OFICINA DE MAPEAMENTO PARTICIPATIVO: ÁRVORES DE PAU-RAINHA NA COMUNIDADE GUARIBA Aderaldo D. Maria Mota Geicilene Joani André S. Geraldo S. Adelinaldo, Tuxaua da Comunidade Guariba Jessica Livio, estudante do INPA TERRA INDÍGENA ARAÇÁ, ABRIL DE 2010 MAPEAMENTO DE ÁRVORES DE PAU-RAINHA NA COMUNIDADE GUARIBA A oficina de mapeamento do pau-rainha ocorreu na Comunidade Guariba, Terra Indígena Araçá, no dia 24 de abril de 2010. Estavam reunidas seis pessoas dessa comunidade: Aderaldo, D. Maria Mota, Geicilene, Joani André, S. Geraldo, S. Adelinaldo, Tuxaua da Comunidade Guariba; além da estudante de mestrado do INPA, Jessica Livio, engenheira florestal que vem estudando o pau-rainha na TI Araçá. Essas pessoas já haviam manifestado interesse em participar dessa atividade durante a Oficina do Projeto Wzaka’ye, realizada nessa comunidade, no dia 27 de fevereiro de 2010. O objetivo da oficina de mapeamento foi conversar sobre as ilhas de mata e indicar no etnomapa as áreas que são e que poderiam ser utilizadas para a coleta de sementes de paurainha. Participantes da oficina de mapeamento participativo de paurainha reunidos na escola da Comunidade Guariba. Nesse encontro, cada participante tinha uma cópia do etnomapa e canetas coloridas para indicar no mapa as ilhas de mata utilizadas e que poderiam ser utilizadas para a coleta de sementes. Conversamos sobre: - como é a mata (mata antiga, capoeiras, roças; se havia passado o fogo e quando); - como é o acesso a ilha de mata (fácil ou difícil); -quantidade de sementes (muito ou pouco) no local; - tamanho das árvores; - como é o acordo sobre o acesso aos recursos das matas por outras comunidades; - e se existem fronteiras definidas entre as comunidades. Ao final desse encontro, combinamos uma coleta de sementes para medirmos a circunferência de algumas árvores e para conhecermos um dos locais apontados como área de coleta de sementes nesse mapeamento. No dia marcado para a coleta, o “grupo do pau-rainha” do Guariba estava reunido e aguardando o carro do INPA. O local da visita foi a Ilha São Domingos e fomos de carro até lá, mas no caminho o carro ficou atolado. Depois de muitas tentativas, conseguimos desatolar e chegamos até o local indicado pelo grupo; onde havia muitos paus-rainha produtores de sementes. Enchemos um saco e meio de sementes (sacos de ráfia), algumas já começando a germinar, que foram plantadas em uma roça nessa mesma ilha em outro momento. A ilha de mata do São Domingo foi apontada no mapeamento participativo como “local conservado”, mas quando chegamos lá, observamos que tem uma área de roça da família do S. Geraldo. Apesar de ter a roça, ele (S. Gerado) disse que a área de mata em que estávamos coletando não pegou fogo e que tem uns 30 anos que não tem passagem de fogo lá. Trilha na ilha de mata: área onde estão as árvores produtoras de sementes e a área que foi queimada para abertura de roça. As árvores da Ilha São Domingo são, em média, menores que as da Serra do Guariba, mas são maiores que as árvores das outras áreas. Elas medem mais ou menos 125 centímetros de círculo (circunferência). A menor árvore mede 58,5 centímetros e a maior mede 200 centímetros de círculo. Nas outras áreas, a menor árvore mede 25 centímetros e a maior mede 220 centímetros. A menor árvore encontrada na ilha São Domingo ainda é maior que a menor árvore encontrada nas outras ilhas de mata. As árvores nessa ilha de mata variam menos de tamanho que nas outras. Algumas árvores como esta da imagem (na Serra do Guariba) podem ficar com as folhas quase marrons. Isso acontece no período da seca, quando a árvore perde suas folhas e os frutos ficam mais visíveis na árvore. A tabela a seguir mostra as medidas das árvores que mapeamos na Ilha São Domingos, em abril de 2010. Todas as áreas juntas Ilha São Domingo Média Mínimo Máximo 94,8 25,5 220,0 125,0 58,5 200,0 Número de árvores 34 7 CAMINHO QUE FIZEMOS PARA ENCONTRAR AS ÁRVORES DE PAU-RAINHA NA ILHA SÃO DOMINGO. 3 Corações/Km 100 Mutamba Comunidade Araçá Serra do Guariba MAPA DAS ÁRVORES Cada árvore está com um número na imagem. Na tabela, tem o número da árvore e quanto ela mede. Ilha São Domingo Foram medidas 7 árvores. Número no Circunferência da mapa árvore (cm) 571 145,0 572 150,0 573 92,0 574 94,0 575 135,5 576 200,0 577 58,5 Quando a mata está muito aberta, sentimos mais calor e sentimos o ambiente mais seco. O mesmo acontece com as plantas que estão lá: recebem mais luz e calor do que estão acostumadas e podem não se desenvolver bem. Outras plantas podem gostar desse ambiente mais quente e seco e se desenvolverem melhor. Observamos nessa imagem que um lado da mata está mais aberto que o outro. Algumas árvores já até estão inclinadas para o lado que tem mais luz. Com o tempo, pode acontecer da combinação das plantas que existem na mata começar a mudar por conta dessa mudança no ambiente, que fica mais quente e menos úmido quando algumas áreas são abertas. Isso pode ser ruim porque as árvores importantes, como aquelas que fornecem madeira, podem ser substituídas por árvores que não são tão interessantes às pessoas como as madeireiras. As árvores que tem a madeira boa, geralmente, se desenvolvem em um ambiente sombreado, como o angelim, e as árvores de madeira mais mole, como a embaúba, se desenvolvem em ambiente aberto. O pau-rainha precisa de uma sombra leve quando é ainda é uma mudinha e depois ele precisa de mais sol para poder crescer reto e dar flores e frutos. Mas se o sol for direto, pode ser muito forte, ela resseca e pode morrer, impedindo que novas plantas adultas surjam na mata. Por isso, é importante realmente manter as áreas de preservação longe da ação do fogo e evitar abrir muitas roças ao redor da área.