UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE MATEMÁTICA GRASIELA ELISA WEBBER ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO ERECHIM 2008 GRASIELA ELISA WEBBER ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao Curso de Matemática, Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim. Orientadora: Profª Drª Simone M. Cerezer ERECHIM 2008 DEDICATÓRIA Aos meus pais Paulino e Ivone, que sempre me apoiaram e me incentivaram durante a realização da minha graduação e principalmente durante a realização deste trabalho. Espero que gostem dos resultados e que se sintam realizados como eu me sinto. Ao meu prezado amigo Cristiano Bebber por sua imensa coragem e incessante vontade de viver, que transborda e contagia todos ao seu redor. Esta conquista também é sua. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais Paulino e Ivone, minha irmã Paula, meu companheiro Renan, e meus amigos e colegas, pelo apoio e incentivos constantes que me foram dados durante a realização deste trabalho. Agradeço à minha orientadora Profª. Drª. Simone Maffini Cerezer pelos ensinamentos e pela dedicação prestados a mim. E ainda agradeço as Escolas que aceitaram contribuir com o trabalho e forneceram as notas de seus estudantes para que o estudo pudesse ser realizado. RESUMO O presente trabalho tem por objetivos verificar a existência da relação entre o aproveitamento de Matemática e o aproveitamento de Física de estudantes do Ensino Médio de uma Escola Pública e uma Escola Particular do município de Erechim – RS e determinar se em média os estudantes possuem o mesmo aproveitamento nestas disciplinas. Os dados para a análise são as notas de estudantes do Ensino Médio referente às disciplinas de Matemática e Física que foram obtidos nas secretarias das respectivas Escolas nos anos de 2005, 2006 e 2007. A análise dos dados foi realizada primeiramente através do cálculo de algumas medidas estatísticas, dentre elas, a média aritmética simples, a variância e o desvio padrão das notas de Matemática e de Física dos estudantes das duas Escolas investigadas. Para verificar a existência de correlação entre o aproveitamento em Matemática e Física foi necessário o cálculo do coeficiente de correlação linear. E, para verificar se, em média, os estudantes obtiveram a mesma nota nas disciplinas de Matemática e Física, em cada uma das escolas, aplicou-se o teste “t” de Student. Nos resultados obtidos através deste estudo pode-se observar que, considerando-se a média, as notas de Matemática e Física dos estudantes de cada Escola, nas diferentes séries e anos, são bastante próximas, porém, a média das notas dos alunos da Escola Pública, em ambas as disciplinas, em geral, são inferiores as mesmas notas dos alunos da Escola Particular. Pode-se observar ainda que a associação descrita nos diagramas de dispersão entre as variáveis notas de Matemática e de Física é positiva, indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r (coeficiente de correlação linear) obtido, que existe uma forte correlação entre as variáveis analisadas e que, em geral, não existe diferença estatisticamente significativa entre as notas médias de Matemática e Física dos estudantes. Palavras-chave: Matemática. Física. Coeficiente de Correlação Linear. LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 – Diagramas de dispersão, com os valores de r correspondentes .........18 Figura 3.2 - Distribuição amostral de r para ρ = 0 e ρ = 0,8, para amostras com n = 9 .................................................................................................................................19 Figura 3.3 – Comparação entre as Distribuições Normal e de Student ...................21 Figura 4.1 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................25 Figura 4.2 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................26 Figura 4.3 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................26 Figura 4.4 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................26 Figura 4.5 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................27 Figura 4.6 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................27 Figura 4.7 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................27 Figura 4.8 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................28 Figura 4.9 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................28 LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Número de alunos, média e desvio padrão das notas de Matemática e de Física das turmas do Ensino Médio das Escolas Pública e Particular da cidade de Erechim nos anos de 2005 a 2007 ............................................................................24 Tabela 4.2 Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública ...............................................................29 Tabela 4.3 Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Particular ...........................................................29 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................08 2 REVISÃO LITERÁRIA ...........................................................................................10 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA .................................................................................10 2.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO ..........................................11 2.3 O ENSINO DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO ......................................................12 2.4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ..........................................................................13 3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................15 3.1 MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES...........................................................................15 3.2 VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO .......................................................................16 3.3 COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR ......................................................17 3.3.1 Teste de hipóteses sobre a correlação ........................................................18 3.4 DISTRIBUIÇÃO t (STUDENT) .............................................................................20 3.5 TESTE t PARA AMOSTRAS INDEPENDENTES ...............................................21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................24 4.1 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS NOTAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA ...........................................................................................25 4.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS NOTAS MÉDIAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA .....28 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................31 REFERÊNCIAS .........................................................................................................33 8 1 INTRODUÇÃO Sabendo que a Física faz uso da Matemática para realizar seus cálculos e deduções, procuro investigar se as notas dos estudantes de Matemática no Ensino Médio, influenciam nas notas dos mesmos em Física. A busca da existência desta relação entre o aprendizado da Matemática e o aprendizado da Física torna-se importante para o professor destas disciplinas, pois assim este pode encontrar uma forma de fazer uso do conhecimento que o aluno possui em uma determinada disciplina para facilitar o aprendizado da outra disciplina. Além disso, no próprio currículo da escola pode-se fazer um estudo para verificar quais conteúdos de Matemática são utilizados pela Física, e a possibilidade de que sejam ensinados ao mesmo tempo, isto permitiria aos estudantes verificarem a contribuição da Matemática para o desenvolvimento da Física. Nesse sentido, os objetivos deste trabalho são: verificar a existência da relação entre o aproveitamento de Matemática e o aproveitamento de Física de estudantes no Ensino Médio de uma Escola Pública e de uma Escola Particular do município de Erechim – RS; determinar se, em média, os estudantes possuem o mesmo aproveitamento nas duas disciplinas; calcular, através do coeficiente de correlação linear, o grau de associação entre as variáveis: notas de Matemática e notas de Física; e comparar os resultados obtidos levando-se em consideração o fato de uma Escola ser Pública e a outra Particular. O texto encontra-se estruturado em cinco seções. Á presente seção, de explicação geral sobre justificativa e objetivos, segue-se a seção 2 – Revisão Literária, onde destaco alguns dos grandes Matemáticos e Físicos do passado que tiveram importante participação no desenvolvimento da ciência ao longo dos tempos, bem como apresento uma abordagem sobre o ensino da Matemática e da Física no Ensino Médio na atualidade e uma contribuição de D’Ambrosio sobre a importância da interdisciplinaridade no ensino. Na seção 3 – Materiais e Métodos, descrevo os dados analisados neste trabalho, bem como são apresentados alguns métodos de descrição e comparação 9 de dados, além de procedimentos para a obtenção do coeficiente de correlação e para a realização do teste “t”. Na seção 4 – Resultados e Discussão, apresento as análises da correlação entre as variáveis notas de Matemática e Física dos estudantes do Ensino Médio e a comparação entre as notas médias de Matemática e Física. Na seção 5 – Considerações Finais apresentam-se os aspectos que se mostraram mais significativos no decorrer do estudo, no que se refere aos resultados obtidos. 10 2 REVISÃO LITERÁRIA 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA Usando as palavras de VAZ JÚNIOR1 ao dizer que “os grandes matemáticos do passado não apenas tinham um sólido conhecimento em física, como também que muitas de suas descobertas foram motivadas pelos problemas de caráter puramente físico em que estavam interessados”, é que me pergunto o motivo pelo qual, na maioria das escolas de Ensino Médio, não são realizados estudos da disciplina de Física interligados com a disciplina de Matemática. Se as grandes descobertas matemáticas partiram de estudos que tinham o interesse de resolver problemas de física, e se o estudo da física não acontece sem o mínimo de conhecimento matemático, porque não realizar um trabalho em que o estudante possa estudar estas duas disciplinas relacionadas? Não é de hoje que sabemos que alguns dos mais importantes estudiosos do passado eram matemáticos e físicos, como podemos citar: James Clerk Maxwell, que em 1857 ganhou o "Adams Prize" junto com Peter Guthrie Tait com um trabalho sobre o movimento dos anéis de Saturno, que mereceu na época o comentário como sendo "uma das mais belas aplicações da Matemática em Física jamais vista"; Hermann Grassmann, que definiu o produto exterior de vetores e a álgebra que hoje leva o seu nome e que é hoje de importância fundamental em muitas áreas da Matemática e da Física; William Clifford, que é lembrado por sua contribuição da generalização dos quaternions de Hamilton e da álgebra exterior de Grassmann e que hoje leva o nome de álgebra de Clifford. Ainda podemos citar o exemplo de Einstein que só formulou a sua teoria geral da relatividade por ter estudado profundamente cálculo tensorial, algo desconhecido pela maioria dos físicos de sua época. Ainda sobre a aplicação da Matemática na Física, cito o exemplo da Mecânica e da Ótica, que através dos conhecimentos matemáticos, permitem construir instrumentos como balanças e espelhos, que são utilizados também por outras ciências. 1 Disponível em <http://www.ime.unicamp.br/%7Evaz/fismat.htm> Acesso em: 13/11/07 11 2.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO Por que se estuda Matemática no Ensino Médio? Nossa posição é justificar o ensino da Matemática nas escolas, não simplesmente por ser uma ciência muito importante e que será útil mais tarde, como dizem a maioria dos professores, mas principalmente por atender as várias características que são essenciais à formação do indivíduo. (BASSANEZI, 2003, p.206) Para Bassanezi (2003, p.206), estas características essenciais são: “o fato de a Matemática poder ser utilizada como instrumentadora para o trabalho e como ferramenta para a vida; por ajudar a pensar com clareza e a raciocinar melhor; por ser parte integrante de nossas raízes culturais, e pelo seu valor estético”. Ao final do Ensino Médio, segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006, p.69), espera-se que [...] os alunos saibam usar a Matemática para resolver problemas práticos do quotidiano; para modelar fenômenos em outras áreas do conhecimento; compreendam que a Matemática é uma ciência com características próprias, que se organiza via teoremas e demonstrações; percebam a Matemática como um conhecimento social e historicamente construído; saibam apreciar a importância da Matemática no desenvolvimento científico e tecnológico. Estas colocações deixam clara a importância do Ensino da Matemática no Ensino Médio, mas será que os estudantes sabem desta importância? Será que a forma como a Matemática está sendo trabalhada hoje nas escolas satisfaz a estes requisitos? Acredito que a melhor forma de mostrar aos alunos a importância da Matemática e ao mesmo tempo satisfazer a estas condições é mostrar aos estudantes que a Matemática aplica-se diariamente no quotidiano deles, e também nas outras ciências, e acredito ainda que uma das formas mais fáceis de mostrar esta ligação seja usar exemplos da importância da Matemática na Física, como: sem 12 a Matemática, e nesse caso, também sem a Física, os carros não sairiam do lugar, a televisão não funcionaria, não haveria eletricidade, e assim por diante. 2.3 O ENSINO DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO Um estudo feito por Lopes (2004, p.12), sobre os indicadores dos problemas do ensino e da aprendizagem de Física, mostra que um desses problemas apontados pelos professores de Física é que “os alunos não têm raciocínio lógico, nem hábitos de trabalho, nem apetência pela física”. Para Borges (2006, p.1), “a física é um legítimo componente curricular da Educação Básica e que deve figurar como disciplina específica no currículo do Ensino Médio”. Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006, p.53), estuda-se Física no Ensino Médio pois O ensino dessa disciplina destina-se principalmente àqueles que não serão físicos e terão na escola uma das poucas oportunidades de acesso formal a esse conhecimento. Há de se reconhecer, então, dois aspectos do ensino da Física na escola: a Física como cultura e como possibilidade de compreensão do mundo. Se a Física deve ser parte do currículo do Ensino Médio, se ela é ensinada para que os estudantes tenham conhecimentos e possibilidades de compreender o mundo, mas a maioria dos alunos não tem interesse pela matéria, não tem hábitos de trabalho e nem raciocínio lógico, acredito que uma possibilidade de trabalho seja o estudo de Física relacionado com as outras ciências, principalmente com a Matemática, pois isto facilitaria o desenvolvimento do raciocínio lógico dos estudantes, uma vez que uma das vantagens de se estudar Matemática é justamente esta. Se estas disciplinas fossem trabalhadas de forma que uma complementasse a outra, isto faria com que os alunos pudessem se interessar pelo estudo de ambas, uma vez que ao estudar uma das disciplinas acabariam 13 estudando a outra também, além de fazer com que os estudantes criassem o hábito do trabalho. 2.4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A pesquisa “Alfabetização Científica e Representações Sociais de Estudantes de Ensino Médio sobre Ciência e Tecnologia”, feita por Schulze et.al. (2006, p.13) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mostra que: [...] o nível de conhecimento de estudantes de Ensino Médio em ciência e tecnologia se correlaciona positivamente com diversas disciplinas escolares, bem como o interesse em ciência e tecnologia e freqüência de informação sobre esses assuntos. Ou seja, as disciplinas escolares influenciam o nível de conhecimento sobre ciência e tecnologia, portanto nada mais interessante para os estudantes se interessarem pelo aprendizado das ciências do que a informação e o conhecimento na sala de aula da própria relação da ciência com as disciplinas escolares. Voltando o olhar para a modalidade de ensino que envolve a interdisciplinaridade, ninguém melhor para citar que D’Ambrosio (1986, p.15): Mais uma vez insistimos na tese do ensino integrado como única possibilidade de se desenvolver valores científicos ligados à nossa realidade, e não voltados a uma realidade estrangeira culturalmente colonizante. Se quisermos que haja um desenvolvimento significativo da ciência e da tecnologia em nosso país, é preciso que haja uma mudança na base da produção do conhecimento, que é a escola básica, para isso penso que a melhor maneira de trabalharmos para um progresso seja inter-relacionando as disciplinas escolares, principalmente a Matemática e a Física. Por isso pretendo fazer este estudo das 14 notas dos estudantes do Ensino Médio em duas escolas de Erechim, para poder verificar se realmente há relação entre o aproveitamento destas disciplinas escolares. 15 3 MATERIAIS E MÉTODOS Esta é uma pesquisa de campo, quantitativa de caráter diagnóstico, sendo que os dados para a análise são as notas de estudantes do Ensino Médio referente às disciplinas de Matemática e Física que foram obtidos nas Secretarias de uma Escola Pública e de uma Escola Particular da cidade de Erechim – RS, nos anos de 2005, 2006 e 2007. A análise dos dados foi realizada primeiramente, através do cálculo de algumas medidas estatísticas, dentre elas, a média aritmética simples, a variância e o desvio padrão das notas de Matemática e de Física dos estudantes das duas escolas investigadas. Para verificar a existência de correlação entre o aproveitamento em Matemática e Física foi necessário o cálculo do coeficiente de correlação linear. E, para verificar se, em média, os estudantes obtiveram a mesma nota nas disciplinas de Matemática e Física, em cada uma das escolas, aplicou-se o teste “t” de Student. Nas próximas seções apresenta-se uma descrição das técnicas estatísticas utilizadas nesse estudo. 3.1 MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES As medidas de tendência central são valores calculados com o objetivo de representar os dados de uma forma ainda mais condensada do que se usando uma tabela. Quando o desejo é representar, por meio de um valor único, determinado conjunto de informações que variam, parece razoável escolher um valor central, mesmo que esse valor seja uma abstração. A média aritmética é o mais simples dos valores descritivos de uma amostra, e é definida como a soma dos valores observados, dividida pelo número de observações, como mostra a expressão (3.1). 16 n = x ∑x i (3.1) i =1 n 3.2 VARIÂNCIA E DESVIO PADRÂO As medidas de tendência central são insuficientes para representar adequadamente conjuntos de dados, pois nada revelam sobre sua variabilidade. Para levar em conta todos os valores observados em uma série, sugere-se o uso dos desvios de cada valor em relação à média, reunindo-se tais informações em uma quantidade denominada variância. Usa-se o símbolo s2 para representar a variância calculada em uma amostra. Calcula-se a variância, em amostras, do seguinte modo: n 2 s = ∑ (x i −x 2 ) i =1 (3.2) n −1 Quanto maior a variância de uma série, maior a dispersão dos valores que a compõem. Assim, se uma amostra tem variância igual a 0,34 e outra, da mesma variável, igual a 0,93, nesta última os dados variam mais do que na primeira. Quando não houver variabilidade, a variância é zero. Uma dificuldade com a variância, como medida descritiva da dispersão, é o fato de não poder ser apresentada com a mesma unidade com que a variável foi medida. A solução é extrair a raiz quadrada positiva da variância, já que, com isso, se volta à unidade original da variável. Essa nova medida de variabilidade é denominada desvio padrão, usando-se o símbolo σ , se for calculado na população, ou s, se os dados pertencem a uma amostra. É interessante observar que o desvio padrão de uma série de dados pode ter um valor numérico maior que o da média. Isso geralmente é uma indicação de que a distribuição é assimétrica. (CALLEGARI-JACQUES, 2003) 17 3.3 COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR Avaliar se existe associação entre duas características quantitativas é objetivo de muitos estudos científicos. Para se avaliar a correlação entre características quantitativas, inicialmente os dados são apresentados em um gráfico cartesiano de pontos, denominado diagrama de dispersão. Uma outra maneira de se avaliar a correlação é usar um coeficiente, que tem a vantagem de ser um número puro, isto é, independente da unidade de medida das variáveis. Isto interessa bastante, pois se pode ter duas unidades de medida diferentes para as variáveis, o que dificultaria a interpretação da associação. O coeficiente de correlação linear amostral, denotado por r, pode variar entre -1 e +1. Valores negativos de r indicam uma correlação do tipo inversa, isto é, quando x aumenta, y em média diminui (ou vice-versa). Valores positivos para r ocorrem quando a correlação é direta, isto é, x e y variam no mesmo sentido. O valor máximo (tanto r = +1 como r = -1) é obtido quando todos os pontos do diagrama estão em uma linha reta inclinada (Figuras 3.1a e 3.1b). Por outro lado, quando não existe correlação entre x e y, os pontos se distribuem em nuvens circulares (Figura 3.1c). Associações de grau intermediário (0 < r < 1) apresentam-se como nuvens inclinadas, de forma elíptica (Figuras 3.1d e 3.1e), sendo mais estreitas quanto maior for a correlação (Figura 3.1d). Se, no entanto, a nuvem elíptica for paralela a um dos eixos do gráfico, a correlação é nula (Figura 3.1f). Quando os pontos formam uma nuvem cujo eixo principal é uma curva (Figuras 3.1g e 3.1h), o valor de r não mede corretamente a associação entre as variáveis. Isto ocorre porque a técnica para calcular esse coeficiente supõe que os pontos do gráfico formam nuvens elípticas, cujo eixo principal é uma reta. 18 Figura 3.1 – Diagramas de dispersão, com os valores de r correspondentes. Fonte: Callegari-Jacques (2003, p.86) A fórmula para se obter o coeficiente de correlação linear ou o coeficiente de Pearson em uma amostra é dada pela expressão (3.3). n n n ∑ X Y − ∑ X ∑ Y n r= i i i i=1 i =1 n 2 n Xi − i=1 2 ∑ n ∑ i =1 Xi i i =1 n 2 n Yi − i=1 ∑ n ∑ i =1 Yi 2 (3.3) onde X i = indica cada observação da variável X, Yi = indica cada observação da variável Y e n = corresponde ao número de pares de valores das variáveis X e Y. 3.3.1 Teste de hipóteses sobre a correlação Quando se calcula o coeficiente r em uma amostra, é necessário ter em mente que se está, na realidade, estimando a associação verdadeira entre x e y existente na população. 19 A correlação na população é designada por ρ . Supõe-se inicialmente que não existe correlação entre x e y e, então, ρ = 0. Realizando-se um processo de amostragem aleatória, os valores de r obtidos nas amostras devem ser, na sua maioria, próximos de zero. Podem ocorrer valores mais afastados de zero, mas serão pouco freqüentes. A distribuição amostral de valores de r é simétrica quando a correlação populacional for zero, como se pode ver na Figura 3.2. Por outro lado, vai ficando mais e mais assimétrica à medida que ρ afasta-se de zero. (CALLEGARIJACQUES, 2003) Figura 3.2 – Distribuição amostral de r para ρ = 0 e ρ = 0,8, para amostras com n = 9. Fonte: Hoel (1963 apud Callegari-Jacques, 2003, p.88) Para avaliar a significância do coeficiente de correlação, geralmente testa-se a hipótese nula de que ρ = 0 , utilizando para tanto a distribuição t de Student (definida na seção 3.4). As etapas para o teste estatístico de um coeficiente de correlação são apresentadas a seguir: • Elaboração das hipóteses estatísticas H0: ρ = 0 Ha: ρ ≠ 0 • Escolha do nível de significância Neste trabalho, o valor considerado para α é de 0,05. • Determinação do valor crítico do teste 20 Nesta etapa, deve-se determinar o valor de t α;gl , onde gl = n – 2, sendo n o número de pares de valores das variáveis x e y. • Determinação do valor calculado de t, conforme expressão (3.4). t= • Conclusão: Se r −ρ 1− r 2 n−2 (3.4) t calc > t α;gl , rejeita-se H ao nível de significância 0 considerado, caso contrário, se aceita H0. 3.4 DISTRIBUIÇÃO t (STUDENT) Sabedor das dificuldades que os pesquisadores têm para obter amostras grandes, o químico William Sealy Gosset (1876-1936) desenvolveu a “distribuição t” e a publicou sob o pseudônimo de Student. Para entendê-la, considere o seguinte: se for utilizado o desvio-padrão da amostra no cálculo de um escore Z populacional, está introduzindo-se incerteza ao resultado, isto porque se o desvio-padrão da amostra for menos que o da população, o escore Z resultante será muito grande e vice-versa. Assim, quando não se conhece o desvio-padrão da população, mas sim uma estimativa do mesmo com base no desvio-padrão da amostra, a distribuição de escores Z já não será mais normal e seguirá uma distribuição conhecida como “distribuição t”, cuja forma lembra a da distribuição normal, porém com mais área nas caudas, conforme mostra a Figura 3.3. Essa distribuição t possui como características: ser contínua e simétrica, ter média igual a 0, está definida para todos os valores reais e apresenta desvio-padrão variável com o tamanho da amostra (n). Não existe uma única distribuição t, mas sim um grupo: para cada tamanho da amostra existe uma distribuição e uma curva específica. 21 Figura 3.3 – Comparação entre as Distribuições Normal e de Student. Fonte: Soares et al. (1991, p.157) 3.5 TESTE t PARA AMOSTRAS INDEPENDENTES Como um dos objetivos específicos deste trabalho é verificar se os estudantes apresentam, em média, a mesma nota em Matemática e Física, é necessário à realização de um teste de hipóteses. Neste trabalho, utilizaremos o teste “t” de Student, descrito nesta seção. Segundo Levin e Fox (2004), tornou-se uma convenção na análise estatística iniciar o trabalho testando a hipótese nula – a hipótese segundo a qual duas amostras foram extraídas de populações equivalentes. De acordo com a hipótese nula, qualquer diferença observada entre amostras é encarada como uma ocorrência casual resultante apenas do erro amostral. Portanto, uma diferença constatada entre duas médias amostrais não representa uma diferença verdadeira entre suas médias populacionais. No presente contexto, a hipótese nula pode ser simbolizada como: H0: µ1 = µ2 onde µ1 = média da primeira população e µ2 = média da segunda população. A hipótese nula é geralmente (embora não necessariamente) estabelecida com o intuito de a negarmos. Isso faz sentindo, porque a maioria dos pesquisadores procura estabelecer relações entre variáveis; ou seja, eles estão em geral mais interessados em encontrar diferenças do que em determinar que elas não existam. 22 As diferenças entre grupos – quer esperadas teoricamente ou em bases empíricas – quase sempre proporcionam o fundamento lógico para a pesquisa. Se rejeitarmos a hipótese nula, isto é, se achamos que nossa hipótese de não haver diferenças entre médias provavelmente não é válida, automaticamente aceitamos a hipótese de pesquisa de que de fato existe uma diferença entre as populações. Esse é, em geral, o resultado esperado em pesquisa. A hipótese de pesquisa nos diz que as duas amostras foram extraídas de populações com médias diferentes e que a diferença obtida entre médias amostrais é demasiadamente grande para ser atribuída a erro amostral. A hipótese de pesquisa para a diferença entre médias é simbolizada por: Ha: µ1 ≠ µ 2 onde µ1 = média da primeira população e µ2 = média da segunda população. Dessa forma, neste trabalho, as hipóteses H0 e Ha são definidas da seguinte maneira: H0: a nota média em Matemática é igual à nota média em Física Ha: a nota média em Matemática é diferente da nota média em Física Para verificar se existe diferença estatisticamente significativa em média entre as notas de Matemática e Física dos estudantes de cada Escola pela aplicação do teste “t” para amostras independentes, depois da definição das hipóteses, calcula-se a média e a variância de cada amostra, utilizando-se as expressões (3.1) e (3.2), respectivamente. Na etapa seguinte, determina-se o valor do erro padrão da diferença entre médias, denotado, neste trabalho, por s M − F e definido pela expressão (3.5). n s 2 + n F s F2 s M −F = M M nM + nF − 2 n M + n F n M × n F (3.5) onde n M = indica o número de notas de Matemática, nF = indica o número de notas de 2 2 Física, s M = corresponde a variância das notas de Matemática e s F = corresponde a variância das notas de Física. 23 A estatística do teste com base da diferença entre médias e o erro padrão da diferença é calculada pela expressão (3.6). t= M−F s M −F (3.6) Além disso, para a conclusão do teste, é necessário determinar, pela tabela, o valor crítico para t. O mesmo é determinado levando-se em consideração o número de graus de liberdade (gl) e o nível de significância, sendo para este teste gl = n M + nF − 2 . Para decidir sobre a aceitação ou rejeição da hipótese nula (H0), deve-se comparar os valores de t calculado e tabelado. Caso o valor calculado de t não exceda o valor de t tabelado em nenhuma das direções, positiva ou negativa, se aceita H0, caso contrário deve-se rejeitá-la. 24 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo apresentamos os principais resultados obtidos na análise das notas de Matemática e Física de estudantes de uma Escola Pública e de uma Escola Particular da cidade de Erechim. As informações apresentadas na Tabela 4.1 são referentes ao número de alunos das escolas investigadas, distribuídos em relação ao ano e série, além disso, mostra a nota média e o desvio padrão das notas dos estudantes nas disciplinas de Matemática e Física. Pode-se observar que, considerando-se a média, as notas de Matemática e Física dos estudantes de cada Escola, nas diferentes séries e anos, são bastante próximas, porém, a média das notas dos alunos da Escola Pública, em ambas as disciplinas, em geral, são inferiores as mesmas notas dos alunos da Escola Particular. Tabela 4.1 – Número de alunos, média e desvio padrão das notas de Matemática e de Física das turmas do Ensino Médio das Escolas Pública e Particular da cidade de Erechim nos anos de 2005 a 2007. Escola Pública Ano/Série 2005 2006 2007 Número Escola Particular Matemática Física Número Matemática Física de alunos x s x s de alunos x s x s 1ª 23 5,02 1,25 4,85 1,47 42 6,66 1,92 6,49 1,82 2ª 14 5,48 1,55 4,88 1,25 69 6,95 1,98 6,84 1,73 3ª 22 5,44 0,60 5,58 0,62 49 5,25 1,75 6,37 1,78 1ª 36 3,97 1,66 3,45 1,48 56 6,06 2,38 6,46 1,84 2ª 11 5,51 1,26 4,60 1,12 38 6,56 1,79 6,27 2,57 3ª 23 5,14 1,21 5,07 1,13 62 6,67 2,03 7,45 1,38 1ª 28 4,21 1,37 3,73 1,58 50 6,82 1,81 6,96 1,50 2ª 20 5,03 1,50 4,61 1,32 53 6,45 1,98 6,87 1,92 3ª 19 5,35 1,13 4,99 1,01 31 6,82 2,29 7,57 1,50 Fonte: Autora 25 4.1 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS NOTAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA Para se avaliar a correlação entre as variáveis notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública e da Escola Particular, decidiu-se por apresentar os dados em um gráfico cartesiano de pontos, denominado diagrama de dispersão. As Figuras 4.1 a 4.9 mostram o comportamento apresentado pelas variáveis notas de Matemática e Física, bem como o valor para o coeficiente de correlação linear. Observa-se, nessas figuras, que o comportamento apresentado pelas variáveis investigadas é linear, bem como, a associação descrita é positiva, indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r obtido, que existe uma forte correlação entre as variáveis analisadas, sendo o resultado obtido para coeficiente de correlação estatisticamente significativo (p < 0,05), pela aplicação do teste “t”. Figura 4.1 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2005. 26 Figura 4.2 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2005. Figura 4.3 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2005. Figura 4.4 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2006. 27 Figura 4.5 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2006. Figura 4.6 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2006. Figura 4.7 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2007. 28 Figura 4.8 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2007. Figura 4.9 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2007. 4.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS NOTAS MÉDIAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA Para verificar se, em média, os estudantes da Escola Pública e da Escola Particular obtiveram a mesma nota nas disciplinas de Matemática e Física, aplicouse o teste “t” para amostras independentes, considerando-se um nível de significância de 5%. As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os resultados obtidos. 29 Tabela 4.2 – Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública. Disciplina Ano/Série 2005 2006 2007 Estatística t Valor de p 4,85 ± 1,47 0,4257 0,6724 5,48 ± 1,55 4,88 ± 1,25 1,1192 0,2733 3ª 5,44 ± 0,60 5,58 ± 0,62 - 0,7562 0,4538 1ª 3,97 ± 1,66 3,45 ± 1,48 1,3964 0,1670 2ª 5,51 ± 1,26 4,60 ± 1,12 1,8017 0,0867 3ª 5,14 ± 1,21 5,07 ± 1,13 0,1952 0,8462 1ª 4,21 ± 1,37 3,73 ± 1,58 1,2169 0,2289 2ª 5,03 ± 1,50 4,61 ± 1,32 0,9582 0,3440 3ª 5,35 ± 1,13 4,99 ± 1,01 1,0246 0,3124 Matemática Física 1ª 5,02 ± 1,25 2ª Fonte: Autora Tabela 4.3 – Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Particular. Disciplina Ano/Série 2005 2006 2007 Estatística t Valor de p 6,49 ± 1,82 0,4138 0,6801 6,95 ± 1,98 6,84 ± 1,73 0,3206 0,7490 3ª 5,25 ± 1,75 6,37 ± 1,78 - 3,1437 0,0022 1ª 6,06 ± 2,38 6,46 ± 1,84 - 0,9952 0,3218 2ª 6,56 ± 1,79 6,27 ± 2,57 0,5751 0,5669 3ª 6,67 ± 2,03 7,45 ± 1,38 - 2,5278 0,0128 1ª 6,82 ± 1,81 6,96 ± 1,50 - 0,4147 0,6792 2ª 6,45 ± 1,98 6,87 ± 1,92 - 1,1126 0,2685 3ª 6,82 ± 2,29 7,57 ± 1,50 - 1,5291 0,1315 Matemática Física 1ª 6,66 ± 1,92 2ª * * * Nota: Indica resultado estatisticamente significativo pela aplicação do teste “t” ao nível de significância de 5% Fonte: Autora Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 4.2, observa-se que, em média, os estudantes da Escola Pública apresentaram a mesma nota em Matemática e Física (p > 0,05). Quando se comparam as notas médias nas disciplinas consideradas para os estudantes da Escola Particular (Tabela 4.3), nota- 30 se que os resultados diferem somente para a turma da 3ª série dos anos de 2005 e 2006 (p < 0,05). 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos objetivos deste trabalho era verificar se, em média, os estudantes possuíam o mesmo aproveitamento na disciplina de Matemática e na disciplina de Física. Através da aplicação do teste “t” pode-se perceber que em média os estudantes do Ensino Médio nas três séries e nos três anos, possuem aproveitamentos bem próximos (p > 0,05) nas disciplinas de Matemática e Física. Apenas em duas turmas de 3ª série dos anos 2005 e 2006 da Escola Particular, observou-se que a média entre as disciplinas não são iguais (p < 0,05). Outro objetivo deste estudo era verificar o grau de associação entre as variáveis: notas de Matemática e notas de Física. Através da construção do diagrama de dispersão pode-se perceber que o comportamento apresentado pelas variáveis investigadas é linear. Além disso, a associação descrita é positiva, indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r obtido, que existe uma forte correlação entre as variáveis analisadas, sendo o resultado obtido para coeficiente de correlação estatisticamente significativo (p < 0,05), pela aplicação do teste “t” ao nível de significância de 5%. Finalmente, comparando-se os resultados da Escola Pública com os resultados da Escola Particular observou-se que ambas apresentam praticamente o mesmo grau de associação entre o aproveitamento de Matemática e o aproveitamento de Física. Porém, cabe destacar, que em média as notas tanto de Matemática quanto de Física foram maiores na Escola Particular do que na Escola Pública. Respondendo ao problema da pesquisa, após o estudo concluído podemos afirmar que o rendimento dos estudantes em Matemática no Ensino Médio de uma Escola Pública e de uma Escola Particular da cidade de Erechim – RS influencia no rendimento de Física destes estudantes. 32 Com este trabalho pude comprovar a hipótese de que o bom desempenho do estudante em Matemática favorece o mesmo para ter também um bom rendimento em Física. Acredito que a partir dos resultados obtidos com este estudo, os professores de Matemática e de Física possam se sentir estimulados a pensarem e posteriormente realizarem um trabalho interdisciplinar entre estas disciplinas. Penso que isto seria um grande aprendizado tanto para os alunos que poderiam trabalhar com estas disciplinas interligadas e ver o quanto uma completa a outra, quanto para os professores, pois estes teriam mais um desafio em suas profissões e também uma grande conquista ao realizarem este trabalho e verem os resultados positivos que com certeza irão acontecer. 33 REFERÊNCIAS BASSANEZI, R. C. Modelagem como estratégia para Capacitação de professores de Matemática. In :_________ Modelagem Matemática. São Paulo: Editora Contexto, 2003. BORGES, O. Ensinar para menos e ensinar melhor. Minas gerais. Disponível em: <http://sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvi>. Acesso em: 10 nov. 2007. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2006. CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2003. D’AMBROSIO, U. Da Realidade à Ação: reflexões sobre educação e matemática. São Paulo: Summus, 1986. LEVIN, J., FOX, J. A. Estatística para Ciências Humanas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. LOPES, J. B. Aprender e Ensinar Física. APPACDM de Braga, 2004. SCHULZE, C.; CAMARGO, B.; WACHELKE, J. Alfabetização Científica e Representações Sociais de Estudantes de Ensino Médio sobre Ciência e Tecnologia. Florianópolis, 2006. Disponível em: <http://146.164.3.26./seer/lab19/ojs/viewarticle.php/id=101&layout=html>. Acesso em: 10 nov. 2007. SOARES, J. F.; FARIAS, A. A.; CEZAR, C. C. Introdução à Estatística. Belo Horizonte: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1991. VAZ JUNIOR, J. Disponível em: <http://www.ime.unicamp.br/%7Evaz/fismat.htm>. Acesso em: 13 nov. 2007.