Positivo…mas soube a Pouco
Antes de mais, gostava de agradecer o
simpático convite que a ARS me
endereçou no sentido de elaborar uma
síntese àquilo que, na minha opinião,
foi a prestação da nossa Selecção no
Europeu das Nações de 2011.
Um convite que me honra e que me
entusiasma.
Sobre o tema em si, aviso o leitor que a análise será baseada unicamente na leitura empírica e
imediata daquilo que presenciei, deixando números e estatísticas para os especialistas.
Globalmente a prestação portuguesa foi, indiscutivelmente, positiva. Mas soube a pouco.
Duas excelentes vitórias sobre a Rússia e Roménia, justificam, desde logo, esta conclusão.
E se as vitórias, só por si, são positivas, ficou também no ar que a dupla Brain/Sousa estão a
conseguir injectar sangue/ar novo na nossa Selecção.
Foram introduzidas novas caras, assim como foram introduzidos “antigos” jogadores em novas
posições (destaque de Gardener a nº10 e Oliveira a 13).
A união do grupo e alegria em campo foram também nota positiva nos primeiros 3 jogos
(teoricamente os mais difíceis) do torneio.
A coexistência de jogadores amadores com profissionais, de jogadores que militam no
estrangeiro com os jogadores do nosso nacional, mostrou-se perfeitamente possível e
produtiva.
A experiência e melhor preparação de uns, soube beber da entrega e garra de outros.
A nível de pack avançado estivemos muitíssimo seguros, sendo nas linhas de ¾ onde, a
espaços, se foi notando alguma falta de assertividade e de dinâmica.
Estivemos a um pontapé de fazer o pleno de vitórias contra as equipas de leste.
E após esse pontapé veio o desaire de Madrid, inesperado face a tudo o que se tinha
construído até ali.
Por isso digo que, apesar de positivo, soube a pouco.
Temos a Nations Cup, a disputar em Junho, na Roménia, para dissipar todas as dúvidas.
Será um torneio muito competitivo onde Portugal terá a hipótese de mostrar ao Mundo que,
apesar de uma estrutura interna reduzida, conseguimos estar a um nível muito aceitável.
Feita a análise genérica, falemos dos jogos individualmente:
Roménia: era o primeiro jogo do torneio e o pós época de Novembro onde a equipa tinha dado
mostra de vitalidade. Com Bardy a liderar a legião dos jogadores nacionais que militam em
França, fizemos uma exibição consistente. Sem deslumbrar, fomos fortes na defesa e efectivos
no ataque. Alcançamos uma vitória que parecia normal e banal (quando, na verdade, batemos
uma forte equipa que, tradicionalmente, é claramente favorita em relação a nós). Saímos
satisfeitos do jogo, com Bardy e Uva a serem os homens do jogo. Gardener e Oliveira
estiveram também em bom plano, sendo uma aposta ganha da dupla Brain/Sousa.
Russia: Jogávamos fora. Contra a Mundialíssima Russia. Uva e Zé Pinto, determinantes no
primeiro jogo, estariam ausentes por razões pessoais e profissionais. A equipa reagiu da
melhor maneira e fruto de um exibição audaz, com o Pedro Leal a jogar, bem, a formação e um
Laurent Balangué a substituir em alto nível V. Uva, saímos da Russia com uma importante
vitória, fruto da conversão falhada do chutador russo ao ensaio marcado na última jogada do
encontro (mal sabíamos que, no jogo seguinte, seríamos nós a sofrer tal situação).
Geórgia: Voltávamos a casa muito moralizados. Com vitórias alcançadas em jogos muito
complicados, o Sonho de podermos voltar a conquistar o Europeu das Nações era, de novo,
uma realidade. “Bastava” vencermos, em casa, a fortíssima equipa da Geórgia (a mais forte do
torneio).
Estranhamente, a exibição de Portugal ficou aquém das expectativas. Quase sempre
expectantes perante a iniciativa dos georgianos, os Portugueses limitaram-se a defender
(quase sempre bem – salvo alguns erros no meio campo) os ataques dos homens de leste.
Com rigor, aproveitámos quase todas as oportunidades que tivemos para marcar…….. excepto
aquele pontapé final. Uma vitória que até seria contrária àquilo que ambas as equipas haviam
feito dentro de Campo. Fica a nota de que, sem jogarmos ao melhor nível, jogamos mano a
mano com equipas que estarão presentes no Mundial…
Espanha – Ainda com algumas esperanças de alcançarmos o Sonho do título no Europeu das
Nações, viajámos até Madrid para disputar um clássico e sempre interessante confronto
contra os espanhóis.
Pelos resultados dos últimos anos, pelos resultados obtidos no decorrer do Europeu das
nações de 2011, pela análise individual dos jogadores, Portugal era claramente o favorito.
Contudo, inexplicavelmente, Portugal não teve argumentos para vencer os Espanhóis. Saiu
derrotado e logo com uma derrota expressiva. Nada ajudou… Um jogo do qual todos devemos
e tiraremos os devidos ensinamentos. Tal como Frederico Sousa afirmou…
Ucrânia – Vencemos o jogo com naturalidade. Fomos claramente superiores e a vitória nunca
esteve em causa. 42 pontos foram o resultado de alguma dinâmica conseguida pelos nossos
avançados e de um bom ensaio iniciado após a recepção de um chuto alto dos ucranianos.
Ensaio de Pedro Leal que comemorou da melhor forma a sua 50ª internacionalização.
Mas pela negativa ficava o registo dos 24 pontos sofridos contra esta modesta equipa e, a
espaços, alguma apatia e displicência de alguns dos nossos jogadores. Podíamos ter fechado
com chave de ouro…. Mas não o conseguimos.
Acabávamos com saldo positivo e com uma vitória………. Mas com a sensação que podíamos
ter feito mais.
Jogadores:
Bardy, Zé Pinto, Uva e Aguilar foram os homens que apareceram em melhor nível.
Bardy e Uva garantem uma capacidade defensiva à nossa equipa muito acima da média. Com
os dois em campo, tornamo-nos numa equipa com um nível defensivo acima da média. A
forma dos dois jogadores estarem em campo, atacarem o adversário, olharem o adversário,
intimidam o adversário.
Zé Pinto fez das suas melhores épocas internacionais. Muito activo e confiante, liderou bem o
seu pack, fornecendo bolas de qualidade às suas linhas atrasadas. No conjunto, talvez o
melhor Lobo. Sendo um lugar onde Portugal tem excelentes jogadores (não só Pedro leal mas
também os lusos franceses Rebelo - Dijon, Leite – Drive_, Sousa Lyon), Zé Pinto tem mostrado
bem porque é que é a primeira escolha dos Seleccionadores.
Aguilar surgiu em grande forma. Depois de um grande campeonato nacional ao serviço do
GDD, Aguilar esteve muito consistente nos jogos do Europeu das Nações. Talvez mais discreto
do que em outras ocasiões, Aguilar apresentou-se bastante mais agressivo e lutador em
ralação a jogos passados. Defendeu bem e esteve incisivo no ataque. O had-tick do três de trás
alcançado contra a Ucrânia foi um justo prémio às suas actuações.
A última nota vai para os muito jovens que estiveram ao serviço da selecção. Fruto do trabalho
que Frederico Sousa teve enquanto Seleccionador das selecção mais jovens, Portugal viu jogar
Zé Lima, Fernando Almeida, Luis Sousa, Laurent Balangué, Anthony Alves, Frederico Oliveira,
entre outros que nos parecem dar garantias para um futuro positivo. Basta que não se
estrague o trabalho feito até aqui. Dentro e fora de casa...
Miguel Portela
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