FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2012 TÍTULO LEITURA: RESGATE DA MEMÓRIA PESSOAL E SOCIAL AUTOR NAIRU SIZUYO YAMAMOTO YAMANAKA DISCIPLINA Língua Portuguesa - Ensino Fundamental ESCOLA CEEBJA - Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos MUNICÍPIO DA ESCOLA Assis Chateaubriand NRE Assis Chateaubriand PROFESSOR ORIENTADOR IES RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES RESUMO PALAVRAS- CHAVE Clarice Lottermann UNIOESTE História e Artes. A leitura é um processo através do qual o leitor interage com o texto e com as diferentes vozes que a compõe. Por isso, é importante que a escola propicie experiências que enriqueçam o prazer pela leitura. Através da leitura é possível formar um cidadão com consciência e autonomia, que seja capaz de relacionar e interagir com o mundo ao seu redor. Para favorecer o encontro entre livros e aluno, optou- se pela leitura literária de um autor que falasse a linguagem dos alunos. Daí a escolha dos livros Por parte de pai e Indez, do autor Bartolomeu Campos de Queirós, que permitem o resgate da memória pessoal e social dos alunos, valorizando a sua cultura e seus conhecimentos. Para maior compreensão dos textos citados, foram organizadas varias atividades com encaminhamentos que permitem novas perspectivas para a abordagem de leitura junto aos alunos. Assim, esta unidade didática contempla a leitura de textos literários e de outros gêneros que privilegiam a questão do resgate da memória, o desenvolvimento de uma leitura significativa, e a ampliação do leque de leituras dos alunos da educação de jovens e adultos, contribuindo para a formação de leitores críticos. Memória, narrativa, Bartolomeu Campos de Queirós. FORMATO DO MATERIAL Unidade Didática DIDÁTICO PÚBLICO ALVO Ensino Fundamental II do EJA APRESENTAÇÃO Esta unidade didática nasceu de algumas inquietações que permeiam o ambiente escolar, sobretudo no que diz respeito aos alunos que frequentam a Educação de Jovens e Adultos – EJA: como ajudar e incentivar os alunos de EJA para a leitura? Como levar os alunos a lerem textos literários e relacioná-los com a sua realidade? Como as histórias narradas podem contribuir para a formação do leitor? Que tipo de obras/gêneros contribui para motivar os alunos para a leitura? Considerando que o aluno da Educação de Jovens e Adultos – EJA, ao chegar à escola, traz uma bagagem de conhecimentos de outras instâncias sociais, experiências significativas de vida e linguagem, sobretudo a linguagem oral, é fundamental, para o ensino da leitura e da escrita, partir da experiência do educando em narrar, contar histórias que promovam o resgate da memória cultural e oral. É preciso ter em mente, ainda, que “o grau de familiaridade do leitor com o conteúdo veiculado pelo texto interfere, também, no modo de realizar a leitura” (PARANÁ, 2008, p.73). Por isso, no processo de formação do leitor, é importante oportunizar a leitura de textos literários próximos à sua realidade, pois quanto mais familiar o texto, mais facilmente despertará disposição para a leitura. Conforme ressaltam Aguiar e Bordini, “A formação escolar do leitor literário passa pelo crivo da cultura em que se enquadra. Se a escola não efetua o vínculo entre a cultural grupal ou de classe e texto a ser lido, o aluno não se reconheceu na obra, porque a realidade representada não lhe diz respeito.” (1993, p. 16) As atividades aqui apresentadas foram pensadas/criadas tendo como públicoalvo alunos do CEEBJA do município de Assis Chateaubriand. Através deste material, busca-se trabalhar com narrativas que abordam a questão da memória, sobretudo obras de Bartolomeu Campos de Queirós, possibilitando o resgate da memória pessoal e social dos alunos, valorizando sua cultura e seus conhecimentos e ampliando seu leque de leituras. Assim, esta unidade didática contempla textos literários e de outros gêneros, que privilegiam a questão do resgate da memória, bem como atividades de leitura e escrita, oralidade e reflexão, cujo objetivo é possibilitar que os alunos da EJA se sintam identificados com as situações narradas e que possam relacioná-las à própria memória pessoal e social. UNIDADE DIDÁTICA MEMÓRIA E VALORIZAÇÃO DA CULTURA Fonte: http//:www: Portaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em : 15 nov. 2012 Contar histórias, desde os primórdios da humanidade, é uma atividade privilegiada na transmissão de conhecimentos e valores humanos. As narrativas, segundo Alfredo Bosi (1992), são uma espécie de guardiãs da memória de um povo e possibilitam que novas gerações entrem em contato com os costumes vivenciados no passado. Isto se dá através das mediações simbólicas. É possível observar, ainda de acordo com Alfredo Bosi (1992), que o passado continua presente por conter símbolos que são retomados no cotidiano atual. São histórias, cantigas, costumes diversos que ficam enraizados na sociedade e, quando retomados, tornam-se vínculos fortes que, num contínuo dizer de coisas sobre o passado às pessoas, vão se fortalecendo como base de reconhecimento e identidade social. Segundo Halbwachs (2006), a memória individual não pode ser distanciada das memórias coletivas, porque não é o indivíduo isoladamente que tem o controle do resgate sobre o passado, ele carrega em si as lembranças, mas está sempre interagindo com a sociedade, seus grupos e instituições. É no contexto dessas relações que se constroem as nossas memórias que estão impregnadas de recordações dos que nos cercam, de maneira que o lembrar se forma a partir das experiências vividas, que garante o sentimento de identidade do indivíduo com base numa memória compartilhada no campo simbólico do grupo. A memória coletiva [...] envolve as memórias individuais, mas não se confunde com elas. Ela evolui segundo suas leis, e se algumas lembranças individuais penetram algumas vezes nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas num conjunto que não é mais uma consciência pessoal. (HALBWACHS, 1990, p. 53). A memória individual não deixa de existir, mas tem raiz em diferentes contextos, com a presença de diferentes participantes, e isso permite que haja uma transposição da memória de sua natureza pessoal para se converter num conjunto de acontecimentos partilhados por um grupo, passando de uma memória individual para uma memória coletiva. Nas memórias encerra-se, então, a possibilidade de conhecer e analisar aquilo que o sujeito guardou dos diversos espaços, tempos e grupos vivenciados por ele, além de uma visão pessoal sobre suas experiências e atitudes, por fim, é também uma forma de acompanhar a trajetória de alguém a partir de seu próprio olhar. Há, portanto, uma relação entre as memórias, visto que não será possível ao indivíduo recordar lembranças de um grupo com o qual não se identifica. Um dos elementos mais importantes, que afirma o caráter social da memória, é a linguagem, pois as trocas de informações entre os membros de um grupo se fazem por meio da oralidade. Como afirma Ecléa Bosi, a linguagem é o instrumento socializador da memória, pois aproxima, no mesmo espaço, a história cultural e as vivências tão diversas como o sonho, as lembranças e as experiências recentes. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que a memória coletiva é determinantemente marcada pela cultura de um povo, especialmente pela cultura popular. Assim, há necessidade do resgate da memória como forma de valorização da identidade cultural de um povo, em que as lembranças do grupo familiar são fundamentais para o processo de transmissão dos conhecimentos, como assinala Ecléa Bosi: trocando opiniões, dialogando, suas lembranças guardam vínculos difíceis de separar. (1995, p.423). Na obra Por parte de Pai, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós aborda a temática da memória, o resgate da infância guardada na lembrança. Por meio de seu narrador menino, descreve muitos hábitos comuns à casa dos avôs do século passado, e de algumas cidades do interior mineiro: a avó fazendo bico de crochê em pano de prato, trocando receitas, devolvendo copo de açúcar, rezando novena, debulhando o rosário entre os dedos, ou ajudando doentes; o avô que jogava no bicho, adivinhando e apostando pelos sonhos dos outros, urinava no penico; as solteironas exalando o cheiro do caximir-buquê por onde passavam; as locomotivas passando e apitando; o hábito de se cozinhar usando gordura de coco carioca; o banho em banheira com água de serpentina; e o hábito de se bater em criança com cinta de couro (QUEIRÓS, 1995). Conforme assinala Lima: “formam imagens guardadas por longo tempo na memória, recheada de saudade, melancolia e outros sentimentos que, mesmo transformados pelos anos, sobreviveram em forma de fortes emoções.” (1998, p.74) O narrador/protagonista recorda sua infância na casa dos avôs, na Rua da Paciência. A partir daí, vai contando os fatos marcantes, interessantes e doloridos dessa fase da vida, como quando o avô comprou a casa com o dinheiro que ganhou na loteria, graças ao bonito sonho da avó. Nas paredes, enfeitadas com as letras do avô, há registro de fatos e acontecimentos da cidade, inclusive as relações entre os princípios religiosos cristãos e as superstições. Assim, o narrador menino teve o seu crescimento e amadurecimento auxiliado pelas conversas do avô sobre a vida, num ritmo de memória, lento e calmo. O narrador também sente e vive o tempo todo o efeito das palavras: “As palavras têm gostos pensava - e era impossível saber seus sabores verdadeiros”. (QUEIRÓS, 1995, p.63). Os personagens são apresentados sem muitos detalhes, sendo que o foco de atenção do menino é o avô Joaquim, por quem nutre uma imensa admiração. Ao falar de sua especial relação com o avô paterno, o narrador revela que o maior fascínio que o avô exercia sobre ele vinha da mania que tinha de registrar a vida nas paredes. “As paredes eram o caderno do meu avô, cada quarto, cada sala, cada cômodo, uma página. [...] Nada ficava no esquecimento, em vaga lembrança. [...] A casa do meu avô foi meu primeiro livro.” (QUEIRÓS, 1995, p. 11-12). O avô representa o conhecimento não escolarizado e desempenha o papel de guardião da memória da pequena cidade. Mesmo sem ter adquirido o conhecimento formal, ele tinha a sensibilidade de usar a escrita como registro de memória. “Uma história de vida não é feita para ser arquivada ou guardada numa gaveta como coisa, mas existe para transformar a cidade onde ela floresceu” (QUEIRÓS, 1995, p. 69). Assim, suas histórias nas paredes guardam os resquícios e reminiscências de um tempo que precisa ser guardado para não ser esquecido. Sendo o avô o escritor, cabia ao neto a tarefa da leitura: “Enquanto ele escrevia, eu inventava histórias sobre cada pedaço da parede”. Nota-se, em seus relatos, como ocorria a inserção da criança no mundo da leitura, do saber escolarizado e, além disso, alude-se, em muitas passagens, à própria questão da criação ficcional, do ato de escrever e de criar mundos. A RESPEITO DO LIVRO Fonte: http://www.caleidoscopio.art.br. Acesso em: 05 set.2012. “NUNCA RECEBI DEZ COM LOUVOR, SEMPRE SETE COM DISTINÇÃO.” Todo acontecimento da cidade, da casa, da casa do vizinho, meu avô escrevia nas paredes. Quem casou, morreu, fugiu, caiu, matou, traiu, comprou, juntou, chegou, partiu. Coisas simples como a agulha perdida no buraco do assoalho, ele escrevia. Também desenhava tesouras desaparecidas, serrotes sem dentes, facas perdidas. E a casa, de corredor comprido, ia ficando bordada, estampada de cima a baixo. As paredes eram o caderno do meu avô. [...]. Para cada notícia escolhia um canto. Conversa mais indecentes, ele escrevia bem no alto. Caso de visitas, ele anotava o dia, à hora, o assunto ou a falta de assunto. Nada ficava no esquecimento, em vaga lembranças. [...]. Enquanto ele escrevia, eu inventava histórias sobre cada pedaço da parede. livro. [...] História não faltava. A casa do meu avô foi o meu primeiro Eu mesmo só parei de urinar na cama quando meu avô ameaçou escrever na parede. O medo me curou. A leitura era coisa séria e escrever mais ainda. Escrever era não apagar nunca mais. O pior é que, depois de ler, ninguém mais esquece. [...] Sua letra no meio da noite, era a única presença viva, acordada comigo. Cada sílaba um carinho, um capricho penetrando pelos olhos até o passado. Tudo era possível para ele e suas letras. Não ser filho do meu pai era perder meu avô. O pesar estava aí. (QUEIRÓS, 1995 p. 10-14) O fragmento acima foi retirado da obra citada. Procure-a na biblioteca da sua escola! A VOZ OCULTA Vamos ouvir o Radio poeta. Radio Poeta. Trecho do livro "Por Parte de Pai", do escritor mineiro Bartolomeu Campos Queirós. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=s9F4yjxUJFA. Acesso em: 20 set. 2012. FAMILIARIZANDO-SE COM A OBRA Leia as páginas iniciais da obra citada e depois converse com seus colegas sobre suas primeiras impressões do texto. Observe como o narrador apresenta o menino e seu avô. BUSCANDO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ESCRITOR Bartolomeu nasceu em 1944 em Pará de Minas, no centro-oeste mineiro, viveu boa parte sua infância em Papagaios e Pitangui, que está presente nas suas narrativas pela vida simples e pitoresca do campo. Aos seis anos, em 1950, perdeu a mãe. No internato do colégio São Geraldo, em Divinópolis, Minas Gerais, cursou o ginasial, e estudou, por breve período, no convento dos dominicanos em Juiz de Fora, Minas Gerais. Muda-se para Belo Horizonte, onde inicia o curso de Filosofia e trabalha no Centro de Recursos Humanos, escola de experiências. Mais tarde, em Belo Horizonte, dedicava seu tempo a ler e a escrever prosa, poesia e ensaios sobre leitura, literatura, educação, filosofia e autor de poemas e histórias infantis e juvenis. Educador, crítico de artes com diversas experiências em arte-educação, no Brasil e no exterior, atuou como consultor em diversas instituições. Participou ativamente do Movimento Por um Brasil Literário, desde a criação, em 2009, sendo o autor do manifesto do MBL. Dono de uma extensa obra literária, seu primeiro livro foi publicado em 1974, O Peixe e o Pássaro, e o último, Vermelho Amargo, em 2011. Seguidos de outros: Indez, Por Parte de Pai, Ler, escrever e fazer conta de cabeça, Até Passarinho Passa, Cavaleiro das Sete Luas, Ciganos, Minerações entre outros, e desde então vem firmando seu estilo de escrita como uma prosa poética da mais alta qualidade. Sua obra literária, com 60 títulos publicados, está dirigida às crianças, aos adolescentes e aos adultos. Está traduzida em outros países e já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais. São obras que abordam jogos de palavras em versos; a passagem do tempo; as relações familiares; a vida e a morte; a memória; a infância; a brincadeira; a existência e outros temas universais. Faleceu em 16 de janeiro de 2012 em Belo Horizonte MG, aos 66 anos. Disponível em: http://www. Caleidoscópio. art.br/bartolomeuqueiroz/release2.html. Acesso em: 05 set. 2012. MEMÓRIA SOCIAL Para Halbwachs, “a memória apóia-se sobre o passado vivido, o qual permite a constituição de uma narrativa sobre o passado do sujeito de forma viva e natural” (2006, p.75). COMPARTILHANDO MEMÓRIAS “Debruçado na janela meu avô espreitava a rua da Paciência, inclinada e estreita. Nascia lá em cima, entre casas miúdas e se espichava preguiçosa, morro abaixo. Morria depois da curva, num largo com sapataria, armazém, armarinho, farmácias, igrejas, tudo perto da escola Maria Tangará, no Alto de São Francisco. [...] Eu brincava na rua, procurando o além dos olhos, entre pedras redondas e irregulares calçando a rua da Paciência. Depois das chuvas, essas pedras centenárias, cinza, ficavam lisas e limpas, cercadas de umidade e areia lavada. Nas enxurradas desciam lascas de malacheta brilhando como ouro e prata, conforme a luz do sol refletia.” (QUEIRÓS, 1995. p.7- 20). VAMOS REFLETIR SOBRE ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES DO TEXTO De acordo com o texto, como é a Rua da Paciência? Que tipos de comércio são citados no texto? Em que local a personagem se encontrava? Você consegue imaginar como poderia ser esse lugar? CONTEXTUALIZANDO Agora, junte-se a um colega e defina um lugar da cidade (pode ser uma rua, praça, feira), um morador (a) antigo (a) da cidade ou uma pessoa querida da família. Escreva-o (a) oralmente para o seu colega. Em seguida, conte para o grande grupo. AS LEMBRANÇAS CHEIRAM “[...] O café, colhido no quintal de casa, dava para o ano todo, gabava meu avó, espalhando a colheita pelo chão de terreiro, para secar. O quintal se estendia para muito depois do olhar, acordando surpresa em cada sombra. Torrado em panela de ferro, o café era moído preso no portal da cozinha. O café do bule era grosso e forte, o da cafeteira, fraco e doce. Um para adultos e outros para crianças. O aroma do café espalhava pela casa, despertando a vontade de mastigar queijo, saborear bolo de fubá, comer biscoito de polvilho, assado em forno de cupim. [...] minha avó, coado o café, deixava o bule e a cafeteira sobre a mesa forrada com toalha de ponto cruz, e esperava as quitandeiras”. (QUEIRÓS, 1995, p.41-42.) DESVENDANDO O TEXTO. O que o aroma (cheiro) do café espalhado pela casa despertava no personagem? Como era preparado o café? Por que o café era preparado de duas maneiras? VAMOS RELEMBRAR. O que o cheiro de café desperta em você? Na sua infância, o café era preparado da mesma maneira que no texto? Por quê? Coletivamente, converse sobre as sensações provocadas pelo cheiro do café relatadas pelos colegas. Que outros aromas trazem lembranças da sua infância? A RESPEITO DA MEMÓRIA SOCIAL Halbwachs considera que, mesmo sendo memória e lembranças de um indivíduo, “ela está carregada de concepções que são do social, isto é, a recordação é construída socialmente”. (2006, p. 68). REFLETINDO SOBRE A OBRA POR PARTE DE PAI. COMPREENSÃO. O que mostra a capa do livro? Quem são as personagens do texto? Pelo texto, você consegue descobrir em que lugar se passa a história? Quem está narrando (contando) a história? Com quem a personagem principal tem mais afinidade? Que fato chamou mais a sua atenção no livro? Aconteceu algum fato muito triste na história? Cite-o. Selecione algumas frases do livro que levam a refletir sobre a vida real e as copie no seu caderno. O LIVRO E VOCÊ A história do livro tem alguma semelhança com a sua? Conte-a para os colegas Alguém já morou em uma cidadezinha do interior? Pode descrever? Você consegue descrever algum fato de sua infância? A sua família se parece com a do menino narrador? Por quê? Agora, encontre no livro trechos que possam ter alguma relação com a sua infância. CULTURA POPULAR Os Provérbios ou ditos populares, vêm do latim proverbium, são frases ou expressões de caráter popular e transmitem conhecimentos comuns sobre a vida. Baseiam-se no senso comum de um determinado meio cultural. Muitos deles foram criados na antiguidade, porém estão relacionados a aspectos universais da vida, por isso são utilizados até os dias atuais. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/proverbios.html e http://pt.wikipedia.org/wiki/Prov%C3%A9rbio. Acesso em : 22 set.2012. REFLETINDO SOBRE PROVÉRBIOS O livro que estamos analisando está recheado de frases muito interessantes que fazem parte do vocabulário das pessoas do interior e de pessoas mais velhas. O autor cria ou adapta provérbios, como: “Em casa sem forro, nem o cheiro fica escondido”, “Não existe sete vidas nem sete fôlegos. Tudo acaba em sete palmos”; “Deus é corcunda: dá a vida e toma”; “Para quem sabe ler, um pingo nunca foi letra” (QUEIRÓS, 1995, p.36 - 63). ANALISANDO PROVÉRBIOS Vamos discutir e depois registrar no caderno os possíveis significados dos provérbios abaixo: “Na terra de cego quem abre um cinema é doido.” (PPP, p.32). “Quem fala muito dá bom dia a cavalo” (PPP, p.32). “A vida é como fumaça sufoca e passa” (PPP, p.50). MOMENTO PESQUISA Agora, pesquise junto aos familiares, vizinhos ou na internet; provérbios e outros ditos populares. Apresente aos colegas e discuta com eles sobre o significado dos mesmos. Em seguida, em duplas, selecionem os provérbios e ditos populares que acharem mais interessantes e façam um cartaz para expor no mural da sala. VOCÊ SABE O QUE É UM PROVÉRBIO ALTERADO? Provérbio alterado: enunciado que desvia uma enunciação proverbial (normalmente faz isso com provérbios, mas podem ocorrer alterações de outros enunciados, tomados como provérbios, mas que de fato não são como os slogans, por exemplo) quase sempre produzindo humor. Pode desviar desqualificando o dito proverbial ou apenas aproveitando-se de sua estrutura conhecida. Disponível em: sistemas. ft.unicamp.br/mec/ano/2/audio/AP011/jogos/SP21. Acesso em:20 set.2012 Agora, descubram, quais são os provérbios que foram alterados: Em terra de cego quem tem um olho é caolho. Quem com ferro fere machuca o outro. Quem tem boca vai ao dentista. Os últimos serão desclassificados. Devagar nunca se chega. Quem espera sempre cansa. Filho de peixe é tão feio como o pai. Quem cedo madruga fica com sono. Depois da tempestade vem a gripe. Quem ri por último é de compreensão lenta. Deus dá pão a quem não tem dentes. Se alguém lhe bater na face, ofereça-lhe um processo por agressão corporal. Disponível em: http://www.otimismoemrede.com/proverbios.html. Acesso em: 20 set. 2012. Disponível em: sistemas ft.unicamp.br/mec/audio.php?ano=1&id=AP007. Acesso em: 20 set. 2012. MOMENTO DE REFLEXÃO. Vamos assistir ao videoclipe da música Bom Conselho, de Chico Buarque de Hollanda. Disponível na íntegra no site: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/bomconselho.html. Acesso em: 24 set. 2012. Após assistir ao vídeo, em grupo, encontre os provérbios alterados e dê o seu significado. BOM CONSELHO. De: Chico Buarque de Hollanda. Ouça um bom conselho. Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa. Ou você se cansa. Espere sentado Está provado, quem espera nunca alcança [...] A letra na sua íntegra está disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fBeOEZITiOE e a música em: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/bom-conselho.html. Acesso em: 24 set.2012 BUSCANDO OUTROS TEXTOS “Se ninguém queria ouvir suas histórias, minha avó se punha a cantar a canção de Juliana que vivia triste a chorar, porque Dom Jorge ia se casar, e deu dois suspiros...” (QUEIRÓS, 1995, p, 39). O texto menciona uma canção folclórica. Você conhece alguma outra música, ou canção, parecida com a de Juliana? AS LEMBRANÇAS Segundo Ecléa Bosi, “as lembranças grupais se apóiam umas às outras formando um sistema que subsiste, enquanto puder sobreviver a memória grupal. Se, por acaso, esquecemos, não basta que os outros testemunhem o que vivemos. É preciso RELATO mais: é preciso estar sempreFAMÍLIAR confrontando, comunicando e recebendo impressões para que nossas lembranças ganhem consistência”. (1995, p. 336). Todos nós temos histórias e experiências interessantes para contar, num encontro de família ou de amigos que só se reúnem em ocasiões especiais, ou mesmo quando se conta a história da família para os netos. Imagine que está participando de um desses encontros, e socialize com os colegas a história, seguindo o exemplo do menino narrador do livro Por parte de pai. BUSCANDO CONHECIMENTO Como afirma Ecléa Bosi, “a linguagem é o instrumento socializador da memória, pois reduz, unifica e aproxima no mesmo espaço histórico e cultural vivências tão diversas como o sonho, as lembranças e as experiências recentes”. (1995.p. 88) AMPLIANDO A REDE DE TEXTOS. OBSERVE COMO NO TEXTO A SEGUIR, AS LEMBRANÇAS DO NARRADOR SE MISTURAM ÀS LEMBRANÇAS DA COMUNIDADE. Nasci em Santa Rita do Passa Quatro em 23 de agosto de 1904, filho de Giovani e Ripalda, que chegaram ao Brasil em 1900, como imigrantes. Foram trabalhar nas fazendas de Santa Rita, roçando e apanhando café. Dos seus filhos, cinco vieram da Itália e quatro nasceram aqui. Nasci com o braço direito pregado no corpo, esse braço não abria. Estava com poucos dias e como nasci numa fazenda, meu pai me levou para Santa Rita consultar um médico. O médico disse que não podia operar porque não sabia o que ia acontecer, que eu era muito novo e poderia perder o braço. Um vizinho nosso aconselhou meus pais a fazerem uma trezena para santo Antonio. Eu ainda não tinha sido batizado, nem nome eu tinha. Na nona noite dessa trezena meu braço despregou-se e minha mãe, de susto, deixou-me cair no solo. Esse foi o milagre, por isso que eu me chamo Antonio. A fazenda de Monte Alegre tinha um mangueirão coletivo, todos os trabalhadores da fazenda tinham seus porcos lá. Nossa casa tinha na frente uma escada de pedras, a varanda e a sala muito grandes, e nos quartos dormiam de quatro a cinco pessoas no colchão de palha. O fogão era de lenha. [...] Em 1910 viemos morar em São Paulo, no Bela Vista na Rua Fortaleza. Essa casa tinha dois dormitórios e um quintal, onde criávamos galinhas e o porão. Brincávamos no campo do morro dos Ingleses, havia a festas de Nossa Senhora Aqueropita, dos calabreses e outra de Nossa Senhora Ripalda, da região dos meus parentes da Itália. [...] O bairro era muito alto, do morro do ingleses se avistava toda São Paulo, recebeu o nome de Bela Vista. Quando houve uma epidemia de varíola, lá por 1902, ficou então Bexiga, são as bexigas da varíola. Nossa casa era perto da Avenida, e no quintal meu pai plantava milho. Os meninos brincavam de futebol nas ruas com bola de meia. Não tivemos brinquedos, fazíamos papagaios para empinar no morro. Brincávamos de pegador, de barramanteiga, de cantiga de roda: Eu fui no Itararé. Beber água e não achei... [...] os quitutes para o natal minha mãe preparava dois ou três dias antes. O Natal e a Páscoa eram comemorados condignamente, era a maior fartura. A semana Santa era mais observada que hoje e havia uma grande procissão. Em 1928 comecei a ler em português [...] O texto na sua íntegra encontra-se em: BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.222 REFLEXÃO SOBRE O TEXTO Qual é o assunto do texto? Em que local se passa a história da personagem? O fragmento foi retirado do livro Por parte de pai? Quais brincadeiras eram comuns no período mencionado pelo texto? E no livro Por parte de pai? A história narrada poderia ser uma lembrança de alguém ou memória? Justifique. COMPARANDO OS TEXTOS O texto acima tem alguma relação com a história narrada no livro Por parte de pai? Em equipe, construa um quadro e registre na primeira coluna os elementos comuns, e, na segunda, os elementos diferentes em relação ao livro Por parte de pai e o texto de Ecléa Bosi. Ao término, socialize com os colegas. ELEMENTOS COMUNS Livro Texto ELEMENTOS DIFERENTES Livro Texto SOBRE A AUTORA Nascida em São Paulo e moradora da Rua Melo Alves, no Jardim Paulista, Ecléa Bosi é filha de Emma e Antônio. Irmã do psicanalista Sérgio e do cientista social Celso Frederico, ela diz que a educação recebida dos pais influenciou a escolha profissional dela e dos irmãos: "Nossos pais eram pessoas simples, mas muito abertas e sensíveis às questões sociais. Aos 86 anos, Dona Emma era dona de casa e escrevia cartas a ditadores pedindo a libertação de presos políticos." Já o pai, além de funcionário público, era um grande contador de histórias. "Ele nos contava episódios da velha São Paulo. Daí o meu interesse em ser, mais tarde, uma escutadora de memórias." A paixão por memórias e por São Paulo originou um de seus livros mais famosos, Memória e Sociedade, um ensaio da história social da cidade em que narra em seu livro às histórias das pessoas anônimas que contribuíram para a formação humana da Capital paulista. Ela é casada com o escritor Alfredo Bosi. A intersecção entre memória e velhice feita no livro mostra o papel fundamental do idoso de relatar suas memórias aos mais jovens, o que faz dele a memória viva da sociedade. Docente do Departamento de Psicologia Social da USP e coordenadora do programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati). Ecléa Bosi se dedica hoje a estudos sobre como as transformações da cidade se refletem na memória. A sua obra é uma narrativa de homens e mulheres que já não são mais membros ativos da sociedade, mas que têm uma nova função social: lembrar e contar para os mais jovens a sua história, de onde eles vieram, o que fizeram e aprenderam. Lembra também que os velhos têm uma memória social, atual mais contextualizada e definida, pois são expectadores de um quadro já finalizado e bem delineado no tempo. O final do livro é afetuoso e valoriza o trabalho como ponto central da memória dos velhos. Disponível no site: http//:www.comciencia.br/resenhas/memoria/velhos.html. Acesso em: 15 out.2012. A SABEDORIA DO AVÔ Leia o fragmento abaixo: “O tempo tem uma boca imensa. Com uma boca do tamanho da eternidade ele vai devorando tudo sem piedade. O tempo não tem pena. Mastigam rios, árvores, crepúsculos. Trituram os dias e as noites, o sol, a lua, e as estrelas. Ele é o dono de tudo. [...] Nada fica para depois do tempo. Sua garganta traga as estações, os milênios, o ocidente, o oriente, tudo sem retorno. E nós meu neto, marchamos em direção a boca do tempo”. (QUEIRÓS, 1995, p.72). REFLETINDO SOBRE O TEXTO Qual é o assunto do fragmento acima? O tempo pode ser comparado com algum animal, objeto, máquina e outro? O que levou o avô a um sentimento tão profundo? Você alguma vez já sentiu essa sensação? Por quê? Quando? O SEGUIMENTO DA VIDA Nos livros Por parte de pai e Indez, o tema da morte está presente, marcada por muita subjetividade e fortes percepções. “Esta concepção da vida, deve se apresentar como uma mudança contínua, uma evolução, um aperfeiçoamento interior profundo e principalmente no que se refere à morte, que deve ser encarada como um processo que não se pode mudar, e não como um fim, mas uma forma de crescimento pessoal.” Disponível em: http://www.caleidoscópio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/palavras14.html. Acesso em: 07 set. 2012 SAUDOSA INFÂNCIA. Assista ao vídeoclip da música Fazenda, de Milton Nascimento. Disponível em: http://letras.mus.br/milton-nascimento/47426/?domain_redirect=1. Acesso em: 22 set.2012. FAZENDA. Milton Nascimento. Água de beber. Bica no quintal. Sede de viver tudo. E o esquecer Era tão normal que o tempo parava. E a meninada respirava o vento Até vir à noite e os velhos falavam coisas dessa vida Eu era criança, hoje é você, e no amanhã, nós [...] A letra da música na sua íntegra está disponível em: http://letras.mus.br/miltonnascimento/47426/?domain_redirect=1. Acesso em: 22 set. 2012. REFLEXÃO SOBRE A MÚSICA. Qual é o tema da música? Tem algum fato que seja comum na música e no livro Por parte de pai? Qual? Qual a rotina de uma criança em uma cidade pequena? Na sua infância, quais eram as brincadeiras mais praticadas? Você se lembra? O LIVRO, A MÚSICA E VOCÊ Você acha que há diferença entre o jeito de viver a infância hoje e a forma como é relatada no livro ou na música? Por quê? Será que a infância no interior ainda é tal qual a das décadas de 1970 ou século passado? CONHECIMENTO: MEMÓRIA SOCIAL Segundo Halbwachs, mesmo que aparentemente particular (individual), a memória remete a um grupo; o indivíduo carrega em si a lembrança, mas está sempre interagindo na sociedade, já que “nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos” (2006, p. 30). RESGATANDO OS TRABALHOS MANUAIS Minha avó assentada na sala fazendo bico de crochê em pano de prato, não via a rua. E se o Joaquim dizia “tem dó de nós”, ela perguntava quem era. É o Zé Mosquito, é Terezinha, é João da Lucrecia, Ofélia, João de Deus, Zulma, Zé Calixto, Florianita mãe da Natália e do Natalino ele respondia. “Assim, minha avó sabia, mas não via, e continuava com sua agulha, enfeitando as margens, aparando as pontas.” (QUEIRÓS, 1995, p.21). “A mãe [...] nas horas vagas por volta do dia, com agulhas e linhas coloridas, bordava raminhos de flores singelas em pedaços de pano. [...] sua alegria ficava nos bordados.” (QUEIRÓS, 2003, p.43). REFLETINDO SOBRE O FRAGMENTO Qual é o assunto do fragmento? O que a avó estava fazendo? E a mãe? Por que as mulheres nas horas vagas vivem com agulhas e linhas? CONFRONTANDO COM A REALIDADE Você conhece alguém que faz trabalhos manuais? Que tipo de trabalhos manuais com linha, tecido ela/ele realiza? Fazer esse tipo de trabalho manual é algo do passado, do tempo das avós? Por quê? Você realiza algum tipo de trabalho dessa natureza? Gostaria de aprender? CURIOSIDADE – UM POUCO DE HISTÓRIA Alguns acreditam que o crochê originou-se na Arábia e se espalhou para o leste chegando até o Tibete, seguindo também para o oeste em direção à Espanha, por conta das rotas comerciais dos países árabes rumo aos países do Mediterrâneo. O reconhecimento do crochê como manifestação artística veio depois que a rainha Vitória aprendeu a fazer crochê; parte do estigma de que crochê era coisa para pobre acabou e o crochê evoluiu como uma forma de expressão artística. O mais antigo artefato em tricô encontrado na Europa foi desenvolvido por artesãos muçulmanos que trabalhavam como empregados de famílias cristãs e nobres da Espanha. Estes artesãos eram habilidosos tricoteiros. (Sim, porque na época, tricotar era um ofício masculino). Os primeiros pontos de tricô conhecidos aparecem em meados do século 16, em meias de seda tecidas (com duas agulhas), para Eleanora de Toledo, esposa de Cosimo de Medici; neste período também surgem os primeiros pontos rendados. O texto na sua íntegra está disponível em: http://aslantrendsbrasil.wordpress.com/2011/09/19/a-historia-do-croche/ Acesso em: 25 set. 2012. Veja alguns modelos de trabalhos manuais. . A receita está acessível em: http://maravilhasdocroche.blogspot.com.br/search/label/html. Acesso em: 29 set. 2012. O PAP está acessível em: http://arteminhacroche.blogspot.com.br/2008/02/pegador-depanela-de-croche-galinha.html. Acesso em: 29 set.2012. GINCANA RECREATIVA. Faça a coleta de retalhos de tecidos, papeis diversos, sobras de linhas, lãs e barbantes, para relembrarmos os tempos das nossas avós e realizarmos atividades ou trabalhos manuais que as mulheres faziam naqueles tempos. Não esqueça as agulhas, tesouras, régua, cola. Vamos organizar uma exposição com os materiais produzidos. MEMÓRIA SOCIAL. Como afirma Halbwachs, a memória individual é construída a partir das referências e lembranças próprias do grupo, refere-se, portanto, a um ponto de vista sobre a memória coletiva. Olhar este, que deve sempre ser analisado, considerando-se o lugar ocupado pelo sujeito no interior do grupo e das relações com outros meios sociais. (2006, p.55). MOMENTO RELAX Assista ao videoclipe/dramatização do grupo Atrás do Pano, sobre a obra Por parte de pai do escritor Bartolomeu Campos de Queirós. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=V2dKwZMI14Y&feature=related Acesso em: 10 set. 2012. O VIDEO E OLIVRO. Você consegue identificar, na apresentação, a que partes do livro se referem? Assista, agora, a um videoclipe sobre o livro Indez, de Bartolomeu Campos de Queirós. Disponível na íntegra no site: http://www.youtube.com/watch?v=HkJD7bgON8g. Acesso em: 22 set.2012. O que mais chamou a sua atenção no videoclipe? Com os colegas, comente o videoclipe a que você assistiu (músicas, frases em destaques, as imagens, as cores). SOBRE O LIVRO INDEZ. A obra Indez mostra a infância do narrador (personagem principal) desde o seu nascimento até o momento em que foi estudar na cidade. Descreve toda a cultura do interior de Minas gerais, os hábitos, os costumes, o comportamento, e a religiosidade do povo, bem como a vida de uma criança simples que vive no interior do país. “Não se trata apenas de uma narrativa sobre um menino do campo, mas da recriação de um universo quase desaparecido em nosso país que é o da infância marcada pelas brincadeiras tradicionais e pela cultura popular.” (REI, 2001, p. 156) O autor apresenta o ambiente rural mineiro, no qual o homem e a natureza andavam em sintonia, e um tempo marcado por rotinas ligadas ao trabalho de plantar e colher, enfim, um universo moldado por afetos e valores daquele grupo. O tempo também se faz presente na obra em destaque, na maneira com que o autor divide as partes do livro denominando-as: “Louvor da manhã”, “A força da hora nona”, “Plenitude do meio dia” e “As horas completas”, numa clara alusão às horas canônicas das orações dos padres e freiras. Assim, sua história amanhece, entardece, anoitece, completando o ciclo cronológico do tempo. (BRANDÃO, 2001, p.176). Quando lemos Indez, o texto nos faz lembrar a nossa própria infância e nos leva a pensar que também deixamos muitas pessoas e objetos que estiveram conosco e não estão mais, como colegas de infância que ficaram no longínquo passado, alguns que já morreram e que permanecem em nossa memória, em nossas lembranças e emergem em nós por meio do contato com os outros ou de situações sociais. É importante destacar que lembramos e esquecemos como membros de grupos e conforme os lugares que neles ocupamos ou deixamos de ocupar. Percebe-se, pela leitura da obra em destaque, a presença do fazer cotidiano nos pequenos acontecimentos, cada brincadeira, cada festa, a maneira como se curam as doenças e, nos grandes acontecimentos, como se nasce e como se parte, o ciclo da vida, que pode ser observado na leitura do seguinte trecho: “A infância brincava de boca de forno, chicotinho queimado, passa anel, ou corrida da cabra cega. Nossos pais nessa hora preguiçosa, liam o destino do tempo escrito no movimento das estrelas, na cor das nuvens, no tamanho da Lua. Parece que trabalhar com a memória é voltar a um tempo anterior, a um tempo de lembranças. Mas se está presente não pode ser memória, o tempo inteiro”. (QUEIRÓS, 2003, p.10). Nota-se a presença do amor pairando no ar de forma singela nos pequenos gestos e atitudes dos personagens no seu dia a dia, um amor puro e verdadeiro. ”Era silencioso o amor”. Podia-se adivinhá-lo no cuidado da mãe enxaguando as roupas nas águas de anil. Era silencioso, mas, via-se o amor entre os seus dedos cortando a couve, desfolhando repolhos, cristalizando figos, bordando flores de canela sobre o arroz doce nas tigelas. Lia-se o amor no corpo forte do pai, no seu prazer pelo trabalho, em sua mansidão para com os longos domingos. Era silencioso, mas escutava-se o amor murmurando - noite adentro - no quarto do casal. A casa, sem forro, deixava vazar esse murmúrio com aroma de fumo e canela, que invadia lençóis e dúvidas, para depois filtrar-se por entre telhas. Experimentava-se o amor quando, assentados no calor da cozinha - pai e mãe -falavam de distâncias, dos avôs, das origens, dos namoros, dos casamentos. E, quando o sono chegava, para cada menino em cada tempo, era o amor que carregava cada filho nos braços para a cama, ajeitando o cobertor por sob o queixo. (QUEIRÓS, 2003, p.23) O fragmento acima foi retirado da obra citada. Procure-a na biblioteca da sua escola O COTIDIANO POÉTICO. A ilustração não possui somente a função de explicar e ornamentar um livro, como também exerce a função de descrever, narrar e ativar a linguagem artística, primordial nos livros de Queirós. A montagem fotográfica no livro Indez constitui uma simulação que remete o leitor a responsabilidade de interagir com a imagem e as lembranças da infância no contexto da obra, para trabalhar com o imaginário e o resgate da memória. Os desenhos e as fotografias atraem o sentido da visão, pois as cores: amarelo, azul, vermelho, verde e branco presente na capa do livro Indez, se misturam num jogo de claro e escuro, contornado pelo branco e preto, formando sombras que aguçam o poder de imaginação do leitor. “Onde há cor, há luz, portanto a luminosidade é predominante nas imagens do livro de Queirós que são essencialmente poéticas e sugestivas, dialogando com a poeticidade dos textos narrativos” (LIMA, 1998, p.65) A ARTE NA CAPA Fonte: http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/index.html. Acesso em: 26 set. 2012. VOCÊ E O LIVRO. Antes de ler o livro, você acredita que o título tem alguma referência com a imagem da capa? Por quê? Você se lembra de algum desenho animado, contos de fadas ou outros textos em que aparece o arco-íris? Quais? Dá para imaginar que história está “escondida” nesse livro, através da imagem da capa? É IMPORTANTE SABER QUE... Indez é “um termo popular que designa um ovo que é deixado no ninho de uma ave, para que ela volte a pôr ovos naquele mesmo lugar; como chamariz para fazer a postura”. (HOUAISS, 200. p.411) LEITURA EM AÇÃO! “Foi na estação das águas que Antonio chegou. Dizem que nasceu antes do tempo. Pediram galinhas gordas emprestadas aos vizinhos. Secaram suas roupas no canto do fogão. Jogaram seu umbigo na correnteza. (No dia em que o umbigo da criança caía a parteira, madrinha de todos os nascimentos, o enterrava em lugar escolhido. Se no jardim com flores, a menina seria bela e boa jardineira; se na horta, o menino seria lavrador, se no curral, boiadeiro. O destino era assim escolhido sem outros inúteis anseios). Nasceu tão fraco que recebeu o batismo em casa, na correria, sem festas. Para padrinhos, escolheram casal de amigos bem próximos, com muitas desculpas. [...] Entre febres e defluxos, ungüentos e cataplasmas, Antonio assim começava a estar no mundo, amado pelos irmãos, pelos amigos da família e pelos presentes mais distantes. Também pudera quem não ia gostar de um menino nascido de improviso, sem respeitar o calendário. [...] Era preciso atravessar longas distâncias para buscar leite forte das cabras, protegê-lo contra as correntes de ar e sereno, banhá-lo em água morna de malva sem esquecer os chás de funcho, poejo, erva doce, marcela. E, se resmungava com mais freqüência, vinha Dona Luiza com um raminho de arruda, benzê-lo, ora de vento virado, ora de quebranto ou mau olhado. [...] E como não há nada melhor do que um dia depois do outro, Antonio ia ficando cada dia mais aprumado.” (QUEIRÓS, 2003, p.11-12). O texto na sua íntegra encontra-se em: QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Indez. 11. ed. Belo Horizonte: Miguilim, 2003. AMPLIANDO A COMPREENSÃO DO TEXTO. 1. Qual é o assunto do livro? 2. Em que local se passa a história? 3. Você consegue deduzir a época em que acontece essa história? 4. Quem são os personagens? 5. Por que o modo de tratamento dispensado ao menino Antonio era diferente, em relação aos irmãos? 6. Como o pai de Antonio se relacionava com ele? 7. Qual a necessidade das galinhas gordas, quando nascia uma criança? 8. Em que época o personagem Antonio veio ao mundo? 9. Como era a saúde de Antonio quando nasceu? CONTEXTUALIZANDO Você gostou da história? Acredita que essa história possa ter acontecido de verdade? Que parte achou mais interessante? Entreviste os pais ou familiares para saber em que circunstancias você chegou ao mundo. Escreva algumas linhas dando sua opinião a respeito dessa história, expondo em que medida ela o emocionou. MEMÓRIA SOCIAL De acordo com Halbwachs, há uma relação intrínseca entre a memória individual e a memória coletiva, visto que não será possível ao indivíduo recordar de lembranças de um grupo com o qual suas lembranças não se identificam. (2006, p.39). RELIGIOSIDADE NA OBRA INDEZ A família de Antonio era religiosa? Em que momento esta religiosidade é demonstrada? Você sabe o que é procissão e qual é o seu sentido? Já participou de uma procissão ou pelo menos já viu alguma na sua cidade? Quando a criança resmungava, o que faziam os pais? E hoje é a mesma coisa? Como eles agem? OS COSTUMES Em relação ao cordão umbilical, o texto apresenta uma maneira diferente de lidar com ele. Que destino teve o cordão umbilical de Antonio? De acordo com o texto, você imagina qual seria o destino do personagem Antonio? O que você entende por “nascer fora do calendário”? Como, supostamente, era decidido o destino das crianças no livro Indez? REMÉDIO CASEIRO X REMÉDIO DA CIDADE Quais foram os remédios caseiros usados para curar a tosse comprida (coqueluche) de Antonio? Para que servia o chá de sabugueiro? Qual a finalidade do sangue de tatu? Para que servia a água de sino da igreja, em dias de chuva? Que medicamentos da farmácia Antonio tomava de vez em quando? E as suas reações? Você conhece/usa algum tipo de remédio caseiro? Qual? Atualmente, você acha correto tomar remédio sem receita médica? Por quê? AS SIMPATIAS. Qual a finalidade do raminho de arruda? E o caso do chocalho de cascavel pendurado no pescoço? Para que servia o tijolinho preto e de que material era feito? Qual a maneira correta de utilizar o tijolinho? Para que servia ferradura mergulhada em brasas do fogão e ainda vermelha em fogo posto numa vasilha de leite? PESQUISANDO. Pesquise com seus familiares e amigos e traga, por escrito, algumas simpatias e o modo como proceder (e para que servem!). As superstições ou crendices são tradições populares de um povo, fundamentadas em pensamentos agoureiros, infundados sobre a relação de causa x efeito; são vestígios de um passado (nem tão) remoto, em que o ser humano tinha uma visão mágica do mundo, acreditando que diversos fatores sobrenaturais podiam interferir diretamente no seu dia-a-dia. Esse modo de pensar foi-se transmitindo de geração a geração, sem uma base no conhecimento científico. Pela oralidade acaba por ser incorporado no dia-a-dia de todos, traduzindo-se em hábitos e gestos. Por sua origem popular, as crendices e superstições também integram o folclore de um povo. São muitas as superstições e crendices do folclore brasileiro. O termo “superstição” tem origem no latim, onde superstitio comporta dois sentidos: o de sobrevivente, superstes, e o de desenvolver uma forma de crendice, superstare. A Crendice é uma crença no sentido pejorativo: denota fé considerada absurda ou supersticiosa. Disponível http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=311. 26 set.2012. em: Acesso em: EXPRESSÕES POPULARES / DITADOS / PROVÉRBIOS Converse com os colegas sobre o significado das expressões: De pequenino é que se torce o pepino. Pagar o pato. De cabo a rabo. Farinha do mesmo saco. Apressado come cru. O pior cego é o que não quer ver. Papagaio come milho, periquito leva fama. Em casa de ferreiro, espeto de pau. PESQUISANDO Agora, pesquise outros ditos populares e traga por escrito para socializar com os colegas e expor no mural da sala. CURIOSIDADE Santinha do pau oco Significado: Pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Histórico: Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal. Cor de burro quando foge A frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor” Disponível em: http://culturanordestina.blogspot.com.br/2009/06/overdadeiro-significado-de-alguns.html. Acesso em: 02 out. 2012 AS BRINCADEIRAS A obra Indez mostra os gestos e brincadeiras que a família faz com Antonio; essas brincadeiras auxiliam no desenvolvimento da sensibilidade. No mundo ainda não bombardeado pela rapidez da informação, e sem a onipresente televisão, as famílias se sentavam ao lado do fogão de lenha para conversar e brincar. Esta atividade era uma forma de diversão para toda a família, auxiliando para estreitar os laços afetivos, de respeito, e de amor. Na boca da noite, quais eram as brincadeiras que entretinham as crianças? Você se imagina brincando do mesmo jeito (mesmas brincadeiras) que o personagem Antonio? Por quê? Converse com seus colegas sobre as brincadeiras que você costumava brincar na sua infância. Depois, compare com as brincadeiras descritas na obra em análise. INFORMAÇÃO As cantigas de Roda são um tipo de canção popular que estão relacionadas à brincadeira de roda. Elas são conhecidas por serem músicas extremamente simples de serem executadas e coreografadas, com rimas que facilitam a memorização e compreensão. De cunho popular, as cantigas foram criadas e transmitidas de geração em geração, utilizadas para representar alguma brincadeira. Por serem adaptações de canções existentes em certa época, portando de autoria indefinida, as cantigas de roda são de domínio público, ou seja, pertencem às tradições de um povo. Com letras baseadas na temática infantil, tornando-se elementos fundamentais para o enriquecimento cultural. Disponível em: http://www.infoescola.com/folclore/cantigas-de-roda/ Acesso em: 11 out. 2012 Assista, agora, a um videoclipe sobre cantigas de roda para relembrar ou aprender como foi visto na obra de Bartolomeu Campos de Queirós Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KLNiIJRerUg&feature=related. Acesso em: 11 out. 2012. A CANTIGA DE RODA Fonte. http:// www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 11 out. 2012. Nesta Rua Nesta rua, nesta rua, tem um bosque Que se chama, que se chama, Solidão Dentro dele, dentro dele mora um anjo Que roubou, que roubou meu coração... Pai Francisco Pai Francisco entrou na roda Tocando o seu violão Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão! Vem de lá Seu Delegado Vem de lá Seu Delegado E Pai Francisco foi pra prisão. Como ele vem todo requebrado Parece um boneco desengonçado... As letras e as melodias das músicas na sua íntegra estão acessíveis em: http://www.infoescola.com/folclore/cantigas-de-roda/ Acesso em: 11 out. 2012. A EDUCAÇÃO FAMILIAR Conforme Lima (1998), o pai e a mãe foram a primeira escola. Eles sabiam lições que foram lidas ou escutadas de pessoas mais sábias, que viveram em reinos de primavera. (QUEIRÓS, 2004, p. 18). A mãe ensina muito e mostra uma alegria frente à vida, brincando com os filhos de forma que as atividades se tornassem menos cansativas. A mãe demonstra todo o carinho e toda a ternura familiar do ambiente em que o nosso personagem vivia. “Assim ia crescendo o nosso personagem (ciclo natural da vida) e à medida que crescia sua imaginação ultrapassava as montanhas que circundavam a casa, a escola, e na busca de outros mundos que ele ia conhecendo nos livros”. (LIMA, 1998, p.74) PUXANDO PELA MEMÓRIA... Você sabe o que é cantiga de roda? Na sua infância, você brincou de cantiga de roda? Consegue lembrar-se de alguma cantiga de roda? Qual? Em sua opinião, por que as cantigas de roda caíram no esquecimento? Vamos brincar de cantigas de roda? Pesquise sobre cantigas de roda e traga por escrito para socializar com os colegas e expor no mural da escola. CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO Com a mãe, os filhos aprenderam a brincar. Ela fazia de tudo ficar mais alegre. Se era longa a distância, ela brincava de contar estacas da cerca, de correr atrás da sombra, de andar no ritmo dos escravos de Jó. Se alto era o morro, quem chegar primeiro é o mais bonito e vira anjo, gritava correndo. [...] em tarde de domingo, sempre muito longas, e vestidas de sossego, a mãe se fazia criança para os filhos. Com anilinas para doces, a mãe coloria as águas do tanque, uma cor de cada vez e mergulhava as alvas galinhas legornes em banho colorido: azul, verde, amarelo, vermelho, roxo. Em pouco tempo o quintal, como por milagre, era pátio de castelo, povoado de aves, agora raras, desenhadas em livro de fadas. Ficava tudo um encantamento. [...] ao fazer biscoitos, massa pronta, ela distribuía pedaços com os meninos. Cada um fazia seus bichos, suas frutas: coelho, laranjas, serpentes, tatus, bonecos, cachorros. Depois ela assava ou fritava, perguntando: querem os bonecos louros ou morenos? Foi assim brincando que ela ensinou os meninos a fazer e a comer a Bandeira Nacional, quando faltava carne. Ela servia os pratos com chuchu verdinho – afogado com água da mina – arroz e mais ovo frito, enquanto recomendava: está no prato o verde das montanhas. Se misturar o arroz e a gema, vira ouro. O prato é esmaltado de azul. Está tudo pronto. Assim, Antonio aprendeu a fazer bandeira.” (QUEIRÓS, 2003 p.57). CURIOSIDADE Galinha legornes: raça de galinha poedeira oriunda do Mediterrâneo. FONTE: http: www.pt.wikipedia.org/wiki/ Acesso em: 15 nov.2012. INTERAGINDO COM O TEXTO. Você já fez algum animal, fruta ou outro desenho com massa de biscoito ou outro tipo de massa? Qual? DESVENDANDO A CULINÁRIA MINEIRA. Frango com quiabo Fonte:http://www.receitastipicas.com/receitas/frango-comquiabo.html. Acesso em: 18 out. 2012. Ingredientes. 1 quilo de quiabo. um frango inteiro, cortado em pedaços, três dentes de alho amassados uma. cebola grande bem picadinha, uma xícara (chá) de óleo, uma colher (sobremesa) de colorau, pimenta a gosto, sal a gosto e cheiro verde a gosto. Modo de Preparo:Tempere o frango com o alho amassado, sal, pimenta e colorau. Se desejar, acrescente uma colher (sopa) de vinagre. Deixe marinar na geladeira por, aproximadamente, 30 minutos. Preparando o quiabo: Lave o quiabo e seque com um pano, deixando-o bem sequinho. Pique em rodelinhas finas. Em uma panela, aqueça uma xícara de óleo. Acrescente o quiabo picado e deixe refogar até que não tenha mais nenhuma baba (tenha paciência, porque a baba sai; este processo leva cerca de 20 minutos) Mexa de vez em quando, com cuidado para o quiabo não desmanchar. Quando estiver sem baba, desligue o fogo, espere amornar e coe, para retirar o óleo. Reserve somente o quiabo. Preparando o frango: Em uma panela, aqueça duas colheres (sopa) de óleo e doure muito bem a cebola, como se estivesse queimando (isso fará com que solte um corante natural no frango). Junte o frango e deixe-o fritar muito bem. Quando estiver bastante dourado, junte três xícaras de água fervente, ou um tanto que quase cubra o frango. Deixe cozinhar em fogo médio, com a panela semi-tampada por mais ou menos 20 minutos, ou até que o frango esteja bem macio. Junte o quiabo reservado e deixe apurar até que fique encorpado. Se estiver com muito caldo, aumente o fogo e deixe secar um pouco mais. Verifique se está bom de sal e por último, junte o cheiro verde. Disponível em: http://www.receitastipicas.com/receitas/frango-com-quiabo.html. Acesso em: 18 out. 2012. Mais receitas nos sites: http://www.deliciasdacozinhamineira.com.br/. Acesso em: 18 out. 2012. VOCÊ E A CULINÁRIA. Pesquise, na internet ou juntos aos familiares/vizinhança, uma receita típica de sua cidade natal ou a receita do prato que você mais gosta de saborear. Traga por escrito, para socializar com os colegas e expor no mural da sala. O VALOR DO REGISTRO ESCRITO. Para que a receita culinária da família não se perca no tempo, traga a receita de uma comida que aprendeu a preparar, e que ainda não tem o registro por escrito, para que outras pessoas possam aprender, e que este registro garanta a manutenção deste saber/sabor através do tempo! PRIMEIRO DIA DE AULA [...] “ao abrir seu embrulho na noite de natal, Antonio ficou espantado: um estojinho de madeira com tampa que corria e dentro um apontador, dois lápis com borracha na ponta, uma caneta de molhar e ainda cadernos brancos e caixas de lápis de cor. Teve medo do ano que diziam perto de começar. [...] Por estradas, trilhos e atalhos chegava-se à escola. Era uma sala caiada de branco, com janelas para os dois lados e chão coberto de cimento liso. Sem forro, tornava-se mais clara e limpa. [...] cercada de montanhas por todos os cantos, a escola recebia meninos de todas as direções. Era um lugar tranqüilo, visitado pelo mugido do gado, canto de passarinho, gritos de grilos e cigarras. Antonio chegou de uniforme novo: calça de brim azul marinho, camisa de fustão branco com bolso. Recolhia flores no caminho para enfeitar a mesa da professora. [...] Mas o melhor da escola era o final da aula. Depois de copiar do quadro os pontos e os deveres de casa, Dona Aurora, a professora, mandava guardar os objetos. E na frente da turma ela abria o livro. Lia mais um pedaço da história que falava de primavera, verão, outono e inverno”. (QUEIRÓS, p.70-73). BUSCANDO NA MEMÓRIA... Como foi o seu primeiro dia de aula? A sua escola era parecida com a do texto? Descreva. Em que local ela se situa? Você lembra o nome da sua primeira professora? Que parte da escola você mais gostava? Na sua infância, quem contava historias para você? Que tipo de histórias você gostava de ouvir? Por quê? O que será que torna uma história tão interessante? LEMBRE QUE... Segundo Halbwachs, para que a memória dos acontecimentos não se disperse e não se percam, deve ocorrer à fixação por escrito das narrativas, pois os escritos permanecem, enquanto as palavras e o pensamento morrem. (2006, p. 101). ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS Caro colega: Este material foi produzido com o intuito de desenvolver o interesse dos alunos pela leitura, ampliando a capacidade de pensar e agir de forma consciente e crítica, como sujeitos ativos e participantes nas relações por eles vivenciadas, pois a leitura abre caminhos e possibilidades de transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano, seus saberes e fazeres, em diferentes contextos históricos sociais, além de resgatar a memória e a cultura do individuo. Por isso, os textos e as atividades selecionadas primam por sua clareza e objetividade na exposição das ideias, com encaminhamentos que permitem novas perspectivas para a abordagem de leitura junto aos educandos, visando à construção de conhecimentos, a fim de que os alunos venham a fazer ligações dessas leituras com a própria realidade. Nesse sentido, para favorecer o encontro entre os livros e alunos, optou-se pela leitura se obras cuja temática se aproximasse dos alunos e suas experiências de vida. Daí a escolha dos livros Por parte de pai e Indez do escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, que permitem o resgate da memória pessoal e social dos alunos, valorizando a sua cultura e seus conhecimentos. Em cada obra foram enfatizadas atividades de leitura, compreensão e reflexão sobre o texto, enfatizando aspectos culturais e fatos presentes na memória das personagens que ultrapassam a barreira do livro (tempo) e podem ser confrontadas com a nossa realidade, lembranças da infância/passado. Assim, as atividades da Unidade Didática estão planejadas a partir de uma situação inicial em que os alunos demonstrarão seus conhecimentos prévios através de questões orais e escritas, por meio de estratégias diferenciadas que venham a incentivar e motivar os alunos a narrar suas histórias, confrontando com a leitura das obras de Bartolomeu Campos de Queirós. Os painéis com os provérbios, ditos populares, receitas culinárias, trabalhos manuais, remédios caseiros, crendices, cantigas de roda – pesquisada e efetuada pelos alunos – e as produções de texto serão afixados no corredor da escola, à disposição de outros leitores, proporcionando a todos o resgate da memória pessoal e social. No decorrer do projeto, de acordo com os textos estudados, será montada uma exposição de fotografias do início da colonização da cidade, objetos e materiais pertencentes à época e palestra com pioneiros remanescentes. Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais e em respeito aos dispositivos legais da Lei dos Direitos Autorais nº 9610/98, disponibilizo apenas fragmentos das obras, músicas, indicação de vídeos e filmes, nesta Unidade Didática. Disponibilizo as referências e endereços de sites para que os interessados possam aprofundar sobre o tema e ter acesso ao material na sua íntegra, para a realização das atividades desta unidade. REFERÊNCIAS ASLAN. História de trabalhos manuais. Disponível em: http://aslantrendsbrasil.wordpress.com/2011/09/19/a-historia-do-croche/. Acesso em: 25 set.2012. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 41. ed. São Paulo: Cultrix, 1997. _____. O ser e o tempo na poesia. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1977. _____. O tempo e os tempos. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. BOSI, Ecléa. História de sua vida. Disponível em: http//: www.comciencia.br/resenhas/memoria/velhos.html. Acesso em: 15 out. 2012. _____. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. BRUNO, Andréa. Trabalhos manuais. http://maravilhasdocroche.blogspot.com.br/search/label/html. Acesso em: 29 set. 2012 Disponível em: Cantigas de rodas. Disponível em: http://www.infoescola.com/folclore/cantigas-deroda/ Acesso em: 11 out. 2012. CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Anália Cochar. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 1995 _____. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2003. CARVALHO, Alexandre Gustavo da Silva. Opinião sobre a obra – o que significou pra mim. In: EVANGELISTA, Aracy Alves Martins. Escolarização da leitura literária. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 153-154. CASTRO, José de. Recortes do pensamento de Bartolomeu Campos de Queirós. PREÁ, Revista de Cultura, Natal, n. 4, p. 37-39, dez. 2003. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/arte/fundamentos/arte-explica-vida-426395.html. Acesso em: 05 out.2012. EVANGELISTA, Aracy Alves Martins; BRANDÃO, Heliana Maria Brina; MACHADO, Maria Zélia Versani (Orgs). Escolarização da leitura literária. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. EXPRESSÕES Populares. Disponível em: http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=311. Acesso em: 26 set.2012 http://culturanordestina.blogspot.com.br/2009/06/o-verdadeiro-significado-dealguns.html. Acesso em: 02 out. 2012. FIGURAS. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/index.html. Acesso em: 11 out. 2012. FIGURAS. Disponível em: http://www.portaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em: 15 nov. 2012. FONSECA, Maria Nazareth Soares. Infância e devaneios: uma leitura de Indez, Por parte de pai e Ler, escrever e fazer conta de cabeça. In: EVANGELISTA, Aracy Alves Martins. Escolarização da leitura literária. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 159-170. GRUPO Atrás do pano, Teatro da obra Por parte de pai. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=V2dKwZMI14Y&feature=related. Acesso em: 10 set. 2012 HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2006. HOUAISS. Antonio: VILLAR. Mauro. Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. LIMA, Ebe Maria de. Literatura sem fronteiras: uma leitura da obra de Bartolomeu Campos de Queirós. Belo Horizonte: Miguilim,1998. LUCAS, Fábio. Bartolomeu Campos de Queirós – escritor. In: Caleidoscópio portal cultural: artistas. Belo Horizonte. Disponível em: http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/index.html. Acesso em: 02 ago. 2012 MARTINS, Maria Celeste. A arte explica a vida. Nova Escola, São Paulo, abr. 2001. Disponível em http://www.fja.rn.gov.br/arquivos/revistaprea4.pdf. Acesso em: 13 out. 2012. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da educação básica, língua portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. POSSENTI, Sírio. Provérbios alterados: Conexão Linguagem, Guia do Professor. Disponível em: sistemas. www.ft.unicamp.br/mec/ano/2/audio/AP011/jogos/SP21 e. www.ft.unicamp.br/mec/audio.php?ano=1&id=AP007. Acesso em: 20 set.2012. PROVERBIOS. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/proverbios.html. http://www.otimismoemrede.com/proverbios.html. Acesso em: 22 set. 2012 ou QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Biografia. Disponível em: http://www. Caleidoscópio. art.br/bartolomeuqueiroz/release2.html. Acesso em: 05 set.2012. _____. Entrevista. Disponível http://www.descubraminas.com.br/entrevista/det_noticia.asp?id_noticia=1365 http://www.ecofuturo.org.br/premio/blog/show/53. Acesso em: 07 set 2012. em: ______. Indez. 11. ed. Belo Horizonte: Miguilim, 2003. ______. Por parte de pai. Belo Horizonte: RHJ, 1995. ______. Foram muitos, os professores. In: ABRAMOVICH, Fanny (org.). Meu professor inesquecível: ensinamentos e aprendizagens contados por alguns dos nossos melhores escritores. São Paulo: Editora Gente, 1997. RADIO Poeta. Trecho do livro "Por Parte de Pai". Disponível em: Acesso em: 20 set.2012. http://www.youtube.com/watch?v=s9F4yjxUJFA. RECEITAS. Frango com quiabo. Disponível em: http://saberesesaboresdeminas.blogspot.com.br/2012/02/receita-mineira-frangocom-quiabo.html. ou http://www.deliciasdacozinhamineira.com.br/. Acesso em: 18 out. 2012. RECEITAS mineiras http://www.deliciasdacozinhamineira.com.br/. ______. http://www.receitastipicas.com/receitas/frango-com-quiabo.html. Acesso em: 18 out. 2012. REIS, Ercimar de Souza. A inocência e a sabedoria na obra de Bartolomeu Campos de Queirós. In: EVANGELISTA, Aracy Alves Martins. Escolarização da leitura literária. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 155-157. ROSA, Nely. As histórias de Bartolomeu. Disponível http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/ palavras 14 Acesso em: 07 set 2012 SANTOS, Claudinha.Trabalho em crochê. Disponível http://arteminhacroche.blogspot.com.br/2008/02/pegador-de-panela-de-crochegalinha.html. Acesso em: 29 set.2012. em: .html. em: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. TRABALHOS Manuais. Disponível em: 71073/crochê.html. Acesso em: 29 set.2012. http://www.creatiblogs.pt/post/fid- VIDEOCLIPE, Bom Conselho. Chico Buarque de Hollanda. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=XUE-2gzvwZY http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/bom-conselho.html Acesso em: 24 set.2012. VIDEOCLIPE. Cantigas de roda. Se esta Rua. Composição de Villa Lobos Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KLNiIJRerUg&feature=related. Acesso em: 11 out. 2012. VIDEOCLIPE. Fazenda musica de Milton Nascimento. Disponível em: http://letras.mus.br/milton-nascimento/47426/?domain_redirect=1. Acesso em: 22 set.2012. Videoclipe Indez. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HkJD7bgON8g. Acesso em: 22 set.2012 YUNES, Eliana. Leituras, experiência e cidadania. In: YUNES, Eliana e OSWALD, Maria Luiza (org.). A experiência da leitura. São Paulo: Loyola, 2003.