Revista LOGOS, n. 14, 2006. 2 A MODELAGEM MATEMÁTICA APLICADA AO ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO LOZADA1, Cláudia de Oliveira; ARAÚJO 2, Mauro Sérgio Teixeira de; MORRONE 3, Wagner; AMARAL 4, Luiz Henrique 1,2,3,4 Universidade Cruzeiro do Sul ( UNICSUL), SP [email protected] [email protected] RESUMO As dificuldades matemáticas que os alunos enfrentam certamente podem interferir na aprendizagem em Física, em virtude de não conseguirem desenvolver os modelos matemáticos necessários para resolver os problemas de Física. Os professores de Física devem ficar atentos para identificar tais dificuldades e buscar estratégias de ensino que proporcionem as habilidades básicas necessárias para o desenvolvimento dos modelos matemáticos aplicados à Física, bem como preocuparse com a forma com que os alunos desenvolvem a modelagem. Ademais, alguns problemas possuem uma aspecto matemático relativamente simples e envolvem uma matemática elementar (Biembengut & Hein, sd:1) Nesse sentido, este trabalho busca discutir e evidenciar a importância dos modelos matemáticos para o Ensino de Física, particularmente no Ensino Médio, em virtude dos fracassos apresentados pelos alunos na resolução de problemas em Física, os quais frequentemente exigem a elaboração de modelos matemáticos. Dessa forma, são tecidas algumas considerações e reflexões em relação ao desenvolvimento dos modelos matemáticos no Ensino de Física para o Ensino Médio, destacando-se a relevância de um trabalho interdisciplinar entre Matemática e Física, com base em uma pesquisa qualitativa preliminar realizada com professores de Física. Palavras- chave: Matemática, Educação Matemática, Modelos Matemáticos, Ensino de Física INTRODUÇÃO A Matemática é considerada uma importante ferramenta para o Ensino de Física uma vez que proporciona a elaboração de modelos matemáticos que resultam da interpretação dos problemas que expressam situações envolvendo fenômenos físicos. Campos (2000: 10-11) mostra essa interface entre Matemática e Física ao afirmar que “ (...) a Matemática é mais do que simples coadjuvante no desenvolvimento dos conceitos físicos. Ela está sempre presente nas atividades científicas: seja no seu processo ou no seu produto, seja na definição de uma teoria científica. Sobre a ligação intrínseca entre a Física e a Matemática, Hulin (1983) escreveu que na sua gênese, sua estrutura, seu funcionamento, a Física é indissoluvelmente ligada à mão de obra de seu formalismo.” E prosseguindo em sua argumentação, Campos afirma que “A Física e a Matemática assumem, então, papéis complementares passando esta a ser um instrumento de conceituação dos conteúdos científicos, emprestando-lhes mais consistência, atuando mais do que um simples modelo.” Os modelos matemáticos exercem um papel relevante em todo o desenvolvimento da Física, uma vez que compõem uma tríade fundamental para esta área da Ciência: a Física, acima de tudo, apóia-se em formulação de teoria, elaboração de um modelo matemático compatível e experimentação. As teorias em Física, desde a Mecânica Newtoniana até a Mecânica Quântica expressam-se por meio de modelos matemáticos, muitos vezes complexos, cuja transposição Revista LOGOS, n. 14, 2006. didática para o Ensino Médio nem sempre é possível de realizar-se, resumindo-se ao seu aspecto conceitual, sem contudo, perder-se de vista o seu conteúdo.Elaborar um modelo matemático de situações que envolvem conceitos físicos no Ensino Médio exige o domínio de ferramentas matemáticas básicas como, por exemplo, as funções de primeiro e segundo graus, utilizadas em Mecânica para o Movimento Uniforme e para o Movimento Uniformemente Variado. Agregado a esse fator, outra questão relevante consiste na interpretação dos enunciados dos problemas, o que em Física está intimamente relacionada com o entendimento dos conceitos físicos, outro aspecto a se ressaltar, uma vez que os erros conceituais em Física são constantes no contexto escolar. Entretanto, o enfoque exageradamente centrado nos aspectos formais tende a tornar a aprendizagem um processo puramente mecânico, reduzido basicamente à aplicação de fórmulas sem a devida significação dos conceitos adjacentes. No Ensino Médio os modelos matemáticos aplicados em Física são modelos adequados à faixa etária dos alunos, sendo que no Ensino Superior, como veremos mais adiante, o mesmo modelo torna-se mais elaborado considerando outras variantes e exigindo ferramentas matemáticas mais complexas. Dessa maneira, este trabalho procura apontar as relações dos modelos matemáticos com o ensino de Física e as dificuldades para que os alunos desenvolvam a capacidade de elaborá-los e utilizá-los, destacando o papel de um trabalho interdisciplinar entre Matemática e Física. Também são fornecidas algumas reflexões sobre a Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e a Teoria dos Modelos Mentais para os modelos matemáticos aplicados à Física, sugerindose a adoção de metodologias de ensino diferenciadas, como a utilização do software Modellus, visando melhorar a utilização da modelagem matemática no ensino de Física, visando propiciar uma aprendizagem significativa, tendo em vista 3 as dificuldades apontadas por professores de Física em uma Oficina de Física em relação ao conteúdo matemático utilizado pela disciplina. REFLEXÕES ACERCA DA MODELAGEM MATEMÁTICA, DOS CAMPOS CONCEITUAIS DE VERGNAUD E DA TEORIA DOS MODELOS MENTAIS Bassanezi (2002) apud Ferruzzi et al (2004: 1354-1355) afirma que a modelagem matemática “consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real”. Em modelagem matemática destacam-se os trabalhos de Leinbach , Burghes, Berry, Blum, McClone e Braun. No Brasil, as pesquisas em Modelagem Matemática, no âmbito da Educação Matemática, intensificaram-se nos anos 80 e 90 e, em geral, estão ligadas a trabalho de projeto, o qual consiste em dividir os alunos em grupos e selecionar temas de interesse que serão investigados por meio da Matemática, sendo que esses grupos são orientados pelo professor, que acompanha o desenvolvimento dos trabalhos. (Bassanezi, 1990, 1994; Biembengut, 1990, 1999). O acompanhamento dos trabalhos pelo professor deve pressupor uma avaliação formativa (Luckesi, 2005), estando o professor atento para o registro das ambigüidades encontradas nas questões interpretativas dos problemas, que pode ser considerado um indicativo da dificuldade de os alunos expressarem suas concepções explicitamente (Costa & Moreira, 2002: 68). Sabe-se que a modelagem matemática está diretamente ligada à resolução de problemas e em geral, envolve as seguintes etapas: (1ª) definição do problema, (2ª) simplificação e formulação de hipóteses, (3ª) dedução do modelo matemático, (4ª) resolução do problema matemático, (5ª) validação e (6ª) aplicação do modelo. Neste processo de resolução de problemas pode-se destacar a Revista LOGOS, n. 14, 2006. teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud. Segundo Vergnaud (1990: 23) apud Greca & Moreira (2003:3) o conhecimento encontra-se organizado em campos conceituais de que o sujeito se apropria ao longo do tempo e que podem ser definidos como grandes conjuntos formais, informais e heterogêneos, de situações e problemas cuja análise e tratamento requerem diversas classes de conceitos, procedimentos e representações simbólicas, inter-relacionados. Em síntese, Vergnaud utiliza os seguintes elementos básicos: conjunto de situações (S), o invariante (I – esquema de articulação dos conceitos) e a formalização ou representação simbólica (R). Para a modelagem matemática a dupla I e R está inserida nas primeiras etapas apresentadas anteriormente. Por sua vez, esta tripla (S,I,R) mobiliza o processo cognitivo interno do aluno, que enfrentará situações dialéticas na dedução do modelo, ressaltando a importância do conflito cognitivo, aspecto asseverado por Skovsmose (1996) ao se referir ao contexto da Educação Matemática de cunho crítico colocando um aspecto importante a ser trabalhado: a matemática como instrumento problemático. Por fim, cabe destacar a Teoria dos Modelos Mentais de Johnson Laird, que consiste numa modelagem mental aplicada à resolução de problemas e que considera a maneira como os modelos mentais são construídos quando os indivíduos entendem o que lêem ou o que é dito a eles (Costa & Moreira, 2002:62), aspecto este importante e que está relacionado com uma das preocupações que em geral é apontada pelos professores, que está relacionada à questão da interpretação dos enunciados/textos. O modelo mental considera o raciocínio indutivo e dedutivo, bem como os conhecimentos prévios e as transformações que ocorrem no modelo mental ao longo de sua construção, decorrentes da incorporação de informações e experiências, o que confere ao modelo mental um caráter provisório. Assim, pode-se dizer que os modelos mentais inserem-se de modo preponderante 4 nas etapas da modelagem matemática referentes à definição do problema, a simplificação e a formulação de hipóteses e a dedução do modelo matemático. Além do mais, entende-se que o estímulo ao desenvolvimento de modelos mentais mobiliza o processo o criativo, crítico e reflexivo dos alunos. A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E OS MODELOS MATEMÁTICOS “As modelagens são um produto dessa sofisticação teórica da ciência e o seu objetivo é constituir objetos mais simples com as ferramentas da matemática, em particular as equações diferenciais, visando à sofisticação de instrumentos que permitam não apenas uma compreensão adequada de um determinado fenômeno e de suas tendências no tempo, mas também a formulação de programas de intervenção(...) (Carlos Vogt) Considerando a afirmação acima, considera-se relevante questionar: o que vem a ser, então, um modelo matemático? Segundo Bassanezi (2002: 20), “Modelo Matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que representa de alguma forma o objeto estudado e sua importância consiste em ser uma linguagem concisa que expressa nossas idéias de maneira clara e sem ambigüidades”. Os livros didáticos de Ensino Médio procuram apresentar modelos matemáticos que implicam em situações reais, procurando aproximar o ensino do cotidiano do aluno. Tais modelos relacionados a determinados conteúdos implicam em transposição didática desses conteúdos para o grau de ensino apropriado à faixa etária do Ensino Médio, sendo a transposição didática entendida como sendo um conceito que tem origem na didática francesa, com destaque para Yves Chevallard e Marie-Alberte Joshua ( Pietrocola,2005), e que estabelece os seguintes três níveis de saber: o saber sábio, o saber a ensinar e o saber ensinado, que são importantes nos processos de ensino e de aprendizagem das disciplinas no Ensino Médio. Assim, tanto em Revista LOGOS, n. 14, 2006. Matemática como em Física a transposição didática é um fator relevante, pois os conteúdos tornam-se mais complexos no decorrer dos graus de ensino, conforme se pode verificar no caso da função horária dos espaços relacionada ao Movimento Uniformemente Variado (MUV). No Ensino Médio, o modelo matemático desenvolvido para o estudo desse tipo de movimento resulta na fórmula S = S0 + v0 t + (a t2)/2 (Ferraro & Soares, 1991: 71). Por outro lado, no ensino superior pode-se integrar a velocidade (v = ds/dt = vo + act) (Hibbeler, 2005: 5) considerando outras variáveis a serem analisadas em que o significado adquirido de Movimento Uniformemente Variado torna-se mais elaborado e, portanto, tornando o modelo mais complexo. Nota-se a gradual abstração dos conceitos e dos modelos matemáticos, como colocam Henning & Keune (sd:1): “O processo de modelagem é uma constante oscilação entre vários níveis de abstração”. Campos (op. cit) trabalhando sob uma visão integracionista entre Física e Matemática desenvolve uma abordagem interdisciplinar com o conteúdo funções, destacando as relações entre as disciplinas em relação ao conteúdo citado, desenvolvendo a partir daí os modelos matemáticos, que constituiriam exemplos de modelos de sistemas dinâmicos. A esse respeito, Veit & Teodoro (2002: 88) afirmam que “de particular interesse em Física são os modelos de sistemas dinâmicos, isto é, modelos que estabelecem alguma relação matemática entre quantidades físicas e o tempo, considerado como uma variável independente”. No processo de graduação da complexidade dos modelos matemáticos em Física, o significado não deve se perder, mas constituir-se em agregação de outros aspectos que o enriqueçam, demonstrando que o conteúdo apreendido em um grau de ensino possui continuidade. Visando destacar esse aspecto de continuidade dos conteúdos, considera-se relevante citar que o Institute of Physics do Reino Unido, por meio de um projeto que visa revitalizar o Ensino de Física para 5 estudantes entre 16 e 19 anos, enfatiza o uso de equações a diferenças finitas na introdução aos conceitos de Cálculo, como taxas de variação, derivadas e integrais, em um nível de escolaridade anterior ao universitário (Veit & Teodoro,2002: 92). Por sua vez, no Japão, na Junior High School há um projeto de aprendizagem integrada através da modelagem em Matemática, Ciência e Tecnologia, onde os estudantes desenvolvem, aplicam e avaliam modelos matemáticos para problemas tecnológicos usando o conhecimento científico e tais modelos devem ter aplicação no mundo real.(Moriyama et al, sd:1). Entretanto, há casos em que a transposição didática dos modelos matemáticos de determinados conteúdos físicos para o Ensino Médio não é possível em virtude do nível de abstração e complexidade dos elementos envolvidos, efetuando-se apenas a construção histórica dos conceitos, como no caso de Física de Partículas e de outros tópicos de Física Moderna e Contemporânea. Particularmente no caso de Física de Partículas, a maioria dos livros didáticos de Ensino Médio de Física aborda este conteúdo no campo conceitual, sendo que em algumas vezes são fornecidos exemplos de decaimento beta, colocados de forma intelegível e não de modo simplificado ou reducionista, que prejudiquem o corpo deste conteúdo. Substitui-se, nestas abordagens pra os alunos do Ensino Médio, a linguagem de função de onda na definição de partícula elementar por um conceito de caráter intuitivo, sendo relatadas as descobertas teóricas e experimentais de maneira cronologicamente organizada: "O critério que define elementar até que não é difícil é até bastante intuitivo: toda partícula que pode ser quebrada não é elementar, e toda aquela que tem um único constituinte é considerada elementar. No entanto, do ponto de vista experimental e teórico, o conceito não é tão simples assim (...) do ponto de vista teórico, o conceito que define uma partícula elementar é, antes de tudo, de natureza abstrata e matemática. Revista LOGOS, n. 14, 2006. Todas as partículas elementares são descritas por objetos matemáticos denominados funções de onda, a partir das quais são extraídas informações sobre a dinâmica de tais partículas. A função de onda que descreve uma partícula elementar não pode ser redutível à função de onda de outras partículas. Essa linguagem é ditada pela mecânica quântica e, para nossos propósitos, parece um bocado complicada." (Abdalla, 2005: 38). A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FÍSICA E OS MODELOS MATEMÁTICOS Dentre as competências e habilidades a serem desenvolvidas em Física, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999: 237), podem ser destacadas algumas que demonstram estar intimamente relacionadas com a Matemática, tais como compreender enunciados que envolvam códigos e símbolos físicos; ser capaz de discriminar e traduzir as linguagens matemática e discursiva entre si; expressar-se corretamente utilizando a linguagem física adequada e elementos de sua representação simbólica e apresentar de forma clara e objetiva o conhecimento apreendido, através de tal linguagem. Além do mais, os PCNs (1999: 229) destacam a preocupação com a desarticulação existente entre a Matemática e a Física, o que evidencia um descompasso que demonstra a ausência de um trabalho interdisciplinar e de metodologias eficientes de ensino, gerando como conseqüência um aumento nas estatísticas do péssimo rendimento dos alunos, como adiante se constata: “O ensino de Física tem-se realizado freqüentemente mediante a apresentação de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada, distanciados do mundo vivido pelos alunos e professores e não só, mas também por isso, vazios de significado. Privilegia a teoria e a abstração, desde o primeiro momento, em detrimento de um desenvolvimento gradual da abstração que, pelo menos, parta da 6 prática e de exemplos concretos. Enfatiza a utilização de fórmulas, em situações artificiais, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas representam de seu significado físico efetivo. Insiste na solução de exercícios repetitivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela automatização ou memorização e não pela construção do conhecimento através das competências adquiridas”.Esta postura tem elevado as críticas à “matematização do ensino de Física”, caracterizada pela aplicação dos dados em fórmulas matemáticas, desconsiderando que as mesmas consistem em modelos matemáticos com sentido agregado ao conceito físico. A matematização tende a ocorrer quando há essa desvinculação entre as duas disciplinas, produzindo um vazio de significados que tem caracterizado as aulas de Física na maioria dos contextos escolares. Esta postura também é exposta nos PCN Mais/ Ensino Médio (sd: 38):“Muitas vezes o ensino de Física inclui a resolução de inúmeros problemas, onde o desafio central para o aluno consiste em identificar qual fórmula deve ser utilizada. Esse tipo de questão, que exige, sobretudo, memorização, perde sentido se desejamos desenvolver outras competências. Não se quer dizer com isso que seja preciso abrir mão das fórmulas. Ao contrário, a formalização matemática continua sendo essencial, desde que desenvolvida como síntese dos conceitos e relações, compreendidas anteriormente de forma fenomenológica e qualitativa”. Em geral, os professores de Física do Ensino Médio costumam apontar entre as dificuldades apresentadas pelos alunos aquelas relacionadas à interpretação de enunciados/textos e dificuldades em operações matemáticas, asseverando que há também dificuldades em relação à representação simbólica. Acredita-se serem estes problemas pontos cruciais referentes à resolução de problemas em Física que demandam o desenvolvimento de um modelo matemático para expressar uma situação inserida em um conceito físico. Este panorama corrobora as colocações de Revista LOGOS, n. 14, 2006. Cruz (op. cit), inclusive no sentido de que “as atividades escolares de educação científica não ensinam a modelizar fenômenos”. Por conseguinte, uma pesquisa qualitativa cuja metodologia baseou-se em um levantamento (“survey”) (Fiorentini & Lorenzato, 2006:106-107) foi realizada em uma Oficina de Física, com o objetivo de apurar alguns aspectos relativos à formação dos professores de Física e a sua prática docente (as metodologias, os conteúdos e trabalhos que desenvolvem com os alunos, bem como as dificuldades que os alunos apresentam no processo aprendizagem em Física). A pesquisa foi efetuada através de um questionário dividido em quatro categorias de análise, a saber: Perfil Docente, Docência, Ensino de Física e Física de Partículas. Dos 70 inscritos, 40 eram professores dos quais 23 compareceram à Oficina e 21 responderam ao questionário. Dentro das 4 categorias de análise, destaca-se a categoria “Docência”, na qual dentre as perguntas efetuadas, duas perguntas merecem atenção, uma em relação à assimilação dos conteúdos e outra em relação às dificuldades apresentadas pelos alunos. Da análise dos dados extrai-se que entre as dificuldades apontadas, merecem destaque as três primeiras que estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento dos modelos matemáticos em Física, pois requerem a mobilização cognitiva (assimilação do conteúdo e interpretação de enunciados/textos) e a ferramenta matemática (operações matemáticas que envolvem a constituição dos modelos matemáticos).Pela análise dos resultados, apurou-se que 80,95% dos professores afirmaram que seus alunos 7 apresentam dificuldades de assimilação dos conteúdos; 95,24% dos professores afirmaram que seus alunos apresentam dificuldades na interpretação de enunciados/textos; 80,95% dos professores afirmaram que seus alunos apresentam dificuldades em operações matemáticas. Em relação à escrita, 38,10% dos professores apontaram que esta também constitui um fator que dificulta a aprendizagem e 9,52% afirmaram que seus alunos apresentam outras dificuldades, tais como lógica/raciocínio e apontaram o desinteresse como um fator que também dificulta a aprendizagem. Em textos conceituais de Física em que as respostas às perguntas não requerem operações, a escrita é um fator fundamental, pois através dela os alunos expressam suas idéias, expõem o entendimento dos conceitos físicos e levantam outros questionamentos. Cabe ressaltar que os dois primeiros autores deste artigo em sua experiência como docentes de Matemática e de Física no Ensino Médio já haviam constatado tais dificuldades, cujos dados ora levantados vieram a corroborar a preocupação que ambos possuem em relação à modelagem matemática em Física.Embora considerando que a amostra pesquisada não pode ser entendida como plenamente representativa do universo de professores, por meio de uma análise preliminar das informações coletadas pode-se constatar as dificuldades dos alunos apontadas pelos professores em relação ao conteúdo matemático utilizado em Física e que, conseqüentemente, interferem na resolução dos problemas e no desenvolvimento dos modelos matemáticos como aponta o gráfico (Fig.1). 8 Revista LOGOS, n. 14, 2006. Figura 1 Assim, em que pese a amostra de professores ter sido bastante restrita, os dados revelam claramente a preocupação dos mesmos em relação aos processos de ensino e aprendizagem em Física, cabendo ressaltar que evidentemente há a necessidade de um estudo mais profundo para se verificar outras causas do baixo desempenho dos alunos na modelagem matemática em Física.Nesta perspectiva, sugere-se um trabalho interdisciplinar entre as disciplinas Matemática e Física, como nos coloca Campos (op. cit): “ (...) a interdisciplinaridade se mostra um caminho importante na construção de um conhecimento que enfatiza a cooperação entre áreas diversas das ciências e que auxilia na compreensão das múltiplas interseções entre saberes, muitas vezes, aparentemente distintos, contribuindo para a formação de um sujeito mais autônomo e crítico, na medida em que uma visão global do conhecimento o situa melhor dentro do universo escolar”. Dessa forma, os professores de Matemática poderão trabalhar em uma ação colaborativa com os professores de Física visando minimizar as dificuldades que os alunos apresentam em relação às ferramentas básicas necessárias à resolução dos problemas propostos, de modo que em ambas as disciplinas seja possível estabelecer um trabalho com modelagem, com vistas a desenvolver as requeridas competências e habilidades dos alunos. Nesse cenário, considera-se de suma importância que os professores fiquem atentos aos erros cometidos pelos alunos e estabeleçam formas de trabalhar esses erros, como pontua Luckesi (2005: 57): “os erros de aprendizagem, que emergem a partir de um padrão de conduta cognitivo ou prático já estabelecido pela ciência ou pela tecnologia, servem positivamente de ponto de partida para o avanço, na medida em que são identificados e compreendidos, e sua compreensão é o passo fundamental para a sua superação”. Finalmente, cabe destacar que Novak & Gowin (1988) relatam que as ferramentas de modelagem vão desde papel e lápis até a utilização de tecnologias interativas, como o computador (Ogborn, 1990). Dessa maneira, como estratégia complementar à modelagem expressa no papel, pode-se sugerir a utilização da modelagem computacional, ressaltando-se que a modelagem expressa no papel consiste em uma etapa essencial e natural no processo ensino – aprendizagem, porque mobiliza os recursos cognitivos do aluno, que lhes são intrínsecos, que lhes são próprios, exigindo-lhe um esforço pessoal que poderá dotá-lo de suficiente autonomia no processo de modelagem, evitando-se desse modo que se tornem dependentes de ferramentas computacionais para a modelagem e a resolução de problemas. Visando a modelagem computacional sugere-se a utilização do software Modellus, que permite ao aluno fazer experimentos conceituais utilizando Revista LOGOS, n. 14, 2006. modelos matemáticos (Araújo, Veit & Moreira, 2003; Reis, 2005; Veit, Mors & Teodoro, 2002), além de oportunizar a construção de modelos de fenômenos físicos entre outros tipos de modelos, por meio de animações, gráficos e tabelas, contribuindo para minimizar as dificuldades no tocante à modelagem. Ademais, o software Modellus é livre, sendo distribuído gratuitamente na internet, o que torna seu acesso aos professores bastante facilitado.No entanto, ao preparar suas aulas com o auxílio do software Modellus, o professor deverá adequá-la aos conteúdos matemáticos do Ensino Médio, ou introduzir outros conteúdos para que o software possa ser utilizado com maior abrangência, bem como não permitir que os alunos passem a visualizar o software apenas como aplicação de fórmulas. Podese citar também o software Stella, que constitui uma “ferramenta de modelamento que pode vir ser usada em muitas áreas do conhecimento em atividades que visem ao ensino de determinados conteúdos, bem como a exploração das idéias dos estudantes em termos de modelos mentais apresentados quando da resolução de terminadas tarefas” (Santos, 1989: 222). Outra alternativa para aplicar a modelagem matemática ao ensino de Física no Ensino Médio é por meio da experimentação. Neste caso é necessário que o professor Necessário que o professor elabore um questionário para levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos relacionados ao tema da experimentação. Outro questionário deve ser respondido após a realização do experimento para que se possa verificar a assimilação do conteúdo, bem como sugere-se que os alunos elaborem um relatório descrevendo o experimento realizado, momento este oportuno para se trabalhar a escrita. Dessa forma, apresenta-se como exemplo de experimento, o funcionamento de um circuito elétrico (Ferruzi et la, 2004: 1356). Este experimento proporcionará: Verificar se existe alguma relação entre a tensão, a corrente elétrica e a resistência de um material; 9 Determinar um modelo matemático que descreva o comportamento da corrente que flui em um circuito, em relação à tensão aplicada e ao resistor do equipamento; Introduzir o conceito de função do 1º grau, definindo-se coeficiente angular e linear, o que mostra a viabilidade de um trabalho interdisciplinar com Matemática e o caráter multidisciplinar da modelagem matemática ( Bassanezi, 2002:16). No entanto, é preciso deixar claro que não se quer com a realização do experimento propagar a visão empirista da ciência. O objetivo é levar o aluno a desenvolver um modelo matemático já existente e consolidado por uma teoria. Silveira e Peduzzi ( 2006 : 50 – 52 ) esclarecem: “Não há dúvida que experimentos, observações, resultados de medidas são importantes para o conhecimento científico. (...) A produção do conhecimento científico não pode ser entendida através da epistemologia empirista ( apesar dos livros – textos e muitos cientistas assim acreditarem) e não pode ser descrita como conseqüência da aplicação de um método científico que começa com resultados observacionais/experimentais.” E prosseguem: “ A história ( ou caricatura) empirista não apenas empobrece a história da ciência, induz a visões distorcidas da natureza da ciência e do empreendimento científico.” A modelagem por meio da experimentação é um caminho para se trabalhar com o laboratório aberto. Segundo Capechi ( apud Carmo e Carvalho, 2006: 4), o laboratório aberto consiste em “uma atividade experimental que parte de um problema levantado pelo professor e que envolve os estudantes.” Asseveram que este momento é propício para professor e aluno articularem a linguagem matemática usada pelos físicos com as outras linguagens para construir os significados científicos.” Essa é a perspectiva do ensino por investigação (Capechi, op. cit), que corrobora os princípios da aprendizagem significativa e Revista LOGOS, n. 14, 2006. contribuir para ativar as idéias de base que os alunos possuem. Nesse passo, ao desenvolver a modelagem matemática por meio da experimentação, sugere-se que os alunos elaborem mapas conceituais (Novak, 1998) estabelecendo a relação entre os diversos conceitos que envolvem o fenômeno. Além do mais, o fenômeno precisa transparecer no modelo mate,atiço, precisa ser “visualizado” na representação da linguagem matemática. Deve haver uma articulação entre os recursos tipológicos e os recursos topológicos, como salienta Carmo e Carvalho (op. Cit). CONCLUSÃO Acredita-se ser inegável a relação existente entre a Matemática e a Física no desenvolvimento de diversos conteúdos no Ensino Médio e sua estruturação por meio dos modelos matemáticos. Entretanto, chama-se a atenção para o fato de que esta relação deve ser significativa, de maneira que os alunos consigam percebê-la e, sobretudo, compreendê-la como um corpo integrativo das Ciências. A preocupação dos professores não deve se ater aos domínios das ferramentas matemáticas para que os alunos possam resolver os problemas em Física, devendose avançar para além dessa perspectiva, que restringe a abordagem aos aspectos formais, buscando-se incorporar os diversos valores que um trabalho interdisciplinar pode proporcionar, na medida em que amplia as possibilidades de atribuição de significado aos conceitos físicos expressos pelos modelos matemáticos. Entender os conceitos físicos e incentivar a leitura e uma atitude reflexiva e crítica diante da mesma, contribui para reduzir as dificuldades em relação à interpretação dos enunciados e a resolução dos problemas em Física, que pressupõe o desenvolvimento de um modelo matemático. Além do mais, coloca-se de suma importância o hábito de resolver problemas desde as séries iniciais escolares, enfatizando o desenvolvimento do raciocínio lógico e a oportunidade de se apontar diferentes caminhos para solucionar os problemas, criando-se os 10 modelos matemáticos e refletindo-se sobre sua viabilidade. Outra questão a se colocar diz respeito a análise do modelo matemático em si e sua relação com a interpretação dos resultados. A análise dos resultados provenientes do modelo matemático aplicado à Física tende a desenvolver o pensamento crítico e tornar visível a necessidade de compatibilidade com a realidade e sua possibilidade de existência, evitando assim resultados absurdos, não viáveis fisicamente e que, desse modo, não possam ser correlacionados com o fenômeno em estudo, conforme nos coloca Silva e Almeida (2005: 11): “O envolvimento dinâmico do aluno no processo de modelagem contribui muito para isso, pois aprende a tornar-se ativo e a exercer seu poder de escolher e decisão”. Nesse sentido, deve-se proporcionar momentos em que os alunos discutam os modelos, sua viabilidade e, inclusive, que proponham outros modelos. Nesse processo, deve-se valorizar as situações cotidianas dos alunos que envolvem conceitos físicos e estimulá-los a criar os seus próprios modelos, possibilitando o desenvolvimento de habilidades e competências. Ressalta-se, ainda, a importância de se trabalhar as simbologias, tão essenciais para a modelagem matemática em Física, pois expressam em sínteses as fórmulas que muitas vezes constituem leis físicas. Ademais, a Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e a Teoria dos Modelos Mentais constituem um referencial importante para se entender o processo de resolução de problemas e apontar caminhos para minimizar as dificuldades que os alunos apresentam em relação a modelagem matemática desses problemas, contando como recurso complementar a utilização de softwares de modelagem, sem contudo esquecer que estes devem ser entendidos apenas como ferramentas de apoio. Contudo, deve-se ressaltar a importância de um trabalho interdisciplinar, de caráter integrado entre Matemática e Física, no sentido de desenvolver múltiplas metodologias de Revista LOGOS, n. 14, 2006. ensino que contribuam para uma melhor assimilação e desenvolvimento dos modelos matemáticos, destacando-se a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem e a mediação do professor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALLA, M.C.B. Sobre o discreto charme das partículas elementares. Revista Física na Escola, v.6, n.1, 2005. ARAÚJO, I. S; VEIT, E. A; MOREIRA, M. A . Um estudo sobre o desempenho de alunos de Física usuários da ferramenta computacional Modellus na interpretação de gráficos em Cinemática. Disponível em: www.if.ufrgs.br/cref/ntef/producao/IV_EN PEC.pdf. Acesso em:30/06/06. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Brasília: Ministério da Educação, 1999. BRASIL. 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