Rua das Mercês, 8 9000-420 – Funchal Telef (+351291)214970 Fax (+351291)223002 Email: [email protected] [email protected] http://www.madeira-edu.pt/ceha/ PEREIRA, Eduardo(1989): Movimento da População em As Ilhas de Zargo, vol. II, COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: PEREIRA, Eduardo(1989): Movimento da População em As Ilhas de Zargo, vol. II, Funchal, CEHABiblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/madeirageral/1989-EPEREIRA_ilhaszargoI-II.pdf, data da visita: / / RECOMENDAÇÕES O utilizador pode usar os livros digitais aqui apresentados como fonte das suas próprias obras, usando a norma de referência acima apresentada, assumindo as responsabilidades inerentes ao rigoroso respeito pelas normas do Direito de Autor. O utilizador obriga-se, ainda, a cumprir escrupulosamente a legislação aplicável, nomeadamente, em matéria de criminalidade informática, de direitos de propriedade intelectual e de direitos de propriedade industrial, sendo exclusivamente responsável pela infracção aos comandos aplicáveis. MOVIMENTO DA POPULAÇÃO O navegador veneziano Luigi de Cadamosto, ao serviço do Infante D. Henrique, aportou pela primeira vez a Machico a 28 de Março de 1445, vindo do Porto Santo, e escreveu em suas memórias que aquele Príncipe «fez povoar esta ilha ( a da Madeira) por portugueses, há vinte e quatro anos» ( I ) ; que era habitada em quatro partes principais»: Machico, Santa Cruz, Funchal e Câmara de Lobos, além de outros pequenos núcleos populacionais, e existiam ?essa data #coisa de 800 homens, entre os quais 100 de cava!o». Já havia amuitos homens ricos ii proporção da terra» porque toda esta aera um jardim e tudo que nela se colhia era ouro,. Na Bula Pro excellente.. ., expedida por Leão X, em 12 de Julho de 1514, criando a Diocese do Funchal, alude o Papa a população citadina, cuja densidade «entre naturais e forasteiros, cavaleiros, homens de ciência e de letras, doutores em Teologia, Direito e Medicina, fidalgos e negociantcs, se eleva ao número de 5.000 habitantes...». O desenvolvimento da população deste arquipélago, de que não se pode fazer um cálculo aproximado senão a partir de meados do século XVI, manteve-se com uma proporção mais ou menos uniforme até 1825, excluídas as oscilações forçadas por efeito de epidemias e por outras causas. A partir daquela data, a população começou a aumentar de forma desigual. Em 1858 o censo acusava para a Madeira e Porto Santo 98.000 habitantes que se e!evaram a mais do dobro no espaço de 72 anos, até 1930, como se verifica por este gráfico: C8ll5Of4 Habitantes Aumento 1861 101.000 - 1864 110.764 130.584 1 34 O40 150.574 169.783 179.002 211.601 1878 1890 19co i910 1920 1930 í') 19.820 3.4% 16.534 19.2W 9 219 32.599 Demidade - - - 164,s 184,7 208.3 219,6 270.3 Viaaens de Luipi de Cadamosto. ed. <<Portuzália».~árr.34. - Deduzidos 273 ILHAS DE ZARCO A percentagem do aumento observado foi de 28% de 1825 a 1878; 62 % de 1878 a 1930. De 1930 a 1950 o aumento elevou-se a 40 YG. Nos concelhos mais populosos o movimento demográfico deu-se nesta proporção : Hmbituitei Totu. Concelho. Aumento e percentagem de 30 u u m 1910 Calheta . . . . Câmara de Lobos Funchal . . . . Machico . . . . Ponta do Sol . . Porto do Moniz . Porto Santo . . Ribeira Brava . . Santa Cruz . . . Santana . . . . S. Vicente . . . Totais . . . . . . . . . 18.270 17.467 43.710 11.824 . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 21.960 21.814 68.003 17.463 - - 4.201 2.311 14.149 16.358 9.339 8.121 5.058 2.490 16.343 24.707 10.910 9.663 145.750 198.411 + 3.690 + 4.347 + 24.293 + 5.639 - + + + + + + 5.783 857 179 2.194 8.349 1.571 1.542 20 % 24 51 47 30 17 7 15 50 16 19 52.661 Depois de Machico, o concelho mais populoso da Madeira era o da Ribeira Brava, relativamente a sua área. Os çoncelhos de Câmara de Lobos e Ponta do Sol decresceram em população por terem cedido, em 1914, terreno e almas para a criação daquele concelho. Mas Câmara de Lobos continua a ser a freguesia de maior densidade demográfica da Madeira. A densidade demográfica desta ilha, segundo a superfície verificada pela Missão Hidrográfica em 1937-1938, seria de 184 habitantes por quilómetro quadrado em 1890; 206, em 1900; 232, em 1910; 233, em 1920; 290, em 1930; 305,7,em 1940. A densidade do Porto Santo, em 1940, era de 50 habitantes, aproximadamente. e de notar que a Madeira sofreu um aumento de 968 habitantes em 120 anos, desde 1816 a 1936, pois em 1816 havia 1.522 habitantes, sendo 762 homens e 760 mulheres ( l ) . 24 anos de 1445, obtemos a data de 1421, ano exacto e histórico cornprovativo do povoamento da Madeira, iniciado por Joao Gonçalves Zargo e Tristão Vaz, primeiros descobridores da ilha, (sem que até então tivesse sido descoberta>.-Idem, tr. de Augusto Reis Machado, Lisboa, Cap. IV, p. 34. ('1 Dum mapa demográfico manuscrito em 1 de Janeiro de 1817, por mandado de E1-Rei, e encontrado em 1939 no espólio do seu autor, Capitão de Milícias, natural de Câmara de Lobos e que estivera destacado no Porto Santo. 274 EDUARDO C. N. PEREIRA A mulher portosantense é uma procriadora fecunda, mas privada de suficiente lactação, pelo que a maior parte dos seus filhos morriam infantes. Os Anais do Município atribuem a origem deste facto a duas causas principais: a esterilidade do solo que não produz vegetais e h ignorância e necessidade de as mães alimentarem a s crianças, poucos dias depois do seu nascimento, com papas de cevada. Por isso a mortalidade naquela ilha era de 55 % como se verifica por este mapa de: 6bitor até os doir anos 1935 1936 1937 1938 1939 1940 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56,7% 63,9 52,6 57,5 56,8 52,7 1941 1942 1943 1944 1945 1946 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68,3% 40,l 46,6 56,9 45,7 54,2 A partir de 1947, porém, esta percentagem de mortalidade infantil passou a decrescer de ano para ano, devido A profilaxia desenvolvida pela Câmara Municipal, k propaganda e actuação do médico J. Diamantino Lima, ao fornecimento gratuito de farinhas lácteas pela Comissão Distrital de Assistência do Funchal e pela criação dum Centro Sanithio e Hospitalar na ilha. Reduziu-se assim a mortalidade a menos de 30%, pelo que está a aumentar a população. Em 1940,a população da Ilha da Madeira ascendia a 241.798 habitantes com a densidade de 305,7 por quilómetro quadrado; a- do Porto Santo era de 2.701 e a densidade de 63,6.Segundo o censo daquele ano, organizado pelo Instituto Nacional de Estatística, reputado o mais completo e perfeito de quantos se haviam feito em Portugal, e publicado em 1941, o Distrito do Funchal acusava o maior índice de aumento populacional, atingindo a percentagem de 17,72.Neste índice entrava o mesmo Distrito com a maior parte do excesso de mulheres verificado pelo referido censo em todo o país, 11.404 indivíduos deste sexo, correspondente a 9,591% do número de indivíduos do sexo masculino. De 1940 até 1950 quase duplicou a média anual de nascimentos sobre a de Óbitos, acusando o acréscimo de 2.800 vidas. E, não obstante a saída de 31 % de saldo daquele decénio, em número de 8.700 emigrantes, a população aumentou de 241.798, em 1940, para 266.300 em 1950. Em 1952,a população da Ilha da Madeira, relativamente à. superfície de 728 km2, dos quais 474 ocupados por florestas, matas e baldios, e 244 por culturas agrícolas, apresentava estas densidades: 366 habitantes por quilómetro quadrado na área geral, avariando esta desde 500 no Porto do Moniz, 600 na Calheta e concelhos da Costa Norte, 1.220 na 275 ILHAS DE ZARCO Ribeira Brava, 1.340 em Machico, 1.640 em Câmara de Lobos, 1.416 na área agrícola até 3.090 no Funchab. Segundo o Instituto Oficial de Estatística, publicado em 1961, a população do Distrito do Funchal, nos Últimos vinte anos, foi de 282.678 habitantes, em 15 de Dezembro de 1960, com esta evolução: Distrito do Funchal Anoa C o ncelhor 1960 1950 ~ Calheta . . . . C i m a r a de Lobos Funchal . . . . Machico . . . . Ponta do Scl . . Porto do Moniz . Porto Santo . . . Ribeira Brava . . Santana . . . . Santa Cruz . . . São Vicente . . Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .I 24.255 24.130 86.490 19.673 14.984 6.175 2.709 19.382 14.038 26.129 11.474 24.078 27.420 93.983 22.218 15.735 6.422 3.017 20.762 15.543 28.070 12.521 25.085 29.305 100.476 21.897 15.789 3.558 3.558 21.874 14.524 30.738 13.478 1 I 249.439 269.769 282.678 P e l a índices de 1940 a 1953 concluiu a autorizada revista etBrotéria», órgão da província jesuítica em Portugal, que a Ilha da Madeira era «uma das regiões mais povoadas no mundos, assim como é a terceira cidade do país em população (l). Em 1968 atribuíam-se cerca de 300.000 habitantes a todo o arquipélago. Mas esta população não se fixa nem aumenta expressivamente. A necessidade, a ambição (I) A população atribuída em 1956 ao arquipélago náo foi a de censo oficial, mas determinada pelos registos paroquiais. Estes, porém, não arrolam a população total e presente em cada freguesia, porque, numa ou noutra, residem indivíduos que por ideias, vida ou indiferença não vivem em comunhão com a Igreja e não constam, por isso, dos seus róis. Também há muitos ausentes por conveniência de vida ou por emigração, dentro e fora das ilhas. E estes nalgumas freguesias são às centenas e noutras aos milhares, como veremos adiante. No Funchal, sobretudo, A quase impossível determinar o número de indivíduos residentes nalgumas paróquias do concelho, nomeadamente nas de Santa Luzia, Santa Maria Maior (Socorro) e S . Pedro, cuja população registada nos róis religiosos não constitui sequer u m terço da existente dentro da freguesia. Donde se conclui que os números dados, embora não sejam abonados por registo oficial, não pecam por excesso, senão por deficiência, devendo ser mais elevado o computo da população total. 276 EDUARDO C. N. PEREIRA e a aventura impedem o aumento demográfico, afectando a economia geral pelo feitiço da emigração. aA idade em que tem lugar o maior número de casamentos é dcw 20 aos 30 anos, isto tanto na cidade como nos campos. A frequência e fecundidade dos casamentos não difere de modo especial nas diferentes localidades da ilha, sendo a fecundidade média de 4 a 5 filhos. O sexo feminino é em geral prolífero ao8 13 e o masculino aos 14 anas,. EMIGRAÇAO - Segundo os dados estatísticos referidos, a população da Madeira duplicou durante o espaço de I00 anos, atingindo aumento máximo de 1920 a 1930. Este acréscimo extraordinário teve como principal factor a restrição emigratória de 1921 em diante. Até essa data, a Madeira gozava de um certo equilíbrio no desenvolvimento da sua população, porque a válvula da emigração estava sempre aberta e dirigida para várias regiões do mundo. Não faltava na ilha trabalho e terra para ocupar os seus habitantes, mas o espírito de aventura nato na alma portuguesa e a decadência do comércio de açúcar em 1676, levaram os madeirenses ao sonho de percorrerem mundo & procura do velo de ouro. Começou a emigração para o Brasil por motivo de sua colonização, .. a princípio por iniciativa particular, como em 1531, por motivo da introdução e cultura da cana doce levada, nessa data, da Madeira para a Capitania de S. Vicente, e pela fabricação de açúcar por técnicos especializados ano manejo das alçapremas, fervura de garapa e'"apurament0 do ponto» na cozedura de mel, trabalhos confiados a agricultores e operários madeirenses; em 1748, por provisão de El-Rei D. João V, para povoar, colonizar e guarnecer militarmente a ilha de Santa Catarina, junto da costa do Rio Grande do Sul, como baluarte contra piratas europeus, nomeadamente holandeses e ingleses, k custa da Real Fazenda, sendo o recrutamento voluntário e por acompanhias formadas de 40 ou 50 homens cada uma ... 3 pessoas em cada posto de Capitão, Alferes e Sargento». Recrutou a primeira leva para a Ilha de Santa Catarina o Bispo D. Frei João do Nascimento, Capitão-General do Governo da Madeira, que solicitou das Câmaras do F'unchal e Vilas de Santa Cruz, Machico, Calheta, Ponta do Sol e S. Vicente o cumprimento da Provisão Real de 1746,dirigida ao Prelado Diocesano a 20 de Março de 1748, só conseguindo a inscrição de 61 pessoas, 52 do F'unchal e 9 da Ponta do Sol, por das demais povoações se recusarem uns, outros excederem em idade as condições propostas. Embarcaram estes madeirenses em 1748, nas corvetas N." S." das MaraviZhus, Santo AntónZo e AZivWs. Mas antes desta emigração em massa, já em 1544 haviam entrado isoladamente naquele território mais madeirenses não só da classe popular como da melhor linhagem da ILHAS DE ZAIEO 277 ilha, entre os quais Antão de Leme, segundo o documenta a História, e seu filho Pedro de Leme, respectivamente filho e neto do célebre navegador António de Leme, descendentes duma família opulenta e fidalga oriunda de Flandres, que se fizeram acompanhar de familiares. E pelos séculos fora sempre demandou o Brasil gente da nobreza insular por desocupada ou empobrecida, por culpas pessoais ou peraeguições políticas. Em consequência das lutas civis de 1832 a 1834, entre D. Pedro e D. M i p e l , pelo trono português, emigrou o fidalgo Pedro Nicolau de Ornelas, obcecado e irrequieto miguelista, depois de destituído de seus títulos e bens, abandonando o solar da Quinta do Pico do Cardo, em Santo António, para ir desbravar matas e implantar os primeiros marcos de civilização no interior selvagem do Rio Grande do Sul. El-Rei D. José, em 1751,fomentou também a corrente emigratória, recrutando, só na cidade do Funchal, mil casais sem meios de subsistência. O embarque clandestino, a partir de 1779 ( l ) , levou milhares de ilhéus para países estrangeiros; e a protecção legal, por privilégios e vantagens agrícolas, assim como os engajamentos a margem da lei foram outros tantos factores de emigração. A seguir estendeu-se legalmente este êxodo a outros domínios portugueses e países estrangeiros : Estados Unidos da América do Norte, em 1792; Guianas inglesas, principalmente, Demerara, em 1840; Ilha de Sandwich, em 1878; Africa, em 1884; Cabo da Boa Esperança, em 1872. aQuando a actividade se exercia principalmente no mister das armas, ei-10s nas praças pcrtuguesas do Norte de Africa, n a s fortalezas d a índia, nos mares da China e do Japão. Este movimento migratçirio atingia todas as esferas da Isociedade. Folheie-se um nobiliário de famílias insulanas e admire-se a quantidade de indivíduos-hs vezes um pai acompanhado de quatro e cinco filhoq irmãos e sobrinhos - que se deslocaram para tão longe d a pátria, que depois de pelejarem A porta mais segura de saída clandestina para emigrantes madeirenses (I) eram, então, as Ilhas Desertas. 0 s engajadores, sob o pretexto de colocações aliciantes, transportavam os engajados em barcos de pesca, durante a noite, para aquelas ilhotas, de preferência a Deserta Grande, onde os abandonavam na véspera da pmsagem dum veleiro que navegava periodicamente entre a Madeira, as Guianas britânicas, Demerara, Brasil e Sandwich (Hawai). Uma vez, porém, faltou o veleiro ii data fixa para sua passagem pelas Desertas e embarque do grupo de emigrantes para ali já transportados. As vítimas deste logro, abandonadas de tudo e de todos, pereceram ii fome e ii sede. Os primeiros pescadores, que demandaram depois as Desertas, recolheram os cadáveres daquele lote de emigrantes e os sepultaram no lccal ainda hoje denominado Sítio das Campas. Os emigrantes destas aventuras eram popularmente chamados n a Madeira briganos, apelativo derivado do vocábulo brigue, veleiro de doia mastros ao serviço desta emigração clandestina. 270 mUARD0 C . N. PEREXKA na8 hoates nacionais se estabeleceram no país conquistado, donde brotaram as árvores frondosas da sua descendência. Abandonar o solo natal é preocupaçáo constante dos madeirenses ... O que o anima 6 o desejo de fazer fortuna, regressar rico e adquirir depois na própria freguesia, donde 6 oriundo, um pedaço de terra onde construir também uma casa. Se nem sempre assim sucede, e o emigrante ficou, com ou sem família no país para onde se expatriou, foi pcr que outras circunst b c i a s influiram, dificultando a possibilidade de realizar o seu sonho dourado» ( ' 1 . Fechada a porta da emigração, de 1914 a 1918, após a Grande Guerra Europeia, ressentiu-se logo a Madeira dando-se o congestionamento da população e, consequentemente, o desequiiíbrio entre aquela e a vida económica geral pela falta de trabalho e de dinheiro. O retorno de centenas de emigrantes sem trabalho contribuiu igualmeiitc para aquele congestionamento, A crise económica subsequente a primeira guerra mundial fechou para estas ilhas as fontes de receita em moeda estrangeira que, frequentemente, despejavam avultadas quantias no nosso mercado e valorizavam o arquipélago com compra de terrenos, construções de casas, festas religiosas e outras aplicações. Daí o aumento de população e o problema aflitivo do seu equilíbrio. A exploração mineral empreendida por empresas holandesas, na Ilha de Curaçau, acordou o espírito aventureiro do nosso povo, levando de emigração alguns milhares de homens desde 1936 a 1938. Interromperam, porém, esta corrente a afluência de nativos americanos e a segunda conflagração europeia, reduzindo o salário e o trabalho naquela ilha. Os madeirenses regressaram a terra natal. Mas a preferência dada pelo Brasil, em 1939, h emigração portuguesa, as facilidades de entrada naquele país e a hospitalidade aos nossos colonos deslumbraram na alma lusiada a fascinação da terra tradicional do ouro; a Madcira chegou a febre da abalada, tendo embarcado até Abril de 1940 mais de 5.000 indivíduos dum e doutro sexo. Assim, por todos os Estados brasileiros se encontram colónias numerosas de ilhéus do Porto Santo e da Madeira, como a de Santos com 11.000, não sendo menos numerosas as da América do Norte, África do Sul, Guianas (Pequenas Antilhas) e Curaçau. De Curaçau dirigiram-se os madeirenses para Venezuela, assumindo proporções nunca assinaladas o contingente que, em 1955, para lá embarcou, diminuindo a emigração para o Brasil. Esta, porém, voltou i sua normalidade e continua a canalizar madeirenses aos milhares, anualmente, para aquela terra que tanto nos deve por sua descoberta e por sua raça. Segundo o Boletim da Junta de Emigração, respeitante ao ano ('1 Arquivo Histórico da Madeira, 1937. 279 ILHAS DE M R G O de 1952, o Funchal marchava a cabeça dos distritos portugueses com maior percentagem de emigrantes superando a todos com o quantitativo de 25 por mil, não atingindo 15 o que dele mais se aproximava: Bragança. De 1947 a 1955, o saldo de nascimentos e emigrantes teve este expressivo movimento : Anos 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 Saldo fisiológico Emigrantes Retomados 4.380 4.434 4.591 5.047 4.632 4.765 4.603 4.535 5.002 1.992 2.067 2.065 3.147 3.771 6.968 5.572 5.510 4.722 700 887 928 456 287 2 14 213 367 377 Em 1956,só do concelho do Funchal emigraram 1.206 madeirenses, sendo 287 no primeiro trimestre, 261 no segundo, 277 no terceiro e 381 no quarto. E a febre emigratória continua a dizimar a população escoando-a para o Brasil, África do Sul, Venezuela, Canadá, Austrália, Angola e Moçambique, não havendo freguesia no arquipélago que resista a força invencível desta vasante demográf ica, insensível as consequências que há-de acarretar a economia geral. Emigra-se não tanto por excesso de população, falta de terra e de trabalho, como pelo feitiço do ouro e pela sedução da aventura. Terra não falta, porque não se esgotou ainda a de natureza arável nem a da área total, existindo incultos, baldios e território para maior expansão demográf ica e agrícola. Se alguns embarcam por privação de courela, outros move-os a ambição de amealhar, os que vendem terras, habitações e tudo com que se supriam e remediavam, fascinados pela riqueza fácil e a ilusão dum mundo melhor; engrossam também a corrente os aventureiros, os insatisfeitos e indesejáveis de todos os tempos e de todos os lugares. Até dentro da Madeira emigram os habitantes de concelho para concelho, superpopulando o Funchal gente de todas as freguesias da ilha e deslocando-se uma invasão de famílias de Machico para os Prazeres; de Santa Cruz para outras localidades; do Porto Santo para a Madeira, sendo a maior verificada desde 1570 até 1617, por fuga a rapacidade, chacina, violências e sacrilégios de invasores argelinos. Uma grande parte da população da Fajã da Areia, em S. Vicente, é natural do Paul do Mar, ali instalada h á muitos anos em colónia piscatória. E por esta índole atávica, força invencível de condição social, factor de câmbios, febre de vencer n a vida estão a dizimar-se alguns núcleos demográficos, resumindo a metade a sua população. Não são apenas 280 EDUARDO c. N. PEREIRA homens que emigram. Presentemente acompanham-nos as mulheres, por politica social ou por exigência económica. Venezuela só recebe emigrantes com suas companheiras; para Africa do Sul embarcou, em Novembro de 1968,um homem, Hilário João da Silva, da nova freguesia da Ilha, em S. Jorge, levando consigo 33 mulheres e mais uma dúzia de crianças, solicitadas aquele honrado guardião. Mas esta leva de mulheres não é excepcional, embora seja esporádica, porque, no ano de 1966, emigraram 1413 homens e 2.237 mulheres. Vão-se os braços existentes e faltam progenitores para braços futuros. A população, em 100 anos, triplicou, mas simultaneamente a agricultura, o comércio e a indústria aumentaram e desenvolveram-se, sendo tão grande a produção que, parece, não pode consumir-se na ilha, estando a colocar-se nos mercados metropolitanos, ultramarinos e nalguns estrangeiros. Mas se a insubsistência geral se atribuir como causa próxima à instabilidade de tanta gente na Madeira, é porque o desenvolvimento e progresso desta, economicamente, não beneficia com equidade a população ou está a privá-la em parte do seu património natural. Há, porém, a considerar o facto de que, se aos paises de emigração fosse um transporte recolher os náufragos da sorte, madeirenses desiludidos, enganados ou postos em desgraça, veríamos retornarem aos milhares h sua terra natal, por em toda a parte a maioria dos nossos conterrâneos ansiarem pelas condições de vida que desfrutavam na Madeira. Por isso, a emigração não é só efeito de mbressaturação demográfica, mas consequência também de outros e múltiplos factores que dificultam e sobressaturam a vida, deficitam a terra e abrem a porta a tantas aventuras e desaventuras. Verifica-se, por outro lado, extraordinário dispêndio de capital As centenas de milhares de contos, anualmente, na queima de fogo abundante e caro, chamariz de arraiais e diversões; na importação progressiva de automóveis particulares e consumo de combustível em praças urbanas e rurais; em edificações domésticas que surgem, cada ano às centenas na Madeira; em viagens de recreio dentro e fora do país para que mal chegam as embarcações da rota do Funchal; em luxo, desporto e cinema numa maré cheia de povo de todas as classes; na febre de excursões e festas associativas; na protecção generosa a instituições sociais, religiosas e humanitárias ; na prodigalidade devota de construção e reparação de templos, às centenas e milhares de contos; n a inflação de depósitos e transacções bancárias, excluído o dinheiro das colónias de emigrantes ; tudo isto, acrescido de contribuições e impostos, taxas camarárias e adicionais alfandegários, de assistência, descontos de Abono e Previdência, festas, romagens e subscrições de caridade, encarecimento da vida e aumento de população, 281 ILHAS DE ZARGO 6 bem denunciador de terra, trabalho e dinheiro. Se não, que o diga a voz da Rádio cantando dia e noite na casa do operário e do lavrador. E m 1836, quando os registos oficiais davam ao Porto santo e Madeira 115.446 habitantes, e as duas ilhas não atingiam um tem sequer do desenvolvimento económico de hoje, já se atribuia a emigração a excesso demográfico e h falta de terra para manter o povo existente. Todavia, apesar de este continuar emigrando, triplicou e tem podido subsistir dentro da sua área populacional. E m 1854, um diploma real mandou empregar em aobras públicas, no Continente do Reino, o maior número possível de habitantes (do Porto Santo) como meio eficaz de se obstar a continuada emigração dos melhores jornaleiros e artistas... para Demerara, Jamaica e outras possessões inglesas nas fndias Ocidentais» o que se fez por alistamento do Ministério das Obras Públicas até o número de 100 operários e respectivas famílias, com transporte A custa do Estado, contratados por espaço de quatro anos ( I ) . Em Junho, Julho e Setembro do mesmo ano, fizeram-se mais alistamentos oficiais de três levas de jornaleiros, nas mesmas condições, para a metrópole portuguesa. E o Porto Santo, em tempo algum, dispôs de mais recursos de vida para estabilizar a população do que a Madeira. Mas ao critério prudente e avisado do Rei importava mais a Nação e a ilha a presença de sua gente que o seu dinheiro e possível desnacionalização, como sucede a quantos demandam a América do Norte. A história repete-se, porque não deixa de ser alarmante a febre emigratória que põe fora das ilhas, sem restrições, expoentes de vitalidade e economia, gente nova e robusta, os melhores jornaleiros e artistas. Na sua quase totalidade não emigram os sem trabalho, sem leira, sem lar e sem pão, porque não poderiam fazer-se transportar por si nem por credores, mas os que dispõem de meios para suprir 89 onerosas despesas de viagens transoceânicas. E é pela saída destes que ficam terras ao abandono e acha-se afectada em parte a agricultura pela falta de braços, sofrendo a economia geral com o encarecimento do trabalho e carestia de todos os produtos. Há localidades onde a lavoura está entregue a mulheres, noutras a velhos e crianças; habitações encerradas como no Campanário e, noutras partes, terras por vender e por cultivar. Mas não é de todo prejudicial ao arquipélago a emigração. Compensam-nos um pouco do despovoamento os benefícios promanentes dos emigrados, expressos em somas enormes de capital e pés-de-meia ('1 Circular Urgente da 2.' Repartição do Governo Distrital, ,L:o 5.0, Janeiro de 1854. n.O 12, 282 EDUARDO C. N. PEREIRA distribuídos periodicamente pelas duas ilhas, que revertem para desenvolvimento da agricultura e urbanização de vilas e aldeias, dando vida desafogada e progressiva a milhares de habitantes. Só em 1952, os escritórios da Shell, no Funchal, pagaram 56.000 contos por subsídios de subsistência exigidos oficialmente para as famílias de emigrados em Curaçau. Por outro lado, a representação honrosa dos emigrantes madeirenses no mundo, sejam muito embora humildes e modestos, rudes e alguns até analfabetos, sempre mereceram apreço e admiração dos países onde mourejam, por sua aptidão, trabalho e carácter, índole pacifica, desinteresse por reivindicações sociais e ideologias políticas. Em Africa, o contingente de 22 madeirenses embarcados a 13 de Outubro de 1884 para o planalto de Huíla que desbravaram e colonizaram através de tantos sacrifícios, vicissitudes, perigos e odisseias, serviram heroicamente a Pátria, realizando a ocupação efectiva do Sul de Angola contra a perigosa infiltração dos boeres, e fundaram a cidade Sá da Bandeira cuja população se elvava, em 1957,a cerca de 13.000 habitantes. No Brasil, fundou a cidade de Porto Alegre o fidalgo de alta linhagem madeirense, Jerónimo de Ornelas, emigrado político das Lutas Liberais, perseguido como miguelista em meados do século XIX. Em Johanesburgo superaram como horticultores a lavoura holandesa, provendo ao abastecimento da cidade. No Transval são mineiros duma capacidade de trabalho insuperável. Na América do Sul, testemunhou o sociólogo brasileiro Gilberto Freire: os madeirenses <são espantosos rivais dos japoneses em perícia técnica.. . mestres de brasileiros» como agricultores. Em San Diego, na Califórnia, uma colónia de pescadores do Paul do Mar abastece de peixe parte daquele Estado, explorando com embarcações de alto-mar, a vapor, pesqueiros do Pacifico; são também ali e noutros Estados da América do Norte dos mais afamados floricultores. O mais belo jardim d a Califórnia, apesar de todo o Estado já ser jardim, é o do floricultor madeirense Alfredo Gomes cujos produtos são premiados invariavelmente todos os anos pela acalifornia Spring Garden Shows, mas não sendo nenhum dos prémios de 1948 dignos das admiráveis flores apresentadas, criou-se em sua honra o Speclial Merit Award por particular distinção. Conheceu Henry Norwel, embaixador dos Estados Unidos em Portugal, o emigrante madeirense de Connecticut, Masiachusetts e Califórnia e apreciou-o como homem adotado de grande aplicação ao trabalho, poder de adaptação, honestidade e indiscutível amor a Pátria e ao berço natal». Por isso, a a Madeira -escreveu o jornalista sueco Holger Ritter -6 uma terra hospitaleira e acolhedora, 6 verdadeiramente uma terra com coração». Por esta qualidade moral se educam os seus filhos, os seus emigrantes. de visita a Madeira em Março de 1951, por iniciativa do Clube Sport Maritfmo do Funchal, por esforços do Dr Leandro de Mendonça, residente então naquela cidade, e com o apoio e facilidades do Governo Português. Estiveram também em Lisboa, sendo recebidos pelo Presidente do Conselho Dr. António Oliveira Salazar, e no Ministério das Colónias, onde foram condecorados pelos Estadistas Comandante Sarmento Rodrigues estes colonos: Jacinto Rodrigues Figueira e Maria Calres, os mais antigos emigrantes da primeira Ieva de ~€384,com a Comenda de Cavaleiros d a Ordem do Império Colonial Português; David Martins e Ludovina de Jesus Martins, os mais antigcs colonos da leva de 1885, com idêntica Comenda; Porfírio de Pontes e Carolina de Jesus Simões como os mais idosos filhos de colonos nascidos em Huíla, com a Comenda de Cavaleiros do Mérito Agrícola; o Dr. Leandro G. de Mendonqa, Professor do Liceu de Diogo Cão, em Sá d a Bandeira, como organizador d a romagem c dedicado amigo dos colonos, com o g r a u de Oficial da Ordem Militar de Cristo. 284 EDUARDO C. N. PEREIRA Os irmãos Manuel dos Ramos e Francisco dos Ramos, natural o Manuel d a Serra de Agua, donde saiu em 1885 para Hawai, e o Francisco, de Sandwich, estabeleceram-se depois como fruticultores na Califórnia; obtiveram do Estado, pelo sistema de prazo, umas dezenas de milhas de terreno inculto que cultivaram de pomares. A inteireza de carácter, força de vontade e persistência na luta fê-los vencer e prosperar de tal modo em frutos frescos e ;ecos bem como em outros produtos agrícolas que houve necessidade de atravessar suas terras com linhas férreas para transporte diário de fornecimentos a cidades das costas do Pacifico e do Atlântico, construir bairros para os trabalhadores e abrir estabelecimentos comerciais e industriais para todas as necessidades da população, colonos portugueses e estrangeiros, a fim de ali se estabilizarem. Deste núcleo populacional nasceu uma vila por iniciativa e traça dos Ramos ; depois multiplicaram-se os edifícios, instalaram-se novas empresas e a vila em breve passou a cidade que o Estado da Califórnia homologou com o nome português de Alta Vista. Assim os Ramos criaram fama e popularidade em toda a Califórnia onde ficaram sendo apontados como protótipos d e trabalho e honradez. Trouxe-os a Madeira, em Agosto de 1929, o cumprimento duma promessa de seu pai, celebrar com pródigo deslumbramento a festa da Padroeira d a Serra de Água, N." S.a da Ajuda. Contava Alta Vista em 1929 25.000 habitantes. «Se as obras dos homens falam por eles- escreveu A. Lopes Lourençoo melhor conceito é devido a esses emigrantes admiráveis que formaram no passado e vão aumentando no presente colónias prósperas e prestigiadas . . .sempre orgulhosos d a sua origem e da sua ascendência. No Brasil, Africa, nos Estados Unidos ... s e dedicaram a todos os misteres, triunfando em todos eles: n a agricultura, n a pesca, no comércio, n a navegação, na indústria, n a s artes, n a s profissões liberais e a t é n a literatura e na administração pública. E em todas as partes se organizaram em associações patrióticas e de socorros mútuos cujos patronos são geralmente Santos e heróis nacionais e onde estão sempre presentes imagens e recordações vivas das terras portuguesas ... Os emigrantes que saem das ilhas para a s terras de além-mar vão continuando, desenvolvendo e fortalecendo exactamente como os continentais, seus irmãos de raça, uma admirável e empolgante obra de expansão nacional, feita livremente pelo povo, pelos trabalhadores, portanto, sem objectivos políticos ... a mesma iniciada em Sagres pelos homens do infante, continuada pelos de D. João I1 e elevada as culminâncias da glória pelos de D. Manuel I, o Venturoso. Onde se fixam, por todos e por tudo prolongam a terra natal, n a sua vida e costumes, tradições e baptismos d a toponímia madeirense. E m Angola, memoram a Padroeira da ilha numa capelinha votiva de Nossa Senhora do Monte; em Santos, no Brasil, há a costa do Guarajá por semelhança com a ponta do Garajau. a Leste do Funchal, por nela assomarem a s embarcações que sulcam o Atlântico, mensageiras da pátria distante. Os 400 casais de madeirenses, que, em 1576, para ali (Maranhão) foramescreveu o literato e diplomata brasileiro Dr. Reis Perdigão - levando-lhe engenhos 286 EDUARDO C. N. PEREIRA honrosas tradições da sua fidalguia e sociedade, distiguiu-se em demonstrações de hospitalidade e carinho tão extremas como emotivas, prestando ao ilustre conterrâneo o acolhimento devido a sua categoria social e notabilidade eminente de escritor mundial. A mais alto nível social se elevou ainda a emigração madeirense representada por dignidades eclesiásticas como o 4.1)e 5.1) Bispos de S. Paulo, no Brasil, D. Mateus de Abreu Pereira e D. Manuel Selo e Armas episcopais de D. Mateus de Abreu Pereira, 4." Bispo de S. Paulo (1797),filho de emigrantes madeirenses. Selo e Armas episcopais de D. Manuel Jcuquim Gonçalves de Andrade, 5." Bispo de S. Paulo (1827),filho de emigrandes madeirenses. Joaquim Gonçalves de Andrade, respectivamente, sagrados em 1797 e 1827; o Bispo de Hawai, capital do arquipélago de Honolulu, no Pacífico, D. Estêvão de Alencastre, natural do Porto Santo, desde 24 de Agosto de 1924 até 9 de Novembro de 1940; D. Jaime de Barros Câmara, natural da ilha 'de Santa Catarina e descendente de emigrantes de Câmara de Lobos, 1." Bispo de Mossoró, Rio Grande do Norte, em 1936, 5.0 Arcebispo de Belém do Pará em 1941, 4." Arcebispo do Rio de Janeiro em 1943 e Cardeal da mesma arquidiocese desde 1946. Nas armas distinguiu-se, como herói das guerras de Pernambuco contra os Holandeses, o Mestre de Campo João Fernandes Vieira e outros seus conterrâneos Armas episcopais de D. Jaime já citados no volume primeiro de ZZhm de Barros Câmara, Cardeal do Rio de Janeiro (19461, des- de Zargo; Manuel Dias de Andrade, a comcendente d e emigrantes de bater contra turcos e holandeses, a cuja Câmara de Lobos, Madeira. acção se deve a restauração da Baía. 287 ILHAS DE ZARCO Assim, os madeirenses, cabouqueiros de colonização em Africa, Ásia e América, sempre andaram espalhando por toda a parte trabalho e virtude, patriotismo e fé, como pregoeiros da finalidade histórica dos que sairam de Sagres, mareantes, descobridores e colonos, pioneiros de civilização e progresso mundiais. VITALIDADE - A população é geralmente robusta e saudável. Com tão excelentes condições climáticas como possui a Madeira, parece não devia morrer ninguém. Mas as condições de vida deste povo e ' a constituição dum organismo semelhante ao dos demais povos, não o subtraem aos prejuízos físicos a que a natureza humana está sujeita. Não há moléstias endémicas, mas as comuns a todos os países com a diferença de que o carácter de todas é mais benigno na Madeira. A longevidade não é facto raro entre nós. Em 1911 existiam no arquipélago 586 homens e 868 mulheres com mais de 80 anos, para uma população de cerca de 170.000 habitantes, assim distribuídos: indivíduos Varões . . . . Fêmeas . . . . 80 a 85 anos 85 a 90 385 578 126 177 90 a 95 56 76 95 a 100 100 a 105 1o5 14 5 3 2 32 A percentagem de indivíduos provectos entre 80 e 105 anos, proporcionalmente a população das povoações era esta: Porto do Moniz, 11,62;Ponta do Sol, 9,84; Câmara de Lobos, 9,23;Santa Cruz, 8,90; Calheta, 8,8; Funchal, 8,24; S. Vicente, 7,96; Santana, 7,20; Machico, 6,46;Porto Santo, 7,79. Em 1920 morreu um homem com 101 anos e outro com 106, e uma mulher com 103. E m 1945, a população provecta, entre os 90 e 100 anos, estava assim distribuída : 90-95 anos Concelhos ~ Calheta . . . . Câmara de Lobos Funchal . . . Machico . . . Ponta do Sol . Porto do Moniz . Porto Santo . . Ribeira Brava . Santa Cruz . . Sant ana . . . S. Vicente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 8 176 17 10 67 ~ 11 I 6 3 10 22 31 19 2 12 5 19 14 , 1 1 9 -