LIVRO 1 A AUTORA Inês Dalla Corte Professora aposentada. Graduação em História; Pós-Graduação em História Administrativa e Social do Brasil. É filha de Jacob Antônio Dalla Corte e Lúcia Marzaro Dalla Corte; residente em Santa Maria-RS. Foi uma das incentivadoras da realização dos Encontros da Família Dalla Corte. Causas da Emigração Italiana Diversas foram as causas que levaram milhões de italianos a migrarem para a América, especialmente, para o Brasil. Entre elas, destacam-se: As guerras pela unificação da Itália com suas conseqüências: a ocupação por diversos exércitos do norte da Itália, com prejuízos à propriedade, desrespeito à dignidade das famílias, devastações das plantações e miséria por toda parte. A situação precária do agricultor italiano, que, em 1881, eram, aproximadamente, nove milhões. Destes apenas a sexta parte possuía terras e não havia esperanças de serem um dia proprietários. A propaganda intensa feita pelos Estados Unidos, Argentina e Brasil que apresentavam a América como Terra de Promissão, de facilidades e enriquecimentos rápidos. A alta taxa de natalidade, então, existente, na Itália. A solução encontrada por uma multidão de camponeses foi o abandono da terra natal. Partia-se para a América para fugir da fome, do trabalho fatigante, da desnutrição, do salário irrisório, do alto aluguel da terra. Conforme o livro "Raízes Italianas do Rio Grande do Sul", de Florence Carboni e Mário Maestri, a emigração era uma forma de revolta surda e silenciosa contra os donos da terra. Ela prometia um futuro risonho para todos. A América para uns era terra do ouro, para outros era apenas a tábua de salvação. Nos jornais do norte da Itália, publicaram a notícia que o Imperador do Brasil, D. Pedro lI, querendo colonizar vastas extensões de terras muito férteis, convidava os agricultores que quisessem, para lá, partir para os quais mandaria navios aos portos italianos, oferecendo passagem gratuita. Portanto, essa propaganda sobre as vantagens de os agricultores se estabelecerem, no sul do Brasil, incentivou o fluxo migratório. O Rio Grande do Sul recebeu, de 1875 a 1914, oitenta mil famílias de imigrantes vindos, principalmente, do Vêneto, Lombardia e Alto Ádige atraídos ao Novo Mundo pelo sonho da terra. A Viagem à América O principal porto de embarque para o sul do Brasil foi Gênova, no Mediterrâneo. Os navios que faziam o transporte dos emigrantes eram, em geral, modernos e seguros, porém eles vinham na terceira classe, em navios sobrecarregados e em péssimas condições higiênicas. A viagem era difícil e durava, aproximadamente, um mês. O imigrante italiano recém-chegado tinha de 35 a 45 anos e a mulher cinco anos menos. Do Rio de Janeiro, após a "quarentena", na Casa dos Imigrantes, na Ilha das Flores, eles viajavam para Porto Alegre, com ou sem baldeação, em Rio Grande e Pelotas, durante dez dias. Terras da semidesabitada Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, imprestáveis à produção pastoril, foram parceladas e destinadas à colonização. Conde D'Eu Garibaldi, Dona Isabel, Bento Gonçalves e Caxias foram as três primeiras colônias italianas no Rio Grande do Sul. Em 1877, foi organizada uma quarta colônia, Silveira Martins, em região florestal, em terras baixas do Planalto, próximas a Santa Maria. Os imigrantes, ao chegarem a Porto Alegre, eram alojados em prédio, especialmente, destinado a eles. Os que iam para a Colônia de Silveira Martins seguiam de barco até Rio Pardo, de onde, tomando carros de boi, rumavam pelo campo, por caminhos precários, em direção às terras que esperavam cultivar. O caminho era longo. No final da viagem, eram alojados no barracão dos imigrantes ou enviados aos lotes coloniais, se já demarcados. A vida, nos primeiros tempos, era difícil, semelhante à de outras colônias. Dados Históricos da Família Dalla Corte Nossos bisavós vieram da Itália não como uma simples aventura, mas, como todos os imigrantes, em busca de melhores condições de vida para suas famílias. Sua pátria estava sacudida por grave crise econômica. Saíram da Itália, do porto de Gênova, um dos mais importantes portos de saída dos emigrantes italianos. Quem sabe com que tristeza deixaram seus parentes, em busca do país onde, conforme as companhias de venda de terra, teriam terra em abundância. Eles vieram no navio italiano Ester, tendo chegado, ao porto do Rio de Janeiro, em 11 de janeiro de 1878. Do Rio de Janeiro vieram até Porto Alegre e, de lá, passando muitas dificuldades, chegaram a Silveira Martins, indo para a Linha Duas Norte. Inicialmente, ficaram no barracão dos imigrantes de VaI de Buia. Nossas origens estão em Cergnai, distrito de Feltre, Benuno, norte da Itália, região do Vêneto, onde nasceram nossos avós. Giácomo Dalla Corte, meu bisavô paterno, e Domenica De Bom, sua esposa, vieram com três filhos. Entre eles, meu avô paterno Lorenzo (Lourenço) Dalla Corte. No mesmo navio, vieram meus bisavós matemos, Vittore Dalla Corte e Luigia Fontanive, sua esposa, com seus quatro filhos. Entre eles, meu avô matemo, Giácomo Antônio Dalla Corte. Nossos bisavós Giácomo e Vittore Dalla Corte, que eram primos, viveram na Linha Duas Norte, Silveira Martins e aí faleceram. Giácomo Dalla Corte residiu no lote número 475 da Colônia de Silveira Martins e Vittore Dalla Corte, no lote n° 486, comprados do governo da província do Rio Grande do Sul. Vittore Dalla Corte nasceu em 1831 e faleceu em 5 de setembro de 1886, com 55 anos. Sua esposa Luigia Fontanive faleceu em 1908, com 68 anos. Giácomo Dalla Corte nasceu em 1830 e faleceu em 14 de janeiro de 1901, com 71 anos, e sua esposa Domenica De Boni faleceu, em 1926 , com 86 anos. Dados relacionados com os pais de nossas avós Conforme consta na Certidão de casamento de Lourenço Dalla Corte e Maria Allodi, livro 1, pág. 33 da Cúria Diocesesana de Santa Maria, Maria Allodi, nossa avó paterna, era filha de Júlio Allodi e Prisca Tosi. Júlio Allodi viveu na Linha Duas Norte de Silveira Martins, onde faleceu com 78 anos, em 26 de fevereiro de 1914. Nossa avó Catharina Marzaro era filha de Domingo Marzaro (às vezes consta, Marzari) e Ângela Petuco. Moravam em Silveira Martins. N ossos avós Tanto Lourenço Dalla Corte como Giácomo Antônio nasceram em Cergnai, distrito de Feltre, Província de Belluno. Ambos eram primos em 2° grau. Giácomo Antônio nasceu em 5 de agosto de 1867. Casou com Catharina Marzaro, que nascera em 20 de fevereiro de 1871, do distrito de Maróstica, Província de Vicenza. Casaram na Matriz de Santo Antônio, Silveira Martins, em 28 de julho de 1888. Tiveram dez filhos. Giácomo Antônio faleceu no Sítio dos Mello, onde fora morar em 1911, no dia 18 de maio de 1931. Catharina faleceu com 64 anos, em 10 de junho de 1935. Lourenço Dalla Corte nasceu em 25 de novembro de 1865. Casou com Maria Allodi, que nascera a 20 de julho de 1870, em Cogozzo, distrito de Viadano, Província de Mantova. Nossos avós Lourenço e Maria também casaram na Matriz de Santo Antônio, Silveira Martins no dia 2 de março de 1889 e tiveram onze filhos. Lourenço faleceu em 24 de janeiro de 1928, com 63 anos, e Maria, no dia 7 de março de 1938, com 68 anos, ambos, em Santa Maria. Lourenço Dalla Corte, meu avô paterno, foi uma pessoa muito humanitária, sempre pronta a ajudar os outros, conforme depoimento dado por sua nora Cecília Dalla Corte, no 2° Encontro da Família, em Santa Maria, no dia 03/05/1992. Sempre se destacou nas comunidades onde viveu como líder religioso. No Sítio dos Mello, onde morou, doou o terreno para construção da capela Nossa Senhora do Caravaggio, em 1906 à Mitra Diocesana. No livro Centenário de Ivorá-Bellinaso, está a seguinte referência ao meu avô: "Quando, porém, o bom velho Lourenço Dalla Corte, que fora o principal benfeitor da Capela de Nossa Senhora do Caravaggio, teve conhecimento de nosso projeto, dirigiu-se em pessoa à presença do Sr. D. Miguel e, de joelhos, suplicou a S. Excia. Revma. que não se mudasse "a sua capelinha". Dom Miguel, comovido diante daquele bom velho, pediu-nos que deixássemos a capela no seu lugar." Lourenço mudou-se, aproximadamente, em 1920, com sua família para a Santa Maria. Hoje, nas proximidades da sua antiga casa, fica a Escola Municipal Lourenço Dalla Corte. Lourenço e Maria tiveram onze filhos. Entre eles meu pai, Jacob. Antônio Dalla Corte, afilhado de meu avô matemo, Giácomo Antônio, que seria mais tarde seu sogro, pois casou-se com Lúcia Marzaro Dalla Corte em 30/07/1927, em Silveira Martins. Meu pai, que nascera em Silveira Martins, em 30 de julho de 1899, morou com sua família, no Sítio dos Mello. Estudou no colégio complementar de Cachoeira do Sul e Caçapava do Sul. No Sítio dos Mello, em 1923 , foi convidado pelo Monsenhor Humberto Busatto a assumir o cargo de professor municipal na Capela Nossa Senhora do Caravaggio, fundada pelo seu pai. Exerceu o cargo de professor durante seis anos, de 1923 a 1929. Em 1929, com pesar dos seus alunos, pais e amigos, deixou as atividades escolares e transferiu-se para o então 2º distrito de Santo Ângelo, Catuípe. Em Catuípe, foi um líder religioso tendo assumido a direção das obras da construção da nova igreja de Santo Antônio. Também, aí dedicou-se ao ramo hoteleiro. Em 1939, transferiu-se com sua família para Uruguaiana, onde, por muitos anos, exerceu a atividade comercial. Meu pai foi uma pessoa extremamente humanitária. Preocupavam-no, também, as questões sociais e políticas do Brasil. Durante toda sua vida deu, sempre, mais valor ao "ser" do que ao "ter". Família de Giácomo Dalla Cort Segundo dados pesquisados, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Giácomo Dal1a Cort (assim consta) chegou ao Brasil com 48 anos, tinha como profissão agricultor e como religião católica. Veio acompanhado de sua esposa Domenica de Boni (37 anos) e de seus filhos Lorenzo -12 anos (meu avô paterno), Corina - 6 anos e Fortunata - 3 anos. No Brasil nasceram Maria (1879) e Domenico (Domingos - 1880). Família de Vittore Dalla Cort Vitiore Dana Cort (consta assim) veio com 47 anos. Também agricultor e tinha como religião católica. Acompanhava-o sua esposa Luigia Fontanive (38 anos) e seus filhos Maria 14 anos, Giovani Batista - 12 anos, Giácomo Antônio – l0 anos (meu avô matemo) e Giuliana 7 anos. No Brasil nasceram Giuseppe (José) - 1879 e Palmira -1882. Conheci esse nosso tio- avô chamado José Dalla Corte. Ele viveu muitos anos na República Oriental do Uruguai. Foi encontrado através do rótulo de uma garrafa de bebida, pois meu pai Jacob Antônio e meu tio Gentil tinham um engarrafamento de bebidas "Dalla Corte e Ceratti e Cia. Ltda." em Uruguaiana. Vendo o nome Dalla Corte, ele procurou os sobrinhos. Esse tio era solteiro e sem filhos. Viveu muitos anos ora no Uruguai, com meu tio Gentil, ora na nossa casa, em Uruguaiana ou na casa da sobrinha Carolina em Santa Tereza. Morreu com 84 anos, em Uruguaiana, em 1963. Era um exímio carpinteiro, muito minucioso e caprichoso. Árvores Genealógicas da Família Família de Lourenço Dala Corte e Maria Allodi Júlio Dalla Corte e Lúcia Sarzi Família de João Dalla Corte e Carolina Marzaro Dalla Corte José Dalla Corte e Emília Aita Jacob Antônio Dalla Corte e Lúcia Marzaro Dalla Corte Francisca Dalla Corte Soncini Joana Dalla Corte Favarin Santa Justina Dalla Corte e Olintho Costa Beber Fortunato Dalla Corte e Carmelina Bernardi Alberto Dalla Corte e Cecília Figuera Júlia Dalla Corte e Serafin Fiorin Giácomo Antônio Dalla Corte Catharina Marzaro Família de Vitório Dalla Corte e Albina Benetti Família de João Dalla Corte e Lidia Sarzi Tereza Dalla Corte e Vergínio Dotto Família de Luiza Dalla Corte e Francisco Orlandi Lúcia Dalla Corte e Jacob Antônio Dalla Corte e Filhos Clementina Dalla Corte e Dionízio Brezolin Angelina Dalla Corte Fagan Gentil José Dalla Corte e Namir Piussi A árvore genealógica de Carolina Dalla Corte e João Dalla Corte consta nos descendentes de Lourenço, pois era casada com um de seus descendentes, João Dalla Corte.