sobre a abrangência e a natureza dos problemas não é sempre o principal constrangimento para aperfeiçoar PEM e provisão de serviços Continuidade e vínculo com esforços para reforçar instituições e sistemas PEM de rotina são importantes Ligação com a comunidade e outros atores relevantes pode ser difícil de atingir – importante para usar as descobertas para reforçar a transparência local e mecanismos de accountability Descobrindo mais... Relatórios de surveys, instrumento e documentação na página: www.publicspending.org http://www1.worldbank.org/publicsector/pe/trackingsurveys.htm Algumas referências: Dehn, Reinikka, and Svensson. 2003. “Survey Tools for Assessing Performance in Service Delivery.” In Bourguignon and Pereira da Silva, eds. Evaluating the Poverty and Distributional Impact of Economic Policies. Oxford University Press and the World Bank. Forthcoming Reinikka and Svensson. 2002. Measuring and understanding corruption at the micro level. In Della Porta and Rose-Ackerman, eds. Corrupt Exchanges: Empirical Themes in the Politics and Political Economy of Corruption. Nomos Verlagsgesellshaft. Lindelow and Wagstaff. 2002. “Health Facility Surveys: An Introduction.” Policy Research Working Paper 2953. Development Research Group, World Bank., Washington, D.C. Email: [email protected]