JAN / FEV / MAR 2015 • No 1 • ANO XXXIX
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Editorial
E
Tranquilidade, ética e dignidade
m nome da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o Boletim deseja a todos os
associados um excelente ano de 2015.
Esperamos que nós todos tenhamos sucesso e
tranquilidade em um ano que desponta com possibilidades de agitação política, econômica e até
mesmo social. Em meio a incertezas, numa sociedade cada vez mais hesitante, que todos tenhamos
a possibilidade de manter nossa profissão com
ética e dignidade. Sabemos da importante função
social que temos em relação ao país.
Reiteramos a intenção de o Boletim da SBR ser
o principal meio de comunicação entre a sociedade e o associado. Assim, inauguramos a seção
Balancete, que apresentará as movimentações
financeiras da SBR.
Destacamos também a participação nacional no
encontro anual do American College of Rheuma-
tology, mostrando mais uma vez a qualidade da
produção científica nacional, além de reforçar a
inserção brasileira na reumatologia internacional.
Na seção Profissão Reumato, considerações sobre
a importância da nutrição na prevenção e no
tratamento das doenças reumáticas. Na coluna
Em nossa memória, homenagens ao professor
João Manuel Cardoso Martins e ao dr. Wagner
Weidebach.
A partir deste número, teremos também a Coluna Neubarth, um espaço para que o ex-presidente
da SBR, Fernando Neubarth, agracie-nos com a
força de sua literatura. As demais seções mantiveram suas características, trazendo as conhecidas
e preciosas contribuições do dr. Seda, do dr. José
Marques e do dr. Plínio.
Boa leitura a todos e um ano repleto de realizações!
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE
REUMATOLOGIA
Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2014-2016
Presidente
César Emile Baaklini – SP
Tesoureiro
José Roberto Provenza – SP
Secretário-geral
José Eduardo Martinez –SP
Vice-Tesoureiro
Luiz Carlos Latorre – SP
1º Secretário
Silvio Figueira Antonio – SP
Diretor científico
Paulo Louzada Jr. –SP
2º Secretário
Washington Alves Bianchi – RJ
Representante junto à Panlar
Adil Muhib Samara – SP
Antonio Carlos Ximenes – GO
Fernando Neubarth – RS
Maria Amazile Ferreira Toscano – SC
Representante junto ao Ministério da Saúde
Ana Patrícia de Paula – DF
Mário Soares Ferreira – DF
Representante junto à AMB
Eduardo de Souza Meirelles – SP
Gustavo de Paiva Costa – DF
Ivone Minhoto Meinão - SP
Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94
01402-000 – São Paulo - SP – Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986
www.reumatologia.com.br
@ [email protected]
Coordenação editorial
Edgard Torres dos Reis Neto
Jornalista responsável
Maria Teresa Marques
Editores
Tania Caroline Monteiro de Castro
Renê Donizeti Ribeiro de Oliveira
Sandra Hiroko Watanabe
Layout
Sergio Brito
Colaborador
Plinio José do Amaral
Impressão
Sistema Gráfico SJS
Tiragem: 2.000 exemplares
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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ÍNDICE
Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia
4
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8
9
10
13
14
16
18
20
22
Notas
ACR 2014
O melhor do Brasil
Agenda – A charge do Plínio
Profissão Reumato
Reumato.com
Rheuma & Ethos
Em nossa memória
Coluna Neubarth
Coluna Seda
Além da Reumatologia
3
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N ota s
Novo manual
aborda
Reumatologia
para
residentes
O
Equipe que colaborou para a elaboração do manual.
serviço de Reumatologia do Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC) lançou em dezembro de
2014 o “Manual de Reumatologia para Residentes”, coordenado pela professora titular em Reumatologia do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal do Ceará
(UFC), dra. Marta Maria das Chagas Medeiros.
O manual é dirigido, principalmente, para residentes de
Reumatologia, mas também para os de outras áreas clínicas e
estudantes. O conteúdo da publicação foi baseado em evidências científicas e nas experiências dos preceptores do serviço
de Reumatologia do HUWC da Faculdade de Medicina da
UFC. O objetivo do manual é trazer as informações mais
necessárias no dia a dia dos residentes, de maneira prática
e direta. Essas informações, no entanto, devem ser utilizadas apenas como um guia na prática reumatológica, pois a
decisão clínica diante de cada paciente específico passa pelo
julgamento clínico judicioso e tratamento individualizado.
Os capítulos são estruturados em abordagens dos pacientes com determinadas queixas (dor articular, monoartrite,
poliartrite, dor na coluna, fenômeno de Raynaud, fraqueza,
dor difusa, vasculite) e em assuntos muito importantes na
prática dos residentes (exame físico musculoesquelético,
laboratório em reumatologia, terapêutica medicamentosa
em reumatologia, emergências reumatológicas, critérios
classificatórios e métricas).
Os colaboradores do manual foram: dra. Ana Paula de
Menezes Cunha, dr. Carlos Ewerton Maia Rodrigues, dra.
Fernanda Nogueira Holanda Ferreira Braga, dra. Ídila Montalverne Xavier de Oliveira, dr. José Gerardo Araújo Paiva,
dr. Leonardo Ribeiro Sampaio, dra. Mailze Campos Bezerra,
dra. Marta Maria das Chagas Medeiros, dra. Raquel Telles
de Souza Quixadá e dra. Sheila Márcia de Araújo Fontenele.
A impressão da publicação contou com total apoio financeiro da Sociedade Cearense de Reumatologia (SCR), gestão
2012-2014, cujo presidente foi dr. Eyorand Andrade. A SCR
está enviando gradativamente exemplares para os serviços
de Reumatologia do Brasil para serem distribuídos entre os
seus residentes.
Brasileira ganha concurso português de fotografia
A psicóloga Vera Marques, esposa do reumatologista
José Marques Filho, autora da foto “Angústia”, foi a
vencedora do concurso Crônicas da Dor.
Promovido pela Liga Portuguesa Contra as Doenças
Reumáticas (LPCDR), em parceria com a Associação Nacional de Farmácias, a FNAC Portugal e o Metropolitano
de Lisboa, o concurso objetivou revelar o outro lado da
dor, convidando os participantes a dar sentido à diversidade de emoções, aos sentimentos e comportamentos
que ganham força na presença da dor.
A cerimônia de premiação ocorreu durante o XVII
Fórum de Apoio ao Doente Reumático (11de outubro de
2014). O prêmio foi entregue a Vera Marques pelo dr. Augusto Faustino (reumatologista, presidente da LPCDR).
Foto premiada clicou estátua de
cemitério, de autor desconhecido.
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BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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Prêmio de Incentivo em Ciências
e Tecnologia para o SUS-2014
O
estudo intitulado “Antinuclear
antibodies: two-step detection
strategy” ganhou o prêmio de Incentivo
em Ciências e Tecnologia para o SUS2014, uma iniciativa da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE/
MS), representada pelo Departamento
de Ciência e Tecnologia (Decit).
O prêmio tem por objetivo reconhecer
e premiar pesquisadores que desenvolvem projetos voltados para a área
de ciência e tecnologia em saúde com
potencial de incorporação pelo SUS. É
um incentivo para estimular a produção
científica direcionada às necessidades
de saúde da população. A solenidade
de premiação ocorreu em novembro de
2014, em Brasília.
Os autores, vencedores do prêmio,
são: dra. Maria Roseli Monteiro Callado,
dra. Maria Nancy de Alencar Barroso,
Vania Maria Alves, Maria Arenilda de
Lima Abreu, dra. Lívia M. Mesquita Mororó Muniz e dr. José Rubens Costa Lima.
Estudo:
• Categoria: Trabalho científico
publicado, recebendo
Menção Honrosa
• Periódico: Immunological
Investigations, 43(1): 86-95, 2014.
• Título: Antinuclear antibodies:
two-step detection strategy
• Trabalho realizado no Hospital
Geral de Fortaleza - Ceará.
• Aplicabilidade ao SUS
Dra. Maria Roseli Callado, uma
das autoras de trabalho premiado.
A pesquisa de anticorpos antinucleares (ANA) por imunofluorescência
indireta (IFI) em HEp-2 é o método de
referência para ANA. Ensaios automatizados processam grandes volumes de
amostras de maneira rápida, com menor
custo e chance de erro humano, justificando o interesse nestas metodologias.
BalaNcEtE
A Sociedade Brasileira
de Reumatologia divulga
balancete - Gestão
2014/2016 - 28/02/2015
e Demonstrativo do
Resultado do Exercício Gestão 2014/2016
(Valores em reais)
Demonstrativo do Resultado do Exercício
Gestão 2014/2016
Receitas
1.366.192,91
Anuidades
6.598,58
Financeiras
528.463,24
Patrocínios
92.500,00
Eventos Oficiais
Despesas
Administrativas
738.631,09
1.239.388,73
698.733,95
Atividades
314.173,83
Publicações
226.480,95
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
31/08/2014
ATIVO
DISPONÍVEL
Caixa
126.804,18
12.756.983,04
4.075,47
448,23
98.595,07
Investimentos ADM
8.555.222,51
7.956.140,11
Investimentos FAP
4.482.298,74
4.698.172,36
605.289,16
1.341.078,26
Anuidades
366.996,00
335.787,67
Adiantamentos – Regionais
104.120,00
258.777,50
Resultados – Eventos
134.173,16
746.513,09
843.221,28
843.221,28
843.221,28
843.221,28
CRÉDITOS
IMOBILIZADO
Imóveis – Sede SP
PASSIVO
14.487.893,68
14.941.282,55
FORNECEDORES
20.457,82
0,00
OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS
17.763,38
19.555,29
Contribuições
Saldos de salários
RETENÇÕES TRIBUTÁRIAS
Tributos
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Superávit
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13.039.383,24
28/02/2015
14.941.282,55
1.413,76
Bancos – Conta movimento
Patrimônio Social Acumulado
Superávit
14.487.893,68
6.427,98
6.666,16
11.335,40
12.889,13
1.960,25
848,92
1.960,25
848,92
14.447.712,23
14.920.878,34
10.964.706,27
14.794.074,16
3.483.005,96
126.804,18
5
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d E s taq u E
Brasileiros no ACR 2014
No período de 14 a 19 de novembro de 2014, foi
realizado na cidade de Boston, EUA, o American College
of Rheumatology Annual Meeting (Congresso Americano
de Reumatologia). Trata-se do maior congresso da
especialidade realizado atualmente e, para muitos,
também o melhor. Temas de ciência básica, novos
métodos diagnósticos e tratamentos foram destaque.
Nem mesmo as temperaturas próximas de
0°C foram capazes de esfriar o ânimo dos
reumatologistas brasileiros, que mais uma vez
se sobressaíram com debates de alto nível em
apresentações orais e na forma de pôster.
Deliciem-se abaixo com os trabalhos apresentados!
Parabéns a todos os pesquisadores brasileiros!
Universidade de São Paulo / USP
• Reduction of Ovarian Reserve in Adult Patients with
Dermatomyositis.
• Does Previous Corticosteroid Treatment Affect the Inflammatory
Infiltrate Found in Polymyositis Muscle Biopsies?
• Frequency and Risk Factors for Recurrent Falls in CommunityDwelling Elderly: A Population-Based Prospective Cohort Study in
Brazil. The São Paulo Ageing & Health (SPAH) Study.
• High Incidence of Non-Vertebral Osteoporotic Fracture and Hip
Fracture in Brazilian Low-Income Community-Dwelling Elderly:
A Population-Based Prospective Cohort Analysis from the São
Paulo Ageing & Health (SPAH) Study.
• Human Papilloma Virus and Chlamydia Trachomatis Infections in
Rheumatoid Arthitis Under Anti-TNF Therapy.
• Incidence and Risk Factors for Osteoporotic Vertebral Fracture
in Low-Income Community-Dwelling Elderly: A Population-Based
Prospective Cohort Study in Brazil. The São Paulo Ageing & Health
(SPAH) Study.
• Long-Term Evaluation of NT-Probnp Levels in Ankylosing
Spondylitis Patients Under TNF Blockers: A Marker of Persistent
Disease Activity?
• Lower P1NP Serum Levels: a Predictive Marker of Bone Loss
after One-Year Follow-up in premenopausal SLE Patients.
• Serum Adipokines in Dermatomyositis: Correlation with Risk
Factors Associated to Cardiovascular Diseases and Metabolic
Syndrome.
• Subclinical Right Ventricle Systolic Dysfunction By TwoDimensional Speckle-Tracking Echocardiography in ChildhoodOnset Systemic Lupus Erythematosus Patients.
• Trabecular Bone Impairment Assessed By HR-pQCT in JuvenileOnset Systemic Lupus Erythematous with Vertebral Fractures.
• Visceral Fat Measured By Dual-Energy X-Ray Absorptiometry
Is Associated with Increased Risk of Non-Spine Fractures in
Nonobese Elderly Women: a Population-Based Prospective Cohort
Analysis from the São Paulo Ageing & Health (SPAH) Study.
• A Randomized Double-Blind Placebo-Controlled Trial of
Vitamin D Supplementation in Juvenile-Onset Systemic Lupus
Erythematosus: Improvement in Disease Activity and Fatigue
Scores.
• Abatacept Related Infections: No Association with
Gammaglobulin Reduction.
Universidade Estadual de Campinas / Unicamp
• Macrophage Activation Syndrome: A Severe and Frequent
Manifestation of Acute Pancreatitis in Childhood-Onset Compared
to Adult Systemic Lupus Erythematosus Patients.
• Disease Phenotype Is Associated with TH1, TH2 and TH17
Cytokines in Childhood-Onset Systemic Lupus Erythematosus.
• Metabolic Syndrome in Young Premenopausal Female Lupus
Patients Is Mainly Influenced By Therapies.
• Metabolic Syndrome Features Can Influenciate Cognitive
Functions and Brain Lesions in Childhood-Onset Systemic Lupus
Erythematosus.
• Metabolic Syndrome, Adipocytokines and Inflammation in
Sjögren’s Syndrome.
• Overexpression of Ankyrin Repeat Domain Containing Protein 1
Gene (ANKRD1) in Polymyositis Muscle Biopsies Is Correlated to
Hypoxia.
• Positive HLA-B27 in Juvenile Spondyloarthritis Is Associated to
Early Sacroiliitis and Progression to Ankylosing Spondylitis.
• RANKL and OPG Gene Polymorphisms: Association with
Vertebral Fractures and Bone Mineral Density in Premenopausal
Systemic Lupus Erythematosus.
6
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• Neurofilament H Is Associated with White Matter Lesions in
Childhood-Onset Systemic Lupus Erythematosus.
• Prevalence and Features of Metabolic Syndrome in Systemic
Sclerosis.
• Reduction of Cerebral and Corpus Callosum Volume in Systemic
Sclerosis. a Volumetric Magnetic Resonance Imaging Study.
• Sense of Smell, Anti-Ribosomal P Antibodies and
Neuropsychiatric Manifestations in Systemic Lupus Erythematosus.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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• Serum Neuronal Biomarkers and Brain Atrophy in ChildhoodOnset Systemic Lupus Erythematosus.
• Th1 and Th2 Cytokines Are Associated with Cerebral Atrophy in
Systemic Lupus Erythematosus.
Universidade Federal de São Paulo / Unifesp
• Impact of Sleep Disorders in Quality of Life, Pain and Disease
Activity Using Actigraphy and Pittsburgh Sleep Quality Index
(PSQI)in Female with Systemic Lupus Ertyhematosus (SLE).
• Resistance Training in Patients with Psoriatic Arthritis Improves
Function, Disease Activity and Quality of Life.
• Selective Consumption of C2 Component in HCV Patients.
Santa Casa de São Paulo
• Analysis of Vitamin D Receptor Gene Polymorphisms and Bone
Mineral Density in a Population of Women with Rheumatoid
Arthritis in Use of Steroid.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Uerj
• Angiogenic and Antiangiogenic Factors in Patients with Systemic
Lupus Erythematosus.
Estudos Multicênctricos com autores do Brasil
• Plasma of Patients with Active Behçet´s Disease (BD) Increases
Neutrophil Extracellular Trap Formation, Oxidative Metabolism and
NADPH-Oxidase Expression in Normal and BD Neutrophils, and
Carries Several Neutrophil Stimulating Factors.
• IRF8 Gene Contributes to Disease Susceptibility and Interacts
with NF-KB By Modulating Interferon Signature in Patients
with Systemic Sclerosis.
• Impact of Geographic Variation on the Risk of Digital Ulcers
Development in Systemic Sclerosis: A Brazilian Multicenter
Registry.
• Key Roles for Mir-155 and Mir-21 in Progressive Lung Fibrosis
Associated with Systemic Sclerosis (SSc-ILD). Romy Christmann1
• Mycophenolic Acid and Ribavirin Induces Cytoplasmic
Autoimmunogenic Rods and Rings Structures in Vivo.
• Nailfold Videocapillaroscopy in Healthy Children and
Adolescents: Description of Patterns of Normality. Daniela Piotto1,
Hippocampal Atrophy Is Associated with Anti-NR2 Antibodies in
Patients with Systemic Lupus Erythematosus and Primary Sjögren’s
Syndrome.
• Humoral Immune Response to Pneumococcal Polysaccharide
Vaccine in SLE Patients on Immunosuppressive Therapy:
Assessment of Serotypes without Protective Antibody Levels.
• HLA-DRB1*1101, Regulatory Variants of the MHC, and a
Regulatory Region Near an Intergenic Long Noncoding RNA on
Chromosome 1 Are Risk Factors for Systemic Juvenile Idiopathic
Arthritis.
• Initial Benchmarking of the Quality of Medical Care of
Childhood-Onset Systemic Lupus Erythematosus.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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• A Hybrid Conjoint Analysis Model Is Proposed As the Definition
of Minimal, Moderate and Major Clinical Improvement in Juvenile
Dermatomyositis Clinical Trials.
• Single Hub and Access Point for Pediatric Rheumatology in
Europe (SHARE): Evidence Based Recommendations for Diagnosis
and Treatment of Juvenile Localized Scleroderma and Juvenile
Systemic Sclerosis.
• Antiphospholipid Syndrome Alliance for Clinical Trials and
International Networking (APS ACTION) Clinical Database and
Repository Initial Analysis..
• Attribution Protocol and Clinical Significance of Neuropsychiatric
Manifestations in.
• Clinical and Psychological Correlates of Sleep Difficulties in
Patients with Spondyloarthropathies Compared to Patients with
Rheumatoid Arthritis.
• Discoid Lupus Onset and Decrease Risk of Renal Disease in
Patients with Systemic Lupus Erythematosus: Data from a Large
Latin American Cohort.
• Dissecting the Heterogeneity of Macrophage Activation
Syndrome.
• Identification of “autoinflammatory interferonopathies”?
A New Class of Autoinflammatory Conditions?
• Impact of Depression on Clinical and Social Outcomes in
Patients with Rheumatoid Arthritis: Comparative Study in
Germany and Brazil.
• A Multi-Center, Double-Blind, Randomized-Withdrawal
Trial of Subcutaneous Golimumab in Pediatric Patients with
Active Polyarticular Course Juvenile Idiopathic Arthritis Despite
Methotrexate Therapy: Week 48 Results.
• Denosumab Restores Cortical Bone Loss at the Distal Radius
Associated with Aging and Reduces Wrist Fracture Risk: Analyses
from the Cross-over Group in the Extension of the Denosumab
Pivotal Fracture Trial.
• Effects of Blisibimod, an Inhibitor of B Cell Activating Factor, on
Patient Reported Outcomes and Disease Activity in Patients with
Systemic Lupus Erythematosus.
• Efficacy and Safety of Tofacitinib Following Inadequate
Response to Nonbiologic DMARD or Biologic DMARD.
• Impact of Anti-Drug Antibody on Efficacy and Safety over Week
24 in Both CT-P10 and Innovator Rituximab Treatment Groups.
• Odanacatib Anti-Fracture Efficacy and Safety in
Postmenopausal Women with Osteoporosis: Results from
the Phase III Long-Term Odanacatib Fracture Trial.
• Prediction of Remission and Low Disease Activity in DMARDRefractory Patients with RA Treated with Golimumab.
• Percentage of Women Achieving Non-Osteoporotic BMD
T-Scores at the Spine and Hip over 8 Years of Denosumab
Treatment.
• The Efficacy and Safety of Tocilizumab Subcutaneous Q2W and
Following Escalation from Q2W to QW Therapy in Combination
with Traditional Dmards in Patients with Moderate to Severe
Rheumatoid Arthritis at 96 Weeks.
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o
mElhor do
Brasil
Notícias das regionais
ParaNá
Eleita nova diretoria da SPR – gestão 2015/2017
N
o dia 29 de novembro de 2014,
a Sociedade Paranaense de
Reumatologia realizou eleições para
sua nova diretoria referente ao biênio
2015/2017. Na ocasião, foi eleita
a chapa União pela Reumatologia
composta por:
•
•
•
•
•
•
Presidente: dr. Marco Antônio Araujo da Rocha Loures
Vice-Presidente: dr. Fernando Augusto Chiuchetta
Secretário Geral: dra. Madeleine Rose Luvison Gomes da Silva
1.a Secretária: dra. Lilia Moraes Benazzi
Tesoureiro: dra. Marilia Gameiro Barreto Silva
1.º Tesoureiro: dr. Marcelo de Loyola e Silva Avelar Fonseca.
• Comissão Científica
Coordenador: dr. Valderílio Feijó Azevedo
Membros:
dra. Carolina de Souza Muller, dr. Paulo Roberto Donadio
e dr. Antonio Carlos Monteiro Ribas.
s a N ta c ata r i N a
Quiz reumatológico ilustrou jornada catarinense
D
urante a Jornada Catarinense de Reumatologia 2014, a Sociedade
Catarinense de Reumatologia (SCR) realizou um interessante
evento denominado Reumatologistas na Berlinda. Trata-se de um quiz
de questões sobre a reumatologia, elaborado e apresentado aos reumatologistas presentes para ser respondido, com premiação aos ganhadores.
Para este ano, a sociedade catarinense prevê realizar cinco reuniões
científicas, sua Jornada Catarinense de Reumatologia 2015 e uma jornada
inédita de cardio-reumatologia, cuja data ainda não está confirmada.
8
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Participantes da jornada
de 2014 (esq. para dir.):
dr. Ivânio Alves Pereira,
dra. Mara Suzana Loreto
Gomes de Pinho,
dr. Gláucio Ricardo Werner
de Castro, dr. Pedro Weingrill
e dra. Rejane Leal Conceição
da Costa Araújo.
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agENda
EsPÍrito saNto
www.reumatologia.com.br
EVENTOS NACIONAIS
18/04/2015 - 20/04/2015
6º Bradoo - Congresso Brasileiro
de Densitometria Osteoporose e
Osteometabolismo
Curitiba, PR
Toma
posse
nova
diretoria
da Sores
23/04/2015 – 25/04/2015
Jornada Centro-Oeste de Reumatologia
Goiânia, GO
30/04/2015 - 02/05/2015
XXI Encontro de Reumatologia Avançada
São Paulo, SP
07/10/2015 - 10/10/2015
XXXII Congresso Brasileiro de
Reumatologia
Curitiba, PR
EVENTOS INTERNACIONAIS
15/04/2015 até 17/04/2015
Primeiro curso de revisão em
Reumatologia do PANLAR
Colômbia
A nova diretoria:
dra Letícia,
dra Aline,
dr. Luiz Fellipe
e dra Érica.
07/05/2015 - 08/05/2015
VIII Simpósio Internacional de
Reumatologia e IV Congresso
Panamericano de Espondiloartrites
Venezuela
No dia 2 de março de 2015, tomou posse a nova diretoria da
Sociedade de Reumatologia do Espírito Santo (Sores).
São membros do corpo diretivo os seguintes reumatologistas:
• Presidente: dra. Aline Coelho Moreira da Fraga
• Secretária: dra. Letícia Resende Brandão
• Diretor-científico: dr. Luiz Fellipe Favoreto Genelhu
• Tesoureira: dra. Érica Vieira Serrano
Pará
10/06/2015 – 13/06/2015
The Annual European Congress of
Rheumatology/Eular 2015
Roma, Itália
02/09/2015 até 06/09/2015
Lupus 2015
Viena, Áustria
06/11/2015 – 11/11/2015
ACR/ARHP Annual Meeting 2015
São Francisco, Califórnia, EUA
A CHARGE DO PLÍNIO
Aprovada a primeira
residência em
Reumatologia no Pará
O Ministério da Educação (MEC)
aprovou a primeira residência em
reumatologia do Estado do Pará.
As atividades da residência tiveram
início em março de 2015, com uma
vaga. Trata-se do primeiro Serviço
de Residência em Reumatologia do
Estado em 40 anos de existência da
regional do Pará.
A residência é coordenada pelo
dr. Cezar Caldas, com participação
do dr. Otavio Paz, da dra. Fabiola
Brasil e da dra. Tayana Ribeiro.
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P r o f i s s ã o r E u m ato
Nutrição em reumatologia e
Karin Sedó Sarkis*
A reumatologia não
se restringe ao osso e
a nutrição voltada às
doenças reumáticas
não se limita ao estudo
do metabolismo do
cálcio e da vitamina D.
“
Atualmente, com maior
difusão e acesso dos
meios de comunicação,
há uma preocupação
relevante em que se
fazem necessários
o bom senso e
discernimento na
informação obtida e
em suas comprovações
científicas”
* Nutricionista doutora pela
Faculdade de Saúde pública da
USP em parceria com a Disciplina
de Reumatologia da Unifesp.
Contatos: www.aknutri.com.br
ou 97572-3728
10
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A
o mencionar nutrição na área de reumatologia, grande parte das pessoas
fazem associação com consumo de cálcio,
vitamina D e osteoporose. Porém, a atuação
do profissional de nutrição estende-se além
desta esfera.
Claro que oferta de cálcio e vitamina D,
em quantidades adequadas, associadas a um
estilo de vida saudável, contribui sobremaneira para prevenção de perda e manutenção
da massa óssea. Porém, a reumatologia não
se restringe ao osso e a nutrição voltada às
doenças reumáticas não se limita ao estudo
do metabolismo do cálcio e da vitamina D.
Mesmo porque, atualmente são conhecidos
outros fatores além dos nutricionais que
influenciam a massa óssea.
São várias as atribuições da nutrição.
Auxiliar na adequação do peso corporal de
uma maneira leve e prazerosa, corrigindo
distúrbios de imagem corporal, muitas
vezes um fator limitante para esses pacientes. Além disso, adequar a consistência
alimentar, principalmente nos casos de
pacientes com disfagia e outras doenças que
possam levar a alteração na deglutição. A
orientação na boa escolha dos alimentos é
fundamental, levando-se em consideração
também o sabor e a preferência do paciente.
É de suma importância ainda a orientação acerca da possível interação dos efeitos
dos inúmeros medicamentos muitas vezes
administrados e suas possíveis interações
com os alimentos (por exemplo, uso de
anticoagulantes a alimentos ricos em vitamina K), assim como guiar o paciente de
maneira adequada a optar por preparações
que auxiliem na prevenção de doenças cardiovasculares, tais como aterosclerose e o
diabetes mellitus, comorbidades cada vez
mais prevalentes nas doenças reumáticas
autoimunes.
Restrições alimentares
Vale ainda ressaltar que, como vivemos em um mundo com conteúdo
de fácil acesso digital, cabe ao profissional também direcionar o paciente
na busca por informações e fontes
fidedignas. As restrições alimentares
devem ser orientadas de acordo com o
diagnóstico da doença apresentada. Por
exemplo, na gota, doença que cursa com
hiperuricemia e depósito de cristais de
monourato de sódio nas articulações,
faz-se necessária a orientação correta de
quais alimentos realmente influenciam
nos níveis de ácido úrico. Quebrar os
tabus e tranquilizar o paciente faz parte
da nossa área de atuação; enfim, o feijão
não precisa ser excluído de sua alimentação e muito menos o tomate e o limão!
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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a envolve vários aspectos
Diversos estudos têm tentado demonstrar efeitos de uma alimentação equilibrada no funcionamento do sistema
imune com um efeito anti-inflamatório,
auxiliando na prevenção da atividade
e no controle de inúmeras doenças
reumáticas, como espondilite anquilosante, lúpus eritematoso sistêmico,
artrite reumatoide, artrite psoriásica,
doença de Behçet, dentre outras. Quem
já não ouviu dizer que o alimento “X”
ou “Y” é um ótimo anti-inflamatório?
Perfeito!?!?! Então todos poderão consumir e quanto mais consumirem mais
efeito benéfico terão? Não podemos
generalizar, pois ainda faltam evidências
científicas concretas nestas situações.
Não existe alimento milagroso. Nenhum
alimento age de maneira isolada. Sempre
se deve levar em consideração o perfil do
paciente e os alimentos que apresentam
maior poder dentro de um plano alimentar equilibrado; caso contrário, de nada
adiantará. Dessa forma, o acompanhamento nutricional deverá se dar de modo
individualizado e planejado.
Atualmente, com maior difusão e
acesso dos meios de comunicação, há
uma preocupação relevante em que se
fazem necessários o bom senso e discernimento na informação obtida e em suas
comprovações científicas.
Dietas da moda, como a sem glúten,
sem lactose, dieta Dukan, dentre outras,
na sua maioria, carecem de estudos
científicos bem elaborados. Além de
muitas vezes não serem nem um pouco
saborosas, podem impactar de maneira
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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extremamente negativa nestes pacientes.
Devem ser indicadas somente em casos
específicos, em que sejam identificadas
doenças que necessitem de uma dieta sem glúten e/ou sem lactose, por
exemplo.
Respeitar o paciente é fundamental!
Conhecer seu estilo de vida, seus hábitos
e suas preferências é imprescindível. As
variedades de cores e a diversidade de
sabores que os alimentos proporcionam,
nas quantidades corretas, respeitando
as necessidades calóricas e de porções
nutricionais, podem ser a forma mais
prazerosa no auxílio à prevenção e ao
controle de doenças.
O nutricionista é o profissional que
pode estar ao seu lado nesse processo
para lhe orientar.
11
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P r o f i s s ã o r E u m ato
Por que me tornei reumatologista?
Influência dos mestres pesou na decisão
Nesta edição, o presidente e o tesoureiro da SBR, César Emile Baaklini e José Roberto Provenza,
respectivamente, falam sobre os fatores que os levaram à escolha pela reumatologia. Interessante notar
que ambos mencionam influência de preceptores e professores.
César Emile Baaklini
Presidente da Sociedade Brasileira
de Reumatologia
O meu interesse pela Reumatologia
começou durante a minha graduação, quando iniciei meu contato com
a Medicina Interna e me identifiquei
com ela. Nessa época para mim o
exercício da medicina só valeria a
pena se fosse exercida nessa área.
Na medida em que fui evoluindo no
curso, observei que a especialidade
que mais se aproximava da Medicina
Interna era a Reumatologia. Assim,
resolvi fazer residência de Clínica
Médica, quando então durante esse
período decidi me especializar em
Reumatologia.
Fiz meu estágio optativo no serviço
de Reumatologia do professor Castor
Cobra na Ortopedia da USP e após
o término da residência fui estagiar
nesse serviço. O estímulo para que
eu seguisse esse caminho se deveu
à influência de dois preceptores durante a residência: dr. Horácio Cesar
Piazzo e dr. Ivan Carlquist, que nos
estimulavam a estudar imunologia,
fazendo reuniões semanais com o
dr. Samuel Koperstich, um grande
estudioso dessa área.
Finalmente, após o término desse
período, resolvi voltar para Marília
minha cidade natal, onde iniciei minha atividade docente na Faculdade
de Medicina de Marília, criando o
serviço de Reumatologia.
12
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“
“
Na medida em que fui evoluindo
no curso, observei que a especialidade
que mais se aproximava da Medicina
Interna era a Reumatologia.”
O desejo de aprofundar-se em
uma determinada área está
muito ligado à admiração que
temos pelos nossos mestres.”
César Emile Baaklini
José Roberto Provenza
José Roberto Provenza
Tesoureiro da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Quando alguém me pergunta por que
escolhi a reumatologia, confesso que fico
meio confuso e demoro a responder.
Acredito, em primeiro lugar, que quando
estamos na graduação não temos muita
noção de onde começa e onde termina
uma determinada especialidade.
Fixamos, na maioria das vezes, a nossa
atenção principalmente na referência
daqueles que nos ensinam. O desejo
de aprofundar-se em uma determinada
área está muito ligado à admiração que
temos pelos nossos mestres. A empatia
favorece muito o entendimento e a nossa
escolha pela especialidade que iremos
seguir. Desta forma, saímos daquela
obrigação do saber para o prazer do
conhecimento e da formação.
Em 1978, tive a honra de conhecer
dois especiais entusiastas da reumatologia: drs. Osmar Gross Schweller e
Alvaro Pascoal Filho, afiadíssimos na
didática e no comprometimento com a
qualidade do ensino. Recordo que eram
aulas que dispensavam os livros, tamanha a organização do conteúdo. Não
dispensei a chance de prestar a prova
de monitoria, na qual, aliás, por pouco
não chego atrasado! Minha primeira
grande sorte!
Além das boas referências e dos bons
exemplos que me influenciaram, queria
muito compreender as dores que afetavam o aparelho osteoarticular, que não
fossem somente as de origem traumática. Daí a vontade de entrar em uma área
extremamente interessante, intrigante,
mas sobretudo muito complexa onde
poucos se aventuram: a imunologia.
Minha segunda grande sorte foi ter
sido aceito para cursar a especialidade
na Unicamp, onde há um dos mais respeitados serviços de reumatologia do
país. Aqui tive todo o suporte da minha
formação com os profs. Samara, João
Francisco, Lilian Costallat, Miranda, e
muitos outros que me ajudaram durante
todo este período.
Por fim, fiz a escolha certa da especialidade e, melhor ainda, fui presenteado por poder fazer parte desta família
especial que é a Reumatologia!
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
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r E u m ato . c o m
Convidamos os reumatologistas a acessarem o portal da
SBR - http://www.reumatologia.com.br - , em que vários
temas de interesse da área estão à disposição para consulta.
Unifesp abre ambulatório de síndromes auto-inflamatórias
Em 2015, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
iniciou, no setor de reumatologia pediátrica, as atividades de
um ambulatório de investigação diagnóstica das síndromes
auto-inflamatórias na infância e na adolescência.
Após discussões dos casos em equipe, são oferecidos aos pacientes
os melhores tratamentos disponíveis no momento.
http://www.reumatologia.com.br/index.asp?Per
fil=&Menu=DoencasOrientacoes&Pagina=notic
ias/in_noticias_resultados.asp&IDNoticia=314
Guia de bolso para exames laboratoriais
Sabe aquele livro enorme e de
grande utilidade, com todos os testes
de laboratório e suas indicações,
interpretações e tudo mais? Pois é, já
existe um desse na forma de aplicativo.
É o Pocket Guide to Diagnostic Tests,
do qual há uma versão gratuita,
menor, e uma completa, que pode ser
comprada por US$ 39.99.
https://play.google.com/store/apps/
details?id=com.unbound.android.pg6el
Atlas 3D de anatomia
músculo-esquelética
O Skeleton Essencial 3 é um aplicativo totalmente
em 3D, o que significa que você pode facilmente
manipular o esqueleto e os ossos individuais, bem
como visualizá-los de forma isolada a partir de
qualquer ângulo. Navegação simples e fácil, com
interface intuitiva. Permite ainda criar e salvar
visualizações personalizadas, além de possuir várias
opções de busca e capacidade de compartilhar
informações. O melhor de tudo, é gratuito.
https://itunes.apple.com/us/app/essential-skeleton3/id623811668?mt=8
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rhEuma & Ethos
Professor João Manuel Cardoso Martins
(1947-2014)
MEDICINA E ARTE
Homenagem da Comissão de Ética e Disciplina da Sociedade Brasileira de Reumatologia
José Marques Filho
Membro da Comissao de Ética da Sociedade Brasileira
de Reumatologia e da Sociedade Paulista de Reumatologia.
Introdução
“O que temos a mostrar é o que vão ler. Um
pouco de mim. Nas circunstâncias, foi o melhor
que consegui fazer, atento às melhores intenções
dos leitores. Sei, bem sei que o inferno está cheio
de boas intenções, como dizia São Bernardo.
Mas prefiro arder nas brasas da crítica a nada
fazer. Sempre me propus desafios, e não seria no
ocaso de uma existência que fugiria ao dever de
contribuir para um modo de existir mais lógico e
ético, baseado em provas e bom senso, a bússola
da dúvida, primazia do pensamento, sem deixar
de falar de flores raras”.
Moral e ética
“Se você é ético, e é o que desejamos, e
vive num meio não ético, o preço a pagar será
enorme, às vezes brutal. Por isso, os deveres
(moral) têm que estar sendo sempre lembrados,
por mais moralistas que pareçamos. E a ética
sempre treinada, já que é ação, para que possa
ser introjetada e se incorpore, faça parte de sua
natureza. Muito bem, agora você quer saber se
seu amigo, parceiro, ou que seja, é ético, certo?
Lá vai. Verifique se muda sempre o seu discurso,
isto é, se não há uma constância básica, um fio
condutor, sem que isso signifique compromisso
com o erro; se não diz uma coisa e faz outra; se
confunde privilégios públicos ou institucionais
com sua vida privada; e se não é omisso, ou seja,
se aparece em crises”.
Professor João Manuel Cardoso
Martins: eloquente e serena sabedoria
14
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Até quando?
“A conversa e o toque são a base da medicina.
Mais do que isso, são sua essência. Mas estamos
perdendo essa arte. Em breve, estará em extinção, apesar dos apelos de praxe. Não? Então
considere. Faça uma pesquisa, levando a sério
a Medicina Baseada em Evidências, e depois de
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ANOTAÇÕES NECESSÁRIAS
(reflexões à guisa de provocações)
“Toda mentalidade
radical, por recusar
a complexidade,
é sempre pueril”.
“Use o hábito
e a razão
como aliados.
E coloque
uma pitada de
emoção”.
computar os trabalhos disponíveis chegará à conclusão de que construir uma boa história clínica
significa fazer, em média, 80% dos diagnósticos.
Some à história clínica o exame físico e terá mais
10%. Noventa por cento de diagnóstico com
conversa e toque. E não é força de expressão; são
provas baseadas em trabalhos bem conduzidos
comumente com clínicos gerais ingleses (general
practitioners), à disposição de qualquer um que
queira ser isento. Os 10% restantes dependem
de tecnologia aplicada à prática médica, desde
um exame bioquímico simples a uma imagem de
alta definição. De última geração, naturalmente”.
Seja tolerante e calmo
“Para ser médico precisa-se de tolerância. Com
os muitos chatos de corpo mole que só querem
atestados e uma folgazinha para o nada. Folgados
de todos os tipos, forjando encostos repetitivos e
se insurgindo contra análises justas ou critérios
impessoais. Tolerância com os alexitímicos e
firmeza com os que têm ganhos secundários,
para que descubram seus autoembustes. Tolerante com sua própria intolerância que pode
demonstrar arrogância ou onipotência, podre
fazeres de plenos poderes. Para ser médico é
preciso ter calma. Não a calma amortalhada do
silêncio dos inocentes, mas a quietude de quem
raciocina e concentra o siso. Mesmo quando
a entrevista suscita o riso. Para ser médico é
preciso ser inteiro, mesmo quando fragmentado
por dentro, quando a dor de seus amores ilude
a isenção e a firmeza diante do risco cirúrgico.
Para ser médico é preciso ser bom sujeito. Sem
encolher o peito para inovar, tendo jeito para
fazer o certo apesar dos reclamos dos pacientes,
dos convênios ou do governo de plantão. Todos
transitórios como a movediça ciência. Bom sujeito na arte múltipla e não evanescente”.
“Espaços mais
apropriados à
reflexão dos
médicos: hospital
e necrotério”.
Horror e encanto
“Terá a medicina as certezas de D. Quixote? Não.
É uma ciência de probabilidade, não cabendo a falta
de dúvidas com o que, dizia o filósofo, começamos
a pensar. Terá então a postura hamletiana da dúvida
permanente o seu eixo evolutivo? Não; essa dúvida
metafísica paralisa, não permite ação, o paciente
não espera. Será então a ação do Fausto goethiano
a chave do progresso médico, ao se vender pelo
saber, poder e pela riqueza? Mera quimera, que
pode de fato enriquecer, mas não constrói uma ação
centrada nas necessidades e/ou possibilidades do
paciente. Conquanto as conquistas técnicas da medicina continuam sendo mais arte que ciência. Não
pode, pois, ser reduto do clínico, logo médico; ou
do opero, logo reparo. Portanto, não é nada disso
isoladamente e é tudo isso a um só tempo, no seu
conjunto orgânico do fazer médico. Necessita de
certezas, por mais transitórias que sejam, sem o que
não há prática; precisa de dúvidas para continuar
buscando novos horizontes em suas pesquisas. E
usa o movimento da ação para conjugar as duas.
Ensina o que sabe, pesquisa o que ainda desconhece, reavalia permanentemente tudo e age no que
se supõe sensato à saúde individual e coletiva. É
essencial que, ao termos as certezas quixotescas,
as temperemos com as dúvidas do príncipe da
Dinamarca, e que não sejamos possuídos pela
ação como arma de guerra, querendo endireitar
aquilo que, às vezes, é torto por natureza e que
seria melhor não tocar. Essa falta de proporção ou
arrogância científica, que não leva em consideração
o fator humano, pode se voltar contra si própria,
ser autodestrutiva, uma versão moderna da hybris
da tragédia grega a fulminar seus praticantes”.
“
Sei, bem sei
que o inferno
está cheio de
boas intenções,
como dizia São
Bernardo. Mas
prefiro arder nas
brasas da crítica
a nada fazer.”
“
Para ser médico
precisa-se de
tolerância.
Com os muitos
chatos de
corpo mole
que só querem
atestados e
uma folgazinha
para o nada.”
Referência
Martins JMC. Primeiras Impressões.
Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2013.
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“Somos imperfeitos,
jamais conseguiremos
adquirir toda a informação
disponível. Isso deveria
nos trazer certa
humildade intelectual”.
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Em Nossa mEmória
Professor João Manuel Cardoso Martins
(1947-2014)
Tributo em um princípio
básico de astronomia
F
az frio em Boston. Congresso
Americano de Reumatologia, 2014.
A noite faminta afugenta o vibrante
colorido de suas árvores, enquanto antigas luminárias revelam uma nostalgia
pungente nas ladeiras de Beacon Hill.
A notícia vem a galope, a tristeza desliza rápida em forma de mensagem na
caixa de e-mail. Falecera, na madrugada
daquela terça-feira, 18 de novembro,
no Hospital Santa Cruz, em Curitiba,
o amigo João Manuel Cardoso Martins.
Ergo os olhos para o céu e ouço estrelas. Atropelam-me os versos de Olavo
Bilac: “(...) E abro as janelas, pálido de
espanto... E conversamos toda a noite,
enquanto a Via Láctea, como um pálio
aberto, cintila. E, ao vir do sol, saudoso
e em pranto, inda as procuro pelo céu
deserto. Direis agora: “Tresloucado
amigo! Que conversas com elas? Que
sentido tem o que dizem, quando estão
contigo?” E eu vos direi: “Amai para
entendê-las! Pois só quem ama pode
ter ouvido capaz de ouvir e entender
estrelas”.
João Manuel Cardoso Martins nasceu
em 24 de junho de 1947 numa pequena
vila em Portugal, tendo emigrado ainda
menino para o Brasil no início dos anos
50. Filho de José e Maria do Carmo
Martins que se radicaram em Londrina,
norte do Paraná. Apesar das dificuldades
inerentes à condição de emigrados, realizou o sonho de tornar-se médico, que o
tempo comprovaria mais do que sonho
– uma vocação. Formou-se em Curitiba
em 1971 e logo passou a integrar o corpo
docente da então Faculdade Católica,
hoje PUCPR.
16
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Médico, professor, especialista em
Clínica Médica e Reumatologia, mas
também poeta, escritor, João Manuel
sempre foi o que eu defino um autêntico
e verdadeiro humanista, sem medo de
errar nessa afirmação. Desde cedo, ainda
como estudante, já se fazia conhecer
através de um jornal acadêmico, “O Crânio”, com um viés político num tempo
de exceção. Mantinha uma preocupação
de vivência e de transparência ética, que
transmitiu de forma exemplar aos alunos
e colegas cotidianamente e, nos últimos
12 anos através também de escritos,
inicialmente numa coluna do Jornal
do Conselho Regional de Medicina do
Paraná, que foi tomando vulto até se
transformar num encarte e finalmente
numa revista, de riqueza ímpar, o Iátrico,
pérolas de ensino médico e de vida.
Uma obra linear e aparentemente
despretensiosa, mas que guarda a grandiosidade de um tesouro da arte médica.
Mais do que lições, provocações críticas
que despertam sutis inquietações e o
desejo de manter-se aprendiz. Rara sabedoria. Num de seus livros, Jaculatórias,
sugestões para o dia a dia do médico,
ele assim ensina já no prefácio: “Quem
reflete a respeito de sua prática médica,
sem medo de encarar inconveniências,
tem melhores condições de avaliar o
equilíbrio de seus direitos e deveres,
verdadeiro apanágio da cidadania”.
Falas sempre brilhantes
Na primeira reunião de minha presidência, então na Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul, há
bem mais de uma década, convidei-o
para aquela que seria a fala inaugural
do que eu entendia como importante
para a sociedade. Propus-lhe um tema:
“Por que tornei-me reumatologista”. E
ele discorreu de forma absolutamente
iluminada.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
20/03/2015 18:03:41
Em 2008, ao despedir-me da presidência da SBR, no
Congresso de Maceió, convidei-o para que juntos participássemos de uma mesa com outras duas pessoas que
admiro: o psiquiatra e poeta Celso Gutfreind e a assistente social Maria José de Oliveira Benites. Falaríamos de
influências das doenças reumáticas na infância, na idade
avançada, na sexualidade. Ele de início disse que seria
importante uma pauta, para logo depois me ligar e dizer:
“Fernando, que nada de pauta; na hora vemos o que
surge. É assim que acontecem os melhores encontros”.
E ele estava certo, quem assistiu àquela
mesa redonda não esquecerá jamais.
Em 2010, ao presidir o Congresso
de Porto Alegre, voltei a convidá-lo
para repetirmos a experiência. Num
domingo à noite me telefonou, contando que soubera por aqueles dias que
estava com câncer e que, infelizmente,
não poderia estar conosco. Foi de uma
serenidade que ainda hoje me impressiona. Disse que enfrentaria da forma
que fosse necessária a doença. E, mais
uma vez, por tudo o que hoje sei e das
vezes em que nos falamos, foi assim.
Digno até o fim.
João Manuel faleceu aos 67 anos. Deixa enlutados a esposa Maria Isabel da
Fonseca Martins, quatro filhos – tanto a
esposa quanto dois dos filhos também médicos – e netos.
Além de uma legião de alunos, colegas-alunos, amigos-alunos, pois, de certa forma, foi professor de todos nós.
Contou com o reconhecimento através de várias condecorações, do CRM do Paraná e do Conselho Federal de
Medicina. Em outubro do ano passado, foi homenageado
durante o III Congresso Brasileiro de Humanidades em
Medicina, realizado na Bahia, com a comenda Moacyr
Scliar de Medicina, Literatura e Artes.
Considero um privilégio as oportunidades que tive
de conviver com ele, raras, porém preciosas. Perdi um
amigo. A Medicina e, em particular, a Reumatologia
Brasileira perdeu um sábio. Era destes que trazia em si
um dos princípios básicos da astronomia. O que ensina
a diferenciar planetas, por vezes enormes, arrogantes,
de estrelas, mesmo as aparentemente discretas. Elas,
as estrelas, possuem luz própria, uma luz interior. Não
necessitam de foco, de brilho externo e, em geral, fátuo.
E mesmo muito depois de não estarem mais entre nós,
permanecem em sua luz. “Ora direis ouvir estrelas...”.
João Manuel amava a vida, o exercício de ensinar, a medicina em sua totalidade. E vai continuar nos ensinando.
Basta ouvir o que na sua luz permanece.
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Wagner Weidebach
(1961-2015)
À
s 21 horas do dia 15 de fevereiro de 2015,
nos despedimos, inconsoláveis, de um grande
médico, do querido amigo Wagner Felipe de Souza
Weidebach, o Waguito.
Após ter estudado em tradicionais escolas como o
Externado Elvira Brandão e Colégio Bandeirantes,
onde formou amizades cultivadas e consolidadas até
os últimos dias de sua vida, formou-se médico na
Faculdade de Medicina da USP- SP, em 1984, e fez
Residência em Clínica Médica e Reumatologia. Obteve
seu Mestrado em Imunologia Básica pela Faculdade
de Medicina USP- SP, em 1992, e Doutorado pela
mesma instituição, em 1999.
Atuou brilhantemente no corpo médico do Hospital
Sírio-Libanês e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
onde fez parte da equipe da UTI, além de enriquecer
e consolidar o serviço de Reumatologia em ambas as
instituições.
Foi médico com todas as letras maiúsculas. Dedicou-se ao estudo da medicina, da reumatologia, da
imunologia, da religião, da história da humanidade
e da filosofia.
Waguito deixou dois filhos maravilhosos, Alexei
e Nicolas, a esposa Heloisa, exímia e amada companheira, Professora de francês da USP-SP, grande amor
da sua vida, com quem conviveu desde os 17 anos de
idade até os findos 53 anos de vida.
Exemplo de fé, determinação e resiliência, entregou-se aos cuidados de seu médico, da doença, da sua
religião e do Pai. Pôde despedir-se de seus amigos e
familiares, com integridade e doçura, confortando-os. Exaurido e consumido ao máximo pela doença
que o acometeu, manteve seus lindos olhos verdes e
brilhantes até o final, sensibilizando profundamente
todos os que estiveram com ele. Manteve sua dignidade e integridade e via-se em seu rosto as marcas da
batalha, mas, principalmente, a da resiliência.
Resiliência. Amor. Fé. Respeito.
Saudades, muitas saudades.
22/09/1961 a 15/02/2015.
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coluNa NEuBarth
SAÚDE PÚBLICA
uma nova onda
Fernando Neubarth *
O
conceito de saúde pública é recente e pode ser compreendido
por uma série de ondas.
A primeira (1830-1900), estrutural,
trata do fornecimento de água potável
e saneamento; a segunda (1890-1950),
biomédica, acompanha a ciência e a medicina moderna; a terceira (1940-1980),
clínica, concebe o bem-estar e a quarta
(1960 até o presente) intervém visando à
longevidade e à compreensão dos fatores
de risco e estilos de vida.
Essas quatro ondas determinaram
inegáveis melhorias. Contudo, com
o aumento da expectativa de vida,
avolumam-se as doenças crônicas. Elas,
aliadas ao crescimento exponencial da
população, às desigualdades sociais, à
má distribuição de renda e ao descontrole de recursos com o esgotamento
de fontes de energia, estimularam especialistas do Reino Unido a propor, em
artigo publicado na conceituada revista
The Lancet, uma nova onda baseada em
escolhas e mudanças comportamentais.
A quinta onda deve enfrentar os atuais
desafios: a desigualdade, a perda da qualidade de vida pela maior prevalência de
problemas psíquicos, a obesidade, o abuso de drogas – inclusive as ditas lícitas.
Pede-se, assim, uma reflexão à sociedade. Necessita-se um contexto em que
os comportamentos saudáveis sejam a
norma, acompanhados de um esquema
institucional e social compatível com
essa forma de pensar. Exige-se um
esforço positivo, global e de colaboração envolvendo todos os interessados.
A ênfase dá-se em três mecanismos:
a maximização do valor da saúde; a
promoção de escolhas saudáveis como
padrão; e a minimização de fatores que
criam culturas e ambientes insalubres.
Em casa, na rua, no trabalho e no lazer,
em qualquer relação.
Saúde não é responsabilidade apenas
de profissionais da área e gestores. Há
sinais e sintomas de enfermidade social;
diagnóstico feito, o tratamento exige
mudanças de comportamento.
* Médico e escritor. Presidente da SBR, gestão 2006-2008
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BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jan/fev/mar/2015
20/03/2015 18:03:42
Post Scriptum
Hilton e Léa Seda: longa relação de amor e parceria.
R
Essencial é não só apontar os erros, as
falhas, os desvios, mas saber valorizar o
que realmente importa: a boa conduta, o
comportamento adequado, o humanismo. Saúde pública: educação, cultura e
ética. Que seja grande onda, não apenas
marolinha.
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etorno ao Boletim convidado para esse espaço.
Nele não poderia deixar de fazer uma referência
especial a um colega que todos admiramos: o prof.
Hilton Seda. Para além da Reumatologia, poeta, escritor, historiador, artista plástico. E agraciado por uma
felicidade que poucos merecem: uma longa vivência
ao lado de uma companhia especial, d. Léa. Ela certa
vez me contou que, num caderno de apontamentos da
juventude, copiara, apresentado pelo pai, o poema de
um gaúcho, Alceu Wamosy (1895-1923): Duas Almas.
Sabia-o de cor: “Ó tu, que vens de longe, ó tu, que
vens cansada, / entra, e, sob este teto encontrarás
carinho: / Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
/ vives sozinha sempre, e nunca foste amada... / A
neve anda a branquear, lividamente, a estrada, e a
minha alcova tem a tepidez de um ninho. / Entra, ao
menos até que as curvas do caminho / se banhem no
esplendor nascente da alvorada. / E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, / essa estrada sem
fim, deserta, imensa e nua; / podes partir de novo, ó
nômade formosa! / Já não serei tão só, nem irás tão
sozinha: / Há de ficar comigo uma saudade tua... /
Hás de levar contigo uma saudade minha...”
“A vida é sopro. Vale a intensidade. Raro é o encontro de almas. Mais raro quando duas almas sabem
ao suave toque da seda pura”.
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coluNa sEda
Aspectos curiosos e significativos
na história da reumatologia grega
Hilton Seda
U
Dedicado ao Dr. José Marques Filho
ma das primeiras referências a
problemas reumáticos encontradas na literatura está na Odisseia de
Homero, o grande poeta épico grego que
viveu no século VIII ou IX aC. Refere-se
à cifose: “Então o herói egípcio, curvado
pela idade e com muita coisa na mente,
começou a falar...”
Não foi exclusividade da antiga Grécia a íntima ligação entre Medicina e
crenças religiosas, mas foi nesse país
que se mostrou melhor caracterizada.
Basta dizer que, nos séculos VI e V aC, a
prática médica na Grécia só era exercida
em hospitais-templos, conhecidos como
Asklepeia, sendo os mais reputados
o de Trikke (terra onde teria nascido
Esculápio, ou seja Asclépio), que era o
mais antigo; o de Sykion; o de Tithorea;
e o de Epidaurus, o mais conhecido, o
mais famoso, que inclusive tinha em
Atenas, Cós, Cnidus, Megalopolis,
Delos, Cyllene e Cechreai asklepeias a
ele ligados. Também
tinha importância o
Asklepeion de Pergamum.
Os sacerdotes
desses templos eram
os doutores. Há informações de que
neles havia programas para tratamento
das doenças reumáticas. Em Epidaurus
foram descobertas, no fim do século
XIX, duas grandes tábuas nas quais
constam referências a curas de casos
de reumatismo e de gota. Em seu tratado “Da doença sagrada” (século V
aC?), contradizendo os sacerdotes dos
templos, Hipócrates foi o primeiro a
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contestar a afirmativa de que a doença
era o resultado da “raiva dos deuses”.
Na obra há uma crítica exacerbada
aos falsos médicos e outros charlatães
que recorriam a métodos assustadores
para conquistar os doentes. Acentuava
que a “doença sagrada” (referida como
epilepsia a partir do século III aC) não
teria nada de mais divino nem de mais
sagrado que as outras. Essa crítica torna-se mais contundente pelo fato de que
Hipócrates, que viveu nos séculos V e IV
aC, fazia parte da família dos sacerdotes-médicos que serviam ao deus Asclépio
(filho de Zeus) e se consideravam seus
descendentes com a capacidade de
transmitir a arte médica de geração em
geração.
O Pai da Medicina
De início, o deus dos médicos era
Apolo, o inventor da arte de curar e
que afugentava todos os males. O culto
de Asclépio como deus só começou
no século VII aC. As obras atribuídas
a Hipócrates (Corpus Hipocrático)
formam um conjunto muito amplo. Por
isto, é muito contestado que sejam de
um só autor. O Pai da Medicina, como é
considerado, distinguia a gota de outras
formas de artrite. Atribuía a artrite à bile
negra e à fleugma quando acumulada
nas juntas: “Quando a doença da artrite
explode, inflamação aguda e dor atacam
as juntas do corpo... a
doença é causada pela
bile e fleugma (phlegm)
quando se move para as
juntas e se estabelecem
nelas... e a doença torna-
-se de curto prazo e aguda e não é fatal...
ela aparece mais frequentemente nos
jovens que nos idosos...”
Sobre a gota disse: “Esta doença pode
ser longa e dolorosa, mas não causa a
morte.” Disse mais: “A gota é a mais
violenta das doenças articulares e a mais
longa e difícil de tratar; a doença é dada
pela deterioração do sangue, mesmo nas
pequenas veias, pela bile e fleugma”. “No
caso daqueles que sofrem de gota: aqueles que são velhos e têm epiporomata em
torno das juntas ou vivem mal ou são
constipados, não podem, tanto quanto
sei, melhorar pela humana arte”. Nos
seus famosos aforismos, há referências
sobre os reumatismos: “Eunucos não
sofrem de artrite (úrica) e não ficam
calvos” (VI 28); “Mulheres não sofrem
de artrite (úrica) até após a menopausa”; “No ataque de gota, a inflamação
cede em 40 dias” (VI 40); “Edema e
dor nas juntas, sem ulceração, causada
pela gota ou deslocamentos, podem, na
maioria dos casos, ser aliviados através
de grande quantidade de água gelada no
local afetado, reduzindo assim o edema
e acabando com a dor, desde que moderado grau de dormência diminua a dor”
(X25); “Ataques de gota acontecem na
primavera e outono” (X 155).
Além da gota, Hipócrates também viu
influência das estações em outras doenças reumáticas. No tratado “Dos ares,
das águas, dos lugares”
há uma instrução para
que o médico periodeuta, ou seja, itinerante,
estude, na cidade aonde
chegar a exposição aos
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ventos e ao sol, a qualidade das águas
que lá se bebe e o clima da região durante todo o ano.
O próprio Hipócrates foi um médico periodeuta, viajando pela Grécia
Continental, pela Grécia do Norte e,
principalmente, pela Tessália. Ele também descreveu a ciática, com o nome
de ischiada, como sendo uma dor que
afeta primeiro o quadril, depois a nádega, espalhando-se, finalmente, por toda
a perna. Afirmou que se obtém alívio
em um ataque através de massagem e
banhos tépidos e quentes. Na Grécia
atual, ainda se usa a denominação
ischiada. Em seus trabalhos há referência à osteoartropatia hipertrófica
originária de afecção pulmonar crônica
e tuberculose. Descreveu a espondilite
tuberculosa, séculos antes de Percivall
Pott (1714-1788).
No livro “A respeito das juntas”,
capítulo 41, chama atenção para o fato
de estes pacientes geralmente apresentarem nódulos duros e irreversíveis nos
pulmões. Além da cifose do mal de Pott,
também descreveu, acuradamente, a
cifose dos idosos. Apesar de na época
de Hipócrates não se fazer dissecção
em cadáveres humanos, no livro ”Da
natureza dos ossos”, há uma previsão,
obtida na comparação com animais, do
número de ossos do corpo humano: “Os
ossos da mão são em número de vinte e
sete; do pé, vinte e quatro; do pescoço
até a grande vértebra, sete; das costas,
cinco; da raque, vinte; da cabeça, com os
dois olhos, oito; ao todo noventa, mais
as unhas, cento e onze. No homem, os
ossos, tanto quanto sabemos, são: vértebras, acima da clavícula, sete; vértebras
das costelas, o mesmo que as costelas,
doze; vértebras dos lados de fora, onde
ficam os quadris e as costas, cinco”.
Uma referência extraordinária à doença de Behçet, no terceiro livro das
“Epidemias”, merece ser transcrita:
“Houve outras febres, sobre as quais irei
escrever. Muitas delas incluem ulceração
e aftas na boca. Muitas delas incluem
um fluxo na genitália, ulceração, edema
interno e externo, edema nas glândulas,
duradoura, oftalmia úmida, úlceras,
dentro e fora das pestanas dos olhos que
impedem seriamente a visão e que são
conhecidas como ‘figs’. Úlceras também
aparecem em outros pontos, particularmente na genitália. No verão, numerosos
carbúnculos e outras condições sépticas
aparecem. Grandes rashes e herpes
externos também são observados em
muitos casos.”
A respeito da Doença de Behçet ainda
há outra polêmica. Os gregos chamam-na de Doença de Adamantiades-Behçet.
Isto pelo fato de o oftalmologista grego
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Benediktos Adamantiades (1875-1962)
ter apresentado na Sociedade Médica de
Atenas, no dia 15 de novembro de 1930,
um trabalho intitulado “Sobre um caso
de irite recorrente com hipopion”, que
se referia a um jovem de 20 anos, atendido no Hospital dos Refugiados, que
sofrera de ulceração da tíbia, a seguir
de iridociclite, ulceração do escroto e,
posteriormente, da boca, hidrartrose
do joelho, inflamação de gânglios linfáticos e outros sintomas. O trabalho
foi publicado em 1930 no “Proceedings
of Athens Medical Siociety” e, no ano
seguinte, em “Annales d’Occulistique.
Hulusi Behçet (1889-1948) apresentou
seu artigo em 1937, na Dermatologische
Wochenschrift.
Uma coisa curiosa. Ainda que Hipócrates não tenha feito nenhuma menção
a um quadro que possa ser interpretado
como possível fibromialgia, ele deu
importância ao sonho e ao sono, este
atualmente muito valorizado nessa
doença. No quarto livro do tratado
”Do regime” ele afirma que os sonhos
antecipam, avisam quando as afecções
estão presentes no corpo. Diz mais: os
sinais que aparecem durante o sono
serão de grande valia para aquele que
souber julgá-los corretamente. Parece
uma antecipação do trabalho pioneiro
de Harley Moldofsky e colaboradores
de 1975.
Os gregos querem, com certa razão,
que Hipócrates além de Pai da Medicina seja também considerado o Pai da
Reumatologia.
Referências
1
2
3
4
Castiglioni A: História da Medicina,
vol. I, Companhia Editora Nacional,
São Paulo, 1947.
Salem J: Hipócrates – Conhecer, cuidar,
amar. O Juramento e outros textos,
Landy Editora, São Paulo, 2002.
Rigatos G, Kappou-Rigatou I, Thouas V:
The History of Greek Rheumatology,
the Helenic Society of Rhgeumatology,
Athens, 1987.
Seda H: A Reumatologia no tempo de
Hipócrates, Discórides e Galeno, in História
da Reumatologia, Viana de Queiroz M,
Seda H (Eds), Lisboa, 2006.
21
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além
da
r E u m ato lo g i a
Arte da poesia já rendeu dois livros
muito focada em meu estudo, minhas
tarefas e obrigações como estudante,
mas o período em Campinas abriu minha
cabeça. Tudo era novo. E eu pensava,
‘Meu Deus, isso existe!’”.
Sim, principalmente Adélia Prado
existia. E nunca mais ele deixou de
sentir fascínio pela arte da poesia, tanto
que acabou criando suas próprias obras
poéticas e não parou mais.
Reumatologista pernambucano,
Alzírton Freire é fascinado
por ler e escrever poemas,
sentimento que surgiu quando
conheceu a obra de Adélia Prado
P
oesia. Arte livre, sem regras.
Arte consoladora, apaixonante,
emocional. É assim que o reumatologista pernambucano Alzírton Freire vê
a paixão que o envolve há muitos anos.
Ele é poeta, já publicou livros e ganhou
prêmio com um de seus poemas.
Há cerca de cinco anos, conta Alzírton, foi possível dedicar-se à poesia
mais tranquilamente porque, após uma
longa carreira na Medicina (iniciada em
1992 quando se formou na Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade
de Pernambuco), ele hoje consegue
trabalhar somente em seu consultório,
onde permanece todos os dias das 8 às
14 horas.
Mas faz muito mais tempo que a poesia entrou em sua vida. E Campinas, interior de São Paulo, tem muito a ver com
isso. Alzírton conta que foi para a cidade
fazer sua residência em Reumatologia
na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), em 1993. “Conheci muitas
pessoas lá, particularmente uma jornalista que se tornou grande amiga minha
e de minha esposa”, lembra. E um dos
frutos dessa amizade foi um fato que até
hoje ele considera crucial em sua vida:
ouvir o nome “Adélia Prado” e tomar
contato com sua obra.
A amiga jornalista falou do quanto
gostava das obras da poeta e algo dentro
dele se acendeu. Ficou curioso, interessado. E, depois de ler muitos poemas
de Adélia, ficou fascinado. A partir daí,
lembra, foi Carlos Drummond, Manuel
Bandeira, Manoel de Barros, Mário
Quintana, Fernando Pessoa... E todos
viraram referência. “Eu era uma pessoa
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Alzírton Freire:
“Só escrevo quando o
poema ‘quer’ ser escrito”.
Quando Deus quiser
Diante da folha
em branco
o desejo de escrever
o poema
mais bonito
como se fosse possível
domar a Beleza
e fazer com ela
o que se quer
na hora que se quer
O poema não sai
não vai ser escrito
e o projeto de ser poeta
vai continuar guardado
nas gavetas
dos desejos não realizados
Descobri que poeta cerebral
não existe
(Alzírton Freire)
Sentimentos e conflitos
Alzírton conta também que as sessões
de psicoterapia que fez por alguns anos
o ajudaram a entrar em contato consigo mesmo, permitindo-lhe perceber
mais intensamente seus sentimentos e
conflitos. “Comecei a lidar com minhas
paixões, meus medos, minhas dúvidas
e tive vontade de expressá-los”, lembra.
Em seis meses, Alzírton produziu
freneticamente e seus poemas acabaram
virando um livro, A barata no hospício,
lançado em 2013. E o que deu-lhe entusiasmo com a ideia de fazer o livro foi um
prêmio que ele ganhou num concurso
de médicos escritores, em Recife, onde
vive, com o poema Quando Deus quiser.
E Alzírton já lançou seu segundo
livro, em fevereiro deste ano. Chama-se
Apenas os copos estão cheios, e é nele
que está o poema vencedor do concurso.
“Os poemas dão uma liberdade muito grande para quem os escreve. Por
exemplo, usar só letras minúsculas,
criar neologismos”, diz ele. “Eu não
escrevo exatamente quando eu quero”,
explica, “mas quando o poema ‘quer’
ser escrito. Não tem regra, não tem
metodologia, nem lugar próprio”. Aliás,
o poema Quando Deus quiser (veja ao
lado) ilustra bem o que ele diz sobre seu
processo de criação.
E, pelo que se pode sentir, Alzírton vai
produzir mais e mais, e nunca deixará
de fazê-lo. Em suas próprias palavras, a
poesia é “remédio que consola e alegra.
É pura beleza e só faz bem”.
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JAN / FEV / MAR 2015 • No 1 • ANO XXXIX