PESQUISA DE ENTEROPARASITOS EM FUNCIONÁRIOS E DE CONTAMINANTES EM ELEMENTOS DOS SANITÁRIOS DE UM CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - SANTO ANTÔNIO DE JESUS – BAHIA RESEARCH AND OFFICIALS IN ENTEROPARASITES CONTAMINANTS IN THE ELEMENTS OF A HEALTH CENTER OF HIGHER EDUCATION - SANTO ANTONIO DE JESUS - BAHIA Ramona Garcia1, Ângela Ramos Lenide Araújo1, Adriana Ribeiro Thaise Andrade1, Jaqueline Bitencourt1, Valdiane Santos Núbia Oliveira1, Ana Lúcia Moreno Amor2 ¹Estudante de Graduação –– Centro de Ciências da Saúde / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - CCS / UFRB 2 Docente– CCS / UFRB Palavras-chave: parasitologia – higiene - saúde Introdução Sabemos que parasitoses intestinais são freqüentes em nosso meio, sendo indicativos de condições sócio-econômico-culturais inadequadas das populações (GIOIA. 1992). Por sua vez, os elementos dos sanitários podem ser veículos de enteroparasitos da mesma maneira que cédulas e moedas circulantes (COELHO et al., 1999; VIEIRA et al., 1995). Objetivou-se pesquisar enteroparasitos em fezes de funcionários e em elementos de sanitários do CCS e correlacionar os achados com aspectos sócio-econômico-ambientalculturais e de saúde dos envolvidos. Material e Métodos Foi coletado material de 117 elementos de 12 sanitários do CCS/UFRB, antes do horário de limpeza: 5 femininos, 5 masculinos e 2 coletivos. Utilizando-se como método de coleta do material: fita adesiva transparente sobre lâmina de vidro pela técnica de Graham (GRAHAM, 1941). Os elementos pesquisados foram: descarga (botão ou puxador), trinco, maçanetas (interna e externa), registro de torneira e assento. A identificação das lâminas por meio de letras – sanitários / números – elementos pesquisados e leitura em microscopia óptica comum com aumentos de 10 e 40 vezes. Para a pesquisa de enteroparasitos em 29 funcionários do CCS/UFRB, analisou-se uma amostra fecal pelos exames parasitológicos de fezes: sedimentação espontânea (HOFFMAN, PONS E JANER, 1935), Kato-Katz (KATZ e CHAIA, 1968) e Rugai (RUGAI et al., 1954) – totalizando 14 homens e 15 mulheres pesquisados, na faixa etária de 20 a 57 anos. Integrantes da pesquisa após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo submetidos a aplicação de questionário com questões sócioeconômicas-culturais e ambientais, bem como verificação de peso e altura (para cálculo do Índice de Massa Corpórea - IMC). A identificação das lâminas por letra F seguida do número correspondente a cada sujeito (garantindo o anonimato / dados sigilosos) e leitura em microscopia óptica comum com aumentos de 10 e 40 vezes. Os dados foram analisados de acordo com as variáveis pré-estabelecidas no questionário e com os resultados das amostras no programa Office Excel 2007. Resultados e Discussão Dos 117 elementos dos sanitários examinados, 10 (8,55 %) apresentaram ovos de helmintos e/ou partes de artrópodos: 05 sanitários (41,66 %) - 04 femininos e 01 coletivo; 07 lâminas (assento), 01 (trinco), 01 (descarga) e 01 (torneira). Os parasitos encontrados nestes elementos foram: ovos de Ascaris lumbricoides, ovos de Enterobius vermicularis, pedaços de artrópodos e ovos de helmintos não identificados (deformados). Dentre os 29 funcionários examinados, 6 (20,69 %) apresentaram amostras positivas para helmintos e/ou protozoários. Por haver um indivíduo poliparasitado (16.66 %) foram totalizados 7 (24,14 %) episódios de infecções parasitárias. Quanto ao estado nutricional: para as amostras positivas, não houve ocorrência de casos de desnutrição - 2 eutróficos, 2 sobrepeso e 2 obesos; para as amostras negativas, 43.48 % eutróficos e apenas um indivíduo (4,35 %) apresentou IMC abaixo do desejável. Para a sintomatologia (sinais e sintomas apresentados nos últimos 15 dias), 13 entrevistados (44,83 %) referiram apresentar algum sinal ou sintoma. Apenas 2 (15,38 %) tiveram amostra positiva. Aspecto de normalidade no momento da entrevista. Para os aspectos sócio-economicos-culturais-ambientais: 11 funcionários (37,93 %) relataram não ter acesso a água encanada e tratada; 100 % com destino adequado dos dejetos e do lixo doméstico; 50 % com animais domésticos em suas residências; 66,67 % com desempregados na residência e 50 % renda familiar inferior a dois salários-mínimos. Dos funcionários que declararam possuir renda familiar entre 5 e 7 salários mínimos (27,59 %), nenhum deles apresentou amostra positiva para parasitos intestinais. Para composição familiar: apenas 01 (16,67 %) dos 6 funcionários com amostra positiva declarou ter entre 5-7 pessoas na família. Para a escolaridade: a maioria das amostras negativas (43,48 %) eram de indivíduos com ensino superior completo. Para as amostras positivas: 2 com ensino fundamental incompleto, 2 com ensino médio completo e 2 com ensino superior incompleto. Cerca de 22 funcionários (75,86 %) relataram que desde o último exame parasitológico de fezes realizado decorreram entre um e dois anos (incluindo os com amostras positivas). Para o método de análise laboratorial utilizado nas amostras positivas: quatro delas foi para a técnica de sedimentação espontânea e duas para o Kato-Katz. Quanto as condições de saúde e intensidade de infecção nos quatro indivíduos parasitados com helmintos e sua correlação com presença de doenças alérgicas: nenhum caso, para asma e eczemas e um caso apresentando rinite. Já entre os funcionários com amostra negativa para helmintos, encontramos 4 indivíduos asmáticos, 12 com rinite e 7 funcionários que declararam já ter apresentado eczemas. Conclusões Para a pesquisa de contaminantes em elementos de sanitários do CCS, encontramos ovos de Ascaris lumbricoides, de Enterobius vermicularis e de helmintos não identificados (deformados), bem como pedaços de artropodos. Na distribuição por espécie parasitária em relação ao total de enteroparasitos encontrados nas amostras positivas dos funcionários do CCS, foram encontrados cistos de Endolimax nana e de Entamoeba coli e ovos de Schistosoma mansoni, de ancilostomídeos e de Ascaris lumbricoides. Sugerimos periodicidade dos exames coproparasitológicos, qualidade da água e alimentos consumidos nos ambientes diversos e higienização correta dos espaços pesquisados. Referências Bibliográficas COELHO et al . Ovos e larvas de helmintos nos sanitários de pré-escolas municipais de Sorocaba, SP e suas freqüências nas fezes das crianças. Rev Soc Bras Med Trop., 32(6):647-652, 1999. GIOIA, I. Prevalência de parasitoses intestinais entre os usuários do centro de saúde do distrito de Souzas, Campinas/SP (1986-1990). Rev Soc Bras Med Trop., 25:177-182, 1992. GRAHAM, C.F. A device for the diagnosis of E. vermicularis. Am. J. Trop. Med., 21: 159-61, 1941. HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER, J.L Sedimentation concentration method in Schistosomiasis mansoni. J.Publ. Heath & Trop. Med., 9: 283 - 98, 1934. KATZ, N. & CHAIA, G. Coprological diagnosis of Schistosomiasis. I. Evaluation of quantitative technique. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 10:295-8, 1968. RUGAI, et al. Nova técnica para isolar larvas de nematoides das fezes. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 1954. VIEIRA et al . Pesquisa de ovos de helmintos e cistos de protozoários em cédulas circulantes no transporte urbano na cidade de Goiânia. Revista de Patologia Tropical 23:282, 1995. Autor a ser contactado: Ana Lúcia Moreno Amor, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – CCS/UFRB – e-mail: [email protected]