Departamento de Matemática e Ciências Experimentais Física e Química A – 10.º Ano Atividade Prático-Laboratorial – APL 2.1 Assunto: Soluções como se preparam? Introdução teórica 1. Soluções verdadeiras As soluções verdadeiras ou, simplesmente, soluções são misturas homogéneas de duas ou mais substâncias, constituindo uma só fase. Uma solução obtém-se a partir da dissolução do soluto (fase dispersa) no solvente (fase dispersante). Soluto + Solvente Solução Para identificar o soluto e o solvente de uma solução existem regras práticas que foram estudadas no módulo inicial. Nas soluções: as partículas constituintes, quer do soluto quer do solvente, são em média inferiores a 1 nm e podem ser átomos, moléculas ou iões. Como tal, não são visíveis ao microscópio normal nem sequer com um microscópio de alto poder de resolução; não se podem separar os diferentes componentes (soluto e solvente) com nenhum tipo de filtro; as soluções podem existir em qualquer dos estados físicos da matéria. A grande maioria das soluções existe no estado líquido e resultam da dissolução de gases, líquidos ou sólidos em líquidos. De entre as soluções líquidas, as mais comuns são as soluções aquosas, que são aquelas em que o solvente é a água. No entanto, todas as misturas de gases são soluções gasosas e todas as ligas metálicas são soluções sólidas. A composição quantitativa de uma dada solução pode variar; depende das quantidades de soluto e de solvente nela presentes. Por isso, as soluções não apresentam propriedades físicas bem definidas. As quantidades de soluto e de solvente existentes numa dada solução podem relacionar-se entre si através de uma grandeza física, que é a concentração. Uma das grandezas mais vulgarmente utilizadas em Química é a concentração molar. A concentração molar define-se como sendo a quantidade (número de moles) de soluto existente numa unidade de volume de solução e representa-se por c. c -3 n V -3 A unidade SI de concentração é mol m mas, a unidade mais usual é mol dm . A concentração de uma solução também pode relacionar a massa do soluto com o volume da solução em que esse soluto está contido. Neste caso, temos a concentração mássica ( ou cm). As soluções podem ser classificadas em três categorias: diluídas, concentradas e saturadas. Quanto maior for a quantidade de soluto presente num dado volume de solução, maior é a sua concentração. Por isso, nas soluções mais concentradas existe maior quantidade de soluto do que nas soluções diluídas, para um mesmo volume de solução. 1 Há ainda a considerar as soluções saturadas, que são as que contêm a quantidade máxima de soluto dissolvido, a uma dada temperatura. Caso se adicione mais soluto à solução já saturada, o soluto em excesso precipitará. A maior ou menor facilidade com que a solução se satura depende da solubilidade dos solutos. A preparação de soluções de concentração bem definida efetua-se quer pela dissolução de compostos sólidos, quer pela diluição de soluções com concentração conhecida. Diluição de soluções Diluir uma solução aquosa consiste em diminuir a sua concentração, por adição de mais água desionizada. Ao proceder-se a uma diluição deve ter-se em conta o fator de diluição que indica a razão existente entre o volume final da solução diluída e o volume inicial da solução mãe ou a razão entre a concentração da solução mãe e a concentração da solução diluída. Fator de diluição VSolução diluída VSolução mãe c Solução mãe c Solução diluída 2. Soluções coloidais As soluções coloidais, dispersões coloidais ou, simplesmente, coloides são misturas de duas ou mais substâncias que, embora à vista desarmada pareçam conter uma única fase, quando observadas por processos específicos de análise mostram ser constituídas por mais do que uma fase. Um coloide faz a transição entre as misturas heterogéneas e as soluções verdadeiras. A maior parte das soluções coloidais consistem numa mistura de duas fases não miscíveis, em que a fase considerada dispersa está em suspensão no seio da outra, na forma de pequenas gotículas, que podem ser observadas a um microscópio de alto poder de resolução. Nas soluções coloidais: a fase dispersa é constituída fundamentalmente por conjuntos de átomos, moléculas ou iões e, em média, as suas dimensões variam entre 1 nm e 1 µm. as partículas podem ser separadas por centrifugação a alta velocidade. São alguns exemplos de soluções coloidais: - o sangue; - o leite; - as tintas; - alguns nevoeiros, constituídos por gotas de água muito pequenas (fase dispersa) no ar (fase contínua); - o enxofre coloidal (S8) em água. Esta última solução coloidal pode obter-se pela reação entre a solução aquosa de tiossulfato de sódio e o ácido clorídrico e origina enxofre sólido coloidal. A equação que traduz esta reação é: 8 Na2S2O3 (aq) + 16 HCl (aq) S8 (s) + 8 SO2 (g) + 16 NaCl (aq) + 8 H2O (l) 2 Efeito de Tyndall Num coloide, as partículas dispersas são muito pequenas, parecendo, por vezes, uma solução. Um modo de distinguir um coloide (solução coloidal) de uma solução é fazer incidir lateralmente um feixe de luz como mostra a figura. As partículas da solução coloidal vão difundir a luz incidente, isto é, ficam visíveis. A difusão de luz pelas partículas de um coloide consiste no efeito de Tyndall. Trabalho laboratorial 1ª Parte 3 Como preparar 100,0 cm duma solução aquosa de tiossulfato de sódio penta-hidratado com a -3 concentração de 0,030 mol dm ? Dado: M (Na2S2O3.5H2O) = 248,20 g/mol Procedimento 1. Determina-se a massa, m, de soluto que é necessário dissolver, com base na concentração e no volume da solução que se pretende preparar. 2. Mede-se rigorosamente a massa de soluto calculada anteriormente, retirando esta para um copo de precipitação que se encontra em cima da balança, com o auxílio de uma espátula. 3. Adiciona-se ao soluto um pouco de água desionizada e agita-se com a vareta, de modo a dissolver, o mais possível, o soluto. 4. Coloca-se o funil e o respetivo suporte na boca do balão volumétrico e, com a ajuda da vareta, verte-se a solução para dentro do balão. 5. Lava-se o copo de precipitação com mais um pouco de água desionizada e verte-se de novo essa solução para dentro do balão de diluição. Repete-se este procedimento as vezes que forem necessárias, de modo a que nenhum soluto fique no copo. 6. Rolha-se e agita-se o balão para proceder à homogeneização da solução. 7. Uma vez terminada a dissolução acrescenta-se água desionizada ao balão: primeiro com o esguicho, até perto do traço de referência e, em seguida, com uma pipeta de Pasteur até ao traço de referência. 8. Por fim, rolha-se novamente o balão, agita-se para proceder à homogeneização da solução e coloca-se um rótulo com a sua identificação, nomeadamente: nome da substância e respetiva fórmula química, concentração, identificação do grupo e data. O procedimento pode traduzir-se pelo seguinte diagrama de fluxo: 3 2ª Parte Preparar 100 mL de solução, a partir da anterior, com fator de diluição 2; 2,5; 4 e 5 Procedimento 1. Calcula-se o volume a retirar da solução anteriormente preparada, de acordo com o fator de diluição pretendido e o material disponível. 2. Utilizando uma pipeta e uma pompete ou uma pró-pipeta, transfere-se o volume de solução atrás calculado para outro balão volumétrico de capacidade conhecida, como mostra a figura. 3. Acrescenta-se água desionizada ao balão: primeiro com o esguicho, até perto do traço de referência e, em seguida, com uma pipeta de Pasteur, até ao traço de referência. 4. Rolha-se e agita-se o balão para homogeneizar a solução. Por fim, rotula-se devidamente o balão. O procedimento pode traduzir-se pelo seguinte diagrama de fluxo: 3ª Parte Preparação de uma dispersão coloidal a partir da solução de tiossulfato de sódio pentahidratado preparada anteriormente. Procedimento 1. Transferir para um tubo de ensaio a solução de tiossulfato de sódio penta-hidratado 0,030 mol dm -3 (encher até 50% da capacidade do tubo). -3 2. Adicionar cerca de 2 mL de HCI 1 mol dm à solução de tiossulfato de sódio. 3. Apagar as luzes do laboratório. 4. Verificar que em pouco tempo a mistura líquida começa a ficar turva e se se fizer incidir um raio de luz laser no sistema coloidal a luz será refratada pelas partículas (efeito de Tyndall). Discussão de resultados Elabore um relatório sucinto, que deverá comtemplar unicamente os seguintes pontos: o Material/equipamento utilizado; o Cálculos efetuados; o Referência a possíveis erros cometidos durante as experiências; o Cuidados de segurança a ter em conta. Prof. Luís Perna 4