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ESTUDO BIOMÉTRICO PRELIMINAR DOS EQUINOS DE TRAÇÃO NO
MUNICIPIO DE UBERLÂNDIA – MG
BIOMETRIC STUDY PRELIMINARY DRAW HORSES IN THE CITY
UBERLÂNDIA - MG
NATHÁLIA QUEIROZ SILVA, DIEGO JOSÉ ZANZARINI DELFIOL,
JOÃO PAULO ELSEN SAUT, GEISON MOREL NOGUEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLÂNDIA, MG, BRASIL
RESUMO
Os
padrões
biométricos
são
utilizados
para
conhecimento
da
conformação corporal de um animal e, consequentemente, saber que
tipo de trabalho suporta. Objetiva-se a avaliação de aptidão dos cavalos
de tração, a partir da análise biométrica. Foram utilizados 42 equinos
analisando-se largura de peito (LP), perímetro de canela (PC), perímetro
torácico (PT), largura de garupa (LG), altura do animal (A), índices de
compacidade 1 (ICC1), de compacidade 2 (ICC2), de conformação e
carga. Procedidas as análises pode-se concluir que os animais de
tração, utilizados no município de Uberlândia-MG, apresentam medidas
biométricas inadequadas para tração de cargas pesadas e aptos para
tração de cargas leves.
PALAVRAS-CHAVE: Biometria. Carroceiros. Conformação.
ABSTRACT
Biometric standards are used for knowledge of the body conformation of
an animal and therefore know what type of work supports. Objective is
the evaluation of the suitability of draft horses from the biometric
analysis. 42 horses were used by analyzing breast width (LP), cinnamon
circumference (PC), thoracic perimeter (PT), rump width (LG), animal
height (A), compactness indexes 1 (ICC1) of compactness 2 (ICC2),
conformation and cargo. Proceeded the analysis can be concluded that
the draft animals used in Uberlândia, Minas Gerais, have inadequate
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biometric measurements to pull heavy loads and able to pull light loads.
KEYWORDS: Biometrics. Carters. Conformation.
1. INTRODUÇÃO
O equino é um animal de estruturas anatômicas proporcionais, e,
observando-se seu conjunto, a conformação é específica ao tipo de
trabalho que o mesmo executa, podendo ser tração, esporte ou monta
(Costa et al., 1998). A correlação entre a conformação e a atividade
laboral é realizada através da análise biométrica, e baseia-se na relação
de varias regiões do corpo do animal (Ribeiro, 1988), gerando cálculos
de índices que avaliam a proporção corporal (Torres e Jardim, 1977). Os
índices, obtidos a partir de fórmulas matemáticas, isoladamente não
são suficientes para definir a melhor atividade para o animal. Desta
forma os mesmos devem ser analisados em conjunto, para a conclusão
da classificação e tipo de trabalho (Torres e Jardim, 1977).
Condições inadequadas de manejo, como sobrecargas, são
situações diárias de cavalos de tração, comprometendo a integridade
das fibras musculares e tendíneas, observadas principalmente em
tração de cargas acima do limite do animal (Stashak e Hill, 2006).
Objetiva-se, com este estudo, verificar se os equinos utilizados
para tração, no município de Uberlândia-MG, estão aptos para esse tipo
de atividade, utilizando-se a análise biométrica.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi certificado e aprovado pelo Comitê de Ética (CEUA)
da instituição de origem, sob o número 038/2015. Foram utilizados 42
equinos (14 fêmeas e 28 machos), que desempenhavam atividade de
tração de carroça no município de Uberlândia-MG.
Os animais foram submetidos a avaliação biométrica, através da
utilização de um hipômetro e fita métrica, sendo mensurados: largura de
peito (LP), perímetro de canela (PC), padronizando-se o membro
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torácico direito, perímetro torácico (PT), largura de garupa (LG), altura
do animal (A).
Os indices utilizados foram: indice dactilo-toracico: IDT=PC/PT;
indice de conformação: ICF=PT²/A; indice de carga: ICG1= 56PT²/AC
(utilizado com o animal a galope) e ICG2=96PT²/AC, quando a trote.
Índices de compacidade: ICC1=(P/A)/100 e ICC2: (P/[AC-1]/100); e
peso: P=(PT)³ x 80.
A análise dos índices, foi realizada segundo padrões de Torres e
Jardim (1977), considerando-se: índice de compacidade 1, os animais
com resultados igual ou maior que 3,15 seriam aptos para tração
pesada; entre 3,15 e 2,75 para tração ligeira e iguais ou menores que
2,60 são classificados para sela. Para o índice de compacidade 2, os
valores devem ser acima de 9,5, para aptos em tração pesada, entre
8,00 a 9,50 para tração ligeira e entre 6,00 e 7,75 aqueles aptos para
sela.
3. RESULTADOS
Foram avaliados 14 fêmeas e 28 machos sendo 60.71% castrados,
com idade média de 8,58 ± 3,77 anos, sem padrão racial definido, com
escore corporal variando de 3 a 5.
A tabela 1 demonstra os valores biométricas realizados e os índices
de conformação dos equinos avaliados.
Tab 1. Medidas biométricas e índices de conformação dos equinos de tração, município de Uberlândia-MG
LP
LA
PC
PT
A
CC
P
IDT
ICF
IC
ICG1
ICG2
ICC1
ICC2
Min
24
34
15
130
121
115
175,76
0,103
1,15
0,76
64,82
109,96
1,20
3,82
Max
39
49
22
174
156
141
421,44
0,146
2,08
0,99
116,92
198,36
2,90
10,82
33,54
43,38
18,35
158,57
140,35
130,64
322,70
0,116
1,79
0,82
100,62
170,70
2,29
8,09
DP
3,11
3,83
1,18
10,12
6,83
4,99
57,63
0,008
0,18
0,05
10,47
17,77
0,36
1,25
M
0,48
0,59
0,18
1,56
1,05
0,77
8,89
0,001
0,02
0,00
6,61
2,74
0,05
0,19
DP: Desvio Padrão; M: Média; CV;LP: largura do peito(cm); LA: largura da anca(cm); PC: perímetro da
canela(cm); PT: perímetro torácico(cm); A: altura(cm); CC: comprimento do corpo(cm); P: peso(kg); IDT: índice
dáctilo torácico(cm); ICF: índice de conformação(m); IC: índice corporal(cm); ICG1: índice de carga(kg); ICG2:
índice de carga(kg); ICC1: índice de compacidade 1; ICC2: índice de compacidade 2.
Através da média do índice de conformação (1,796±0,187),
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constatou-se que o corpo dos equinos utilizados no exercício de tração
não possuem estrutura para realizar esse tipo de trabalho, pois seu
índice é abaixo de 2,1125 que seria o ponto ideal para prática desta
atividade.
Avaliando-se
a
média
dos
índices
de
compacidade
1
(2,293±0,360) e 2 (8,097±1,259), observou-se que os equinos avaliados
não estão aptos para exercer o trabalho de tração no índice de
compacidade 1 e aptos para tração leve no índice de compacidade 2.O
índice de carga, que indica o peso, em quilos, que o animal suporta sem
esforço exagerado sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope,
observou-se que os animais avaliados possuem capacidade de suportar,
em média, 100,621±10,476 kg para tração feita a
galope e
170,701±17,774 kg para tração feita a passo.
Os equinos utilizados para tração na cidade de Uberlândia-MG
foram
classificados
como
hipométricos
(abaixo
de
350
kg),
apresentando peso médio de de 322,708 kg.
A análise do índice corporal permitiu a identificação de animais
brevilíneos, com valores médio de 0,826, caracterizados pelo corpo mais
baixo e largo do que o padrão normal.
Apenas pelo índice dáctilo torácico os equinos foram classificados
como aptos para tração pesada, com valores médios de 0,116±0,008.
4. DISCUSSÃO
Os
resultados
obtidos
demonstraram
índices
de
conformação
inadequados aos trabalhos de tração, podem ser observados por falta
de desenvolvimento no crescimento, que para Lewis (2000) pode ser
atribuído a falta de nutrientes, ou condição genética.
A análise dos índices de compacidade 1 e 2, realizadas por
Rezende, Ramires e Souza (2013) em equinos de tração utilizados no
município de Aquidauana, corroboram com os resultados apresentados
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neste estudo.na cidade de Pelotas, identificou no índice de compacidade
1, para tração pesada de 2% (3), tração leve de 13% (29) e 85% (187)
de animais não aptos para tração e no índice de compacidade 2
observou 13%(28) para tração pesada, 61% (133) na tração leve e 26%
(58) não aptos.
5. CONCLUSÃO
Com base nos resultados encontrados, os cavalos de carroça da
cidade de Uberlândia-MG, possuem medidas biométricas inadequadas
para tração de cargas pesadas e aptidão para tração de cargas leves e
uso como cavalo de sela, considerando-se que os índices ICC1 e ICC2
são os principais na avaliação de aptidão sendo avaliados em conjunto.
REFERÊNCIAS
COSTA, M. D.; BERGMANN, J. A. G.; PEREIRA, C. S. Caracterização
das proporções morfométricas dos pôneis da raça Brasileira. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.50, n.4, p.455-460,
1998.
LEWIS, L.D. Nutrição clínica equina: alimentação e cuidados. 1 ed. São
Paulo: Roca, 2000. 710p.
REZENDE, M. P. G.; RAMIRES, G. G.; SOUZA, J. C. Equinos utilizados
para tração de carroças em Aquidauana (MS) estão aptos para tal
finalidade? Dourados. Revista Agrarian, v.6, n.22, p.505-513, 2013.
RIBEIRO, D.B. O cavalo de raças, qualidade e defeitos. 1 ed. Rio de
Janeiro: Editora Globo Rural, 1988. 318p.
STASHAK, T.; HILL, C. Relação entre claudicação e conformação. In:
STASHAK,T.; HILL, C. Claudicação em equinos segundo Adams. 5.
ed. São Paulo: Editora Roca LTDA, 2006, p. 55–152.
TORRES, A. P., JARDIM, W. R. Criação do Cavalo e de outros
Equinos. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1977. 654p.
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