MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS – CPCE CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS VARIÁVEIS HIDROQUÍMICAS E FRAÇÕES DE FÓSFORO NA ÁGUA DE MICROBACIAS URBANAS DE BOM JESUS/PI Junival Vieira Lima Bom Jesus, PI Novembro/ 2010 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS – CPCE CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS VARIÁVEIS HIDROQUÍMICAS E FRAÇÕES DE FÓSFORO NA ÁGUA DE MICROBACIAS URBANAS DE BOM JESUS/PI Junival Vieira Lima Monografia submetida à Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. M.Sc. Francisco José de Paula Filho Bom Jesus, PI Novembro/ 2010 3 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS – CPCE CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Folha de Aprovação VARIÁVEIS HIDROQUÍMICAS E FRAÇÕES DE FÓSFORO NA ÁGUA DE MICROBACIAS URBANAS DE BOM JESUS/PI Monografia submetida à Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Aprovada em 29/11/2010 Nota: 10,0 Banca Examinadora: _____________________________________________ Prof. M.Sc Francisco José de Paula Filho _____________________________________________ Prof. Dr. Luis Ricardo Romero Arauco _____________________________________________ Prof. M.Sc. Marcio Cleto Soares de Moura 4 Ao meu irmão, Luis Vanderlei Vieira Lima (in memorian), dedico este trabalho. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus em primeiro lugar, pela oportunidade da vida; À minha mãe, Maria Idalina Vieira lima; ao meu pai, Francisco Lopes de Lima; e, a todos meus irmãos, Valdeir Vieira Lima, Valdino Vieira Lima, Mª de Jesus Vieira Lima; Francisca Maria Vieira Lima e Luciene Vieira Lima; Ao Campus Professora Cinobelina Elvas da UFPI, no qual me graduei; Ao meu orientador, Prof. M.Sc. Francisco José de Paula Filho pela ajuda durante todo período de trabalho no projeto de pesquisa; Á minha co-orientadora, Profa. Dra. Adriana Miranda de Santana Arauco; Ao apoio financeiro e material fornecido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Transferência de Materiais Continente-Oceano (INCT – TMCOcean); Aos colegas que trabalharam comigo no laboratório, Elton Marks (Técnico do Laboratório de Química Analítica), Gabriela Santana, Waltermária Helena, Biatriz Alves, Lázaro Adayrton, Salvador Maia, Alyne Trajano, Isolete Costa e Ana Claudia; À todas as minhas colegas de sala de aula, especialmente, à Marluce Lima e Jurema Rosal; À toda minha turma de 2006/01; Ao meu colega Pedro Junior, pela disponibilização do seu computador. 6 .A diferença entre um homem de sucesso e outro orientado para o fracasso é que um está aprendendo a errar, enquanto o outro está procurando aprender com os seus próprios erros. (Confúcio) 7 RESUMO O município de Bom Jesus está inserido na Bacia do rio Gurguéia, Sub-bacia da Região Hidrográfica do Parnaíba no estado do Piauí - Brasil. Sua população é de 22.611 habitantes (IBGE, 2010), com sede localizada a 632km de Teresina, capital do estado, sendo banhada por riachos perenes, tributários do rio Gurguéia. Estes riachos contribuem no transporte de materiais (e.g. nutrientes, matéria orgânica e sedimentos) para a bacia de drenagem desse rio. Alterações significativas vêm ocorrendo nas últimas décadas no uso e ocupação do solo das microbacias do Grotão e Palmeirinha, com implicações na qualidade das águas destes ecossistemas. Os principais vetores de impactos antrópicos para a microbacia do riacho Grotão são a urbanização, a erosão do solo, devido ao desmatamento, e o despejo de efluentes domésticos in natura, resultando em perda da mata ciliar, sedimentação e depleção na qualidade de suas águas. Para a microbacia do riacho Palmeirinha observa-se impactos menos incisivos e restritos à mineração, incipiente expansão urbana, agricultura de subsistência e pecuária. O presente trabalho teve como objetivo utilizar o fósforo e as variáveis hidroquímicas como indicadores da qualidade da água dos riachos urbanos de Bom Jesus. Os resultados obtidos demonstraram haver contrastes marcantes entre a qualidade das águas das duas microbacias, principalmente em relação às concentrações das diferentes frações do fósforo na água e das variáveis hidroquímicas Em decorrência disso, podemos inferir que o riacho Grotão passa por um processo de eutrofização de suas águas em virtude dos impactos relacionados aos vetores antrópicos já citados. Por outro lado o riacho Palmeirinha, apresentou concentrações de fósforo na água inferiores aos limites previstos na legislação CONAMA 357/05, evidenciado uma eficiente ciclagem do nutriente na coluna d’água. O fracionamento de Fósforo associado a medidas hidroquímicas, demonstrou ser uma importante ferramenta para o monitoramento e análise dos impactos relacionados a atividades antrópicas que atuam em microbacias que compõem a bacia do rio Gurguéia, podendo ser aplicado com segurança para fins de gerenciamento da qualidade dos recursos hídricos do semiárido brasileiro. Palavras chave: fósforo, eutrofização, nutriente, hidroquímica. 8 ABSTRACT The city of Bom Jesus is inserted in the Gurguéia River Basin, Sub-Basin of Parnaíba Hydrographic Region in the state of Piaui, Brazil. Its population is 22,611 inhabitants (IBGE, 2010), with headquarters located 632km for Teresina, capital of the state, surrounded by perennial streams, tributaries of Gurguéia. These streams contribute to transport materials (eg nutrients, organic matter and sediments) for the drainage basin of Gurguéia river. Significant changes have occurred in recent decades in the use and occupation of the watersheds of Grotão and Palmeirinha streams, with implications on water quality of these ecosystems. The main vectors of human impacts to the watershed of Grotão stream are urbanization, soil erosion, deforestation and the dumping of domestic waste in nature, resulting in loss of riparian vegetation, sedimentation and eutrophication of water. Moreover, the watershed of Palmeirinha stream has ohoin less pervasive impacts and restricted to mining, incipient urban expansion, subsistence agriculture and livestock. The present work aims at using the phosphorus and a hydrochemical variables as an indicator of water quality in urban streams of Bom Jesus. The results demonstrated a striking contrast between the quality of water from the two watersheds, especially in relation to the concentrations of different geochemical fractions of phosphorus in water hydrochemical variables. As a result, we can infer that the Grotão stream is passing through an process of eutrophication of water due to the anthropogenic impacts related to the vectors previously mentioned. Moreover, the stream Palmeirinha, showed concentrations of phosphorus in the water below the limits provided for by law CONAMA 357/05, demonstrated an efficient cycling of nutrients in the water column. The fractionation of phosphorus associated with measurements of hydrochemical and proved an important tool for monitoring and analysis of impacts related to the vectors that act on man-made river basin watersheds Gurguéia and can be safely applied for management purposes quality of water resources in semiarid areas. Key words: phosphorus, eutrophication, nutrient, hydrochemical. 9 LISTA DE FIGURAS FIGURA Página Figura 1. Localização do município de Bom Jesus/ PI............................... 15 Figura 2. “Poço da Cutia” no riacho Palmeirinha (Setembro /2010).............. 17 Figura 3. Exemplo de ambiente eutrofizado.................................................. 28 Figura 4. Ocupação e uso do solo de bacias hidrográficas e seus efeitos antrópicos sobre o estado trófico das águas.................................. Figura 5. Proximidades do ponto P1, no Riacho Palmeirinha (agosto /2010)............................................................................................. Figura 6. Localização dos pontos de amostragem para os 32 Ponto P1, mineração (retirada de areia para construção civil) (outubro/2010)................................................................................ Figura 8. 31 dois riachos............................................................................................ Figura 7. 30 33 Ponto P2, expansão urbana para as margens do riacho (outubro /2010).............................................................................................. 33 Figura 9. Ponto P3, riacho Palmeirinha (agosto /2010)................................. 33 Figura 10. Ponto G1, riacho Grotão (outubro /2010)....................................... 34 Figura 11. Foz do riacho Grotão (novembro /2010)......................................... 34 Figura 12. Momento da palestra realizada no Colégio Agrícola de Bom Jesus-PI (novembro de 2010)................................................... Figura 13. 37 Comportamento do pH para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo................................................................... 39 Figura 14. Comportamento do oxigênio dissolvido (mg.L-1), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo .............. Figura 15. Comportamento da saturação de oxigênio (%), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... Figura 16. 41 41 Comportamento da temperatura (ºC), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo.................................... 43 Figura 17. Comportamento do potencial de oxirredução (mV), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo .............. 44 10 Figura 18. Comportamento condutividade elétrica (µS), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo.................................... 45 Figura 19. Comportamento dos Sólidos Totais Dissolvidos (ppm), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... Figura 20. 46 Comportamento da Turbidez (FTU), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo.................................... 47 Figura 21. Distribuição do Fósforo Total em água (PTw), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... Figura 22. Distribuição do Fósforo Total Dissolvido (PTD), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... Figura 23. Distribuição do Fósforo Particulado (P-part.), para 49 as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... Figura 24. 48 50 Distribuição do Fósforo Inorgânico Dissolvido (PID), fosfato ou fósforo biodisponível, para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo................................................................... 51 Figura 25. Distribuição do Fósforo Orgânico Dissolvido (POD), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo............... 52 11 LISTA DE TABELAS TABELA Tabela 1. Página Limites de turbidez recomendados; CONAMA/ Resolução 357/ 05........................................................................................... Tabela 2. Valores de Oxigênio Dissolvido (mg.L-1), médias e desvio padrão para os pontos de amostragem do riacho Palmeirinha/Bom Jesus/PI.......................................................... Tabela 3. 25 42 Valores de Oxigênio Dissolvido (mg.L-1), médias e desvios padrão para os pontos de amostragem do riacho Grotão/ Bom Jesus/PI....................................................................................... Tabela 4. 42 Valores médios( ) e desvio padrão(σ) para fracionamento do fósforo total na água dos riachos Palmeirinha e Grotão, no município de Bom Jesus......................................................... Tabela 5. 50 Valores médios( ) e desvio padrão(σ) para fracionamento das formas de fósforo dissolvido na coluna d’água das microbacias dos riachos Palmeirinha e Grotão, no município de Bom Jesus. 51 12 LISTA DE SIGLAS SIGLA SIGNIFICADO IBGE............................ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística CONAMA.................... Conselho Nacional do Meio Ambiente PNRH.......................... Plano Nacional de Recursos Hídricos AGESPISA.................. Companhia de Água e Esgotos do Piauí /S.A. pH................................ Potencial hidrogeniônico NTU............................. Nephelometrica Turbidity Units (unidade nefelométrica de trubidez) ATP............................. Adenosina trifosfática PTw............................. Fósforo total em água PTD............................. Fósforo total dissolvido P–Part......................... Fósforo particulado PID.............................. Fósforo inorgânico dissolvido POD............................. Fósforo orgânico dissolvido 13 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 15 2. OBJETIVOS 19 2.1. Objetivo geral ....................................................................................... 19 2.2. Objetivos específicos ........................................................................... 19 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20 3.1. Importância das bacias hidrográficas e os impactos antrópicos causados pelo uso e ocupação ........................................................... 20 3.2. Variáveis hidroquímicas ....................................................................... 22 3.2.1. Oxigênio na água ......................................................................... 22 3.2.2. pH ................................................................................................. 23 3.2.3. Potencial oxirredução (ORP) ........................................................ 23 3.2.4. Condutividade Elétrica ................................................................. 24 3.2.5. Turbidez da água ......................................................................... 24 3.2.6. Sólidos totais dissolvidos ............................................................. 25 3.2.7. Temperatura ................................................................................. 25 3.3. Fósforo como indicador de impactos antrópicos .................................. 25 3.3.1. Fósforo ......................................................................................... 25 3.3.2. Fracionamento do fósforo na água .............................................. 26 3.4. Eutrofização .......................................................................................... 27 4. MATERIAIS E MÉTODOS 31 4.1. Área de estudo ..................................................................................... 31 4.2. Pontos de amostragem ......................................................................... 32 4.3. Método para determinação do PTw ....................................................... 35 4.4. Método para determinação do PTD ...................................................... 35 14 4.5. Método para determinação do P-Part.................................................... 36 4.6. Método para determinação do PID ....................................................... 36 4.7. Método para determinação POD .......................................................... 36 4.8. Curva de calibração .............................................................................. 37 4.9. Palestra desenvolvida no Colégio Agrícola de Bom Jesus – PI ........... 37 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 39 5.1. Medidas Hidroquímicas ........................................................................ 39 5.1.1. pH ................................................................................................. 39 5.1.2. Saturação e Concentração de Oxigênio dissolvido (OD).............. 40 5.1.3. Temperatura (ºC) .......................................................................... 43 5.1.4. Potencial oxirredução (ORP) ........................................................ 43 5.1.5. Condutividade elétrica (CE) e Sólidos Totais Dissolvidos (STD).. 45 5.1.6. Turbidez na água (NTU)................................................................ 46 5.2. Medidas para frações de fósforo .......................................................... 47 5.2.1. Fósforo Total na água (PTw) ........................................................ 47 5.2.2. Fósforo total dissolvido (PTD)....................................................... 48 5.2.3. Fósforo particulado (P-Part.)......................................................... 49 5.2.4. Fósforo inorgânico dissolvido (PID).............................................. 51 5.2.5. Fósforo orgânico dissolvido (POD)............................................... 52 6. CONCLUSÕES 53 7. REFERÊNCIAS 55 15 1. INTRODUÇÃO O município de Bom Jesus (figura 1) está localizado na macrorregião do Alto Parnaíba no estado do Piauí – Brasil, bacia do rio Gurguéia, com sede a 632Km da capital, Teresina, e está inserida na região Hidrográfica do rio Parnaíba (PNRH, 2006). Esse município compreende uma área de 5.685,57Km2, tendo como limites ao norte os municípios de Currais, Santa Luz, ao sul Gilbués, Monte Alegre e Redenção do Gurguéia, a leste Santa Luz, Guaribas, Morro Cabeça no Tempo e o estado da Bahia, e a oeste Baixa Grande do Ribeiro e Gilbués. A população atual do município é de 22.611 habitantes (IBGE,2010). Figura 1: Localização do município de Bom Jesus/ PI. Segundo AGUIAR (2004), o município possui uma altitude média de 277m acima do nível do mar e apresenta temperaturas mínimas de 18°C e máximas de 36°C com clima quente e semi-úmido. Porém, já foram registradas na sede, temperaturas acima dos 40°C. A precipitação pluviométrica média anual é de 900mm, definida no Regime Equatorial Continental, com registro anuais variando em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso estendendo-se de novembro a maio. O período mais úmido registrado corresponde aos meses de dezembro, janeiro e 16 fevereiro. Os solos da região, provenientes da alteração de arenitos, conglomerados, siltitos, folhelhos, calcário e silexito, são espessos, com influência do material subjacente, compreendendo Latossolos amarelo-avermelhados, álicos ou distróficos, textura média, associados com areias quartzosas e/ou podzólico vermelho-amarelo concrecionário, plíntico ou não plíntico A vegetação é formada predominantemente pelo ecótono cerrado-caatinga, fase cerrado tropical subcaducifólio e mata de cocais. Sua bacia hidrográfica é composta pelo Rio Gurguéia e alguns de seus afluentes, dentre eles os córregos urbanos Grotão e Palmeirinha, alvos desse trabalho. As duas microbacias cruzam o perímetro urbano da cidade de Bom Jesus, porém diferenciam-se pelo percentual de inserção urbana em cada uma delas. A microbacia do riacho Grotão com área de aproximadamente 9,0Km², tem suas principais nascentes localizadas em áreas densamente povoadas, recebendo impactos de diferentes ordens, principalmente relacionadas ao despejo de esgotos provenientes das residências localizadas nas proximidades de suas margens. Sua extensão é de cerca de 4,0Km, decaindo cerca de 8m, até finalmente desaguar no rio Gurguéia. A microbacia do riacho Palmeirinha, com área aproximada em 76,0Km² e extensão aproximada de 30,0Km, sofre menos influência da urbanização, visto que a maior parte da sua área está inserida na Zona Rural, portanto, sujeita a impactos relativos ao uso da terra para fins agropecuários. No entanto, nos últimos anos, a expansão imobiliária vem ocorrendo em direção à região oeste da cidade e alguns bairros já margeiam o riacho, em seu médio curso. Estas microbacias constituem recursos hídricos valiosos para a população local, pois são utilizadas para fins de agricultura, pecuária, lazer e pesca. Observa-se que os impactos sobre a água desses riachos podem afetar o equilíbrio natural, tendo em vista o aporte de diferentes materiais para seu leito, por exemplo o lixo e esgotos que são lançados diariamente em seu curso, principalmente no riacho Grotão. Além disso, a vegetação ciliar é alvo de desmatamento para fins de construção de moradias, em decorrência do crescimento urbano sem planejamento, que foi de 40% nos últimos dez anos (IBGE, 2010). Há também a utilização das microbacias para introdução de pequenas lavouras e produção de pastagens destinadas à alimentação de animais, principalmente bovinos. 17 Historicamente o riacho Grotão já foi utilizado como fonte de água para consumo humano, animal e fins recreativos, sendo que até a década de 70 era a principal fonte de água para abastecimento público da cidade. Porém com a implantação do sistema de abastecimento de água pela Companhia de Água e Esgotos do Estado – AGESPISA, que construiu as primeiras caixas d’água para abastecimento público, o riacho ficou relegado a um segundo plano. O riacho Palmeirinha, atualmente, tem suas águas utilizadas para a irrigação de pequenas lavouras, para dessedentação animal e para o lazer. A figura 2, mostra o “Poço da Cutia” nas proximidades do ponto P2, local bastante utilizado pela população local para fins recreativos. Figura 2 - “Poço da Cutia” no riacho Palmeirinha (setembro /2010) Não há registro de pesquisas anteriores que estejam relacionadas aos dois riachos e suas microbacias e que tenham por objetivo indicar a condição de qualidade de suas águas, tendo por base a determinação da concentração de nutrientes e variáveis hidroquímicas. É, portanto, de fundamental importância trazer à tona informações a respeito da condição ambiental das águas desses riachos. Apesar de os córregos estarem aparentemente “ameaçados” por uma série de atividades antropogênicas, observa-se que a maioria da população local não 18 pratica hábitos que visem à preservação das fontes aquáticas presentes na região, por desconhecimento ou omissão. Podemos registrar diferentes tipos de agressões praticadas a esses córregos, como o desaparecimento da mata ciliar, instalação de lixão e lançamento de esgotos em seus leitos. A falta de políticas públicas que visem à preservação destes mananciais, associada aos costumes culturais da população local, contribui para a crescente depreciação destes importantes recursos naturais. Nota-se a ausência de iniciativa do poder público municipal, através de ações que promovam a conscientização da sociedade local no sentido de preservar o estado natural da água desses córregos. 2. OBJETIVOS 19 2.1. Objetivo geral Determinar as concentrações de Fósforo e as variáveis hidroquímicas da água dos riachos urbanos Grotão e Palmeirinha, apontando os principais vetores de impactos antrópicos que se processam em suas microbacias. 2.2. Objetivos específicos 1. Determinar as variáveis hidroquímicas (pH, Temperatura, Turbidez, Oxigênio Dissolvido, Condutividade Elétrica, Potencial Redox e Sólidos Totais Dissolvidos) dos riachos Palmeirinha e Grotão; 2. Analisar quantitativamente as formas de fósforo na água dos riachos urbanos, Grotão e Palmeirinha, da cidade de Bom Jesus – PI; 3. Correlacionar os indicadores geoquímicos, alvo desta pesquisa, com as diferentes atividades antrópicas que se processam nas microbacias urbanas da cidade de Bom Jesus; 4. Verificar a ocorrência ou não de eutrofização correspondente aos períodos analisados; 5. Divulgar os resultados gerados neste estudo em uma escola pública do município de Bom Jesus, contribuindo para despertar a consciência da comunidade estudantil sobre a importância da conservação e preservação dos recursos hídricos do Vale do Gurguéia. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20 3.1. Importância das bacias hidrográficas e os impactos antrópicos causados pelo seu uso e ocupação Segundo TEIXEIRA (2004), bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso d’água ou sistema conectado de cursos d’água, representando o somatório das vazões. Rios e aquíferos rasos são geralmente conectados, sendo que alguns rios perdem água para os seus aquíferos adjacentes enquanto outros ganham água do lençol freático (CARDENAS, 2008). O crescimento demográfico e o desenvolvimento socioeconômico são freqüentemente acompanhados de aumentos na demanda por água, cuja quantidade e qualidade são de fundamental importância para a saúde e desenvolvimento humano (BUENO et al., 2005). As águas superficiais doces são utilizadas em todo o mundo, com distintas finalidades, entre as quais se destacam: abastecimento, geração de energia, irrigação, navegação, aqüicultura, paisagismo e servem também como habitat para a vida vegetal e animal (BAIRD, 2002). No Brasil, bem como na maioria dos países em desenvolvimento, a maior parte do esgoto bruto (tanto doméstico, industrial quanto o proveniente de efluentes de sistema de cultivo) é lançada sem tratamento prévio nos cursos d’água. Esses aportes de matéria orgânica e poluentes têm sido relatados como principais responsáveis pela eutrofização de grande variedade de ambientes aquáticos, gerando preocupação crescente com o alto grau de poluição em que se encontram hoje nos rios e ambientes de água doce (TUNDISI, 2003). A qualidade da água é reflexo do efeito combinado de muitos processos que ocorrem ao longo dos cursos d’água (PETERS & MEYBECK, 2000). Os ecossistemas aquáticos sofrem diversos problemas ambientais atribuídos ao excesso dos nutrientes introduzidos nas bacias e microbacias de drenagem, tais como: o crescimento intenso de algas planctônicas e bentônicas, as alterações na estrutura da comunidade e a degradação das funções do ecossistema (BRICKER et al., 1999). Estes problemas são causados por uma complexa cadeia de eventos, que varia temporal e espacialmente, podendo ser atribuída a um vetor fundamental, a acumulação de Fósforo e Nitrogênio nas águas fluviais, em seu caminho natural para os oceanos (TAPPIN, 2002). 21 O aumento de nutrientes em um rio propicia um aumento acelerado de bactérias decompositoras que consomem oxigênio, contribuindo ainda para diminuir a concentração do mesmo na água. Esse processo influencia a produção de sulfeto de hidrogênio, um gás de cheiro muito forte que, em grandes quantidades, é tóxico. Isso também afetaria as formas superiores de vida animal e vegetal, que utilizam o oxigênio na respiração. Neste sentido, diversos estudos têm correlacionado diretamente a carga de nutrientes, particularmente a de fósforo e nitrogênio, com o avanço dos processos de eutrofização (ESTEVES, 1998). Segundo ESTEVES (1998), a eutrofização artificial das águas continentais está relacionada ao crescimento populacional, industrial e de setores agropecuários que, devido ao aumento de efluentes domésticos e industriais e da lixiviação do excesso de compostos proveniente de fertilizantes, causam o aumento da carga de nutrientes em corpos aquáticos, o que provoca impactos às fontes hídricas, aumentando a produção primária do ecossistema e, posteriormente, gerando modificações significativas na etapa de sedimentação, na dinâmica de oxigênio, nas comunidades e na redução da qualidade da água. Em decorrência do aumento exagerado de nutrientes orgânicos e inorgânicos e do número microrganismos patogênicos e do aparecimento de gases tóxicos e fétidos, a água do ambiente em questão torna-se quase inútil. O estado final da eutrofização só é reversível após muitos investimentos financeiros, algo que não se obtém facilmente, dificultando o trabalho de manutenção do ecossistema para que tal não se torne inutilizável pelo homem ou, até mesmo pelos outros animais (ESTEVES, 1998). O monitoramento de fontes de água através de variáveis hidroquímicas, permite inferir sobre possíveis fontes poluentes que podem prejudicar ao homem ou ao meio ambiente, através da contaminação da água e do solo. Segundo BAIRD (2002), o excesso de íon fosfato em águas naturais pode ter um efeito devastador na ecologia aquática, pois sua alta concentração em meio aquático causa a rápida proliferação de plantas aquáticas. 3.2. Variáveis hidroquímicas 22 As variáveis hidroquímicas estudadas durante este trabalho foram: pH, Temperatura, Turbidez, Oxigênio Dissolvido, Condutividade Elétrica, Potencial Redox e Sólidos Totais Dissolvidos. Abaixo, segue uma descrição a respeito da importância e algumas ações de cada uma em ambientes naturais, além dos métodos usados para detecção e quantificação dessas variáveis. 3.2.1. Oxigênio na água O agente oxidante mais importante em águas naturais é o oxigênio molecular dissolvido, (BAIRD, 2002). Segundo Esteves (1998), o oxigênio (O2) é um dos mais importantes gases dissolvidos na água para caracterização dos ecossistemas aquáticos. Sua importância se deve ao fato de que a maioria dos organismos vivos consome o O2 dissolvido na água e depende dele para sobreviver. A solubilidade desse gás em meio aquático depende de fatores como aeração, temperatura e pressão. Suas principais fontes de origem são: gás atmosférico e fotossíntese. Por outro lado, seu consumo ocorre pela decomposição de matéria orgânica, oxidação de íons metálicos, perda para a atmosfera e respiração de organismos aquáticos. A solubilidade de oxigênio aumenta com baixas temperaturas, a tal ponto em que, no inverno, em regiões frias, concentrações de 20 ppm podem ser encontradas em águas naturais cujos pontos de saturação, no verão, não ultrapassam 5 ppm. Com base em estudos realizados em lagos brasileiros, pode-se apontar a matéria orgânica como um dos principais fatores limitantes para a concentração de oxigênio na água (ESTEVES, 1998). Deste modo, quando um determinado rio ou lago recebe grande quantidade de matéria orgânica, há um consumo elevado de oxigênio pelos organismos decompositores que necessitam de oxigênio para decompor a matéria orgânica, com isso, quanto maior o aporte de matéria orgânica em um rio ou lago, maior será o consumo de oxigênio, isso levará a um empobrecimento ou depleção de oxigênio nesse corpo d’água. Assim, a determinação do oxigênio dissolvido é de fundamental importância para avaliar as condições naturais da água e detectar impactos ambientais como eutrofização e poluição orgânica (DEBERDT, 2010). 3.2.2. pH 23 Em corpos d’água continentais, os valores de pH variam muito de um ambiente para outro, pois rios ou lagos que recebem grande quantidade de matéria orgânica geralmente apresentam-se ácidos, já os que possuem carbonatos ou bicarbonatos dissolvidos em suas águas são ligeiramente alcalinos. Naturalmente, nesses casos, o pH reflete o tipo de solo pelo qual a água percorre, ou seja, em regiões de solos ácidos, os corpos d’água geralmente têm pH abaixo de 7, para ambientes aquáticos presentes em locais que tenham, por exemplo, boa quantidade de carbonato de cálcio em sua composição, apresentam-se alcalinos ou ligeiramente alcalinos, no entanto, as comunidades aquáticas podem interferir no valor de pH. Geralmente, um pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença de despejos industriais em corpos aquáticos(ESTEVES, 1998). 3.2.3. Potencial oxirredução (ORP) Potencial redox é uma expressão usada para determinar o grau de processos químicos em que ocorrem reações de redução-oxidação, ou seja, uma molécula (ou átomo) é reduzida enquanto outra é oxidada. Potencial redox é uma variável da intensidade de uma reação global do potencial de oxi-redução no sistema e não à capacidade do sistema para a oxidação ou reações específicas de redução (VANCE, 1996). De uma maneira geral, o potencial redox tem grande influência na química e bioquímica da água, pois várias funções dos organismos vivos aquáticos (como respiração) dependem do grau de oxi-redução da água. Se há um alto conteúdo de oxigênio (O2), os valores redox são altos, enquanto que em caso de concentração baixa de O2, ou em sua ausência, processos redutivos são dominantes, como, por exemplo, a respiração anaeróbica de bactérias. Durante esses processos há a produção de uma pequena carga elétrica que é produzida pela transferência de elétrons entre vários átomos e moléculas na água. Essa carga elétrica é medida em mili-Volts e serve para determinar o valor de potencial redox na água. A contaminação de águas continentais usualmente age de maneira redutiva, e água poluída sempre tem medidas de potencial redox bem inferiores à de água não poluída (MIOZZO, 2008). 3.2.4. Condutividade Elétrica 24 A condutividade elétrica de uma solução é a capacidade desta em conduzir corrente elétrica. Como sabemos, em uma solução qualquer, quanto maior for a concentração de íons presentes, maior será sua condutividade elétrica, ou seja, em águas puras a condutividade elétrica apresenta valores geralmente muito baixos (ESTEVES, 1998). A condutividade elétrica da água pode fornecer dados importantes sobre o metabolismo do ecossistema aquático, dentre eles podemos citar: informações sobre a magnitude da concentração iônica; variações diárias da condutividade elétrica de um corpo d’água, que fornece dados importantes sobre sua produção primária e decomposição; detecção de fontes poluidoras; diferenças geoquímicas em afluentes de um rio ou de um lago. Os valores de condutividade elétrica são expressos em “Siemens” (S/cm²). Em condições normais, a condutividade elétrica da água é expressa em µS/cm² (ESTEVES, 1998). 3.2.5. Turbidez da água A turbidez da água é a medida de sua capacidade em dispersar a radiação. Em outras palavras, turbidez é a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água, conferindo uma aparência turva à mesma. A medida de turbidez é determinada é expressa NTU (“Nephelometrica Turbidity Units”) (ESTEVES, 1998). Quanto maior o espalhamento do feixe, maior será a turbidez. O instrumento utilizado para este fim é conhecido como Turbidímetro ou Nefelômetro. As principais causas da turbidez da água são: presença de matérias sólidas em suspensão (silte, argila, sílica, colóides), fitoplânctons, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, organismos microscópicos e algas. A turbidez reduz a penetração de luz solar na coluna d’água e, assim, acaba prejudicando a fotossíntese das algas e plantas aquáticas submersas, além disso, pode recobrir os ovos dos peixes e os invertebrados bênticos. A tabela 1, abaixo, mostra os valores de turbidez recomendados pelo CONAMA para diferentes classes de água. Tabela. 1: limites de turbidez recomendados; CONAMA/ Resolução 357/ 05 25 Limites de Turbidez Recomendados CLASSE NTU Água classe I < 40 Água classe II < 100 Água classe III < 100 3.2.6. Sólidos totais dissolvidos Sólidos dissolvidos se referem à soma de todos os constituintes dissolvidos em um corpo d’água. Os principais componentes de sólidos dissolvidos encontrados na água são os íons de cálcio, magnésio, sódio, potássio, bicarbonato, sulfato e cloreto. A importância do estudo desses componentes em riachos está relacionada, principalmente, ao poder de limitação que grandes concentrações de sólidos dissolvidos podem impor à água tanto para uso doméstico, industrial e de irrigação como na sua importância ecológica (SMITH et al, 1991). 3.2.7. Temperatura A temperatura exerce influência nas atividades biológicas de organismos aquáticos e em processos químicos da água. O teor de oxigênio dissolvido na água, além de outros fatores, depende da temperatura, ou seja, em águas mais frias a solubilidade de oxigênio é maior que em águas mais quentes. Em lagos tropicais, a alta temperatura causa o aumento do metabolismo dos organismos aquáticos e, conseqüentemente, a alteração de outros fatores. (ESTEVES, 1998). 3.3. Fósforo como indicador de impactos antrópicos 3.3.1. Fósforo O Fósforo (P) é o principal fator limitante da produtividade primária em águas continentais. É considerado um nutriente essencial ao metabolismo dos seres vivos por ser responsável pelo armazenamento de energia (ATP) e estruturação da membrana plasmática (fosfolipídios) e são essenciais na formação dos ossos. Na maioria das águas continentais, esse elemento é responsável pela limitação da 26 produtividade primária e é sempre encontrado na forma de fosfatos (ESTEVES 1998). 3.3.2. Fracionamento geoquímico do Fósforo na água Muitas são as classificações das formas de P encontrados em corpos d’água, no entanto, a maioria dos pesquisadores utiliza uma classificação mais resumida, descrita abaixo. 1. Fósforo total na água (PTw) – soma de todas as formas de fosfatos encontradas na água; 2. Fósforo total dissolvido (PTD); 3. Fósforo particulado (P-Part.); 4. Fosfato inorgânico dissolvido ou ortofosfato (PID); 5. Fósforo orgânico dissolvido (POD). Outros autores classificam os fosfatos de maneira mais simplificada, dividindo apenas em fosfato orgânico e inorgânico. O fosfato orgânico é a forma de fosfato que está vinculada ao tecido animal ou vegetal (fosfatos ligados organicamente), é formado, principalmente, por processos biológicos. Isso implica dizer que dejetos de animais, esgotos domésticos e restos de alimentos contribuem para o acúmulo de P orgânico no meio aquático. Também pode ser formado a partir de ortofosfato (devido aos processos biológicos), ou como resultado da quebra de pesticidas orgânicos que contém compostos fosfatados. O fosfato inorgânico é o tipo mais assimilado por microrganismos. Essa forma não está associada com matéria orgânica e inclui os ortofosfatos (ou fosfato reativo), tipo mais estável de fosfato, esta é a forma utilizada pelas plantas e os polifosfatos, também conhecidos como metafosfatos ou fosfatos condensados (MURPHY, 2007). Segundo ESTEVES (1998), o fosfato presente na água tem origem natural e artificial. Dentre as fontes naturais, as principais são as rochas da bacia de drenagem, onde a quantidade de P provenientes dessas fontes depende diretamente do conteúdo de fosfato presente nos minerais primários das rochas. Além disso, existe o fósforo particulado presente na atmosfera e o fosfato resultante da decomposição de organismos de origem alóctone. 27 De acordo com as características dos solos da região (latossolos álicos ou distróficos), que forma descritas por AGUIAR (2004), podemos inferir que um corpo aquático da região, em seu estado natural, deve apresentar baixas concentrações de fósforo. As fontes artificiais de fosfatos são os esgotos domésticos e industriais, material particulado de origem industrial presente na atmosfera e efluentes agrícolas. A atividade agrícola compreende uma importante fonte de fósforo, principalmente, a partir da década de 40 com a introdução de fertilizantes superfosfatos para incrementar a produção. (PAULA FILHO, 2004). Em nosso estudo, determinamos as concentrações das frações do Fósforo buscando relacioná-las às condições tróficas dos sistemas, em associação às informações hidroquímicas das águas das microbacias. 3.4. Eutrofização Eutrofização é o enriquecimento de águas superficiais como rios, lagos, barragens, represas, dentre outros, por alta concentração de nutrientes, especialmente, compostos nitrogenados e fosfatados. É possível reconhecer, na maioria das vezes, um corpo d’água eutrofizado, quando este apresenta uma quantidade excessiva de plantas aquáticas, como algas e outros tipos de plantas, em sua superfície. A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, em níveis tais que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água (THOMANN e MUELLER ,1987 apud VON SPERLING, 1996). O crescimento excessivo de plantas aquáticas acontece devido à grande concentração de nutrientes, especialmente o fósforo, que se encontra biodisponível em um determinado corpo d’água. Quando essas algas morrem, são decompostas por microrganismos que, para isso utilizam o oxigênio disponível. Com isso, as concentrações de oxigênio dissolvido podem cair muito, dificultando o processo respiratório de peixes e outros organismos aquáticos, levando-os à mortandade (MURPHY, 2007). Na sequência, inicia-se outro processo de decomposição que consumirá ainda mais oxigênio e, consequentemente, a eutrofização se torna mais acelerada. A 28 perda de oxigênio nas águas mais profundas pode liberar Fósforo previamente preso nos sedimentos, aumentando ainda mais o Fósforo disponível (MUELLER et al., 1995). A figura 3 é exemplo de um ambiente eutrofizado. Figura 3: Exemplo de ambiente eutrofizado (geoemundos.blogspot.com/2007/05/eutrofizao.html) O processo de eutrofização pode ocorrer tanto de forma natural como artificial. Na forma natural, os nutrientes são, em sua maioria, provenientes de plantas e animais que, ao morrerem, são decompostos e, assim, liberam grande quantidade de nutrientes que são levados a corpos d’água pela água da chuva, vento, etc. Porém, existem outras fontes naturais de nutrientes como rochas da bacia de drenagem, o próprio solo e material particulado presente na atmosfera. A eutrofização artificial das águas continentais está relacionada ao aumento da população, industrialização, ao uso de fertilizantes químicos na agricultura e à fabricação de produtos de limpeza contendo compostos polifosfatados. Provoca vários impactos a fontes aquáticas, pois causa o aumento na produção primária do ecossistema e, posteriormente, a ocorrência de modificações significativas nas comunidades aquáticas, além da redução na qualidade da água para fins econômicos e de lazer. Nessas condições, o corpo d’água tem seu valor fortemente reduzido, em decorrência do aumento do número de bactérias patogênicas e da concentração de gazes tóxicos e fétidos, tais como, como o gás sulfídrico e o metano (ESTEVES, 1998). 29 De forma a se poder caracterizar o estágio de eutrofização em que se encontra um corpo d’água, possibilitando a tomada de medidas preventivas e /ou corretivas, é interessante a adoção de um sistema classificatório. A figura 4, exemplifica a evolução do processo de eutrofização em bacias de drenagem sob diferentes usos. Comumente, têm-se os seguintes níveis de trofia (VON SPERLING, 1996): oligotrófico (ambientes com baixa produtividade); mesotrófico (ambientes com produtividade intermediária); eutrófico (ambientes com elevada produtividade, comparada ao nível natural básico). Baseado em VON SPERLING (1996), no ambiente natural, existe uma pequena quantidade de Fósforo presente no sistema que é originada naturalmente de rochas ou plantas mortas, como já foi citado, quando esse sistema é modificado para o uso da agricultura, há um aumento da carga de nutrientes, principalmente do Fósforo e Nitrogênio, devido à introdução de fertilizantes, que possuem esses elementos em sua composição, no solo. A partir daí, começam a aumentar as concentrações de algas e o assoreamento no leito do corpo aquático devido ao desaparecimento das florestas ribeirinhas. Quando o ambiente é urbanizado, as matas ciliares desaparecem, na maioria dos casos, completamente. Com isso, o assoreamento e o aumento da concentração de algas e macrófitas se torna mais acelerado. 30 Figura 4: Ocupação e uso do solo de bacias hidrográficas e seus efeitos antrópicos sobre o estado trófico das águas. 31 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Área de estudo A área de estudo está compreendida na sede do município de Bom Jesus – PI, no Vale do Rio Gurguéia. Seu território apresenta uma vegetação de transição Cerrado-Caatinga, sendo assim caracterizada pela presença de arbustos espaçosos, de troncos e galhos retorcidos e casca grossa, com solo recoberto por gramíneas (em épocas chuvosas) e outras plantas rasteiras, além da vegetação arbustiva, que perde as folhas no período de seca. O solo apresenta-se desde muito grosseiro a muito argiloso. Na região das nascentes, próximas às serras, o solo é geralmente de cor avermelhada, constituído de arenitos grosseiros a médios, às vezes, nota-se a presença de conglomerados de rochas e pedras amarronzadas ou escuras às margens dos córregos presentes na região. Nas proximidades do Rio Gurguéia, o solo apresenta-se geralmente argiloso, raramente concentrando formações arenosas. Isso ocorre devido ao influente depósito de sedimentos argilosos provocado pelas águas do rio Gurguéia, em épocas de cheias que acontecem nos períodos de chuva. Na foto figura 5, podemos perceber alguns detalhes do solo e da vegetação local. Figura 5: Proximidades do ponto P1, no riacho Palmeirinha (agosto /2010). 32 4.2. Pontos de amostragem A figura 6 representa o mapa de localização da cidade de Bom Jesus enfocando os riachos assim como os cincos pontos de amostragem. Fig. 6: Mapa de localização dos pontos de amostragem para os dois riachos. Em verde os pontos G1 e G2 do riacho Grotão e em Rosa os pontos P1, P2 e P3 do riacho Palmeirinha. O trabalho foi desenvolvido no período entre Maio e Novembro de 2010, com exceção do mês de julho, nos córregos Palmeirinha e Grotão. As amostragens foram realizadas mensalmente nos pontos descritos no mapa de localização (figura 6). Para o riacho Palmeirinha, foram selecionados três pontos: P1 (figura 7) (próximo à região da nascente do riacho; coordenadas: 23L 0568530/UTM 8999702), P2 (figura 8) (coordenadas: 23L 0570738/UTM 8999276) e P3 (figura 9) (próximo à foz; coordenadas: 23L 0572347/UTM 8997782). Nos pontos P1, P2 e P3, do Palmeirinha observam-se atividades antrópicas que envolvem a retirada de areia 33 para uso em construção civil (figura 7); pequenas plantações de milho, arroz, e outros; pastagem para criação de bovinos e caprinos; urbanização (figura 8). No riacho Grotão, as amostragens foram feitas em dois pontos: G1 (figura 10) (nascente: coordenadas: 23L 0569823/UTM 8997084) e G2 (figura 11) (coordenadas: 23L 0571550/UTM 8996606). Os dois pontos situam-se em uma área urbana da bacia, com forte influência antrópica. Figura 7: Ponto P1, retirada de areia para construção civil, (outubro/2010). Figura 8: Ponto P2, expansão urbana para as margens do riacho (outubro/2010). Figura 9: Ponto P3, cerca de contenção para o gado(agosto /2010). 34 Nos pontos G1 e G 2 do riacho Grotão, a vegetação natural quase não existe mais, apenas alguns fragmentos são observados no local. Isso é mais acentuado nesse córrego visto que a maior parte de seu curso passa por dentro da cidade. Além disso, principalmente próximo ao ponto G2, observa-se a formação de pastagens para criação de bovinos e equinos. Figura 10: Ponto G1, riacho Grotão (outubro/2010). Figura 11: Foz do riacho Grotão após primeiras chuvas no final do mês de outubro (novembro /2010) No local das amostragens foram determinados os seguintes parâmetros hidroquímicos: pH, turbidez (NTU), temperatura (°C), potencial redox (mV), oxigênio 35 dissolvido (mg/L), saturação do oxigênio (%), condutividade elétrica (µS) e sólidos totais dissolvidos (ppm). Os equipamentos utilizados para essas análises foram: Sonda multiparamétrica, turbidímetro, pHmetro e oxímetro. As amostras de água foram coletadas, manualmente (com uso de luvas para evitar contaminação), em garrafas de polietileno, e, armazenadas com gelo até serem transportadas ao laboratório. Neste, foram determinadas três diferentes formas de fosfatos encontrados na água: fosfato total dissolvido (PTD) e fosfato inorgânico (PI), segundo a metodologia descrita por Strickland & Parsons (1960), fosfato total (PTw), segundo Valderrama (1981). As formas de fosfato particulado (P– Part) e fosfato orgânico dissolvido (POD) foram determinadas indiretamente através de cálculos realizados a partir dos resultados obtidos para PTw, PTD e PID. 4.3. Método para determinação do PT w, segundo Valderrama (1981) O PTw foi determinado medindo-se alíquotas de 30,0mL de cada amostra, sem filtrar, e colocados em erlenmeyer de 75,0mL (com duplicatas), depois foram acrescentados 4,0mL de reagente de oxidação, fechados com papel alumínio e autoclavados durante 30 minutos com temperatura de 120°C e pressão de 1atm. Após o resfriamento das amostras, foram acrescentados 1,0mL de ácido ascórbico e 1,0mL de reagente MIX (solução de àcido sulfúrico + molibdato de amônio + tartarato de antimônio e potássio + água deionizada). Após 15 minutos fez se a leitura em espectrofotômetro com comprimentos de ondas de 882nm utilizando cubeta de 1cm e os valores foram dados em A (absorbância). Para cada bateria de amostras, foi realizada uma prova em branco (Br) com água destilada, sendo, portanto, subtraído dos resultados obtidos nas outras amostras. 4.4. Método para determinação do PTD, segundo Strickland & Parsons (1960) Para análise do PTD, foram medidas alíquotas de 30,0mL de cada amostra e colocados em erlenmeyer de 75,0mL (com duplicatas), acrescentou-se 3,0mL de solução de persulfato de potássio (K2S2O8) saturada. Após esse processo, as amostras foram fechadas com papel alumínio e autoclavadas durante uma hora com temperatura de 120°C e pressão de 1atm. Após o resfriamento das amostras, foram 36 acrescentados 1 mL de ácido ascórbico e 1 mL de reagente MIX. A leitura foi feita utilizando o mesmo procedimento usado para o PTw. 4.5. Método para determinação do Fósforo particulado (P-part) A fração de fosfato particulado foi determinada indiretamentede subtraindo-se os valores de PTw pelos de PTD, de acordo com o cálculo descrito na página seguinte: P-Part. = PTw – PTD 4.6. Método para determinação do Fósforo Inorgânico Dissolvido (PID), segundo Strickland & Parsons (1960) O teor de PID presente nas amostras foi sempre a primeira forma de fosfato a ser analisada, visto que, essa forma de fosfato, é a principal a ser absorvida por microrganismos que estejam presentes na água (ESTEVES 1998), o que pode interferir nos resultados. Para essa análise, foram medidos, em proveta, 30,0mL de cada amostra filtrada (com duplicatas) e colocados em erlenmeyer de 75,0mL. Logo depois foi adicionado 1,0mL de ácido ascórbico (previamente preparado) e 1,0mL de reagente MIX. Após 15 minutos, fez-se a leitura da absorbância utilizando o mesmo procedimento usado para o PTw. 4.7. Método para determinação do Fósforo Orgânico Dissolvido (POD) O POD foi determinado indiretamente obedecendo ao cauculo descrito abaixo: POD = PTD – PID 37 4.8. Curva de calibração Para cada análise das amostras, foi preparada uma bateria de padrões com as concentrações de 0 (prova em branco) até 5µM de Fósforo. Essas concentrações foram obtidas diluindo-se a solução estoque de Fósforo até atingir os valores desejados. No caso de amostras com concentrações elevadas de fósforo, foi necessário aumentar a amplitude das concentrações de Fósforo nos padrões. 4.9. Palestra desenvolvida no Colégio Agrícola de Bom Jesus – PI A palestra foi realizada em novembro de 2010, no Colégio Agrícola de Bom Jesus, para alunos do primeiro ano do Ensino Médio (figura 12). O objetivo dessa palestra foi o de começar um processo de conscientização nos estudantes do ensino médio sobre a importância dos ambientes aquáticos, com ênfase nas microbacias urbanas da cidade de Bom Jesus (PI). Figura 12: Momento da palestra realizada no Colégio Agrícola de Bom Jesus-PI (novembro de 2010). Durante a palestra foram apresentadas fotos ilustrativas mostrando o avanço da urbanização sobre os riachos Palmeirinha e Grotão e as modificações que vêm ocorrendo em suas margens no decorrer dos anos. Além disso, foram divulgados os resultados obtidos durante a pesquisa, relacionando-os com fatores antrópicos atuais. Foi discorrido sobre a condição ambiental que se encontram esses riachos atualmente. 38 Por fim, relatou-se sobre a importância do desenvolvimento de trabalhos que visem a preservação dos dois córregos, Palmeirinha e Grotão, e da inclusão da classe estudantil em projetos relacionados à manutenção e à conservação de ambientes aquáticos. 39 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Medidas Hidroquímicas Os gráficos a seguir representam a síntese dos resultados para as variáveis hidroquímicas verificadas durante os meses de estudo, envolvendo o período de seca (maio a setembro) e o período de chuvas (novembro). 5.1.1. pH O pH para todos os pontos de amostragem nos diferentes meses de coleta (figura 13), permanecem dentro do limite legal (6,0 a 9,0) (CONAMA 357) e os valores médios variaram de 7,3 ± 0,4 a 8,1 ± 0,7 (Riacho Palmeirinha) e de 6,9 ± 0,1 a 7,2 ± 0,4 (Riacho Grotão). (a) (b) Figura 13: Comportamento do pH para as microbacias avaliadas ao longo dos seis meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. As duas microbacias possuem solo com características ácidas, de acordo com o mapa de solos da EMBRAPA (1986), os solos predominantes na região são os Latossolos Vermelho-Amarelos, o que pode resultar em águas com tendência à acidez, principalmente, nas nascentes. Esta premissa é comprovada para os pontos P1 e G1, que correspondem aos pontos mais próximos às nascentes dos riachos. Os resultados corroboram com os encontrados por BOTTIN (2007), para a microbacia hidrográfica do Lajeado Passo dos Índios, Município de Chapecó, Santa Catarina, no qual verificou-se tendência à acidez, principalmente, nas nascentes. A área de estudo abrangia predominantemente o perímetro urbano da Cidade e seus 40 tributários, cujos solos têm características ácidas, verificando-se que cinco das seis nascentes avaliadas apresentaram pH ligeiramente ácido nos meses de maior pluviosidade. Para a nascente do riacho Grotão (G1), observamos que os valores de pH mativeram-se ligeiramente ácidos (pH< 7,0) durante todo o período de estudo, mesmo em períodos de estiagem. Considerando os períodos relativos às amostragens, podemos diferenciar o mês de maio como o correspondente ao final do período chuvoso na região e o mês de novembro como o início do período de chuvas, como aqueles em que os valores de pH são em média menores (maior acidez). Enquanto que o período compreendido entre os meses de junho e outubro representam o período de estiagem, com ausência de precipitações pluviométricas e manutenção da vazão pelo fluxo natural de águas originais do aquífero. Observamos maior capacidade tamponante em sistemas aquáticos com maior preservação natural, daí encontrarmos valores médios de pH superiores a 7,3 no riacho Palmeirinha, o mesmo não ocorrendo com o riacho Grotão, que apresentou menor capacidade tamponante durante todo o período de estudo, com valores de pH em geral inferiores a 7,0. Apesar das propriedades dos solos de ambas as microbacias assemelharemse, deve-se considerar que os vetores antrópicos urbanização, desmatamento e agropecuária e as propriedades de tamponamento das águas naturais influenciam fortemente a hidroquímica de ecossistemas aquáticos permitindo diferenciá-los. 5.1.2. Saturação (%) e Concentração de Oxigênio Dissolvido (mg.L-1) A solubilidade do oxigênio depende da temperatura, turbulência das águas e pressão atmosférica. A elevação da temperatura das águas, os baixos fluxos fluviais, o excesso de matéria orgânica e a diminuição da pressão resultam em déficits na relação produção/consumo e na redução da solubilidade e saturação do oxigênio nos ecossistemas aquáticos. Os dados para a saturação de oxigênio (%) e do oxigênio dissolvido (mg.L-1) permitiram novamente diferenciar os contrastes na qualidade das duas microbacias estudadas e relacioná-los ao uso e ocupação do solo (Figuras 14 e 15). 41 (a) (b) Figura 14: Comportamento do oxigênio dissolvido (mg.L-1), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. Saturação de oxigênio é a quantidade máxima de oxigênio (%) que pode ser dissolvida na água em determinada temperatura e pressão (ESTEVES, 1998), e os seus valores nos córregos acompanharam as tendências verificadas para o Oxigênio dissolvido em mg.L-1. (a) (b) Figura 15: Comportamento da saturação de oxigênio (%), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. As águas do Riacho Palmeirinha apresentaram-se, em médias, condições óxidas superiores às exigidas pela legislação CONAMA, 357/05, que é de 5,0 mg.L-1 (Tabela 2). 42 Tabela 2: Valores de Oxigênio Dissolvido (mg.L-1), médias e desvios padrão para os pontos de amostragem do riacho Palmeirinha/Bom Jesus/PI. Pontos P1 P2 P3 média(σ) maio 4,9 6,7 5,8 5,8(0,9) jun 6,8 6,9 7,1 6,9(0,2) ago 5,5 9,7 8,1 7,7(2,1) set 2,6 3,8 4,1 3,5(0,8) out 4,5 6,1 8,5 6,4(2,0) nov 2,2 8,0 7,1 5,8(3,1) Para o riacho Grotão (Tabela 3), foi verificado comportamento contrário ao do riacho Palmeirinha, com valores médios abaixo do limite mínimo de 5,0 mg.L-1 (CONAMA, 357/05) para todos os pontos, atingindo a condição de anoxia em quatro dos seis eventos de amostragem (Figura 14b e 15b). Tabela 3: Valores de Oxigênio Dissolvido (mg.L-1), médias e desvios padrão para os pontos de amostragem do riacho Grotão/Bom Jesus/PI. Pontos G1 G2 média(σ) maio 5,0 2,4 3,7(1,8) jun 3,2 0,0 1,6(2,3) ago 3,9 0,0 2,0(2,8) set 4,1 1,3 2,7(2,0) out 3,4 0,0 1,7(2,4) nov 0,0 0,0 0,0(0,0) Atribui-se esta condição, ao forte aporte de carga orgânica proveniente dos despejos domésticos que ocorre nesta microbacia. O excesso de matéria orgânica aumenta o consumo de oxigênio pelos microrganismos do sistema aquático com vistas à remineralização dos materiais dissolvidos ou na forma particulada, levando ao desequilíbrio produção-consumo de oxigênio, repercutindo em depleção de oxigênio nas águas. ESTEVES (1998) ressaltou que as baixas concentrações de OD encontradas em fontes aquáticas estão ligadas à quantidade de matéria orgânica presente, que ao serem decompostas por microrganismos, provocam um grande consumo do oxigênio disponível na água. Com isso, fica evidente que no córrego Grotão deve existir acúmulo de Matéria orgânica em maior proporção que no Palmeirinha. 43 5.1.3. Temperatura O comportamento da temperatura das águas para os dois riachos apresentou um padrão bem definido que seguiu a tendência climatológica da região, com elevação progressiva da temperatura do primeiro para o segundo semestre (Figura 16). (a) (b) Figura 16: Comportamento da temperatura (ºC), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. Notadamente, foram verificados valores maiores de temperatura para as águas do Riacho Palmeirinha, que variaram em média de 25,6 ºC (agosto) a 30,4ºC (novembro), enquanto que para o Riacho Grotão os valores médios oscilaram entre 24,9 ºC (agosto) a 28,6 ºC (novembro). Podemos inferir que os menores valores médios de temperatura para as águas do riacho Grotão, estão relacionados às proximidades de suas nascentes, diminuindo a temperatura deste sistema aquático, bem como a menor profundidade nos pontos de amostragem do riacho Palmeira, que apresentaram em média 20 cm de profundidade. 5.1.4. Potencial Oxirredução (ORP) De maneira geral, as condições do redox dos sistemas aquáticos têm influência bastante considerável na química e bioquímica da água, pois várias funções, como a respiração, dependem dela. Concentrações elevadas de oxigênio dissolvido indicam condições oxidantes para o sistema (ORP alto), enquanto que em caso depleção acentuada ou na sua ausência de O2, processos redutivos são 44 dominantes, como a respiração anaeróbica de bactérias. A figura 17 indica o comportamento do ORP para as duas microbacias estudadas. (a) (b) Figura 17: Comportamento do potencial de oxirredução (mV), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. A condição redox dos dois sistemas aquáticos foram significativamente diferenciadas, sendo que o Palmeirinha apresentou maior variabilidade de resultados, enquanto que, o Grotão, expressou uma tendência bem definida. Os valores reportados para o riacho Palmeirinha foram, em praticamente todas as campanhas, positivos, com exceção para o P1 do mês de setembro (Figura 17a). Em oposição, para o riacho Grotão observamos valores significativamente inferiores de ORP, a partir do mês de setembro, com valores acentuadamente negativos, particularmente para o G2 (Figura 17b). As condições redutoras indicadas pela medida do ORP estão de acordo com as de anoxia predominante no riacho Grotão, tendo em vista que a contaminação, por efluentes urbanos e excretas de animais age de maneira redutiva, e, água poluída sempre tem medidas de potencial redox bem inferiores à de água não poluída. Os resultados para ORP corroboram com os dados das variáveis hidroquímicas já apresentadas, que indicam uma forte influência antrópica sob a qualidade das águas da microbacia do riacho Grotão. Esta apresentou valores médios de ORP variando entre +117 ± 2,5 mV (agosto) a -224 ± 48 mV (novembro), atingindo um valor de -258mV no G2, no mês de novembro. 45 Este comportamento coincide com o início das chuvas na região, que contribui para a remobilizar a matéria orgânica depositada sob condições anóxicas no leito sedimentar do riacho contribuindo para o maior consumo de oxigênio e, por consequência, a redução do ORP. 5.1.5. Condutividade elétrica (CE) e Sólidos Totais Dissolvidos (STD) A condutividade é um fator ambiental importante na detecção de fontes poluidoras, permitindo verificar a influência direta e indireta dos usos do solo e as atividades desenvolvidas nas microbacias hidrográficas como lançamentos de efluentes domésticos, industriais e dejetos animais, nas quais o resultado da contaminação pode ser detectado pelo aumento da condutividade elétrica no curso d’água (MORAES, 2001). De maneira análoga, a medida dos sólidos totais dissolvidos corresponde ao peso total dos constituintes minerais presentes na água, por unidade de volume. Na maioria das águas naturais, a Condutividade Elétrica (CE) da água, multiplicada por um fator que varia entre 0.55 e 0.75, gera uma boa estimativa de STD. Neste sentido, verificamos que os valores de CE e de STD para o riacho Grotão foram, em média, três e duas vezes maiores, respectivamente, que aqueles encontrados para o riacho Palmeirinha (Figuras 18 e 19). (a) (b) Figura 18: Comportamento da condutividade elétrica (µS /cm²), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. 46 As figuras 18 e 19 demonstram de forma emblemática um acentuado aumento da condutividade elétrica e dos sólidos totais em suspensão, principalmente, para o exultório da microbacia (G2), mesmo em período chuvoso como o registrado em novembro. Apesar da capacidade de diluição aumentar na presença de precipitação pluviométrica, há um maior carreamento de substâncias lixiviadas e materiais erodidos para o curso d’água do riacho Grotão, tendo em vista a perda da capacidade de absorção do solo e da vegetação ciliar conservada, que inexiste neste sistema. (a) (b) Figura 19: Comportamento Sólidos Totais Dissolvidos (ppm), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. Não obstante, o riacho Palmeirinha apresentou tendência de redução da condutividade e dos sólidos em suspensão em suas águas sob regime de chuvas (novembro), demonstrando haver uma maior capacidade de diluição da microbacia, bem como o tamponamento mais efetivo realizado pela presença de Mata Ciliar conservada em suas margens. 5.1.6. Turbidez na água A turbidez dos córregos Palmeirinha e Grotão tendenciaram a valores cada vez mais inferiores no decorrer do ano, porém, no mês de novembro, houve uma elevação considerável na turbidez dos dois córregos devido ao período chuvoso que causou um maior aporte de materiais ao leito desses córregos (Figura 20). No Palmeirinha, a variação foi de 5,0NTU próximo de zero até o mês de outubro, 47 chegando a atingir 33,0NTU em novembro. No Grotão, a variação foi de 12,0 a 0,0NTU no mês de outubro e atingiu 11,0NTU no mês de novembro. O ponto G2 no Grotão não atingiu valores inferiores a 3,0NTU. (a) (b) Figura 20: Comportamento da Turbidez (FTU), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. A grande diferença de turbidez que o Palmeirinha apresentou em novembro, com relação aos meses anteriores e ao Grotão, está relacionada a várias queimadas que ocorreram em suas margens proximo aos pontos de amostragem, além disso, a microbacia drena uma área maior, carreando maior quantidade de sólidos em suspensão. As queimadas, também, consumiram parte da vegetação ciliar e formou grande quantidade de cinzas que foram lixiviadas pela chuva, tornando a aparência da água desse córrego bastante escura. 5.2. Medidas para frações de fósforo 5.2.1. Fósforo Total na água (PTw) A figura 21, apresenta o comportamento do fósforo total na água nos três pontos da microbacia do riacho Palmeirinha e nos dois pontos da microbacia do riacho Grotão, nos seis meses de monitoramento. As concentrações de fósforo total variaram de 1,2 a 4,6µM, no Palmeirinha e 2,8 a 8,8µM no Grotão. De acordo com os gráficos (figura 21) podemos perceber que o córrego grotão apresenta valores bem superiores aos registrados para o córrego Palmeirinha, sendo que o ponto G2 sempre apresentou valores mais 48 elevados, com exceção do mês de agosto, principalmente, em novembro em que o resultado para o ponto G2 (8,8µM) é cerca de duas veses a concentração de PTw no ponto G1. (a) (b) Figura 21: Distribuição do Fósforo Total em água (PTw), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. As médias dos resultados obtidos no período de monitoramento (maio a novembro) evidenciaram que as concentrações de Fósforo Total nas águas do riacho Grotão são superiores aos limites estipulados pela legislação CONAMA 357/05, para águas classe III (PT = 4,8 µM), sendo cerca de 1,7 vezes superior aos valores encontrados no riacho Palmeirinha. No Palmeirinha, a maior concentração foi registrada no mês de junho, enquanto, a menor, em novembro. Observa-se uma diferença considerável entre os córregos no mês de novembro. Pode se concluir que as poucas chuvas ocorridas nesse período influenciaram essa diferença. A tendência de aumento para o ponto G2 em relação a todos os pontos analisados evidenciou que a lixiviação dos resíduos urbanos presentes em suas margens contribuíram para o aumento da carga de fósforo no Riacho Grotão. 5.2.2. Fósforo total dissolvido (PTD) O padrão de distribuição em ambos os riachos demonstrou haver uma redução na concentração de PTD seguindo o gradiente fluvial (Figura 22), isso fica mais evidente no segundo semestre do ano e, principalmente, para o riacho 49 Palmeirinha, que é mais dependente de entradas naturais do nutriente. Uma irregularidade nas concentrações é verificada no G2 para o mês de novembro, corroborando com a hipótese do enriquecimento com materias carreados pelas águas das chuvas. (a) (b) Figura 22: Distribuição do Fósforo Total Dissolvido (PTD), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. A concentração do PTD nas águas do riacho Grotão atingiram até 3,4µM, sendo que no Palmeirinha as concentrações não ultrapassaram de 2,3µM. A menor concentração de PTD foi registrada no ponto P1 do Palmeirinha no mês de junho, em contrapartida, esse mesmo ponto registrou o valor máximo encontrado nesse riacho, no mês de agosto. 5.2.3. Fósforo particulado (P-Part.) Nos dois riachos predominou o Fósforo na forma particulada sobre a forma dissolvida, no entanto, a tendência apresentada é diferente para as microbacias (Figura 23). 50 (b) (a) Figura 23: Distribuição do Fósforo Particulado (P-part.), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. No riacho Palmeirinha, a melhor conservação das condições naturais da bacia favoreceu um equilíbrio mais efetivo entre as formas de fósforo, como pode ser verificado na tabela 4. Como visto, a concentração média de P-Part. foi de 1,6µM (52% do PTw) contra 1,5 µM do PTD (48% do PTw), demonstrando que no ambiente natural a ciclagem do fósforo particulado a fósforo dissolvido ocorre de maneira mais balanceada quando comparada a um ambiente fortemente antropizado como o do Riacho Grotão, em que o P-Part. foi de 3,2µM (59% do PTw) e o PTD foi de 2,2 µM (41% do PTw). Tabela 4: Valores médios( ) e desvio padrão(σ) para fracionamento do fósforo total na água dos riachos Palmeirinha e Grotão, no município de Bom Jesus. Pontos PTw (µM) PTD (µM) P-Part. (µM) Microbacia do Riacho Palmeirinha(MRP) (P1,P2,P3) 3,1 ± 0,5 1,5 ± 0,2 1,6 ± 0,4 (P3) 3,7 ± 1,2 1,6 ± 0,6 2,1 ± 0,8 Microbacia do Riacho Grotão (MRG) (G1,G2) 5,4 ±1,7 2,2 ± 0,3 3,2 ± 0,2 (G2) 6,2 ± 2,1 2,3 ± 0,8 3,9 ± 2,0 Os valores encontrados para os exultórios das microbacias demonstram haver predomínio do transporte fluvial de P-Part. das microbacias para o rio Gurguéia. Estudos futuros que levem em conta a vazão das microbacias permitirão estimar os fluxos das frações inerentes a cada riacho. 51 5.2.4. Fósforo inorgânico dissolvido (PID) A elevação da temperatura das águas, registrada no segundo semestre, influencia os processos químicos e bioquímicos em sistemas aquáticos de forma a aumentar o consumo de fósforo biodisponível para a produção primária, o que pode explicar a redução nas concentrações das frações de PID em ambas as microbacias (figura 24). (a) (b) Figura 24: Distribuição do Fósforo Inorgânico Dissolvido (PID), fosfato ou fósforo biodisponível, para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. A tabela 5, demonstra que os valores de PID para o riacho Grotão são cerca de 2,0 vezes maiores que para o riacho Palmeira, o que evidencia que o aporte antrópico do nutriente excede a capacidade de autodepuração do sistema, levando a um acúmulo dessa substância química em suas águas. Tabela 5: Valores médios( ) e desvio padrão(σ) para fracionamento das formas de fósforo dissolvido na coluna d’água das microbacias dos riachos Palmeirinha e Grotão, no município de Bom Jesus. Pontos PTD (µM) PID (µM) POD (µM) Microbacia do Riacho Palmeirinha(MRP) (P1,P2,P3) 1,5 ± 0,2 0,5 ± 0,1 1,0 ± 0,1 (P3) 1,6 ± 0,6 0,5 ± 0,3 1,1 ± 0,6 Microbacia do Riacho Grotão (MRG) (G1,G2) 2,3 ± 0,3 1,0 ± 0,2 1,3 ± 0,3 (G2) 2,3 ± 0,8 0,9 ± 0,3 1,4 ± 0,7 52 5.2.5. – Fósforo orgânico dissolvido (POD) A variabilidade encontrada para o POD no riacho Palmeirinha espelha o comportamento natural associado à reciclagem do P-Part (Figura 25). Já para o riacho Grotão, observa-se um comportamento mais homogêneo, exceto para o mês de junho, denotando que o conteúdo orgânico de fósforo dissolvido independe exclusivamente da ciclagem do P-part. e é influenciado pelos aportes antrópicos que ocorrem ao longo da microbacia. (a) (b) Figura 25: Distribuição do Fósforo Orgânico Dissolvido (POD), para as microbacias avaliadas ao longo dos 6 meses de estudo; (a) Riacho Palmeirinha e (b) Riacho Grotão. Observa-se que a concentração média do POD é o dobro do PID no riacho Palmeirinha, o que pode estar relacionado ao fato de que as formas dissolvidas inorgânicas são mais assimiláveis pela biota aquática e as orgânicas apresentam um relativa resiliência a absorção. Por outro lado, no Grotão, há equilíbrio entre as concentrções do PID (1,0µM) e do POD (1,3µM), visto que o fluxo do nutriente é modulado pelos vetores antrópicos que atuam em sua microbacia. 53 6. CONCLUSÕES Os valores de pH para as duas microbacias demonstraram uma maior capacidade de tamponamento das águas do riacho Palmeirinha nos períodos de estiagem, tendo em vista os valores encontrados estarem próximos a 8,0. Não obstante, o riacho Grotão não seguiu a tendência, em virtude da elevada carga de efluentes urbanos, ricos em matéria orgânica, influenciar fortemente os valores de pH, que foram em média inferiores a 7,0. Os dados para oxigênio dissolvido permitiram diferenciar os contrastes na qualidade das duas microbacias e relacioná-los ao uso e ocupação do solo, tendo em vista que as águas do riacho Palmeirinha apresentaram condições óxidas, e em contraste, no riacho Grotão houve predomínio de condições anóxicas. Em virtude das condições de depleção acentuada na saturação e nas concentrações de oxigênio verificadas para o riacho Grotão, conclui-se que neste sistema predominam processos redutores. As medidas de ORP indicam que o riacho Palmeirinha conserva condições oxidantes em suas águas e, em oposição, o riacho Grotão apresenta condições redutoras, sendo portanto a medida de ORP um forte indicativo do estado de depreciação da qualidade deste sistema aquático. As médias dos resultados obtidos no período de monitoramento (maio a novembro) evidenciaram que as concentrações de fósforo total nas águas do riacho Grotão são superiores aos limites estipulados pela legislação CONAMA 357/05, para águas classe III (PT = 4,8 µM ou 0,15mg.L-1), sendo cerca de 1,7 vezes superior aos valores encontrados no sistema MRP. As condições redox, o pH e as concentrações de oxigênio na coluna d’água influenciam fortemente o ciclo biogeoquímico do fósforo, ambientes tipicamente redutores disponibilizam mais fósforo para a coluna d’água. Assim, a variável PTw para a MRG, associado as condições de anoxia e potencial redox negativo, permitem classificá-la como um ambiente eutrofizado. Esta microbacia é fortemente influenciada pelas descargas antrópicas originais do maior adensamento urbano e seus efluentes ricos em materiais fosfatados dissolvidos (PTD) e particulados (PPart.), respectivamente associados ao aporte de cargas de efluentes domésticos e despejos orgânicos de esgotos in natura. 54 Os resultados inferiores aos limites legais para o PTw em associação com as melhores condições hidroquímicas, do riacho Palmeira corroboram com uso menos intensivo do solo da bacia, com preservação da capacidade tamponante da Mata Ciliar e das nascentes, traduzindo-se numa provável oligotrofia do sistema aquático. Os resultados obtidos durante esse estudo comprovam que os dois riachos estudados apresentam diferenças significativas na qualidade da água dos mesmos, sendo que o grotão apresenta valores mais relevantes no que diz respeito ao estado trófico da água, sendo, portanto, considerado um ambiente eutrofizado. Um acompanhamento mais detalhado para o período de chuvas (que vai até maio) deverá ser realizado com vistas a esclarecer melhor essas diferenças entre os dois riachos. O Palmeirinha, apesar de manter um certo equilíbrio nas concentrações de nutrientes e nas variáveis hidroquímicas, pode chegar ao mesmo padrão do riacho Grotão se não houver uma iniciativa da comunidade para desenvolver ações mitigadoras que visem ao controle do avanço de atividades antrópicas para suas margens. O trabalho de divulgação dos resultados realizado no Colégio Agrícola de Bom Jesus revelou que tanto docentes como discentes apresentam um quadro de desconhecimento da importância dos riachos Grotão e Palmeirinha, bem como dos impactos ambientais que os mesmos são submetidos. Sugere-se aos gestores públicos do município que sejam desenvolvidos projetos ambientais na tentativa de recuperação do Riacho Grotão e programas de educação ambiental em escolas para conscientização da sociedade sobre a importância da recuperação e preservação dos córregos em questão, visto que a maior parte dos problemas sofridos pelos mesmos decorrem da “inconsciência social” que predomina na região em virtude da falta de informação da população. 55 7. REFERÊNCIAS AGUIAR, R. B., GOMES, J. R. C., Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea Estado do Piauí, Diagnóstico do Município de Bom Jesus. Fortaleza, Março/ 2004. AGUIAR, R. B., Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrâneo, estado do Piauí: diagnóstico do município de Bom Jesus / Organização do texto [por] Robério Bôto de Aguiar [e] José Roberto de Carvalho Gomes, Fortaleza: CPRM Serviço Geológico do Brasil, 2004. BAIRD, C., Química ambiental / Colin Baird; trad. 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