UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Pedagogia Empresarial na perspectiva do treinamento e
desenvolvimento de recursos humanos.
Por: Daniele de Oliveira Santos Albuquerque.
Orientador
Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
Niterói
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Pedagogia Empresarial na perspectiva do treinamento e
desenvolvimento de recursos humanos.
Objetivo Geral: Levar as empresas a perceberem a
importância da atuação do pedagogo nas mesmas,
buscando melhorar a qualidade de trabalho e
produtividade, estruturando setores de treinamento,
desenvolvendo metodologias adequadas à utilização
das tecnologias da informação e da comunicação
nas práticas educativas.
Por: Daniele de Oliveira Santos Albuquerque.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar presente em
todos os momentos da minha vida. Ao
meu marido Wallace Albuquerque, por
fazer parte dessa conquista e aos meus
filhos Igor, Beatriz e Maria Eduarda, que
são a razão do meu viver.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a memória da minha
avó e madrinha Annita Aceti, por tudo que
foi e representou em minha vida e pela
pessoa que sou hoje.
5
RESUMO
O presente trabalho surgiu da necessidade de se esclarecer às dúvidas
que giram em torno da função que o pedagogo exerce dentro de uma
organização empresarial. Para que essas dúvidas fossem esclarecidas, foi
realizado um estudo sobre o posicionamento do pedagogo dentro dessas
organizações, enfocando o trabalho que realiza nas atividades relacionadas ao
treinamento e desenvolvimento de recursos humanos.
Palavras-chaves: pedagogia
recursos humanos.
empresarial,
treinamento,
desenvolvimento,
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METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica,
fundamentada em autores especializados nos temas: pedagogia empresarial e
treinamento e desenvolvimento de recursos humanos.
7
SUMÁRIO
Introdução
08
Capítulo I – Pensando sobre o perfil do pedagogo na empresa.
09
Capítulo II – A atuação do pedagogo na empresa como parte do
sistema de recursos humanos.
15
Capítulo III – Pedagogia empresarial na perspectiva do treinamento.
19
Conclusão
25
Bibliografia
27
Webgrafia
28
Anexo
29
8
INTRODUÇÃO
O intuito de realizar o presente estudo teve como objetivo fazer com que
o leitor pudesse conhecer um pouco melhor a atuação do pedagogo na
empresa. Sendo esta formação do pedagogo bastante recente, especialmente
no contexto brasileiro.
O campo da pedagogia empresarial, setor no qual pedagogos atuam nas
mais diversas empresas com o objetivo principal de melhorar a qualidade de
trabalho e produtividade. Assim como desenvolver metodologias adequadas à
utilização das tecnologias da informação e da comunicação nas práticas
educativas.
É necessário levar as empresas a perceberem a importância da atuação
do pedagogo nestas, permitindo a formação e aperfeiçoamento profissional
pedagógico.
É necessário, também, pensarmos na empresa na era da globalização.
O pedagogo como instrumento de desenvolvimento empresarial. Educação,
trabalho e tecnologia, mudanças estruturais no desenvolvimento de pessoas.
Partindo dessas intenções, defini e delimitei os objetivos do meu
trabalho:
•
Buscar na bibliografia existente, o perfil do pedagogo na empresa;
•
Abordar a atuação do pedagogo na empresa como parte do
sistema de recursos humanos;
•
Analisar a formação e aperfeiçoamento profissional nas empresas.
9
CAPITULO I
PENSANDO SOBRE O PERFIL DO PEDAGOGO NA EMPRESA
Por muito tempo, pedagogo era o profissional que, dentro das
instituições escolares fazia o papel de professor. Tanto os técnicos em
magistério como os formados em pedagogia dividiam essa atividade,
contribuído para formação cultural. Os pedagogos atuavam e ainda atuam,
também, como orientadores educacionais.
Hoje, as coisas mudaram “o pedagogo já atua nas empresas de RH,
indústrias de brinquedos e também em atividades relacionadas a lazer e
recreação.” O pedagogo pode atuar em todas as áreas que requerem um
trabalho educativo.
Mas formar-se pedagogo não é suficiente para conquistar um cargo em
uma companhia. É necessário buscar outros conhecimentos relacionados a
educação corporativa.
As funções desempenhadas pelo pedagogo dentro de uma companhia
estão em constante movimento, já que são influenciadas por diversos fatores,
como o desenvolvimento tecnológico, competitividade e as exigências do
mercado. Hoje, as palavras de ordem dentro das organizações são: mudança e
gestão do conhecimento. Nesse contexto o papel do pedagogo é fundamental,
pois todo processo de mudança exige uma ação educacional e gerir
conhecimento é uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores
organizacionais. Daí:
“...a necessidade de planejar estrategicamente com um olhar novo a
respeito do mundo e do contexto em que cada instituição se insere.
Além disso, tudo, uma questão importante continuará presente nas
organizações que é a qualidade do trabalho em equipe. Isto é que
10
fará a diferença. E muito terá que ser feito, ainda, neste sentido.”
(VELLOSO apud RIBEIRO, 2003, p. )
O pedagogo empresarial pode focar seus conhecimentos em duas
direções: no funcionário ou no produto da empresa. No primeiro caso, trata-se
da atuação no departamento de recursos humanos, realizando atividades
relacionadas ao treinamento e desenvolvimento do trabalhador. O pedagogo é
o responsável pela criação de projetos educacionais que visam facilitar o
aprendizado dos funcionários. Para tanto, realiza pesquisas para verificar quais
as necessidades de aprimoramento de cada um e qual método pedagógico é
mais adequado. A partir daí, trabalha em conjunto com outros profissionais de
RH, na aplicação e coordenação desses projetos.
Já no segundo caso o pedagogo irá atuar em empresas que trabalham
com educação, como editoras, sites e organizações não governamentais
(ONGs).
Além do trabalho em corporações, os pedagogos empresariais podem
ampliar seus serviços prestando consultoria. Para obter sucesso neste campo,
no entanto, é necessário experiência, conhecimento teórico e manter uma
ampla rede de contatos.
São vários os trabalhos desenvolvidos pelos consultores. Eles podem
liderar projetos inovadores, atuar com conselheiros de carreira de gerentes e
executivos, representar a empresa em negociações, apontar novas tecnologias
e processos, avaliar desempenho, treinar funcionários, entre outras funções.
No entanto, os que apresentam potencial de crescimento, são os que exigem
assessoria metodológica, planejamento e administração educacional. Marisa
Éboli, professora de educação corporativa da Universidade de São Paulo
(USP), faz a seguinte afirmação:
“As empresas passaram a se preocupar não só com treinamento,
mas com educação também. Elas perceberam que a pedagogia
aumenta a eficácia dos programas de treinamento, porque as
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pessoas aprendem melhor. E, quanto maior a coerência entre a
cultura da companhia e os princípios pedagógicos aplicados, maior
será o sucesso da empresa no mercado.” (ÉBOLI, )
Segundo Marisa Éboli, a crescente preocupação das empresas em
investir em educação está ampliando a demanda por pedagogos empresariais.
“As companhias buscam profissionais que saibam convergir as
teorias educacionais para a prática empresarial. Esta é uma área
recente, que está sendo muito valorizada pelas empresas.”
No que diz respeito à pedagogia empresarial, pode-se dizer que uma
das metas principais das organizações está ligado ao desenvolvimento de
competências e habilidades, sobretudo aquelas relacionadas a capacidade de
resolução de situações-problema.
O conhecimento é sempre pessoal considerando-se que, competência
remete a idéia de pessoalidade, é necessários que o pedagogo empresarial
compreenda que, no contexto organizacional, os conhecimentos demandados
ou construídos refletem os significados construídos pelas pessoas que
compõem a organização. Por esta razão:
“O ponto fundamental é o fato de que as competências representam
potencias
desenvolvidas
sempre
em
contextos
de
relação
disciplinares significativas, prefigurando ações a serem realizadas
em determinado âmbito de atuação. (...) Assim as formas de
realização das competências constituem, portanto, padrões de
articulação
do
conhecimento
a
serviço
da
inteligência.”
(PERRENOUD, 2002, p. 144 – 146)
Algumas competências são essenciais a perfil do pedagogo empresarial.
São elas:
12
I – Trabalhar em equipe:
O trabalho em equipe é fundamental dentro das organizações
contemporâneas. Trabalhar em equipe é trabalhar com cooperação.
“Salientarei particularmente a segunda idéia: saber trabalhar em
equipe é, também, paradoxalmente, saber não trabalhar em equipe
quando não valer a pena. A cooperação é um meio que deve
apresentar mais vantagens do que inconvenientes. É preciso
abandoná-la se, por exemplo, o tempo de acordos e a energia
psíquica
requeridos
para
chegar
a
um
consenso
forem
desproporcionais aos benefícios esperados. Uma equipe duradoura
tem um saber insubstituível: dar aos seus membros uma ampla
autonomia
de
concepção ou
de realização cada vez não
indispensável dar-se às mãos...” (PERRENOUD, 2000, p. 82)
II – Dirigir um grupo de trabalho:
Conduzir uma reunião, por exemplo, não é uma tarefa nada fácil, ainda
que para isso não precise, não exija uma especialidade. Conduzir uma reunião
significa “dar vida” à equipe que dela participa. Para identificar algumas queixas
acerca das reuniões. As mais comuns segundo Perrenoud são:
•
Todo mundo fala ao mesmo tempo, interrompe e não se escuta
mais o outro;
•
Ninguém fala, todo mundo parece perguntar-se, embaraçado: “o
que estou fazendo aqui?”;
•
A discussão toma diversos rumos... ninguém se acha, é uma
confusão;
•
Uma ou duas pessoas falam sem parar, contam sua vida,
monopolizam a fala;
•
A reunião termina sem que se decida o principio, o conteúdo ou a
data de um novo encontro. (PERRENOUD, 2000, p. 86)
13
Para evitar esse tipo de comportamento, é preciso fazer uma reflexão a
respeito dado comportamento de quem coordena essa reunião, assim como
também
uma
reflexão
do
comportamento
humano
para
um
melhor
entendimento.
III – Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e
problemas profissionais.
Nesse contexto, o pedagogo empresarial, tem um dos problemas a ser
enfrentado, que diz respeito às reclamações e insatisfações sobre o trabalho e
sobre a organização. Acrescenta-se que:
“O verdadeiro trabalho de equipe começa quando os membros se
afastam do “muro das lamentações” para agir, utilizando toda a zona
de autonomia disponível e toda a capacidade de negociação de um
fator coletivo que está determinado, para realizar seu projeto, a
afastar as restrições institucionais e a obter os recursos e os apoios
necessários.” (PERRENOUD, 2000, p. 89)
Para um bom funcionamento de uma equipe é necessário que haja
maturidade, estabilidade e serenidade das pessoas que a compõem.
Em suma, o pedagogo empresarial é o condutor do comportamento das
pessoas em direção a um objetivo determinado e da pedagogia como a ciência
e arte da educação, processo de influências que formam a personalidade
humana.
Além das escolas, as empresas são as grandes beneficiadas pelos
trabalhos e atividades pedagógicas. Tanto as empresas como a pedagogia têm
os mesmos ideais. Ambas agem em direção a realização de objetivos
definidos, no trabalho com as mudanças do comportamento das pessoas.
Uma empresa sempre é associação de pessoas para explorar uma
atividade
com
objetivo
definido,
liderada
pelo
empresário,
pessoa
empreendedora, que dirige e lidera a atividade com o fim de atingir objetivos
também definidos.
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A pedagogia é a ciência que estuda e aplica as doutrinas e princípios
visando um programa de ação em relação à formação, aperfeiçoamento e
estimulo de todas as faculdades da personalidade das pessoas, de acordo com
ideais e objetivos definido.
O campo da pedagogia empresarial é o setor no qual pedagogos atuam
nas mais diversas empresas com o objetivo principal de melhorar a qualidade
de trabalho e produtividade, aumentando, assim, o lucro da empresa. Desta
forma:
“... da sensibilização em favor da criatividade para a autorização, do
abandono da ilusão da crença de poder planejar e dominar e, ainda,
da
capacitação
profissional
do
docente
para
que
atue
pedagogicamente em função das necessidades da situação, em
cada caso.” (ARNOLD e MÜLLER, 1992, p. 108)
15
CAPÍTULO II
A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA EMPRESA COMO PARTE DO
SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS
Desde o início dos anos 90, as organizações passaram a perceber e a
valorizar o capital humano como seu principal recurso, capaz de garantir à
perenidade de uma companhia em termos de competição acirrada as
mudanças constantes.
Em uma sociedade competitiva onde a exigência de profissionais cada
vez mais competentes e pela necessidade de uma gestão de recursos
humanos mais eficaz para as empresa, é crescente a preocupação com
treinamento e desenvolvimento de recursos humanos.
Com a mudança cultural, financeira, política, tecnológica que vem
ocorrendo aceleradamente nos últimos anos, podemos perceber a interferência
destas mudanças na área educacional e profissional de varias formações.
Diariamente, profissões antigas e tradicionais estão sendo substituídas
por novas atuações com novos requisitos em termos de conhecimentos e perfil
profissional.
No mundo contemporâneo, com as mudanças nas relações de trabalho,
as empresas também precisam se organizar em relação aos cargos, funções e
atividades dentro das organizações. Minarelli assim posiciona:
“As grandes empresa e corporações, para sobreviver à crise
econômica mundial e atender as novas demandas do mercado,
eliminaram ou redesenharam cargos e, em muitos casos, operações
inteira.”(MINARELLI, 1996, p. 17 -18)
16
E em relação às pessoas atuando dentro deste novo contexto
profissional, o mesmo autor pondera: “Os trabalhadores precisarão reciclar-se
periodicamente para manter seus conhecimentos atualizados e desenvolver
outras habilidades.” (MINARELLI, 1996, p. 18)
O mesmo autor completa dizendo que esta mudança tem um
deslocamento do foco no trabalho onde antes era enfatizado as atividades
manuais e hoje, a atenção em relação aos trabalhadores está centrada no
intelecto.
Estes acontecimentos são resultantes da nova relação de trabalho
estabelecida no mundo moderno, onde se pode perceber a necessidade de um
profissional com um perfil voltado a ajudar a organização, de qualquer
segmento, a atingir os seus objetivos e metas organizacionais. Onde a atuação
deste profissional está mais relacionada a seu perfil em consonância com a
organização, do que a determinação de uma formação acadêmica. Isto se dá
porque as necessidades do mundo do trabalho hoje estão mais voltadas a uma
visão ampliada e rica do mundo e também por sabermos que alguns conteúdos
específicos para ser facilmente aprendido, mas interação entre habilidades do
profissional e da instituição já é uma questão mais profunda e difícil de ser
encontrada e desenvolvida. Por esta razão:
“A “Educação” é uma palavra forte: utilização de meios que permitem
assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano (...).
O termo “formação”, com suas conotações de moldagem e
conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é
encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a
autonomia do espírito. O ensino, arte de ação de transmitir os
conhecimentos a um aluno, de modo que ele as compreenda e
assimile, tem um sentido mais restrito, porque apenas cognitivo. A
bem dizer, a palavra ensino não me basta, mas a palavra educação
comporta um excesso e uma carência.” (REVISTA EDUCAÇÃO,
2002)
17
Assim verificamos que é de responsabilidade muito especial e pertinente
que a universidade não apenas acompanhe e reboque as profundas e rápidas
transformações que estão ocorrendo, sobretudo se antecipe, na formação de
profissionais da educação com qualificações e o perfil que a sociedade do
século XXI exige.
Consultor e diretor da Manager Consultoria, empresa especializada em
recursos humanos (RH), José Antônio Rosa reforça a existência desse
mercado e o papel estratégico da educação no mundo empresarial. Para ele,
com a evolução e a aplicação constante do conhecimento nas organizações,
quem não se desenvolve no trabalho fica pouco competitivo e a empresa
também.
“A organização na verdade, tem uma demanda de conhecimento
muito grande e tende a provar vários públicos dessa “matéria-prima”.
Os funcionários, para serem mais eficientes, seus fornecedores, para
manter a qualidade no produto final, e também seus clientes, até
mesmo para fidelizar a compra.” Explica.
Com esse papel, há quem admita que cada vez mais a empresa esteja
se tornando uma escola, como acredita Eduardo Najjar, diretor da Transforno
Consultoria em educação corporativa. “Nela, para que área responsável pelas
pessoas possa exercer essa função, é preciso um arcabouço pedagógico.”
(Revista Educação, 2002) Observa Najjar, aproximando, assim, RH e
pedagogia.
“A preocupação com o desenvolvimento das pessoas existentes nos
profissionais oriundos das faculdades de educação é um ponto positivo para
sua atuação na área.” , reforça Gladys Zrncevich, vice-presidente da
Korny/Ferry, empresa multinacional de hunting, atividade de busca de
profissionais no mercado para as mais diversas áreas.
Mas o que pode fazer um pedagogo exatamente no meio de uma
empresa? José Teixeira, Gerente de educação e relações sociais da Phodia,
18
destaca, num primeiro momento, a liderança e a organização de processos de
capacitação. “O pedagogo pode levar para o campo empresarial a questão
metodológica, que, na minha opinião é pouco desenvolvida.” Conta. Outras
formas de atuação encaixam-se nos processos de relacionamento interpessoal
e na transmissão da cultura da empresa, crenças e valores para todos os
funcionários.
Por não ter uma formação especifica para atuar no mundo das
empresas, o pedagogo deve buscar algumas competências para melhor se
adaptar nesse campo. Gladys (Revista Educação, edição 258, outubro 2002),
aconselha uma dedicação especial para conhecer como funciona o ambiente
de negócios da empresa em que pretende trabalhar. Além disso, outras
habilidades em “moda” nas empresas também devem ser trabalhadas, como
capacidade de realização, compromisso com resultados, criatividade e
inovação, pensamento estratégico e trabalho em equipe.
Integrado na missão do RH moderno, também chamado de estratégico,
o pedagogo pode contribuir para o sucesso de uma empresa. “Os líderes, em
qualquer nível, são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da organização. E a
melhor forma de liderar é ensinar.” Explica Cury Mattos, da ABRH, reforçando
que o vinculo da pedagogia com a empresa está no papel da liderança.
“Se criarmos uma organização com o valor daquela que aprende,
onde as pessoas exercem o papel de donos de seu processo, todos
assumirão o papel de lideres. Por dominar essa metodologia, a
pedagogia transforma-se no combustível desse processo. É daí que
vamos obter maior eficácia do aumento de produtividade.” Finaliza.
(REVISTA EDUCAÇÃO, edição 258, outubro 2002).
19
CAPÍTULO III
PEDAGOGIA EMPRESARIAL NA PERSPECTIVA DO
TREINAMENTO
Ultimamente, todo tipo de empresa tem oferecido aos recém-formados
anúncios, convidando-os para se inscreverem nos programas de trainee. Todas
essas empresas apresentam seus programas como uma oportunidade única,
ou seja, “a grande chance” de obter o sucesso tão esperado pelo profissional
trainee.
As empresas dão grande ênfase nas vantagens oferecidas em seus
programas e apresentam os requisitos mínimos exigidos para que os jovens
possam se inscrever.
Poucos estudos têm-se dedicado a compreender o que representa os
programas de trainee.
Esses programas de trainee, mas parecem um estágio de treinamento
para jovens, que uma vez contratados deverão ocupar cargos de importância e
é oferecido imediatamente ao candidato uma efetivação e uma série de
vantagens trabalhistas e de alavancar na carreira, num espaço de tempo
relativamente curto. Em troca o profissional, tem que se dedicar mostrando seu
potencial.
Os trainees
apresentam praticamente um perfil comum, são jovens
entre 24 e 26 anos de idade, recém-formados e egressos de faculdades
consideradas de primeira linha. Buscando melhor aprender significado do
programa de trainee para os profissionais nele envolvidos, num contexto de
oportunidades ocupacionais e exigências de novas qualificações profissionais.
Alguns programas de trainee existem no Brasil desde fim de anos 60.
embora seus objetivos desde essa época, estivessem relacionados à formação
de quadros executivos, certamente o tipo de formação era outra. Sendo assim,
parece relativamente ressaltar as modificações que o conteúdo de tal formação
20
vem ganhando nos últimos anos, em conseqüência de reestruturação do
sistema capitalista, acompanhada por uma nova dinâmica nas relações de
trabalho, implicando a formação de um trabalhador com características
diferenciadas.
Segundo Folha de São Paulo (1994), alguns empresários em meados da
década de90, começaram a investir em educação escolar por acreditarem que
esta também é uma fonte de lucros. Assim melhorando o nível escolar dos
empregados estariam preparando mão-de-obra
para enfrentar os desafios
futuros postos pela competitividade do mercado.
Algumas empresas adotaram escolas, como o projeto patrocinado pela
Câmara Americana do Comércio de São Paulo, outras instalaram escolas junto
a fabrica. É o caso da Vargas que investiu em educação, erradicando o
analfabetismo na empresa em quatro anos contando com 50 (cinqüenta)
instrutores e 7 (sete) administradores, a Varga desenvolveu cursos supletivos
nível fundamental e médio, curso de liderança e quinze outros cursos
especializados como: eletricidade básica, análise de valores e interpretação de
desenho técnico, etc., e funcionou com bolsas de estudos em cursos de nível
superior para empregados (FOLHA DE SÃO PAULO: SEBRAE, 1994).
A fabrica de calçado Azaléia (RS) lançou em 1991 o programa
Construindo o Futuro Azaléia (2001), investindo em cursos supletivos de nível
fundamental e médio, criando um centro de desenvolvimento profissional. No
primeiro, filhos de funcionários recebem aulas de corte e costura e montagem
de sapatos, e após seis meses, podem ser convidados a trabalhar na fabrica.
Além de terem uma das maiores creches do Rio Grande do Sul, seus
funcionários ainda podem cursar línguas estrangeiras e informática.
Outra empresa que divulgou seu investimento em educação foi a
Método Engenharia, onde ao final do expediente os funcionários participam de
um programa de alfabetização em salas instaladas nos canteiros de obras. A
empresa aponta como resultado positivo a redução do índice de perda de
materiais. O curso prepara trabalhadores para a absorção de novas tecnologias
e em alguns casos, o empregado conseguia promoção para encarregado de
21
obra ou almoxarife. O ponto negativo é que, havendo interrupção da obra, não
havia continuidade do curso, afirmavam as reportagens (FOLHA DE SÃO
PAULO, SEBRAE, 1994).
Todos esses projetos demonstravam o interesse dessas empresas em
elevar a escolaridade dos trabalhadores, em capacitá-los para acompanhar os
avanços tecnológicos, aprendendo a tomar decisões rápidas em tarefas
autogeridas. A tendência anunciada era valorizar a educação básica,
desenvolver projetos de qualidade total, estabelecer parceria com o
trabalhador, participação nos lucros, e implementação de métodos japoneses
de gestão e produtividade.
Considerando as tendências anunciadas, a inquietação diante dessas
informações, nos levou a pensar como o homem percebia a empresa nesse
contexto? Qual a relação do trabalho desenvolvido no setor de treinamento
com essa “nova” postura do empresariado diante dos avanços tecnológicos ou
a recuperação do sentido do humano na empresa, valorizando a pessoa e a
qualidade de vida?
Nesse sentido devemos entende a importância de atentarmos para este
momento de valorização da educação do trabalhador , e não apenas no
treinamento, pois parece haver uma oportunidade de muitas pessoas
desenvolverem seu potencial e buscar sua valorização. Podemos, então, dizer
que a concepção de treinamento está em processo de transição, pois as
discussões revelam que não se pode mais trabalhar só a educação
profissional, tendo em vista a atuação profissional, tendo em vista a atuação do
homem num mundo em constante mudança, mesmo dentro da empresa. As
chamadas “novas tecnologias” envelhecem rapidamente. Vivemos a era da
informação e da comunicação global, estamos ligados a redes cujas
possibilidades de acesso estamos começando a desvelar. Existimos num
tempo sem fronteiras que tem o dinamismo como sua marca.
Os investimentos destas empresas em educação, poderão atender às
suas necessidades, como também, de alguma forma, poderão possibilitar ao
trabalhador a continuidade de sua formação escolar e profissional. Neste
22
sentido é possível tornar mais humanas as relações de trabalho. Se o
trabalhador é o elemento chave, é preciso haver não apenas nos lucros, mas
também na pessoa.
No entanto é preocupante o investimento de alguns empresários em
educação, o risco de exclusão de grande parte da classe trabalhadora nessa
“nova” relação homem-trabalho. Nesse sentido:
“...numa época em que outras media triunfam, dotados de uma
velocidade espantosa e de um raio de ação extremamente extenso,
arriscando reduzir toda comunicação a uma crosta uniforme e
homogênea ... o século da motorizarão impôs a velocidade como um
valor mensurável, cujos recordes balizam a história do progresso, da
máquina e do homem. Mas a velocidade mental não pode ser
medida e não permite comparações ou disputar, nem pode dispor os
resultados obtidos numa perspectiva histórica. A velocidade mental
vale por si mesma, pelo prazer que proporciona aqueles que são
sensíveis a esse prazer, e não pela utilidade prática que se possa
extrair dela. Um raciocínio rápido não é necessariamente superior a
um raciocínio ponderando, ao contrario, mas comunica algo de
especial que está precisamente nessa ligeireza.” (CALVINO, 1990, p.
58 -59).
O que parece importante é a atitude diante dos desafios que a realidade
nos impõe. Estamos trabalhando com educação na escola ou na empresa, a
atitude interdisciplinar como esteio de um trabalho levamos à busca de novos
caminhos, novos parceiros ou ainda à redescoberta de nós mesmos. A revisão
de nossas práticas pedagógicas, o gosto pela pesquisa permite-nos o
questionamento, a repensar do processo educativo de forma global. Trata-se
pois:
“... da sensibilização em favor da criatividade para a autorização, do
abandono da ilusão da crença de poder planejar e dominar e, ainda,
da
capacitação
profissional
do
docente
para
que
atue
23
pedagogicamente em função das necessidades da situação, em
cada caso.” (ARNOLD/ MULLER, 1992, p. 108).
Dessa forma a interdisciplinaridade entendida como atitude de
envolvimento e comprometimento com os projetos e as pessoas neles
implicadas; entendida como atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de
alegria, de revelação, de encontro, enfim, de vida, anuncia a possibilidade de
práticas pedagógicas mais significativas e atraentes destaca Ivani (p. 64).
Em se tratando de educação, torna-se importante observar nossa atitude
frente ao ato de conhecer, ensinar e aprender. Pensar nossas atitudes para
além do treinamento, da memorização, pensar numa escola que propicie além
das habilidades, também necessárias, a autotranscendência, o crescimento e a
evolução, pois vivemos em pujante paradoxo humano, afirma Morilyn Ferguson
(p. 264).
Nesse sentido, para dar saltos qualitativos faz-se necessário promover a
aprendizagem em todas as direções, rompendo com o conhecimento em
gavetas promovendo a inter-relação, a comunicação desses conhecimentos
entre si, estabelecendo sem medo, a autotranscendência. No entanto, muitas
das práticas educativas já realizadas na educação estão mais para
condicionamento.
Tanto na escola quanto na empresa não existe caminho pronto para se
seguido, ao contrario, ele precisa ser construído com o grupo no qual estamos
desenvolvendo o projeto pedagógico. Não existe receitas prontas a serem
distribuídas
com novos modelos de educação na empresa ou na escola.
Acrescenta-se que:
“O verdadeiro trabalho de equipe começa quando os membros se
afastam do “muro das lamentações”, para agir, utilizando toda zona
de autonomia disponível e toda capacidade de negociação de um ato
coletivo que está determinado para realizar seu projeto, a afastar as
restrições institucionais e a obter os recursos e os apoios
necessários.” (HUTMACHER apud PERRENOUD, 2000, p. 89).
24
Podemos, no entanto, antecipar que, certamente, a viabilização da
proposta de educação na empresa será possível a partir do momento em que
exista o compromisso com a promoção da melhoria do nível de conhecimento
do funcionário, com a diversificação de
situações de aprendizagem e,
principalmente, com o respeito à pessoa do funcionário, como um ser
inteligente, com experiência de vida e com disposição para sugerir melhorias
no trabalho que realiza, trazendo benefícios tanto para si quanto para a
empresa.
Nas empresas, encontramos denominações diversas para o setor que
trabalha com treinamento de funcionários. Em algumas, treinamento e
educação, em outras, Centros de Gestão Educacional, o que permite interferir
que a denominação do setor indica a tendência de que treinar não é suficiente,
faz-se necessário também educar.
Assim, acreditamos que o sentido do humano na empresa, está para
além
do
profissional,
treinamento,
funcionário,
empregado.
Está
na
complexidade das relações estabelecidas na empresa. Trabalhar com pessoas
é muito diferente de trabalhar com máquinas. Pessoas sentem, pensam, lutam,
sonham e precisam ter primeiramente suas necessidades básicas atendidas.
Pensar o ser humano nesta relação é, antes de tudo, pensar no respeito à
pessoa, compreendendo e desenvolvendo sua capacidade de interagir no
processo de trabalho.
25
CONCLUSÃO
O pedagogo tem como característica, o profissional responsável pela
docência e especialização na educação, tanto na direção, coordenação e
supervisão, entre outras atividades especificas da escola.
Dificilmente encontramos um profissional na educação, desvinculado da
escola e inserido em outras atividades, como empresas, mesmo que esse
trabalho refira-se a educação.
Hoje, o curso de pedagogia passa por um processo importante e
produtivo, possibilitando, a esses profissionais, atuarem em outros setores de
trabalho.
Essas transformações estão nos levando
a um novo modelo de
organização de economia e de sociedade: uma economia do saber. Desta
forma, o capital, a terra e a mão de obra, deixam de ser os recursos
controladores da sociedade do conhecimento, para agora então valorizar a
capacidade e experiência do individuo.
Não podemos definir exatamente o que faz um pedagogo na empresa e
como atua. A pedagogia na empresa caracteriza-se como uma das
possibilidades de atuação e formação do pedagogo bastante recente,
principalmente no contexto brasileiro.
O pedagogo na empresa produz e difunde o conhecimento, exercendo o
seu papel de educador. A atuação do pedagogo empresarial está aberta, é
ampla e extrapola a aplicação de técnicas.
O pedagogo empresarial tem o domínio de conhecimentos, técnicas e
práticas que, somadas a experiência dos profissionais de outras áreas,
constituem instrumentos importantes para atuação na gestão de pessoas:
coordenando equipes multidisciplinares no desenvolvimento de projetos,
evidenciando
formas
educacionais
para
aprendizagem
organizacional
26
significativa, gerando mudanças culturais no ambiente de trabalho, na definição
de políticas voltadas ao desenvolvimento humano permanente, prestando
consultoria interna relacionada ao treinamento e desenvolvimento de pessoas
nas organizações.
27
BIBLIOGRAFIA
BONFIM, David. Pedagogia no treinamento. Correntes pedagógicas no
treinamento empresarial. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed. 1995
FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria.
São Paulo: Edições Loyola, 1991.
FERGYSON, Marilyn. A conspiração Aquariana. Transformações pessoais
e sociais nos anos 80. 10ª ed. Editora Record, 1980.
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28
WEBGRAFIA
http://www.procurdngs_scielo.br?scielo.php?script=sci_arttent8pid=msc000000
00920060001000408ing=pt8nrm=iso acessado em: 15/ 04/07 às 14h 55min.
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ANEXO
ATIVIDADES CULTURAIS
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Daniele de Oliveira Santos Albuquerque