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N.º 198
Novembro 2008
Mensal
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TempoLivre
www.inatel.pt
Entrevista
Leonor Beleza
da Política
à Ciência
João Silva
A longa jornada
de um fotógrafo
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Sumário
Na capa
Foto: Arquivo de José Silva
27
VIDAS
João Silva: um andarilho
da imagem
Integrou as equipas de
filmagem dos primeiros
cineastas portugueses.
Sofreu degredo, afoitou-se
em terras de África, captou
imagens atrás de imagens
para o cinema e jornais.
Deu descanso às máquinas
aos 90 anos. Hoje, com 92,
continua a viver numa
lúcida dianteira dos
tempos, sempre solidário e
coerente e mais sábio.
5
6
EDITORIAL
CARTAS E COLUNA
DO PROVEDOR
7
12
NOTÍCIAS
CONCURSO
DE FOTOGRAFIA
46
48
TEMPLO GLOBAL
A CASA NA ÁRVORE
VIAGENS NA HISTÓRIA
CHEFE SUGERE
INATEL Piódão
Docinho da Estalagem
81
O TEMPO E AS PALAVRAS
82
CRÓNICA
55
72
20
ENTREVISTA
32
VIAGENS
LUSOFONIA
João Salgueiro analisa a crise
financeira mundial e os seus
efeitos em Portugal.
52
54
79
TERRA NOSSA
De Santa Maria da Feira a Vinhais:
fogaças na rua, fumeiro à lareira
Em Janeiro, Santa Maria da Feira
paga uma promessa centenária e em
Fevereiro será a vez de Vinhais
retomar a mais antiga feira de
fumeiro do país. Dois destinos que o
INATEL inclui nos seus programas de
viagem.
OLHO VIVO
Inocência Mata fala-nos de
recontros, heranças e elos da
língua portuguesa.
50
14
Maria Alice Vila Fabião
Mário Zambujal
Leonor Beleza, da Política à Ciência
Encerrado definitivamente o ciclo de
governante, e com o raro tempo livre
dedicado aos netos, Leonor Beleza
quer fazer da Fundação
Champalimaud um caso exemplar na
investigação científica a nível
mundial.
Casamansa: um outro Senegal
Casamansa fez parte, durante quatro
séculos, da que foi a primeira colónia
portuguesa, tendo sido integrada no
Senegal no momento da
independência. Com um património
natural precioso para o ecoturismo,
conserva ainda alguns sinais da
herança portuguesa.
38
PAIXÕES
CLUBE TEMPO LIVRE
A arte do pão
Passatempos, Novos
Livros e Roteiro
42
PORTFÓLIO
BOA VIDA
Marrocos
Revista Mensal e-mail: [email protected] | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede
Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Fax: 210027027
Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho
Colaboradores: António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Guiomar Belo Marques, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho,
Joaquim Magalhães de Castro, Joaquim Durão, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Maria Augusta Drago, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Pedro
Soares, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Tharuga Lattas, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos,
Fernando Dacosta, João Aguiar, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Fax:
210027061 Publicidade: Fundação INATEL, Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA Telef. 210027000; Fax: 210027027 Pré-impressão e impressão: Soctip, Membro da
Sociedade Tipográfica, S.A. – Estrada Nacional 10, km 108,3 - Porto Alto 2135-114 Samora Correia Telef. 263009900 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 160. 812 exemplares
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Editorial
V í t o r Ra m a l h o
Responsabilidade e valores
A
administração da nossa Fundação, a
que tenho a honra de presidir,
tomou posse há cerca de escassos
dois meses.
Nesta fase preocupámo-nos em conhecer a
casa, com os olhos postos nos beneficiários, conceito que tem um conteúdo amplo, e que é a
razão de ser da nossa existência.
Conhecer a casa significa ter em atenção o seu
capital mais importante, o humano, para o mobilizar para a estratégia que nos propusemos, enquadrando-o de forma mais adequada aos objectivos a alcançar.
É a fase que se terá de seguir.
E terá de seguir com reforço claro de articulação entre os vários departamentos, sem
excepção, onde todos conheçam e saibam a
essência do que se passa com cada um.
Não podemos ter departamentos estanques.
Todos se destinam a servir o mesmo fim, com
coordenação, ainda que descentralizadamente, o
que implica que a sede, as delegações, as estruturas importantíssimas e as outras unidades
terão de interpretar e saber interpretar a estratégia definida a uma só voz, cuidando do espírito
de missão e de qualidade das respostas.
É evidente que a administração irá promover
a formação profissional dos trabalhadores, aos
vários níveis, não descurando ainda a adopção
de uma metodologia que introduza critérios
objectivos de avaliação de desempenho.
Há um desafio a prosseguir, pela nossa
Fundação, que procurei deixar claro no primeiro
editorial que escrevi no número anterior da
nossa revista, e que qualifiquei de aliciante. Ele
deve e tem de ser partilhado por todos, de forma
responsabilizante.
Esse desafio suporta-se na consciência de que
para além da requalificação do património, do
alargamento da oferta dos serviços e de novas
oportunidades para os beneficiários, existe um
vastíssimo campo de intervenção valorativa da
nossa Fundação em novos domínios, de intervenção cívica e social, que não poderemos descurar e não descuraremos.
Como se verá. Esses domínios acrescentarão
ainda mais valor aos valores da nossa Fundação.
É nossa obrigação cuidar cada vez mais
deles. I
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Cartas
A correspondência
para estas secções
deve ser enviada
para a Redacção de
“Tempo Livre”,
Calçada de Sant’Ana,
nº. 180, 1169-062
Lisboa, ou por e-mail:
[email protected]
Ainda Porto Santo
COM OS MEUS cumprimentos venho apoiar o
assunto levantado pela associada de Lisboa, Srª
Carmo Barrocas, na TL nº 197, de Outubro de
2008, cujo título é PORTO SANTO. O tema levantado é recorrente e deve ser seriamente analisado,
podendo vir a beneficiar os sócios, a Inatel e o país,
pois poder-se-á encontrar soluções que evitem que
muitos portugueses, gozem férias no estrangeiro!
Estou de acordo com a apreciação que a associada faz do Centro de Férias de Porto Santo e do
seu pessoal. Conheci e gozei férias neste centro
em Junho último (…) Deixo aqui algumas “dicas”
relativamente ao centro de férias de Porto Santo e
dos futuros centros de férias dos Açores:
- Como se trata de um centro pequeno é muito
importante criar condições para manter uma boa
taxa de ocupação;
- A Inatel fez em Junho de 2008, uma excursão
com viagens incluídas com partida de Lisboa,
que esgotou logo, beneficiando um pequeno
número de associados;
- A Inatel pode manter estadias todo o ano,
com viagens incluídas, a preços sociais, desde
que negoceie com uma companhia de aviação;
- Se vier a existir um protocolo com este
“desenho”, poderia começar por exemplo, com 8
passagens de ida e volta, com partida de Lisboa e
6 com partidas do Porto, durante as 52 semanas;
- As partidas seriam no mesmo dia de semana,
se possível às sextas-feiras depois das 21 h;
- Os voos seriam directos a Porto Santo, para
se obter os preços desejados;
- Defendo que as estadias deveriam ser por 7
dias, com uma eventual opção por 14 dias;
- Criar preços adequados para as semanas da
época baixa, para se alcançar boa adesão a um
programa deste tipo;
- Negociar com o governo uma eventual comparticipação, parecida com a que existe para os
programas Sénior e Termalismo Sénior, nas épocas médias e baixas, de modo a evitar a ida de
muitos portugueses para o estrangeiro;
- Publicitar o programa de forma adequada.
Armando Peneda, Porto
50 anos na INATEL
Completaram, este mês, 50 anos de ligação à
Fundação Inatel: José Luis Milhano Pessanha e
Jaime Jacinto Silva, Lisboa; Carlos Octávio Mamede Alves, Caparica; Vitor Manuel Rodrigues
Carvalho, Oeiras.
Coluna do Provedor
A INATEL mais do que uma marca de qualidade
Há questões que necessitam de urgente resolução
é um sentimento que brota naturalmente dos mais
como o plano de obras, onde se inclui o respeito
idosos, mas que se estende aos mais jovens ligados
pelos deficientes motores.
desde férias ao parapente, aos desportos radicais e à
cultura.
O Gabinete é onde o eco, o desabafo, de queixas,
Kalidás
Barreto
TempoLivre
| NOV 2008
muitas delas, justas.
mas também de muitas palavras de estímulo, de elo-
Trabalho incómodo, quantas vezes, mas pronta-
gio à INATEL, de aproximação à Instituição que, a
mente compreendido para bem do Beneficiário e da
despeito dos seus 73 anos, e das transformações por
INATEL.
que passou, sentem, cada vez mais prestigiada.
6
Este ano, tivemos os atrasos na execução dos programas seniores o que originou várias reclamações,
O Provedor não é, nem pode ser outra coisa do
Nem sempre as coisas correm a 100%, o afluxo
que a peça útil ao utente e à Instituição, devendo-se
de utentes na época balnear e termal cria conflitos
registar que as Direcções têm respeitado e exaltado a
naturais que o Gabinete junto dos Administradores
independência do Gabinete, o que, naturalmente,
dos Centros de Férias, sempre que justos, resolveu,
notamos com satisfação.
com a prudente inquirição dos Serviços respectivos.
Neste novo ciclo da vida da Fundação INATEL
Os Parques de Campismo têm sido, também,
poder-se-á dizer que o Gabinete irá manter a mesma
espaço para alguma conflitualidade, esmagadora-
postura de equilíbrio, bom senso e independência
mente apresentada com grande sentido de responsa-
que tem caracterizado a sua acção; esperamos con-
bilidade e compreensão.
segui-lo.
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Notícias
Gala Sénior 2008
Cerca de nove centenas de seniores
marcaram presença em mais uma
edição da Gala Sénior que decorreu
no passado dia 16 de Outubro no
Casino Estoril, uma iniciativa que
assinala o encerramento dos
programas Turismo Sénior e Saúde e
Termalismo Sénior de 2008.
Vitor Ramalho, Presidente da
Fundação Inatel (FI), evocou, na sua
intervenção, o importante contributo
dos cidadãos seniores na sociedade
portuguesa, afirmando que a Inatel
está empenhada em “servir mais e
melhor a causa da dignidade de quem
trabalhou tanto para o nosso país”.
“Não estamos – sublinhou Vítor
Ramalho - a fazer nenhuma dádiva,
estamos apenas a reconhecer aquilo
que deram ao país no passado”,
afirmando que esse contributo ainda
permanece, uma vez que através da
sua participação nas férias seniores
“se reforça, na época baixa, a taxa de
ocupação das unidades hoteleiras
quer da fundação Inatel quer das
entidades privadas que connosco
trabalham, criando e preservando
empregos nas diversas regiões do
país”.
Presente na gala em representação do
Governo, Idália Moniz, Secretária de
Estado-adjunta e da Reabilitação,
lembrou que “o Estado Português
de: Inatel Albufeira, Inatel Serra da
Estrela e Hotel Miracorgo (Vila Real)
na categoria de melhor unidade
hoteleira; e nas restantes categorias,
o restaurante Ruínas do Cerrado; os
agrupamentos musicais: Grupo
Sargaceiros da Casa do Povo de
Apúria, Grupo “os Templários”,
Grupo Folclore “O Arrais”, Cantorias
– Associação Vila Chã Sá e Jaime
Santos Show; os palestrantes Bruno
Gato (Vida Saudável), Manuel
Penteado Neiva e João Pedro Sousa
(Conhecer a Região), Vicente Silva
(Saúde e Termalismo Sénior); a
professora da Oficina das Artes:
Carla Padinha; a Guia Turísticocultural Anabela Melo e os
Animadores Susana Barata e
Joaquim José Duarte; o melhor
atendimento dos seniores foi para a
Delegação Coimbra e a Star –
Viagens e Turismo S.A.
Foram ainda entregues
prémios aos melhores
vencedores do concurso de
texto e fotografia dos
programas seniores, casos
de Manuel Pereira, Celeste
Botelho e Maria Nazaré
Leitão (texto) e António
Martins, Maria Arminda
Vítor Ramalho ladeado pela Secretária de Estado-Adjunta e
Santos e Maria Isabel
da Reabilitação, Idália Moniz, e pelo presidente da AMI,
Patrocínio (fotografia).
Fernando Nobre
reconhece, desta forma singela, o
empenho de toda uma vida activa em
prol do país” e adiantou que, com a
esperança de vida a rondar os 78 anos
nos homens e os 81 nas mulheres, “é
preciso fazer com que os nossos dias
sejam passados com o máximo de
bem-estar”. Relativamente ainda ao
sentido e conteúdo dos programas
seniores, Idália Moniz salientou que
eles representam “momentos de
grande partilha e emoção e,
fundamentalmente, de grande festa,
pois cada grupo que viaja para um
diferente destino é sinónimo de
alegria e festa e é esse espírito que
interessa preservar e dinamizar”.
A anteceder o espectáculo “Visions:
O Espírito dos Sonhos”, foram
distinguidos os melhores prestadores
de serviço dos programas Turismo e
Saúde e Termalismo Sénior, casos
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Notícias
Madeira
duplica receitas
de turismo
em dez anos
A
Museu do Oriente divulga cultura chinesa
O
Museu do Oriente promove um
curso de introdução ao estudo da
Língua e Cultura chinesa, entre 11
de Outubro de 2008 e 4 de Julho de
2009, coordenado por Maria
Trigoso, docente e investigadora do
Instituto de Estudos Orientais da
Universidade Católica Portuguesa.
O objectivo do curso é apresentar a
cultura chinesa e suscitar o
interesse pelas questões, tanto
teóricas como metodológicas, que se
colocam ao seu estudo, sobretudo
as que advêm das abordagens feitas
a partir de uma perspectiva
ocidental.
Ana Moura
premiada
nos EUA
“A Cidade do Açúcar”
O Museu “A Cidade do Açúcar” ,
do Funchal, reabriu ao público após
alguns meses de encerramento
devido a trabalhos de reorganização.
O Museu lançou, entretanto, um
desdobrável-roteiro de exposição e
para as visitas guiadas à Cidade do
Açúcar, em português e inglês,
recuperando textos de Francisco
Clode Sousa, Clara Silva, Alberto
Vieira, João José Abreu de Sousa e
José de Sainz Trueva. O Museu
pretende ser um espaço de
apresentação das relações e
consequências económicas e
culturais decorridas entre os séculos
XVI e XVII na ilha da Madeira, e
testemunhar essa realidade através
de diversos elementos arqueológicos,
cronológicos e de painéis
8
TempoLivre
| NOV 2008
Região Autónoma da
Madeira duplicou o
número de hóspedes e os
proveitos registados em
estabelecimentos
hoteleiros entre 1997 e
2007, de acordo com
dados fornecidos pela
Direcção Regional de
Estatística do Governo
Regional da Madeira.
Em 1997 o número de
hóspedes em
estabelecimentos
hoteleiros totalizava 584
mil e os proveitos 154
milhões de euros. Em
2007 estes números
passam para 970 mil e
282 milhões de euros,
respectivamente.
informativos, com referências ao
enquadramento do Funchal e da
Madeira no contexto da expansão
portuguesa.
Depois do Prémio
Amália para Melhor
Intérprete, da nomeação
para um Globo de Ouro
na mesma categoria e do
galardão de Dupla Platina,
Ana Moura recebeu, no
dia 1 de Novembro, em
San José, Califórnia, o
prémio Portuguese
American Leadership
Council Association
(PALCUS), atribuído pela
maior associação
portuguesa nos Estados
Unidos.
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Depois do Trindade
“Elixir d’Amor” em digressão
Vítor Ramalho à conversa com José Fonseca e Costa
Em
cena no Trindade, no passado
mês de Outubro, a ópera “O Elixir
d’Amor”, de Donizetti, poderá ser
apreciada em Novembro nas Caldas
da Rainha (dia 22) e em Guimarães,
dia 28. A 13 de Dezembro, será a
apresentação em Faro da popular
ópera italiana, cantada em português,
numa encenação de Maria Emília
Correia, com direcção musical de
Cesário Costa.
A estreia de “O Elixir d’Amor”, Teatro
da Trindade, registou a presença de
numerosas figuras da cultura e
sociedade portuguesas, caso, entre
outros, de Noronha Nascimento,
Presidente do Supremo Tribunal de
Justiça, Mário Vieira de Carvalho,
musicólogo e ex- Secretário de
Estado da Cultura, Luis Mascarenhas,
Rui Mendes, Mário Jacques, José
Fonseca e Costa e Carlos Fragateiro.
“Coerente, cheio de graça, fino
humor e divertido, sempre com a
Rui Sérgio, Luis Mascarenhas, Rui Mendes e Paulo Pires
música a desabrochar em acção
teatral”, assim comentou Mário
Vieira de Carvalho o espectáculo,
destacando o desempenho dos
actores/cantores “numa perfeita
unidade de canto e representação”,
em português, e elogiando a
encenação de Maria Emília Correia
Ligue e receba
Grátis
O Guia
Internet fácil
para todos
que – sublinhou - tem revelado uma
predisposição verdadeiramente
excepcional para a ópera.”
Também Rui Mendes e Carlos
Fragateiro se manifestaram agradados
com o nível de interpretação e da
encenação da popular ópera cómica
de Gaetano Donizetti.
chamada gratuita
800 207 397
indique
o código:
3101
Horário de atendimento: Dias úteis das 9h às 18h
Oferta sujeita a disponibilidade de stock.
Em caso de ruptura a Deco Proteste reserva-se
no direito de substituir o mini guia aqui promovido
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Notícias
Inatel apoia atletas paraolímpicos
Os
atletas paraolímpicos
portugueses, integrados na Federação
Portuguesa de Desporto para
Deficientes (FPDD), vão poder, a partir
do corrente mês, utilizar as instalações
desportivas e centros de férias da
Fundação Inatel. O protocolo assinado
pelas duas entidades, no decorrer da
homenagem promovida pela Inatel, em
Outubro, aos atletas medalhados em
Pequim, prevê que as actividades
desportivas dos atletas da FPDD
decorram nas instalações que ofereçam
as “condições necessárias para a
prática desportiva por parte dos atletas
deficientes, em horários a estabelecer
com a estrutura distrital da Fundação,
responsável pelas instalações.”
Humberto dos Santos, presidente da
FPDD, usou da palavra no final da
cerimónia de entrega de medalhas
comemorativas da homenagem, para
assinalar que o acordo estabelecido
com a Inatel representa “uma
importante mais valia para o trabalho
a desenvolver pelos atletas
paraolímpicos tendo em vista, já, os
Jogos de Londres em 2012.” Gratos e
comovidos pela iniciativa da Inatel
usaram também da palavra, em nome
dos medalhados, os atletas João Paulo
Fernandes (ouro) e Cristina Gonçalves
(prata).
Para Vítor Ramalho, presidente da
Inatel, o protocolo e a homenagem
significaram, apenas, o cumprimento
de “uma obrigação da Fundação
perante cidadãos portugueses que
prestigiaram o País a nível mundial”.
Acompanhado pelos restantes
membros da administração, Vítor
Ramalho enalteceu a “coragem e
determinação” dos jovens atletas e
sublinhou o facto de a “simples,
sincera e simbólica” homenagem
prestada pela Inatel no seu primeiro
acto público na área do Desporto
contar com a presença do Secretário
de Estado, Laurentino Dias, que
alterou a respectiva agenda para se
associar ao acto. O responsável do
Governo na área do Desporto saudou,
por seu vez, a homenagem promovida
pela Inatel e salientou, tendo em
conta a dimensão do nosso país, a
“boa participação” nacional nos
Olímpicos e nos Paraolímpicos.
“Apesar de algumas notas menos
agradáveis, Portugal saiu prestigiado
quer em Agosto quer em Setembro, e
há que ter o maior respeito pelos
atletas que foram a Pequim”,
acrescentou Laurentino Dias.
Dia da Música
A Fundação Inatel assinalou o Dia
Mundial da Música, no passado dia 1 de
Outubro, com um original concerto pela
Banda Ponterrolense e pela Orquestra
Tocá Rufar, a partir das janelas do
Palácio Foz, em Lisboa. Também Leiria
comemorou este dia com o concerto da
Big Band do Município da Nazaré,
integrado no Festival de Jazz da Alta
Estremadura, que decorreu no Teatro
Miguel Franco.
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Humor Mundial na CGD
O
Museu Nacional da Imprensa apresenta, até dia
15, em Lisboa, na sede da Caixa Geral de Depósitos,
na Av. João XXI, a exposição “PortoCartoon:
Direitos Humanos”. A exposição reúne cerca de
uma centena de cartoons sobre o tema,
nomeadamente os trabalhos premiados no X
PortoCartoon e os melhores desenhos seleccionados
pelo júri internacional do festival.
Os cartoons patentes correspondem a uma selecção
da exposição original, com cerca de 400 obras, que
continua a ser apresentada na Galeria Internacional
do Cartoon (MNI).
“Portugal no Coração”
Vinte
e um emigrantes
portugueses, oriundos da África do
Sul, Argentina, Brasil, Chile e
Venezuela visitaram o país natal na
segunda quinzena de Outubro, no
âmbito do programa “Portugal no
Coração”, uma iniciativa do
Ministério dos Negócios
Estrangeiros, com o apoio da TAP e
da Fundação Inatel.
O programa, circunscrito aos
emigrantes, residentes em países
fora da Europa, que há mais de 10
anos não visitam o nosso País e já
tenham completado 65 anos,
incluiu estadias nos centros de
férias da Inatel e visitas turísticas e
culturais em Lisboa, Cascais, Sintra,
Albufeira, Óbidos, Nazaré, Fátima,
Coimbra, Porto, Braga, Cerveira,
Ponte de Lima e Valença do Minho.
Num almoço de convívio com os
nossos compatriotas, no centro de
férias da Caparica, o presidente da
Inatel, Vítor Ramalho, sublinhou o
profundo significado desta visita ao
país natal de portugueses que, sem
a ajuda proporcionada por este
programa, não poderiam, jamais,
satisfazer o sonho das suas vidas.
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Fotografia
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XIII Concurso “Tempo Livre”
Fotos premiadas
[1]
[2]
[ 1 ] José Barreiro,
Albufeira
Sócio n.º 36010
[ 2 ] Sérgio Guerra,
S. João do Estoril
Sócio n.º 204212
[ 3 ] Fausto Lima,
Oeiras
Sócio n.º 198088
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Regulamento
1. Concurso Nacional de Fotografia da
revista Tempo Livre. Periodicidade
mensal. Podem participar todos os
sócios do Inatel, excluindo os seus
funcionários e os elementos da
redacção e colaboradores da revista
Tempo Livre.
2. Enviar as fotos para: Revista Tempo
Livre - Concurso de Fotografia, Calçada
de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa.
Menções honrosas
[ a ] Carlos Santos, S. Domingos de Rana –
Sócio n.º 368565
[ b ] Paulo Amado, S. João da Madeira – Sócio
n.º 393614
[ c ] José Pereira, Lagos – Sócio n.º 391301
3. A data limite para a recepção dos
trabalhos é o dia 10 de cada mês.
4. O tema é livre e cada concorrente
pode enviar, mensalmente, um
máximo de 3 fotografias de formato
mínimo de 10x15 cm e máximo de
18x24 cm., em papel, cor ou preto e
branco, sem qualquer suporte.
5. Não são aceites diapositivos e as
fotos concorrentes não serão
devolvidas.
6. O concurso é limitado aos sócios do
Inatel. Todas as fotos devem ser
assinaladas no verso com o nome do
autor, direcção, telefone e número de
associado do Inatel.
[a]
7. A Tempo Livre publicará, em cada
mês, as seis melhores fotos (três
premiadas e três menções honrosas),
seleccionadas entre as enviadas no
prazo previsto.
8. Não serão seleccionadas, no
mesmo ano, as fotos de um
concorrente premiado nesse ano
[b]
[3]
9. Prémios: cada uma das três fotos
seleccionadas terá como prémio um
fim de semana (duas noites) para duas
pessoas num dos Centros de Férias do
Inatel, durante a época baixa, em
regime APA (alojamento e pequeno
almoço). O premiado(a) deve contactar
a redacção da «TL»
10. Grande Prémio Anual: uma
viagem a escolher na Brochura Inatel
Turismo Social até ao montante de
1750 Euros. A este prémio, a publicar
na revista Tempo Livre de Setembro de
2009, concorrem todas as fotos
premiadas e publicadas nos meses
em que decorre o concurso.
11. O júri será composto por dois
responsáveis da revista T. Livre e por
um fotógrafo de reconhecido prestígio.
[c]
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Terra Nossa
De Santa Maria da Feira a Vinhais
Fogaças na rua,
fumeiro à lareira
A seu tempo, o verão regressará com
luz exuberante. Por ora, começa a
tomar forma o calendário festivo do
Inverno. Em Janeiro, Santa Maria da
Feira paga uma promessa centenária
e em Fevereiro será a vez de Vinhais
retomar a mais antiga feira de
fumeiro do país. Dois destinos que a
INATEL inclui nos seus programas
de viagem.
VAI-SE A SANTA MARIA DA FEIRA por variadas
razões. Fiquemo-nos, todavia, por duas: a antologia de antiguidades arquitectónicas, e o centenário desfile das fogaceiras, que é afinal o principal
pretexto para a viagem aqui em proposta (ver
caixa).
Parece clara a origem do topónimo, se nos fiarmos na historiografia local, que esclarece duas
razões mancomunadas. A Civitas Sanctae Mariae
nasce no contexto de guerra civil que afectava
Califado de Córdova, lá para o sul da península.
Um tal D. Munio Viegas, secundado por seus filhos D. Egas e D. Garcia, achou por bem, em seu
próprio interesse, tirar proveito dessa situação,
atacando a moirama desconcertada e fragilizada
pelos seus conflitos internos. Para a conquista
das terras situadas entre o Douro e o Vouga, a
fidalguia (que hoje os compêndios de história
imaginam como patriótica) ergueu os seus estandartes sob o patrocínio de Nossa Senhora. Aí está
a razão de ser do primeiro capítulo do topónimo.
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Quanto ao segundo, escreveu-o a dinâmica da
economia. Foi a privilegiada localização das
Terras de Santa Maria, na confluência dos eixos
Norte-Sul e Litoral-Beira Interior, que dela fez
ponto de passagem quase obrigatório. Três
importantes centros – ao nível religioso, político,
económico e administrativo, firmaram-se como
factores de desenvolvimento da região: os mosteiros de Cucujães e de Arouca, e o Castelo da
Feira, exemplo de arquitectura militar medieval
que é o ex-libris de Santa Maria da Feira. À volta
do castelo ocorreu um surto de desenvolvimento
mais intenso, surgindo aí um pólo económico por
via das actividades agrícolas e do comércio.
Santa Maria da Feira nasceu como consequência
dessa dinâmica que reunia às portas da fortaleza
mercadores de produtos agrícolas, de alfaias e de
têxteis, numa grande feira frequentada pelos
camponeses da região.
Uma visita a Santa Maria da Feira não requer
tempo ou distâncias labirínticas. Quase tudo o
que há para ver está aos pés do velho castelo,
como os espigueiros arrumados mesmo à vista do
Largo do Rossio. A Igreja Matriz, cujas paredes
laterais da nave estão revestidas de azulejos do
séc. XVIII, fica a cinco minutos. Diante da frontaria, e do alto do escadório, não será perda de
tempo deixar correr o olhar pelos telhados da
parte mais antiga do burgo, mesmo se o horizonte se apresenta ferido pela guarda-avançada da
civilização do cimento.
Na antiga Rua Direita sobrevivem entre o
casario de arquitectura variada algumas casas
dos séculos XVIII e XIX, e na outrora chamada
Praça Velha encontramos um vetusto chafariz
oitocentista que trouxe para o novo milénio a sua
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Terra Nossa
melodia aquática. Passeio imprescindível é o que
nos leva pela rua serpentina que ascende até à
beira do histórico castelo. Os arqueólogos decifraram nas pedras que a fortaleza foi erguida em
local cujo valor estratégico já anteriores populações haviam validado. Porventura menos preocupados com guerras, aí teriam os adoradores de
uma certa divindade erguido um templo, como
provam as aras votivas descobertas. Esse templo
foi integrado na fortificação, na Alta Idade Média,
sendo claro que nos séculos XI e XII foram erguidas as muralhas exteriores. Em meados do séc.
XV teve lugar uma profunda reestruturação da
fortaleza; dela foram obreiros Fernão Pereira e
Rui Vaz Pereira, que obtiveram de D. Afonso V
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permissão para “à sua própria custa o correger e
refazer as muralhas, paredes, casas e todas as
outras cousas que fossem necessárias para a sua
fortaleza e defensão”. Depois de um longo período de decadência, a fortificação foi objecto de restauro. Hoje em dia, acolhe “acontecimentos culturais” e é um dos palcos da grande feira medieval da cidade.
Paisagem com castanheiros
Vinhais já comemorou 750 anos de vida: não é
dizer pouco num país que poucos mais tem. Foi
fundada por D. Sancho I em meados do séc. XIII
e chegou a ter um pequeno castelo, que resistiu
às investidas castelhanas, mas não aos arrebata-
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A pagadora de promessas
É boa opção visitar Santa Maria da Feira por altura da Festa
das Fogaceiras, que se realiza em Janeiro, quando o
calendário marca o dia 20. O acontecimento é de suma
importância, uma questão de honra para os habitantes da
cidade desde o tempo dos paradigmáticos terrores
medievais.
A Fogaça é um doce regional feito de farinha de trigo,
com um formato que emula o perfil das quatro torres do
castelo. A iguaria é citada pelos cronistas pelo menos desde
o séc. XIII. No dia da festa, crianças de todo o concelho
integram-se numa procissão que percorre as ruas da cidade
levando cada uma delas uma fogaça enfeitada com uma
bandeirinha.
O que justifica, afinal, tal austera celebração? Um voto
não cumprido, contam as crónicas. Estava-se no séc. XVI e
S. Sebastião viu-se solicitado pelo povo da Feira para o
acudir em momento de grande aflição, marcado por mortal
surto de peste. A Festa das Fogaceiras, por meio da qual
“raparigas honestas e pobres da vila transportariam as
fogaças à cabeça para as pessoas necessitadas”, passou a
fazer parte dos rituais religiosos dos habitantes. Mas não se
sabe bem por que razão foi o cortejo de oferendas
interrompido entre os anos de 1749 e 1753. Assolado
novamente pela peste (crê o povo que por falta de
cumprimento da promessa), o burgo pediu ao Infante D.
Pedro novo alvará para a sua realização. Desde então e até
ao presente, entre as centenas de fogaças que desfilam pela
cidade nas mãos das crianças feirenses há três dedicadas a
S. Sebastião para que a tranquilidade não deixe de ali
reinar. Vale a pena mencionar o piedoso destino dessas três
fogaças. As duas primeiras, uma delas fragmentada, são
encaminhadas para o prelado da diocese e para algumas
autoridades locais, em modo de ritual
ratificador de hierarquias. A última,
também partida em pedaços, vai
para as mãos dos presos da
cadeia, cumprindo-se
assim,
simbolicamente,
o espírito
primitivo que
presidiu à
promessa feita ao
mártir S.
Sebastião. I
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Terra Nossa
mentos da fé: acabou demolido no séc. XVIII para
dar lugar à Igreja Matriz. O Pelourinho e o
Convento de São Francisco (séc. XVIII) são outro
património a visitar.
O burgo é modesto, encavalitado num outeiro
e debruçado sobre um fértil vale. Avista-se lá em
baixo a bonita capela românica de São Facundo.
Uma estrada desce em ziguezague até ao vale e
pelo caminho contornamos uma rotunda ornamentada com um assador gigante. A anotar:
Viagens
INATEL
Na programação
Outono/Inverno das
Viagens Inatel, está
prevista uma
viagem, de 19 a 23
de Janeiro, à Festa
das Fogaceiras, em
Santa Maria da
Feira, e que inclui,
com estadia em
Chaves, a Feira do
Fumeiro de
Montalegre. Seguese, de 12 a 14 de
Fevereiro, a viagem
à Feira do Fumeiro
de Vinhais, com
passagem também
por Chaves e
passeios e visitas no
Tua e em Foz Côa.
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Vinhais passa por ser a capital do fumeiro português, ou pelo menos sede da melhor produção,
com direito a feira (ver caixa), mas também se
orgulha das florestas de castanheiros que cobrem
as colinas das redondezas – e que são uma constante na paisagem da região – e das castanhas que
têm também a sua merecida fama. É no final do
mês de Outubro que anualmente ali tem lugar
uma grande festa dedicada a esse fruto outonal.
Uma das entradas no Parque Natural de
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Montesinho está a dois passos. Mas a vila inaugurou em Maio passado outro atractivo para os
amantes da natureza, o Parque Biológico de
Vinhais, instalado mesmo à beira do povoado, no
perímetro florestal da Serra da Coroa. O parque
tem várias valências, entre as quais a interpretação da paisagem local, a educação ambiental, a
conservação e promoção da biodiversidade e o
desenvolvimento do ecoturismo. I
Humberto Lopes (texto e fotos)
Vinhais, capital do fumeiro
A 28ª Feira do Fumeiro de Vinhais está agendada para
Fevereiro de 2009, e o programa contará, como nos anos
anteriores, com multifacetada animação: música popular,
bandas filarmónicas, gaiteiros, desfiles de caretos, etc. E,
evidentemente, com as grandes jornadas gastronómicas
consagradas ao precioso fumeiro da região. Os visitantes
poderão degustar as especialidades locais, baseadas na
carne de porco da espécie bísara, alimentada
abundantemente com castanhas, nas dezenas de tasquinhas
da feira e adquirir as ditas aos cerca de oitenta produtores
presentes. Entre elas constam o salpicão, a chouriça de
carne, a alheira, o butelo, o chouriço azedo, a chouriça doce
e o presunto, todos levando Vinhais no nome de baptismo.
As ementas disponíveis nas habituais tasquinhas são
elucidativas da riqueza gastronómica de Vinhais e assaz
apelativas: Caldo de cascas, Cozido de cascas, Caldo à
lavrador, Caldo de perdiz, Fumeiro com grelos, Javali com
castanhas, Cozido à transmontana, Feijoada de lebre, etc. No
epílogo doceiro, brilham o pudim de castanhas e o arroz
doce. I
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Entrevista
Leonor
Beleza
Presidente da Fundação Champalimaud
“A Ciência é
o motor na procura
de novas fronteiras ”
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N
o local, junto
ao Tejo, donde
partiram as
caravelas em busca de
novos mundos, erguerse-á, dentro de um ano,
a sede da Fundação
Champalimaud.
Encerrado
definitivamente o ciclo
de governante, e com o
raro tempo livre
dedicado aos netos (“são
o encanto da minha
vida…”), Leonor Beleza
quer fazer do legado do
grande empresário e
industrial português
para a investigação
científica um caso
exemplar a nível
mundial porque –
sublinha – a ciência é
hoje “o motor na procura
de novas fronteiras e do
desconhecido.”
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Entrevista
Tempo Livre – Há uma biografia sua que indica
ter nascido e vivido até aos oitos anos em
Coimbra…
Leonor Beleza – Não, eu nasci no Porto. De facto
os meus pais viviam em Coimbra e vivi lá até aos
nove anos. A minha mãe era natural do Porto,
estudou e casou em Coimbra, mas como muitas
vezes as mulheres que gostam de ter os filhos
junto das mães eu fui nascer ao Porto...
TL- Boas recordações desse tempo…
LB – …A de viver numa casa com um grande jardim onde eu e os meus irmãos podíamos fazer
barulho e brincar à vontade. Custou-nos muito,
mais tarde, a adaptação, quando viemos para um
andar em Lisboa. Estávamos habituados a uma
maior liberdade de movimentos e os nossos amigos viviam muito perto.
TL – Nunca lá voltou?
LB- Ainda hoje, quando me desloco ao Porto ou a Coimbra gosto
de passar perto da casa onde vivi.
O nosso grande
Uma vez atrevi-me a bater à porta
objectivo é pôr
e a pedir às pessoas para entrar e
de pé um centro
aconteceu-me aquela coisa que
de excelência
acontece a toda a gente… as salas,
de investigação
portas e janelas estavam no
científica…
mesmo sítio mas a dimensão
parecia diferente. A zona onde
vivia foi muito alterada como
muitas coisas em Coimbra, nomeadamente o hospital da Universidade que é
muito perto da casa onde morava. A casa continua lá, mas o bairro mudou muito.
TL – Avô, mãe e irmã juristas, licenciou-se em
Direito, leccionou na Faculdade de Direito.
Nunca foi tentada pela carreira universitária?
LB- Quando me preparava, em 1982, para fazer o
doutoramento, tive um convite para integrar o
Governo. Aceitei na convicção de que era uma
situação transitória e de que após essa experiência voltaria à Faculdade, mas as coisas aconteceram de outra maneira. Mas tenho muita pena.
Gostava de ter prosseguido a carreira universitária. Paciência, não foi possível.
TL- Foi dirigente destacada do PSD, Secretária
de Estado, Ministra, Vice-Presidente da
Assembleia da República. Três décadas de
acção política e governativa com altos e baixos.
É um ciclo encerrado na sua vida?
LB- Não, a política não é uma coisa encerrada na
“
”
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minha vida. Continuo a ser militante do partido,
tenho uma posição política conhecida, embora
com uma actividade menos intensa.
TL – E no Governo?
LB- Não, esse ciclo está encerrado.
TL - Foi surpresa para si o convite de António
Champalimaud para dirigir a Fundação?
Conheceu-o pessoalmente?
LB - Muito pouco, pessoalmente. Conheci-o
quando passou a controlar o Banco Totta e
Açores. Almocei uma vez em sua casa e conversamos outras vezes, pois eu era presidente do
Conselho Fiscal do Banco. Este órgão deixou,
mais tarde, de existir devido a alterações da lei.
Foi um conhecimento, em termos pessoais, muito
limitado.
TL – Que imagem retém de António Champalimaud?
LB – Tinha, em primeiro lugar, a imagem pública
que era conhecida. Depois, e na sequência do
convite para a Fundação, aprofundei muito o
conhecimento da sua personalidade através de
contactos com alguns familiares e com pessoas
que trabalharam muito de perto com ele. Era
muito importante para mim saber como ele era, o
que é que ele pensava, como é que queria as coisas pois não deixou uma ideia muito explícita do
que desejava para a Fundação.
TL – A Fundação quer trazer para Portugal cientistas portugueses que trabalham lá fora e criar
um centro de investigação capaz de atrair cientistas estrangeiros de nomeada. Há já sinais
disso?
LB – A Fundação já tem um programa de investi-
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gação a funcionar. O nosso grande objectivo é pôr
de pé um centro de excelência de investigação
científica. Fisicamente esse centro está a começar
a ser construído. Mas já temos um programa de
neurociências, que está a funcionar no Instituto
Gulbenkian de Ciência, no âmbito de um acordo
entre as duas fundações, e constituído por equipas de investigação básica. São cientistas da
Fundação Champalimaud.
TL- Alguns vieram de outros países…
LB – Sim, alguns vieram de fora. É o caso do coordenador do grupo de neurociências, Isaac
Mainen, um importante cientista norte-americano.
TL - Há já um importante prémio internacional
relacionado com a visão, mas não será, segundo
creio, a única ou principal área de investigação?
LB – A visão é uma vertente importante da nossa
investigação, sobretudo em relação ao prémio. É
um prémio anual com uma dupla faceta: tanto
pretende fazer destacar a importância da investigação em visão com a atribuição, em anos pares,
de um prémio a equipas de investigação que tenham feito importantes avanços nesse domínio,
como procura que a luta contra a cegueira sobretudo nos países onde esse problema tem
uma expressão importante - se desenvolva utilizando a ciência conhecida. Nos anos ímpares o
prémio é atribuído a instituições que fazem esse
tipo de trabalho.
No âmbito da investigação que fazemos e que
viremos a fazer, a visão aparece no âmbito mais
amplo como aspecto importante das neurociências.
TL - Como interpreta o facto de dezenas de portugueses terem de recorrer a hospitais cubanos
para resolver problemas de visão?
LB – Acho que há aí alguns equívocos. Por um
lado um equívoco que tem a ver com a noção de
que não teremos os meios necessários e suficientes para que os portugueses não sofram de cataratas. E também me parece a escolha de Cuba um
pouco estranha, pois há, certamente, lugares
mais próximos para esse tratamento. Há qualquer
coisa aqui que não funciona bem, ou as pessoas
não sabem, pois nós temos seguramente capacidade instalada bastante para os portugueses não
precisarem de sofrer dessas doenças.
TL - Uma das primeiras conquistas da Fundação
Champalimaud foi, como já nos disse, a con-
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tratação de Isacc Mainen, especialista em neurociências e que trabalhará, diz-se, no projecto
de investigação mais caro alguma vez desenvolvido em Portugal...
LB – A questão não se coloca assim. Estamos é a
oferecer condições competitivas aos cientistas
que aceitam vir trabalhar connosco. Estamos em
competição com grande laboratórios de outros
países que oferecem pacotes interessantes. Se
queremos que as pessoas venham trabalhar para
Portugal temos de lhes oferecer, também, pacotes
competitivos. O pacote competitivo não significa
simplesmente pagar muito, mas sobretudo oferecer meios para se fazer ciência, que é uma actividade cara.
TL - Segundo a revista Nature, o Centro vai
empregar pelo menos 300 cientistas…
LB – Em pleno funcionamento, o Centro poderá
ter, aproximadamente, esse
número de investigadores.
TL - Segundo ainda a “Nature”,
Prefiro que a
muitos cientistas em Portugal
política seja feita por
estarão desiludidos pois “
pessoas que têm uma
estavam a torcer por uma melcarreira profissional
hor distribuição da riqueza”.
e vivências para além
LB – A filosofia da Fundação não
do mundo da
assenta na distribuição de subsípolítica
dios, mas antes na criação de um
centro de investigação de
excelência, com características
diferentes do que acontece hoje em Portugal. E o
que sinto da parte dos cientistas portugueses não
é hostilidade, mas antes interesse e curiosidade e,
em muitos casos, uma excelente colaboração em
relação ao que estamos a fazer.
TL – A localização do Centro junto ao Tejo tem
suscitado algumas críticas…
LB – Só conheço uma crítica... O que tenho visto
é um enorme apreço pelo nível arquitectónico do
que vai ser edificado no local. A ligação ao rio
será extraordinariamente facilitada. Cinquenta
por cento do terreno será ocupado por jardins
bem cuidados, um anfiteatro ao ar livre e por
outras estruturas de acesso público, incluindo
um auditório destinado ao centro e aos cientistas
mas disponível para outros fins, nomeadamente
artísticos.
TL- Essa localização tem, ainda, para si, um
importante significado histórico…
LB – É um local historicamente muito relevante
“
”
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Entrevista
“
Cinquenta por
cento da área do
Centro será ocupada
por jardins bem
cuidados, um
anfiteatro ao ar livre
e por outras
estruturas de acesso
público (…) a ligação
da cidade ao rio será
extraordinariamente
facilitada
”
para Portugal. Daí partiram os portugueses ousadamente, rasgando fronteiras à procura do desconhecido. Ora, a ciência é hoje o motor na procura de novas fronteiras e do desconhecido.
TL – Tem, no Conselho de Curadores, cientistas
e outras figuras importantes do nosso País, além
de personalidades estrangeiras de relevo, como
Simone Veil e o ex- Presidente do Brasil,
Fernando Henrique Cardoso. Já houve alguma
reunião deste Conselho? Como reagiram ao seu
convite?
LB – Reunimos duas vezes por ano. Aderiram
todos com entusiasmo, desde logo, naturalmente,
os que estão mais perto e integram o Conselho,
constituído por António Champalimaud. As duas
personalidades que referiu vivem connosco, a
par e passo, os grandes momentos da Fundação,
interessam-se muito por aquilo que se passa, dãonos uma ajuda extraordinária. Aliás, a próxima
reunião do Conselho será em S. Paulo, no
Instituto Fernando Henrique Cardoso.
TL – E António Damásio? Não vai tentar trazêlo para Portugal?
LB – Receio que seja difícil. Está, agora, a dirigir
uma nova instituição na Universidade da
Califórnia do Sul, em Los Angeles. É um projecto novo e é natural que o ocupe muito. Mas conto
com o seu apoio e empenhamento no Conselho
de Curadores.
TL – A crise financeira mundial não afecta a
Fundação?
LB – A crise afecta tudo e todos, designadamente
quem tem recursos de carácter financeiro e vive
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deles, mas não tenho dúvidas de que os nossos
recursos são geridos de uma maneira extremamente competente. Estamos, no essencial, relativamente calmos em relação ao que se passa.
TL - Leccionou Direito da Família na Faculdade
de Direito. Que opinião tem sobre a eventual
legalização de casamento de homossexuais?
LB- Por uma questão da dignidade das pessoas, não me oponho, mas entendo que os juristas devem participar neste debate. É uma
questão que deve ser analisada com todo o
cuidado. Não estamos a falar apenas de um
tema política e socialmente relevante, mas
também de um instituto jurídico que existe há
muito, relativamente consolidado, com efeitos
a vários níveis, e que não deve ser tratado de
maneira simplista.
TL - Como encara o facto de os políticos serem
cada vez mais profissionais da política?
LB - Tenho alguma dificuldade em assumir-me
como crítica em relação a isso. Prefiro que a política seja feita por pessoas que têm uma carreira
profissional e vivências para além do mundo da
política. Ou seja, pessoas que singraram de
maneira autónoma na sociedade, antes de assumirem cargos políticos de relevância. Pessoas que
tendo este perfil, dediquem uma parte da sua
vida ao bem comum. Prefiro esse tipo de pessoas,
mas não ignoro que nos países mais desenvolvidos a política é exercida de uma maneira praticamente profissional. Eu própria, numa fase da
minha existência, fui, na prática, isso mesmo.
Mais do que ser ou não ser profissional, é uma
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questão de real dedicação ao interesse colectivo,
mas prefiro que sejam pessoas com outra experiência profissional e de vida.
TL – Há mais vida para além da Fundação?...
LB – O que mais gosto de fazer, hoje em dia,
tendo em conta as circunstâncias pessoais e familiares, é de tomar conta dos meus netos. Ou melhor, não bem tomar conta, é de brincar com eles.
Tenho dois, uma neta e um neto. Gosto muito que
os pais me peçam para ficar com eles. São o
encanto da minha vida. Ponho-os à frente de
tudo quando estou livre do trabalho profissional.
Gosto, evidentemente, de outras coisas. De ler, de
ver filmes, mas confesso que o meu tempo está
agora mais limitado.
TL – Tem algum autor preferido?
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LB – Tenho vindo a ler, com grande interesse, um
escritor de um país que me fascina, a Turquia.
Orhan Pamuk retrata, de uma maneira muito
sugestiva, e falando do seu próprio país, os problemas, as contradições e as dificuldades do
mundo actual. É um país onde se debatem
correntes muito diferentes e fortíssimamente
antagónicas. Há um outro escritor de que gosto
muito, o libanês Amin Malouf, não só pela qualidade dos seus romances históricos, mas também
pela forma como aborda o relacionamento entre
a tradição e a contemporaneidade, inspirado no
complexo mosaico étnico e ideológico que é o seu
país natal. É o caso, também, do indiano Amartya
Sen na sua análise da identidade e violência. São
autores que contribuem para esbater as diferenças e nos fazem compreender como se pode
viver em mundos diferentes, acentuando os elementos de não-ruptura.
TL – Como encarou a decisão da Casa de
Imprensa de lhe outorgar o título de Associada
Benemérita?
LB- Foi uma honra para mim receber essa distinção, mas não fiz mais do que apoiar uma causa
justa de uma instituição centenária com um
papel muito importante na vida dos jornalistas
portugueses..
Tl – Foi Secretária de Estado da Segurança
Social e, mais tarde, Ministra da Saúde. Qual
destas funções mais apreciou?
LB – Se posso tomar opções desse tipo, pessoalmente foi mais gratificante a segurança social.
Embora não totalmente pacífica, foi uma função
bem menos conflituosa.
TL – Que ideia faz da Fundação INATEL?
LB – Tenho a percepção que ao longo das suas
décadas de existência tem sido bastante importante pelos serviços que proporciona a muitos
trabalhadores. Desempenha um papel muito
positivo na sociedade portuguesa.
TL – Nunca praticou desporto?
LB – Pratiquei basquetebol quando era mais
jovem e continuo a praticar natação, embora com
menos intensidade.
TL – Nunca foi à piscina da Inatel, considerada
uma das melhores de Lisboa?
LB – Vou às vezes ao Estádio 1º de Maio, a minha
neta gosta muito de lá ir à zona das crianças, mas
de facto ainda não experimentei a piscina. I
Eugénio Alves (texto) José Frade (fotos)
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Vidas
João Silva
A janela discreta
Pioneiro dos meandros da Sétima Arte, integrou as
equipas de filmagem de quase todos os lusos
vanguardistas cineastas. Sofreu degredo, afoitou-se
em terras de África, captou imagens atrás de
imagens. Aos 92 anos continua a viver numa lúcida
dianteira dos tempos, tão solidário e coerente
quanto sempre. Apenas mais sabedor.
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JOSÉ FRADE
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Vidas
João Silva transpôs
recentemente
para livro as
aventuras da sua
longa e apaixonante
jornada
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AOS 17 ANOS DE IDADE, João Silva descobre
aquela que viria a ser a sua grande paixão profissional, quando vai aos estúdios da Tobis, com o
objectivo de dar uma ajuda nas filmagens de “A
Canção de Lisboa”. O seu domínio da língua francesa surge como uma verdadeira salvação para
um operador francês contratado por Cottinelli
Telmo, que não conseguia entender-se com a restante equipa. O jovem lisboeta de Alfama tornase assim 2º assistente do francófono operador,
transformando-se mais tarde em claquette-boy e
depois em operador. Escriturário é que nunca
mais voltaria a ser, pondo ponto final a uma
carreira iniciada aos 12 anos sem desejo.
Mas nem só de fitas vivia este pioneiro do
cinema sonoro. Em 1934 é preso e enviado para
os Açores por dois anos, na sequência de acontecimentos relacionados com a greve geral de 18 de
Janeiro. Membro da Juventude Comunista, foi
incumbido, juntamente com um jovem camarada, de ir a Alcântara, a casa de um operário que
lhes entregou uma lancheira contendo duas bombas e uma pistola, “com as quais fomos para uma
das várias manifestações de apoio à greve que se
realizaram em Lisboa. Fomos presos. Imagine-se
o sofrimento da família do operário. Felizmente
aguentei-me e não falei”. Ou seja, conseguiu não
denunciar quem lhe fornecera a pistola com que
fora apanhado.
Quando regressa do “condomínio fechado”
açoriano, como ironicamente lhe chama, parte do
princípio de que na Tobis não querem vê-lo nem
pintado e emprega-se numa oficina de encadernação, onde se aplica a fazer “dobra em branco”,
o que significa: a fabricar livros de contabilidade.
Mas o bichinho do cinema tinha ficado a corroêlo e quando, após o desterro, estreia o primeiro
filme português no Tivoli, decide pedir para assistir à projecção. “Apareceu-me o Cunha e Silva,
que tinha trabalhado com o Cottinelli Telmo, e
convida-me para trabalhar no filme do Chianca
de Garcia. Voltei para a Tobis trabalhando como
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electricista, e depois fiz o “Trevo de Quatro
Folhas” e o “Bocage”, do Leitão de Barros, como 2º
operador e claquette-boy”. Com a política de
apoio à indústria cinematográfica defendida por
António Ferro, a produção vive, nesta altura, um
período particularmente profícuo, originando a
contratação de operadores estrangeiros, principalmente franceses, mais experientes em estúdio do
que os portugueses. “Tudo começou com gente
que não sabia nada mas que, depois, já ia sabendo. Muitos realizadores não sabiam, sequer, para
que lado queriam a câmara e criavam muitos problemas aos operadores”, recorda João Silva.
EM 1947, cria, no âmbito de uma orientação que
lhe é dada pelo PCP, o Circulo de Cinema, um
cineclube de cuja direcção faz parte, juntamente
com José Ernesto de Sousa, Pousal Domingos,
Eduardo Leite e Pinto de Carvalho. Alugam,
então, uma casa para servir de sede, na Rua B às
Amoreiras, com um salão adequado às pro-
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jecções, mas com uma renda tão elevada, que a
solução arranjada foi a de se transformar, simultaneamente, em sua morada de família, sendo o
aluguer pago a meias. Rapidamente o espaço se
torna exíguo para os mais de dois mil sócios
(entre os quais se encontravam Bento de Jesus
Caraça, Mário Soares, Lopes Graça e Abel Manta)
e duas projecções mensais passam a ser feitas no
Capitólio, escolhendo, para o efeito, filmes passados no circuito comercial, como, por exemplo,
“Roma, Cidade Aberta” ou “A Estrada conduz ao
Céu”. Para fazer a divulgação dos filmes era
necessário criar um Boletim que fornecesse todas
as informações necessárias a um bom cineclubista. João Silva passa então a imprimi-lo no Laboratório de Fotografia a Cores, do seu amigo César de
Sá, que lhe empresta a chave do mesmo para
poder fazê-lo à noite. Mas a PIDE estranhou a
actividade nocturna daquele duplicador e, além
de assaltar o Laboratório levando a Gestetner,
também invadiu a sede do clube, simultanea-
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Vidas
mente residência. Novamente João Silva ficou
preso, desta vez em Caxias, bem como outros
sócios que lá se encontravam, embora um a um
fossem sendo libertados, ao provarem que apenas
possuíam documentos sobre cinema. Meses mais
tarde, é detido por estar a filmar o funeral de
Bento Jesus Caraça, mas desta vez tudo se resolve na Esquadra da PSP. “Queriam saber para
quem estava eu a filmar e disse-lhes que era a
minha profissão e tencionava tentar vender o
filme ao MUD. Perguntaram-me se os conhecia e
disse que não, mas que estava à espera que,
dando nas vistas, eles fossem ter comigo. Como
os senhores apareceram primeiro… Deixaramme ir embora, mas ficaram com o filme e nunca
mais, até hoje, soube o que lhe aconteceu”. Um
mistério por desvendar, tal como a sistemática
interpelação da PIDE, em diferentes momentos
da sua vida, para que dissesse porque tinha viajado num determinado navio para Nova Orleães,
coisa jamais acontecida e cuja relação com a sua
vida João Silva nunca entendeu, tornando-se, por
isso, muitíssimo intrigante.
Em 1950, é convidado por dois produtores a ir
para Angola por seis meses, a fim de trabalhar
para o documental “Jornal de Actualidades”.
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Aceita o convite, mas na condição de ser apenas
por dois meses, já que a sua paixão era o trabalho
em estúdio. No entanto, findo o prazo regressa,
mas para vir buscar a família. Ficou em Angola
29 anos, oito meses e dez dias e é talvez das pessoas que melhor conhece aquele país africano.
Filmou-o de alto a baixo durante a bonança colonial, a guerra de libertação, o período conturbado
da independência e ainda o início da guerra civil.
Regressou no dia 26 de Agosto de 1979, por
razões íntimas. “Tive sempre a casa cheia de
miúdos porque além dos meus dois filhos ainda
tinha duas sobrinhas a viver connosco. Depois casaram e nasceram
os netos. Até que o meu filho veio
para cá fazer um estágio e acabou
por ficar. O que é que nós íamos
ficar a fazer lá?”.
Regressou sem um tostão no
bolso, mas com morada onde chegar,
já que a filha casara e deixara a sua
residência desabitada, embora totalmente mobilada. O PCP deu-lhe a
mão e ofereceu-lhe trabalho como
funcionário. Trocou a câmara de filmar pela de fotografar e passado
pouco tempo foi trabalhar para a
CGTP. Reformou-se há dois anos,
quando completou 90.
No silêncio nocturno do seu lar,
aquele mesmo que afeiçoou a si
quando chegou a Lisboa há quase
trinta anos, agarrou-se ao seu PC e
criou um blog, o Roxa Xenaider,
http://blogdarochet-schneider.blogspot.com, no qual foi escrevendo as muitas histórias que compõem a sua vida. Recentemente,
transpôs para livro essas aventuras às quais deu
o título de “Rocha Chenaider” e recebeu a justa
homenagem dos seus amigos, familiares e admiradores, no dia em que foi lançado. “Viciei-me
na Internet e às vezes adormecia a escrever.
Cheguei a amarrar-me à cadeira para não cair.
Agora só lá vou de vez em quando, porque já não
tenho mais histórias vividas para contar e inventar não sei fazer. Infelizmente, já não tenho mais
nada para contar. Pode ser que me ocorra alguma
coisa…”. I
Guiomar Belo Marques (texto)
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Viagens
CASAMANSA
O outro Senegal
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Casamansa fez parte, durante quatrocentos anos, da que foi a
primeira colónia portuguesa, tendo sido integrada no Senegal no
momento da independência do país de Senghor. É uma região
fértil, de grande potencial agrícola e com um património natural
precioso para o ecoturismo. Conserva alguns sinais da herança
portuguesa.
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Viagens
“QUEL GUIDE AVEZ-VOUS? LE ROUTARD?” A
pergunta lançada à queima-roupa aos recém-chegados, na estação rodoviária de Zinguinchor, tem
água no bico. O guia de viagens trai o viajante, dá
uma pista sobre o volume da bolsa, o hotel que é
suposto procurar, etc.
Naquelas desoras, nove ou dez da noite, os
viajantes desembarcados na estação talvez não
sejam, afinal, desses que aspiram a confortos
superlativos. “Le Routard?”. Na verdade, guia
nenhum nos ilumina as andanças. “Avez-vous
reservation?” Também não, nenhum hotel nos
espera... mas bem toca a andar para o “Le
Perroquet”. “Messieur, l’hotel c’est complet, mais
je connais un autre lá-bas...”.
São os truques habituais de quem luta por
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sobreviver em países onde a economia informal dá mais pão do que os empregos domesticados. E os senegaleses que se demoraram na
paragem à espera das últimas carripanas de
Bissau percebem logo, na semi-escuridão, que
os recém-chegados não devem ser dos mais
fiéis de Cap Skirring, a estância balnear da
costa de Casamansa, irmã gémea de tantas
outras frequentadas por multidões de turistas
europeus.
Para o “Le Perroquet”, portanto. É uma pousada pequena, aconchegada à beira do rio
Casamansa, mesmo a dois passos do porto de
pesca e dos estaleiros, um dos recantos mais cativantes de Zinguinchor, a capital do território
outrora disputado por Portugal e França (ver
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caixa). O rio corre mesmo ao lado e o terraço do
Perroquet é um lugar de eleição para observar o
vaivém das barcaças dos pescadores, a passarada
a voar sobre as águas ou os veleiros que chegam
ou partem para o Atlântico.
A cidade e o rio
Zinguinchor, fundada pelos portugueses em
1560, tem uma atmosfera relaxante, em contraste
com o frenesi da estação rodoviária. Um salto ao
Marché St. Maur, mercado de fruta e legumes, ou
ao Centro de Artesanato, onde se encontra bom
trabalho em madeira, são passeios sempre aconselhados aos visitantes.
Outro ponto de interesse é a catedral, edificada pelos franceses e objecto de recente reabili-
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tação. O templo é consagrado a Santo António de
Lisboa e acolhe liturgia católica em língua djola.
Há em Casamansa, aliás, outros sinais da herança
portuguesa, como nomes próprios e apelidos,
além do uso frequente do crioulo lusófono.
A grande atracção de Zinguinchor é o grande
Rio Casamansa. Caminhar de manhã cedo ao
longo da Rue du Commerce, bordejada por estaleiros povoados de barcos pintados com cores e
símbolos senegaleses e cirandar, a seguir, pelo
porto de pesca, é uma das “actividades” mais
agradáveis que o viajante se pode reservar na
capital de Casamansa. Longe estão os apelos consumistas, a desumana pressão urbana das grandes cidades, a premência de se ter de fazer alguma coisa de especial só porque se está de férias.
A catedral, edificada
pelos franceses e
objecto de recente
reabilitação, é
consagrada a Santo
António de Lisboa
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Viagens
Em Zinguinchor pode-se estar, apenas: estar sem
agenda, como convém ao viajante que sabe encantar-se instantaneamente com os pequenos
nadas dos grandes lugares. Ouvir as águas nocturnas do rio, as estridências dos pássaros à volta
dos barcos regressados da pesca, trocar sorrisos e
olhares com as mulheres que andam na faina do
porto.
Há, bem entendido, o grande palco de vida
que é o rio Casamansa e a possibilidade de incursões a reservas naturais para observação de
aves. Há gente que vem, justamente, pelo birdwatching. É um justificado complemento da passagem pelo litoral e pela rede de “acampamentos
rurais” que oferecem uma “iniciação” à vida e às
tradições das aldeias djolas. São estas, enfim, as
duas faces do melhor que Casamansa tem para
acolher o viajante: o turismo de natureza e o turismo cultural.
A questão de Casamansa
Desde a assinatura do último acordo entre o
governo do Senegal e o movimento independentista MFDC (Movimento das Forças Democráticas
de Casamansa) que a região tem estado calma.
Mas a questão de fundo continua por resolver. O
acordo não faz mais do que adiar uma solução
definitiva. A fase actual do conflito dura desde
1982, quando se iniciou um ciclo de violência na
sequência de um manifestação, em Zinguinchor,
reprimida severamente pelo poder central.
Até cerca de 1828, o comércio no rio permaneceu sob controlo português. Nessa data os franceses instalaram uma feitoria na foz, interessados
Guia
conclusão da nova ponte,
ONDE DORMIR
prevista para 2009. Outra
COMO IR
opção é voar para Dakar e
Commerce,
nos últimos anos a situação
Casamansa fica situada junto
tomar o ferry para
tel. 221339912329
estar calma, continua a ser
à fronteira norte da Guiné-
Zinguinchor (duas vezes por
fax 221339368183
desaconselhável viajar durante
Bissau. Zinguinchor está a
semana, 15 horas de viagem
e-mail: [email protected]
a noite. Convém obter
cerca de 20 km da fronteira.
para um trajecto de 324 km,
A partir de Bissau, é um
dos quais 50 pelo rio).
Rue du Commerce,
evitar pelos turistas.
tel. 221339388000
Informação sobre alojamento
fax 221339911675
rural pode ser obtida no
trajecto que se faz sem
Hotel Le Perroquet, Rue du
Hotel Kadiandoumagne,
no Senegal. É importante fazer
profilaxia da malária. Apesar de
informação sobre zonas a
dificuldade. Apenas a
QUANDO IR
passagem de jangada do Rio
Entre Dezembro e Maio, na
Cacheu pode obrigar a uma
época seca, quando as
ÚTEIS
9911375).
espera de duas ou mais
temperaturas são, também
Os portugueses não
Informação na internet:
horas, pelo menos até à
menos rigorosas.
necessitam de visto para entrar
www.senegal-online.com.
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Centro de Artesanato (tel.
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em explorar o interesse estratégico e comercial
do Casamansa. Por outro lado, a região era, e continua a ser, a mais fértil de todo o território senegalês, em contraste com as regiões centro e norte
do país, ameaçadas de desertificação. A presença
portuguesa em África limitava-se ao litoral e às
margens dos rios, pelo que os interesses comerciais e políticos franceses pouca resistência
encontraram.
A disputa ficaria resolvida em 1886, depois de
negociações que refizeram as fronteiras da Guiné,
transitando Casamansa para o domínio francês
por troca com a região de Cacine, no sul. A nova
linha de fronteira, na sua lógica colonial, dividiu
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um território partilhado pelas mesmas etnias e
culturas, mantendo Casamansa mais afinidades
religiosas, culturais e linguísticas com o norte da
Guiné do que com o resto do Senegal.
Casamansa foi integrada provisoriamente no
Senegal e os últimos 25 anos têm testemunhado
a incapacidade de ambas as partes aproximarem
as suas posições. O sentimento local, na expressão recente de um comentador senegalês, é o de
que a situação que se vive não é nem de guerra
nem de paz. No horizonte está, contudo, a possibilidade de serem retomadas em breve as negociações sobre o futuro de Casamansa. I
Humberto Lopes (texto e fotos)
Zinguinchor, fundada
pelos portugueses
em 1560, tem uma
atmosfera relaxante
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Paixões
A arte do pão
São onze alunos, oito rapazes e três
raparigas na casa dos vinte anos,
chegados dos mais diversos cantos
do país. Mirandela, não se sabe
exactamente porquê, ganhava aos
pontos. Dali vieram cinco mancebos,
dispostos a lutar para conseguir um
posto no mercado da gastronomia. Da
comida, seja doce ou salgada.
ENVERGANDO fardas, escrupulosamente brancas, aguardavam em amena cavaqueira o início
da aula. Uma aula onde se ensinava a arte de confeccionar pão. O tempo de espera no terraço equivalia ao desfrute de uma vista fabulosa. Telhados,
muralhas, pedaços de vinhas espraiando-se a
curta distância. Aquele sol e aquele azul, a harmonia da paisagem, a calma apaziguante eram
um foco de inspiração.
Mas vamos por partes. Convém desde logo
informar que nos encontramos em Óbidos. Nas
instalações da Escola de Hotelaria e Turismo do
Oeste que foi inaugurada há pouquíssimo tempo.
“Estamos ligados ao Turismo de Portugal e em
breve vamos abrir mais dois pólos, um nas
Caldas da Rainha e outro em Portalegre.
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Ministramos cursos de gestão turística e de pastelaria avançada que duram cerca de oito meses.
Só aceitamos jovens com a escolaridade mínima
do décimo segundo ano. Interessa
salvaguardar as receitas antigas e ensinar as
técnicas mais avançadas na área da pastelaria”,
assinala.
António Araújo, um minhoto que a capital
acolheu ainda antes de se fazer homem, possui
sólidas credenciais no campo da restauração.
Fala com entusiasmo e algum orgulho do seu
convincente currículo, já sem a característica
pronúncia nortenha. “Entre 1970 e 1981 trabalhei no restaurante do Hotel Ritz, em Lisboa.
Mais tarde frequentei a primeira escola nacional
de hotelaria e acabei por ser contemplado com
uma bolsa da Escola de Hotelaria de Marbelha.
Antes de vir para aqui desempenhei as funções
de formador na escola das Olaias”, adianta.
Agora sente necessidade de valorizar o novo
projecto em que se envolveu. “Estamos no começo, ainda numa fase de divulgação para angariar inscrições. Quando terminarem o curso, os
alunos têm pela frente 14 semanas de estágio nos
hotéis e padarias de renome. As noções adquiridas permitem-lhes seguir a carreira de chefes
pasteleiros”. É um tipo simpático com facilidade
de expressão, habituado a ambientes cosmopolitas, que subiu a pulso na escala social.
Na asséptica cozinha, um modelo de modernismo, os jovens sob a orientação do professor
Paulo Santos preparam um pão artístico alusivo
à vila de Óbidos. Entre recipientes, espátulas,
facas e farinhas, as mãos rodopiam num redemoinho mágico. As mãos, em primeiro lugar.
Dedos, revestidos com luvas de látex como as
dos cirurgiões, moldam as massas disformes
que irão crescer dentro dos fornos. Em redor de
uma mesa rectangular os alunos estão atentos
ao afã gestual que decorre no cenário à base do
inox, sem qualquer indício de bagunça.
Concentrados, a pensar no seu futuro, desejam
mesmo aprender. Hugo Martins, natural de
Portimão, ainda não decidiu se quer ser pasteleiro. Já a Andreia,uma rapariga franzina oriun-
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da de Cascais, mostra-se determinada. “Pastelaria fina, sem dúvida”, afirma.
Walter Ribeiro, outro representante de
Mirandela, revela estar indeciso entre a culinária
e a pastelaria. Recentemente, participou num
concurso no estrangeiro onde apresentou um
bolo constituído por 12 peças de massapão com
uma coroa de chocolate. Não ganhou nada. O
próximo passo é um estágio em Paris, o sonho de
qualquer aspirante ao cargo de chefe. João
Patrício, que estagiou durante uma temporada na
cozinha do Hotel Cristal, viajou de Leiria movido
pela curiosidade de experimentar novas técnicas
e novas matérias-primas.
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À chuva de perguntas sucedem-se respostas
simples e sucintas. Enquanto o pão não está
pronto, vamos fotografando a rapaziada que evidencia um certo retraimento. Finalmente, provamos o pão que nem parece pão mas mais uma
espécie de bolo. É um regalo para os olhos.
Lembra a flor do girassol e tem três cores: amarelo, castanho e beringela. Os segredos da coloração e as nuances do sabor ficaram por dizer. O
mestre, não se descose. Fincado na máxima de
que o segredo é a alma do negócio, recusa partilhar a sabedoria.
Com 39 anos e um currículo impressionante, prepara-se para se estabelecer no Brasil onde
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Paixões
António Araújo
sente necessidade
de valorizar o novo
projecto em que se
envolveu
o sector da panificação atingiu um elevado
nível. Acha que as pessoas em Portugal consomem menos pão do que há uns atrás. “O pão
tradicional regista uma acentuada quebra.
Consome-se sobretudo pão com aditivos, o que
só prejudica a saúde”. Aborda a feitura do pão
com uma veia inovadora, superando-se no
apuro dos sabores. “Além do trigo e do centeio
integral, em vez de corantes utilizo especiarias
que ajudam a conservar. Tento diversificar as
qualidades de pão de uma maneira criativa”,
garante.
A descoberta da vocação surgiu cedo na vida
de Paulo Santos. Aos 12 anos, quando era preciso, já fazia deliciosos bolos na casa dos pais.
Actualmente dá aulas no Centro de Formação
Alimentar de Coimbra. “Apercebi-me da existência de uma falha no sector e resolvi dedicar-me a
isto. Trata-se de uma técnica muito complexa.
Nos últimos quatro anos evolui muito graças à
pesquisa. Com o pão também se pode fazer arte”,
salienta. E ele não esconde os dotes de artista.
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Coloca a sensibilidade nas receitas que vai inventando. Basta atender às obras que levou aos concursos internacionais e aos prémios que entretanto alcançou. “Sim. Obtive um segundo lugar
em Itália, um sexto em Nantes e o primeiro da
categoria artística, por votação do júri e do público, no festival europeu do pão que decorreu em
2007, no Porto”, relata.
É sócio honorário do clube italiano Arti e
Mesteri do qual fazem parte os melhores profissionais europeus. Do naipe de obras que construiu pacientemente, algumas delas colocadas no
seu site, destacam-se réplicas de emblemáticos
monumentos. É o caso
Da Torre de Belém, dos Clérigos ou do
Mosteiro de Santa Clara a Velha. Quanto ao pão
de homenagem à bela vilazinha do Oeste, num
exercício de pitonisa, julgo que continha paprica,
canela, cacau ou provavelmente açafrão. Ao nível
plástico remetia para as naturezas mortas de
Josefa de Óbidos.I
Lourdes Féria
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Portfólio
Marrocos
Proximidade
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Muitos dos nossos genes vieram de lá; por lá
deixamos prole, pedras e uma memória.
Marrocos é, pois, paisagem não distante.
Portugal a mirar-se ao espelho. Em termos
geográficos, assiste-se a um prolongamento
do Alentejo com sinais do Minho, em pleno
Atlas, absorvidos pelo deserto das dunas
alaranjadas mais a sul, anunciando a rota
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das caravanas e dos kashbas.
Sobre a costa atlântica, costuma-se dizer que
“cada pedra fala português”. Tudo o que é
antigo é-nos atribuído. Alcácer Ceguer,
Tânger, Arzila, Larache, Salé, Casablanca
Azamor, Mazagão – Património da
Humanidade – e Safi, a mais hospitaleira de
todas essas praças-fortes. Já em pleno
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universo balnear, afirma-se Essaouira, a
“nossa” Mogador, a partir da qual se quis
abarcar Marraquexe, que no entanto se
manteve fidelíssima a xerifes e sultões, e é
ainda hoje, na sua essência, a capital
medieval de um império que se estendia da
Ibéria ao Senegal.
Joaquim Magalhães de Castro (texto e fotografias)
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Mp3 e iPod podem fazer mal
Há quem os considere uma verdadeira doença social,
mas a União Europeia está preocupada com as nefastas
consequências físicas do uso exagerado dos Mp3 e
iPod. É que, quando usados com um volume
demasiado elevado (superior a 89 decibéis) durante
mais de uma hora por dia, pelo menos durante cinco
anos, pode conduzir à surdez, segundo a Comissão
Científica de Riscos Sanitários Novos e Emergentes, da
UE. Entre as medidas actualmente em estudo no
sentido de reduzir os danos provocados por estes
aparelhos, está a ser equacionada a
possibilidade de os fabricantes reduzirem
o volume máximo permitido,
actualmente estabelecido em 100
decibéis. De acordo com o estudo
efectuado, cinco a dez por cento dos
consumidores regulares, que se
calcula serem entre 50 a 100 milhões
na EU, podem vir a ficar
permanentemente surdos.
Olho Vivo
Calvície tem origem genética
Tudo indica que a teoria de que a
calvície tem origem num
excesso de hormonas
masculinas não é correcta,
antes devendo-se a duas
variações genéticas que
multiplicam por sete a
possibilidade de vir a ter falta de
cabelo, um problema que afecta 40 por cento dos
homens e das mulheres. Dois grupos de cientistas
chefiados, respectivamente, por Axel Hillmer, da
Universidade de Bona, e Tim Spector, do King’s College
de Londres, concluíram que a alopecia androgenética
tem origem numa predisposição determinada por
variações cromossomáticas, segundo revela a revista
científica Nature Genetics. Ambos os estudos, realizados
com 1.125 homens, num caso, e 296, no outro, permitem
demonstrar que estes indivíduos tinham em comum uma
variação do gene codificador das hormonas masculinas
mas, simultaneamente, variações do cromossoma 20.
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Intelectuais
estão a engordar
A velha imagem do intelectual
magro, além de circunspecto e
com grandes olheiras pode estar
com os dias contados. De
acordo com um estudo
realizado por investigadores
canadianos, liderado por JeanPhilippe Chaput, da
Universidade Laval, Quebec, e
publicado no jornal
Psychosomatic Medicine,
depois de efectuarem trabalhos
intelectuais as pessoas tendem
a ingerir grandes quantidades
de comida. Para chegarem a
esta conclusão, os
investigadores dividiram
aleatoriamente 14 estudantes
universitários em três grupos.
Durante três quartos de hora,
um dos grupos esteve sentado a
descansar, outro leu e resumiu
um texto e o terceiro grupo
realizou testes de memória e
atenção num computador.
Terminadas as tarefas, os jovens
voluntários puderam comer o
que muito bem lhes apeteceu.
Antes, os investigadores já
tinham concluído que o grupo
de maior actividade intelectual
gastava mais três calorias do
que o de inactividade, mas não
deixou de ser surpreendente
quando constataram que o
grupo que estivera a trabalhar
no computador ingerira uma
média de mais 253 calorias do
que os do grupo outro grupo,
enquanto os jovens que tinham
lido e resumido um texto
consumiram mais 203 calorias.
De acordo com os cientistas, o
organismo necessita de repor a
glucose que o esforço cerebral
eliminou devido ao desgaste de
energia.
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Telemóveis protegidos
Tubarões podem ser úteis
Os anticorpos particularmente resistentes do sangue dos tubarões
podem vir a ser uma eficaz arma no combate ao cancro ao
converterem-se em medicamentos de nova geração. Investigadores
australianos da Universidade La Trobe, de Melbourne, chegaram a
esta possibilidade depois de concluírem que os anticorpos dos
tubarões resistem a temperaturas elevadas e a ambientes adversos,
como os muito ácidos ou alcalinos, podendo, por isso, sobreviver
no aparelho digestivo humano, um factor essencial para a
assimilação de medicamentos. Segundo Mick Foley, daquela
universidade, as moléculas do tubarão possuem ainda a capacidade
de se associar às células cancerígenas, desacelerando a sua
disseminação.
Roubar telemóveis pode tornar-se, muito em
breve, uma actividade escusada, já que foi
criada uma aplicação que possibilita a protecção
da informação introduzida no aparelho, localizálo e desactivá-lo à distância. Além disso, o
proprietário do celular também pode accionar
um apito de alarme de por os nervos em franja
ao mais paciente meliante. A ideia desta
invenção partiu de Sujit Jain, fundador da
Maverick Solutions, depois de ter perdido três
telemóveis de seguida e sofrido várias crises de
nervos. O software é instalado no próprio
aparelho sem que seja possível saber
antecipadamente se um telemóvel o possui ou
não. Quando é accionado, solicita o número de
um outro telefone que passa a funcionar como
um receptor através do qual o proprietário
recebe os dados do telemóvel perdido ou
roubado. Através deste sistema, é possível até
saber para que números está o ladrão a ligar
depois de substituído o cartão.
G u i o m a r B e l o M a r q u e s ( t ex t o s ) A n d r é L e t r i a ( i l u s t r a ç õ e s )
Saber beber é uma virtude
Olfactos naturais
As mulheres que se abstêm de beber álcool nos dias
úteis, mas se desforram nos fins-de-semana, bebendo o
equivalente a duas garrafas de vinho, duplicam as suas
possibilidades de virem a desenvolver cancro da
mama, concluiu um estudo realizado pelo Centro de
Pesquisa do Álcool dinamarquês e publicado na
European Journal of Public Health. Depois de
analisarem cerca de 17 mil
mulheres com mais de 44 anos de
idade, os investigadores concluíram
que o risco aumenta particularmente
quando as bebidas são consumidas
num curto espaço de tempo, pela
densidade alcoólica no sangue a
que tal conduz. O consumo
exagerado de álcool pode
aumentar os níveis de estrogénio,
uma hormona associada ao
cancro da mama.
Ter nariz não significa necessariamente ter
olfacto, o que pode ser uma
vantagem, em caso de odores
incómodos, mas também uma
desvantagem e até um perigo se
tivermos em conta que é
graças a ele que detectamos,
por exemplo, o cheiro a
esturro. O problema da
ausência de olfacto está, contudo,
em vias de ser resolvido, já que cientistas do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts
conseguiram produzir em massa as proteínas
designadas por receptores olfactivos. Apesar de
outros cientistas terem avançado na criação de
narizes electrónicos, estes não têm origem
biológica como acontece com os sensores que
esta equipa está a tentar desenvolver.
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Lusofonia
De recontros, heranças e elos: a
e suas articulações literárias na r
Inocência
Mata*
A península não parou (…) A viagem
continua (…)
Os homens e as mulheres,
estes seguirão o seu caminho,
que futuro, que tempo, que destino.
José Saramago
D
Da esquerda para
a direita: José
Saramago, José
Alencar, Mia Couto e
Luandino Vieira
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e entre os usos diferentes que uma língua pode ter, conta-se o uso estético
como uma das práticas culturais mais
diferenciadoras. Talvez mais em
sociedades emergentes, como as dos países africanos, com um passado colonial recente, a literatura torna-se veículo muito importante na construção da identidade cultural de que a literária é
uma vertente. Isto é: por razões que têm a ver
com a especificidade do processo libertário dos
Cinco países africanos de língua oficial portuguesa, a identidade literária tornou-se uma componente fundamental do cadinho da identidade que
se pretende nacional. Ora, essa identidade, que
tem que pensar-se sempre plural, mesmo em países menos heterogéneos (como Cabo Verde e São
Tomé e Príncipe), não se realiza numa só língua –
nunca é demais repeti-lo. Dir-me-ão – e talvez eu
tenha que aceitar – que, dada a lógica da globalização, cuja dinâmica faz com que esta se torne
sinónimo de dominação cultural –, as identidades nacionais fazem-se sob uma punção centrípeta, de forma a resistir à rasura de elementos
matriciais e elaborar os módulos da diferença, até
como forma de preservar as fronteiras políticas
saídas do tempo colonial.
À primeira vista, parece que a ideia anterior
aponta para uma contradição entre termos: ao
mesmo tempo que se afirma a incontornabilidade da língua portuguesa no projecto nacional dos
Cinco países africanos (e mais ainda nos “países
continentais”, a saber: Angola, Moçambique e a
Guiné-Bissau), razões que mergulham as suas
raízes na política cultural do colonialismo português, com a sua feição assimilacionista, fazem
com que a intelligentzia desses os países (de
novo mormente os “continentais”) sejam cúmplices na conspiração pela preservação do lugar
hegemónico do Português, mesmo que a questão
possa também ser vista como sendo de expansão
identitária do processo de apropriação da língua
portuguesa empreendida antes pelos escritores
brasileiros e mais tarde pelos africanos. Pode
dizer-se, neste contexto, que os escritores africanos cumpriram o desígnio poético de Manuel
Bandeira ao transformarem a “sintaxe lusíada”
em língua “da boca do povo”, “em língua errada
do povo/Língua certa do povo” (Manuel
Bandeira, “Evocação do Recife”) e corroboraram a
máxima alencariana – em resposta a Pinheiro
Chagas, que verberava contra as “incorrecções”,
em Iracema (1865), do “velho português” –, de
que a língua é a nacionalidade do pensamento
como a pátria seria a nacionalidade do povo.
O que, então, a afirmação de José de Alencar,
tão actual, queria significar, e hoje o trabalho de
artesania verbal e de reinvenção linguística tão
bem ilustra, é a necessidade de uma nova geografia linguística, uma nova ideologia linguística
para pensar e dizer o país e expressar o saber-sentir de “comunidades imaginadas” cuja cultura
popular e social está muito distante do espaço
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língua portuguesa
reinvenção da diferença
ibérico. Nas literaturas africanas os exemplos
mais emblemáticos desse processo de agenciamento identitário através da língua são a produção poética de Luandino Vieira, Uanhenga
Xitu, Boaventura Cardoso (Angola), Ascêncio de
Freitas e Mia Couto (Moçambique). Essa “nova”
língua traz registos que comportam formas específicas de enunciação, melhor, de enunciados de
saberes e sentires diferentes.
Mas também outros mais novos: por exemplo,
Ismael Mateus e Ondjaki têm vindo a afirmar-se
como reinventores da língua literária em Angola,
porventura não já com objectivos ideológicos de
reivindicação ideológico-cultural, todavia com
uma marcante filosofia do cosmopolitismo, ou
cosmopolitanismo (no duplo sentido em que
Appiah entende esta noção)1. Como lembra o próprio Luandino Vieira, “a dimensão linguística
(…) continua a ser, evidentemente, um elemento
literariamente válido de caracterização de muita
coisa: do meio social, da idade, de não sei quê…
Como é habitualmente utilizada em qualquer língua e por qualquer escritor”2.
Foi isso que os escritores africanos de língua
portuguesa, grande parte de língua materna portuguesa, entenderam desde o início. O que faz
com que, hoje, uma marca importante da póscolonialidade da escrita africana de língua portuguesa seja o lugar e o modo como o escritor africano trabalha e se posiciona em/perante a língua
portuguesa, que foi, paradoxalmente, um petardo
– na expressão do senegalês Makhily Gassama3 –
contra a língua do assimilacionismo cultural. De
outra parte, e a um nível de reflexão diferente,
embora convergente, as obras de alguns escritores muito celebrados pelo “desarranjo” que vêm
acometendo à língua portuguesa actualizam,
metaliterariamente, essa filosofia que tem a ver
com uma nova ontologização da língua portuguesa. Por ela, a nova (pós-colonial) geografia linguística, se procede à exploração das especificidades de cada expressão nacional, que a literatura capta para chegar ao (re)conhecimento de realidades culturais locais ou apreendidas na sua
especificidade, o que reforça, por seu turno, a
familiarização com variedades de um mesmo veículo de expressão cultural de outros povos que
nele se inscrevem como segmentos de um universo plural que se foi formando a partir da Ibéria
em busca de outros portos da odisseia da
expansão portuguesa, que não se pode exigir que
seja universalmente celebrada – pois a descoberta, essa, foi certamente bilateral e no reconhecimento dessa história deve residir um dos locus
do respeito harmonia convivial. I
*Profª. da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa
1)
Kwame Anthony Appiah entende esta noção no seu
duplo sentido: deveres para com os outros com os
quais se está ligado de qualquer forma e aquele outro
sentido que se reporta à aprendizagem com as diferenças dos outros. Ver: Cosmopolitanism: Ethics in a
World of Strangers, New York – London: W.W. Norton
& Company, 2006.
2)
Vieira. In LABAN, Michel, Angola: Encontro com
Escritores – Vol. I, Porto: Fundação Engenheiro
António de Almeida, s/d [1991]. p. 420.
3)
GASSAMA, Makhily, Kuma – Interrogation sur la
Littérature Nègre de Langue Française (poésie-roman),
Dakar-Abidjan: Les Nouvelles Éditions Africaines,
1978.
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Tempo Global
Compreender e vencer
os novos desafios
João
Salgueiro
Em épocas de mudança e incerteza é
ainda mais necessário manter atitude
positiva perante os novos desafios.
Os desafios ganham-se com realismo
e determinação.
N
o último ano os portugueses defrontaram vários factores que contribuem
para reduzir as suas expectativas: o
aumento dos preços do petróleo e
dos mercados agrícolas, e todos os efeitos da crise
no sector financeiro americano.
Mas não podemos esquecer os problemas
estruturais resultantes das transformações da
economia mundial. Com a queda do muro de
Berlim, para além dos reflexos na geografia política, assistiu-se à desaparição dos sistemas de
economia planificada e à adopção da economia
de mercado, mesmo pelos países que mantêm
regimes de governo comunista. Consolidou-se,
assim, a globalização económica, a expansão do
comércio internacional e a deslocalização de actividades produtivas. O acesso aos mercados internacionais de mais de três mil milhões de habitantes originou forte aumento da oferta de produtos industriais e, com a melhoria dos padrões
de consumo, nova procura de alimentos, matérias-primas e energia. Os reflexos destas alterações – dificultando exportações e agravando
preços de importações essenciais – representam
fortes desafios para a Europa, em especial para os
países como Portugal com estruturas produtivas
e de comércio mais vulneráveis.
É conhecido que a crise financeira nos EUA se
traduziu em perda generalizada de confiança,
bloqueando as relações económicas e o acesso ao
crédito. Na sua origem encontram-se os efeitos
das políticas monetária e de crédito que foram
adoptadas para manter alto nível de produção e
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de emprego e, ao mesmo tempo, facilitar o acesso à propriedade imobiliária pelas minorias mais
desfavorecidas. Foi também uma forma de ultrapassar a crise associada ao esvaziar das ilusões da
“Nova Economia”, com as dot.com. O FED manteve demasiado tempo uma política de dinheiro
barato e flexibilizaram-se os critérios de financiamento à compra de habitação com o apoio de
Agências Nacionais. Permitiu-se também o
aumento de alavancagem financeira, mantendo
diversos operadores financeiros fora da estrita
regulação bancária e encorajando a criatividade
quanto a práticas de titularização e distribuição.
Não houve falta de informação. Sintomas claros de crescentes desequilíbrios foram desatendidos, nomeadamente quanto à anormal valorização do mercado imobiliário, alastramento do
sub prime e desequilíbrios da balança de pagamentos. As autoridades também não avaliaram
com prudência os efeitos da desintermediação
bancária, da proliferação de produtos derivados e
das más práticas de auditoria e de rating.
A crise financeira tornou-se patente a partir de
Julho de 2007. É difícil imaginar como foram
necessários tantos meses para intervir. Políticas
permissivas e correcções tardias resultaram em
crise geral de confiança e bloqueio da liquidez. É,
igualmente, difícil de imaginar que os responsáveis europeus tenham feito tão errada avaliação
dos efeitos da crise americana. Só no passado
mês de Outubro se assumiu o carácter sistémico
das perturbações e se desencadearam intervenções simultâneas.
Também fica de pé a necessidade de corrigir
as causas dos problemas actuais. Não se trata
tanto de falta de regulação, mas de má regulação
e de más políticas. A multiplicidade de reportes
informativos e de autorizações não provou ser
muito eficaz. É importante corrigir recentes e
indesejáveis orientações de regulação. Hoje –
infelizmente tarde – há já concordância para
muitas das críticas: a marginalização dos bancos
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centrais face às actividades de supervisão, o
carácter pró-cíclico de normas de contabilidade,
o papel das agências de rating, e escasso escrutínio de produtos derivados, excluídos da regulação bancária.
Não valerá a pena perder muito tempo a imaginar um sistema alternativo para a economia de
mercado. Será mais útil fixar com clareza quais os
objectivos que queremos para uma
sociedade mais solidária e sustentável
e adoptar estratégias consistentes, além
dos imediatismos eleitoralistas que nos
conduziram para soluções de facilidade a curto prazo, com custos adiados e
agravados.
Face às condições de concorrência
mundial e também do alargamento da
UE é hoje mais evidente a fragilidade
competitiva portuguesa. Registamos
oito anos de divergência face à média
da UE e o pior conjunto de indicadores
da zona Euro, quanto ao crescimento
do PIB e do rendimento nacional e
desequilíbrio da balança externa e o
nível de endividamento.
Nos últimos anos os objectivos da
nossa política económica têm-se centrado na consolidação orçamental,
objectivo indiscutível mas não se pode
dispensar o reforço da competitividade, mesmo para a consolidação fiscal
duradoura.
Agora não é possível a desvalorização cambial
mas beneficia-se de moeda segura, baixas taxas
de juro, estabilidade política, melhores infraestruturas e acesso ilimitado a um mercado de
500 milhões de habitantes. O recurso mais escasso é a capacidade empresarial, da qual depende a
criação de valor e novos empregos. A capacidade
empresarial não melhorará sem condições para
atrair e encorajar o investimento produtivo.
O Ministério de Economia – com a experiência
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bem sucedida de negociação dos PIN’s – sabe
quais as condições que devem ser estendidas às
empresas nacionais e estrangeiras, incluindo a
PME’s, base da nossa economia e emprego. Um
ambiente amigável e encorajador, sem necessidade de burocracias, autorizações e negociações
caso-a-caso como assegurado em diferentes países
europeus – e também nos EUA, na Florida,
Reprodução
de quadro
de George Grosz
Geórgia ou Califórnia – permite criar pólos de
atracção para competências e iniciativas de todo o
mundo. Está certamente ao nosso alcance se valorizarmos as reconhecidas capacidades de adaptação multicultural e se formos exigentes na erradicação do imobilismo e da ineficácia, se travarmos o desperdício e criarmos uma cultura de
exigência, qualidade e responsabilização. Esse é o
caminho para uma estratégia positiva e ambiciosa
à medida dos desafios que hoje defrontamos. I
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Casa na árvore
Susana Neves
A mãe púrpura de mil filhos
Rainha da fertilidade, granada
benfazeja, a romãzeira explode em
sumo, sangue e poesia.
E
ra em Albernôa, concelho de Beja,
Alentejo interior, nos anos 80.
Albernôa, «campo de caroço» de oliveira, terra seca, quente e pedregosa.
«Eu tinha três, quatro, cinco anos», lembra Inês
Peceguina, olhos azuis, grandes, expressivos,
rosto de beleza grega antiga. «No final do dia,
sentávamo-nos cá fora, num banco da mercearia,
e até ao anoitecer cantávamos várias canções
alentejanas». A jovem, investigadora de psicologia, recorda esta: Fui colher uma romã, estava
madura no ramo, / fui encontrar no jardim, fui
encontrar no jardim, / aquela mulher que eu
amo./ Àquela mulher que eu amo, / dei-lhe um
aperto de mão/ Estava madura no ramo, estava
madura no ramo, / e o ramo caiu ao chão.» O fim
da canção evoca o amor consumado, e a fazer justiça à simbologia da romã, gerador de uma numerosa descendência.
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«Mãe de mil filhos, nascida logo coroada», primeiros versos de uma adivinha francesa, a romãzeira ou Punica Granatum L. (Punica quer dizer
maçã de Púnica ou Cartago e Granatum significa
fruto de muitas sementes) tem sido associada
desde a antiguidade greco-romana à fertilidade, a
que não deve ser alheio o facto de um só fruto
poder conter cerca de 800 sementes.
Segundo a mitologia clássica, Perséfone ou
Prosérpina, raptada por Hades, deus do mundo
subterrâneo, seria obrigada a permanecer a seu
lado durante um terço do ano por ter comido
algumas sementes de romã. Mas ao fim desse
tempo, para felicidade de Deméter, sua mãe,
deusa da Agricultura, a jovem regressaria à
superfície trazendo com ela a Primavera e o Fogo,
ou seja, o cíclico renascimento da vida e a imortalidade até aí desconhecida do Homem.
Esta associação da romã à vida e à fertilidade
teria ainda um fundamento medicinal e alimentar. Trazida do Oriente, sobretudo da Pérsia, e
não da China como durante algum tempo se pensou, para o Norte de África e Mediterrâneo
(Granada, em Espanha, deve-lhe o nome pela
quantidade de romãzeiras plantadas pelos árabes
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desde o século VIII), esta árvore com porte de
arbusto (da família das Punicaceae) era utilizada
pelos romanos para produzir uma espécie de
vinho e ainda no tratamento da disenteria, em
caso de doença cardíaca, dermatológica e como
veneno contra parasitas intestinais, só para citar
alguns exemplos.
A preocupação em não perder uma colheita
era tal que, segundo Pierre Lieutaghi (Le Livre
des Arbres, Arbustes&Arbrisseaux, Actes Sud,
Paris, 2004), havia romanos que protegiam as
romãs, na árvore, «colocando-as em pequenos
vasos de barro, forrados de palha, tapando-as
com feno e com uma camada de argamassa».
O culto da romã, que remonta ao antigo Egipto
e se prolonga até hoje no Oriente (no Cairo, por
exemplo, o sumo favorito é o de romã; na
Turquia, as recém-casadas atiram para o chão
uma romã para saberem quantos filhos vão ter),
perdeu no Ocidente o cunho
da espiritualidade pagã primordial: a da celebração da
Terra-mãe, feminina e procriadora.
Se no século XIX, o pintor
Pré-Rafaelita, Dante Gabriel
Rossetti (1828-1882) recupera
a figura de Prosérpina segurando uma romã, ele constitui uma excepção face a
vários pintores que no passado substituíram a
deusa pela Virgem Maria. Na pintura “Virgem com
a Romã” (c.1487), de Botticelli, a Virgem e o menino Jesus tocam no fruto, o que altera toda a simbologia. Sob a égide do catolicismo, a romã torna-se
um símbolo da religião, as sementes (os fiéis)
devem reunir-se num Todo (Deus/Igreja).
Na sociedade dessacralizada, e sem tempo,
que é a nossa, a romãzeira tornou-se sobretudo
ornamental (existem várias no Jardim da
Fundação Calouste Gulbenkian) mas em
Albernôa ainda há quem descasque o fruto sem
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Fotos: Susana Neves
temer o tanino, e em Foz Côa, no Douro, antecipando o Natal, empoleirada sobre os ancestrais
muros de xisto, ela destaca-se graças à sua presença mágica e sanguínea.
«Sabes tu, minha adorada que o púrpura já
amadurou?/ Para as murmurantes abelhas arrebenta cada romã/ E de súbito apaixonado por
quem o vai colher,/ O nosso sangue jorra para
o eterno enxame dos desejos», escreveu
Stéphane Mallarmé, num poema habitado por
faunos e outros seres mágicos que costumam
gostar de romãs.I
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Viagens na história
João Aguiar
O «justum imperium»
Talvez eu tenha já abordado este
tema, porém acho que nunca é
demais. E, por conta dele, façamos
três viagens.
A
primeira é ao século XII, reinado de
D. Afonso Henriques. Trata-se de
uma lenda bem conhecida, contida
na terceira das Crónicas Breves de
Santa Cruz de Coimbra: a lenda do bispo negro.
Não vou relatá-la aqui, tão somente evocar o seu
final, quando o nosso primeiro rei se despede do
cardeal que o quis excomungar e lhe diz que lhe
toma todo o ouro e prata que ele trazia, pois precisa deles para continuar a guerrear os inimigos
de Cristo. Diz ele: «vos tomo este haver por que
soom mui prove (pobre) e hei-o mester pera mim
e pera meus fidalgos».
Vista do Museu
do Louvre e retrato
de Hugo Grotius
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Segunda viagem: século XVI. Conta-se do rei
D. João III que, quando alguns servidores seus se
lhe queixaram porque ele não dava despacho a
mercês que lhe tinham pedido, ele respondeu:
«Sabeis por que não dou despacho? Porque não
tenho que dar».
Interessa pouco se estas frases foram ou não
ditas — provavelmente, não foram. Mas dão-nos
o tom, o ambiente de duas épocas. Que digo eu?
De todas as nossas épocas. D. Afonso Henriques
era «mui prove», D. João III não tinha que dar. Os
actuais Orçamentos Gerais do Estado não nos
mostram maior desafogo, infelizmente. Uma
constante nacional. Mas, objectar-se-á: e o auge
do período imperial? Não se fizeram fortunas
enormes com a pimenta e outros produtos semelhantes? Não houve cobiças, nem saques, nem
fome do ouro?
Pois, já se sabe que sim. Mas esperem aí. É
tempo da terceira viagem, ao século XVII. Houve
então um aceso debate entre o grande Hugo
Grotius, a que chamam o pai do direito internacional, e o jurista Serafim de Freitas, a propósito
da liberdade de navegação naquilo a que se
chama as Índias Orientais. Acrescente-se que
Grotius estava na arena a defender os interesses
da Companhia Holandesa das ditas Índias, e
Freitas a defender os interesses portugueses; não
era, pois, uma questão de princípios. De qualquer
modo, tem interesse considerar certo aspecto,
restrito, do duelo.
Que é este: Grotius defendia que a liberdade
do comércio e da navegação se impunha a todos;
nomeadamente, não podia ser recusada pelos
príncipes orientais em nome da sua soberania: é
o conceito do Mar Livre. Quanto a Freitas, no seu
«De Justo Imperio Lusitanorum Asiatico» (1625),
argumentava: não, a liberdade de comércio não
dá o direito de entrar à força na área da soberania
territorial de um governante estrangeiro. A única
restrição é o direito de espalhar o Evangelho em
terras estranhas… note-se que Freitas acha indiscutível que não podem os infiéis ser forçados a
aceitar a fé cristã; somente que é justa a guerra
movida contra os príncipes que proíbam a livre
pregação do Evangelho.
Claro está: também esta posição não era inocente, na medida em que defendia a tese portuguesa. Mas agora, no século XXI, façamos outra
viagem: veremos museus ingleses e franceses a
abarrotar de obras de arte oriental que foram
muito simplesmente saqueadas. E sabemos como
a prosperidade da Inglaterra, França, Holanda,
etc., foi construída pela exploração colonial. Ao
lado desta cena, o «Justum Imperium» português,
ainda que não propriamente «justum» (nenhum
império o é), faz figura de quase virtuoso. Os nossos museus são pobres em material roubado e os
nossos bolsos, como de mais sabemos, não mostram vestígios de riqueza imperial.
E eu, burro que sou, digo-vos: antes assim. I
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CONSUMO Há cada vez mais consumidores a fazer compras, ou
contratar serviços, via Internet. É cómodo e aliciante, mas comporta riscos.
Pág. 56 G LIVRO ABERTO Destaque para “A Minha Herança”, de Barak
Obama, registo autobiográfico de um invulgar eactual fenómeno da
política mundial. Pág. 58 G ARTES Caligrafias Uma Realidade Inquieta, no
Museu das Comunicações, em Lisboa, é o acontecimento cultural deste
início de época. Pág. 60 G PALCO A “Canção do Vale”, no Teatro Nacional D.
Maria II, e “Boa Noite Mãe”, no Trindade, são os destaques TL para
Novembro. Pág. 62 G CINEMA EM CASA Seleccionados quatro filmes com
um denominador comum: a família, caso do surpreendente “O Segredo de
um Cuscuz”. Pág. 64 G MÚSICAS “The Cosmos
Rocks” é o título do novo álbum de originais dos
“Queen”. O primeiro desde a “morte” de Freddy
Mercury, em 1991. Pág. 65 G MESA A parte alimentar
do relacionamento entre avós e netos pode ser muito importante para a
protecção da saúde dos mais novos. Pág. 66 G SAÚDE A tuberculose existe,
é uma doença curável e o seu tratamento é inteiramente suportado pelo
Estado. Pág. 67 G INFORMÁTICA Na tecnologia informática nem tudo o que
luz é ouro. É necessário distinguir, quando algo aparece, se vale a pena ou
não adquirir e se é útil no dia-a-dia. Pág. 68 G VOLANTE Portugal é o
primeiro país a estabelecer uma parceria directa com a Aliança RenaultNissan para um veículo eléctrico. Pág. 68 G PALAVRAS DA LEI Os alimentos
a um menor abrangem tudo o que é indispensável ao sustento, habitação,
vestuário, instrução e educação do menor. Pág. 70
G
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Boavida|Consumo
Compras na Internet: fácil,
mas nem sempre seguro…
Há cada vez mais consumidores a fazer compras, ou contratar serviços, através da Internet. A
comodidade é aliciante, mas comporta variados riscos. A Comissão Europeia, atenta às questões
suscitadas pelo comércio on line, que em muitos casos violam os direitos dos consumidores, pretende
tomar medidas que garantam aos consumidores mais segurança.
Carlos Barbosa de Oliveira
E
ntre elas, destaque para uma proposta de
Directiva que visa assegurar, aos cidadãos dos 27
Estados-membros, os mesmos direitos, quer
adquiram os produtos no seu país de origem,
quer o façam através de um site sedeado num outro país
da União Europeia.
Já aqui referi que a compra de produtos e serviços
através da Internet pode trazer vantagens, mas que os consumidores devem escolher criteriosamente os sites onde
fazem as suas compras, para evitar dissabores. Há muitos
sites de credibilidade duvidosa, recorrendo a práticas que
violam os direitos dos consumidores e, conseguir a
reparação dos direitos no espaço virtual significa, ainda,
ter que enfrentar dificuldades bem maiores do que as do
comércio “real”. Falta de transparência na informação
prestada aos consumidores (nomeadamente indicação do
preço sem incluir as taxas, desrespeito pelo prazo de
entrega, ou recusa em aceitar o prazo de reflexão, são
algumas das violações em que incorrem muitos sites.
O problema é transversal a todas as áreas de actividade, incluindo as transportadoras aéreas e as agências de
viagens, como se demonstrar num trabalho de pesquisa
efectuado no âmbito da União Europeia.
Em Setembro de 2007 um conjunto de 15 países da
UE, incluindo Portugal, começou a monitorizar (em
simultâneo) os sites de venda de bilhetes de avião, no
intuito de detectar situações que violem a legislação
comunitária de defesa dos consumidores. A acção foi
coordenada pela Comissão Europeia, no âmbito da Rede
de Cooperação no domínio da defesa do consumidor, destinada a detectar e corrigir situações que violem os direitos dos consumidores dos 27 Estados-Membros.
A análise dos 447 sites monitorizados- utilizando os
termos de busca “ bilhetes de avião”, “voos baratos”, “last
minute”; “milhas aéreas” e “voe mais barato”- incidiu,
essencialmente, sobre três aspectos:
- Conformidade do preço anunciado, com o preço final
a pagar pelo consumidor
- Disponibilidade de lugares (os preços anunciados
aplicam-se a todos os voos, ou apenas a alguns? Quantos
lugares estão disponíveis ao preço anunciado? Existe
informação que permita ao consumidor perceber claramente quais as situações em que pode beneficiar de
preços mais vantajosos?).
- Clareza dos contratos (as normas contratuais são
claras e não violam os direitos dos consumidores?).
EM JUNHO DESTE ANO foi divulgado um relatório pre-
liminar, com base nos relatórios apresentados por 13
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André Letria
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Estados-membros, onde são enunciadas as irregularidades detectadas nos sites visitados, o que permite aos
consumidores ter uma percepção aproximada dos cuidados que devem ter quando adquirem bilhetes de avião
através da Internet.
Assim, dos 447 sites visitados, 226 levantaram suspeitas de não estarem a actuar em conformidade com a
legislação de protecção do consumidor, tendo sido informados que deveriam corrigir os erros detectados.
- 79 sites revelaram desconformidade entre o preço
anunciado e o preço final ( Não são indicadas no preço as
taxas, as despesas de reserva ou suplementos a pagar
quando o consumidor efectua o pagamento através de
cartão de crédito)
- 21 não indicam o número de lugares disponíveis ao
preço anunciado, ou omitem que aquele preço só se aplica
em determinados voos
- 67 apresentam irregularidades ou falta de clareza nas
cláusulas contratuais
- Numa grande percentagem dos sites visitados, foi
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detectada mais do que uma irregularidade.
- Foram detectadas 80 empresas (companhias aéreas
regulares, “low cost” e agências de viagens) responsáveis
pelas irregularidades cometidas.
METADE DOS SITES contactados corrigiram as suas irregu-
laridades, mas em alguns países decorre ainda o período
concedido para procederem às necessárias adaptações.
Quando esse prazo terminar, os sites que persistam na
infracção serão alvo de procedimento legal, que poderá
terminar com multas pecuniárias aos infractores e encerramento dos sites.
Em Portugal foram fiscalizados 16, tendo sido detectados 11 com irregularidades. Tal como aconteceu nos
restantes países, o nome dos infractores não foi divulgado.
Porque ainda decorrem processos judiciaiais, mas a
Comissária Europeia para a defesa do consumidor,
Magdelena Kuneva, anunciou que irá fazer a divulgação
dos sites e companhias que persistam na sua prática
enganosa e não corrijam as irregularidades detectadas. I
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Boavida|Livro Aberto
De Obama a Mouzinho
de Albuquerque, com muita
ficção de permeio
Barak Obama é um dos mais interessantes e inesperados fenómenos da política mundial das
últimas décadas, desde logo por ser de origem africana e por se encontrar em condições de ser o
primeiro Presidente negro da mais poderosa nação do mundo.
José Jorge Letria
G
rande orador, comunicador de ideias poderosas
e mobilizadoras, Barak Obama escreveu “A
Minha Herança”(Casa das Letras), onde, em
intenso registo autobiográfico, fala da sua vida,
da sua família, do seu percurso e da forma como vê a
América e o mundo. Capaz de mobilizar a juventude e
todos os que alimentam um sonho de mudança, Obama,
se chegar à Sala Oval da Casa Branca, pode transformar
muita coisa no seu país e no mundo, incluindo ao nível
das mentalidades.
ASSASSINADA no campo de Auschwitz em 1942, Irene
Némirovsky foi redescoberta pelo público francês e internacional, em 2004, graças à publicação, para a qual muito
contribuiu a filha da escritora, de “Suite Francesa”. Muitos
leitores descobriram assim uma escritora dos anos trinta
caída num injusto esquecimento. E vale a pena perguntar
quantos não terão caído no mesmo “buraco negro” que a
guerra e os campos de concentração foram pródigos em
criar. “O Senhor das Almas”, agora traduzido em Portugal
com a chancela da Dom Quixote, revela-nos uma escritora
de grandes recursos narrativos que, em folhetim, publicou,
no ano de 1939, o retrato dos “imigrados” que se movimentaram, entre duas grandes guerras, em busca das suas
identidades perdidas. Um livro para ler com gosto, também como forma de homenagem a uma grande escritora
do século XX.
PARA QUEM NÃO PASSA sem conviver com a grande ficção
universal, contemporânea ou nem tanto, e com os títulos
que fazem dela uma parcela incontornável da literatura,
recomendam-se, com a chancela da Dom Quixote, agora
também integrada no projecto editorial Leya, as reedições
de “Os Nus e os Mortos”, de Norman Mailer, obra que o
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universalizou e que se converteu, desde o momento da
publicação, num título maior da sua produção ficcional,
sendo também um dos mais marcantes romances que
alguma vez se escreveram sobre a guerra, experiência que
o próprio Mailer viveu durante o segundo conflito mundial; o outro destaque vai para “A Hora Má: o Veneno da
Madrugada”, do Nobel Gabriel Garcia Marquez, colombiano há muito radicado no México e, sem dúvida, um
dos maiores escritores do século XX, daqueles a quem a
distinção de Estocolmo assentou como uma luva de ouro.
Dois títulos a ler e a reler sempre.
Em registos diferentes, mas ainda no domínio da ficção
narrativa, outras sugestões de leitura, que se impõem pela
diversidade e pela qualidade: o clássico “Os Caminhos do
Amor”, de Charlotte Bronte, “Os Reis Vencidos”( livro terceiro do “Códice de Merlim), de Robert Holdstock, “O
Casamenteiro de Périgord”, de Julia Stuart, todos com a
chancela de Publicações Europa-América, e, por fim, já
premiado e saudado pela crítica, agora que a China, a
olímpica e a outra, estão definitivamente na moda, “Servir
o Povo”(Teorema), de Yan Lianke, nascido em 1958,
romance apreendido e banido pelo governo chinês , por
ter posto a nu as contradições e as barbaridades da
chamada Revolução Cultural de Mao e da sua clique. O
autor, coloca no centro da trama narrativa o amor
proibido entre um soldado e a mulher de um coronel do
Exército Vermelho. Uma história que prende e emociona,
até pela coragem com que foi escrita.
Destaque ainda, com a chancela da Dom Quixote, para
“No Quarto da Noite”, de Peter Straub, onde se misturam
de forma engenhosa e eficaz os registos da realidade e da
ficção, ou não fosse o autor um colaborador regular de
Stephen King na adaptação dos seus livros ao cinema.
Realce também para a reedição pela Europa-América do
clássico de Júlio Verne “Viagem ao Centro da Terra” e,
com a mesma chancela, para a edição do excelente “A
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Cabana dos Peixes que Voam”, da malaia radicada na GrãBretanha Chiew-Siha Tei.
Estando na moda a literatura de viagens, recomendase, com a chancela da Livros d’Hoje-Dom Quixote “Na
Onda de um Sonho”, registo de uma viagem náutica feita
à volta do mundo por um português chamado Mário
Ferreira. Uma interessante memória de deambulações e
errâncias. Ainda no mesmo domínio, destaque para o
delicioso e minucioso “Bíblia da Vida ao Ar
Livre”(Europa-América), de Paul Jenner e Christine Smith,
que nos põe ao corrente de praticamente tudo o que
temos de saber sobre os seres, ciclos, segredos e perigos
da vida ao ar livre.
Mouzinho de Albuquerque, pelo seu percurso de
excepção como militar, pela sua participação nas campanhas africanas do Portugal colonial e pelo mistério que
nunca deixou de envolver o seu inesperado suicídio, é
uma das figuras mais interessantes e controversas do final
do século XIX português. Em boa hora assumiu António
Mascarenhas Gaivão, um economista apaixonado pela
História e um diplomata de carreira recentemente iniciada, a tarefa de o biografar, apoiado em sólida investigação
e em documentação credível. A chancela é da Oficina do
Livro e o livro lê-se com o prazer que a fluência e a tensão
dramática do texto justificam. A Mouzinho não pouparam
elogios figuras como Vitorino Nemésio ou Óscar Carmona,
salientando sempre o seu intenso sentido patriótico e a
sua visão de Portugal no mundo, num mundo que entretanto se transformou, pondo fim ao seu sonho de
grandeza e de dimensão imperial. Um livro que nos faz
crer que o gosto pela escrita e pela leitura de biografias
chegou para ficar. Uma leitura que se recomenda.
EURICO FIGUEIREDO é professor catedrático de Psiquiatria
já aposentado da Universidade do Porto, mas foi uma
figura destacada da política portuguesa, nas fileiras do PS,
destacando-se como parlamentar, como homem de pensamento e acção e como cidadão livre que nunca recusou
um vivo e intenso debate de ideias, mesmo quando o fez
contra a corrente. “Guerrilheiro Sentimental-Estórias de
Exílio”, da Campo das Letras, reúne a sua produção contística guardada na gaveta desde 1977 e que tem como
ponto de partida a vivência do autor como exilado nos
anos finais da ditadura, na Suíça. São textos que se lêem
com prazer, porque revelam um apurado sentido de efabulação, um estilo depurado e, sobretudo, o prazer de
contar e o desejo de evitar que o esquecimento engula o
que aconteceu para ser lembrado. Um livro que, também
por isso, convém ter presente. I
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Boavida|Artes
A relação entre a Escrita e a Arte
no Museu das Comunicações
O acontecimento deste começo de temporada cultural foi, indiscutivelmente, a inauguração da mostra
Caligrafias Uma Realidade Inquieta que a crítica Maria João Fernandes comissariou e pode ser vista até
15 de Janeiro próximo no Museu das Comunicações, em Lisboa.
Rodrigues Vaz
A
Emerenciano foi um dos executantes do painel colectivo que marca a
exposição actualmente patente no Museu das Comunicações. Em baixo,
um trabalho de outro participante, Teresa Gonçalves Lobo
relação entre a escrita e a arte é o tema principal
da exposição, inspirada pela estética do Oriente,
uma relação fundadora da arte do século XX.
Denominada pela poeta Ana Hatherly de
“escritalidade”, que a considera «como se fosse uma espécie de espinha dorsal da criatividade do século XX», a
relação escrita/pintura não é um movimento ou uma
moda, mas um modo de conhecimento e uma expressão
artística privilegiada que tem acompanhado o homem
desde os alvores da cultura, face visível da escrita, marca
essencial do humano.
Estruturada em 5 capítulos, desde os Movimentos e
Expoentes desta Tendência – COBRA, El Paso, KWY e
Tàpies – até às Caligrafias na Pintura e Escultura, passando pelos Caligramas e Poesia Visual – inéditos de Almada
Negreiros, Ana Hatherly e Ernesto M. de Melo e Castro,
pela Dança das Letras, com obras de Álvaro Lapa,
António Sena, Emerenciano, González Bravo, João Vieira,
Paulo Teixeira Pinto, Teresa Gonçalves Lobo e Inês
Marcelo Curto, dedica também um capítulo ao Diálogo
com o Oriente, com as presenças de Ambrósio, Gracinda
Candeias, Eurico e Francisco Laranjo.
Não pondo em causa a qualidade da exposição, quernos, no entanto, parecer que a ausência de dois nomes
principais neste género de criação como António Sena e
José-Alberto Marques, este o autor do primeiro poema
concretista publicado em Portugal, que por acaso faz exactamente 50 anos neste mesmo mês, não é compensada de
modo nenhum com a presença de um senhor chamado
Paulo Teixeira Pinto, que nos recusamos a compreender.
VÍTOR ALMEIDA NO CENTRO CULTURAL DE CASCAIS
O Centro Cultural de Cascais, através da Fundação D. Luís
I, em colaboração com a Galeria Fonseca Macedo, de
Ponta Delgada, abre, por sua vez, as portas a um artista
açoriano que, não obstante a sua ainda relativamente
curta carreira, tem vindo a afirmar-se como presença
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Trabalho
de Vítor Almeida.
O Centro Cultural de
Cascais acolhe uma
exposição do artista
açoriano
segura na pintura portuguesa contemporânea: Vítor
Almeida.
Intérprete de um neo-figurativismo coerente com uma
visão determinista do mundo, com traços marcantes da
insularidade original, Vítor Almeida deixa-nos o testemunho de alguém capaz de romper os limites dessa
mesma insularidade com uma obra em trânsito para um
reconhecimento do público e da crítica.
RITA MÁXIMO E HELENA JUSTINO
Por outro lado, a Galeria Artela, em Lisboa, apresenta até
15 do corrente a exposição “Célula”, a última série da
novel artista plástica Rita Máximo, que nesta mostra
desenvolve um aturado trabalho de cariz gestualista,
amenizado por laivos poéticos entre o lirismo e a exaltação.
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Óleo de Helena
Justino. Uma miniretrospectiva da
pintora para ver no
Clube de Jornalistas
Intitulada “Célula”, trata-se, segundo a artista, do
manuseio de meios plásticos com vista a um estudo crescente em experiências matéricas e visuais, nas quais «O
clima e as emoções presentes no dia são diferentes, possibilitam misturas surpreendentes na concepção.»
O Clube de Jornalistas de Lisboa apresenta, por sua vez,
durante este mês, uma mini-retrospectiva de Helena
Justino, integrando obras das últimas séries que apresentou, desde as Paisagens Líricas aos Ninhos.
Actualmente a trabalhar como docente de Educação
Visual, Helena Justino estudou pintura na Escola Superior
de Belas Artes do Porto, onde teve uma plêiade de professores que muito a estimulou, nomeadamente Lagoa
Henriques, que a influenciou no rigor do traço, e Júlio
Resende, que lhe abriu as portas da liberdade formal. Toda
a sua obra reflecte esta simbiose. I
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Boavida|No Palco
Canções da terra
O Teatro Nacional D. Maria II apresenta, até 14 de Dezembro, a peça “Canção do Vale”, de Athol Fugard,
a história de um conflito de duas gerações com projectos de vida e sensibilidade diferentes, mas presas
por mútuos afectos.
Maria Mesquita
A
braam Jonkers, 70 anos, agricultor negro, vive
com a sua neta Verónica de 17 anos na
pequena aldeia de Nieu-Bethesda nas
Montanhas Sneuberg da região do grande
Karoo na África do Sul.
Rendeiro de um pedaço de terra de uma herdade dos
Landmans, uma família branca, vive a angústia da suspeita de lhe retirarem as terras onde sempre viveu e trabalhou. Abraam nunca saiu do vale, salvo durante a
Segunda Guerra Mundial em que vai prestar serviço como
guarda prisional na região do Transval. “Herdou” o arrendamento de seu pai Jaap Jonkers, a quem a família
Landmans concedera sem contrato o usufruto da terra.
Jaap revela a Abraam o milagre da criação através de
transformação da semente em fruto e ensina-lhe que um
homem bom trabalha a terra, ama a sua família e respeita
os seus vizinhos e vai à igreja.
Abraam é a tradição, o representante da vida patriarcal
e tranquila da vastidão africana. Verónica nasceu em
Joanesburgo, a grande cidade, para onde a mãe fugira
abandonando a herdade, a família e os princípios dos
Jonkers, e a vida tranquila do vale.
A mãe morre quando ela tem poucos dias de vida e
Verónica é criada na herdade pela avó Betty, que no
tempo da peça já morrera também, e pelo avô a quem se
sente fortemente ligada. Verónica tem um sonho – partir e
ser cantora na grande cidade.
FICHA TÉCNICA: Autor: Athol Fugard; Tradutor: Paulo Eduardo
Carvalho; Encenador: Jorge Silva; Cenografia e Figurinos: Ana
Paula Rocha; Música: Rui Rebelo; Desenho de Luz: Carlos
Gonçalves; Produção: Gislaine Tadwald ; Fotografias: Margarida
Dias; Interpretação: Carla Galvão e José Peixoto
José Peixoto
e Carla Galvão
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Manuela Maria e
Sofia Alves
“BOA NOITE MÃE” NO TRINDADE
Thelma e Jess, (Manuela Maria e Sofia Alves), vivem
juntas numa pequena cidade do Sul dos Estados Unidos.
A sua relação nunca foi das melhores, distante, fria,
solitária. Contudo, numa noite, tudo muda: Jess, abandonada pelo marido (Cecil), e não sabendo do paradeiro
do filho, que desapareceu “voluntariamente”, vê-se confrontada com a decisão de um abismo e avisa a mãe que
se vai suicidar. Numa transformação de sentimentos,
Thelma terá que ajudar a filha a encontrar um caminho
de volta à luz da razão, numa luta não só contra o
tempo, como também contra si própria e na aceitação da
sua filha, não por aquilo que a mãe queria que ela fosse,
mas por aquilo que ela é.
Só Thelma poderá mudar o curso dos acontecimentos.
Escrita por Marsha Norman, vencedora do prémio
Pulitzer, esta peça é um drama que foca um tema bastante
sensível na nossa sociedade, de forma intemporal.
“Boa Noite Mãe”, de Marsha Norman, está em cena até
21 de Dezembro na Sala Principal do Trindade.
autor, Pessoa, como a referência central e principal da
sua história. Nessa altura, quatro amigos encontram-se
num recinto de jogos, no qual se vão provocando mutuamente, sempre na brincadeira, desafiando, jogando uns
com os outros e contado histórias. Agora, em 2008,
Paulo Ribeiro decidiu recriar esta mesma encenação,
mas sob uma perspectiva feminina. Para tal, o coreografo anunciou uma audição na qual obteve uma
resposta de 250 bailarinas dos quatro cantos do mundo.
Para além de Leonor Keil, actual directora artística da
Companhia Paulo Ribeiro, e esposa do próprio coreografo, também bailarina, juntam-se duas portuguesas
(Margarida Gonçalves e São Castro), uma holandesa
(Elisabeth Lambeck) e uma italiana (Erika
Guastamacchia), que nunca se tinham visto antes, conhecido ou trabalhado juntas. O resultado final chamase Feminine, e é considerado o lado B do projecto do
ano passado. Em vez de um recinto de jogos e futebol
iremos ver saltos altos, sensualidade e sentido de
humor, muito femininos, no Teatro Municipal da
Guarda na noite de 8 de Novembro.
FICHA TÉCNICA:Título original: Night Mother (1982); Autoria:
Marsha Norman; Encenação: Celso Cleto; Elenco: Manuela Maria
FICHA TÉCNICA: Direcção e coreografia - Paulo Ribeiro; Textos -
e Sofia Alves; Tradução: José Luis Luna; Realização: Plástica
Fernando Pessoa; Música - Nuno Rebelo; Figurinos - Ana Luena;
Raquel Pinheiro; Produção: Dramax Oeiras e Cultura Angra, em
Desenho de luz - Nuno Meira; Assistência de coreografia - Peter
colaboração com o Teatro da Trindade.
Michael Dietz; Interpretação - Elisabeth Lambeck, Erika
Guastamacchia, Leonor Keil, Margarida Gonçalves, São Castro;
“DESASOSSEGO” NO FEMININO
Co-produção: Companhia Paulo Ribeiro, Fundação Caixa Geral de
Em 2007, Paulo Ribeiro encenou a coreografia
Masculine, na qual quatro bailarinos e um actor interpretavam a obra O Livro do Desassossego, tomando o
Depósitos – Culturgest, IGAEM – Centro Coreográfico Galego;
Parceiros/Apoio: Biarritz Culture, Festival Le Temps d’Aimer e
Teatro Viriato Produção: Companhia Paulo Ribeiro
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Boavida|Cinema em casa
Lugar à família
Sérgio Alves
s escolhas de Novembro vêm de diferentes
países mas com um denominador comum: a
família. De uma França de inspiração magrebina, temos o comovente e surpreendente “O
Segredo de um Cuscuz”. De Itália, a evocação dos agitados anos 60 do século passado em “O Meu Irmão é Filho
Único”, vigoroso retrato um país onde a ruptura política
começa na família. Menos recente, mas não menos
interessante, é o clássico de Emir Kusturica, “Gato Preto,
Gato Branco”, história envolvente de uma comunidade
cigana, premiado em Veneza. Finalmente, do outro lado
do Atlântico, a amizade e compreensão familiares no
insólito e sensível “Lars e o Verdadeiro Amor”, de Craig
Gillespie. I
O SEGREDO
O MEU IRMÃO
LARS E O
GATO PRETO
DE UM CUSCUZ
É FILHO ÚNICO
VERDADEIRO AMOR
GATO BRANCO
Na cidade costeira de Sète,
no sul de França, Slimane
Beiji, 60 anos, pai
em duas famílias, é
dispensado do
emprego num
estaleiro. Solitário,
mas resistente,
sonha instalar um restaurante de comida norteafricana, num barco desactivado, para ajudar e unir
a(s) família(s). Galardoado
com o “César” para o melhor filme francês de 2007
e premiado em Veneza, este
notável filme do realizador
franco-tunisino Abdellatif
Kechiche dá-nos um retrato
realista de uma outra
França, onde a solidariedade familiar tem um
peso raro e exemplar.
Estamos em 1962. Na
cidade de Latina, o jovem
António (Accio) e o seu
irmão Manrico, filhos dum
operário, vivem em permanente confronto políticoideológico: Accio é fascista
e Manrico é comunista e
estão apaixonados pela
mesma mulher. Tão diferentes e, ao mesmo tempo,
tão iguais. Vivem, ambos,
um período repleto de
fugas, retornos, conflitos e
grandes paixões. História
sobre o crescimento de dois
irmãos durante 15 agitados
anos da Itália contemporânea, “Mio
Fratello é Figlio
Único” foi
saudado pela
crítica como
exemplo do
fulgor de uma renovada
cinematografia italiana.
Lars Lindstrom é um
homem introvertido, vivendo num mundo criado por
si, que o impede de abraçar
plenamente a existência
real e de corresponder ao
amor de uma colega de trabalho. Depois de anos de
solidão, ele convida Bianca,
uma boneca insuflável, a
visitar a sua casa. Toda a
comunidade
vai recebê-la
de braços abertos excepto o
seu irmão que
pensa que ele
não está bem. Numa
inteligente realização, feita
com humor e ternura e
suportada numa soberba
interpretação de Ryan
Gosling, este filme de Craig
Gillespie exalta os valores
da compreensão, da
amizade e da família.
TÍTULO ORIGINAL:
TÍTULO ORIGINAL:
Passado numa comunidade
cigana dos Balcãs, este
filme conta-nos uma
história de negócios duvidosos, laços
familiares,
amores de
juventude e
fenómenos
mágicos.
Zare está apaixonado por
Ida, mas o seu pai tem para
ele outros planos. Um mau
negócio no mercado negro
leva-o a aceitar o casamento de Zare com a irmã de
um poderoso
gangster…Vencedor do
Leão de Prata no Festival de
Veneza em 1998, “Gato
Preto, Gato Branco”, de
Emir Kusturica, é um misto
prodigioso de farsa,
romance e crime, onde
sobressai o ritmo e qualidade de uma banda sonora
que recorda o seu anterior e
celebrado “Underground”
A
TÍTULO ORIGINAL:
La Graine et
le Mulet REALIZAÇÃO:
Abdellatif Kechiche;
COM:
Habib Boufares, Hafsia
Mio Fratello
Lars and The
Herzi, Farida Benkhetache,
é Figlio Único; REALIZAÇÃO:
Real Girl; REALIZAÇÃO: Craig
Bouraouïa Marzouk; França,
Daniele Luchetti; COM: Elio
Gillespie; COM: Ryan Gosling,
151m, cor, 2007;
Germano, Riccardo
Emily Mortimer, Paul
White Cat; REALIZAÇÃO: Emir
EDIÇÃO:
Scamarcio, Angela
Schneider, R.D. Reid; EUA,
Kusturica; COM: Bajram
Finocchiaro, Massimo
106m, cor, 2007;
Severdzan, S. Todorovic, Branka
Popolizio; Itália/França, 100m,
EDIÇÃO:
Katic, Florijan Ajdini; Sérvia/
Atalanta
cor, 2007; EDIÇÃO: Atalanta
Lusomundo
TÍTULO ORIGINAL: Black Cat,
/França/Alemanha, 127m, cor,
1998; EDIÇÃO: Castello Lopes
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Boavida|Músicas
Queen: um novo caminho
“The Cosmos Rocks” é o título genérico do novo álbum de originais dos “Queen”. O primeiro desde a
“morte” do imortal Freddy Mercury, falecido em 1991.
Vítor Ribeiro
P
or muito tempo que sobrevivam (e oxalá que
sim!), os “Queen” têm o privilégio de permanecer irremediavelmente associados a
Freddy Mercury, um dos mais notáveis cantores
rock de todos os tempos. A genialidade de Mercury
pairará sempre sobre qualquer análise crítica que se faça
de um trabalho discográfico, ou de um espectáculo do
grupo.
É pois há luz desta realidade, sem paternalismo, mas
com merecida compreensão e boa vontade, que devemos
ouvir o novo “The Cosmos Rocks”, primeiro álbum da
banda, desde a publicação de “Made in Heaven”, em 1995,
com temas ainda registados por Mercury, antes de falecer
em 1991.
Uma vez cortado o cordão umbilical que os ligava ao
líder histórico, os “Queen” surgem-nos agora apoiados na
voz de Paul Rodgers (ex-Free, Bad Company), também ele
um cantor rock de excepção, capaz de marcar a diferença
que reencaminha a banda para novos rumos.
Subscrevem os 14 temas do novo CD os “Queen” e
Paulo Rodgers, dando forma a um trabalho colectivo de
inegável qualidade, onde o rock clássico, por vezes “pesado”, até, se entrecruza com um rock mais melódico, que
nos remete, muitas vezes, para o que de melhor se fez, no
género, nas décadas de 60 e 70 do século passado.
Concluamos então que, sem renegar o passado de que
apenas podem orgulhar-se, os ”Queen” encetam, com com-
preensível cuidado, um novo caminho, que não deslustra
a história de um dos mais emblemáticos grupos da
História do Rock.
DAVID GILMOUR EM GDANSK
Lugar de destaque na História do rock tem também David
Gilmour, guitarrista e compositor dos “Pink Floyd”, responsável pela esmagadora maioria dos sucessos de mais aquele
grupo lendário. “David Gilmour – Live in Gdansk” é o título
genérico do duplo-CD recentemente editado, que nos dá
conta do concerto efectuado por Gilmour em Gdansk, na
Polónia, acompanhado pela Polish Baltic Philharmonic
Orchestra, sob a direcção do maestro Zbigniew Preisner.
Em palco estiveram igualmente os veteranos (ex-Floyd)
Richard Wrigth, Dick Parry, Jon Carine Guy Prat, aos quais
se juntou Phil Manzanera, dos Roxy Music. Com a
riqueza formal que uma orquestra sinfónica sempre possibilita, quando associada à música rock, Gilmour e os seus
companheiros proporcionam-nos momentos de invulgar
espectacularidade, designadamente ao interpretarem
muitos dos temas “clássicos” dos “velhos” Pink Floyd.
Este trabalho discográfico pode ainda ser adquirido
juntamente com um DVD do concerto e (ou) também com
um segundo DVD intitulado “Gdansk Diary –
Documentary”.
Conclusão: um álbum multimédia de grande folgo, que
merece a melhor atenção dos melómanos mais afortunados, já que não estamos em presença de um produto
acessível a todas as bolsas. I
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Boavida|À mesa
À mesa com os avós
Em muitas famílias portuguesas, a figura dos avós está ainda bastante presente e activa.
Geralmente como uma ajuda importante para tomar conta dos mais pequenos, ir buscá-los
à escola ou ainda para lhes preparar uma refeição.
Pedro Soares
A
parte alimentar deste relacionamento entre
avós e netos é particularmente interessante na
medida em que os mais velhos transportam
determinados conhecimentos e práticas alimentares que podem ser protectoras da saúde dos mais
novos, para além da transmissão de valores culturais, na
forma de aromas e sabores, que podem ser uma maisvalia educativa para as gerações mais novas.
Se observarmos com cuidado, reparamos por exemplo na utilização frequente de hortícolas nos preparados
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culinários das populações mais idosas. Nas sopas, nos
cozidos e nos mais diversos estufados. Esta tradição
criou-se pela disponibilidade e preço destes alimentos
no passado… mas também pelo facto de serem produtos que demoravam algum tempo a ser preparados e
confeccionados. E o tempo era a coisa que menos faltava em outros tempos.
Associado à utilização de hortícolas estava a grande
variedade no modo de confecção e o recurso frequente
a produtos regionais e da época. Este é apenas um
exemplo entre muitos, mas uma criança ao consumir e
aprender a ter uma referência saborosa de um produto
alimentar da sua região, cozinhado na época própria
quando estes produtos estão disponíveis na natureza, é
um conhecimento extraordinário nestes tempos em que
se deixou de saber a origem dos alimentos, sua história
e enquadramento nas estações do ano.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) que
recomenda o consumo diário de pelo menos 400g de
frutos e hortícolas por dia como garante de uma vida
saudável reconhece também, e cada vez mais, que a
qualidade da confecção dos alimentos é decisiva para se
atingirem os objectivos desejados.
Por outro lado, as preparações culinárias apuram-se e
podem melhorar se forem treinadas e tiverem tempo
para serem desenvolvidas, para além de representarem
um traço de identidade numa família. A sopa da Avó,
pode ser, não apenas um preparado culinário com elevado valor nutricional mas também uma marca de
união entre gerações e algo que caracteriza os gostos alimentares de uma família. Para além de tudo isto, a valorização destes saberes no seio de uma família são
importantes para a auto-estima deste grupo mais velho
da população tantas vezes desdenhado nas suas
aptidões.
Conviria ainda dizer que estar à mesa com os avós
pode ser uma aprendizagem importante em termos sociais. Estar à mesa com alguém que não tem pressa, que
não olha para o relógio com regularidade, que sabe contar uma história, que come devagar pegando correctamente nos talheres e sem se irritar a todo o momento é
um luxo que muitos pais não podem ensinar. I
Ilustrações: André Letria
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Boavida|Saúde
A tuberculose ainda é um estigma
Numa época em que ainda não tinham sido descobertos os antibióticos e em que os doentes uma vez
diagnosticados com tuberculose eram isolados, separados das suas famílias e internados em
sanatórios, onde permaneciam durante anos, é compreensível que, nesse tempo, não se falasse da
tuberculose como das outras doenças.
M. Augusta Drago
A
medicofamí[email protected]
lém do mais, a doença estava associada às
classes mais desfavorecidas, grassava entre os
pobres, os malnutridos e os que viviam em
instituições. Foi também por essa a razão que
sempre se falou dela com discrição.
Curiosamente, e apesar da melhoria das condições de
vida da maior parte da população no nosso país e dos
avanços tecnológicos alcançados no campo terapêutico, as
pessoas continuam a falar e a encarar esta doença com
algum pudor.
A tuberculose é uma infecção causada por uma bactéria
chamada Mycobacterium Tuberculosis. Desde a década de
quarenta que é tratada com sucesso por diversos medicamentos que vão sendo substituídos por outros mais modernos, progressivamente mais eficazes e com menos efeitos
adversos. Qualquer pessoa pode ter a pouca sorte de ser contagiada. A vacina da BCG, embora seja uma ajuda preciosa,
não dá protecção total. Razão pela qual a tuberculose continua a afectar um número exagerado de pessoas entre nós e é
uma preocupação constante de todos os técnicos de saúde.
Tive um professor na faculdade que dizia que em
Portugal, e perante um quadro de infecção respiratória, “é
preciso pensar tuberculosamente”. Isto para dizer que nós
médicos não podemos falhar um diagnóstico num doente
com tuberculose.
A tuberculose propaga-se através das gotículas de saliva e do ar que sai da boca e do nariz dum doente quando
este tosse ou espirra. Quando uma pessoa está por perto e
inala estas bactérias, estas alojam-se nos pulmões e aí
crescem e multiplicam-se. Esta pessoa que inalou as
gotículas infectadas, também ela pode ficar infectada e ir
infectar outras pessoas.
É por isso muito importante identificar precocemente
as pessoas infectadas e iniciar o tratamento o mais rapidamente possível para cortar a cadeia de transmissões. A
forma mais comum de tuberculose é a tuberculose pulmonar, mas a bactéria pode, para além dos pulmões,
invadir o sangue do doente e ir afectar outras partes do
corpo, tais como os rins, a coluna vertebral ou o cérebro e
desenvolver aí a doença.
O que muita gente ignora é que na tuberculose existem
duas situações distintas: uma, são os indivíduos infectados, e outra, são os doentes. Nem sempre os indivíduos
infectados desenvolvem a doença. A bactéria pode ficar
alojada no organismo, como que adormecida. O indivíduo
infectado não tem sintomas, não se sente doente e pode
infectar as pessoas que o rodeiam.
Se não for tratada, esta pessoa pode vir a desenvolver a
doença mais tarde, numa altura em que o seu organismo
esteja debilitado. Estes indivíduos infectados só são identificados mediante um teste cutâneo.
Aqueles que desenvolvem a doença referem febre, não
muito alta, arrepios, suores nocturnos, fadiga, perda de
peso e tosse, uma tosse produtiva com expectoração e por
vezes sangue. Devem obrigatoriamente procurar o seu
médico para esclarecer a situação todos os doente com uma
tosse arrastada, perda de peso e febrícula; e aqueles que,
embora sem sintomas, tenham estado em contacto com
doentes tuberculosos, em casa, na escola ou no trabalho.
A tuberculose é uma doença curável e o seu tratamento é inteiramente suportado pelo Estado. I
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TempoLivre 67
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Boavida|Tempo informático
Esteja Atento!
Nesta tecnologia nem tudo o que luz é ouro. É necessário distinguir, quando algo aparece, se vale a
pena ou não adquirir e se é útil no dia-a-dia. E com a crise actual mais verdadeiro se torna. Apesar de,
como sempre, melhorarem no futuro, escolhemos exemplos que não desiludem.
na Net (único a fazê-lo) talvez justifique a pequena diferença de preço em relação à concorrência.
Gil Montalverne
C
[email protected]
hegaram os MEDIA PLAYERS, discos rígidos
externos onde armazenamos tudo o que é
Multimédia, filmes, fotografias e músicas e que
ligados depois ao televisor sem a necessidade da
presença de um PC, reproduzimos o que lá está com
grande qualidade no chamado grande ecrã. A Verbatim
apostou em dois discos Multimédia de 500 GB, o Media
Station e o MediaStation Pro, espaço suficiente para mil
horas de vídeo em MPEG ou 6.300 horas de áudio MP3 ou
250.000 fotos de 5 megapixeis, tudo isto a ser visionado
independentemente do PC, como dissemos, num televisor ou ouvido num sistema de áudio de sala. Mais
cómodos por exemplo para transportar para qualquer
lado 150 filmes do que 150 DVDs, reproduzem quase
todos os formatos mais comuns de vídeo (câmaras digitais, downloads da Net, etc.) e possuem as ligações
necessárias para uma boa qualidade. O modelo PRO tem
ligação HDMI para Full HD, o que com a capacidade de
funcionar em rede com ou sem fios e sintonia de Rádios
68
TempoLivre
| NOV 2008
AO DEPARAR com os auscultadores CLEAR CHAT PC WIRELESS da Logitech poderá interrogar-se se precisa deles pois
não faltam lá por casa. Mas
com estes vai comodamente
movimentar-se em conversação Chat ou Voip, a ouvir
música ou a jogar, sem o
embaraço dos fios. Ligação ao PC
através do pequeno transmissor colocado na porta USB e
microfone, se não precisar, recolhe-o ajustando-se lateralmente. Mais vantagens: o volume de som é feito com
pequenos toques num dos auscultadores que aliás são
almofadados para grande conforto do utilizador. Ao óptimo design junta-se a alta qualidade áudio com som claro
e puríssimo como o nome indica. Não pode estar mais
atento.
JÁ CHEGARAM as versões 2009 do software de Anti-Vírus e
Internet Security. Os nossos leitores sabem já que um
deles é absolutamente necessário, sendo que o IS possui o
AV e mais aplicações de segurança. As licenças são anuais
e as actualizações do software anual são também significativas. O único que até agora chegou às mãos dos jornalistas não é dos mais fortes em vendas no nosso mercado mas os KASPERSKY AV e IS
apresentam-se este ano com a
prova de líderes do mercado
baseando-se em tecnologia
muito avançada, aumentando
a vigilância e a protecção mas
minimizando o uso de recursos contra os 10 milhões de
programas nocivos previstos
para 2009. Com interface
mais fácil e intuitivo são uma
escolha acertada. Proteja-se! I
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Boavida|Ao volante
Protecção do ambiente – veículos eléctricos
Aliança Renault-Nissan assina
acordo com governo português
A Aliança Renault-Nissan está empenhada em ser o líder mundial em veículos de emissão zero…
estando actualmente a criar parcerias estratégicas com vários países, cidades e empresas do mundo
para desenvolver a infra-estrutura e a aceitação pública necessários para tornar os veículos eléctricos
comercialmente bem-sucedidos.
Carlos Blanco
A
través da Aliança, a Renault e a Nissan já assinaram acordos com Israel e a Dinamarca que
irão permitir a comercialização em massa dos
veículos eléctricos nesses países em 2011, e
estando continuamente a negociar com outras entidades,
na Europa, América do Norte e Ásia. Parcerias como estas
criam o quadro de sucesso para a implementação em
grande escala.
Portugal é o primeiro país a estabelecer uma parceria
directa com a Aliança para um veículo eléctrico, criando
um novo modelo empresarial entre o sector público e o privado para desenvolver as condições necessárias para os
veículos de emissão zero se tornarem numa solução
viável, atraente e extremamente necessária no
momento actual.
Combinar mobilidade e protecção do
ambiente não é uma prioridade vaga mas
um verdadeiro compromisso assumido
pela Aliança Renault-Nissan. No
plano de actividades de cada
empresa – no Renault
Contracto 2009 e no NISSAN
GT 2012 – existem objectivos
claros no que respeita à redução
das emissões de dióxido de carbono. Para
esse efeito, ambas as empresas estão a desenvolver uma
diversidade de tecnologias que podem ser adaptadas a
diferentes condicionalismos dos mercados e às necessidades e às utilizações específicas dos seus clientes através
de uma gama completa de tecnologias “verdes” – desde
motores a gasolina de baixa cilindrada e motores diesel
limpos… a transmissões de variação contínua… híbridos… pilhas de combustível… e veículos eléctricos.
Do lado da Aliança, isso significa disponibilizar um
produto credível, funcional e agradável, que os consumi-
dores queiram conduzir. Também vai trabalhar com o
Governo para aumentar a consciencialização sobre os
veículos com emissões zero e cooperar num conjunto de
projectos de infra-estruturas técnicas que beneficiem os
seus futuros proprietários em Portugal.
Entre os factores que permitirão um maior enfoque nos
veículos eléctricos ressalta a maior consciencialização do
aquecimento do planeta, resultante das emissões de dióxido de carbono a par de alterações regulamentares, com
reduções fiscais para os veículos ecológicos.
O aumento dos preços e a disponibilidade do petróleo
bruto é outra preocupação. Outro factor que aumenta o
poder de atracção dos veículos eléctricos é a crescente
exigência de mobilidade urbana. Em 2007, a população
urbana do mundo ultrapassou a sua população rural pela
primeira vez. A procura de veículos está a
aumentar rapidamente com o aumento
dos mercados emergentes como a
Rússia, o Brasil, o Médio Oriente, a
Índia e a China.
Por último, os avanços tecnológicos no desenvolvimento de baterias e na optimização do consumo energético dos automóveis
estão a reforçar o potencial de
atracção e de competitividade dos
veículos eléctricos.
Alimentados por um motor eléctrico e uma bateria, os
EV são veículos limpos que não emitem nenhum CO2 ou
outras emissões de escape durante o seu funcionamento.
A Nissan está apostar na promoção da utilização
alargada de EV. Isto inclui aumentar a autonomia aperfeiçoando a bateria e outras tecnologias do grupo propulsor eléctrico.
Envolve também a colaboração com outras indústrias
para implementar as infraestruturas necessárias como
estações de carregamento. I
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Boavida|As Palavras da lei
Execução
de acordo de
alimentos
a menor
Pedro Baptista-Bastos
Separei-me do meu marido há cerca de três anos,
através de um divórcio por mútuo consentimento.
Temos um filho, com seis anos de idade. Fixámos que o
nosso filho teria direito a uma prestação de alimentos, no
valor de cento e cinquenta euros, actualizável anualmente,
pelos índices de inflação. Entretanto, ele refez a vida com
outra mulher, e tiveram um filho bebé. Ele não pagava a
prestação de alimentos ao nosso filho antes mesmo da sua
nova mulher ter engravidado. Agora, ele pretende que o
valor da prestação seja revisto para menos, porque disseme que não pode suportar esse encargo, que o salário dele
não lhe chega, e que tem um novo filho, que tem que
tomar conta. O que posso fazer?
Sócia devidamente identificada – Porto.
?
O
s alimentos a um menor abrangem tudo o que
é indispensável ao sustento, habitação, vestuário, instrução e educação do menor, de
acordo com o artigo 2003º do Código Civil.
Esses alimentos devem ser proporcionados aos meios do
alimentante e às necessidades do alimentado, no momento
da prestação, de acordo com o artigo 2004º, n.º 1 do
C.Civil.
Os alimentos podem ser reduzidos ou aumentados, se
houver caso e circunstâncias a tal, nos termos dos artigos
186º a 189º da Organização Tutelar de Menores, que regula o procedimento dos alimentos a menores.
Assim, vimos já que, após uma fixação de alimentos a
70
TempoLivre
| NOV 2008
menores, estes podem ser reduzidos; no entanto, a carta
desta leitora dá-nos um dado prévio: o incumprimento
prévio de uma prestação de alimentos.
Entendo que o companheiro tem que pagar as
prestações em falta, por estar legalmente obrigado a tal.
Os alimentos a menor têm carácter obrigacional, devendo
ser integralmente pagos. Ao caso, não há nenhuma justificação plausível para que ele não pague o que deve ao seu
filho, para que este tenha o seu sustento e se possa desenvolver e crescer com todos os meios possíveis. Ele não foi
despedido, nem teve nenhum facto que obstasse ao pagamento do que tem em falta para com o seu filho.
De acordo com o artigo 189º, n.º 1 da O.T.M., se não
houver o pagamento da prestação, ou das prestações em
falta, nos dez dias após o seu vencimento, esta sócia deve
dirigir-se aos Serviços do Ministério Público do Tribunal
de Família e Menores do Porto, e requerer a cobrança
coerciva das prestações em falta.
Por outro lado, ele teve um filho de outro matrimónio,
e alega que não pode continuar a pagar a prestação de alimentos. Conforme escrevi, o acordo de alimentos pode ser
revisto para menos. Mas isso só pode ser realizado, se se
provar que o actual salário deste companheiro cobre todas
as suas despesas e necessidades. Se ele tiver despesas
voluptuárias, não há lugar à redução da prestação de alimentos. Havendo um filho, que tem direito a uma dada
prestação de alimentos, seria injusto reduzi-la em detrimento de outro. Esse homem teve um filho, é seu dever
mantê-lo e sustentá-lo. A isso o obriga o superior interesse
do menor, bem como o seu dever moral de pai.
André Letria
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SOLUÇÕES
Palavras Cruzadas | por Tharuga Lattas
Horizontais: 1-Expressão de pesar pelo infortúnio de alguém; Do
cosmos. 2-Atmosfera; Desgasta; Lavrei; Mais. 3-Muitos; Canção.
4-Oculta; Portuguesa 5-Ermida fora do povoado; Jibóia; Agente. 6Curada; Enrubescera. 7-Empáfia (Brás.). 8-Sedimento; Vida
tranquila. 9-Sequiosa; A primeira mulher, segundo a Bíblia;
Raladores. 10-Parte da cabeça das aves, entre os olhos e o bico;
Senhoras (Brás.). 11-Mulos; Emissão de voz. 12-Compaixão;
Rente; Magnete natural; “Cádmio” (s.q.). 13-Descobrem; Chocava.
Verticais: 1-Idiotas; Fogosa. 2-”Érbio” (s.q.); Época; Insignificância;
Partícula afirmativa do dialecto provençal. 3-Agarrar-se com gavinhas; Espreita. 4-Para; Com jeitos de dama; O deus do Sol entre
os Egípcios. 5-A minha pessoa; Ano do Senhor; Oferece; Abismo.
6-Governador de província, entre os Árabes; Lavra; Estro. 7Chiste; Santo. 8-Giba 9-Óxido de Cálcio; Textualmente. 10-Verbal;
Coragem; Seio de mulher. 11-Tenho conhecimento; Pedra de
moinho; Depois; Enfermidade, 12-Forma arcaica de “meu”; Saios
de malha usados pelos antigos guerreiros; Nem. 13-Combate;
Junta. 14-Aqui; Abrev. de “Senhor”; Discurso laudatório; Cento e
um, em romanos. 15-Untara; Esqueleto.
Soluções: 1-P SAMES; CÓSMICO. 2-AR; LIMA; AREI; AL. 3-R;E; MIL;
LAI; L; E. 4-VELA; R; C; L; LUSA. 5-ORADA; BOA; MOTOR. 6-SARADA; R; GORARA. 7-M; RÓCIO; I. 8-CAMADA; O; REGALO. 9-ÁVIDA;
EVA; RALOS. 10-LORO; M; A; P; SIAS. 11-1; A; MUS; SOM; A; A. 12DO; RASA; IMAN; CD. 13-ACLARAM; COLIDIA.
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ClubeTempoLivre > Cupões
NOTA: os cupões para aquisição de Livros são válidos até ao final do ano de 2008
DESCONTO
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2008
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
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TempoLivre
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Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
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de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2008
Remeter para
Clube Tempo Livre –
Livros, Calçada de
Sant’Ana nº 180 –
1169-062 Lisboa, o
seguinte:
G Pedido, referenciando a editora e o título
da obra pretendida;
G Cheque ou Vale dos
Correios, correspondente ao valor (PVP)
do livro, deduzindo
2,74 euros de desconto
do cupão.
G Portes dos Correios
referente ao envio da
encomenda, com
excepção do
estrangeiro, serão
suportados pelo Clube
Tempo Livre. Em caso
de devolução da
encomenda, os custos
de reenvio deverão ser
suportados pelo
associado.
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Page 74
ClubeTempoLivre > Novos livros
CAMPO DAS LETRAS
LÍNGUA POSTA A SALVO
a consequente romagem a
HISTÓRIA DE UMA
Guimarães, são alguns dos
ATLAS DAS ESPÉCIES EM
JUVENTUDE
acontecimentos relatados
PERIGO
Elias Canetti
316 pg. |18 (PVP)
neste livro que, inclui, ainda,
Sally Morgan
96 pg. |17, 85 (PVP)
episódios numa linha
Desde a infância na Bulgária
cronológica baseada na
Actualmente, mais de 15.000
até às estadias com a família
“Crónica de D. João I” de
espécies de plantas e
em Inglaterra e na Suíça, o
Fernão Lopes, fonte
animais enfrentam a possível
livro oferece uma análise
privilegiada para melhor
extinção. Que podemos fazer
detalhada das primeiras
conhecer o rei de Boa
para proteger essas
décadas do século XX. Os
Memória e este período da
espécies?
incidentes mais sensíveis do
História de Portugal.
Este atlas magnificamente
quotidiano têm como pano
ilustrado apresenta as mais
de fundo acontecimentos
recentes conclusões sobre
mundiais, nomeadamente a
disfarçado e paralisada por
EUROPA – AMÉRICA
este sentimento obsessivo?
Primeira Guerra Mundial,
O COMPLEXO DE CULPA DO
O SEXO INVISÍVEL
bem como as reflexões do
OCIDENTE
J. M. Adovasia, Olga Soffer &
autor sobre as
consequências daqueles
Pascal Bruckner
208 pg. |17,90 (PVP)
Jake Page
248 pg.|23,90 (PVP)
acontecimentos na vida do
As guerras, as perseguições
Um novo olhar sobre a Pré-
indivíduo.
religiosas, a escravatura, o
História, onde a visão do
O autor recebeu o prémio
fascismo, o comunismo e
Paleolítico conotada à
Nobel da Literatura em 1981.
muitas abominações
imagem de caçadores
passadas desenvolveram na
vestidos de peles a atacar
D. JOÃO I E GUIMARÃES
Europa um sentimento que
destemidamente mamutes,
Rosa Maria Saavedra
72 pg. |13 (PVP)
face ao mundo oscila entre
enquanto as mulheres se
o masoquismo e a
escondiam atrás de
os motivos que levam à
Foi durante a crise de 1383-
libertação.
rochedos, pouco tem em
extinção de alguns animais,
1385 que D. João ficou
Um ensaio polémico sobre o
comum com a realidade.
desde a perda de habitat à
particularmente ligado a esta
masoquismo dos povos
Com tema central nas
poluição.
Vila, palco de vários
ocidentais que desperta uma
mulheres da Pré-História, a
Inclui, ainda, mais de 200
episódios marcantes para a
reflexão sobre a culpa
obra defende que foram elas
fotos sobre os diferentes
História de Portugal.
ocidental face ao resto do
que inventaram quase tudo,
habitats e animais em
A tomada da Vila de Baixo,
mundo, onde se questiona,
desde os agasalhos para
perigo, bem como
seguida da conquista da Vila
até que ponto a Europa se
proteger do frio, as cordas
informação pormenorizada
de Cima e o voto do rei a
encontra minada por esta
para as jangadas e redes
sobre as espécies.
Santa Maria da Oliveira, com
espécie de hedonismo
para a caça ou pesca, ao
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Page 75
desenvolvimento da própria
saúde humana e aprenderá a
Iorque, cidade onde se exilou
linguagem.
equilibrar o seu estilo de vida
para se afastar da ex-
e a desfrutar do potencial
namorada, da morte de um
COMPREENDER FREUD
ilimitado com que a natureza
amigo e da mãe, com quem
Jacques Sédat
272 pg. |20,89 (PVP)
o dotou.
tem um relacionamento
A obra é um bilhete de
NÃO SEJA REZINGÃO
Ao chegar a Roma,
entrada para o consultório de
descobre que nada é como
Freud, propondo segui-lo nas
Richard Carlson
136 pg. |11 (PVP)
suas descobertas,
Por muito que tente estar
mudaram...
divagações e dúvidas,
bem-disposto e sereno, às
conflituoso.
vezes é difícil não ser um
reconstruindo a génese das
recordava, as coisas
ROMA EDITORA
suas descobertas mais
Fonda e Meryl Streep, a obra-
rezingão! Neste livro
importantes. Para tal, o autor
prima de Eve Ensler é uma
divertido e inspirador, o autor
TEATRO, PRAZER E RISCO
explora a correspondência
viagem hilariante e tocante
desafia-nos a ser o melhor.
de Freud e outros escritos
pelos indecifráveis confins
Pois o nosso tempo na Terra
Vera Borges
178 pg. |12 (PVP)
que testemunham as
da mente e do corpo
é demasiado precioso para
Uma obra que apresenta os
interrogações e intuições
femininos. Dá voz aos mais
ser desperdiçado… a
retratos sociológicos de
que desencadearam o
profundos temores e
rezingar!
nascimento da Psicanálise.
fantasias de mulheres reais,
Seguindo as etapas do
à sua irreverência e
CÓDIDO DA INTELIGÊNCIA
portugueses,
pensamento freudiano,
espirituosidade.
fruto de
relembra-se, ainda, que a
Considerada por muitos
Augusto Cury
224 pg. |15 (PVP)
empresa iniciada por Freud
como a bíblia de uma nova
A obra oferece uma nova
observações
não é rígida nem dogmática
geração de mulheres, estes
teoria sobre a inteligência,
e que o analista não deve
monólogos de intimidades e
que permitirá ao leitor
de palco para onde são
ousar ter qualquer pretensão
vulnerabilidades irão
desenvolvê-la e realizar todo
trasladadas as experiências
de poder ou conhecimento
comover e divertir o leitor.
o seu potencial psicológico,
individuais que aí se
actores e
encenadores
entrevistas e
do trabalho
intelectual, emocional e
misturam, no cadinho
PERGAMINHO
espiritual.
fervente que é o grupo.
VAGINA
ENERGIA SEM LIMITES
QUINTO SELO
Eve Ensler
192 pg. |18,50 (PVP)
Deepak Chopra
144 pg. |12 (PVP)
Representada em palcos de
Com esta obra o leitor
todo o mundo por actrizes
tão famosas como Jane
sobre o outro.
Percursos, paixões, sonhos e
OS MONÓLOGOS DA
realidades num invulgar
trabalho de investigação a
QUERO-TE MUITO
todos os títulos digno de
registo.
poderá aceder a cinco mil
Federico Moccia
344 pg.|19,50 (PVP)
anos de sabedoria acerca da
Step regressa de Nova
Glória Lambelho
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ClubeTempoLivre > Cartaz Inatel
BRAGA
Cinema
Guitarras de Manuel Lima na
Teatro
Taveiro - dia 9 às 21h30 na
8ª Grande Noite de fados, no
23º Ciclo de Teatro de
Sociedade Instrução
Teatro Circo, em Braga.
Outono, apresenta as
Tavaredense, em Tavarede.
seguintes peças:
Filme “Hora De Ponta 2” de
Brett Ratner
Magusto
“A FARSA DE INÊS PEREIRA”,
Com: Jackie Chan, Chris
Dia 16 às 15h30 - Magusto
de Gil Vicente, pelo Trai-la-ró
Tucker, John Lone
do rancho Folclórico de Vila
Gr Teatro de Casal Cimeiro -
Jornadas Etnofolclóricas
90 min./2001/E.U.A. – M/12
Nova das Infantas, em
dias 7, 8, 9 às 21h30 na
Destinadas a grupos
Carter vai de férias para
Guimarães.
Assoc. Cimeirense, Casal
Etnográficos e de Folclore, a
Cimeiro; dia 22 às 21h30 no
iniciativa tem como objectivo
CCD Social de S. Frutuoso;
sedimentar conhecimentos
dia 30 às 21h30 na Casa do
nas diferentes áreas de
Hong Kong visitar o seu
amigo Lee. Rumo à
COIMBRA
descoberta dos prazeres
COVILHÃ
mais exóticos que a cidade
Concertos
Povo Abrunheira
intervenção dos grupos, de
ostenta e após reencontro
Dia 6 às 21h30 - ciclo “As
“A FACE DO CAOS”,
forma a ultrapassar as
com o amigo, Carter tem de
Quintas do Festival”, Trio
adaptação de António Aleixo,
dificuldades relacionadas
enfrentar um grande desafio:
Euterpe, na Casa Municipal
pelo Curral da Mula - Gr.
com a sua actividade.
desmantelar uma rede de
da Cultura, em Coimbra; dia
Teatro de Abrunheira - dia 22
falsificação de dólares.
7 às 21h30 - “Coimbra,
às 15h na Associação
COLÓQUIO:
LOCAIS: dia 9 às 16h na
moro em ti”com Tenor
Moradores do Bairro da Rosa
Temas previstos – “Técnicas
Associação Cult., Social e
Mário Anacleto na
em Coimbra;
de Recolha e Instrumentos
Recreativa de Felgueiras; dia
Biblioteca Joanina, em
“O LIXO”, de Francisco
Musicais” por José Alberto
14 às 21h no Centro
Coimbra; dia 8 às 21h30 –
Nicholson pelo Grupo de
Sardinha (Etnomusicólogo);
Recreativo e Cult. de
Ciclo “A Rota dos Órgãos”
Teatro “A Fonte” - dia 15 às
“Recuperação/ Trajes –
Campelos; dia 15 às 21h na
na Capela da Universidade;
21h30 na Associação
Manuseamento/Tratamento
Associação Recreativa e
dia 8 às 21h30 – Encontro
Cimeirense, Casal Cimeiro.
e Restauro” por Madalena
Cult. Valdozende; dia 21 às
Nacional de Coros na
“O DOMADOR DE SOGRAS”,
Farrajota (Museu Nacional
21h no Grupo “Os
Associação 1º de Maio
de Félix Bermudes, João
de Arqueologia);
Camponeses de Arosa”; dia
Alfarelense em Alfarelos e
Bastos e Hermano Neves
“Etnoliteratura: contos e
26 às 10h na Centro Social
concertos pelo Grupo de
pelo Gr.Teatro de Formoselha
cantos” por Antonieta
Juventude do Mar; dia 28 às
Instrumentos de Sopro de
- dia 18 às 21h30 na
Garcia (UBI - Universidade
21h na Casa do Povo de
Coimbra no Salão da ADFP
Associação Cultural de Vinha
da Beira Interior); “Medicina
Lousado.
de Miranda do Corvo e pelo
da Rainha;
Popular: a enfermidade e a
Coro de Câmara “Cânticus
“A VIZINHA DO LADO”,
dimensão religiosa no
Camerae”no Auditório de
adaptação de André Brun,
processo de cura” por
Sobral de Ceira; dia 15 às
pelo Grupo Cénico de
Donizete Rodrigues
21h30 - Concerto pelo
Ervedal da Beira - dias 15 na
(Antropólogo).
Grupo Sax Ensemble em
Casa do Povo de Espariz e
Cadima e Sarau da Tuna
22 na Casa Povo de Mira;
EXPOSIÇÃO
Recreativa Mouronhense;
“O DOENTE IMAGINÁRIO”, de
Artesanato e Artes
dia 22 às 16h – Recital de
Molière, pelo Gr.Teatro S.
Tradicionais com Artesões ao
Música Sacra Instrumental
Frutuoso - dia 15 às 21h30 no
Vivo; Inclui: Tear Manual,
Sta Cecília na Igreja
Casal de S. João em Vila
Bastidor (Colchas e
Paroquial da Pocariça, às
Nova de Poiares
Bordados de Castelo
21h30 Recital de Música
VARIEDADES, pelo Grupo de
Branco), Pintura, Cesteiro,
Música
Sacra Instrumental Sta
Teatro de Ribeira de Frades –
Trajes, Alfaias Agrícolas e
Dia 16 às 15h - Grupo “As
Cecília na Igreja Paroquial
dia 15 no Centro Social de
Utensílios Domésticos e
Lavradeiras” de Sta Maria de
do Bolho e concerto pelo
Ribeira de Frades.
amostras de Cozinha e
Oliveira no “COMFOLCLORE”
Coro de Câmara ““Cânticus
CAMILA BAKER, de Emílio
Quarto de Aldeia de finais do
em Santa Comba Dão; dia 29
Camerae na Casa do Povo
Boechat, pela
século XIX.
às 21h45 - Grupo de
de Mira.
Loucomotiva/Gr.Teatro de
LOCAL: dia 15 às 9h30 no
76
TempoLivre
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9:46
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Auditório da Biblioteca
Perrault, é uma pequena
6ª e Sáb às 23h.
Grande Prémio da Arrábida,
Municipal de Castelo Branco
história de coragem onde a
Um espectáculo interactivo
pelo CCD Lebres do Sado,
inteligência de um menino
que aborda de forma
Setúbal.
triunfa sobre a força bruta do
humorística crenças que
Ogre. Contada por dois
continuam a fazer parte de
Atletismo
actores através de uma
um suposto “consciente
Dia 8 às 15h - Corta Mato de
linguagem divertida e
colectivo”. Com uma
Música
S. Martinho, no Bairro do
informal.
abordagem céptica de temas
CONCERTINAS E
como a astrologia,
DESGARRADAS:
GUARDA
Pinheiro; dia 18 às 10h - 9ª
VIANA DO CASTELO
Subida Vale de Sameiro em
Sala Estúdio
numerologia, superstição e
XIII ENCONTRO NACIONAL
Sameiro.
ENCONTROS E
profecias o resultado é
Concertinas e Desgarradas,
DESENCONTROS NO CAMPO
surpreendente!
integrado nas
Btt
COM TIO VÂNIA – até ao dia
Dia 16 às 10h - 9ª Up-Hill,
16 | 4ª a Sáb. 22h e Dom.
Subida Vale de Sameiro em
17h
comemorações da Outorga
SANTARÉM
do Foral de D. Afonso III, de
1258, da formação do
Sameiro; dia 30 às 9h -
Folclore
Município de Viana do
Invernal de Btt “ Cidade da
Dia 22 às 21h - Rancho
Castelo, reúne várias
Guarda”, no Clube de
Folclórico da Alegria de
centenas de tocadores de
Montanhismo da Guarda.
Alqueidão de Santo Amaro
concertina, num agradável
na sede da Casa do Povo de
convívio onde o cantar ao
Fátima, em Fátima.
desafio marcam forte
Marcha
Dia 9 às 9h - Marcha
presença.
SETÚBAL
Regional e Magusto, pelo
Clube de Montanhismo da
República, centro histórico
Guarda; dia 16 às 9h - Subida
Comemorações
Vale de Sameiro em
do S. Martinho
Sameiro.
LOCAL: dias 6,7, 8 - Praça da
de Viana do Castelo.
VISEU
Nesta peça de Anton
Fados com Jorge Costa,
Tchekhov, cruzam-se
Chouriço assado, Água Pé,
LISBOA
personagens onde
Caldo Verde, Broa e
Btt
Teatro da Trindade
sobressaem os medos, as
Castanhas, nas
Dia 9 às 8h - 9.ª Etapa do
paixões, os ódios e a
comemorações do S.
Upand Down em Tonda,
Sala Principal
amizade que sentem umas
Martinho, na Delegação
Tondela.
BOA NOITE MÃE - a partir do
pelas outras.
INATEL - dia 7 às 21h30.
Dom. 16h
TERRA DE FUGA – a partir do
Atletismo
Dia 16 às 15h - Magusto de
Manuela Maria e Sofia Alves
dia 26 | 4ª a Sáb. às 22h e
Dia 9 às 10h – Corta-Mato na
São Martinho em São
integram o elenco da peça
Dom. às 17h
Moita; dia 15 às 10h – 3º
Martinho de Orgens.
“Boa Noite Mãe” de Marsha
Dois criminosos um deles
Norman. Um drama que
acompanhado pela
revela, sob a eminência de
namorada, encontram-se na
um suicídio anunciado, a
Terra de Nod, no despontar
relação familiar de duas
de uma possível década de
mulheres, mãe e filha, e a
50. Partilham o mesmo
profunda crise que
objectivo: esperam de um
enfrentam.
Padrinho a ordem de
Magusto
dia 1 // 5ª a Sáb 21h30 e
Concertinas em
Viana do Castelo
execução para um crime.
O PEQUENO POLEGAR – a
Quem é a vítima?
partir do dia 8 // Sab às 16h
Inspirado no conto
homónimo de Charles
Teatro-Bar
A FRAUDE – até ao dia 22 |
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10:06
Page 78
Moradas
SEDE
Calçada de Sant’Ana, 180
1169-062 Lisboa
Telf: 210 027 000
Fax: 210 027 027
e.mail: [email protected]
endereço: www.inatel.pt
AGÊNCIA - LISBOA
Arcadas do Palácio da
Independência
Rua das Portas de Stº
Antão, nº 2/2ª
1150-268 LISBOA
Tel. 213 431 150
DELEGAÇÕES
E SUBDELEGAÇÕES
ANGRA DO HEROISMO
Beco do Pereira, 4
9701-868
ANGRA DO HEROISMO
Tel. 295 213 407 /215 038
Fax. 295 212 233
[email protected]
AVEIRO
Av. Dr. Lourenço
Peixinho,144/146
Edificio Oita - 4º E
3800-160 AVEIRO
Tel. 234 405 200 / 207
Fax.234 405 208
[email protected]
BEJA
Casa Miguel Giacometti
Rua Gomes Palma,11
7800 - 505 BEJA
Tel. 284 318 070
Fax. 284 323 163
[email protected]
BRAGA
Av. Central, 77,
4710-228 BRAGA
Tel. 253 613 320
Fax.253 214 202
[email protected]
BRAGANÇA
R. Alexandre Herculano,
111 - 1º,
5300-263 BRAGANÇA
Tel. 273 331 653
Fax. 273 326 947
[email protected]
CASTELO BRANCO
Av. Nuno Álvares nº 4
6000-082 CASTELO BRANCO
Tel. 272 001 090
Fax. 272 001 099
[email protected]
COIMBRA
R. Dr. António Granjo, 6
3000 - 034 COIMBRA
Tel. 239 853 380
Fax.239 853 384
[email protected]
COVILHÃ
“Casa de Agostinho Roseta”
Av. Frei Heitor Pinto, 16-B
6200-113 COVILHÃ
Tel. 275 335 893
Fax.275 327 276
[email protected]
SANTARÉM
Prta. Pedro Escuro, 10-2º D
2000-183 SANTARÉM
Tel. 243 309 010
Fax. 243 309 014
[email protected]
ÉVORA
“Palácio Barrocal”
Rua Serpa Pinto, 6
7000-537 ÉVORA
Tel. 266 730 520
Fax. 266 730 521
[email protected]
SETÚBAL
Praça da República
2900-587 SETÚBAL
Tel. 265 543 800
Fax. 265 543 819
[email protected]
FARO
Casa Emílio Campos Coroa
Rua do Bocage, 54
8004 - 020 FARO
Tel. 289 898 940
Fax. 289 823 521
[email protected]
VIANA DO CASTELO
Rua de S. Pedro, 10
4900 - 538
VIANA DO CASTELO
Tel. 258 823 357
Fax. 258 811 644
[email protected]
FUNCHAL
Rua Alferes Veiga Pestana, 1
L, sala 25
9050-079 FUNCHAL
Tel. 291 221 614
Fax.291 228 147
[email protected]
VILA REAL
Av. 1º de Maio, 70-1º D
5000-651 VILA REAL
Tel. 259 324 117
Fax. 259 372 592
[email protected]
GUARDA
R. Mouzinho da Silveira, 1
6300-735 GUARDA
Tel. 271 212 730
Fax.271 215 779
[email protected]
HORTA
R. D. Pedro IV, 26
9900 - 111 Matriz-HORTA
Tel. 292 292 812
Fax.292 293 147
[email protected]
LEIRIA
“Casa Miguel Franco”
R. João XXI, 3-A r/c - Loja D
2410-114 LEIRIA
Tel. 244 832 319/834 017
Fax. 244 834 735
[email protected]
PONTA DELGADA
Rua do Contador, 73-A
9500 - 050 PONTA
DELGADA
Tel. 296 284 684
Fax. 296 283 166
[email protected]
PORTALEGRE
Largo São Bartolomeu
n.º 2 e 4
7300-101 PORTALEGRE
Tel. 245 337 016/7/8
Fax. 245 207 569
[email protected]
PORTO
Casa “Jorge de Sena”
Rua do Bonjardim, 495
4000-126 Porto
Tel. 220 007 950
Fax. 220 007 999
[email protected]
VISEU
Rua do Inatel
Urb. Quinta do Bosque
3510 - 018 VISEU
Tel. 232 423 762/428 727
Fax. 232 423 781
[email protected]
CENTROS DE FÉRIAS
INATEL ALBUFEIRA
Av Infante D. Henrique,
8200-862 ALBUFEIRA
Tel. 289 599 300
Fax. 289 599 340
[email protected]
INATEL CASTELO
DE VIDE
Rua Sequeira Sameiro, 6
7320 - 138
CASTELO DE VIDE
Tel. 245 900 200
Fax. 245 900 240
[email protected]
INATEL
“UM LUGAR AO SOL”
Av. Afonso Albuquerque S. João de Caparica
2825-450 COSTA
DE CAPARICA
Tel. 212 918 420
Fax. 212 900 051
[email protected]
INATEL
ENTRE-OS-RIOS
Torre
4575-416 PORTELA PNF
Tel. 255 616 059
Fax. 255 615 170
[email protected]
INATEL
FOZ DO ARELHO
R Francisco Almeida
Grandela, 17
2500-487 FOZ DO ARELHO
Tel. 262 975 100
Fax. 262 975 140
[email protected]
INATEL LUSO
Rua Dr. Costa Simões
3050 - 226 LUSO
Tel. 231 930 358
Fax. 231 930 038
[email protected]
INATEL MADEIRA
Madeira - Santo da Serra
9100-267 SANTA CRUZ
Tel. 291 550 150
Fax. 291 552 227
[email protected]
Tel. 271 776 016
Fax. 271 776 034
[email protected]
INATEL MONTALEGRE
Lugar de Penedones
5470-069 Chã/Penedones
Reservas: 251 708 360/01
(Inatel Cerveira)
[email protected]
INATEL GAVIÃO
6040-999 Gavião
Reservas: 245 900 243 (Inatel
Castelo de Vide)
[email protected]
PARQUES
DE CAMPISMO
INATEL
SERRA DA ESTRELA
Manteigas,
6260-012 MANTEIGAS
Tel. 275 980 300
Fax. 275 980 340
[email protected]
INATEL CABEDELO
Av. dos Trabalhadores Cabedelo
4900-056 Viana do Castelo
Tel. 258 322 042
Fax. 258 331 502
[email protected]
INATEL OEIRAS
Alto da Barra - Estrada
Marginal,
2780-267 OEIRAS
Tel. 210 029 800
Fax. 210 029 840
[email protected]
INATEL CAPARICA
Av. Afonso Albuquerque S. João de Caparica
2825-450 COSTA DE
CAPARICA
Tel. 212 900 306
Fax. 212 911 553
[email protected]
INATEL Stª. Mª. DA FEIRA
Santa Maria da Feira
4520-306 SANTA MARIA
DA FEIRA
Tel. 256 372 048
Fax. 256 372 583
[email protected]
INATEL PALACE
Termas - São Pedro do Sul
3660-692 VÁRZEA SPS
Tel. 232 720 200
Fax. 232 720 240
[email protected]
INATEL CERVEIRA
Lovelhe
4920-236 VILA NOVA DE
CERVEIRA
Tel. 251 708 360 a 62
Fax. 251 795 050
[email protected]
INATEL PORTO SANTO
Cabeço da Ponta
9400 PORTO SANTO
Tel. 291 980 300
Fax. 291 980 340
[email protected]
INATEL S. PEDRO DE MOEL
Av. do Farol, 2430-502
MARINHA GRANDE
Tel. 244 599 289
Fax. 244 599 550
[email protected]
INATEL BRAGANÇA
Estrada de Rabal,
5300-791 BRAGANÇA
Tel. 273 329 399
Fax. 273 329 409
TEATRO DA TRINDADE
R. Nova da Trindade
1200-301 LISBOA
Tel. 213 423 200
Fax. 213 432 955
[email protected]
PARQUE DE JOGOS
1º DE MAIO
Av. Rio de Janeiro
1700-330 LISBOA
Tel. 218 453 470
Fax. 218 473 193
[email protected]
INATEL PIODÃO
6285-018 Piodão
Tel. 235 730 100/1
Fax. 235 730 104
[email protected]
PARQUE DE JOGOS
DE RAMALDE
Rua Dr. Aarão de Lacerda
4100-015 PORTO
Tel. 226 184 684
Fax. 226 109 721
INATEL FORNOS
DE ALGODRES
6370-401 VILA RUIVA
ESCOLA DE PARAPENTE
Linhares da Beira
Tel. 271 776 590
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A chefe sugere | Inatel Piódão
Docinho da Estalagem
Isabel
Moura
N
as encostas verdejantes da Serra do
Açor, em que predominam as urzes,
giestas, pinheiros, castanheiros e oliveiras encontramos, em plena harmonia com o espaço envolvente, a Estalagem do
Piódão.
A sugestão deste mês é a de um doce cremoso
e de aroma intenso (fruto do café que lhe é adicionado), cuja receita foi criada na Estalagem. É
uma sobremesa reconfortante que poderá ser o
corolário perfeito de uma refeição feita com vista
para a Serra e para a magnífica aldeia do Piódão.
Mais uma vez, devido ao seu elevado valor
energético e alto teor de gordura e açúcar, recomenda-se um consumo esporádico deste tipo de
doçarias, reservando-as, preferencialmente, para
ocasiões festivas.
Prepara-se assim:
Separam-se as gemas das claras. Batem-se as
gemas com o leite condensado. Junta-se o leite,
mexe-se e leva-se ao lume a engrossar. Coloca-se
este creme num recipiente e cobre-se com bolacha Maria previamente molhada em café.
À parte, batem-se as natas com o açúcar e juntam-se as claras em castelo. Coloca-se este preparado por cima da camada de bolachas. No final,
coloca-se a refrigerar por algumas horas.
Composição nutricional por pessoa
(porção de 114 gramas):
• 6,35 g de proteínas; • 15,11 g de gordura;
• 27,87 g de hidratos de carbono; • 0,46 g
de fibra; • 270,73 kcal
Informações e reservas:
Ingredientes para 15 pessoas:
6 ovos, 1 lata (395 g) de leite condensado, 4 dl de
natas, 4 dl de leite meio gordo, 50 g de açúcar, 2
dl de café, 150 g de bolacha Maria.
INATEL Piódão
6285-018 Piódão
Tel: 235 730100/101 - Fax: 235 730104
Email: [email protected]
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O Tempo e as palavras
M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o
Das palavras à hipnose e à morfina
[…] Nos dias serenos o espaço palpita,
os sons são corpos transparentes,
os ecos são visíveis, ouvem-se os silêncios.
Manancial de presenças,
o dia flui soberbo nas suas ficções. […]
Otavio Paz, Rememoración (Segundo Tablero), in: Pasado
en Claro, 1974 .Trad. M.A.V.F.
N
ão, hoje não vou escrever sobre a CRISE.
Perdoe-me quem mo alvitrou, mas não vou
escrever sobre a CRISE. Não sobre “esta”
CRISE. Não hoje, que, carregando memórias,
sulco a transparência do dia, ausente como sonâmbula
divagando no negrume da noite, e que o vento aveludado de
Outono espalha em redor um perfume antigo de violetas
secas entre as páginas amareladas de um livro de encontros
e perdas. Datas e sua ritualização.
“O que é um ritual? – diz o Principezinho. – É uma coisa
demasiado esquecida - diz a raposa. - É o que faz com que
um dia seja diferente de todos os outros dias, que uma hora
seja diferente de todas as outras horas. Se, por exemplo,
vieres sempre às quatro horas da tarde, às três horas já
começo a estar feliz. E quanto mais a hora avançar, mais
feliz fico. Mas se vieres a qualquer hora, não sei quando
preparar o coração. Temos necessidade de rituais.”
Folheio o livro*, uma e outra vez. De tantas vezes lidas,
ao longo de anos, as palavras adquirem uma força
encantatória, quase hipnótica, e o espírito vai-se aquietando
no entardecer de fogo.
Na mitologia grega, Hypnos, deus do sono (Somnus, em
latim) era irmão de Thanatos, a Morte, e filho de Nyx, a
Noite, e de Erebo, deus das trevas infernais. Segundo a
lenda, Hipno vivia num país de eterna escuridão e eterna
neblina, numa caverna através da qual fluíam as águas do
rio Lethes, o rio do esquecimento. Eternamente reclinado
no seu leito, segundo uns, Hipno vivia rodeado pelos seus
numerosos filhos – os Sonhos, o mais importante dos quais
era Morfeu, ou, segundo outros, errava por sobre a terra,
espalhando por sobre o homem inquieto um sono
tranquilizador. Vez por outra, quando o pai dos deuses
desejava intervir na vida dos mortais, Hipno induzia neles
um sono profundo, aproveitado por Orfeu para, fazendo uso
das sua faculdade de assumir formas humanas, lhes
penetrar nos sonhos sob a forma da pessoa amada.
A apetência da fuga à dor e à dureza da realidade não é
própria apenas das sociedades modernas. De todos os
tempos são as práticas mágicas, tendo por centro a palavra,
e o consumo de substâncias analgésicas ou indutoras do
sonho. O ópio, por exemplo, já era consumido oralmente
por Sumérios, Gregos, Árabes e Egípcios, alguns milénios
antes de Cristo.
Como droga de elites, foi consumido entre nós,
confessamente, entre outros, por Fernando Pessoa e Camilo
Pessanha. Mário de Sá Carneiro interroga-se num dos seus
poemas: “Que droga foi a que me inoculei?/ Ópio de inferno
em vez de paraíso?”
Em 1806, o farmacêutico alemão Friedrich Wilhelm
Adam Sertürner (1783-1841) isolou o seu princípio activo,
a que, pelos seus efeitos, deu o nome de morphium,
morfina, em honra do deus dos sonhos.
Por seu lado, em 1843, o cirurgião escocês James Braid,
(1795-1860), em busca de um processo de indução nos
doentes de um estado de transe semelhante ao sono, um
processo de sugestão com que esperava poder viabilizar a
cura de certas doenças, chama, no seu tratado
Neuripnology, or the racionale of the nervous sleep, a essa
técnica hipnotismo (mais conhecido no século XIX por
Braidismo), de onde, mais tarde, surge o termo hipnose.
Logo, se bem que, aparentemente, os termos hipnose (ou
hipnotismo) e morfina não tenham qualquer relação, do
ponto de vista linguístico, a verdade é que ambos têm, como
raiz, o mesmo mito clássico e, como objectivo, o desejo
gorado de regresso ao paraíso.
Retomo o livro – um livro de encontros e de
sobrevivência às perdas para todas as idades: palavras
simples, com a força de um hipnótico. Eficazes e (quase)
sem contra-indicações.
Dentro de dias, os rituais de início de Novembro, rituais
de rememoração, mesmo que o desejo seja de
esquecimento. Como não creio na hipnose ou na morfina
para regressar ao paraíso, também não creio em rituais
(ainda que compreenda a sua necessidade, como explicada
pela raposa). Creio, porém, nas palavras como “manancial
de presenças”. E isso me basta, para que os dias fluam
“soberbos nas suas ficções”. I
Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho, 1943 – o livro
francês mais vendido no mundo e a terceira obra literária
mais traduzida no mundo, para 160 línguas.
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Crónica
Tempestades
Mário
Zambujal
A saraivada de granizo estoira de
surpresa. “Raio de noite”, murmura
Manuela, entre assustada e divertida
com as pérolas de gelo que
tamborilam no pára-brisas. “Ora,
quem me mandou a mim?...”. Um
impulso. Tudo programado para
viajar ao nascer do dia, mas veio-lhe
a súbita vontade de ganhar tempo.
H
á pouco tráfego na estrada serrana e
estreita que tem fama de perigosa. E,
com o temporal desabalado, a visibilidade é escassa. Resigna-se à marcha lenta e procura companhia na música do
rádio. Irrompe a voz dilacerante de Linda
Ronstadt: “Por uno amor”. Sorri. “O Filipe é louco
por esta canção”.
O Filipe. Ele vai admirar-se de a ver chegar a
meio da noite, o combinado era o regresso pela
hora de almoço. E se lhe telefonasse? Disparate, é
uma da madrugada, já dorme. A quem vai ligar é
à Noémia, mulher sonhadora e prática. Meio
terra-a-terra, meio nas nuvens. Agora anda fascinada pelo tarot e insistiu em bisbilhotar o futuro
amoroso da prima de Lisboa. “Não tarda, vai aparecer o homem da tua vida”, garantiu. “É alto,
magro e joga xadrez”.
Manuel riu com gosto. “Frio, frio, é baixote,
gorduchinho e fotógrafo. Chama-se Filipe. E tem
menos quatro anos do que eu”.
Cessou o batuque do granizo mas a chuva persiste, violenta. “A quantos vou? Quarenta! Por este
andar levo horas até encontrar a auto-estrada”.
O toque musical do telemóvel. Quem, a esta
hora? “Noémia! Eu prometo que te falo quando
chegar a Lisboa. Nervosa? Mas porquê? Vou com
todos os cuidados, tem juízo. Realmente está
uma noite medonha mas hei-de chegar inteira.
Dorme.”
Pronto, não se deve usar o telemóvel enquanto se conduz, mas a uma velocidade de caracol e
nesta solidão…”Não resisto. Acordo o Filipe, ele
deve interessar-se pela aventura da namorada,
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TempoLivre
| NOV 2008
viajando sob um dilúvio numa estradeca de montanha.”
Marca e aguarda um gemido ensonado. Nada.
Desligado. Mas é natural e há-de estar em casa,
apanha-o pela rede fixa. O quê? Errou na ligação,
de certeza, o que ouve é uma voz feminina e alegre: “Estou!”.
Vai dizer “desculpe, foi engano”, mas observa
no visor que não se enganou. Hesita, balbucia,
diz, por fim: “Suponho que liguei para casa do
Filipe Renato.”
Não pode jurar, mas pareceu-lhe notar ironia
nas palavras da mulher: “O Filipe? Quer falar
com o Filipe? Impossível, ele agora está no
duche.” E desliga.
Manuela sente a cara a escaldar como se a
tivessem esbofeteado. Procura encostar o carro à
berma sem resvalar para a valeta imprecisa. Ouve
o motor de um automóvel, longe, perto, na curva,
travões, e logo o embate terrível. Sacudida como
uma marioneta, dobra-se por instinto para a
direita, tentando evitar o impacto do volante,
mas sente-o como se lhe esmagasse o ombro
esquerdo.
Acorda numa marquesa do hospital. Divisa
silhuetas que se movimentam à sua volta. Vai
retomando a consciência mas a lembrança das
últimas palavras que ouviu também é dolorosa:
“Quer falar com o Filipe? Impossível, ele agora
está no duche”. Deixa escapar uma palavra –
“garotelho!” – e soergue-se. Encontra o sorriso
jovial de um homem de bata branca que tem boas
notícias. “Nada de grave. Não há fractura”.
Manuela respira fundo, solta um gemido mas
tem agora uma preocupação maior: “E os outros?
As pessoas do outro carro?”
“Não há mais feridos”, sossega-a o médico.
“Só há chapas amolgadas. E esse ombro, daqui a
uns dias está como novo”. Ajeita, com os dedos
abertos, o cabelo de Manuela, que sente o gesto
como uma carícia. Observa-o. Terá os seus quarenta anos, é alto e magro. Manuela sorri e pergunta:
“Desculpe, joga xadrez?”
A surpresa desenha-se no rosto do homem, ao
responder com outra pergunta:
“Como adivinhou?”. I
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