124
7
Referências Bibliográficas
ABDALLA, Clarice. “Assessoria de imprensa”. In: Deu no jornal – o jornalismo
na era da Internet. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2002.
ARISTÓTELES. Poética (trad. Eudoro de Sousa). Porto Alegre: Globo, 1966.
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1990.
BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de telejornalismo.
Rio de Janeiro, Campus, 2002.
BASTOS, Maria Cecilia Talavera. O homem como personagem: a estetização da
existência. Orientador: Miguel Pereira. Dissertação de Mestrado defendida em
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
fevereiro de 2006, na PUC-Rio.
BERNADET. Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
BISTANE, Luciana; BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. São Paulo:
Contexto, 2005.
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1987.
BUCCI, Eugênio; KEHL, Maria Rita. Videologias. São Paulo: Boitempo, 2004.
CANDIDO, Antonio. “A personagem do romance”. In: A personagem de ficção.
São Paulo: Perspectiva, 1976.
CAPARELLI, Sérgio. Televisão e capitalismo no Brasil. Porto Alegre: L&PM,
1982.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis:
Vozes, 2005.
COMOLLI, Jean-Louis. “Sob o risco do real”. Catálogo do Forumdoc.bh.2001.
Belo Horizonte: 9 a 18 de novembro de 2001.
COMPARATO, Doc. Da criação ao roteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
COSTA, Alcir; SIMÕES, Inimá; KEHL, Maria Rita. Um país no ar: história da
TV brasileira em três canais. São Paulo: Brasiliense, 1986.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs, v.2. São Paulo: 34, 2002.
125
ECO, Umberto. “Tevê: a transparência perdida”. In: Viagem na irrealidade
cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
FOUCAULT, Michel. “A vida dos homens infames”. In: O que é um autor?
Lisboa: Vega, 1992.
GOMES, Taiga Corrêa. A cidade televisionada: um olhar sobre a relação entre o
telejornal local, o telespectador e o Grande Rio. Orientador: Fernando Resende.
Dissertação de Mestrado defendida em fevereiro de 2007, na PUC-Rio.
GUATTARI, Félix. Caosmose – um novo paradigma estético. São Paulo: 34,
2006.
GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo.
Petrópolis: Vozes, 1986.
KIENTZ, Albert. Comunicação de Massa – análise de conteúdo. Rio de Janeiro:
Eldorado, 1973.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
LIMA, Fernando Barbosa. Nossas câmeras são seus olhos. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2007.
LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho – televisão, cinema e
vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
MACHADO, Arlindo; PRIOLLI, Gabriel Netto; LIMA, Fernando Barbosa.
Televisão & Vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
MAURICIO, Patrícia. “O jornalismo econômico no Rio de Janeiro”. Alceu, v.
5, n. 10 (jan./jul. 2005), p. 159-162 Rio de Janeiro: PUC, Depto. de Comunicação
Social.
MEMÓRIA GLOBO. Jornal Nacional: a notícia faz história. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004.
MILANESI, Luís Augusto. O Paraíso via Embratel: o processo de integração de
uma cidade do interior paulista na sociedade de consumo. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1978.
MOTA, Regina. A épica eletrônica de Glauber – um estudo sobre cinema e TV.
Belo Horizonte: UFMG, 2001.
MORIN, Edgar. Cultura de Massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de
Janeiro: Forense, 1990.
MOYA, Álvaro. Glória in Excelsior: ascensão, apogeu e queda do maior sucesso
da televisão brasileira. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005.
126
NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. “O sujeito no discurso da diferença de
classes: inferior, carente, ou apenas diferente”. In: Sujeito e cotidiano: um estudo
da dimensão psicológica social. Rio de Janeiro: Campus, 1987.
PALLOTTINI, Renata. Dramaturgia: a construção do personagem. São Paulo:
Ática, 1989.
PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV – Manual de Telejornalismo, 2ª. ed.
São Paulo: Brasiliense, 1987.
RESENDE, Fernando. Textuações: ficção e fato no novo jornalismo de Tom
Wolfe. São Paulo: Annablume, 2002.
REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil – um perfil editorial.
São Paulo: Summus, 2000.
RIXA. Almanaque da TV – 50 anos de memória e informação. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2000.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
ROSENFELD, Anatol. “Literatura e personagem”. In: A personagem de ficção.
São Paulo: Perspectiva, 1976. pp.32-33.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte, videocultura na
Argentina. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.
SEARLE, John R. Teoria da comunicação humana e a Filosofia da linguagem.
São Paulo: Cultrix, 1975.
SILVA, Patrícia Alves do Rego. TV Tupi: a pioneira na América do Sul. Rio de
Janeiro: Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro: Secretaria Especial de
Comunicação Social, 2004. Cadernos de Comunicação. Série Estudos; v.12.
SINGER, Ben. “Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo
popular”. In: CHARNEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa R. O cinema e a
invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.
SODRÉ, Muniz. O monopólio da fala. Petrópolis: Vozes, 1978.
SOUZA, Cláudio Mello e. 15 anos de história. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1984.
SQUIRRA, Sebastião. Aprender Telejornalismo – produção e técnica. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
TOSTES, Octavio. “De volta ao futuro”. In: No próximo bloco – o jornalismo
brasileiro na TV e na Internet. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2005.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo, v.2. A tribo jornalística – uma
comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.
VERON, E., "Quand lire c'est faire: l'énonciation dans le discours de la presse",
127
Semiotique II, Paris, IREP, 1985, p. 33-56.
Monografia em meio eletrônico
TEIXEIRA. Carla Cristina da Costa. A linguagem visual das vinhetas da MTV Videodesign como expressão da cultura pós-moderna. Orientadora: Denise
Portinari. Dissertação de Mestrado, defendida em abril de 2006, na PUC-Rio.
Disponível em:
http://www.maxwell.lambda.ele.pucrio.br/cgibin/PRG_0599.EXE/8755_1.PDF?NrOcoSis=26234&CdLinPrg=pt
Artigos publicados em revistas eletrônicas
AMORIM, Edgard Ribeiro de. O telejornalismo paulista nas décadas de 50 e
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
60. Disponível em:
http://www.centrocultural.sp.gov.br/livros/pdfs/telejornalismo.pdf
BECKER, Beatriz.
Como, onde, quando e porque fala a audiência nos
telejornais. Universidade da Beira Interior, abril 2007. Publicação Semestral do
LABCOM
(Online
communication
Lab).
Disponível
em:
http://www.labcom.ubi.pt/ec/textos_site/becker-beatriz-audiencia-telejornais.html
BRAGANÇA, Felipe. Verdades re-encenadas. Revista Contracampo, mar. 2007.
Disponível em:
http://www.contracampo.com.br/sessaocineclube/nanookoesquimo.htm
NEVES, Teresa Cristina da Costa. A dramatização no telejornalismo.
Caligrama, Revista de Estudos e Pesquisas em Linguagem e Mídia, Eca-USP,v. 1,
n. 3, set. a dez. 2005. Disponível em:
http://www.eca.usp.br/caligrama/n_3/TeresaNeves.pdf
MUNIZ, Paula. Globo Repórter: os cineastas na televisão. Revista Aruanda,
ago. 2001. Disponível em:
http://www.mnemocine.com.br/aruanda/paulogil1.htm
128
RAMOS, Roberto. Roland Barthes: semiologia, mídia e fait divers. Revista
Famecos, n. 14, abr. 2001. Disponível em:
http://www.pucrs.br/famecos/pos/revfamecos/14/a13v1n14.pdf
REIS Jr., Antonio. O percurso da televisão e do telejornalismo nos anos 70.
Revista Aruanda, agosto de 2003. Disponível em:
http://www.mnemocine.com.br/aruanda/tvtelejornalismo70s.htm
Artigos apresentados em Congressos
OLIVEIRA, Ana Paula Silva; CARMO-ROLDÃO, Ivete Cardoso do; BAZI,
Rogério Eduardo Rodrigues.
Documentário e video-reportagem: uma
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
contribuição ao ensino de telejornalismo. Artigo apresentado no 9º Fórum
Nacional de Professores de Jornalismo. Disponível em:
http://www.fnpj.org.br/downloads/ana-ivete-ogerio(document)%5B2006%5D.pdf
SACRAMENTO, Igor. Coutinho na TV: um cineasta de esquerda fazendo TV.
Artigo
apresentado
no
Intercom
–
Sociedade
Brasileira
de
Estudos
Interdisciplinares da Comunicação. XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação – UnB – 6 a 9 de setembro de 2006. Disponível em:
Jornalismo1 http://intercom.locaweb.com.br/premios/igor_sacramento.pdf
Consultas em sites
http://www.tvgazeta.com.br/historia/cores.php
http://www.microfone.jor.br/historiadaTV.htm
http://www.redemanchete.net/portal/
http://www.tudosobretv.com.br
http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/A_TVBrasileira.htm
129
8.
Anexos
Entrevista de Fernando Barbosa Lima, concedida por e-mail
Terça-feira, 11 de dezembro de 2007.
Na época do Jornal de Vanguarda já havia a idéia de que as reportagens
deveriam ter uma pessoa/personagem para exemplificar o que se falava,
como ocorre hoje com as matérias de economia, por exemplo?
O Jornal de Vanguarda tinha vários comentaristas que ficavam no estúdio.
Naquele tempo não existia satélite nem possibilidade de transmissão externa. Para
falar sobre economia, a gente convidava um expert no assunto para comentar no
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
estúdio. Não tinha a mobilidade de hoje mas tinha um grande poder de
comunicação.
Se sim, como se chegava até essas pessoas, quanto tempo era dedicado a elas
na matéria?
O tempo dependia sempre da matéria, do assunto. Quando era extremamente
importante, a gente abria uma espécie de Caderno 2 para uma explicação mais
ampla sobre o assunto. As pessoas, jornalistas, professores, intelectuais, gostavam
muito de participar do Jornal de Vanguarda.
Como o povo era mostrado dentro do programa? Havia inserções de povo
fala ao longo do jornal? O público podia participar? De que forma?
Não existiam câmeras de vídeo. Os nossos cinegrafistas, filmando em 16
milímetros, saiam para a rua ouvindo a opinião do povo. Acho essencial a
participação do nosso povo na TV, desde que ele seja tratado com todo o respeito.
O nosso povo é criativo, inteligente e muito crítico.
Foi a partir da utilização do VT e da possibilidade de editar o material que se
começou a pensar em colocar pessoas comuns dentro das reportagens?
Não necessariamente. Eu dirigi na antiga TV Tupi um programa, criado pelo
Moacyr Masson, intitulado Você é o júri. Era sempre um grande debate, um
130
tribunal. O programa colocava na rua, na Cinelândia, um aparelho de TV grande
pelo qual o povo assistia ao debate. Um desses debates, para você ver que se fazia
uma outra televisão, foi o julgamento se o presidente Kennedy tinha o direito de
invadir a Baía de Porcos, em Cuba. A favor de Kennedy a gente convidou o poeta
e escritor Augusto Frederico Shimidt, contra os americanos convidamos Luiz
Carlos Prestes. O juiz do debate foi o senador Mario Martins - pai do Franklin
Martins - e o povo na rua era o grande júri. Tudo isso ao vivo, em preto e branco,
mais de duas horas de debate. No final, só para seu conhecimento, Prestes perdeu.
O povo teve medo de votar nas idéias dele, mesmo sendo aparentemente contra a
invasão.
No livro "A épica eletrônica de Glauber", Regina Mota afirma que foi no
Jornal de Vanguarda que o repórter surgiu pela primeira vez. Ele aparecia
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
como hoje ou não? Como era a condução das entrevistas dentro da
reportagem já que, naquela época, o VT ainda era uma novidade?
Na verdade, o Glauber Rocha começou a participar efetivamente da televisão no
programa Abertura. No Jornal de Vanguarda, ele pode ter sido entrevistado sobre
cinema novo. Foi, entretanto, no Abertura, na Rede Tupi, que ele se consagrou
como apresentador de um quadro. Foi um sucesso.
Há registro de que José Carlos de Moraes foi o primeiro repórter a aparecer
no vídeo ainda no Repórter Esso. Isso é verdade? Quem eram os repórteres
no Jornal de Vanguarda?
Para falar a verdade eu não conheço o José Carlos de Moraes. No Jornal de
Vanguarda não existiam exatamente repórteres, todos eram informantes e
comentaristas. Exemplos: Villas-Bôas Correa, Millôr Fernandes, Sérgio Porto,
Newton Carlos, Tarcísio Hollanda, Gilda Müller e muitos outros.
Como era estruturado o Jornal da Cidade? Havia reportagens? Como eram
feitas?
As reportagens eram feitas em películas de 16 milímetros. Eu gostava de soltar 4
ou 5 repórteres cinegrafistas dizendo: - Vão para a rua e descubram grandes
assuntos. O Jornal da Cidade deu grandes furos, não tinha nada da TV
plastificada de hoje, baseada em pautas criadas dentro da redação.
131
Foi mesmo o Jornal Nacional que começou a personalizar as reportagens,
utilizar quase sempre o exemplo dentro das reportagens? Se sim, por que
acredita que isso aconteceu?
É simples. O Jornal Nacional é filho da televisão dos Estados Unidos. Daí nasce a
sua estrutura. Mesmo assim ele tem feito ótimas reportagens, sempre
denunciando, sempre mostrando a exploração infantil. Nisso ele tem prestado um
grande serviço ao Brasil.
Qual lembrança tem das primeiras edições do Jornal Nacional no que se
refere à maneira de retratar a população?
O Jornal Nacional começou na ditadura militar. Os militares não gostavam do
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
povo.
Nas décadas de 50 e 60, a TV ainda tentava construir uma linguagem.
Reportagens de veículos como O Cruzeiro influenciavam de alguma maneira
o que se fazia na TV? Havia uma tentativa de levar os personagens que
apareciam nas revistas para a TV? Como isso era feito?
Não me lembro. Sei que as revistas fizeram grandes matérias. Era mais fácil.
Bastava um bom repórter sair com um bom fotógrafo. Sei de nomes como David
Nasser, Jean Manzon, Joel Silveira e outros.
Na inauguração de Brasília, alguns veículos tinham uma preocupação de
mostrar a figura do candango. Isso aconteceu também na TV, de que forma?
Que lembranças tem do que foi transmitido na inauguração, houve
entrevistas com a população também ou somente com personalidades ?
A inauguração de Brasília foi uma verdadeira loucura. Não existiam ainda os
satélites. A ligação de TV com o Rio e São Paulo foi feita através de microondas,
tudo super precário. Aparecia de tudo, povo e políticos. Nada tinha qualidade.
132
Entrevista de Fernando Barbosa Lima, concedida por e-mail
Quinta-feira, 20 de dezembro de 2007.
No início da TV, então, por conta da falta de mobilidade, o público/audiência
aparecia menos no vídeo? Além dos profissionais de TV, quem aparecia mais
eram artistas, professores e intelectuais, que davam entrevista em estúdio?
Exatamente.
No caso de programas de auditório, quem selecionava as pessoas que iriam
para o estúdio?
Os programas de auditório tinham produtores para levar as pessoas. Às vezes
colégios, às vezes comunidades. Ou mesmo o público interessado em ver um
determinado programa de perto. Eu mesmo já fui ao auditório da TV Tupi ver o
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
Câmera Um, do Jacy Campos, uma aula de televisão.
Você diz que os cinegrafistas do Jornal de Vanguarda saíam para a rua a fim
de ouvir a opinião do povo. Em que situações e com que freqüência isso
acontecia? Era o câmera quem escolhia os personagens? Quem conduzia as
entrevistas?
Os cinegrafistas da Excelsior eram, também, bons jornalistas. Nesse tempo as
câmeras de filmagem não tinham som. Eles agiam com o mesmo espírito dos
fotógrafos dos jornais impressos. Foi assim que no dia 1 de março filmamos um
militar matando um estudante. Um grande furo jornalístico.
O programa Você é o júri ia ao ar em que horário, com que freqüência, qual
a duração e quanto tempo ficou no ar? O público assistia a tudo pela TV na
rua e ao vivo? Quem recolhia a opinião do público? Juntava muita gente?
Esse programa ia ao ar na TV Tupi, uma vez por semana, na faixa das 22 horas.
Não me lembro mais o dia da semana. Quem recolhia a opinião do público era
sempre um repórter.
No caso da pergunta que fiz anteriormente sobre a presença do repórter no
Jornal de Vanguarda, posso dizer então que não havia repórter tal como
conhecemos hoje, aquela figura que conduz a reportagem?
133
Não. As matérias eram criadas no estúdio.
Havia reportagem no Jornal de Vanguarda? Como era feita?
O Jornal de Vanguarda era, basicamente, um informativo de notícias, entrevistas
e comentários. Tudo isso feito através de grandes jornalistas.
O José Carlos de Moraes era conhecido como Tico-Tico e fez reportagens
internacionais ao lado de Carlos Spera. Ambos eram dos Diários Associados.
Você tem lembrança de quem foi o primeiro repórter de TV?
O Tico-Tico era conhecido em São Paulo, no tempo da ditadura, como dedo duro.
O Spera, um bom repórter, trabalhou comigo fazendo matérias dentro do estúdio.
Como surgiu a figura do produtor nas reportagens dos telejornais?
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
Isso começou a acontecer na TV Globo.
134
Entrevista de Sandra Passarinho, concedida por e-mail
Terça-feira, 21 de fevereiro de 2007.
Em que ano e função começou a trabalhar em TV?
Como era a estrutura da redação naquela época?
Que mudanças considera mais significativas na rotina de trabalho daquela
época e hoje? No caso específico da reportagem, quais as mudanças mais
significativas?
Quando começou em TV já existia a figura do produtor? Se sim, em que
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
consistia o trabalho dele?
Existia diferença entre pauteiro e produtor? Quando, em sua lembrança, o
pauteiro passou a ser chamado de produtor?
A partir de que momento o trabalho de produtor passou a ser o de ajudar
a viabilizar a reportagem (com marcação de entrevistas, pré-apuração,
localização de personagens)?
Nas décadas de 60 e 70, de que forma o fato de o VT ainda não ser
corriqueiro no jornalismo, o peso dos equipamentos e as limitações do áudio
influenciavam na execução das reportagens e, em especial, na hora de
mostrar a população na TV?
Como a criação do CPN (Centro de Produção de Notícias) mudou a rotina de
trabalho da reportagem?
Você tem uma experiência pioneira como correspondente internacional em
um momento difícil politicamente para o Brasil. Havia uma preocupação, em
suas reportagens, de mostrar histórias de homens comuns mesmo fora do
país?
135
Você dava algum tipo de orientação para o cinegrafista sobre a maneira de
retratar as pessoas?
Acredita que o brasileiro se identificava com o noticiário internacional?
Quando começou a ouvir falar na palavra personagem para um tipo
específico de entrevistado das reportagens?
Por que acredita que a palavra começou a ser utilizada mais
freqüentemente?
Como os jornalistas de TV se referiam antes ao que hoje chamamos de
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
personagem?
Qual ou quais as funções de um personagem?
Por que o personagem tem se tornado tão importante a ponto de a ausência
dele impedir ou atrasar a veiculação de uma matéria?
Acredita que o uso sistemático de personagens empobreceu a reportagem?
Por quê?
Que características e rotinas de trabalho adotadas pela Globo e implantadas,
sobretudo a partir do Jornal Nacional, influenciaram o modo de trabalhar de
outras emissoras?
A estrutura do programa Fantástico, que utilizava uma mistura de
jornalismo, músicas, descobertas científicas e humor, pode ser encarada
como uma alternativa para enfrentar o rigor da censura prévia dos anos de
ditadura?
Respostas
136
Comecei a trabalhar em TV em 1970 e passei pelas várias atividades da redação:
rádio-escuta, apuração, separação de telex das agências (tinha isso naquela época),
produção, edição, reportagem. Como a equipe era muito menor do que é hoje, as
pessoas, precisavam se desdobrar, o que era uma excelente experiência para os
novatos, que podiam passar pela "cozinha" da redação, antes de partir para um
campo de trabalho mais específico. Naquela época, havia o chefe de reportagem, o
pauteiro, os editores, os editores de imagem (chamados "montadores" então), e
alguns repórteres. Havia reportagens "sonoras", ou seja, com entrevistas, e
"mudas", gravadas com a boa Bell and Howell, uma pequena câmera de filmar
(estávamos ainda apenas na era da película), que registrava imagens de eventos ou
situações que o chefe de reportagem acreditava que, não mereciam áudio, como
algumas cerimônias oficiais.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
Hoje em dia, isso é inadmissível, porque qualquer situação tem um som ambiente,
que às vezes é fundamental para o enriquecimento da matéria, como nos casos de
tiroteio entre polícia e traficantes em favelas - os tiros contam a história, também.
E a vida não é muda, então o som ambiente faz parte dela.
Como estávamos começando, a reportagem não tinha certas regras, o que se fazia
e funcionava é que contava. O aspecto formal tinha menos peso do que hoje, onde
o "visual" passou a ser tão importante quanto a informação, se não mais, pra muita
gente.... E é de se lembrar que vivíamos os tempos bicudos da ditadura... Ao
mesmo tempo, à medida que o noticiário da TV deixava de ser parecido com o de
rádio, e amadurecia, o repórter passou a ter um papel de mais destaque. Crescia o
número de matérias feitas com a participação do repórter, e não apenas
do cinegrafista que, aliás, depois veio a ser chamado de repórter cinematográfico,
uma qualificação adequada, porque a reportagem na TV é um baião-de-dois,
quanto mais azeitada a parceria, melhor. E há momentos em que a imagem é tão
forte que não precisa de texto.
Foi muito interessante ter começado a trabalhar na era do filme, essa matéria
prima era cara e, portanto, não podia ser desperdiçada. Quando eu saía pra gravar
com quatrocentos pés de filme, cerca de dez minutos, botava as mãos pro céu! Era
muito pro padrão da época, e nos obrigava a produzir a matéria com objetividade,
137
a gente aprendia logo o que era perda de tempo, e ficava no foco do assunto. O
vídeo acabou com o problema de duração da gravação, permite mais erros e
correções, e trabalha pelo cinegrafista. Quando ele não tem um bom olho, o vídeo
disfarça, o que não acontece com a película.
A pauta das reportagens respondeu às mudanças ocorridas na sociedade brasileira,
ao longo desse tempo. Temos sem dúvida mais liberdade, porém o jornalismo
ficou mais atrelado também às necessidades comerciais das empresas - não só na
TV, e nem só no Brasil. O noticiário se tornou mais enxuto, as matérias de um
modo geral são mais curtas, porque, em tese, o telespectador não consegue ficar
preso ao noticiário por mais do que um determinado tempo.
Essa tendência se verifica também na imprensa escrita, no mundo inteiro. Talvez a
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
imprensa esteja vivendo a extinção de um paradigma, que ainda não foi
substituído por um novo. Creio que falar para a massa, como fazia o rádio, e
como faz (ainda) a televisão é uma proposta datada. O público aumentou, e com
ele, veio a maior segmentação de interesses, e nenhum veículo pode mais atender
a todo mundo inteiramente.
Acredito que o produtor ganhou força no jornalismo de TV a partir da década de
80, com a ampliação das coberturas, do número de programas jornalísticos, ou
com participação do jornalismo, com a entrada de novas tecnologias no mercado.
E houve a mudança no ritmo da vida urbana, com mais gente nas cidades, maior
volume de tráfego, o que passou a exigir mais planejamento do trabalho, Aquele
repórter correndo pra lá e pra cá só com seu bloquinho não ia conseguir mais
trabalhar.
Quando eu comecei na profissão não existia ainda o "jornalismo de release", uma
praga que assola as redações, e prejudica a formação dos jovens profissionais. O
produtor, o ex-pauteiro, nem sempre sabe distinguir o que pode vir a ser notícia,
do que é apenas autopromoção, num release. O repórter, por sua vez, se apóia na
estrutura montada pelo produtor para a realização da matéria, e corre o risco de
virar um "apresentador" de um assunto que ele não apurou e com que não se
envolveu previamente. Acredito que a infra-estrutura de produção é muito
138
importante para o trabalho do repórter, porque a televisão tem uma complexidade
operacional que não existe em outros veículos. Mas a produção é um meio e
não a reportagem. em si. O profissional que sabe trabalhar aprende a distinguir o
joio do trigo.
Você pergunta a uma certa altura se eu tinha preocupação em contar histórias dos
homens comuns na correspondência internacional. Não necessariamente. Homens
comuns nem sempre são protagonistas na História. Comecei a fazer
correspondência numa época de mudanças estruturais na Europa, onde fui morar,
como a dita Revolução dos Cravos em Portugal, a morte do ditador Franco, na
Espanha, o acirramento da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.
Estava interessada em compreender essas transformações, e tentar passar isso nas
matérias, em particular no que diz respeito ao início da retomada do processo
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
democrático em Portugal e na Espanha. Eu era bem jovem e estava encantada
com a possibilidade de ver essas mudanças ao vivo e a cores! A cobertura
internacional em geral é menos interessante para o chamado grande público,
porque acontece longe dele, e necessita de um mínimo de informação de parte do
espectador ou do leitor. Mas há os nichos de interesse, e talvez a velocidade de
transmissão dos fatos atualmente aproxime as pessoas dos assuntos. Os
extremistas do Iraque ficam parecidos com os traficantes do Rio de Janeiro...
Não sei exatamente quando o "personagem" passou a existir como tal nas
reportagens. Afinal,
ele sempre existiu, era comumente chamado de
"entrevistado" e entrava onde cabia na matéria. Quando a gente saía pra fazer a
reportagem não era pra achar fulano ou beltrana através de quem pudéssemos
contar uma história, e sim pra achar uma boa maneira de contar aquela história,
fosse como fosse. E o cinegrafista em geral também pensava assim. Jornalistas
são contadores de histórias, e há muitas formas de contá-las.
A gente tem a impressão que hoje não pode haver matéria sem personagem, não
é? É como se ele tivesse ficado maior do que o assunto. A idéia é fazer com que o
tal personagem aproxime o telespectador do tema, e dessa forma leve-o a se
identificar com quem aparece na tela. E assim segue a história. Há situações em
que isso é perfeito. Certos entrevistados são personagens sem saber, e aí é quando
139
a coisa funciona, com naturalidade. O perigo é forçar situações com pessoas cuja
conversa não rende. Nesse caso, a obrigatoriedade do personagem engessa a
reportagem, e empobrece o resultado final mesmo. E todas as emissoras fazem a
mesma coisa.....
Você falar em retratar pessoas. Acho que a reportagem escolhe mesmo é retratar
situações em que entram pessoas. A vida como ela é, na televisão, é a vida como
ela é mostrada pelos ângulos escolhidos pelo cinegrafista, o repórter, a equipe,
enfim. Quando se vira a câmera para um lado, relega-se outros lados a segundo
plano. É impossível ter várias câmeras mostrando a mesma ação por todos os
lados... isso não é cinema.
É importantíssima essa questão da imparcialidade total no jornalismo, porque ela
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
não existe, creio. É uma utopia. O que existe, sim, é equilíbrio, uma
postura objetiva e honesta em relação ao que você escolheu mostrar.
140
Entrevista de Alice-Maria, concedida por e-mail, com a colaboração de
Armando Nogueira
Terça-feira, 25 de fevereiro de 2008.
No início da TV não havia a mobilidade que se tem hoje com os
equipamentos portáteis. Dentro dos telejornais como eram estruturadas as
reportagens?
Quando comecei a estagiar na Globo, os equipamentos de reportagem já captavam
som e imagem. Não peguei o tempo em que todas as imagens eram mudas. O
Armando também não.
Havia o depoimento popular captado nas ruas?
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
Não.
Como o povo era mostrado dentro de programas como o Jornal Nacional?
Havia inserções de povo fala ao longo do jornal? O público podia participar?
De que forma?
Já
com
o
equipamento
sonoro,
sim.
Além
do
depoimento
de
personalidades/autoridades, havia os depoimentos sobre um determinado
acontecimento que as pessoas tivessem presenciado e também o que foi batizado
de “povo fala”, a opinião de várias pessoas sobre um determinado assunto, que
ainda hoje é usado. Mas o material tinha que ser editado porque as pessoas ainda
não sabiam falar para a tevê.
Foi a partir da utilização do VT e da possibilidade de editar o material que se
começou a pensar em colocar pessoas comuns dentro das reportagens? O
Jornal Nacional foi o primeiro a fazer isso?
Quando começamos a usar equipamento de filme sonoro, primeiro a banda ótica,
mas principalmente a banda magnética (mais fácil de editar e com som de mais
qualidade), passamos a botar no ar todo dia. Era a diferença entre os telejornais
da Globo e os da concorrência. O Jornal da Globo, que era local e entrou no ar
em janeiro de 1967, foi o antecessor do Jornal Nacional. Às vezes – quando a
informação principal estava na sonora do entrevistado - muitos consideravam que
141
o JG não havia dado a notícia. Ainda havia quem considerasse que a notícia dada
no telejornal tinha que ser lida pelo apresentador. Durante algum tempo, muitos
achavam que o Repórter Esso, que não usava sonoras, dava mais notícias do que o
Jornal da Globo. Durante muito tempo, usamos filme sonoro. O VT, no dia-adia, só passou a ser usado nas reportagens muito tempo depois.
Quando, como e por que as reportagens do Jornal Nacional foram ficando
mais personalizadas? Havia uma orientação específica para isso?
No início da década de 1970. Quando formamos repórteres de televisão, temos
que levar em conta a qualidade intelectual e também o carisma que as pessoas
tinham e têm de passar credibilidade. Na formação de um repórter de vídeo,
entram voz, leitura, informação, postura. O JN virou uma referência. Mas, na
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
verdade, não criamos nada. Fomos aos Estados Unidos ver como eles faziam
porque o formato já estava lá, testado desde o rádio. O inglês é uma língua fácil
de dar notícia porque é quase declamado, monossilábico. A fala tem ritmo de
manchetes. Aqui, perseguimos um formato usando frases curtas, intercaladas.
Uma idéia em cada frase para dar um ritmo bem marcado.
Quando o JN começou a utilizar o personagem, em que casos ele era
considerado imprescindível?
Quando ele exprime a maioria. O drama/a experiência dele é comum ao um maior
número de pessoas. Quando a história dele mobiliza um grande número de
pessoas. É aquele antigo ensinamento: para contar a história dos Correios, o
melhor é contar a história de uma carta.
O uso do personagem tem sofrido modificações ao longo dos anos? Ele está
mais presente nas reportagens?
Está sim. O personagem é muito importante num veículo audiovisual.
Se sim, por quê? Acredita que o trabalho dos produtores influenciou?
Sim. Nos primeiros tempos, o repórter descobria o personagem na rua. Agora, na
grande maioria das vezes, ele é encontrado pelo produtor. Mas é preciso ter
142
cuidado na escolha do personagem. Corre-se o risco de destacar uma caricatura
do personagem e, assim, pôr em risco a credibilidade. Um cuidado que é preciso
ter, na rua, gravando a reportagem, é com as pessoas que se transformam quando
vêem que estão sendo filmadas e tentam manipular o veículo. Por exemplo, um
jogador que faz um gol e vai pra frente da câmera exorbitar o gol e se transformar
em personagem.
Hoje, o trabalho dos produtores que viabilizam as reportagens, marcam
entrevistas, checam autorizações, etc, é imprescindível para ajudar a garantir
o cumprimento do deadline. Quando essa figura passou a ter esse papel tão
importante?
O produtor é fundamental para que em um trabalho profissional haja uma
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
produção qualificada. Hoje em dia, há mais um recurso espetacular: o telefone
celular, que permite que a equipe mantenha diálogo constante entre a equipe e a
redação.
Dar uma cara a determinadas situações, ou seja, personalizar a reportagem
era uma forma de driblar a censura?
Não.
Nas décadas de 50 e 60, a TV ainda tentava construir uma linguagem.
Reportagens de veículos como O Cruzeiro influenciavam de alguma maneira
o que se fazia na TV? Havia uma tentativa de levar os personagens que
apareciam nas revistas para a TV? Como isso era feito?
Não. As revistas ignoravam as tevês que, por sua vez, ignoravam as revistas.
A TV Globo foi a primeira emissora a investir pesadamente em jornalismo
internacional. Nas primeiras reportagens havia a idéia de buscar fora do país
também personagens para ilustrar as reportagens?
Fizemos um grande investimento pioneiro no telejornalismo via satélite, na
instalação de escritórios internacionais, na manutenção de correspondentes na
143
Europa e nos Estados Unidos para dar compensação ao jejum de notícias
nacionais que eram vetadas pelo regime militar.
Quando a figura do repórter começou a ganhar força no vídeo?
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610535/CB
Durante os anos 70.
Download

Pós-texto - Divisão de Bibliotecas e Documentação PUC-Rio