Exclusivo Gestão & Negócios SUPLEMENTO DO JORNAL EXCLUSIVO No 4 - NOVEMBRO/2005 Ilustração: César Bressane Toda empresa enfrenta períodos turbulentos, seja por problemas internos ou externos. Nestas horas, é redobrada a importância de uma gestão eficaz e do planejamento. Sabendo a maneira certa de administrar nos momentos de crise, garantem especialistas, pode-se até mesmo encontrar oportunidades nas dificuldades. Como administrar nos momentos de crise Empresas do Bem Entrevista Up Grade Postura socialmente responsável se torna diferencial nas companhias Antoninho Marmo Trevisan fala de empreendedorismo Motivação é essencial para garantir o sucesso no mundo dos negócios 2 Sumário 3 Boas notícias NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Editorial Aprovada a MP do Bem 4 Empresas do Bem Responsabilidade social gera melhorias nas organizações 5 E-business A caravana da internet percorre o Brasil 8 e 9 Reportagem Administrando corporações em momentos turbulentos 10 Entrevista Antoninho Marmo Trevisan analisa o perfil do bom empreendedor 12 Boas Idéias Banco de idéias estimula interação com colaboradores OPINIÃO Nós queremos fazer um jornal que atenda às suas necessidades. Por isso, sua opinião é tão importante. Entre em contato com nossa redação para fazer críticas, elogios e sugestões. Estamos esperando por seu contato. Fone: 51 3065-8047 [email protected] Exclusivo Gestão &Negócios Rua Jornal NH, 99 - Cx. Postal 333 CEP 93334-350 - Novo Hamburgo/RS Fones PABX: (51) 3065.4000 e (51) 3594.0444 Fax: (51) 3594.0441 SUPLEMENTO INTEGRANTE DO JORNAL EXCLUSIVO Edição: Eduardo Zilles Borba e Litiane Klein 51 - 3065-8053 / [email protected] Colaboração: Sílvia Kröff, Vera Stumm, Luciane Weber e Juliana Berwig Administrando na crise Momentos turbulentos fazem parte da vida de uma organização e até mesmo de um setor. Administrar com sucesso esses períodos pode ser um desafio para os líderes, mas também pode ser uma oportunidade para ganhar mercados e superar a concorrência. Tudo é uma questão de posicionamento e alinhamento das ações estratégicas com as metas e objetivos traçados. Nos tempos de modernização, globalização e tecnologia otimizando processos, não dá para ficar parado vendo o bonde passar, é preciso saber jogar o jogo exigido pelo mercado. Nessa edição, nossa reportagem traz como tema esse assunto, que por sinal está a flor da pele no Brasil, principalmente nos setores de produção em grande escala e que necessitam de significativa quantidade de mão-de-obra. Especialistas e empresários renomados comentam sobre as principais manobras para contornar dificuldades impostas tanto por fatores internos, como externos. A caravana da internet também é destaque, com a reunião dos profissionais de tecnologia e comunicação no 10o Encontro de Webdesign, realizado em oito capitais brasileiras. O objetivo do evento é disseminar a cultura da internet corporativa e integrar profissionais da área. Entre as empresas do bem, fica a idéia de trabalhar com a responsabilidade social, através da matéria que mostra cases empresariais de sucesso no mercado. Tanto para a imagem da organização diante da sociedade como também para o incentivo aos colaboradores. Seja de caráter cultural, social, esportivo, as iniciativas adotadas pelas corporações têm gerado melhorias significativas na gestão de um modo geral. Empreendedorismo também é tema do Gestão & Negócios. Na entrevista dessa publicação, o consultor Antoninho Marmo Trevisan analisa os principais pontos para se tornar um empreendedor de sucesso e também o perfil do profissional ideal para encarar investimentos. Temas como a situação atual do Mercosul, o banco de idéias dentro das empresas e o entusiasmo dos funcionários numa estrutura organizacional completam os assuntos tratados. Boa leitura! Eduardo Zilles Borba Editor(interino) NOVEMBRO/2005 3 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Boas Notícias MP do Bem é sancionada pelo presidente Lula Apontada como um elemento importante para beneficiar a industria brasileira com redução de impostos e estímulo à tecnologia, a MP do Bem foi finalmente sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ao sancionar, em 21/11, a Medida Provisória (MP) 255, que agrega os benefícios da chamada “MP do Bem”, o presidente Lula destacou a importância desta lei para dar impulso ao processo de desenvolvimento econômico do País. “Esta lei vai criar empreendimentos novos e instalar novas fábricas no País, pelo fato de desonerar tributos e fomentar o setor produtivo”, destacou Lula. Com a sanção da MP 255, o presidente destacou que será possível aumentar de “forma excepcional” as exportações brasileiras e, ao mesmo tempo, dinamizar o mercado interno. Ele voltou a dizer que continuará fazendo na economia, como em todas as áreas do governo, aquilo que for melhor para o País. Segundo o presidente, a MP 255, é mais uma medida, dentre muitas já tomadas pelo seu governo, que está fazendo com o que o Brasil volte a crescer, “com inflação sob controle, geração de empregos e progres- Ricardo Stuckert/ABr Novembro tem melhor média do ano Mesmo com apenas três dias úteis (entre 1 e 6), a primeira semana de novembro foi considerada a melhor do ano para as exportações. A média diária de vendas registrada foi de US$ 680,7 milhões, a maior até o momento (a segunda foi em julho, com US$ 661 milhões). Com esse resultado, as exportações totais da semana chegaram a US$ 2,042 bilhões, com importações de US$ 1,153 bilhão. O superávit alcançado foi de US$ 889 milhões. O crescimento nas vendas para o mercado externo foi de 66,9% e nas compras 26,4%, segundo as médias diárias, se comparado com novembro de 2004. Inadimplência menor no Distrito Federal siva inclusão social”. A Medida Provisória 255 foi aprovada no final de outubro pela Câmara dos Deputados. Inicialmente, tratava apenas da prorrogação do prazo para a escolha de regime de tributação em fundos de pensão, mas com a perda da vigência da MP do Bem original (a MP 252), no dia 13 de outubro, a 255 passou a agregar a maior parte dos artigos da MP 252, que reunia as principais iniciativas do governo federal para incentivo ao setor produtivo. Lula destacou que o momento atual é propício para estimular investimentos estrangeiros. O Brasil, conforme já apontou a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, lembrou Lula, ocupa a quinta posição mundial entre os países mais atrativos para investimentos estrangeiros diretos. “Uma situação muito diferente da que ocorreu nos anos 90”, disse o presidente, ao discursar no Palácio do Planalto. No discurso, o presiden- te destacou alguns dos principais pontos da MP 255. Para ele, o mais importante é o que prevê isenção do PIS/Pasep (Programa de Integração Social/Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) para as empresas que destinarem 80% de suas vendas à exportação. A medida também prevê a redução de tributos para computadores de até R$ 2.500,00. * Agência Brasil Exportações ultrapassam barreira dos US$ 100 bilhões Com os números da segunda semana de novembro divulgados dia 21/11, as exportações brasileiras já superam a meta histórica de US$ 100 bilhões, estabelecida no início do governo Lula. O saldo, até o momento, está acumulado em US$ 38,178 bilhões e justifica-se pela diferença entre as exportações (US$ 101,280 bilhões) e importações (US$ 63,102 Rápidas bilhões). No mesmo período de 2004, o superávit foi de US$ 29,308 bilhões. Faltando um mês e três semanas para o final do ano, as vendas externas aproximam-se da meta fixada pelo ministro Luiz Fernando Furlan, de US$ 117 bilhões. Até o momento, no acumulado do ano, as exportações apresentam alta de 22,7% e as importações de 18,3% em relação ao mesmo período de 2004, se comparadas as médias diárias. Os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que na segunda semana de novembro, entre os dias 07 e 13, as vendas para o mercado externo somaram US$ 2,615 bilhões, valor superior ao registrado no mesmo período do ano passado (US$ 2,206 bilhões). O mesmo aconteceu com as compras que contabilizaram US$ 1,676 bilhão e, com isso, apresentaram melhor resultado frente à segunda semana de novembro do ano passado (US$ 1,660 bilhão). Com cinco dias úteis, o superávit da semana foi registrado em US$ 939 milhões. No mês, as exportações já totalizam US$ 4,657 bilhões e as importações US$ 2,829 bilhões. O índice de inadimplência no comércio do Distrito Federal, em outubro, foi de 5,2%, segundo levantamento do banco de dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-DF), que administra o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Em outubro de 2004, o índice de inadimplência chegou a 6,5%. O índice de inadimplência começa a refletir a tendência de queda registrada no último trimestre do ano. A expectativa é que o índice apresente novas reduções nos meses de novembro e dezembro, como acontece historicamente, nesta época o ano, conforme o SPC. Indústria aposta em crescimento moderado A indústria brasileira espera crescer em 2006, mas num ritmo mais moderado do que o previsto para 2005, apurou pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada dia 22. Houve uma queda no número de entusiastas, mas ainda assim o grupo de otimistas supera os pessimistas. De acordo com a pesquisa, 44% dos consultados apostam que a situação dos negócios será melhor em 2006 do que o verificado em 2005. 4 NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Empresas do bem Responsabilidade social pode ser diferencial nas empresas Organizações que investem em ações humanitárias podem se destacar no mercado competitivo O compromisso com a responsabilidade social está cada vez mais presente em todos os níveis de uma organização privada e o engajamento nas causas sociais pode se tornar o diferencial competitivo para as empresas. Segundo a diretora e consultora em recursos humanos da Laboredomus (São Paulo/SP), Rejane Loureiro Málacco, atualmente, o diferencial de uma empresa pode estar em um bom trabalho social voltado para a comunidade. “Isso porque a qualidade nos serviços já se tornou um aspecto comum”, explica. Segundo a consultora, é gratificante para a pessoa fazer parte de uma organização que ajuda a comunidade e estimula trabalhos volutários. “Assim, o indivíduo consegue ter uma identificação maior com os valores da empresa diante da sociedade. Além disso, essa satisfação dos funcionários traz melhoria para a instituição e ajuda no clima interno organizacional”, revela Rejane. A empresa Randon, com matriz em Caxias do Sul/RS, consciente da responsabilidade que possui perante a sociedade, vem trabalhando nos últimos anos de forma a incentivar profissionais e clientes. “Na Randon são as pessoas que fazem a diferença. A gestão de recursos humanos tem como foco colocar a empresa nos níveis de qualidade e resultados que trazem a satisfação do cliente, funcionário e comunidade em geral”, é o que diz a gerente administrativa e corporativa, Maria Tereza Casagrande. Segundo ela, a política de responsabilidade social da instituição vem destacando o respeito à promoção de benefícios sociais internos e externos em áreas como previdência privada, educação, saúde, alimentação, transporte, participação nos resultados, cidadania e meio ambiente. “O grupo é uma das primeiras empresas do País a publicar seu balanço social, o que acontece bienalmente desde 1994, e também a implementar um programa de participação nos resultados.” Preocupada com a satisfação dos colaboradores e em ter a percepção de como eles vêem a empresa, a Randon realiza, desde 1998, o Viver de Bem com a Vida, um programa certificado pela ONU e pelo Sesi, que vem sendo aplicado na conscientização para a prevenção do uso de drogas no trabalho e na família. Também em 2001, a empresa inaugurou o Centro de Educação voltado para a formação e o aperfeiçoamento dos funcionários, líderes e equipes. Atualmente, o programa mais recente do grupo foi iniciado em 2003 e contempla os funcionários em processo de aposentadoria. “Pessoas acima de 57 anos são preparadas psicológica, social e tecnicamente para seguir a vida após o encerramento do ciclo na fábrica.” Outro exemplo é a Unimed (Florianópolis/SC), que tem proporcionado bem-estar e qualidade de vida no trabalho para seus colaboradores. Desde 1999, a empresa vem desenvolvendo um importante projeto de responsabilidade social, com o objetivo de diminuir as desigualdades tão evidentes na atualidade e que repercutem na vida de todos. De acordo com a coordenadora de responsabilidade social da Unimed, Sílvia Wallner, a ação teve seu início com projetos nas áreas de saúde, geração de renda, educação, meio ambiente e esportes. Randon: política de responsabilidade social da empresa benefícios internos e externos “Atualmente, com 5 anos de trabalho, a unidade já beneficiou mais de 103 mil pessoas, se tornando referência em práticas sociais. Além disso, fomos a primeira do País a ser filiada ao Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social”, alega Sílvia. Segundo ela, a prestadora de serviço conta com 339 colaboradores diretos e 80 funcionários indiretos, que auxiliam nos diversos programas sociais desenvolvidos. A Springer Carrier (Canoas/ RS) também identificou oportunidades ao investir no social. Conforme o diretor de recursos humanos da empresa, Edinei Schemes, o compromisso com a responsabilidade social do grupo mobilizou a empresa a incentivar seus colaboradores a realizarem diversas ações sociais. “O caminho para se chegar a uma gestão com responsabilidade social é, inicialmente, conectar a visão Aula de música para a comunidade também entra nos projetos sociais com os propósitos e valores da empresa. No nosso caso, temos quatro públicos-alvo: funcionários, clientes, acionistas e comunidade”, observa. Segundo o diretor, atualmente a Springer Carrier possui um programa de voluntariado estruturado, coordenado pela comunicação interna da própria corporação. Para o público externo, o foco são atividades de doações para instituições, hospitais e escolas. “A empresa é também uma das fundadoras da Organização NãoGovernamental (Ong) Parceiros Voluntários”, salienta Schemes. NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS 5 E-business A caravana da internet percorre o Brasil Encontro de profissionais da área digital passa por oito capitais em 2005 Realizado com o objetivo maior de oferecer uma oportunidade à troca de informação sobre o potencial da internet e a importância deste meio nos negócios modernos, o 10º Encontro de Web Design, realizado pela Arteccom (Rio de Janeiro/RJ), reúne profissionais envolvidos com o universo digital. A programação do evento, realizado em oito capitais brasileiras, oferece palestras específicas para cada área de atuação, como tecnologia, comunicação e administração. Conforme a sócia-diretora da Arteccom, Adriana Melo, participam do encontro desde profissionais consagrados na área, até estudantes que estão dando seus primeiros passos na carreira digital. “Sem dúvida nossa principal meta é reunir profissionais do ramo para a troca de informações”, destaca Adriana. A caravana da web já passou pelo Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Curitiba/PR, Recife/PE e Porto Alegre/RS, e tem marcada sua última parada do ano na capital paulista, no dia 10 de dezembro. Segundo os diretores da empresa de soluções para a internet Sulweb (Novo Hamburgo/RS), Alexandre Lenz e Tiago Peters, o encontro é importante porque apresenta grandes profissionais da área contando sobre experiências de mercado que podem ser aplicadas diretamente dentro da empresa, gerando assim uma profissionalização maior dentro do serviço prestado para os clientes. “Com certeza o encontro traz informações importantes para os negócios, isto foi um fato que ocorreu no último evento, onde através de algumas informações apresentadas nas palestras tivemos novas idéias para aprimorar a prestação dos nossos serviços junto aos clientes da empresa”, destaca Lenz. Para o diretor da Prima Marketing e Tecnologia (São Leopoldo/RS), Ronaldo Schmidt Grangeiro, os eventos deste tipo contribuem para o amadurecimento do setor. “A web é uma área relativamente recente, e que Mundo Digital Gaúchos unidos As agência digitais do Rio Grande do Sul demonstram estar preocupadas com a profissionalização do setor. Isso se reflete na criação da AGADi (Associação Gaúcha das Agências Digitais), entidade que tem como objetivos aplicar, difundir, estudar e aprimorar os princípios e métodos de informação, voltados para a formação e o aperfeiçoamento de empresas que atuam no ramo digital. Conferência via web Projeto tem registrado média de 500 expectadores por encontro está evoluindo muito rapidamente, cada vez mais incorporada ao dia-a-dia da sociedade. Portanto é pertinente aproveitarmos oportunidades como esta de compartilhar experiências e discutir tendências do mercado”. Em relação a participação nessa edição, Grangeiro afirma que tanto ele como seus colaboradores particiam estarão marcando presença. “Sempre podemos extrair algo de útil das palestras, sejam tendências tecnológicas e de mercado, casos de sucesso ou até mesmo troca de experiências com fornecedores, concorrentes ou parceiros”, observa. Sobre o mercado, o diretor da Prima diz haver um amadurecimento. “Hoje em dia não existe mais lugar para amadores, visto que as soluções cada vez mais robustas e os cliente estão mais informados e exigentes. As oportunidades são excelentes para as empresas que estiverem preparadas”, finaliza. A última edição do encontro, que é realizado em São Paulo/SP, no dia 10 de dezembro, no Hotel Maksound Plaza, são esperadas mais de mil pessoas. Cada vez mais utilizadas em conferências, as webcams proporcionam a participação de empresários de todo mundo em seminários e convenções. Um exemplo disso é o Café com Internet, da WBI Brasil (Porto Alegre/ RS), que debate com executivos sobre estratégias de marketing na internet. e-Natal Previsão da Camara-e.net para o Natal é de que comércio na internet aumente em 50%, na comparação com 2004, quando os números foram de R$ 284 milhões. Eduardo Zilles Borba [email protected] 6 NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Artigos A ideologia da desmotivação gerencial Wilson Mileris* Na direção de uma Convenção Anual de uma grande editora que, durante uma reunião de planejamento estratégico, no intuito de motivar os gerentes, o superintendente propôs um trabalho individual de promoção de vendas, onde cada gerente deveria listar três títulos, dentre os muitos editados, sobre os quais o esforço de publicidade mereceria maior concentração, devendo a escolha dos referidos títulos serem justificadas com uma pequena exposição de motivos. O tempo deste exercício deveria ser administrado individualmente, não devendo prejudicar as demais atividades previstas para o encontro gerencial. O superintendente divulgou um prêmio de valor para a melhor listagem apresentada. Os próprios gerentes fariam a análise e o julgamento do melhor trabalho. Todos os cuidados foram tomados para manter o sigilo do ganhador. O trabalho exigia pesquisa, organização e muita criatividade. Depois de algumas reuniões curtas, passou-se ao julgamento e eleição do vencedor. Após o anúncio o superintendente fez a entrega do prêmio, previamente divulgado como de valor: um home theater de última geração. Nesse instante, as contradições gerenciais começaram a aparecer: Se soubesse que o prêmio era esse teria feito um trabalho bem melhor . Existe um paradoxo nessa frase para reflexão. O prêmio foi anunciado antecipadamente como de valor. Conjecturar que o valor do prêmio era inferior ao de um home theater moderno, foi uma decisão de alguns gerentes, não tendo sido considerado como válido se fosse simbólicoA caravana da internet percorre o Brasil. A desmotivação alegada foi uma avaliação pessoal precipitada, pois se constatou, posteriormente, ser motivadora e de valor. Observa-se que o motivo alegado por alguns gerentes de não terem feito um bom trabalho foi totalmente contraditório. Nesse caso específico não havia a menor dúvida. Senão vejamos: os gerentes em questão estavam fora de seu local de trabalho, em um hotel com alimentação e lazer, contratados pela organização, com o intuito de promover uma interação profissional para melhorar os resultados. Está claro que erraram. Mas E no dia-a-dia os gerentes podem alegar desmotivação? Antes de responder, é importante analisar criticamente algumas das causas normalmente alegadas para um comportamento desmotivado, não mais em uma situação particular como a do exemplo, mas na realidade de uma empresa: Salário: Em termos gerenciais é função do nível de competência. Salário baixo para gerente competente indica ou sua acomodação ou sua insegurança. No primeiro caso não é um problema; mas uma opção. No segundo, trata-se de um paradoxo: insegurança num gerente competente? Falta de delegação: Apesar de delegação ser uma concessão, não cai do céu. Poder, não se ganha, conquista-se. Logo, ser competente pressupõe saber ganhar espaço. Falta de objetivos bem definidos: conseqüência de uma crise conjuntural, na realidade, gera um círculo vicioso. O gerente, sendo o homem com mais capacidade de lidar com tendências e perspectivas do seu espaço de atuação, ao comportar-se passivamente aguardando objetivos da alta direção, não a realimenta com as informações necessárias, surpreendendo-se quando os objetivos propostos pouco têm relação com sua visão gerencial. Boa parte da não-obtenção de objetivos bem definidos, pode ser imputada à falta de visão do gerente. Essa é outra contradição gerencial que é confundida com desmotivação. Partindo do pressuposto que estão atendidos nas situações Alguns lembretes: Criar objetivos: na falta de objetivos claros da organização, é importante criar os próprios e torná-los públicos. Ter de negociar objetivos com os dirigentes é mais ético do que dizer que os objetivos não existem; Divulgar os objetivos: toda hora é hora de propor objetivos, para isso qualquer canal é canal. Desde o cafezinho, elevador, reunião, telefone, e-mail ou audiência especial; Ser flexível: voltar atrás, reconsiderar e acertar é nobre; Ser um líder servidor: adotar como objetivo permanente a evolução e a dos subordinados. Sempre haverá alguém, por mais humilde que seja, que ensinará algo. Estar sempre preparado para aprender, segundo Jack Welch para aprimorar o papel de líder servidor: Ser líder é ajudar outras pessoas a crescer e a alcançar o sucesso; Desmotivação nunca mais: a palavra desmotivação deve ser riscada do dicionário. É importante ressaltar que no momento de crise o bom gerente é o que cria do nada, o que encontra objetivos no ambiente quase imobilista, o que consegue movimentar as engrenagens mesmo quando estão emperradas por forças antagônicas. evidenciadas anteriormente, é óbvio que a alegação é improcedente. Assim sendo, para o caso em estudo, desmotivação é uma palavra complacente que oculta uma outra mais adequada: irresponsabilidade. Mas como eliminar a desmotivação? Temos, portanto duas questões a resolver. A primeira é existencial e deveria ser: Esse cargo me interessa e a remuneração está compatível com minhas atribuições e potencialidades? A segunda está condicionada a resolução da questão anterior: Como me tornar responsável e engajado não só nas minhas atribuições como também nas definições da alta direção da organização? Para uma situação como essa as seguintes posturas são recomendáveis: a) Assumir que poder não se espera, se conquista. O poder no caso da esfera gerencial está em como fazer e permanecer com o direito de continuar fazendo. Margaret Thatcher sublinhou essa postura com a seguinte frase: Estar no poder ou na liderança é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas que você é, você não é; b) Nunca negligenciar sua importância na organização. Os objetivos globais dependem da visão prospectiva e do espaço de atuação. Você pode e deve fazer a diferença. Com relação à primeira postura, vale lembrar que cinco pontos devem ser considerados: É fundamental estender os limites um pouco além do falado; Procurar não errar, mas se acontecer deve ser por excesso nunca por omissão. O bom empresário prefere o gerente que extrapola ao que se omite; Quem pode mais, pode menos; não deixar que os eventuais subordinados se omitam, mesmo que seja preciso agir em seu lugar, e depois acionar mecanismos de cobrança e reciclagem ao desenvolvimento; Qualquer problema é de quem o vê e não de quem burocraticamente é tido como único responsável. O importante é a solução ter sido encontrada. Suscetibilidades feridas são mais lucrativas do que rombos de mercado; Mais responsabilidade pode significar mais salário, assunto certo de uma negociação posterior. * Wilson Mileris é especializado em liderança, motivação e vendas. É um não-teórico que congrega em seu método a mais articulada soma de técnicas onde a psicologia comportamental, aplicada a conhecimentos técnicos de motivação, geram resultados concretos e verdadeiros. NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS 7 Mercados Mercosul gera benefícios, mas perde com a instabilidade O comércio do bloco cresce, mas eternas disputas entre países ainda geram incer teza Os recentes problemas entre Brasil e Argentina em relação a importação de calçados daquele País abrem a discussão - será que o Mercosul vale a pena para o Brasil? Afinal, se a intenção é eliminar barreiras e facilitar o comércio entre os países do bloco, que sentido faz o Mercado Comum do Sul se seus dois principais componentes vivem em disputas? No entanto, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que os negócios entre o Brasil e os países do Mercosul tiveram avanços significativos desde a criação do bloco. Em 1991, ano em que o mercado comum foi constituído, foram exportados US$ 31,620 bilhões. Já em 2004, as vendas para o Mercosul somaram US$ 96,475 bilhões, ou seja, três vezes mais. Neste ano, as exportações representavam, até agosto, US$ 76,084 bilhões, enquanto as importações feitas de países do Mercosul chegaram a US$ 47,742 bilhões, o que representa um saldo de US$ 28,341 bilhões, número que em todo ano de 2004 somou US$ 33,663 bilhões. Os números são favoráveis ao bloco, e vêm sendo positivos para o Brasil, ou seja, com maior volume de exportação que importação, desde 2000. Apesar dos dados, empresários apontam que é preciso mais clareza e firmeza nas relações do bloco para que o Mercosul não acabe desacreditado com as diferenças entre os vizinhos. Para os calçadistas, apesar de o bloco significar sim uma vantagem - já que facilita as negociações entre países importantes especialmente pela proximidade geográfica -, a fragilidade das relações entre Brasil e Argentina ainda são um entrave, e dos grandes. O empresário Marcos Lunardi, da Calçados Chinesinha (Novo Hamburgo/RS), fabricante da marca Tchocco, afirma que o eterno impasse na comercialização de calçados para o país vizinho é um dos fatores principais para que os negócios da fábrica com o Mercosul não se desenvolvam mais. “Nossa atenção está voltada ao nosso mercado interno e a países cujo trâmite das exportações fluam normalmente e não dependam do bom humor dos seus dirigentes, criando obstáculos em negociações já realizadas com grande antecedência, causando grandes prejuízos aos envolvidos”, desabafa. Exatamente por causa das eternas divergências entre Brasil e Argentina, para a Tchocco não houve evolução nos negócios com o Mercosul, apenas vendas esporádicas, afirma Lunardi. Ainda assim, o empresário não deixa de apontar o mercado comum como algo importante para o Brasil, embora considere que deveria haver mais participação. “Se ampliada a participação de países do bloco seria interessante pela expansão que se proporcionaria do mercado às indústrias brasileiras e a potencialização da complementaridade dos produtos de outros países do bloco à economia brasileira”, avalia. “O principal problema é a fragilidade econômica e a instabilidade política que faz as parcerias não se consolidarem pela desconfiança que geram”, lamenta. Para Lunardi, são essenciais para a superação dos problemas a consciência coletiva de que o mercado pode trazer benefícios aos participantes, a coragem suficiente para a eliminação de barreiras à exemplo do Mercado Comum Europeu e o amadurecimento de suas lideranças que hoje são suscetíveis às correntes ascendentes e descendentes, ou seja, ilustra, ao sabor do vento. O gerente de exportação da Dakota S/A (Nova Petrópolis/RS), Cristiano Korbes, salienta que o Mercosul, do ponto de vista comercial, é muito importante para o Brasil, já que o comércio entre fronteiras é uma via natural para qualquer país. “Fortalecer o comércio fronteiriço deve ser um objetivo de qualquer país inserido no comércio internacional. Um país vizinho é naturalmente o maior parceiro, e possuir uma relação aberta e baseada na troca de mercadorias ajuda a criar um desenvolvimento e fortalecimento regional”, coloca. Sobre a evolução no comércio entre os países do bloco, Korbes comenta que, de fato ocorreram facilidades, o que pode ser notado pelo incremento do comércio entre Brasil e Argentina, por exemplo. Após este início, porém, notaram-se conflitos de ordem protecionista, os quais prejudicaram o andamento das medidas de abertura. “De fato, os últimos acontecimentos nos levam à um retrocesso no processo de abertura, o que acaba prejudicando o comércio comum”, reclama. Para a Dakota, o gerente de exportação conta que o Mercosul representa um desempenho razoável. “Em comparação a outras regiões fica atrás dos países do Pacto Andino e de regiões como o Oriente Médio. Ainda consideramos uma região estratégica e estamos buscando melhorar nossas parcerias e negócios.” Apesar de considerar o Mercosul um mercado estratégico, Korbes aponta como principais problemas para o crescimento do bloco a burocracia e protecionismo crescente, as disputas entre Brasil e Argentina por uma posição de destaque regional, a falta de interesse político em priorizar o bloco e a falta de uma política comum de salvaguardas aos produtos asiáticos. “Com a redução do protecionismo e da individualidade dos países, poderá trazer ao Brasil um Korbes sublinha que fortalecer o comércio fronteiriço deve ser um objetivo de qualquer país inserido no mercado externo maior comércio e as vantagens provindas deste aumento de interrelacionamento.Entretanto, se não houver um maior envolvimento dos governos que dirigem os países do Mercosul em reduzir as barreiras para o livre comércio, muito provavelmente não poderemos vivenciar nenhuma vantagem por pertencer à ele”, reflete. Para o gerente de vendas da Itapuã (Vila Velha/ES), Gilmar Dessaune, o Brasil é muito vulnerável e passivo em relação às barreiras tarifárias e não tarifárias impostas principalmente pela Argentina. “Isso causa insegurança no comércio do bloco”, observa. A Itapuã tinha vários pedidos já fechados para a Argentina, mas, depois do episódio em que diversas entregas ficaram retidos na fronteira com o país vizinho, a empresa teve que cancelar os negócios. “O governo não toma medidas efetivas em relação a este problema”, protesta. “Com os outros países do bloco não existem estes problemas, mas com a Argentina ficamos em uma posição de insegurança total, e isso tudo desacredita o Mercosul”, frisa. Para ele, a solução é uma postura mais rígida do governo brasileiro. “O comércio com o Mercosul para a Itapuã já foi representativo, mas hoje estamos priorizando outros países, porque da forma que vão as relações com a Argentina hoje não há planejamento possível, e precisamos poder nos planejar”, destaca. 8 Reportagem Administrando corporações em momentos turbulentos Empresários e especialistas explicam técnicas e estratégias para ter sucesso em períodos conturbados Eduardo Zilles Borba * Administrar corporações em tempos de crise, seja ela um fator interno ou externo, exige conhecimento e sensibilidade para planejar ações estratégicas capazes de reverter a situação. Atualmente temos presenciado diversas crises que merecem uma gestão eficaz, como é o caso da crise do governo, da crise do calçado e até mesmo a crise do futebol, com os escândalos na arbitragem. São casos que exigem medidas organizacionais por parte de seus gestores, atitudes que venham até mesmo a mexer no DNA da organização, para buscar soluções aos dias difíceis. Mas, como lembra o consultor em estratégias empresariais e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Paulo Benaiter, agir diante desses momentos turbulentos exige planejamento. “É preciso apontar fatores internos positivos e oportunidades externas, para que se construam novas ações estratégicas com foco na meta estipulada”, explica. Segundo Benaiter, a primeira medida a ser tomada é identificar que tipo de crise a corporação está enfrentando. “Podem ser crises decorrentes de ausência de liderança, processos sucessórios, mudanças estruturais, de posicionamento junto ao mercado, introdução de uma nova cultura ou ainda decorrente do mau direcionamento dos negócios”, explica. A identificação depende do quanto esteja preparada a empresa. Uma grande maioria ainda identifica por feeling (senso desenvolvido pelo empresário ao longo dos anos de experiência no direcionamento dos negócios). “Não temos dúvida de que o feeling é de Benaiter: primerira medida é identificar que tipo de crise a corporação enfrenta grande valor como ferramenta de gestão. Entretanto sua utilidade diminui na medida em que o empreendimento aumenta e cresce”, justifica o especialista. O consultor e professor ainda explica que todo processo de mudança deve ser subdividido em etapas, pois se torna mais fácil de ser desenvolvido e gerenciado. As etapas podem variar, mas em linhas gerais seguem a ordem de clareza na visão à mudança e de onde se quer chegar, pensar no presente e no futuro, definir equipes para cuidar do processo, gerenciamento e comunicação efetiva. O presidente da Azaléia (Parobé/RS), Antônio Britto Filho, acredita que quando uma empresa está enfrentando momentos de dificuldades, a primeira condição dos gestores é ser otimista em relação a ela. “Em períodos de crises, o papel do líder é fundamental. Ele possui a obrigação de transmitir confiança e segurança aos seus colaboradores”, destaca. Segundo Britto, a confiança, a transparência e a clareza são atitudes primordiais para uma empresa superar as dificuldades. “É preciso agir com franqueza com os funcionários, mostrando a eles onde estão os problemas e qual é o risco de cada um deles”, explica. Conforme ele, momentos de crise geralmente duram pouco tempo e a empresa possui poucas oportunidades para errar. Por isso, é necessário ter um diagnóstico claro de qual é o problema e também ter uma proposta objetiva para superar a dificuldade. O ideal é os diretores de uma empresa avaliarem o que é essencial e o que não é essencial dentro dela. “A crise não pode permitir o corte do essencial, que é o produto e a capacidade das pessoas em desenvolvê-lo”, revela. É necessário os proprietários perceberem que o corte linear não é a solução do Brito: em períodos de crises o papel do líder é fundamental problema. “Mas sim, pode ser o suicídio da empresa”, salienta Britto. Já para o gerente de recursos humanos da DalPonte (Veranópolis/RS), Amarildo de Souza, a melhor maneira de se superar uma crise em uma empresa é deixando bem claro para os colaboradores a dificuldade, mas que também, junto com ela existe a solução. “O problema deve ser resolvido em conjunto, com os diretores e colaboradores da empresa”, acredita. Segundo ele, existem formas para uma fábrica superar situações difícieis, como por exemplo, buscar novas oportunidades de mercado, inovar o produto e abrir novas parcerias. O diretor da Calçados Aryetta (Goianira/GO), Ronaldo Alexandre Oliveira, observa que a primeira medida que uma empresa deve tomar quando está passando por algum momento de turbulento é procurar formas para conseguir sair dele. “Uma maneira é comprar produtos com um custo mais acessível, mas sem perder a qualidade”, comenta. Conforme o diretor, os colaboradores precisam saber o que está acontecendo na fábrica e o que eles podem fazer para contribuir. “A união de toda a equipe é muito importante neste momento”, destaca. Para reverter situações delicadas, o diretor-presidente da Calçados Bibi (Parobé/RS), Marlim Kohlrausch, sugere um foco definido no posicionamento adeqüado em que ela está e onde pretende chegar, além de visar a simplicidade e a agilidade. “É importante existir um comprometimento permanente de toda a equipe da fábrica”, ressalta. * em colaboração com Sílvia Kröff e Vera Stumm 9 Reportagem Oportunidades nas dificuldades Para o professor e consultor Osmar Coutinho (Curitiba/PR), a crise é uma palavra inexistente, que deve ser substituída por oportunidades que não foram vistas. “O que leva a crise, ou a falta de administração em tempos de crises, são as pessoas que procuram resultados utilizando as mesmas ações. Ou seja, para enfrentar impasses e barreiras de um cenário empresarial, é preciso se adaptar e construir novas estratégias”, explica. Segundo Coutinho, as equipes treinadas e acompanhadas de perto pelos seus gestores tendem a estar mais poreparadas às mudanças. “Os administradores sempre querem que a empresa tenha um ótimo atendimento para aumentar as vendas e atender melhor os clientes. Mas quantas vezes o proprietário está na loja? E se está, por que não está acompanhando os funcionários e conversando com os clientes? Esses são pontos que merecem atenção, afinal, os gestores é que ditam a capacidade de superar momentos difíceis”, enfatiza. Investimentos também são importantes para acompanhar o mercado. Um exemplo disso Coutinho: prevensão e treinamentos devem ser encarados como investimentos é informatizar o ambiente organizacional, ou até mesmo oferecer cursos de especialização para os colaboradores. “Treinamentos não podem ser vistos como despesas, e sim como investimentos. O proprietário não pode pensar que vai preparar o funcionário para sair da empresa, mas sim para qualificar sua organização. Na minha opinião, mais vale um colaborador treinado que fique dois meses na empresa, do que um destreinado e que fique dois anos.” Outro tema que o consultor coloca é a prevensão. “Aposto que na maioria das crises setoriais, as empresas sequer têm um plano preparado com ações estratégicas definidas.” Muitas empresas, durante bons momentos, se colocam numa situação de conforto. Isso acaba sendo perigoso, pois quando é necessário agir, pode não ter o tempo suficiente. “Esses empresários devem ter cuidado quando encontram uma luz no fim do túnel, pois essa luz pode ser o trem vindo de encontro a sua empresa”, alerta Coutinho. REPORTAGEM “Crises não devem ser confundidas com problemas” De acordo com o consultor e palestrante das áreas de marketing, vendas e motivação Paulo Angelim (Fortaleza/CE) existem várias formas e naturezas de crises. Elas não podem e não devem ser confundidas com problemas. “A crise é o problema que teima em não deixar a organização mesmo depois de várias tentativas de correção. Para identificá-las é fundamental a comunicação interna, a proximidade com a base, que é na verdade a primeira camada a identificar a crise interna”, ensina. Da mesma forma, diz Angelim, a crise externa é facilmente e rapidamente prenunciada pela equipe externa, que muitas vezes clama em alto mas inaudível som ao diretor por ajustes. Para gerenciar soluções num momento de crise, o consultor ressalta que a primeira coisa a fazer é separá-la do problema da causa, caso contrário existe um grande risco de se confundir causa e efeito e tentar se debelar paliativamente as conseqüências. “É preciso identificar a crise, formar grupos de estudo e de solução, estudar os efeitos, apresentar soluções, executar plano de ação, além de controlar e justar”, enfatiza. As principais dificuldades é fazer todos enxergarem a crise na sua devida e concreta proporção. Muitos a aumentam enquanto tantos outros são indiferentes ou a subestimam. Quanto aos benefícios, não existe crise que não traga o vento da oportunidade de se mudar para melhor. É exatamente nos momentos de pressão que os principais que os principais valores morais e pessoais são aflorados. “Somente assim podemos crescer na crise e nos tornarmos mais robustos”, diz Angelim. Para administrar as crises existem ferramentas específicas, como por exemplo, o benchmarking e brainstorming. O benchmarking deve ser utilizado sempre que existir, no setor da empresa ou mesmo em outro setor, empresas que estão conseguindo melhor desempenho na atividade ou processo específico. O gestor precisa atuar em grupo. Dicas para administrar momentos de problemas internos ou externos a) Clareza de visão quanto à mudança e onde se quer chegar. b) Definir uma equipe para cuidar do processo (deve se ter cuidado ao fazer isso). Não há empresa no futuro sem empresa no presente. Ou seja é preciso continuar atuando no contexto atual e, ao mesmo tempo, introduzir a mudança. Pode acarretar prejuízo de um ou de outro lado. Algumas empresas definem um grupo a parte para conduzir o processo de mudança. c) Mostre para todos que a mudança tem uma direção. Os cronogramas devem ser obedecidos e os principais executivos devem estar envolvidos e comprometidos. d) Faça acontecer. As mudanças devem ser colocadas em pratica de forma efetiva, duradoura e rápida. e) Envolva a todos no processo. Crie o que se denomina massa de mudança . f) Gerencie as emoções. Mudanças mexem com as emoções. Trazem insegurança. Alguns a querem mais rápido do que elas podem acontecer e se frustram. Seja transparente no processo. g) Esteja preparado para reacomodações de poder. Novas estruturas e processos podem alterar estruturas e hierarquias. Cuide da cultura organizacional e de suas reações. Podem auxiliar e ou prejudicar o processo. h) Treine para novas necessidades. Tanto seu pessoal de nível técnico quanto suas lideranças podem precisar de novas habilidades. i) Comunique, comunique, sempre, sempre. O pessoal precisa estar informado o tempo todo sobre o que está acontecendo. fonte: Paulo Benaiter 10 NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Entrevista Empreendedor sabe transformar problemas em oportunidades Antoninho Marmo Trevisan é contabilista, consultor e presidente da BDO Trevisan, empresa que atua há 22 anos no mercado de auditoria e consultoria, com mais de 1400 clientes e 1000 profissionais distribuídos em 16 escritórios no Brasil. Fundou e dirige a Faculdade e Instituto Trevisan e é presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis. Possui vasta experiência profissional, tanto no setor privado quanto no público, tendo sido titular da Secretaria de Empresas Estatais - SEST do Ministério do Planejamento. Nos últimos 20 anos tem participado como membro de 55 entidades profissionais do terceiro setor, dentre as quais AACD, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Associação de Apoio ao Programa Alfabetização Solidária, Comunidade Solidária, Fundação Dorina Nowill para cegos; Ação Fome Zero, Amarribo e Santa Casa de Misericórida de Ribeirão Bonito/SP, entre outras. Além disso, Trevisan tem mais de 300 artigos e trabalhos publicados em revistas e jornais do Brasil e do exterior, e é autor do livro Empresários do Futuro e co-autor do livro Combate à Corrupção nas Prefeituras do Brasil. Luciane Weber Exclusivo - Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelas indústrias brasileiras, é possível ser empreendedor no País? Antoninho Marmo Trevisan - Com certeza não só é possível, como também necessário. O verdadeiro empreendedor é aquele que transforma uma situação problemática em uma ou mais oportunidades. Dificuldades sempre existirão na trilha de sucesso de qualquer empreendedor. Exclusivo - E quais são as principais características de um empreendedor? Trevisan - O empreendedor deve ter uma visão diferenciada do mundo à sua volta para que, conforme foi respondido na questão anterior, ele seja capaz de ver oportunidades onde todos os outros só vêem problemas. Além disso, deve ser uma pessoa ciente de seus talentos e de suas limitações. Também deve estar pronto para trabalhar em equipes nas quais os componentes tenham talentos que complementam os seus e que supram suas deficiências profissionais. Os talentos da liderança e o foco são primordiais para o sucesso. Exclusivo - É preciso ser jovem para ser empreendedor? Trevisan - De forma alguma. Nunca é tarde para começar a ser empreendedor. Um grande exemplo que ilustra isso é o do grande empreendedor Abraham Kasinski (fundador da Cofap que, aos 82 anos, fundou na zona franca de Manaus a Companhia Fabricadora de Veículos para produzir motocicletas) Exclusivo - Quais os pontos mais importantes que precisam ser respeitados quando se abre um novo negócio? Trevisan - Eu diria que antes disso é necessário fazer uma boa pesquisa para verificar se o mercado tem que mudou? Trevisan - Há dez anos, o movimento empreendedor no Brasil estava apenas nascendo e carecia de uma definição mais sólida do que efetivamente significava empreendedorismo. Considerava-se empreendedor somente aquele que abria novas empresas e este, na verdade, nem sempre é um empreendedor, mas somente um mero empresário. Hoje, o conceito de empreendedor, além de mais bem definido, engloba o intraempreendedor, o empreendedor social e o Hoje, as empresas têm como maior patrimônio os seus recursos humanos. demanda pelo que vamos oferecer. Muitas vezes temos grandes e inéditas idéias, mas quando vamos pesquisar o mercado descobrimos que muitas outras pessoas já estão atuando nessa área ou outras pessoas já tiveram experiências frustradas por não haver demanda para o que foi oferecido. Conhecer bem o mercado e se planejar são, portanto, dois aspectos fundamentais no processo de abertura de um novo negócio. Exclusivo - Hoje em dia, os critérios para avaliar o sucesso de um empreendimento são os mesmos de dez anos atrás? O empreendedor público, dentre outros. Nessas modalidades de empreendedorismo, o empreendedor não necessita, obrigatoriamente, de abrir qualquer tipo de empresa. Exclusivo - Investir no bem-estar dos funcionários é importante para o bom desempenho dos negócios? Quais seriam os investimentos mais importantes: saúde, cultura, salários ou todos eles? Trevisan - Hoje, as empresas têm como maior patrimônio os seus recursos humanos. No sucesso de qualquer empresa deve ser incluído um trabalho de motivação e recompensa do trabalho bem realizado. Quaisquer tipos de benefícios que contribuam para um melhor ambiente organizacional podem ser benéficos para o aumento de produtividade. Entretanto, é importante que o empreendedor (empresário/ gerente) utilize ferramentas como a pesquisa de clima organizacional para identificar o que seus funcionários realmente desejam em termos de melhoria de ambiente de trabalho. Isso deve ser feito porque, muitas vezes, a percepção do dirigente não é a mesma dos funcionários. Exclusivo - Que vantagens e desvantagens competitivas tem o Brasil em relação aos outros países emergentes e que disputam com ele investimentos internacionais? Trevisan - O Brasil apresenta como principais vantagens a boa formação do executivo médio, um público consumidor ávido e com muitas demandas em termos de inovação e novas tecnologias e uma economia estável. Entre as desvantagens, poderia citar a falta de qualificação da mão-de-obra mais simples (chão de fábrica) quando comparada com alguns países asiáticos, o chamado custo Brasil e a falta de confiança do brasileiro em seu próprio potencial. Exclusio - Quais os principais entraves no desenvolvimento do País? Trevisan - A falta de credibilidade do brasileiro em seu próprio potencial e em seu País e as constantes mudanças nas políticas governamentais. Exclusivo - O senhor acredita que os empresários hoje dão mais importância a estatísticas e estudos para seus planejamentos? Já é o cenário ideal ou ainda tem muito que evoluir? Trevisan - Existe uma tendência maior por parte dos empresários de utilizar formulações estatísticas e pesquisas para o planejamento de seus negócios, mas acredito que ainda tenhamos que passar por uma mudança cultural para que isso seja um procedimento mais comum. O brasileiro tem uma dificuldade inerente em planejar, em razão da antiga cultura inflacionária, que não permitia a criação de cenários consistentes a médio prazo. Exclusivo - Em relação às ações de responsabilidade social, os empresários brasileiros, de modo geral, estão cientes de qual é seu papel nessa questão? Trevisan - A responsabilidade social tem assumido um papel importante na atuação e no discurso de diversos empresários brasileiros nos últimos anos. Espero que isso não seja somente mais uma moda, mas sim uma postura duradoura e, quiçá, permanente no empresariado brasileiro. NOVEMBRO/2005 11 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Notícias e Negócios Sistema para reduzir falhas As indústrias de todos os segmentos buscam hoje em dia, a diminuição de erros durante a fabricação de seus produtos como forma de obter mais rendimento e por conseqüência maiores lucros. O Seis Sigma é um sistema de qualidade de processos e produtos, criado e desenvolvido pela Motorola em 1987. Seu objetivo é reduzir significativamente defeitos e falhas. Hoje, a metodologia também é aplicada na melhoria de desempenho de negócios de empresas de vários segmentos. O programa Seis Sigma é baseado em uma série de filosofias, ferramentas e técnicas que coordenadas adequadamente conseguem obter de forma rápida e eficiente benefícios para as indústrias, aumentando expressivamente os lucros. Através do sistema as empresas também conquistam uma maior satisfação dos clientes, uma melhor sintonia da equipe e diminuição na variação dos processos. Um dos principais passos na implantação do programa Seis Sigma é a determinação das necessidades dos clientes e com base nesta informação é definido o que venha a ser defeito (não atendimento das características requeridas para suportar as necessidades do cliente). A maioria das empresas brasileiras opera em um nível três ou quatro Sigma, que significa que a cada um milhão de oportunidades, espera-se que o processo falhe 66.807 vezes (nível três Sigma), e 6.210 vezes no nível quatro Sigma. As empresas que buscam o nível Seis Sigma procuram na verdade um nível de operação perto da perfeição - 3,4 defeitos por milhão de oportunidades. O diretor da M.I. Domenech (São Paulo/SP), uma das empresas que está apta a implantar o sistema no Brasil, Carlos Hugo Domenech, conta que a estratégia Seis Sigma começa quando os executivos da empresa, na figura dos Patrocinadores e Champions* com ajuda dos Master Black Belts*, reconhecem projetos importantes e complexos cuja execução adicionará dinheiro no caixa da empresa (figura A). A diferença de outros empreendimentos é que os projetos Seis Sigma colocam foco especial no retorno econômico e na redução dos custos da qualidade. Os projetos são conduzidos por líderes de projetos denominados Black Belts* (projetos maiores) ou Green Belts* (projetos focados), os quais orientam com uma receita que mostra o caminho para a condução do projeto com sucesso. Está receita está resumida no acrônimo DMAC, formado pela etapas: definir, medir, analisar, melhorar e controlar. A condução do projeto nas etapas do DMAC se realiza conforme a figura B. As questões críticas do programa, conforme Domenech, são o envolvimento da liderança (Patrocinadores e Champions) no acompanhamento dos projetos e provisão dos recursos, e a disponibilidade de tempo dos Belts. Os Green deveriam dedicar pelo menos 40% do seu tempo aos projetos e os Black Belts de 60% a 100% do tempo, especialmente durante o primeiro ano que dura a formação e condução dos primeiros projetos. O retorno esperado pela condução de projetos pode variar entre 5-10% do faturamento, dependendo da situação inicial da empresa (Figura C). As empresas médias no Brasil têm nível de qualidade em torno de 3,5 Sigma. Isto significa que seus processos geram aproximadamente 22.750 defeitos por milhão de vezes que uma certa tarefa é executada. A meta de muitas empresas de ponta, é obter entre 2-4% do faturamento (20-30% do resultado) pelo Seis Sigma. É por este motivo que compensa dispor de pessoas dedicadas em tempo completo ao Seis Sigma. O Seis Sigma pode inicialmente ser implantado em qualquer tipo de empresa, mas pelo custo inicial do programa pode ser mais indicado para empresas médias ou grandes. Para as empresas pequenas, a saída pode ser contratar Black Belts ou Green Belts já formados no mercado (o qual pode não ser fácil pelo custo destes profissionais) ou formar um grupo de empresas para reduzir o custo do programa. A divisão de couros do Grupo Bertin (Lins/ SP) implantou o sistema em 2003. De acordo com o gerente de Gestão da Qualidade, Omar Messias, as equipes da empresa participaram do curso na Motorola. Após a conclusão do curso foi montado um cronograma de projetos para que os colaboradores pudessem utilizar as ferramentas aprendidas. “Por meio de análises estatísticas, as equipes mediram o estado do processo, verificaram quais ações corretivas precisariam ser feitas e definiram metas a serem cumpridas”, conta ele. O conhecimento desta ferramenta possibilitou a indústria o aprimoramento de processos, como o de fabricação do couro esportivo, agregando valor ao produto para atender as especificações dos clientes. “Atualmente estão em andamento nove projetos, como o aprimoramento dos Diferenciais Participação visível da liderança executiva, que fica a dona do programa Infra-estrutura muito bem definida com melhorias sendo conduzidas na forma de projetos Times com participantes de várias áreas Metodologia estruturada Projetos em áreas produtivas e transacionais O treinamento de pessoas está ligado ao retorno dos projetos Black Belts de tempo completo podem gerar retorno de 200-500 dólares/ano O retorno pode atingir mais de 2% da receita/ano processos e de fabricação do couro automotivo e a redução do tempo do faturamento do pedido e o embarque de produtos”, conta Messias. * Champions - cada projeto deve ter um Champion que é como líder político do negócio. O Champion é um membro da equipe de liderança, e é o responsável pelo resultado. Eles participam na seleção de projetos e dos Black Belts, Green Belts e demais membros da equipe de apoio, que coordenam os projetos Belts - são os líderes dos projetos. Os Black Belts em muitas empresas são especialistas em Seis Sigma em tempo completo e finaliza 3-4 projetos/ano. Os Green Belts - atuam como especialistas em tempo parcial, conduzindo projetos relacionados a sua área de atuação. No mínimo eles dedicam 25% de seu tempo aos projetos. Ambos devem possuir habilidades de comunicação e liderança, paixão pela informática e pensamento estatístico, experiência na condução de projetos e animação de grupos. Eles conduzem o time para a obtenção das metas, elaboração de agendas, lideranças de reuniões, coordenação dos trabalhos do DMAC e comunicação periódica do avanço do projeto com o Champion. Figura A BB - Black Belts / MBB - Master Black Belts / GB - Green Belts Figura B Figura C 12 NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Boas Idéias Banco de idéias estimula interação com colaboradores Objetivo da iniciativa é aprimorar ainda mais a atividade desenvolvida pelos profissionais Quem disse que boas idéias não facilitam o dia-a-dia? Quem já sugeriu uma idéia que colocada em prática rendeu bons lucros para a indústria e o próprio idealizador? O objetivo é melhorar o trabalho desenvolvido por cada pessoa no seu setor, e no global, para que desempenhe a atividade com qualidade sem aumento de custos para a empresa. Motivar os colaboradores para um comprometimento e engajamento pessoal e profissional, no sentido da melhoria contínua quanto à qualidade e produtividade, é a meta das empresas que almejam novos mercados. A Calçados Azaléia (Parobé/ RS) e a Samello (Franca/SP) são exemplos de empresas do setor Márcia afirma que projeto motiva o colaborador e a empresa ganha novos desafios que sabem aproveitar as boas idéias de seus colaboradores e que premiam a participação voluntária, valorizando a iniciativa das suas equipes. A empresa gaúcha criou, no mês de abril deste ano, o Programa Idéias Azaléia, no qual todas as sugestões de melhoria recebidas, nas unidades da empresa, nos estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Sergipe são avaliadas pelo Comitê Técnico. As sugestões que forem aceitas são analisadas para verificar a viabilidade de implantação baseado em redução de custos, melhoria no processo de trabalho e ou melhoria da qualidade do produto ou serviço. De acordo com o coordenador do Programa Idéias Azaléia, José Celso Kuhn, para participar o colaborador preenche um formulário no qual expõe sua sugestão de melhoria (obedecendo os critérios estabelecidos no regulamento interno) e coloca na urna. Se a idéia é aceita pelo comitê, é depositado um cupom na urna. Cada idéia lhe dará direito a participar do sorteio mensal de valecompras de R$ 300,00. “Quanto mais idéias aceitas o colaborador Gestão Empresarial - O que dá certo e é essencial Liderança Adilson Boeira* O reflexo do líder se espalha por toda empresa. O papel do indivíduo que está no topo do poder está vinculado aos resultados do empreendimento. Um bom líder é a pessoa que planeja com antecedência os negócios da empresa, já prevendo as alternativas. Desta forma, o estabelecimento está preparado para superar problemas do dia-a-dia e enfrentar uma crise maior que possa vir a acontecer. Um diretor deve saber treinar, capacitar e delegar metas e objetivos para os seus colaboradores. É importante o líder preparar a equipe para produzirem bem e com qualidade. Liderança forte faz nascer novos talentos e novos líderes. Esta forma, talvez é uma das melhores maneiras de avaliar o perfil e a existência da liderança. Um líder precisa ser treinado e desenvolvido, porém, deve ser levado em conta, que algumas características são inatas. O essencial para a capacitação do líder é a percepção, a avaliação e o feed back a seus colaboradores. Esta, talvez, pode ser a diferença entre as equipes que evoluem e as que adoecem. *Diretor da Zen Consultoria e Treinamento Ltda tiver, maior serão suas chances de ser sorteado. Nessa primeira etapa do programa não podem participar a chefia e as áreas técnicas”, diz Kuhn explicando que o o projeto iniciou em abril deste ano e encerra em novembro. No final desta etapa, haverá uma premiação para as melhores idéias selecionadas (10 no RS, 10 na BA e três no SE), que variam entre R$ 2 mil a R$ 300,00. O coordenador ressalta que até o momento a empresa teve a participação de 1400 sugestões, das quais 320 foram aceitas pelo comitê e 20 idéias foram implantadas. “Todos ganham com este projeto, desde a empresa que qualifica, cada vez mais seus produtos, reduz custos até o colaborador que tem a oportunidade de mostrar como agilizar o seu desempenho”, conclui. A técnica de processos e métodos da Azaléia, Márcia Arlene Huhnfleisch, conta que lançou a idéia de um tacão mais resistente. “Está sendo avaliada a sugestão, pois é necessário fazer levantamentos técnicos e financeiros para avaliações de custo/benefício vendo a viabilidade de implantação. Se a idéia for implantada, a empresa levará ao mercado um produto de melhor qualidade e durabilidade”, ressalta Márcia. O gerente de Recursos Humanos da Calçados Samello S.A. (Franca/SP), Amauri Scalhão, conta que a empresa trabalhou, até o ano passado, com dois sistemas: caixa de sugestões e Grupos de Controle de Qualidade. No primeiro sistema o colaborador indica algum tipo de problema existente e sugere melhorias ou soluções para o mesmo. A idéia é avaliada por uma comissão e, caso aprovada, a mesma é implantada e o colaborador recebe prêmio em dinheiro com base em tabela de avaliação da proposta apresentada. Já o segundo sistema é composto por grupos de cinco a sete colaboradores, preferencialmente de um mesmo setor, que se reúnem semanalmente para discutir, desenvolver projeto e apresentar solução para determinado problema da área de trabalho. “Após estas reuniões, o projeto é avaliado por uma comissão técnica, recebe pontuação e, quando implantado, premia seus integrantes em dinheiro”, revela Scalhão. NOVEMBRO/2005 13 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Cursos & Eventos AGENDA Desenvolvendo suas Competências Empresariais Promoção: Sebrae, Vitória/ES Período: 12 a 15/12, das 18h30min às 22h15min Investimento: R$70,00 Informações: 0800-399192 Relações Humanas na Empresa Promoção: JBC Consultores Associados Período: 16/12, das 9h às 17h30min, em Porto Alegre/RS Investimento: R$150,00 Informações: (51)3478-5509 Técnicas de Vendas Internas e Externas Promoção: Sebrae, Salvador/BA Período: 5 a 9/12, das 18h15min às 22h Investimento: R$65,00 Informações: (71)3242-6613 Governança e Finanças Gestão Corporativa Promoção: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Período: 6/12, das 18h às 22h e 7/12/, das 8h30min às 22h Investimento: R$1.080,00 Informações: (51)3591-1122 Como Desenvolver e Aprimorar suas Habilidades de Negociação Promoção: JBC Consultores Associados Período: 5, 6, 7/12, das 19h às 22h 30min, em Porto Alegre/RS Investimento: R$200,00 Informações: (51)3478- 5509 Planejamento Orçamentário e Financeiro Promoção: Sankha Gestão Empresarial - Centro de Treinamento Período: 13/12, das 8h às 18h Investimento: R$690,00 Informações: (11)3289-7472 Cultura e Clima Organizacional Promoção: Sankha Gestão Empresarial - Centro de Treinamento Período: 14/12, das 8h às 18h Investimento: R$690,00 Informações: (11)3289-7472 Auto Desenvolvimento: Como se Tornar um Líder Eficaz Promoção: Sebrae, São Paulo/SP Período: 5 a 9/12, das 18h 30min às 22h 30min Investimento: R$50,00 Informações: 0800780202 Gestão de Pessoas Promoção: Sebrae, Vitória/ES Período: 12 a 16/12, das 19h às 22h Investimento: R$70,00 Informações: 0800-399192 Marketing: Relacionamento e Serviços Promoção: FGV Management, Rio de Janeiro/RJ Período: 5 a 8/12, das 18h 45min às 21h30min Investimento: R$540,00 Informações: (21)2552-0590 Como Desenvolver Lideranças e Estimular a Motivação Promoção: Sebrae, São Paulo/SP Período: 5 a 9/12, das 18h 30min às 22h 30min Investimento: R$50,00 Informações: 0800-780202 A Arte de Falar em Público Promoção: Fontanella Quality Consultoria e Desenvolvimento de Pessoas Período: 12, 13, 14 e 15/12, das 18h 30min às 22h 30min Investimento: R$175,00 Informações: (51)3337-5844 Palestra - Como Realizar Pesquisa de Mercado Promoção: Sebrae, Recife/PE Período: 02/12 Investimento: Gratuito Informações: (081) 2101 8423 Análise e Planejamento Financeiro Promoção: Sebrae, Salvador/BA Período: 5 a 09/12 Investimento: R$65,00 Informações: (071) 3242 6613 Palestra: Planejando a Abertura do seu Negócio Promoção: Sebrae, Vitória/ES Período: 13/12 Investimento: Gratuito Informações: 0800 399192 Atendimento aos Clientes Promoção: Fontanella Quality Consultoria e Desenvolvimento de Pessoas, Porto Alegre/RS Período: 19 e 20/12, das 18h 30min às 22h 30min Investimento: R$160,00 Informações: (051) 33375844 Palestra: Qualidade no Relacionamento com o Cliente Promoção: Sebrae, Vitória/ES Período: 09/12 Investimento: Gratuito Informações: 0800 399192 Desenvolvimento de Líderes Promoção: Fontanella Quality Consultoria e Desenvolvimento de Pessoas, Porto Alegre/RS Período: 5, 6 e 7/12, das 18h 30min às 22h 30min Investimento: R$95,00 Informações: (051) 3337 5844 14 NOVEMBRO/2005 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Informe-se O DNA do sucesso O Monge e o Executivo O autor faz um verdadeiro mapeamento das ações que podem ajudar o leitor a alcançar o sucesso, como por exemplo, criar ótimas relações familiares, conquistar desejos financeiros, aperfeiçoar a auto-imagem, cultivar relacionamentos sociais, melhorar a mente e desenvolver a espiritualidade. A obra também desmistifica as armas mais usadas pelos gurus da auto-ajuda e motivação. “O sucesso não está por aí em alguma técnica ou metodologia - é um serviço interno”, afirma Jack Zufelt. Lançado em abril de 2004, o Monge e o Executivo, do americano James C. Hunter, alcançou um sucesso estrondoso na literatura de negócios. O personagem central é John, o gerente-geral de uma grande indústria , que apesar do status e todo bemestar se sente melancólico e retraído. Para refletir, ele deixa a fábrica e vai passar uma semana num mosteiro, o qual conta com a presença de um exexecutivo americano de sucesso, Leonard Hoffman. Autor: jack M. Zufelt - Páginas: 266 Preço: R$29,90 - Editora: Best Seller Autor: James C. Hunter - Páginas: 139 Preço: R$29,90 - Editora: Sextante A Vida é um Combate - Sucesso é Dor Seja você o campeão em vendas Conforme o autor, Rogério Caldas, a obra se trata de um manual de sobrevivência para um mercado de alta competição. “Este livro representa um choque de realidade”, afirma. Milhares de pessoas no Brasil vivem a ilusão quando associam a palavra sucesso apenas aos pontos positivos da vida. Através desse livro, a idéia é passar que o sucesso está ligado à dor, aos objetivos e a consicência do ser humano. No livro, Angelim apresenta dicas aos que querem alcançar o sucesso em igualdade de condições com os melhores profissionais do mercado imobiliário, sem abrir mão da ética, da competência e da saúde física e espiritual. Desde a preparação até o fechamento de um negócio, passando pelo desenvolvimento de estratégias, prospecção de clientes e a escolha da forma de abordagem, cada passo é examinado com o olhar de quem alcançou a excelência. Autor: Rogério Caldas- Páginas: 195 Preço: R$ 24,90 - Editora: Markação Autor: Paulo Angelin - Páginas: 200 Valor: R$ 29,90 - Editora: Mundo Cristão Índices e cotações 2004 TR INPC-IBGE Mensal (%) IGP-FGV Mensal (%) IPC-FIPE (%) ICV-DIEESE (%) Taxa Selic (%) Dólar Compra (R$) Dólar Venda (R$) 2005 Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 0,15 0,40 1,31 0,57 0,43 15,76 3,121 3,122 0,17 0,50 1,38 0,92 1,12 15,82 3,137 3,138 0,19 0,07 1,31 0,59 1,21 15,77 3,020 3,021 0,20 0,50 1,22 0,99 0,69 15,88 2,998 2,998 0,17 0,17 0,69 0,21 0,29 15,97 2,903 2,904 0,11 0,17 0,39 0,62 0,53 16,24 2,861 2,862 0,11 0,44 0,82 0,56 0,83 16,74 2,784 2,785 0,24 0,86 0,74 0,67 0,54 17,25 3,750 2,750 Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro TR INPC-IBGE Mensal (%) 0,26 0,73 0,20 0,91 0,25 0,70 0,29 0,11 0,25 0,03 0,29 0,00 0,26 0,15 0,21 0,58 IGP-FGV Mensal (%) IPC-FIPE (%) ICV-DIEESE (%) Taxa Selic (%) Dólar Compra (R$) Dólar Venda (R$) 0,85 0,79 0,81 18,75 2,762 2,761 0,86 0,83 0,50 19,24 2,597 2,596 -0,22 0,35 0,39 19,52 2,477 2,476 0,44 0,20 -0,17 19,75 2,445 2,444 0,40 0,30 -0,17 19,72 2,350 2,349 -0,65 -0,20 0,00 19,74 2,408 2,409 -0,53 0,44 0,72 19,62 2,25 2,25 0,60 0,63 0,57 19,00 - 0,19 - Fontes: BGE , FGV, FIPE, DIEESE e site Invertia NOVEMBRO/2005 15 EXCLUSIVO GESTÃO & NEGÓCIOS Up grade Entusiasmo contamina as pessoas e as leva ao sucesso Motivação é um fator essencial para o sucesso das relações modernas no trabalho A palavra motivação significa motivo para a ação, uma razão para a pessoa realizar algo. Esse motivo pode ser o entusiasmo, mas é preciso que ele tenha um fundamento sólido ou não irá durar. “Entusiasmo é como estouro de boiada - um boi corre e todos correm com ele, sem nem mesmo saber a razão”, explica o palestrante, professor e consultor de estratégias de comunicação e marketing, Mario Persona (Limeira/SP). É claro que é possível criar um clima de entusiasmo e até motivar pessoas apenas por estímulos passados pelo ambiente ou pelo contato, mas uma empresa precisa de algo mais do que apenas entusiasmo para motivar. É preciso algo real, ensina Persona. Ele explica que normalmente somos motivados por dinheiro, prazer e prestígio. É claro que as teorias motivacionais incluem vários desdobramentos destes elementos, com ênfase no que ele chama de dinheiro para necessidades físicas e de sobrevivência. “Dinheiro resume o que precisamos para garantir nossa subsistência. Prazer é outro elemento motivador e pode ter também diversos significados, como conforto, sensações e recordações, por exemplo. Prestígio aparece em algumas teorias como necessidade de auto-afirmação ou de realização, entre outras idéias”, explica. Para motivar as pessoas é preciso ter em mente que será necessário oferecer uma ou mais desses itens como prêmio ou recompensa. Mas antes é importantíssimo fazer um diagnóstico para não oferecer o elemento motivador errado. Por exemplo, às vezes pode parecer que a causa de descontentamento de um colaborador seja seu salário. A empresa aumenta o salário e ele continua desmotivado, porque ainda que qualquer pessoa goste de ganhar mais, ele não está fazendo o que gosta, não tem prazer no que faz. Em outras situações a empresa promove a pessoa a um cargo de maior destaque, dá mais prestígio, quando ela preferia trabalhar nos bastidores. Portanto, é bom que seja feito um diagnóstico e só então determinar qual será o elemento motivador. Quando isso é feito corretamente, cria-se um entusiasmo que tem fundamento e não é apenas uma emoção momentânea. Consultor de empresas, professor de pós-graduação, palestrante, autor de 30 livros, mestre em administração de empresas e doutorado em comunicação e marketing pela USP, José Antônio Rosa, acredita que por meio de um bom gerenciamento é possível evitar o que o colaborador fique descontante com o seu trabalho. O gerente ao perceber alguém desmotivado tem que agir rápido identificando primeiro o porquê da desmotivação. Segundo, age no sentido de que as eventuais causas, se removíveis, sejam sanadas. Terceiro, deixa claro ao colaborador o que deseja de cada um e observa que dará todo o suporte, mas exigirá trabalho motivado. “As pessoas precisam dessa cobrança para crescer e quando a tem, ainda que não gostem no primeiro momento, sentem-se melhor com o passar do tempo”, ressalta Rosa. Para o diretor da Laboredomus Gestão Estratégicas de Pessoas (São Paulo/SP), John Cymbaum, a primeira condição para se conseguir um ambiente de motivação é estabelecer relações de trabalho justas. Isso implica em regras claras sobre remuneração, em compartilhar os critérios utilizados para uma promoção e até mesmo na hora de demitir. “Temos sempre que pensar na equipe que fica e que vai avaliar a empresa também pela forma como trata seus colaboradores no momento de uma demissão. Tudo isso, somando a um ambiente de respeito, estabelece as condições básicas. A partir daí, é uma questão de liderança e comunicação. Uma equipe precisa ter metas bem estabelecidas, que sejam desafiadoras mas realizáveis. O líder deve apoiar a equipe a atingir essas metas, mostrando o caminho, treinando quem está com dificuldades, estimulando o time”, enfatiza Cymbaum. José Antônio: um bom gerenciamento evita que o colaborador fique descontente O empregador é um cliente Mario persona aponta a necessidade do colaborador começar a enxergar seu empregador como seu cliente. O próprio termo “colaborador”, cada vez mais utilizado em lugar de emprego ou funcionário, é coerente com uma nova configuração do ambiente de trabalho, onde as atividades são cada vez mais terceirizadas a ponto de você não saber mais quem é empregado e quem é terceirizado em uma equipe trabalhando dentro de uma mesma empresa. O terceirizado tem bem claro em mente que a empresa para a qual trabalha é cliente e ele será substituído caso não dê resultado. Todos deveriam enxergar a coisa assim. Quando você tem isso em mente, começa seu trabalho de investir em sua própria carreira como um autônomo investiria na sua ou um fabricante em seu produto. O objetivo é cativar a cliente para não perder seu lugar no mercado. Para John Cymbaum, é necessário entender qual é o motivo da desmotivação. Se a pessoa não se sente integrada com seus colegas, deve rever seu comportamento, verificar se sua própria atitude tem contribuído para isso ou se seus valores pessoaos combinam com o ambiente daquela equipe. Se a causa estiver relacionada com uma frustração pelo desenvolvimento da sua carreira, deve rever se tem as competências necessárias para grogredir naquela área e naquela empresa, se está feliz com a carreira escolhida e estabelecer um plano de desenvolvimento. Se a desmotivação se origina da própria natureza do trabalho, a pessoa está na carreira errada e precisa urgentemente rever seus planos para o futuro, avaliando as possibilidades e formas de redirecionar sua carreira. O ideal é poder trabalhar num ambiente de franqueza e compartilhar com seus chefes ou com a área de RH as causas da desmotivação. Isso pode ajudar muito a resolver o problema. Para alguém que está desmotivado no trabalho o consultor José Antônio Rosa diria: desmotivado? O problema é seu! Sim, porque a principal prejudicada será a própria pessoa. A desmotivação torna os dias pesados e tediosos, provavelmente estressantes, corrói a autoestima, ocupa preciosas horas que poderiam ser dedicadas a ocupações prazerosas e realizadoras. O trabalho deve ser uma fonte de prazer e é naturalmente. O indivíduo e a empresa têm de se empenhar para que não se deteriore, tornan-se máquina de torturar. O trabalho é a melhor terapia, a melhor e mais justa fonte de renda, o melhor meio de se desenvolver como pessoa.