II SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2013
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Economia Ecológica e Sustentabilidade
Luiz Carlos de Araújo
Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha
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Fala-se muito que a raça humana está acabando com o Planeta Terra. Na verdade, quem
está ameaçado não é o planeta, é a raça humana. Já chegamos a mais de 7 bilhões de
pessoas com intenso fluxo migratório para os países mais desenvolvidos em busca de renda
e consumo. Criam-se produtos para serem utilizados por curto período de tempo e depois
descartados em algum lugar do planeta, transformando-o em um depósito de lixo. Chega-se
o momento que o planeta começa a perder sua diversidade biológica e passa a cobrar um
imposto caro, como as catástrofes naturais. Os modelos econômicos clássicos não levam
em consideração duas importantes variáveis: as pessoas e a natureza. Só contabilizam os
recursos naturais tangíveis, aqueles que podemos extrair e comercializar. Uma árvore com
diâmetro de tronco avantajado só tem validade dentro do modelo quando é extraída da
natureza e inserida como matéria-prima dentro de uma cadeia de produção. As decisões
econômicas são tomadas separando a economia e o meio ambiente. Já na Economia
Ecológica, o funcionamento do sistema econômico leva em consideração as condições do
mundo biofísico, pois é deste que se deriva a energia necessária para o funcionamento da
economia. Todas as espécies necessitam do serviço ecossistêmico que o planeta nos
oferece de graça. No passado, acreditava-se que existiam recursos naturais infinitos, sem a
necessidade de valoração econômica. Precisamos compreender que existem variados
ecossistemas que mantém a vida das espécies do planeta e geram os serviços essenciais
para satisfazer as necessidades humanas e que precisam ser levados em consideração os
seus custos nos modelos econômicos modernos. Estimação do valor econômico de 17
serviços que o meio ambiente pode proporcionar em 16 biomas espalhados pelo mundo,
como por exemplo: regulação hídrica, de gases, climática e de distúrbios físicos,
abastecimento de água, controle de erosão e retenção de sedimentos, formação de solos,
ciclo de nutrientes, tratamento de detritos, polinização, controle biológico, refúgios de
fauna, produção de alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, recreação e cultura.
Calcular os custos ecológicos de várias atividades econômicas Fazer com que os preços
falem a verdade ecológica. Alguns países saíram na frente na aplicação dos princípios da
Ecologia Econômica. A Dinamarca estabilizou sua população, proibiu a construção de
usinas de carvão, proibiu o uso de vasilhame descartáveis para bebidas, obtém 15% da sua
eletricidade do vento, reestruturou sua rede de transporte urbano e 32% de todos os
percursos em Copenhague são realizados em bicicletas, taxou o uso de combustível-motor,
queima de carvão, uso de eletricidade, lixões e propriedade de veículos motorizados e o
imposto sobre a compra de um carro novo é superior ao preço do próprio veículo. A Coréia
do Sul tem o programa de reflorestamento iniciado há mais de uma geração, arborizou as
colinas e montanhas do país. A Costa rica tem o projeto de mudança total para energia
renovável até 2025. A Islândia planeja se tornar a primeira economia mundial movida a
hidrogênio. A Suécia tem o programa de redução de impostos sobre renda pessoal e
elevação de impostos sobre emissões de carbono e enxofre. Precisamos criar instrumentos
normativos governamentais, quando um governo taxa um produto por ser ambientalmente
destrutivo, comunica sua preocupação ao consumidor. O planeta não tem o menor interesse
pela gente... Somos nós que devemos nos interessar pelo planeta.
Referência: Brown, Lester R. Eco-Economia: construindo uma economia para a terra /
Lester R. Brown. - Salvador: UMA. 2003. 368 p.
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