Polícia XX
ZERO HORA, DOMINGO, 8 DE JANEIRO DE 2012
Mortes em Nova York
AP, BD
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Caso
Scherer
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Hotel Waldorf Astória, outra referência de luxo e requinte em Nova York.
12 de março de 1999.
Tal como ocorreria com Renato e
Castro no InterContinental, as câmeras
internas de vídeo acompanham os passos dos homens que entram e saem da
suíte 2716.
São reveladoras e decisivas, informa
a polícia.
João Saboia, 56 anos, empresário brasileiro do Pará, ingressa no aposento
com uma bolsa marrom. Algum tempo
À esquerda, o Hotel Waldorf
Astória, palco do crime. Acima,
o assassino flagrado deixando o
apartamento de Sabóia. À direita,
Scherer conduzido por policiais
mente ele aparece, há uma discussão e o
assassinato.
Ao sair do hotel, o gaúcho trata de antecipar seu retorno ao Brasil, refugia-se
em São Leopoldo e marca a data do casamento com a namorada de infância.
Dois dias antes do que seria uma festa,
ele é preso, acusado pela morte de Saboia. Márcio não nega a autoria do crime, só não aceita a acusação de roubo.
Também diz que não manteve relações
sexuais com Saboia e assegura que a
bolsa marrom foi um presente dele.
Em fevereiro de 2002, é condenado a
22 anos de prisão.
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7 de janeiro de 2012.
Um ano depois, Renato Seabra continua preso em Nova York, à espera
do julgamento marcado para o próximo mês de fevereiro.
Márcio Scherer está em liberdade, hoje, no Rio de Janeiro.
Os pais já faleceram. Fábio, artista
plástico, é o único irmão que ainda reside em São Leopoldo. Ele pouco sabe
sobre Márcio, mas é certo que não casou com a primeira namorada. Outros
familiares também só lamentam o que
ocorreu depois do episódio: a desestruturação da família.
Ao retornar ao Brasil, Márcio disse ao
tatuador Glauco, o outro irmão, que à
época morava em Palhoça (SC), e hoje
vive na Suíça, onde também está a irmã,
Andréa:
– Estraguei a minha vida.
Renato Seabra pode repetir a frase.
Os portugueses
Castro (no
alto) e Seabra
(detalhe acima,
em capa de livro)
protagonizaram
um crime nos
mesmos moldes do
que envolveu os
brasileiros Scherer
e Sabóia
*Apuração: Léo Gerchmann
André Feltes, BD, 29/04/1999
ção
eprodu
RBS TV, R
STAN HONDA, AFP, BD, 30/01/2002
Crimes
semelhantes,
mas cometidos
em um intervalo
de 12 anos,
abrem a série
que durante 52
domingos de
2012 vai contar
uma história
enigmática
Hotel InterContinental, Nova York.
7 de janeiro de 2011.
Na suíte 3416, o modelo português
Renato Seabra, 20 anos, mata o mais conhecido cronista social de Lisboa, Carlos
Castro, 65 anos, homossexual. Renato
confessa ter castrado e golpeado o jornalista com um saca-rolhas.
Carlos Castro foi uma das figuras mais
importantes do “high society” de Portugal. Seabra iniciava a carreira de modelo,
buscava apoios que lhe abrissem caminhos. Os personagens, suas vidas e os
pormenores do crime fazem o país tomar partido. Foram escritas incontáveis
reportagens e pelo menos dois livros: As
Últimas Horas de Carlos Castro e Renato
Seabra, A Queda de um Anjo.
depois, o modelo gaúcho Márcio Fonseca Scherer, 27 anos, deixa a suíte, levando
nas mãos a mesma bolsa.
Para o dia seguinte, Saboia e alguns
amigos, a quem ele havia apresentado
Márcio como sobrinho, tinham programado assistir à luta entre Evander
Holyfield e Lennon Lewis. A falta de
contato e o silêncio na suíte fazem com
que os homens da segurança do hotel
abram a porta.
O dono de uma empresa de antiguidades na capital paraense está morto. Tem
hematomas na face, o crânio fraturado, a
garganta com um corte.
A arma usada é um saca-rolhas.
Desapareceram cerca de U$S 30 mil
em dinheiro, além de joias e dois relógios, um Rolex e um Piaget.
Familiares de Saboia informam à polícia que ele mantinha um relacionamento com Márcio Scherer. Conheceram-se
10 dias antes da viagem de 6 de março,
quando um anúncio de jornal atraiu as
atenções de Saboia: o gaúcho de porte
alto, radicado no Rio de Janeiro, ofereciase como garoto de programa.
O empresário tinha por hábito viajar
várias vezes ao ano até os Estados Unidos, para jogar em cassinos. Convidou
Scherer, comprou as passagens, deu a ele
U$S 1,5 mil para as despesas iniciais e
hospedaram-se no Taj Mahal, em Atlantic City, durante três dias.
De lá, segundo Scherer, viajaram para
Nova York numa limusine alugada. Ele
fica na casa de uma amiga, Saboia vai
para o Waldorf Astória. Sozinho, espera,
impaciente e irritado, durante três dias,
um contato de Márcio. E quando final-
Reprodução
Vida e morte se repetem.
Também as circunstâncias, muitas vezes, se parecem.
Tiago Sousa Dias, AP, BD, 02/12/2010
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