CENTRO TECNOLÓGICO ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO MARCOS VINÍCIUS MENDONÇA ANDRADE GESTÃO PELA QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: indicadores de desempenho e padrões de qualidade Orientadora: Mara Telles Salles, D.Sc. NITERÓI 2004 Universidade Federal Fluminense Centro Tecnológico Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Produção Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão GESTÃO PELA QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS indicadores de desempenho e padrões de qualidade Marcos Vinícius Mendonça Andrade Orientadora: Mara Telles Salles, D.Sc. Niterói 2004 MARCOS VINÍCIUS MENDONÇA ANDRADE GESTÃO PELA QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS indicadores de desempenho e padrões de qualidade Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão pela Qualidade Orientadora: Mara Telles Salles, D.Sc. Niterói 2004 MARCOS VINÍCIUS MENDONÇA ANDRADE GESTÃO PELA QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: indicadores de desempenho e padrões de qualidade Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Gestão pela Qualidade Aprovada em Junho de 2004. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Profª Drª. Mara Teles Salles – Orientadora Universidade Federal Fluminense ________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo Luis Gonçalves Quelhas Universidade Federal Fluminense ________________________________________________ Prof. Dr. Waldomiro de Castro Santos Vergueiro Universidade de São Paulo Niterói 2004 A553 Andrade, Marcos Vinícius Mendonça Gestão pela qualidade em bibliotecas universitárias: indicadores de desempenho e padrões de qualidade / Marcos Vinícius Mendonça Andrade. – Niterói: [s. n.], 2004. 115 f.: il. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal Fluminense, 2004. Bibliografia: f. 110-115 1. Gestão da Qualidade Total. 2. Serviços de Informação. 3. Indicadores de Desempenho. I. Título. CDD 658.562 “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”. William Edwards Deming AGRADECIMENTOS A Deus – "O Senhor é o meu forte refúgio, de quem terei medo?” Aos MEUS PAIS, a quem atribuo todo o sucesso de minhas realizações. Aos meus companheiros Anderson Alves e Wanda Maria, maiores incentivadores de minha formação profissional. Conselheiros e “mais-do-que-amigos” de todas as horas. À Professora Mara Salles pelo apoio e orientação. Ao Professor contribuições. Waldomiro Vergueiro, por suas valorosas Aos meus companheiros de trabalho Mara Baraúna, Eulália pelo companheirismo, amizade e carinho dedicado durante esta jornada. Às especialíssimas Professoras Carmen Granja, Andréia Maciel, minhas companheiras de sala de aula. Ao apoio institucional da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Estácio de Sá A todos que contribuíram no desenvolvimento deste trabalho, obrigado. RESUMO Aborda os aspectos relevantes no tocante à utilização de indicadores de desempenho na definição de critérios para a determinação de padrões de qualidade para as bibliotecas universitárias. Faz revisão crítica da literatura especializada procurando identificar unidades de informações que estão envolvidas em processos de busca de qualidade. Enfoca a evolução dos conceitos da qualidade ao longo do tempo, seus pensadores, principais ferramentas e abordagens. Apresenta as dimensões da qualidade e seus principais programas aplicados aos serviços de informação. Mostra o papel dos indicadores de desempenho destacando os indicadores da qualidade, de produtividade e indicadores de capacidade. Apresenta uma metodologia para utilização de indicadores de desempenho pelas bibliotecas universitárias. ABSTRACT It aproaches the relevant aspects in the subject of the use of performance indicators for defenition of criterias on quality standarts for university libraries. It makes a critical revision of the specialized literature, identifying units of information envolved in the process of search for quality. It focuses the the evolution of concepts of quality along time, its ideologists, principal tools and aproaches of quality nowadays. It presents the extension of quality and programs of quality applied to information services. It shows the role of performance indicators, being more relevant the quality, productivity and capability indicators. It presents a methodology for the use of performance indicators for university libraries. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 1.1 OBJETIVOS 15 1.2 METODOLOGIA 15 1.3 JUSTIFICATIVA 16 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 17 2 AS TEORIAS DA QUALIDADE 18 2.1 A QUALIDADE AO LONGO DO TEMPO 21 2.2 OS PENSADORES DA QUALIDADE 23 2.3 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE 24 2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE 25 2.5 A QUALIDADE E SUAS ABORDAGENS 26 3 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL 28 3.1 PORQUE INVESTIR EM QUALIDADE 31 3.2 ADOTANDO A QUALIDADE TOTAL 32 3.3 QUALIDADE TOTAL E BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 34 3.4 IMPLEMENTAÇÃO DA QUALIDADE TOTAL: CRÍTICAS E DIFICULDADES 37 4. QUALIDADE EM SERVIÇOS – Conceitos e Indicadores 38 4.1 PRODUTOS, BENS E SERVIÇOS 38 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS 39 4.2.1 A distinção do intangível 41 4.3. AS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 42 4.4 MEDINDO QUALIDADE EM SERVIÇOS 44 4.4.1 O instrumento SERVQUAL 44 4.5 OS PROGRAMAS DE QUALIDADE EM SERVIÇOS 48 4.6 QUALIDADE EM SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E UNIDADES DE INFORMAÇÃO 51 5 MODELOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE 55 5.1 OS PRÊMIOS NACIONAIS DA QUALIDADE 55 5.1.1 Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ 56 5.2 PROGRAMA DA QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO – PQSP 59 5.2 1 Prêmio Qualidade do Governo Federal –PQGF 61 5.2.1.1 O MODELO DE EXCELÊNCIA 63 6 A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES EM PROGRAMAS DA QUALIDADE 66 6.1 TIPOS DE INDICADORES 68 6.2 FINALIDADE DOS INDICADORES 69 6.3 O CLIENTE COMO REFERENCIAL NA DEFINIÇÃO DE INDICADORES 71 6.4 INDICADORES DE QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 73 7. ESTABELECENDO INDICADORES PARA BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 76 7.1 REQUISITOS PARA A ELABORAÇÃO DE INDICADORES 81 7.1.1 Indicadores da Qualidade 83 7.1.2 Indicadores de Produtividade 84 7.1.3 Indicadores de Capacidade 86 7.2 DETALHES NA CONCEPÇÃO DOS INDICADORES 87 7.3 PRINCIPAIS ATRIBUTOS DOS INDICADORES 88 8. AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E SEUS SISTEMAS 91 8.1 CARACTERIZANDO UM SISTEMA DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 93 8.2 O MODELO ORGANIZACIONAL 94 8.3 A REESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO 96 8.4 GESTÃO DE PESSOAS: A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS 97 8.5 SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS PELO NDC 98 8.6 PLANEJANDO O FUTURO: Ações e atividades 2003-2006 100 8.7 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 102 9 CONCLUSÃO 105 9.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 108 9.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 109 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 110 11 1. INTRODUÇÃO – CONSIDERAÇÕES INICIAIS A busca por um ambiente de qualidade é uma preocupação cada vez mais freqüente dos administradores para atingir os objetivos dessas organizações. De acordo com Gil (1999), “qualidade é definida a partir das necessidades do cliente e de seu interesse em produtos ou serviços livres de deficiências”. Atualmente, os modelos gerenciais caracterizam-se pela globalização da economia, aceleração das inovações tecnológicas, instantaneidade das informações, maior nível de exigência dos consumidores e uma maior consciência da sociedade para com o meio ambiente; o grande desafio das organizações é manterem-se neste meio tão competitivo e dinâmico. Em busca de maior poder de competitividade, um caminho a ser percorrido pelas empresas é a implementação da Gestão pela Qualidade Total. Qualidade não diz respeito apenas aos produtos ou serviços, nem é de responsabilidade apenas de um departamento específico, é um trabalho de todos e abrange todos os aspectos da operação da empresa, ou seja, é uma questão sistêmica. Os últimos anos do século 20 caracterizaram-se, entre outras coisas, pelas novas propostas ou filosofias de gestão, aplicadas nas mais diversas áreas empresariais, tanto nas de produção como nas de serviço, como resposta à crescente competição do mundo contemporâneo. Desde o inicio das novas tendências, os programas de qualidade estiveram entre as iniciativas de maior implementação no mercado, concorrendo e, muitas vezes, até mesmo 12 suplantando outros modelos de gestão, como a reengenharia e a aprendizagem organizacional, entre outros. De uma maneira geral, as bibliotecas universitárias também foram englobadas nessa busca pela qualidade, com maior ou menor sucesso. Todavia, em países em desenvolvimento, como é o caso de Brasil, a aplicação de programas de qualidade em bibliotecas universitárias não tem sido tarefa das mais fáceis. Tarapanoff (2000) afirma que as unidades de informação1 que compõem os Sistemas de Bibliotecas Universitárias foram e são instituições sociais sem fins lucrativos, cuja característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para os indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos) ou intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e hoje, cada vez mais, de forma virtual). Entretanto estes sistemas, os públicos em especial, têm sofrido sistemáticas reduções orçamentárias, e têm sido submetidos à competição por recursos e insumos de toda espécie. Questiona-se então o que se pode fazer quando as fontes tradicionais de custeio e fomento diminuem seus repasses? É possível compartilhar produtos e serviços como forma de maximizar recursos? Também aflora a possibilidade de cobrança pela prestação diferenciada de serviços e produtos informacionais. E, neste caso, deve-se cobrar pelos serviços? Como cobrar, quando cobrar? Santos (2002) afirma que no caso de uma biblioteca universitária, as metodologias para avaliação e mensuração da qualidade dos serviços e produtos disponibilizados aos seus usuários não seguem necessariamente um método padronizado que apure o nível de qualidade. Na prática, faltam critérios claros que possam ser utilizados para tal quantificação. O que se põe em prática, com maior freqüência são as quantificações que conduzem à obtenção de resultados que darão evidências de que um ou mais pontos não estejam funcionando de maneira satisfatória, mas não dão evidências do que efetivamente não está funcionando bem. 1 Unidade de informação – instituições voltadas para a aquisição, processamento, armazenamento e disseminação da informação (IBICT, 1989) 13 Observa-se ainda que uma das maiores deficiências na administração de unidades de informações brasileiras é a carência de instrumentos gerenciais que permitam o levantamento e avaliação do desenvolvimento dos trabalhos e que possibilitem um controle maior da qualidade dos serviços prestados. Logo, essas unidades e sistemas de informações já não podem mais justificar sua necessidade apenas pelo aspecto teórico da relevância da informação, mas fazse necessário agregar a esse discurso, dados objetivos que justifiquem a sua necessidade para as quais elas estão ligadas, particulares ou públicas, bem como aos gastos por elas realizados. Em se tratando de unidades e sistemas de informações das universidades, cuja missão é fomentar o ensino a pesquisa e a extensão, estes sistemas devem fornecer meios eficazes para otimizar o fluxo de comunicação científica e reduzir o ciclo de geração de novos conhecimentos. Segundo Davenport (2000), “a informação não pode ser considerada de maneira isolada nas instituições”. Às bibliotecas e as unidades de informações devem repensar suas atividades e funções, adaptando-se aos novos modelos organizacionais, novas técnicas de gerência e extrair das tecnologias disponíveis a base para a melhoria na prestação de serviços e na utilização eficaz de informações por parte da instituição a qual está vinculada e por seus demais usuários. Vislumbrando ainda as unidades de informação como fornecedoras de insumos de valor estratégico no processo de crescimento e modernidade, devem adequar seus produtos e serviços às novas necessidades e exigências dos seus usuários. O administrador de uma biblioteca universitária tem diante de si um grande desafio para transformar sua realidade, seja avaliando serviços, formulando políticas ou estabelecendo novas metas de desempenho. Nunca é demais ressaltar que a gestão destes sistemas deve estar voltada para a qualidade dos seus produtos e serviços oferecidos a seus clientes. Esta é a meta principal de sua atuação e para alcançar o aumento de qualidade e produtividade deve-se identificar e eliminar todos os obstáculos. É um processo que não se 14 esgota em uma ou outra avaliação, mas representa o acompanhamento planejado e sistematizado na busca contínua da excelência. Andrade (1998) relata algumas experiências sobre a incorporação da biblioteca universitária no cenário da gestão pela qualidade, onde se percebe como a implementação de programas de qualidade é embasada dentro de uma ambiente universitário que deve ser tratada com um comprometimento ainda maior de todos na instituição. Um fato que se deve destacar é que no caso das bibliotecas universitárias, as metodologias para avaliação da qualidade dos serviços e produtos disponibilizados aos seus usuários não seguem necessariamente um método padronizado que apure o nível de qualidade. Na verdade, na falta de critérios claros que possam ser utilizados para tal apuração, recorre-se, com maior freqüência a certas quantificações de pouco impacto que conduzem à obtenção de resultados que dão evidências de que um ou mais pontos não estejam funcionando de maneira satisfatória, mas não dão evidências do que efetivamente não esteja funcionado bem. Partindo de um levantamento inicial de dados, procurou-se identificar a utilização de Programas de Qualidade por parte dos Sistemas de Bibliotecas universitárias brasileiras, procurando identificar quais instituições estão envolvidas em processos de busca de qualidade. Entretanto, no levantamento de dados na literatura especializada evidenciou a inexistência de práticas formais de certificação exclusivas das bibliotecas universitárias. Ainda no tocante à literatura especializada, em Ciência da Informação Valls e Vergueiro (1998) indicam a inexistência de uma base teórica sólida que permita um estudo aprofundado em gestão da qualidade. Afirmam que, no Brasil os relatos de experiência são grandes, especialmente os publicados em anais de eventos técnico-científicos, mas na literatura internacional que se observa um estudo mais aprofundado sobre a contribuição da gestão da qualidade em projetos de melhoria de serviços de informação. Neste sentido, estar atento as novas teorias organizacionais, passa a ser a prática dos responsáveis pelo planejamento dos serviços de biblioteca. 15 1.1 OBJETIVOS Neste contexto, e no intuito de subsidiar a elaboração de indicadores de desempenho para as bibliotecas universitárias, os objetivos gerais deste estudo são: • Fazer algumas considerações sobre a busca da Qualidade Total pelas Bibliotecas Universitárias, identificando as dimensões da qualidade percebida para o Sistema Núcleo de Documentação de Bibliotecas e Arquivos da Universidade Federal Fluminense. E os objetivos específicos são: • Abordar aspectos relevantes no tocante à utilização de medidas de desempenho e de indicadores de desempenho na definição de critérios para a determinação de padrões de qualidade para as bibliotecas universitárias nacionais; • Identificar dimensões da qualidade em serviços apontadas pela literatura • Sugerir algumas dimensões da qualidade em serviços a serem testadas pelas Bibliotecas Universitárias; • Propor as linhas gerais para a elaboração, num segundo momento, de um modelo de Plano de Gestão Pela Qualidade para Bibliotecas Universitárias. 1.2 METODOLOGIA Enquanto princípios metodológicos, foram adotados: • Revisão de literatura sobre a Gestão da Qualidade em Serviços de Informação, identificando e pontuando diversos conceitos que permeiam a tema Qualidade Total. Tal revisão e levantamento permitirão o embasamento em termos de referencial teórico. • Participação no Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias realizado na Universidade Federal de Pernambuco em outubro de 2002. 16 • Buscar em diversas fontes, informações sobre Prêmios da Qualidade, principalmente o Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, traçando um paralelo das realidades encontradas nos diversos Sistemas de Bibliotecas Universitárias. 1.3 JUSTIFICATIVA No tocante à justificativa, o presente trabalho é o resultado uma série de questionamentos empíricos baseados no cotidiano acadêmico e no papel que uma Biblioteca Universitária desempenha neste contexto. Quanto à justificativa teórica, este estudo aplica a filosofia da Qualidade Total em Bibliotecas Universitárias, mais precisamente relacionada ao da gestão e da utilização de indicadores de desempenho na busca por melhorias. Este estudo também preenche uma lacuna na literatura, visto existirem poucos trabalhos práticos aplicados a Bibliotecas Universitárias, que abranjam a questão da aplicabilidade dos conceitos da filosofia da qualidade total que, em tese, visam sempre a satisfação do usuário final. Na prática, optou-se pela pesquisa qualitativa, pois esta possibilita o conhecimento dos fenômenos pouco explorados - como é o caso da Qualidade em Bibliotecas Universitárias. Vale destacar que a pesquisa qualitativa tem por características: 1) ter o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave; 2) ser descritiva e, 3) preocupar-se com o processo e não simplesmente com os resultados e produtos do estudo. A pesquisa qualitativa privilegia a consciência do sujeito e entende a realidade social como uma construção humana (Triviños, 1995). A importância deste trabalho está em estudar um tipo de Biblioteca - como é o caso da Biblioteca Universitária - cujo sentido primordial é auxiliar na produção de novos conhecimentos e, por sua vez, na produção da própria ciência e de suas teorias. Trata-se também de um segmento importante, visto que as Bibliotecas Universitárias são, hoje, as maiores do país, em recursos, acervo e pessoal. 17 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está dividido em capítulos que apresentam matérias relevantes para a realização da pesquisa. Onde: • Capítulo 2 e 3 – As teorias da qualidade – enfoca a evolução dos conceitos da qualidade ao longo do tempo, seus pensadores e as principais ferramentas e abordagens da qualidade da atualidade. É feita ainda uma revisão de literatura dos assuntos que se relacionam com a natureza dos serviços, qualidade em serviços bem como a identificação de diversos conceitos e sua aplicabilidade nos serviços em unidades de informação • Capítulos 4 e 5 – A qualidade em serviços e a aplicação de programas da qualidade em Serviços de Informação - Procurou-se destacar ao programas de qualidade aplicados aos serviços de informação, permitindo uma análise dos programas existentes e sua aplicabilidade. • Capítulos 6 e 7 – A utilização de indicadores em programas da qualidade. Procuro-se demonstrar ainda os critérios para o estabelecimento de indicadores para as Bibliotecas Universitárias • Capítulo 8 – A percepção das dimensões da qualidade pelo Sistema de Bibliotecas e Arquivos da Universidade Federal Fluminense – estudo de caso. Finalizando, apresentam-se as conclusões e recomendações para trabalhos posteriores. 18 2. AS TEORIAS DA QUALIDADE Qualidade tornou-se um ponto determinante de sucesso em muitos aspectos na sociedade contemporânea. Com a evolução do conceito de qualidade a satisfação das necessidades dos clientes passou a ser um fator ainda mais fundamental para a sobrevivência e prosperidade das organizações no longo prazo. Na atualidade, este conceito tem um sentido mais amplo, impulsionando os administradores a buscarem ambientes de qualidade favoráveis para atingirem os objetivos de suas organizações com uma freqüência cada dia maior. Com o intuito de promover o aumento da competitividade de bens e serviços, a qualidade total configura como uma grande meta, a qual contribui para uma realização social de grande magnitude, ou seja, uma real melhoria da qualidade de vida da população que gere o crescimento do ser humano como um todo. Os conceitos desenvolvidos na revisão bibliográfica foram selecionados por serem considerados de fundamental importância para a plena compreensão do trabalho. A pesquisa teórica foi realizada através da consulta de publicações consideradas clássicas dentro do tema, assim como de publicações recentes envolvendo os fundamentos constituintes do estudo. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em sua norma NBR ISO 8402, qualidade é a totalidade de propriedades e características de um produto ou serviço, que confere sua habilidade em satisfazer necessidades explícitas ou implícitas. 19 Juran (1990), ao introduzir regras e metodologias para o estabelecimento pela qualidade e o envolvimento da alta gerência, determina que qualidade é adequação do produto ou serviço ao uso, ou seja, à necessidade do consumidor. Para Crosby (1992), um sistema de qualidade deve atuar de forma a prevenir defeitos. Sua definição é de que qualidade é fazer bem desde a primeira vez, isto significa manter um compromisso real com aquilo que está sendo realizado. Para Campos (1994), o verdadeiro critério para boa qualidade é a preferência do consumidor em relação ao concorrente, uma vez que isto garantirá a sobrevivência da empresa. A preferência se dá através da adequação do produto ou serviço às necessidades, expectativas e ambições do consumidor como uma forma de agregar valor ao que será produzido com menor custo. Diante dessa diversidade e complexidade de conceitos, pode-se considerar: a. Qualidade consiste nas características que o produto deve ter para satisfazer as necessidades do consumidor; b. Qualidade consiste na inexistência de não-conformidade; c. Qualidade é adequação ao uso; e d. Qualidade está relacionada à capacidade da organização de satisfazer a requisitos pré-determinados e pressupostos. O trabalho de Garvin (1992), pode ser considerado definitivo no aspecto dinâmico da definição do termo qualidade, quando mostra que o conceito sofre modificações simultâneas às atividades de concepção, projeto, fabricação e comercialização do produto. Por estas constatações Garvin listou cinco abordagens para a definição da qualidade: • Abordagem transcendental: São as hipóteses que tratam da qualidade como algo inato ao produto, embora sempre relacionado a seu funcionamento. Neste caso, não pode ser medida precisamente e o seu reconhecimento ocorre pela experiência. 20 • Abordagem centrada no produto: Nesta abordagem a qualidade é vista como uma variável passível de medição e, até mesmo, precisa. Assim, diferenças da qualidade são observáveis pela medida da quantidade de alguns atributos possuídos pelo produto. Em geral, melhor qualidade seria, aqui, um sinônimo de maior números e melhores características de um produto, enfocando que a alta qualidade implica em maiores custos. • Abordagem centrada no valor: Um produto é de boa qualidade quando apresentar alto grau de conformação a um custo aceitável. São conceitos que reúnem necessidades do consumidor às exigências de fabricação definindo qualidade em termos de custos e preços. O preço acaba por envolver uma questão de adequação do produto à finalidade a que ele se destina. • Abordagem centrada na fabricação: A qualidade é a conformidade com especificações básicas, determinadas em nível de projeto. Qualidade é atender aos requisitos e melhorias de qualidade consideradas como redução do número de desvios, representando redução dos custos. • Abordagem centrada no usuário: A qualidade de um produto é condicionada ao grau que ele atende às necessidades e conveniências do consumidor. A avaliação do usuário em relação às especificações é o único padrão próprio à qualidade. Esta abordagem tende a englobar as demais. As abordagens listadas acima podem estar presentes num mesmo ambiente: o reconhecimento que estes conceitos podem coexistir servem de estímulo para a melhoria de diálogo entre fornecedores e consumidores. Mas, embora sob diferentes pontos de vista, a ênfase no consumidor é o aspecto mais importante das dimensões em que Garvin desenvolveu sua obra. Complementando esta variedade de significados, ressalta-se que todos estão baseados no conhecimento do que o cliente deseja e exige, na busca de 21 preencher as suas expectativas. Isto significa que qualquer conceito de qualidade estabelece um ponto comum: o consumidor, o cliente ou o usuário. Em síntese, qualidade pode ser definida como um conjunto de procedimentos que se iniciam com o conhecimento das necessidades e expectativas do cliente, influenciando na confecção original (projeto) de um produto ou serviço, bem como na sua confecção final, com objetivo de cativar, manter e satisfazer o consumidor. 2.1 A QUALIDADE AO LONGO DO TEMPO Através dos tempos, o processo produtivo do homem passou por diversas fases com características bastante diversificadas. Entretanto, a qualidade existe desde o princípio. O processo de industrialização iniciado com a Revolução Industrial apresenta como características a exploração das máquinas e equipamentos, além da mãode-obra com jornadas de trabalho de mais de 16 horas diárias. Para Garcia (1994) a conseqüência mais evidente é a organização da força de trabalho através dos sindicatos que dão início a primeira grande crise do capitalismo. Uma verdadeira revolução de conceitos, hábitos e procedimentos tem origem no trabalho de Taylor, quando de dentro da fábrica, ela passa a observar o comportamento do trabalho desenvolvido e formula os princípios básicos para a Administração Científica do Trabalho servindo de fortalecimento ao capitalismo enfraquecido pelas greves do movimento sindical. A Administração Científica de Taylor prega entre outras coisas a baixa remuneração, a cronometragem e a total separação entre o planejamento e a execução. Com a baixa remuneração e o baixo poder aquisitivo dos trabalhadores, uma nova crise é gerada no capitalismo (Martins, 2003), uma vez que não há consumidores para absorver o que é produzido. Através do empresário Henry Ford surge a resposta que mantém o capitalismo: o Fordismo que introduziu novas inovações nas linhas de produção além de 22 melhorias salariais. Posteriormente, com a capacidade de consumo aumentada, os trabalhadores começam a consumir conhecimentos e conseqüentemente a criar uma consciência crítica, o que gera uma nova crise no capitalismo. Os processos de controle da produção e do desempenho que em Taylor faz parte das funções do cronometrista e em Ford está disfarçada na implantação de esteiras na linha de produção fazem surgir por volta de 1930, com os estudos científicos de Shewhart, o Controle Estatístico do Processo, considerado por muitos autores como o princípio da gestão da qualidade. A Segunda Grande Guerra Mundial passou para a história como catalisadora de grandes mudanças. Houve modificações profundas nas relações econômicas entre países. A tecnologia passou a atuar como fator de agregação de valor aos bens e serviços, sendo a microeletrônica o setor que mais se desenvolveu. O controle ao desperdício passou a fazer parte da disseminação de técnicas avançadas para o controle pela qualidade de processos e produtos. Ao final da Segunda Guerra, com o Japão derrotado, os Estados Unidos tentaram exportar suas novas técnicas, até então não utilizadas nas indústrias japonesas. Entretanto, segundo Martins (2003), estas mantinham um rígido sistema de gestão e, ao passarem a adotar o Fordismo e posteriormente o conceito americano de produtividade concluíram que o aumento da produtividade está associado à melhoria pela qualidade e não ao modelo fordista. Como resultado, em meados dos anos 60, as indústrias japonesas buscam seus próprios caminhos e criam os CCQ - Círculo de Controle da Qualidade. O surgimento dos CCQ no Japão deve-se especialmente às palestras e às consultorias dos americanos Joseph M. Juran e W. Edwards Deming, que tinham trabalhado com Shewhart e, no Japão, se destacaram no campo da qualidade defendendo a tese de que a identificação dos problemas organizacionais e sua solução estão baseadas na utilização de uma metodologia adequada - Trilogia de Juran - planejamento, controle e melhoria da qualidade; e que, conforme o princípio de Deming, o lado humano da organização é que promove e assegura a qualidade. 23 Destacam-se ainda Ishikawa, criador do Ciclo de Controle da Qualidade - CCQ e do Diagrama de Causa e Efeito (Espinha de Peixe), e Crosby autor do Programa de Defeito Zero. O esforço japonês de recuperação após a guerra permitiu a rápida adaptação aos princípios de qualidade, e a adoção pela qualidade como um ideal a ser conquistado. Desta forma, apesar de os grandes cientistas da qualidade serem americanos, foi no Japão que os princípios da qualidade, qualidade total, garantia da qualidade e administração da qualidade total - TQM ganharam investimentos e passaram a fazer parte do desenvolvimento estratégico do país, servindo de um grande laboratório para a área (Campos, 1991). 2.2 OS PENSADORES DA QUALIDADE As diversas concepções sobre qualidade diferem entre os pensadores; entretanto existem pontos comuns entre eles, tais como: a. olhar para o cliente; b. necessidade de possuir apoio da direção maior; c. buscar inovar constantemente; d. trabalhar em equipes; e. desenvolver programas de treinamento que envolvam todos os funcionários; f. fazer uso das ferramentas da qualidade, especialmente as estatísticas; e g. tornar os programas de qualidade integrantes a toda a estrutura organizacional. Esta diversidade de princípios e concepções está inserida na história através da busca pela qualidade de vida. Estes princípios que hoje integram os sistemas pela 24 qualidade foram desenvolvidos por diversos autores e em diversas obras que serão apresentados historicamente a seguir. 2.3 Evolução da qualidade O conceito de qualidade adquiriu significados diferenciados com o passar do tempo. Conforme Cerqueira Neto (1990), a teoria (filosofia, metodologia) pela qualidade é um grande e bem sucedido arranjo conceitual, acrescido de um conjunto de técnicas e conhecimentos que se caracteriza por um forte perfil disciplinar. A análise da evolução do conceito segundo Martins (2003) está relacionada com a evolução histórica do processo produtivo. Entretanto é concebível uma outra avaliação da evolução do conceito a partir da compreensão da evolução da própria filosofia da qualidade. A qualidade passou a ser incorporada à produção industrial a partir da década de 1920, justamente para impedir que produtos defeituosos chegassem à mão do consumidor; era baseada na inspeção final do produto, quando os bens já estavam finalizados, gerando uma perda total do produto. Com o advento da produção em massa, e para atender mercados em crescimento, foram sendo introduzidas técnicas de controle estatístico de processo. Após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento da indústria aeronáutica, passou a ser adotado o controle de processo que englobava a avaliação em várias etapas buscando diminuir o desperdício causado no processo produtivo, aumentar a segurança e obter o zero defeito. Este conceito evoluiu para a garantia de qualidade, que consiste na sistematização, por normas escritas, dos padrões e requisitos para cada etapa do processo produtivo, com objetivo de garantir qualidade uniforme para todos os produtos e serviços. A partir da década de 1960, com a introdução de mudanças 25 no ambiente de negócios, com a saturação dos mercados e a necessidade da criação de novos bens e serviços para satisfazer a demanda do consumidor, o conceito evoluiu para qualidade total. O conceito de qualidade total significa, segundo o Denton (1994), o resumo das condições para que a organização sobreviva e se desenvolva em um ambiente competitivo e de rápidas mudanças. 2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE A adoção pela qualidade pressupõe a utilização sistemática de instrumentos que auxiliem na compreensão de problemas e solução de erros com base em dados factuais. As ferramentas podem ser usadas tanto em conjunto como isoladamente desde que haja disponibilidade de dados suficiente para a solução dos problemas detectados. Lins (1993) divide, para fins didáticos, as ferramentas em: • Ferramentas básicas: são utilizadas para medidas quantitativas dos sistemas pela qualidade e contribuem de forma a otimizar os processos de gestão e tomada de decisão dos referidos sistemas. • Ferramentas auxiliares: servem de apoio para a solução de problemas encontrados, contribuindo para a efetivação das mudanças necessárias e para a compreensão do impacto que elas irão proporcionar. Contribuem também como facilitadoras nos processos de elaboração de idéias, verificação prévia das atividades que serão desenvolvidas, na compreensão da capacidade dos processos que serão implantados ou ainda na avaliação dos fatores que influenciam um problema. 26 2.5 ABORDAGENS DA QUALIDADE Atualmente existem três abordagens distintas na área da qualidade: a americana, a japonesa e a européia. • A abordagem americana defende a idéia de que a qualidade não acontece por acaso, e sim por programa constituído de: planejamento de qualidade, controle da qualidade e aperfeiçoamento da qualidade, ou seja, nos princípios básicos da Trilogia de Juran. • A abordagem japonesa fundamenta-se nos métodos estatísticos e, sobretudo, no respeito e valorização do ser humano, ou seja, nos princípios de Deming. • A abordagem européia tem por base a padronização da International Organization for Standartization - ISO, fundada em Genebra, na Suíça e responsável pelo conjunto de normas ISO 9000, que estabelece os requisitos mínimos para que a organização elabore um sistema de qualidade. Há três níveis de exigências, desde a ISO 9003, a mais branda, à ISO 9001, a mais rigorosa, conforme o grau de controle ou garantia de qualidade que a organização se propõe a oferecer aos seus clientes. As organizações que cumprem os requisitos podem se candidatar a receber um certificado de qualificação homologado por um órgão nacional ou internacional. Importante frisar a contribuição ocorrida sob o ponto de vista institucional das proposições desenvolvidas e aplicadas em nível internacional pela ISO, mundialmente reconhecida como o “órgão máximo” de padronização para as áreas de produtos e serviços. Nenhuma abordagem sobre qualidade pode deixar de considerar o trabalho desenvolvido em torno das diversas normas para certificação da qualidade definidas por essa instituição. 27 Destaca-se ainda que pelo seu caráter sistêmico, as normas da série ISO 9000 não tratam diretamente da qualidade de produtos. Asseguram, entretanto, a estabilidade do seu processo de produção. Alguns autores ainda citam os prêmios da qualidade como uma abordagem. Estes consistem numa prática desenvolvida para distinguir as organizações que se destacaram na busca e na implementação da qualidade em produtos e serviços. O mais famoso é provavelmente o Prêmio Deming, estabelecido pela Union of Japonese Scientists and Engineers (JUSE) em 1950, a partir de uma dotação inicial fornecida pelo próprio Deming, que abriu mão dos direitos autorais de um de seus livros para a criação do prêmio. Nos Estados Unidos existe o Malcolm Baldrige Award, criado em 1987 pelo Congresso Norte-Americano. O equivalente europeu a esses dois prêmios é o European Quality Award, criado em 1988 pela European Foundation for Quality Management (EFQM). No Brasil, o Prêmio Brasileiro da Qualidade e Produtividade é atribuído pelo governo federal a empresas que se destacam nessa área. Convém destacar que esses prêmios funcionam de forma independente, embora possam existir similaridades entre alguns deles. Pode-se perceber que a variedade de teorias da qualidade ocorre porque cada um de seus idealizadores encara o ambiente organizacional de maneira ligeiramente particular, proporcionando uma rica diversidade de enfoques. Embora várias denominações possam ser encontradas na literatura, todas elas, em última análise, devem sua gênese à evolução do pensamento teórico da ciência da administração, que, de acordo com Vergueiro (2002), “a partir de um determinado momento, buscou considerar o ambiente no qual as tomadas de decisão deveriam ocorrer e, desta forma, adequar o processo de administração às características do momento histórico e às peculiaridades de sua clientela”. 28 3. GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL Diz-se que um serviço ou um produto tem qualidade quando este atende as necessidades e as expectativas dos seus usuários. A premissa básica da Gestão da Qualidade Total é que o sucesso de uma organização decorre da qualidade que ela oferece a seus clientes. Por sua vez, “a qualidade é um resultado dos processos de produção e assimilação dos produtos e serviços, bem como os processos de apoio que suportam e complementam os processos de produção” (Campos, 1991). Ainda que os processos sejam adequados, para que produzam resultados satisfatórios, é preciso que as pessoas se dediquem a operá-los e melhorá-los continuamente. Portanto, os três elementos fundamentais da Gestão pela Qualidade Total são: foco no cliente, melhoria dos processos e envolvimento das pessoas. A versão da ISO 90002, publicada na ano de 2000, baseia-se em oito princípios que acompanham as tendências mais modernas em administração de negócios. Um princípio de administração de qualidade é uma regra abrangente e fundamental, para liderança e operação de uma organização, visando melhorar continuamente seu desempenho em longo prazo, focalizando os clientes e ao mesmo tempo atendendo às necessidades das demais partes interessadas. 2 ABNT, NBR ISO 9000 Sistemas de gestão da qualidade : fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de normas Técnicas, 2000. 29 A seguir, o enunciado dos princípios adotados pela ISO: Princípio 1 – Organização Focada nos Clientes – as organizações dependem de seus clientes e, portanto, têm a obrigação de compreender as necessidades atuais e futuras dos clientes, atender aos requisitos dos clientes e lutar para exceder as expectativas dos clientes. Princípio 2 – Liderança – os líderes criam as unidades de propósito e direção de uma organização. Eles têm a obrigação de criar e manter um ambiente interno no qual as pessoas possam tornar-se plenamente envolvidas na realização dos objetivos da organização. Princípio 3 – Envolvimentos das Pessoas – pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização e seu envolvimento pleno permite que suas competências e habilidades seja aplicadas em benefício da organização. Princípio 4 – Abordagem por Processos – um resultado desejado é realizado de modo eficiente quando os recursos e atividades envolvidas são administrados como um processo. Segundo O’Brien, 2001, processo pode se entendido como um conjunto de atividades que transformam insumos, provenientes de fornecedores, em saídas ou produtos os serviços que possuem valor agregado para os clientes aos quais se destinam. Fornecedores Entradas Atividades Saídas Clientes Figura 01.: Elementos de um processo Princípio 5 – Abordagem Sistêmica da Administração – identificar, entender e administrar um sistema de processos inter-relacionados visando a um objetivo dado contribui para a eficácia e a eficiência de uma organização. 30 Princípio 6 – Melhoria Contínua – a melhoria contínua deve ser o objetivo permanente da organização. A principal ferramenta para melhoria contínua dos produtos e processos é o ciclo PDCA, que significa Planejar, Executar, Verificar e Atuar (em inglês, “Plan, Do, Check, Act”). A Atuar C Verificar P Planejar D Executar Figura 2 - O ciclo PDCA da melhoria contínua Princípio 7- Decisões Baseadas em Fatos – decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações. Princípio 8 – Relacionamentos Mutuamente Benéficos com Fornecedores as organizações e seus fornecedores são independentes e um relacionamento mutuamente benéfico incrementa a capacidade de ambos para criarem valor. Gerenciar os processos de negócio é uma das principais tarefas que os administradores modernos precisam enfrentar. Um processo de negócio é um conjunto de transformações que agrega valor para o cliente, por exemplo, o atendimento a pedidos, o desenvolvimento de um novo produto, a prestação de serviços. O gerenciamento por processos enfatiza a criação de valor para cliente, distinguindo-se do tradicional, que era focalizado no gerenciamento de recursos e na produtividade dos recursos, como na fábrica, uma máquina, um departamento. A abordagem tradicional funcionava no passado, quando a competição pelos 31 mercados era menor e a velocidade das mudanças era lenta, mas hoje os gerentes precisam reconhecer que a produtividade dos recursos deve ser sempre condicionada à adição de valor para o cliente. 3.1 PORQUE INVESTIR EM QUALIDADE Vários são os motivos que levam as organizações a investir em qualidade, tais como: • Segurança de mercado – manter e conquistar clientes, garantir bons negócios, conquistar prestígio e poder perante a concorrência; • Novos mercados – novas oportunidades de mercado; • Criação de novos negócios – percepção para novas oportunidades, novo posicionamento estratégico para a empresa; • Redução de custos – diminuição da quantidade de processos, diminuição dos desperdícios, eliminação do retrabalho, diminuição da necessidade de controle; • Direcionamento – satisfação total do cliente; • Qualidade de vida – necessidade tanto da sociedade como dos funcionários, ocasionando em novas exigências sobre a organização; • Clima de incentivo e participação – clima produtivo e positivo; • Competição maior – competição mais intensa e diversificada, disputa da concorrência pelo poder aquisitivo do cliente. Na literatura, é ponto pacífico que para de incorporar a Qualidade Total nas organizações, alguns princípios devem ser considerados, são eles: • Visão clara de qual é o negócio da organização; • Conhecimento do perfil do cliente e de suas necessidades; • Possuir altas expectativas, muitas vezes desafiadoras, que estimulem a organização; 32 • Estruturar um processo organizado de gestão e de administração dos recursos; • Capacidade de aprender a partir dos erros; • Transformar a equipe de trabalho da organização em parceiros de negócio e formar alianças com fornecedores; • Buscar a inovação como vantagem competitiva. Uma organização verdadeiramente organizada dentro dos princípios da Qualidade Total será uma organização superior e diferenciada das outras que dividem com ela o mesmo mercado. 3.2 ADOTANDO A QUALIDADE TOTAL Para se atingir a Qualidade Total, torna-se necessário adotar um conjunto de diretrizes, princípios e ações, o que denominamos de Gestão da Qualidade Total (GQT). Definindo de outra forma, Gestão da Qualidade Total significa planejar estrategicamente a qualidade (Juran; Gryna, 1991), ou seja, significa administrar a qualidade. Segundo Juran (1991), são três os procedimentos básicos utilizados para administrar a qualidade (planejamento da qualidade, controle da qualidade e aperfeiçoamento da qualidade), sendo estes conhecidos como Trilogia da Qualidade Figura 3: Trilogia da Qualidade segundo Juran 33 Planejamento da Qualidade – este é o processo onde são definidos os objetivos da qualidade e estabelecidos os planos necessários para o alcance destes objetivos. Este planejamento envolve um roteiro com uma seqüência de cinco etapas: • Identificar os clientes da organização; • Identificar as necessidades dos clientes; • Determinar as características para que o produto atenda as necessidades dos clientes; • Desenvolver processos capazes de produzir as características do produto; • Transferir o planejamento para toda organização. Controle da Qualidade – este procedimento consiste em tornar realidade os objetivos definidos durante o planejamento e em prever mudanças adversas. Esse processo de controle possui as seguintes etapas: • Avaliar o desempenho da qualidade; • Comparar o desempenho com as metas estabelecidas; • Adaptar as diferenças encontradas. Aperfeiçoamento da Qualidade – processo que tem por objetivo melhorar o desempenho e aperfeiçoar a qualidade resultando geralmente em um “replanejamento”. A Gestão da Qualidade Total requer, necessariamente, o total envolvimento da alta direção da organização, assim como de todas as pessoas com ela envolvida. Trata-se de um sistema de melhoria contínua que tem o cliente como foco principal e o mercado como referência. 34 3.3 QUALIDADE TOTAL E BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Informação e Qualidade possuem grande valor na sociedade pós-capitalista. A informação, devido ao seu caráter de reduzir incertezas e representar um certo "poder" em quem a detém, e a Qualidade, por proporcionar a adequação ao uso (Barbalho, 1995). Entretanto, pouco se tem realizado e escrito sobre a gestão da Qualidade em Bibliotecas, em específico sobre as Bibliotecas universitárias. Alguns trabalhos de autores brasileiros, trazem de maneira mais ampla os estudos que encontraram na literatura nacional e estrangeira (Beluzzo; Macedo, 1993; Rocha & Gomes, 1993; Nakamura, 1994; Barbalho, 1995, Vergueiro, 2002, Vergueiro; Carvalho, 2001). Para tanto, é fundamental para a excelência da Biblioteca a qualidade do seu administrador, pois somente o bibliotecário, enquanto administrador ou gerente, pode motivar outros a promover a qualidade do serviço, como também insistir na qualidade de desempenho de seus subordinados e acionar efetivamente a organização, para que os recursos necessários à garantia de Qualidade do trabalho sejam oferecidos. É mister afirmar que a adoção de medidas que utilizem a filosofia da Qualidade Total implica integração e participação de todo o quadro de pessoal da biblioteca na definição e realização do que é produzir com qualidade. Para isso, é preciso escolher dentre as abordagens existentes sobre qualidade, aquela que melhor se adeque a cada caso em particular. Alguns autores afirmam que a filosofia de Deming é a mais adequada, pois, a qualidade passa a existir quando cada indivíduo na biblioteca compreende e adota a filosofia da melhoria constante e quando todos os processos e atividades estiverem sob controle estatístico. Para Rocha e Gomes (1993): "as Bibliotecas, como fornecedoras de insumos de valor estratégico no processo de crescimento e modernidade, devem aprender a atuar neste ambiente mutável, adequando seus produtos (bens e serviços) às novas exigências de seus clientes". 35 A diferença entre os métodos tradicionais de planejamento, avaliação e retroalimentação dos sistemas dos atuais métodos gerenciais da qualidade, se dá quanto aos princípios das observações científicas de fatos e informações de toda ambiência organizacional, que influencia a percepção e especificação da qualidade desejada. Segundo as autoras, em geral, "os conceitos sobre Qualidade aplicados às empresas como um todo, também são aplicáveis ao setor de serviços. No entanto, há uma forte tendência para se adotar 'adequação ao uso' como mais apropriado para esse setor". Os atributos que influenciam a Qualidade percebida do serviço prestado em Unidades de Informação são assinalados como aqueles que incluem o entendimento das necessidades e expectativas dos usuários; segurança, incluindo confidencialidade; cortesia, comunicação, formato; linguagem, incluindo postura corporal, meios e canais de distribuição; e fatores físicos tais como ambiente, facilidades, aparência dos funcionários. Contudo, se esses atributos da qualidade não forem desenvolvidos em uma forma adequada, não se poderá afirmar que se tem Qualidade Total, entendida como características da Qualidade do produto que atendam às expectativas dos clientes externo e interno; custo; atendimento (prazo, local, quantidade e outros); nível de satisfação das pessoas (moral da equipe); características de segurança que o produto deve ter em relação ao cliente externo e interno. Importa, então, para a Qualidade Total, não apenas o resultado final, mas todos os elementos que contribuíram para o seu alcance - sempre em harmonia, equilíbrio e sincronia – onde a retroalimentação, o feedback, é um fator chave. O elemento primordial dessa visão é o indivíduo, que, devidamente consciente, motivado, engajado e em interação com os métodos, técnicas e ferramentas da qualidade, estará em busca permanente de níveis ascendentes de excelência. Para Rocha e Gomes (1993), "os clientes internos também possuem suas necessidades e expectativas a serem atendidas". Além das necessidades psicológicas e das boas relações interpessoais, possuem necessidades técnicas 36 que interferem no desenvolvimento correto de suas atribuições, refletindo, numa reação em cadeia, no resultado de um processo, de um produto ou serviço prestado ao cliente final – o usuário da Biblioteca. Para a implantação de um sistema da qualidade, deve-se ter em mente que esta forma de gestão é um método sistemático de estabelecimento de padrões, de identificação de problemas por meio da monitoração contínua dos processos, da análise das causas e solução de problemas e promoção de melhorias quando necessárias e possíveis, pressupondo-se que no ambiente interno as pessoas atuam cooperativamente, com necessidades e expectativas de clientes internos e que para que essas necessidades sejam atendidas, o meio ambiente da Unidade de Informação deverá estar adequado também para os seus funcionários, sob o ponto de vista humano. Com o propósito de contribuir com algum subsídio para a elaboração de proposta concernente à qualidade dos produtos e serviços dos centros de informação, distanciados ainda desses princípios, Pinto (1993), afirma que "a Qualidade Total é uma meta que se está buscando, fundamentalmente, para a melhoria da Qualidade de Vida". Por isso, a proposta de Qualidade deve atingir a todos na Unidade de Informação, desde a administração superior até os serviços gerais. Para a autora, é preciso compreender que "os recursos mais importantes neste processo são os recursos humanos". Portanto, a Qualidade dos produtos e serviços da Biblioteca depende fundamentalmente do investimento em Gestão de Pessoas e no comprometimento da alta gerência. Entre outras conclusões, que os principais fatores que dificultam a implantação de um plano voltado para a Qualidade para a maioria das Bibliotecas são os recursos humanos insuficientes, sendo que a falta de um plano de capacitação vem somente em segundo plano. Segundo a autora, "na falta de métodos gerenciais eficazes e efetiva racionalização do trabalho nas Bibliotecas, é natural o argumento de que os recursos humanos são insuficientes". Apesar da ênfase da Qualidade estar na área técnica, constatou-se a preocupação com a qualidade, já que muitas adotam 37 a padronização de atividades, a qual consta dos planos de qualquer programa da qualidade. 3.4 IMPLEMENTAÇÃO DA QUALIDADE TOTAL: CRÍTICAS E DIFICULDADES Implementar a Qualidade Total significa remodelar a organização. Novos paradigmas e novos valores são estabelecidos. E são estas mudanças, técnicas e organizacionais, que segundo Teboul (1991) provocam resistências, ocasionadas muitas vezes pelo sentimento de perda de poder, autoridade, controle ou até mesmo de território. Vergueiro (2002) afirma que ao contrário do que se pensa, a jornada para a Qualidade Total é vista como um caminho tortuoso e longo. Várias instituições desistem durante a implantação do processo, achando que os benefícios não compensam o tempo a ser dispendido, o investimento financeiro e o comprometimento e sacrifício pessoal. Muitas organizações não conseguem manter o planejamento inicial e desviam-se por “atalhos” que, em muitos casos, as levam para antes do ponto de partida. E muitas, simplesmente não conseguem garantir o comprometimento necessário para avançar o mínimo que seja em relação ao aprimoramento dos produtos e serviços e à satisfação dos usuários. Na realidade, os teóricos da qualidade nunca afirmaram que seria fácil. Todos sinalizaram que o processo é longo e a necessidade de preparação conveniente, pois os resultados da gestão da qualidade são obtidos a médio e longo prazos. Às vezes, são anunciados, prematuramente, o sucesso em projetos de gestão da qualidade, pois na realidade, ao invés da conclusão do processo, apenas o término de uma etapa foi atingido. 38 4. QUALIDADE EM SERVIÇOS – Conceitos e Indicadores A compreensão de operações de serviços é fundamental para o entendimento do foco deste trabalho. Gerenciar serviços é tarefa diferente de gerenciar a produção de bens. Mais importante do que reconhecer esta diferença é compreender quais são as características especiais dos serviços que fazem com que a gestão de suas operações seja diferente da gestão da produção. Devido a sua diversidade, tradicionalmente era difícil definir is serviços. Muitas vezes é difícil compreender o modo pelo qual os serviços são criados e oferecidos e/ou entregues aos clientes, porque muitos insumos os produtos são “intangíveis”. De acordo com Lovelock (2001) a maioria das pessoas quase não encontra dificuldades para definir o setor industrial ou agrícola, mas a definição de serviços pode confundi-las. 4.1 PRODUTOS, BENS E SERVIÇOS Juran (1992), afirma que um "produto é o resultado de qualquer processo", e, processo presume um sistema, com qualquer referencial definido. "Os economistas definem produtos como sendo bens e serviços". Assim a palavra produto é um termo genérico para qualquer coisa que se produza, bens ou serviços. "Entende-se por bens como algo físico, enquanto serviço significa trabalho feito para outro. Outra definição ampla, mas precisa, é de Juran dizendo que serviço “é o trabalho desempenhado por alguém”. 39 Kotler (2000), distingue três categorias de bens, com base na taxa de consumo e na tangibilidade deles e com aplicação estratégica de marketing: • Bens duráveis: Bens tangíveis que normalmente sobrevivem a muitos usos (Ex.:refrigeradores, roupas). • Bens não duráveis: Bens tangíveis que normalmente são consumidos em um ou em alguns poucos usos (Ex.: carne, sabonete). • Serviços: Atividades, benefícios ou satisfações que são oferecidos à venda (Ex.:corte de cabelo, consertos). Neste enfoque da área de marketing, conforme Horovitz (1993), em geral o "serviço é o conjunto das prestações que o cliente espera além do produto ou do serviço de base, em função do preço, da imagem, e da reputação presentes". No entanto, o reconhecimento do papel estratégico dos serviços vem trazendo complexidade e diferenciação entre definições de produtos, bens e serviços. Um exemplo desta afirmação pode ser dado: "Em geral, entende-se por serviço tudo que um restaurante deve fazer para agradar o freguês – incluindo a comida, o atendimento etc. Por outro lado, a literatura especializada refere-se comumente a ‘bens e serviços’ como constituintes do chamado ‘produto’. Neste caso, o ‘bem’ seria a refeição; ‘o serviço’ corresponderia ao atendimento; e o ‘produto’, ao somatório desses dois fatores, associados a outros que levam [...] a ponto de desejar retornar ao restaurante". (Lobos, 1993) 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS As principais características dos serviços reconhecidas na literatura são agrupadas conforme Kotler (2002) em: • Intangibilidade – "Não podem ser vistos, sentidos, provados, ouvidos ou cheirados antes de serem comprados". • Inseparabilidade – "São produzidos e consumidos ao mesmo tempo" com a interação fornecedor-cliente afetando o resultado final. 40 • Variabilidade – "São altamente variáveis" à medida que dependem de quem, quando e onde são executados. • Perecibilidade – "Não podem ser estocados" pois a entrega é imediata e o sistema de produção é sempre acionado pelo cliente. No entanto, a definição de serviço vem sendo gradativamente ampliada pelo reconhecimento de que nele está a grande oportunidade de diferencial competitivo. Com isso, o papel estratégico que os serviços representam para as empresas vem a cada dia sendo reforçado e direcionado no sentido da diferenciação. Segundo Cobra e Rangel (1992): "Um serviço é definido como uma forma de proporcionar tantas satisfações quantas forem possíveis pela posse do bem ou do serviço adquirido. (...) um serviço é sobretudo uma forma de ampliar um produto vendido. (...) o serviço pode ser um fator – chave de sucesso ou, ao contrário, um fator crítico de fracasso estratégico na organização". As características particulares dos serviços tornam sua produção mais complexa. Qualquer que seja o modelo de produção adotado, a interação de elementos muitas vezes não é tão controlável como nos sistemas produtivos convencionais de bens. Atacar todas os passos necessários de um modelo não é tarefa fácil de gestão. Há, contudo uma vantagem como dizem Davidow e Malone (1993): pequenos esforços são imediatamente reconhecidos, isto é, a resposta é rápida quanto a adequação serviço-consumidor – "Felizmente, dar alguns passos básicos poderá ajudar a melhorar drasticamente o serviço ao cliente. Quando os clientes vêem as mudanças, têm oportunidades para outras melhorias." respostas positivas, proporcionando 41 4.2.1 A distinção do intangível O reconhecimento da promessa de satisfação que os produtos incluem são suficientemente diferentes para características tangíveis e intangíveis. Efetuar uma venda apresenta elementos distintos de manter um cliente, e sob esse aspecto, os produtos intangíveis têm problemas muito especiais. As pessoas usam aparências para julgar realidades; é o que recomenda o bom senso e o que confirmam pesquisas de comportamento. "Todos dependem , até certo ponto, das aparências, das impressões externas. Tampouco a importância das impressões é limitada somente ao produto genérico em si. Os produtos oferecidos serão julgados em parte por quem pessoalmente o oferece – não apenas quem é o vendedor da empresa, mas quem representa esta empresa."(Levitt,1990) A natureza dos produtos intangíveis exige número elevado de pessoas em sua produção e comercialização. Levitt (1990) afirma que: "Quanto maior o número de pessoas envolvidas em um produto, mais espaço existe para discrição pessoal, contradições, erros e delongas. Um cliente já convencido pode facilmente mudar de idéia como conseqüência de suas expectativas não terem sido plenamente satisfeitas. Um produto tangível, fabricado sob estreita supervisão geralmente entregue através de uma rede ordenada de distribuição, tem muito mais probabilidade do que um produto intangível de cumprir a expectativa prometida”. Levitt observa ainda que para a produção de intangíveis, sendo operações que envolvem grande número de pessoas, "há um problema enorme de controle de qualidade". Este para produtos tangíveis, "é sob alguns aspectos automático, embutido no sistema. Se uma porta azul é presa a uma geladeira branca, alguém na linha imediatamente o questionará. (...) Mas se um mecânico omite uma característica importante do funcionamento de um automóvel de corrida, ou não o apresenta bem, sua falha talvez nunca seja encontrada, ou será tarde demais”. 42 4.3. A QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS O processo de garantir a qualidade dos serviços (e ter certeza que esta melhore continuamente de modo a manter uma distância competitiva segura da concorrência) deve ser gerenciado cuidadosamente. De acordo com Gianezzi e Corrêa (1996), com raras exceções não existe uma cultura bem estabelecida, tanto em termos de buscar prestar um bom serviço, como de exigir um bom serviço pelo qual o consumidor paga. Alguns motivos apontados como responsáveis pela baixa qualidade na indústria de serviços são: • Freqüentemente os trabalhadores da indústria de serviços são considerados mão-de-obra ‘temporária’ e, como tal, merecedores de baixos níveis de atenção gerencial para motivação e treinamento; • Excessiva ênfase em cortes de custos e busca míope por produtividade de recursos causa degradação no nível de personalização e qualidade de atendimento; • Clientes, em geral acostumados com um nível pobre de serviços, não tem o hábito de exigir mais; • É normalmente difícil padronizar serviços, principalmente os intensivos em mão-de-obra, pela variabilidade de clientes, de prestadores de serviço e de situações que tipicamente ocorrem em situações reais; • A qualidade do pacote de serviços ofertada é freqüentemente e, em grande parte, intangível e, portanto difícil de medir e controlar. De acordo com Juran (1993), as características da qualidade, são identificáveis e são atributos necessários para a adequação ao uso, mesmo com as particularidades dos serviços. As características definidas por Juran, são: 43 Características Exemplo Psicológicas Comodidade, beleza De tempo Velocidade agilidade no atendimento Contratuais Cumprimento nos prazos de garantia Éticas Honestidade dos funcionários, cumprimento dos prazos acordados Tecnológicas Terminais de consulta e verificação sempre em funcionamento Quadro 1: Características da qualidade segundo Juran Gianezzi e Corrêa (1996) identificam os principais critérios de avaliação da qualidade do serviço, a partir dos consumidores, como: • CONSISTÊNCIA – Conformidade com experiência anterior; ausência de variabilidade no resultado ou processo. • COMPETÊNCIA – Habilidade e conhecimento para executar o serviço. Relacionamento com as necessidades "técnicas" dos consumidores. • VELOCIDADE DE ATENDIMENTO – Prontidão da empresa e seus funcionários em prestar o serviço. Relaciona-se com o tempo de espera (real e percebido). • ATENDIMENTO E AMBIÊNCIA – Atenção personalizada ao cliente; boa comunicação; cortesia; ambiente. • FLEXIBILIDADE – Ser capaz de mudar a adaptar a operação, devido a mudanças nas necessidades dos clientes, no processo ou no suprimento de recursos. • CREDIBILIDADE/SEGURANÇA – Baixa percepção de risco; habilidade de transmitir confiança. • ACESSO – Facilidade de contato e acesso; localização conveniente; horas de operação. 44 • TANGÍVEIS – Qualidade e/ou aparência de qualquer evidência física (bens facilitadores, equipamentos, instalações, pessoal, outros consumidores). • CUSTO – Fornecer serviços a baixo custo. Dada a importância da formação das expectativas do cliente para a avaliação que fará da qualidade do serviço que irá comprar, é útil que se analise como essas expectativas e características são formadas para que se possa avaliar o poder de atuação do fornecedor do serviço neste importante componente da avaliação feita pelo cliente e, conseqüentemente, de seu poder de competitividade. 4.4 MEDINDO QUALIDADE EM SERVIÇOS Os métodos de Controle de Qualidade, utilizados em produção de bens, não podem ser aplicados para a qualidade em serviços, segundo Berry e Parasuraman (1992), pois são diferentes na sua produção, consumo e avaliação. Em muitos serviços, a produção e o consumo são inseparáveis, os consumidores se encontram onde os serviços são produzidos, observando e avaliando o processo enquanto experimentam o serviço. Sendo intangíveis, os serviços constituem-se em performances e experiências, não sendo possível o estabelecimento de padrões para se alcançar a uniformidade de qualidade no processo de produção. Assim, há heterogeneidade na entrega dos serviços, sua performance varia de pessoa para pessoa, de consumidor para consumidor, de usuário para usuário e de dia para dia. 4.4.1 O instrumento SERVQUAL Para auxiliar a detectar as fontes dos problemas na qualidade dos serviços, Parasuramam; Berry; Zeithaml (1991) desenvolveram um modelo que concentra estes problemas em cinco lacunas conforme mostra a figura 4. O modelo parte da comparação do serviço percebido com o serviço esperado. Para tentar medir as lacunas existentes entre expectativas e percepções, Parasuraman; Zeithalm; Berry, em 1988, desenvolveram um instrumento para 45 medir a percepção dos consumidores da qualidade em serviços. Este instrumento, denominado de Escala SERVQUAL, tem sido usado produtivamente desde então, tendo um significativo número de estudos publicados. Baseados em publicações de outros pesquisadores a escala tem sido aperfeiçoada pelos autores. Algumas universidades americanas, pela necessidade de desenvolver alternativas para medir o desempenho das suas bibliotecas têm procurado adaptar o instrumento SERVQUAL nesse sentido. Para tal, são disponibilizados na Web vários modelos de questionários. Figura 4: Modelo da Qualidade de Serviços Os idealizadores da escala também apontam que o instrumento é aplicável em larga variedade de contextos de serviços, embora seja necessário reescrever e/ou aumentar alguns itens de acordo com a especificidade da sua aplicação. 46 Ainda segundo Berry e Parasuraman (1992), os verdadeiros padrões para se avaliar a qualidade em serviços são as expectativas dos clientes. Baseados em suas pesquisas, afirmam que nos diversos segmentos, os clientes avaliam a qualidade dos serviços comparando o que esperam com o que experimentam, ou ainda, afirmam que a qualidade percebida pelo cliente pode ser definida pela diferença existente entre as suas expectativas e suas percepções. Um dos resultados mais importantes obtidos pelos pesquisadores foi a explicitação dos critérios considerados pelos consumidores para avaliar a qualidade do serviço. Após análise das respostas dos consumidores às questões levantadas, foram identificados critérios gerais, que foram denominados de “dimensões”. São elas: • Tangíveis – aparência das instalações físicas e do pessoal; • Confiabilidade – habilidade para executar o serviço conforme o prometido e de forma acurada; • Receptividade – boa vontade em ajudar os clientes e prestar o serviço prontamente; • Garantia ou segurança – conhecimento e cortesia dos funcionários e sua habilidade de transmitir confiança e responsabilidade; • Empatia – atenção individual dada aos clientes. A Escala SERVQUAL, portanto, vem sendo aplicada amplamente pelas organizações prestadoras de serviços para medir a lacuna existente entre a expectativa do cliente e a sua real percepção do serviço que lhe é entregue. Pode-se, inclusive, afirmar que o SERVQUAL representou uma ruptura nos processos de avaliação de serviços e tornou-se um dos modelos mais utilizados, nas diversas áreas do conhecimento. Inaugurou-se, assim, uma nova etapa dos sistemas de avaliação, graças à flexibilidade para o refinamento do instrumento inicial que a metodologia permite. 47 Para Unidades de Informação, destaca-se o LibQUAL+3 que é um produto de uma parceria entre a Association of Research Libraries (ARL) e Universidade do Texas dos Estados Unidos da América, que busca estabelecer um programa de avaliação dos serviços oferecidos pelas bibliotecas, sob a perspectiva do usuário. O programa LibQUAL+ desenvolveu um rigoroso instrumento de pesquisa para ser aplicado via Web, que promove nas bibliotecas o acesso à qualidade na prestação de serviços, mudando comportamentos na cultura organizacional. Os principais objetivos do LibQUAL+ são prover uma cultura de excelência na provisão de serviços; auxiliar as bibliotecas a entender melhor a percepção dos usuários em relação à qualidade dos serviços prestados; coletar e interpretar as impressões dos usuários de forma sistemática; disseminar as melhores práticas entre as bibliotecas; desenvolver nas equipes bibliotecárias a habilidade de interpretar dados de pesquisa Na literatura nacional, pode-se observar um trabalho que teve como foco principal de testar e validar um instrumento que permita avaliar a qualidade percebida nos serviços da Biblioteca de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O instrumento elaborado e baseado no modelo LibQual+ foi testado com sucesso e mostrou-se como um instrumento confiável para avaliar as dimensões da qualidade percebida. A pesquisa utilizou oito dimensões da qualidade na elaboração do instrumento: Segurança; Biblioteca como Receptividade ambiente; ; e Empatia; Acesso às Confiabilidade Dependências e ou Disponibilidade; Flexibilidade; Rapidez; Acesso às Dependências e Acesso à Coleção. Um outro exemplo, bem sucedido, descrito na literatura é o PAQ – Programa de Avaliação da Qualidade – implantado pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade de São Paulo4. Também baseado no LibQual+, o programa utiliza-se de indicadores para avaliar os seguintes itens: comunicação, acesso, confiança, cortesia, efetividade, 3 LibQUAL+TM: Defining and Promoting Library Service Quality. Disponível em: www.libqual.org. Acesso em: 29 jun. 2004 4 PROGRAMA de Avaliação da Qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelo SIBI/USP – PAQ. Disponível em: www.usp.br/sibi. Acesso em: 30 jun. 2004. 48 eficiência, qualidade, resposta, tangibilidade, credibilidade, segurança, extensividade, garantia, satisfação do usuário, custo/benefício e tempo de resposta. Para cada indicador proposto, foi possível detectar os aspectos que são valorizados pelas diferentes categorias pesquisadas. Os idealizadores do PAQ concluíram que o exercício da definição de indicadores de qualidade constitui-se em estratégia viável e que a seleção de um universo de usuários mais assíduos e o conhecimento destes usuários quanto aos produtos/serviços e políticas adotadas pelas bibliotecas podem contribuir para uma prestação de serviços com padrões efetivos de qualidade (Vergueiro; Carvalho, 2001). 4.5 OS PROGRAMAS DE QUALIDADE EM SERVIÇOS Percebe-se que a maioria das teorias da qualidade foi desenvolvida para a indústria. Deming, por exemplo, desenvolveu suas proposições tendo em vista a retomada da produção da indústria japonesa. Notadamente, sua preocupação visava à sistematização e reorganização dos processos de produção, obtendo-se a qualidade por intermédio do controle estatístico desses processos. Tratava-se então de produzir artigos que se sobressaíssem em relação aos similares no mercado, atraindo e conservando clientes. Entretanto, convém destacar que as premissas da gestão da qualidade são igualmente aplicáveis tanto à área de produção como à de serviços. Por terem sido originadas na área de produção, isso não significa que as propostas da qualidade são incompatíveis com os serviços. Significa, no entanto, que “procedimentos de adaptação deverão ser desenvolvidos para a aplicação de suas proposições” (Vergueiro, 2002). Buscar a qualidade de um produto não é a mesmo que buscar a qualidade de um serviço, embora exista uma proximidade entre ambos no que diz respeito ao 49 resultado desejado. O quadro abaixo, proposto por MacDonald (1994) facilita o entendimento dessas diferenças, no qual são comparadas as características de produtos e serviços: PRODUTO SERVIÇO O cliente recebe um produto tangível na O cliente recebe um serviço intangível forma de bens que podem ser vistos e que pode satisfazê-lo ou não tocados Os bens permanecem com o cliente Os serviços são consumidos no momento de seu fornecimento A produção e entrega dos bens são A produção, entrega e consumo dos normalmente separados serviços ocorrem freqüentemente ao mesmo tempo Poucos produtores tem contato com os A maioria dos produtores tem contato clientes com os clientes O cliente raramente se envolve na O cliente é freqüentemente envolvido produção nos serviços Os bens podem ser objeto de serviço Os serviços já foram consumidos e não posterior de conserto e reparação podem ser reparados Os bens podem ser objeto de garantia, É difícil refazer os serviços que não mas o produto tem maior oportunidade atendem aos requisitos – o impacto para atenuar os efeitos no cliente e financeiro é normalmente total assim diminuir a penalidade financeira Os bens podem ser comprados para ser Os serviços não podem ser armazenados de modo a satisfazer às armazenados, mas podem ainda estar necessidades do cliente disponíveis para a demanda do cliente Os bens podem ser transportados para Alguns serviços são transportáveis, mas o ponto de venda a maioria requer o transporte do prestador de serviço É relativamente fácil para os clientes A qualidade do serviço depende mais avaliar a qualidade dos bens da percepção subjetiva e da expectativa Com freqüência, os bens são Os serviços parecem menos complexos tecnicamente complexos – o cliente – o cliente sente-se qualificado para sente-se mais dependente do produtor argumentar com o fornecedor Quadro 2: Características de produtos e serviços Segundo o autor, a análise de produtos e serviços evidencia que, sob vários aspectos, é mais difícil para quem disponibiliza um serviço atender às expectativas dos clientes, pois pode ter apenas uma oportunidade para isso. Muitas vezes, um cliente que recebeu um serviço considerado insatisfatório 50 jamais retorna, frustrando novas tentativas de reverter os resultados efeitos da primeira atuação. Além dos pontos levantados acima, é observado que outra diferença fundamental entre a área de produção e a de serviços diz respeito à filosofia de atuação de ambas. Para o autor, enquanto a área industrial orienta-se primordialmente pelo capital ou pelo equipamento, a área de serviços deve orientar-se pelas pessoas, o que colocará problemas totalmente diferentes e inesperados para os administradores.. Em organizações voltadas para a produção, têm mais valor as habilidades técnicas do pessoal e o treinamento por eles recebido, existindo menor variação nos resultados. Em organizações de serviço, por outro lado, devem predominar as habilidades e competências pessoas, as capacidades interpessoais, a educação do pessoal, e haverá, certamente, uma maior variação nos resultados. Esta distinção é extremamente importante para a área de informação, pois influenciará a forma como a GQT será implantada, bem como a percepção e avaliação de seu sucesso. Convém destacar que enquanto a avaliação da qualidade em áreas de produção é realizada através de diversos elementos tangíveis que permitem verificar o quanto o produto atende às especificações estabelecidas para ele, a qualidade em serviços é mensurada principalmente através da percepção que os clientes têm sobre o serviço recebido. VERGUEIRO (1998) muito oportunamente lembra que: ...sob certos aspectos, os serviços de informações podem algumas vezes ser equiparados àquelas organizações produtoras de “papéis”, em que essa percepção da qualidade baseia-se em algo concreto, normalmente um pacote de informações que se consubstanciam como relatórios de consultoria, manuais, contratos, políticas, diagnósticos, especificações etc. – no caso dos serviços de informação teríamos a produção de bibliografias, catálogos, listas, bases de dados etc. Mas mesmo quando esses elementos tangíveis estão presentes, a percepção da qualidade dos serviços irá depender em grande parte da percepção do cliente a respeito deles. 51 A literatura mostra várias tentativas –e iniciativas – de se buscar modelos para determinação da percepção dos clientes sobre a qualidade nos serviços. Alguns instrumentos foram especificamente elaborados para isso. Cita-se como exemplo a Escala SERVQUAL, descrita no item 4.4.1 deste trabalho. Outra questão em relação à qualidade em serviços diz respeito às dificuldades encontradas para implementá-la em serviços da administração pública. Embora praticamente todos os elementos de um programa de qualidade possam ser aplicados aos serviços prestados na área pública, haverá dificuldades variadas quando aplicados neste segmento. É provável que isto ocorra, em parte, porque a filosofia de trabalho dos profissionais do serviço público é diferente dos da área privada. Em organizações do setor público não existe uma motivação de lucro monetário como existente em organizações de serviço da iniciativa privada, ou, pelo menos, o vínculo entre as despesas para a prestação de serviços e a efetiva sobrevivência da organização. 4.6 QUALIDADE EM SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E UNIDADES DE INFORMAÇÃO É fato que os serviços de informação já não podem mais justificar sua necessidade apenas pelo aspecto teórico da importância da informação, mas fazse necessário agregar a esse discurso, dados objetivos que justifiquem sua necessidade para as instituições as quais elas estão subordinadas, particulares, ou públicas, bem como os gastos por elas realizados. A gerência dessas unidades deve se preocupar com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos seus usuários. Esta deve ser a tônica de sua atuação e para alcançar o aumento da qualidade e produtividade deve-se, a grosso modo, identificar e eliminar todos os obstáculos. É um processo que não se esgota em uma ou outra avaliação, mas representa o acompanhamento planejado e sistemático na busca contínua pela excelência. 52 “A avaliação das atividades informacionais de uma biblioteca ou um sistema de informação não pode ser apenas um fator de estudo, mas deve se constituir em um instrumento vital para a gestão, que precisa ser inserida em todos os setores de uma unidade, avaliando-se as atividades em seu conjunto, ou em algumas atividades específicas”. (Ramos et al, 1999, p. 59) No que se refere à gestão das bibliotecas universitárias a administração e o controle da qualidade tem se tornado conceitos relevantes (Bachmann, 2002). Muitas dificuldades são encontradas na aplicação destes conceitos em unidades de informação vinculadas a instituições de ensino superior. Entre elas, pode-se citar os poucos recursos para investimentos na área. Conforme Di Chiara et al. (1998), as bibliotecas universitárias são classificadas como organizações sem fins lucrativos que tratam de bens e serviços cuja prioridade é atender as necessidades de seus usuários. Nessas organizações, o critério de desempenho não é o lucro monetário, mas como seus clientes são servidos (Megginson et al., 1986). Atualmente, em termos conceituais, nas unidades de informação os usuários podem ser classificados como clientes. O nível de satisfação do cliente é praticamente o único critério de julgamento da qualidade em serviço. Como nem todos os determinantes da qualidade podem ser medidos quantitativamente, alguns podem ser medidos por meio de julgamento de adequação, que, conceitualmente, são medidas obtidas por meio de levantamento junto aos clientes, num esforço de quantificar as percepções dos clientes em cada “momento da verdade”, resultando em indicadores da qualidade percebida. Dessa forma, obtêm-se subsídios para mensurar o desempenho da organização (Moreira, 1996). É importante ressaltar que todas as medidas devem apresentar as seguintes características: • Confiabilidade – pois os instrumentos de medida devem sempre atribuir o mesmo valor a algo invariável que está sendo medido; • Validade – devem medir aquilo que realmente se propõe; 53 • Relevância – garantindo o fornecimento de informações úteis, que não podem ser substituídas por outras medidas que já estão sendo usadas; e, • Consistência – garante um certo grau de equilíbrio em relação aos objetivos do sistema de medidas e coerência com as demais medidas utilizadas. Verifica-se que muitos trabalhos foram realizados com o intuito de fornecer subsídios para implementação da gestão estratégica, investigando quais as expectativas dos usuários em relação aos serviços prestados pelas unidades de informação. Beluzzo e Macedo (1995) afirmam que: O estabelecimento de padrões é, portanto, a condição essencial para um programa de garantia de qualidade e, para tanto, parece haver três situações na literatura compulsada[...] Olhar ao redor para detectar os problemas e tentar sua solução em termos do estabelecimento de alvos[...] Fazer um levantamento para verificar as expectativas e necessidades dos usuários e torná-las o alvo dos padrões[...] Fazer uma análise de cima para baixo do serviço da biblioteca, desde o estabelecimento da missão, objetivos gerais e específicos, serviços oferecidos, até a determinação dos alvos e processos para alcançá-los. Vergueiro (1998), entretanto afirma que existem muitas limitações para a aplicação da qualidade total em uma área específica da organização, na medida em que a GQT é uma forma de gestão global e sistêmica, que compreende todos os processos da organização, ligados diretamente a seu produto e/ou serviço final. Enfatizando, Rocha e Gomes (1993) afirmam que: Nesse caso não se adota o conceito de qualidade total, também entendida como o envolvimento de toda a organização. Entretanto, pode-se dirigir esforços para se alcançar qualidade total sob as premissas da qualidade intrínseca do produto, do custo, do atendimento, da infraestrutura, do moral da equipe, do atendimento e da segurança dos clientes internos e externos. 54 Nem sempre, infelizmente, esta questão está suficientemente clara em algumas iniciativas de melhoria da qualidade. Nota-se, na literatura estudada, uma tendência para aplicar técnicas os ferramentas relacionadas a GQT e nomear essas iniciativas de implantação de qualidade total, muitas vezes sem uma vinculação clara a um sistema de qualidade implantado na organização na qual o serviço de informação está vinculado, o que, segundo as premissas conceituais deste trabalho é muito relevante. Portanto, tomando por base a literatura estudada, observa-se que há escassez de contribuições que enfoquem a implantação da qualidade total em todos os seus aspectos constituintes. Segundo Vergueiro (1988), pode-se afirmar, em vista disso, que prevalece uma prática de aplicação pontual de propostas ou técnicas específicas de GQT, sem que haja um compromisso efetivo com o estabelecimento de um programa mais completo ou que, muitas vezes, essa limitação esteja claramente colocada. Analisando por outro viés, entende-se que qualquer experiência efetiva de aplicação de conceitos de gestão da qualidade total em serviços de informação deve ser alicerçada por um ponto considerado fundamental: a identificação das necessidades dos clientes. A análise desse ponto é fundamental para a implantação da gestão da qualidade total em serviços de informação ou mesmo para aplicação de técnicas relacionadas com a melhoria dos produtos e serviços oferecidos. 55 5 MODELOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE A constante busca pela qualidade e pelo reconhecimento da organização é conseqüência da nova ordem mundial. Desta forma, alguns programas foram criados com o intuito de proporcionarem, além de um sistema de avaliação da organização, uma ferramenta que pudesse auxiliá-las no processo de melhoria da qualidade. Este tópico lista os modelos utilizados como referenciais no desenvolvimento das atividades do presente trabalho, além de contemplar alguns dos modelos utilizados como padrão de avaliação da qualidade em outros países. 5.1 OS PRÊMIOS NACIONAIS DE QUALIDADE A qualidade é conceito de uso universal nas organizações e sua utilização é variada e abrangente. O movimento das empresas em direção a obtenção de resultados em processos com a visão de premiação e reconhecimento dos esforços pela qualidade, é de longa data no mundo. Os prêmios nacionais de qualidade são prêmios criados em diversos países com o objetivo de incentivar empresas à melhoria constante. Têm como premissa que a avaliação de uma organização com vista à premiação é uma forma de avaliação da adequabilidade da empresa aos crescentes desafios da competitividade. 56 A grande maioria das nações tem seus programas de avaliação baseados nos modelos desenvolvidos no Japão o qual é denominado de Prêmio Deming e nos EUA o Prêmio Malcom Baldrige. No entanto cada país tem desenvolvido e adaptado seus modelos aos seus padrões e suas realidades, sendo que atualmente alguns dos principais Prêmios Nacionais são os seguintes: • Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ Brasil; • Prêmio Britânico da Qualidade; • Prêmios da Excelência industrial do Canadá; • Prêmio Deming – Japão; • Prêmio Nacional da Qualidade da França; • Prêmio Europeu da Qualidade (Para empresas com sede na Europa Ocidental); • Prêmio Nacional da Qualidade Malcom Baldrige – Estados Unidos. No Brasil, o Governo Federal tem se preocupado em incentivar a qualidade das empresas do setor público e privado, tendo instituído o Prêmio Nacional de Qualidade; da mesma forma, alguns estados, como os do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, instituíram prêmios próprios. 5.1.1 Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ Em 1991 foi lançado o Prêmio Nacional da Qualidade, que a exemplo de outros prêmios, tem por objetivo premiar as empresas que se distinguem dentro de padrões de implantação da qualidade. Essa premiação tem um objetivo maior de disseminar os conceitos básicos para se atingir a excelência em qualidade, divulgar informações sobre as experiências de Gerenciamento pela Qualidade Total bem sucedidas e fortalecer a idéia de que qualidade total é requisito básico para as empresas que querem manter-se competitivas. Em outubro de 1991, foi instituída a Fundação Prêmio Nacional de Qualidade, para administrar o Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ e todas as atividades 57 decorrentes do processo de premiação. O primeiro ciclo ocorreu em 1992 e seguiu integralmente os critérios do Prêmio Malcoln Baldrige. O documento “Critérios de Excelência – 1999”, apresenta a razão da escolha desse prêmio como referência: O modelo Baldrige teve preferência sobre os demais por estabelecer seus critérios de avaliação sem prescrever metodologias e ferramentas específicas de gestão. Além disso, uma ampla bibliografia disponível sobre o mesmo facilitou sua aplicação. (FPNQ, 1998) Outras influências foram: Em 1993, também nos aproximamos da European Foundation for Quality Managemente – EFQM administradora do prêmio europeu, o que possibilitou uma coleta adicional de valiosos subsídios. Em 1994, houve uma aproximação maior com o Swedish Institute for Quality – SIQ e com o Mouvement Français pour la Qualité – MFQ, que administram, respectivamente, os prêmios sueco e francês. Também em 1994 os prêmios sul-americanos forneceram subsídios adicionais. (FPNQ, 1998) Em 1995 foram feitas alterações significativas do modelo Baldrige, visando adequá-lo às mudanças nas “tecnologias gestão das organizações” (FPNQ, 1999). Observa-se ai mudanças de objetivos do prêmio, como o desaparecimento das referências a GQT. Em 1997, atendendo uma solicitação do Governo Federal, o prêmio passa a contar com a categoria de Premiação “Órgão da Administração Pública do Poder Executivo Federal”. Apesar da introdução desta categoria no PNQ, até o ciclo de 1999, nenhuma empresa pública recebeu a premiação. De 1998 a 2002 a FPNQ participou e promoveu ativamente diversos eventos técnico-científicos que permitiram a troca de experiências com representantes de outras entidades organizadoras de prêmios, pode-se verificar as tendências e os novos conceitos de gestão em vigor nos países do primeiro mundo. Ainda em 2002 a FPNQ passa a integrar um sub comitê técnico da ISO/TC176 que deverá discutir a influência dos Modelos de Excelência na ISO 9004:2000. 58 De posse de toda essa bagagem os Critérios de Excelência forma evoluindo ano após ano e, atualmente, seguem as seguintes premissas: • Os Critérios de Excelência devem, permanentemente, espelhar o Estado da Arte da Gestão, e; • Os Critérios de Excelência devem ser claros e de fácil entendimento, com o objetivo de serem utilizados por qualquer tipo de organização, independentemente do porte, do segmento de atuação e de serem públicas ou privadas. Figura 5: Modelo de Excelência do PNQ: Uma visão sistêmica da organização Fonte: FPNQ, 2004. Os critérios do PNQ estão voltados principalmente para os resultados da organização em termos de satisfação de seus clientes, desempenho financeiro, de fornecedores e parceiros, gestão de pessoas, responsabilidade social e resultados relativos a seus produtos e processos organizacionais. 59 Para 2004, os Critérios de Excelência foram mantidos com a mesma estrutura de 2003, para “permitir às organizações, a continuidade do seu processo de melhoria da gestão e maior precisão na aferição dos resultados das suas ações implementadas”.(FPNQ, 2004). O PNQ permite que haja uma ampla troca sobre os métodos e sistemas de gestão que alcançaram sucesso e sobre os benefícios decorrentes da utilização decorrente dessas estratégias. Convém destacar que além de concorrer ao prêmio, as organizações utilizam-se dos critérios do PNQ para realizarem a sua auto-avaliação, servindo também como meio para a elaboração do planejamento estratégico, treinamento e ações para que a Gestão da Qualidade Total seja implantada. A avaliação é feita principalmente em cima do Relatório de Gestão, que é elaborado anualmente pelas organizações candidatas ao prêmio. O PNQ utilizase de um sistema de pontuação para realizar esta avaliação, abaixo descrito: Critérios e Itens 1 Liderança 1.1 Sistema de Liderança 1.2 Cultura da Excelência 1.3 Análise crítica do desempenho global Pontuação Máxima 100 30 40 30 2 Estratégias e Planos 2.1 Formulação das estratégias 2.2 Desdobramento das estratégias 2.3 Planejamento da medição do desempenho 90 30 30 30 3 Clientes 3.1 Imagem e conhecimento de mercado 3.2 Relacionamento com clientes Sociedade 4.1 Responsabilidade socioambiental 4.2 Ética e desenvolvimento social 60 30 30 60 30 30 5 Informações e Conhecimento 5.1 Gestão das informações da organização 5.2 Gestão das informações comparativas 5.3 Gestão do capital intelectual 60 20 20 20 6 Pessoas 6.1 Sistemas de trabalho 6.2 Capacitação e Desenvolvimento 6.3 Qualidade de vida 90 30 30 30 4 60 7 8 Processos 7.1 Gestão de processos relativos ao produto 7.2 Gestão de processos de apoio 7.3 Gestão de processos relativos aos fornecedores 7.4 Gestão econômico-financeira 90 30 20 20 Resultados 8.1 Resultados relativos aos clientes e ao mercado 8.2 Resultados econômico-financeiros 8.3 Resultados relativos às pessoas 8.4 Resultados relativos aos fornecedores 8.5 Resultados dos processos relativos ao produto 8.6 Resultados relativos à sociedade 8.7 Resultados dos processos de apoio e organizacionais 450 100 Total de pontos possíveis 20 100 60 30 80 30 50 1000 Quadro 03: Lista dos critérios, itens e pontuações máximas – 2004 (FPNQ, 2004) 5.2 PROGRAMA DA QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO – PQSP A qualidade já se consolidou como um dos temas centrais em todas as organizações em função do aumento do nível de exigência dos cidadãos, da necessidade de aumento de efetividade nos serviços públicos decorrente da escassez de recursos e mudança no papel do estado imposta pela crise estrutural que atingiu os países na última década. A mudança do modelo de administração pública de burocrática para gerencial, imposta por essa mudança faz com que a adoção de programas de qualidade seja estimulada e fortalecida. Neste cenário, o Programa da Qualidade no Serviço Público – PQSP – foi concebido no contexto do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP. Este tem como propósito transformar as organizações públicas, procurando torná-las cada vez mais preocupadas com o cidadão e não, apenas, com os seus processos burocráticos internos. E, em se tratando dos resultados, estes devem estar sempre ligados ao interesse público, isto é, a sociedade, e não apenas ao interesse dos servidores e das instituições. Uma das premissas básicas e o principal foco de atuação do Programa da Qualidade no Serviço Público é elevar o padrão dos serviços prestados ao 61 cidadão e, ao mesmo tempo, tornar o cidadão mais exigente em relação aos serviços públicos a que tem direito. Para isso, as ações do Programa se desenvolvem, principalmente, no espaço em que a organização pública se relaciona diretamente com o cidadão, seja na condição de prestadora de serviço, seja na condição de executora da ação do Estado. O Programa atua mobilizando e sensibilizando as organizações para a melhoria da qualidade da gestão pública e do desempenho institucional. Atua, também, junto aos cidadãos, procurando torná-los participantes das atividades públicas, desempenhando o papel de avaliadores dos serviços e das ações do Estado. Observa-se que um programa como este, permite a internalização dos princípios da administração pública gerencial, voltada para o cidadão e orientada para os resultados. 5.2.1 Prêmio Qualidade do Governo Federal –PQGF Uma das suas estratégias de ação do Programa da Qualidade no Serviço Público foi a implementação, em março de 1998, do Prêmio Qualidade do Governo Federal – PQGF que tem por finalidade reconhecer e premiar as organizações públicas que comprovem alto desempenho institucional, com qualidade em gestão. O PQGF tem como principais objetivos: a) Reconhecer formalmente os resultados alcançados pelas organizações com a implementação da Gestão Pública pela Qualidade. b) Estimular órgãos e entidades da administração pública brasileira a priorizarem ações voltadas para a melhoria da gestão e do desempenho institucional. 62 c) Disponibilizar para as organizações informações sobre práticas bem sucedidas da gestão pública empreendedora. No quadro abaixo, estão registrado os três principais “momentos” da evolução do Prêmio: Fig. 6: Os “três momentos” do PQGF (PQGF, 2004) O processo de avaliação da gestão de cada candidata tem por base o Modelo de Excelência em Gestão Pública. Esse Modelo está alinhado com o “estado da arte” da gestão contemporânea, ao mesmo tempo em que responde às exigências próprias da natureza pública das organizações públicas brasileiras. Dessa forma, o Prêmio Nacional da Gestão Pública tem mantido as características universais da gestão de excelência que o identifica com os modelos de gestão utilizados pelos setores público e privado em mais de 60 países. Podem aderir ao Programa da Qualidade no Serviço Publico – PQSP as organizações públicas brasileiras, ou suas unidades, dos níveis federal, estadual e municipal, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 63 5.2.1.1 O MODELO DE EXCELÊNCIA O Modelo de Excelência em Gestão Pública foi concebido a partir da premissa de que é preciso ser excelente sem deixar de ser público. Esse Modelo, portanto, deve estar alicerçado em fundamentos próprios da gestão de excelência contemporânea e condicionado aos princípios constitucionais próprios da natureza pública das organizações. Juntos, definem o que se entende hoje por excelência em gestão pública. Os princípios constitucionais encontram-se no Artigo 37 da Constituição Federal5: a gestão pública para ser excelente tem que ser legal, moral, impessoal, pública e eficiente. • Legalidade: estrita obediência à lei; nenhum resultado poderá ser considerado bom, nenhuma gestão poderá ser reconhecida como de excelência à revelia da lei. • Moralidade: pautar a gestão pública por um código moral. Não se trata de ética (no sentido de princípios individuais, de foro íntimo), mas de princípios morais de aceitação pública. • Impessoalidade: não fazer acepção de pessoas. O tratamento diferenciado restringe-se apenas aos casos previstos em lei. A cortesia, a rapidez no atendimento, a confiabilidade e o conforto são requisitos de um serviço público de qualidade e devem ser agregados a todos os usuários indistintamente. Em se tratando de organização pública, todos os seus usuários são preferenciais, são pessoas muito importantes. • Publicidade: ser transparente, dar publicidade aos dados e fatos. Essa é uma forma eficaz de indução do controle social. • Eficiência: fazer o que precisa ser feito com o máximo de qualidade ao menor custo possível. Não se trata de redução de custo a qualquer custo, mas de buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto. 5 Brasil. Constituição (1988). Constituição federal. 4.ed.rev.atual. São Paulo, SP: Revistas dos Tribunais, 1999. 64 Orientados por esses princípios constitucionais, integram a base de sustentação do Modelo de Excelência em Gestão Pública os fundamentos apresentados a seguir. Figura 7: Fundamentos da Excelência em Gestão Pública (FPGF, 2004) Excelência em gestão pública pressupõe atenção prioritária ao cidadão e à sociedade na condição de usuários de serviços públicos e destinatários da ação decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas. As organizações públicas, mesmo aquelas que prestam serviços exclusivos de Estado, devem submeter-se à avaliação de seus usuários, obtendo o conhecimento necessário para gerar produtos e serviços de valor para esses cidadãos e com isso proporcionar-lhes maior satisfação. Este fundamento envolve não apenas o cidadão individualmente, mas todas as formas pelas quais se faça representar: empresas, associações, organizações e representações comunitárias. No tocante às Bibliotecas Universitárias das Instituições Federais de Ensino Superior – IFES, por estarem inseridas na área pública, poderiam , a partir das premissas do PQGF inicIar um processo de busca da qualidade calcado nas medidas e padrões estabelecidos pelo programa. 65 É importante ressaltar que um processo de transformação efetiva, em qualquer área do setor público, para acontecer, é imperativo que seus clientes sejam considerados os maiores interessados. Esses clientes, por sua vez, podem ser tanto receptores dos produtos e serviços gerados pela organização como também um cidadão, que simplesmente está preocupado com a performance geral, com o intuito de ter certeza que o imposto pago por ele está mesmo sendo utilizado de forma apropriada. Outro aspecto importante a ser considerado nas bibliotecas universitárias das IFES é a ralação entre a qualidade e a questão da cidadania. A conscientização do cidadão sobre seus direitos é item fundamental para elevar a taxa de satisfação dos clientes/usuários da universidade pública. Torna-se evidente que o modelo de programa de qualidade a ser seguido ou adotado no Serviço Público – uma Universidade, por exemplo – não pode negligenciar aspectos peculiares a cada organização tais como, a cultura organizacional, disponibilidade de recursos, autonomia, entre outros. 66 6 A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES EM PROGRAMAS DA QUALIDADE O significado da palavra indicador é originário do Latim que significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. Os indicadores podem informar ou até mesmo orientar para um determinado objetivo. Mas também podem ser entendidos como um recurso que deixa mais perceptível uma tendência ou fenômeno que não seja imediatamente detectável (Hammond et al., 1995). Para Hammond et al. (1995), a partir de um certo nível de agregação ou percepção, indicadores podem ser definidos como variáveis individuais ou uma variável que é função de outras variáveis. A função pode ser simples como uma (a) relação, que mede a variação da variável em relação a uma base específica, um (b) índice, um número simples que é uma função simples de duas ou mais variáveis, ou (c) complexa, como o resultado de um grande modelo de simulação. Na Figura 3 é apresentada a relação entre dados primários e indicadores no que é denominada pirâmide de informações Neste contexto, qualquer variável e, conseqüentemente, qualquer indicador, descritivo ou normativo, têm uma significância própria. A mais importante característica do indicador, quando comparado com os outros tipos ou formas de informação, é a sua relevância para a política e para o processo de tomada de decisão. Para ser representativo neste sentido, o indicador tem que ser considerado importante tanto pelos tomadores de decisão quanto pelo público (Gallopin apud Bellen, 2002). 67 Cabe ainda ressaltar que na classificação dos tipos de indicadores, segundo Moreira (2002), a mais comumente utilizada são os: • Indicadores qualitativos - indicando um juízo de valor e pode contar com um critério sim ou não, passa ou não passa, aceita ou rejeita; • Indicadores quantitativos – que relatam um processo organizacional a partir da coleta de valores numéricos representativos do processo considerado. Os indicadores possibilitam o estabelecimento de metas quantificadas e o seu desdobramento na organização, bem como a análise crítica do desempenho organizacional, para as tomadas de decisões. São formas de representação quantificáveis das acompanhamento, características deve de demonstrar produtos níveis, e processos. tendências e E o seu comparações (Takashina; Flores, 1996). Freqüentemente, no desenvolvimento dos sistemas de informações, realiza-se a geração dos indicadores. Este processo deve possuir critérios, evitando medições inexpressivas, de difícil entendimento e a um custo elevado. Evitando estes problemas, Takashina e Flores (1996, p. 25), mostram alguns critérios na geração de um indicador, tais como: • Critério da seletividade ou importância, que procura captar uma característica chave do produto ou do processo; • O critério da simplicidade e clareza, que facilita a compreensão e aplicação em diversos níveis da organização, numa linguagem acessível; • O critério da abrangência, que torna o indicador suficientemente representativo, inclusive em termos estatísticos, do produto ou do processo a que se refere; • O critério da rastreabilidade e acessibilidade, que permite o registro e a adequada manutenção e disponibilidade dos dados, resultados e memórias de cálculo, incluindo os responsáveis envolvidos. Este critério é essencial a pesquisa dos fatores que afetam o indicador; 68 • O critério da comparabilidade, que facilita a comparação com referências apropriadas, tais como o melhor concorrente, a média do ramo e o referencial de excelência; • O critério da estabilidade e rapidez de disponibilidade, que leva a uma condição perene. Gerado com base em procedimentos padronizados, incorporados às atividades dos executantes, este critério permite fazer uma previsão do resultado quando o processo está sob controle; • O critério do baixo custo de obtenção, que procura utilizar unidades adimensionais ou dimensionais simples, tais como proporção ou percentual unidade de tempo, taxa de variação, relação entre dois fatores etc. Resumidamente o papel principal dos indicadores é o de acumula, quantificar e representar as informações de uma maneira que seu significado fique mais aparente. Os indicadores sintetizam as informações sobre os mais diversos eventos tentando deixar estes mais compreensível e quantificável. 6.1 TIPOS DE INDICADORES Campos (1992) afirma que os indicadores são formas de representação quantificável de características de produtos e processos, utilizados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo. Na literatura, são descritos os seguintes os tipos de indicadores: a) Indicadores Estratégicos: informam “quanto” a organização se encontra na direção da consecução de sua Visão. Refletem o desempenho em relação aos Fatores Críticos de Sucesso. b) Indicadores de Produtividade (eficiência): medem a proporção de recursos consumidos com relação às saídas dos processos. c) Indicadores de Qualidade (eficácia): focam as medidas de satisfação dos clientes e as características do produto/serviço. 69 d) Indicadores de Efetividade (impacto): focam as conseqüências dos produtos/serviços (fazer a coisa certa da maneira certa). e) Indicadores da Capacidade: medem a capacidade de resposta de um processo através da relação entre as saídas produzidas por unidade de tempo. 6.2 FINALIDADE DOS INDICADORES O indicador de qualidade é o termômetro que permite à alta administração auscultar o diálogo ambiente externo/empresa, particularmente aquele exercido entre as linhas de negócios e seus clientes/consumidores. Desta forma, a tomada de decisão pelos executivos das entidades é exercida com mais consciência e objetividade, no sentido do binômio "lucro/superávit - continuidade operacional". (Gil,1992). Eis algumas de suas finalidades: • Internalizar nas organizações as necessidades e expectativas dos clientes; • Possibilitar o desdobramento das metas do negócio; • Embasar a análise crítica dos resultados do negócio e do processo de tomada de decisão; • Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; • Facilitar o planejamento e o controle do desempenho, pelo estabelecimento de métricas-padrão e pela apuração dos desvios ocorridos com os indicadores; e • Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização em negócios diversificados. Indicadores da qualidade são elementos que medem os níveis de eficiência e eficácia de uma organização, ou seja, medem o desempenho dos processos produtivos relacionados à satisfação dos clientes. Segundo a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, o termo "Indicadores de Desempenho" apresenta o seguinte conceito: "Uma relação matemática que mede, numericamente, 70 atributos de um processo ou de seus resultados, com o objetivo de comparar esta medida com metas numéricas preestabelecidas" (FPNQ, 1999). A avaliação da qualidade permite que uma organização, através de indicadores relativos aos clientes externos e internos, aos produtos, aos serviços, aos elementos operacionais e financeiros possam medir seu desempenho. De acordo com Gil (1992), estes indicadores devem apresentar as seguintes características: a. Devem refletir a visão do cliente, ou seja, devem possibilitar a verificação da qualidade sob a percepção do cliente. Estes indicadores devem refletir como o produto está sendo usado no seu destino e o seu encaixe na cadeia de valor do cliente; b. Devem indicar o nível de utilização de recursos, isto é, possibilitam a constatação da ocupação da capacidade produtiva da organização e a definição do melhor "mix" de produção, ou seja, quais itens, quanto e quando produzir determinados produtos para melhor dimensionar os recursos produtivos. Estes indicadores são calculados pela relação entre a capacidade instalada de produção e o nível de ocupação desta; c. Devem ser sensíveis às variações do processo, de forma a indicar se os produtos estão sendo fabricados dentro das especificações projetadas, ou se, com a prática, o processo produtivo foi aperfeiçoado no sentido de estreitar os limites de tolerância; d. Devem ser objetivos e facilmente mensuráveis. A objetividade de um indicador está na sua característica de representar, para quem está acompanhando, a perda ou ganho, a qualidade ou níveis de defeito, com seu desvio; e. Devem fornecer respostas na periodicidade adequada. Isto representa a capacidade de um indicador fornecer respostas antes que o processo por ele medido gere perdas para a organização; f. Devem estar próximos ao ponto de ocorrência do problema, ou seja, devem estar disponíveis para quem precisa tomar decisões no processo. Entretanto, os indicadores de qualidade podem perder sua capacidade de retratar a realidade da qualidade organizacional, ou seja, podem perder sintonia com 71 ações de qualidade e pontos/situações de revisão da qualidade. Desta forma, a visão de ciclo de vida do indicador se instala. A sensibilidade e análise constantes do ciclo de vida de um indicador de desempenho, a cada estágio, é tarefa crucial para os programas de qualidade organizacional, principalmente, porque a qualidade é medida por uma família de indicadores em estágios diferentes de vida. 6.3 O CLIENTE COMO REFERENCIAL NA DEFINIÇÃO DE INDICADORES As organizações estão cientes que os resultados financeiros e a expansão de seus mercados são decorrência da satisfação de seus clientes. Entretanto, a busca da satisfação implica conhecer de forma aprofundada as expectativas e requerimentos que o mercado exige. Desta forma surgem a cada dia novas estratégias e programas da qualidade com traços comuns, voltados para a excelência dos serviços e plena satisfação dos clientes. Surge assim, a necessidade da medição da satisfação dos clientes. De acordo com alguns gerentes um elemento abstrato, intangível e subjetivo? Diversos são os programas da qualidade que apresentam como objetivo principal a avaliação da qualidade das empresas segundo os clientes. O Prêmio Nacional da Qualidade é um destes programas a nível nacional que reconhece a qualidade das empresas através de parâmetros ou critérios de avaliação no qual se destaca o "Foco no cliente e no mercado". De acordo com os "Critérios de Avaliação" publicado pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, o tópico “Resultados relativos à satisfação dos clientes e ao mercado” requer que sejam apresentados resultados dos indicadores pertinentes, utilizados para medir o desempenho da organização, tal como é vista pelo cliente. Esses indicadores incluem: satisfação dos clientes, insatisfação dos clientes, fidelidade, retenção, conquista e perda de clientes e suas contas, o valor do produto na percepção do cliente, prêmios competitivos, classificações e reconhecimento dos clientes e de organizações independentes. 72 Segundo a FNPQ, os resultados de satisfação dos clientes podem ser obtidos através de canais facilitadores do acesso às informações, assistência, sugestões e/ou reclamações. Na pratica estes canais de acesso podem incluir: • Centrais ou serviços de Atendimento aos Clientes (CAC ou SAC), que utilizem ou não de números telefônicos gratuitos; • Acessos via Fax, carta ou Internet, tais como: "Fale com o Presidente", folhetos de sugestões, pesquisas de opinião; e • Ouvidor (ombudsman), entre outros. É de suma importância que a existência desses canais seja efetivamente comunicada aos clientes, por exemplo, através de folhetos explicativos, rótulos de produtos, campanhas publicitárias e através dos representantes da empresa. A avaliação da satisfação dos clientes (FNPQ, 1998), pode incluir tanto escalas numéricas de graduação, quanto escalas descritivas. Uma avaliação eficaz da satisfação do cliente fornece informações confiáveis sobre o grau de importância dado pelo cliente a cada uma das características relevantes dos produtos e dos serviços associados e sobre o relacionamento existente entre essa graduação e as prováveis ações futuras desse cliente, como recompra ou referências positivas para a organização. Dentre as características relevantes, podem ser incluídos o "preço" e o "valor do produto para o cliente". Os questionários de pesquisa, os grupos de foco e as entrevistas com os clientes são métodos usualmente utilizados para a obtenção de informações relativas à satisfação dos clientes. Segundo Whiteley (1999), há cinco questões que todas as empresas devem fazer a seus clientes para chegar a uma estratégia que produza resultados excepcionais – sem cair na tentação de responder o nome deles. São os seguintes: 1. Quais são suas necessidades e expectativas? 2. O que é mais importante entre essas necessidades? 3. Como vocês nos avaliam? 4. Como avaliam nossos concorrentes? 5. O que podemos fazer para superar suas expectativas? 73 Para intensificar a satisfação e estabelecer parcerias com os clientes, a existência de um processo de avaliação estruturado é vital para garantir o efetivo uso das informações obtidas, melhorando os processos e, portanto, o relacionamento e a satisfação dos clientes. Desta forma este trabalho direciona diversas ações voltadas à avaliação de resultados organizacionais baseadas nos clientes, através da proposta de metodologia da avaliação do desempenho com o uso de indicadores em empresas de serviços. 6.4 INDICADORES DE QUALIDADE EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS O uso de indicadores consistentes é condição sine qua non para implantação de um programa de gestão da qualidade em bibliotecas, cujos critérios de qualidade devem ser percebidos e implementados mediante o estabelecimento de metas. Para a adoção de indicadores, Belluzzo (1998) destaca que “seja feita uma análise de cima para baixo do trabalho da biblioteca [...] desde sua missão, objetivos, serviços oferecidos até a determinação de metas a serem alcançadas”. Devem ser feitos também levantamentos para verificação das expectativas e das necessidades dos usuários, tornando-os alvo dos padrões. Para que se obtenha a garantia da qualidade na implantação de um programa nas bibliotecas é necessário que os bibliotecários desenvolvam padrões, medidas e indicadores dentro de suas unidades, tendo como alvo as necessidades dos usuários como também, promovam a sensibilidade da equipe, implantando treinamento contínuo para que as atividades técnicas sejam bem executadas, permitindo ainda que sejam utilizadas adequadamente as estatísticas como parâmetros de avaliação para determinação de indicadores “bons” – da qualidade – ou “ruins” – da não qualidade – através da interação com seus clientes, transformando suas expectativas em medidas quantitativas e qualitativas. Percebe-se na literatura nacional sobre a qualidade em serviços de informação, que os indicadores recebem tradicionalmente a denominação de padrões. Portanto, é comum se falar aleatoriamente em diretrizes, medidas, padrões ou 74 indicadores de desempenho, sempre procurando fazer referências a expressões objetivas que permitem a avaliação dos serviços prestados. O interesse pela prática e aplicação de indicadores de qualidade na área de informação pode ser facilmente entendida: muitas das práticas da Gestão da Qualidade encontram respaldo na prática bibliotecária. De uma maneira ou de outra, padrões de desempenho, estudos de uso e de usuários, avaliação de coleções, performance do processo de recuperação da informação em bases de dados etc, constituem diferentes enfoques visando avaliar tanto a qualidade dos serviços como o cumprimento dos objetivos institucionalmente estabelecidos para os serviços de informação. Talvez isso explique o por quê da atração que a gestão da qualidade despertou entre os profissionais da informação no mundo inteiro. Entretanto, as iniciativas acima constituem apenas aplicações parciais e localizadas de preocupações que encontram equivalente nas propostas da Gestão da Qualidade. A sua plena aplicação aos serviços de informação depende, no entanto, de uma preocupação mais ampla, que vai abranger a visão sistêmica das organizações, a adoção de políticas para motivação das pessoas e a mudança dos paradigmas organizacionais. Nota-se na literatura estudada, uma tendência para aplicar técnicas ou ferramentas relacionadas à Gestão da Qualidade e “batizar” essas práticas de implantação de GQT, muitas vezes sem uma vinculação clara a um sistema de qualidade implantado na organização na qual o serviço de informação está vinculado. Nota-se na literatura estudada, uma tendência para aplicar técnicas ou ferramentas relacionadas à GQT e denominar essas práticas de implantação da Qualidade Total, muitas vezes sem uma vinculação clara a um sistema de qualidade implantado na organização na qual o serviço de informação está vinculado. Segundo Vergueiro (2002), pelo que se pode observar na literatura, as propostas de gestão da qualidade parecem ter encontrado um terreno fértil nos serviços de informação especializados. As primeiras iniciativas na aplicação de programas de qualidade na área de informação ocorreram em bibliotecas da área médica. 75 É importante salientar que a literatura nacional aponta que “os bibliotecários em geral estão utilizando os padrões com o propósito de avaliação, enquanto outros os utilizam para o estabelecimento de metas de excelência, podendo ser replicados e ainda utilizados mediante a técnica de benchmarking6”(Ramos, 2002). 6 A essência do benchmarking é que ele é um processo de identificar os maiores modelos de excelência para produtos, serviços ou processos, e depois fazer as melhorias necessárias para alcançar esses modelos, comumente chamados de “melhores práticas” 76 7. ESTABELECENDO INDICADORES PARA BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Percebe-se, ao longo deste trabalho, que uma organização voltada para resultados deve apresentar uma integração profunda de todos os sistemas organizacionais em torno de especificações de resultados relativos à organização no seu todo, especificações de resultados relativos às unidades que constituem a organização, e especificações de resultados relativos a todos os gestores individuais. São as seguintes as principais características desse tipo de organização: • Conta com uma especificação dos resultados a atingir; • Dispõe de uma estrutura organizacional que permite atingir os resultados especificados; • Existe uma clara compreensão, por parte de todos os gestores, do significado dos conceitos de resultados, eficiência e eficácia; • Há uma integração dos sistemas-chave com o conceito de resultados; • Ocorre uma articulação entre os resultados da organização, das suas unidades e dos gestores individuais; • É capaz de responder de maneira flexível para atingir os resultados; • Cria um modo próprio de lidar com os resultados, resistindo a copiar os dos outros. 77 A partir dos processos da organização pode-se definir os indicadores, que são as medidas destes processos e que podem ser classificados em indicadores de resultados, indicadores críticos e indicadores de desempenho (Rodriguez, 2001). Um indicador pode ser definido como a expressão numérica, simbólica ou verbal usada para caracterizar atividades (eventos, objetos, pessoas), em termos quantitativos e qualitativos, com o objetivo de mensurar o valor dessas atividades e os métodos associados A definição de indicadores deve estar associada às estratégias e metas da organização, visando o monitoramento contínuo do desempenho organizacional. Recomenda-se o estabelecimento de um número limitado de indicadores, alinhados com a visão da organização, para permitir um acompanhamento por parte dos gestores (Rodriguez, 2001). É necessário, também, que uma definição clara da metodologia de coleta e cálculo seja divulgada a todos os elementos envolvidos. (Campos apud Andrade, 2003) Com as bibliotecas universitárias não poderia ser diferente. Ao se adotar uma gestão como foco em resultados e satisfação dos usuários, o uso de indicadores de desempenho é vital no processo de tomada de decisões. O estabelecimento de padrões para bibliotecas universitárias poderia ser uma ferramenta valiosa como instrumento de avaliação, auxiliando no seu planejamento global e colaborando para o fornecimento de serviços de alta qualidade em diferentes áreas e para diversos segmentos. Os indicadores estratégicos – como são conhecidos – são gerados a partir da definição da visão estratégica da organização, isto é, da definição dos valores, missão, visão de futuro e fatores críticos de sucesso – FCS . 78 O esquema abaixo apresenta, segundo Andrade (2003), os componentes da visão estratégica da organização: Figura 8: Visão Estratégica (Andrade, 2002) • A visão estratégica da organização expressa a percepção que ela tem do seu passado, do seu momento atual e do direcionamento do seu futuro. Por meio dela, a organização expressa o conhecimento que tem de si mesma: seus êxitos, seus fracassos, suas potencialidades, suas limitações, suas certezas e os caminhos que pode e quer percorrer. A visão dá forma e direção ao futuro da organização, uma vez que mostra onde ela está e aponta aonde ela quer chegar. Esse conhecimento é fundamental para que a instituição possa se organizar para alcançar resultados cada vez melhores, de modo consistente e sustentável. Sem o conhecimento do caminho percorrido e de sua situação atual, é difícil para a organização definir aonde quer chegar e como pode chegar lá. • Os valores são idéias fundamentais em torno das quais se constrói a organização. Representam as convicções dominantes, as crenças básicas, aquilo em que a maioria das pessoas da organização acredita. Os valores 79 permeiam todas a atividades e relações existentes na organização e da organização com os clientes. Os valores descrevem como a organização pretende atuar no cotidiano enquanto busca realizar sua visão. Os valores constituem uma fonte de orientação e inspiração no local de trabalho. São elementos motivadores que direcionam as ações das pessoas na organização, contribuindo para a unidade e a coerência do trabalho. Sinalizam o que se persegue em termos de padrão de comportamento de toda a equipe de colaboradores na busca da excelência. Para que os valores sejam fonte de orientação e inspiração no local de trabalho, eles devem ser aceitos e internalizados por todos na organização. • A missão é uma declaração sobre o que a organização pública é, sobre sua razão de ser, seus clientes e os serviços que presta. A missão define o que é a organização pública hoje, seu propósito e como pretende atuar no seu dia-a-dia. Enquanto a visão de futuro sinaliza o que a organização pretende ser, a missão aponta para o que ela é. A missão cria um clima de comprometimento da equipe com o trabalho que a organização realiza. A definição de missão serve de critério geral para orientar a tomada de decisões, para definir objetivos e auxiliar na escolha das decisões estratégicas. • A visão de futuro define o que a organização pública pretende ser no futuro. Ela incorpora as ambições da organização e descreve o quadro futuro que a organização quer atingir. A visão de futuro identifica as aspirações da organização pública, criando um clima de envolvimento e comprometimento com o seu futuro. A definição de onde se pretende chegar permite entender com clareza o que é preciso mudar na organização pública ou como ela precisa mudar para que a visão seja concretizada. Uma visão compartilhada une as pessoas e as impulsiona a buscar seus objetivos apesar de todas as dificuldades. Uma organização sem visão é uma organização sem direção. • Os Fatores Críticos de Sucesso – FCS – são áreas de atividades nas quais o alcance de resultados favoráveis é absolutamente necessários para o êxito na implantação da visão da organização. Os FCS devem ser 80 definidos no nível estratégico da organização. Deve-se escolher um número limitado de áreas cujos resultados satisfatórios assegurarão um desempenho adequado para a organização. A identificação dos FCS é uma forma de sinalizar para os colaboradores da organização as áreas de atividades onde o êxito é fundamental para o cumprimento da missão e atingimento da visão de futuro. Os FCS podem ser usados como meios de mobilização dos colaboradores em prol dos objetivos da organização. No quadro abaixo, são observados alguns exemplos de como os FCS auxiliam na elaboração dos indicadores desempenho: Fatores Críticos de Sucesso Sistematizar mecanismos de compartilhamento com os demais Sist.de Bibliotecas Racionalizar os procedimentos internos Implementar sistemas de informações gerenciais desenvolver ou aprimorar padrões gerenciais institucionais orientados para resultados aperfeiçoar a política de desenvolvimento e valorização profissional dos funcionários priorizar a alocação de recursos orçamentários para atuação em áreas de maior risco, relevância e materialidade ampliar as fontes e o volume de recursos Indicadores N.º de trabalhos e eventos conjuntos N.º de horas de acesso a sistemas informatizados de outros sistemas Rotinas padronizadas Tempo médio de tramitação por tipo de processo N.º médio de tramitações por tipo de processo N.º de processos despachados por delegação Manuais elaborados N.º de atividades abrangidas por sistemas informatizados N.º de relatórios gerenciais e consultas Tempo médio de tramitação dos processos (por tipo) Índice de processos com prazo vencido Implementação ou não do sistema Índice de reclamações apuradas (n.º de reclamações apuradas/total de denúncias) Índice de consultas respondidas (n.º de consultas respondidas/total de consultas Índice de representações atendidas (n.º de representações atendidas/total de representações) n.º de processos submetidos a planos de melhoria n.º de proc. submetidos a planos de melhoria com resultados horas de treinamento impacto do treinamento no trabalho índice de absenteísmo (n.º de dias ausentes/n.º de dias trabalhados) volume de recursos em áreas priorizadas/volume de recursos totais índice de acréscimo de recursos totais Quadro 4: Elaboração de indicadores a partir dos Fatores Críticos de Sucesso 81 7.1 REQUISITOS PARA A ELABORAÇÃO DE INDICADORES Muitos trabalhos foram apresentados com o intuito de subsidiar a implementação de indicadores. Campos (1994), preconiza os seguintes requisitos que devem anteceder a implementação dos indicadores: 1- Identificar e mapear macroprocessos – Os macroprocessos são os conjuntos de processos que se interrelacionam diretamente com clientes e fornecedores, fundamentais no desempenho da missão da organização e no atendimento às expectativas dos clientes. O macroprocesso é uma coleção de processos que guardam alguma similaridade entre si. Esta coleção pode ser constituída por processos encadeados ou por processos paralelos (ou pelas duas possibilidades). Os macroprocesso devem estar vinculados à missão e a algum fator crítico de sucesso (FCS), representam o que a organização faz para cumprir sua missão, de forma regular. A caracterização do macroprocesso deve ser feita por um “rótulo” (designação do macroprocesso) e por uma descrição sucinta do mesmo. A descrição fica completa (e consistente) quando é especificado o “mapa de processos de trabalho” vinculados ao macroprocesso. Em bibliotecas existem diversos macroprocessos que por sua vez se desdobram em processos e diversos subprocessos, como o setor de seleção e o de aquisição, os processos de tratamento técnico e o de atendimento ao usuário, por influenciarem diretamente a qualidade dos serviços prestados. Os processos não criam apenas as eficiências do presente, mas também garantem o futuro por meio de habilidades, isto é, a forma de fazer e que se aplicam aos novos produtos e serviços. 82 Fig. 6: Hierarquia do processo: processo, subprocesso, atividades e tarefas (REIS, 2004) Em bibliotecas existem diversos processos e subprocessos, como o setor de seleção e o de aquisição, os processos de tratamento técnico e o de atendimento ao usuário, por influenciarem diretamente a qualidade dos serviços prestados. Os processos não criam apenas as eficiências do presente, mas também garantem o futuro por meio de habilidades, isto é, a forma de fazer e que se aplicam aos novos produtos e serviços. A figura acima exemplifica o processo técnico, comum às bibliotecas, observa-se que há uma visão hierárquica. A estrutura hierárquica é fundamental para a identificação dos processos essenciais e para a análise sistêmica das organizações. De acordo com essa idéia os processos podem ser agregados em macroprocessos e subdivididos em subprocessos ou grupos de atividades, e o nível de agregação mais adequado depende do tipo de análise e o que se pretende fazer. Quanto aos aspectos administrativos é necessário projetar em como assimilar o avanço tecnológico e adaptar a cultura organizacional. 2- Determinar quais serão os macroindicadores – Estes podem ser obtidos a partir do desdobramento das relações entres os Fatores Críticos de Sucesso e os macroprocesso, conforme o quadro baixo: 83 Fator Crítico de Sucesso Desenvolvimento de Habilidades e Competências dos Bibliotecários Macroprocessos Macroindicadores *Treinamento de pessoal *Satisfação com o curso *Índice de freqüência *Índice de aproveitamento *Participação em Capacitação de pessoal congressos *Titulação *Produção técnico-científica *Número de citações *Número de patentes obtidas Quadro 5: Macro indicadores elaborados a partir de um Fator Crítico de Sucesso (FCS) 3- Definição dos indicadores que, como já mostrado, são formas de representação quantificável de características de produtos e processos, utilizados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo. Estes podem ser divididos em: estratégicos, de produtividade, qualidade, de efetividade e de capacidade. Em termos de Bibliotecas universitárias, observa-se na literatura, a experiência do Sistema de Bibliotecas da Universidade de São Paulo – SisBI/USP que numa primeira etapa para a implantação de um Modelo de Gestão e, a partir de decisão sistêmica e com a devida aprovação das instâncias competentes, foram construídos indicadores gerais de desempenho a partir do mapeamento dos macroprocessos estratégicos e operacionais. 7.1.1 Indicadores da Qualidade Os Indicadores da Qualidade ou Indicadores da Satisfação dos Clientes, medem como o produto ou serviço é percebido pelo cliente e a capacidade do processo em atender os requisitos dos clientes. Podem ser aplicados para a empresa como um todo, para um processo ou para uma área. Devem ser baseados em pesquisa 84 de opinião e não em “achismos”. Podemos dividir os Indicadores da Qualidade em dois tipos: Indicadores da Não-Qualidade e Indicadores da Qualidade. 7.1.2 Indicadores de Produtividade Os Indicadores de Produtividade são ligados à eficiência, estão dentro dos processos e tratam da utilização dos recursos para a geração de produtos e serviços. Medir o que se passa no interior dos processos e atividades, permite identificar problemas e, conseqüentemente preveni-los para que não tragam prejuízos aos clientes. Os Indicadores de Produtividade são muito importantes, uma vez que permitem uma avaliação precisa do esforço empregado para gerar os produtos e serviços. Além disso, devem andar lado a lado com os de Qualidade, formando, assim, o equilíbrio necessário ao desempenho global da organização. Nota-se, portanto, que deve ser dada igual importância aos Indicadores da Qualidade e da Produtividade, de modo que ao melhorar um deles o outro também melhore. Deve se ter em mente que a crença de que a melhoria na qualidade reflete na produtividade negativamente, como acontece com os pratos de uma balança, é infundada. A verdadeira melhoria da Qualidade vai melhorar também a Produtividade. O modelo a seguir mostra os elementos do Sistema de Indicadores e suas relações nos níveis estratégico e operacional.racional 85 Fig.7: Elementos do Sistema de Indicadores (CAMPOS, 1999) Um método para quantificação da Produtividade (interna à organização), é efetuar a comparação do que foi gerado, com o que foi empregado de recursos para isso acontecer. O resultado indicará o quanto está sendo consumido ou utilizado para cada unidade do que foi produzida, entregue ou prestada. Percebe-se que, ao contrário dos resultados dos Indicadores da Qualidade que aparecem na forma de percentual, os Indicadores da Produtividade são uma relação entre duas unidades de medida diferentes, uma que quantifica os recursos consumidos ou utilizados e outra que quantifica as saídas produzidas. É de extrema importância que os indicadores sejam montados após a identificação das saídas e dos recursos do processo que vai ser medido por estes indicadores. Saídas de um processo são muitas vezes recursos de outros. Por exemplo, pessoas treinadas de uma organização são saídas do processo de treinamento, mas devem ser consideradas como recursos disponíveis para os demais processos. Assim como os indicadores da Qualidade, os resultados dos Indicadores da Produtividade (índices da produtividade) devem ser comparados com padrões preestabelecidos considerados como os valores aceitáveis para o processo que está sendo medido. 86 Indicadores Produtividade Qualidade Dizem respeito a O modo de utilizar os recursos Satisfação dos clientes Medem Eficiência Eficácia Tem foco No esforço Nos resultados Indicam Como fazer O que fazer Ensinam Fazer certo as coisas Fazer as coisas certas Tem no denominador o fator a Expressam o grau de ser avaliado aceitação de uma característica Quadro 8: Diferenças entre os Indicadores de Produtividade e Qualidade. Seus índices 7.1.3 Indicadores de Capacidade Os Indicadores da Capacidade medem a capacidade de resposta de um processo por meio da relação entre as saídas produzidas por unidade de tempo. Os resultados do Indicador da Capacidade, juntamente com o da Qualidade e da Produtividade vão mostrar o quanto é competitiva a organização. Bons índices da qualidade e produtividade não garantirão uma satisfação plena dos clientes / usuários se por falta de capacidade a organização não puder atender os clientes interessados em seu produto ou serviço em tempo considerado curto ou razoável, o que a curto prazo afetaria diretamente o Indicador da Qualidade do processo. Podem ser citados como exemplo de indicadores de capacidade: • Número itens emprestados / hora • Número de atendimento / mês • Número de solicitações atendidas / dia • Número de consultas / ano 87 7.2 DETALHES NA CONCEPÇÃO DOS INDICADORES Neste capítulo procurou-se buscar alguns aspectos que devem ser considerados para uma construção sistematizada de indicadores de desempenho para as organizações e em específico para as bibliotecas universitárias. TRZESNIAK (1998) propôs um diagrama para auxílio no planejamento e na obtenção de indicadores de qualquer natureza. Fig 8.: Diagrama para a extração de informações relativas a processos ou sistemas de qualquer natureza (TRZESNIAK, 1998) O autor ainda afirma que: “Observações isoladas nada permitem concluir ou deduzir [...] é preciso dispor-se de um conjunto representativo de observações da mesma espécie para que se possa fazer afirmativas fundamentadas ao desenvolvimento de indicadores”. (TRZESNIAK, 1998) 88 Percebe-se que no trajeto entre as “perguntas” e as “informações”, passa-se por: a) uma fase que precede a obtenção da informação • proposição dos indicadores – busca, no processo, de dimensões ou aspectos com características peculiares, que possam conter as respostas desejadas • padronização da metodologia de obtenção – tal metodologia deve ser estável, bem definida e reprodutível, de modo que, repetindo-a, em circunstâncias semelhantes, os dados sejam coerentes entre si. b) Fase de obtenção da informação: • reelaboração dos dados brutos – a informação desejada, em geral, fica escondida nos dados colhidos . É preciso reelaborá-los (por exemplo, reordenando-os de diversos modos ou efetuando algum tipo de cálculo) para que ela apareça; • interpretação – corresponde a saber o que a informação resultante realmente significa, que resposta foi de fato obtida. Que pergunta foi efetivamente respondida, a original ou outra qualquer? Se outra, qual? c) Fase de aperfeiçoamento da relação indicador-informação: • Refinamento – freqüentemente, o estabelecimento da interpretação leva a algum tipo de refinamento em uma ou mais das etapas anteriores (enunciado das perguntas originais, metodologia de obtenção, reelaboração) 7.3 PRINCIPAIS ATRIBUTOS DOS INDICADORES Segundo Campos (1999), para que os indicadores se tornem viáveis e práticos, devem possuir alguns atributos especiais. • Adaptabilidade – capacidade de resposta às mudanças de comportamento e exigências dos clientes. Os indicadores podem tornar-se 89 desnecessários ao longo do tempo e devem ser imediatamente eliminados ou substituídos por outros de maior utilidade. • Representatividade – captação das etapas mais importantes e críticas dos processos, no local certo, para que seja suficientemente representativo e abrangente. Dados desnecessários ou inexistentes não devem ser coletados. Em contrapartida, dados importantes devem ser precisos, atender aos objetivos e ser buscados na fonte correta. Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos tendem a ser mais difíceis de ser obtidos. Deve-se, portanto, haver um certo equilíbrio entre a representatividade e a disponibilidade para coleta. • Simplicidade – facilidade de ser compreendido e aplicado tanto pelos executores quanto – e principalmente – pelos que receberão seus resultados. Os nomes e expressões devem ser conhecidos e entendidos por todos os envolvidos de forma homogênea, garantindo ampla validade por toda a organização. • Rastreabilidade – facilidade para identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção. Sempre que possível, deve-se transformar os resultados em gráficos para um acompanhamento mais preciso, o que permite a comparação com desempenhos anteriores. • Disponibilidade – facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo, para as pessoas certas e sem distorções, servindo de base para que decisões sejam tomadas. De nada adiantaria informações atrasadas e desatualizadas, embora corretas, ou informações atuais e corretas, mas para a pessoa errada. • Economia – não deve ser gasto tempo demais procurando dados, muito menos pesquisando ou aguardando novos métodos de coleta. Os benefícios trazidos com os indicadores devem ser maiores que os custos incorridos na medição. Caso contrário, em pouco tempo a organização estará medindo sua própria falência. 90 • Praticidade – garantia de que realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões gerenciais. Para isso, deve ser testado no campo e, se necessário, modificado ou excluído. • Estabilidade – garantia de que é gerado em rotinas de processo e permanece ao longo do tempo, permitindo a formação de série histórica. É fundamental que os indicadores sejam direcionados para a tomada de decisões gerenciais voltadas para a solução dos problemas apontados, servindo de base inclusive para a revisão de metas já estabelecidas. Por isso, os indicadores não podem agregar mais trabalho no dia-a-dia nem tempo excessivo para serem coletados e obtidos. Assim, devem ser representativos para os processos e atividades, levando a análises e melhorias da forma mais prática e objetiva possível. 91 8. OBSERVANDO UM SISTEMA DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Em se tratando de Bibliotecas Universitárias, estas são conceituadas tradicionalmente como “Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior – IES – destinadas a suprir as necessidades informacionais da comunidade acadêmica, no desempenho de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão” (Carvalho, 1981). Essa visão estreita, limitada ao aspecto técnico e aos usuários, pode ter conseqüências sérias, principalmente, porque, numa visão sistêmica, esses dois aspectos estão diretamente relacionados aos aspectos sociais e humanos. Convém destacar que se aspectos sociais e humanos não recebem a atenção devida, os aspectos técnicos e os serviços não serão executados na sua plenitude, gerando uma má organização do acervo e atendimento insuficiente aos usuários e aos próprios objetivos da Biblioteca Universitária, objetivos esses em conformidade com os da universidade à qual está vinculada. Percebe-se, então que "para as Bibliotecas atenderem a esses objetivos, há necessidade de pessoal com alto nível, a fim de poder existir uma oportunidade de comunicação entre os usuários e aqueles que pretendem ser os intérpretes da coleção, para que esta possa ser utilizada de maneira eficiente" (Figueiredo, 1979). Contudo, a situação observada nas Bibliotecas Universitárias é diferente. As Bibliotecas estão instaladas em locais adaptados, as coleções são obsoletas, os 92 usuários não dispõem de orientadores nem de mobiliário adequado, e os atendentes não possuem nível de instrução necessário à atividade. É condição primordial que a Biblioteca Universitária disponha de pessoal compatível com a sua função de organismo imprescindível ao desempenho do sistema universitário de ensino, pesquisa e extensão. Mas é preciso ressaltar que "a Biblioteca Universitária não é um problema de alçada exclusiva de bibliotecários, mas de toda a comunidade universitária. As soluções podem ser sugeridas por técnicos e leigos e as decisões finais deverão contar com a discussão e o apoio da maioria" (Miranda, 1980). Tendo em vista a relevância do subsistema “pessoas” para as Bibliotecas Universitárias (tanto de bibliotecários como dos níveis de chefia e pessoal de nível operacional), e, sendo estes parte do ambiente interno, Pinto, 1993 frisa que: "as Bibliotecas Universitárias são empresas e, como tal, constituídas por um conjunto de funções responsáveis, que vão desde a localização, organização até a recuperação da informação para os usuários que dela necessitam. A sua estrutura organizacional está formada por departamentos denominados de divisões e seções. A cada departamento cabe a responsabilidade pelo desenvolvimento de algum produto e/ou serviço, formando uma cadeia até a sua execução final". Nesse processo, existe uma dependência muito grande entre as partes sendo que se uma falhar, afetará o sistema como um todo. A qualidade do serviço, portanto, fica comprometida. Por sua vez, "as partes são constituídas pelos seus funcionários que formam os clientes e fornecedores internos" (Pinto, 1993). No intuito de exemplificar o papel de uma unidade de informação no contexto universitário, optou-se por tomar como exemplo o Sistema Núcleo de Documentação de Bibliotecas e Arquivos da Universidade Federal Fluminense. 93 8.1 O SISTEMA NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO DE BIBLIOTECAS E ARQUIVOS DA FEDERAL FLUMUNENSE O Núcleo de Documentação – NDC está vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos Universidade Federal Fluminense – UFF. A UFF foi criada pela Lei n. 3.848, de 18 de dezembro de 1960 com o nome de Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UFERJ. Incorporaram-se a ela cinco Faculdades Federais em Niterói: Direito, Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária. Agregaram-se também escolas estaduais de Enfermagem, Engenharia, Serviço Social, Filosofia e Ciências Econômicas, as quais, pela Lei n. 3.958 de 1961, foram, finalmente incorporadas à UFERJ e, assim, federalizadas. Passou a denominar-se Universidade Federal Fluminense, em 1965, com a Lei n. 4.831. A estrutura da UFF compreende órgãos colegiados e superiores, Órgão Central Executivo; Órgão de Assistência e Assessoramento ao Reitor; Órgãos de Supervisão e Coordenação da Administração Executiva e órgãos complementares. Dentro dessa estrutura, o Núcleo de Documentação – NDC é um órgão suplementar que desde a sua criação, em setembro de 1969, esteve vinculado diretamente ao Gabinete do Reitor. Em dezembro de 1998, após uma reestruturação interna, passou a ser subordinado à Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos – PROAC. É responsável pela coordenação técnica e administrativa do Sistema de Bibliotecas, Arquivo e Laboratórios. Apóia os programas de ensino, pesquisa e extensão da UFF e desenvolve serviços e produtos que atendam às necessidades de informação da comunidade. Tem como meta “Proporcionar recursos informacionais e assessoria técnica na área de documentação, por meio de redes e sistemas, facilitando o acesso à informação em tempo hábil” (NDC, 2003). 94 8.2 O MODELO ORGANIZACIONAL Sua estrutura organizacional é constituída de vinte e duas bibliotecas (06 da área médica, 07 da área de ciências exatas e tecnológicas, 07 da área de ciências humanas e sociais e 02 dos colégios agrícolas), do Arquivo Central, do Centro de Memória Fluminense, do Laboratório de Reprografia e do Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos, além de três Divisões e seus respectivos Serviços. Fig 9: Sistema Núcleo de documentação da Universidade Federal Fluminense (NDC, 2004) Um aspecto que chama atenção no tocante à estruturação e atribuições Sistema NDC se comparado outros sistemas de Bibliotecas Universitárias é que o NDC também e o responsável pelas informações de cunho arquivístico da 95 Universidade. Esta peculiaridade não foi observada em nenhum outro sistema similar A atual estrutura administrativa do NDC é a seguinte: Estrutura Administrativa do Núcleo de Documentação (NDC/UFF) Setor Funções Neste nível, situa-se a gestão estratégica e corporativa da instituição, responsável pelo Direção direcionamento superior Compreende o compartilhamento das responsabilidades pela análise de conjunturas, estudo de alternativas e propostas de solução, com o fim de Conselho Técnico embasar as decisões a serem tomadas, pelo planejamento de resultados, estabelecimento de estratégias e metas Coordenar e orientar as atividades de planejamento, desenvolvimento e controle dos recursos humanos, patrimoniais e orçamentários, serviços e produtos do Divisão de Desenvolvimento Sistema de Bibliotecas e Arquivos do NDC e executálas através dos Serviços de Informação Referencial (SIR), Serviço de Recursos e Orçamento (SRO) e Serviço de Informática (SEI). Coordena e orienta as atividades técnicas de aquisição, registro, representação descritiva e representação temática das coleções bibliográficas e Divisão de Bibliotecas documentárias através dos setores: Serviço de Desenvolvimento de Coleções (SDC) e Serviço de Processamento Técnico (SPT) Tem por competência planejar, coordenar e dirigir as atividades arquivísticas de identificação, processamento técnico, microfilmagem, conservação e restauração de documentos arquivísticas. Em 1997, foi alterada a denominação da Divisão de Arquivos Divisão de Arquivos para Gerência de Arquivos, denominação original retomada em novembro de 1998. A Divisão de Arquivos mantém sob sua subordinação Arquivo Central (AC) e o Laboratório Reprográfico (LARE) Fonte: NDC, 2003 Convém destacar que o sistema NDC vem passando desde a sua criação por mudanças, evidenciando-se a importância de análise e revisão das práticas de gestão para o aprimoramento contínuo dos serviços e produtos oferecidos e, conseqüentemente, o melhor desempenho dentro da instituição. 96 8.3 A REESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO A modernização do processo produtivo refletiu um conjunto de ações que visavam melhorar os processos já existentes, eliminando etapas desnecessárias, racionalizando, e reavaliando tarefas. Envolveu ainda a adoção de técnicas modernas, inovações tecnológicas e informatização que otimizaram os trabalhos, facilitando a integração e o compartilhamento de informações entre suas Unidades, melhorando sensivelmente a qualidade dos serviços prestados. Complementarmente, foi vital a implementação de métodos de comunicação interna eficientes, que permitem maior agilidade do fluxo de informação entre todos os componentes do Sistema. Isto propicia um ambiente de integração efetiva, onde sejam estimulados a participação e o comprometimento de todos os integrantes com os processos de melhoria contínua. Este processo garantiu ainda a uniformização dos seus sistemas, permitindo a redução de custos, facilitação e racionalização dos processos de trabalho, flexibilidade de comunicação. Isto garantiu ao NDC um visível aumento na qualidade dos serviços prestados. Como exemplo de algumas ações de modernização do processo produtivo, podese citar: • A criação de infra-estrutura para conexão de todas as Unidades do NDC através da Rede UFF; • Investimentos em Tecnologia da Informação, sobretudo na aquisição de equipamentos de informática; • O desenvolvimento do software “Status NDC” – que, paulatinamente, vem padronizando as informações gerenciais; • A adoção do software Biblioteca Argonauta – que possibilita o gerenciamento de todo o acervo bibliográfico e arquivístico. Notadamente, é difícil, na atualidade, de se vislumbrar outra forma de se modernizar o processo produtivo que não seja por meio do investimento em 97 recursos de TI – Tecnologia da Informação. O mínimo de investimento nesta área é decisivo para a eficiência do sistema. Dentro da Universidade o NDC destaca-se pelo alto grau de conectividade. Todas as suas Unidades localizadas em Niterói estão interconectadas.O manuseio de informações em tempo real e a utilização do correio eletrônico são generalizados. 8.4 GESTÃO DE PESSOAS: A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS Acompanhando a reestruturação orgânica do NDC, observou-se a implantação de uma política de valorização dos servidores e colaboradores através da capacitação de pessoal. Nota-se que esta estratégia pode auxiliar mais diretamente o sistema na implantação de um processo de qualidade, pois traz reflexos quase que imediatos na própria melhoria de seus serviços. A capacitação é provavelmente a função de gestão de pessoas mais destacada na literatura teórica sobre melhoria da qualidade. na chamada era do conhecimento, o treinamento é apresentado como o mais importante fatos crítico de sucesso. Desenvolver a qualificação e o potencial das pessoas facilita um maior desempenho, aceitação de maiores responsabilidades e comprometimento com os resultados organizacionais. Além disso, conforme observa Chiavenato (1996), a qualidade de vida das pessoas pode ser incrivelmente aumentada com a capacitação e com o crescimento do desenvolvimento profissional. Pessoas treinadas e habilidades trabalham com mais facilidade e confiabilidade e, conseqüentemente, com mais prazer e felicidade. A importância da capacitação dos funcionários também é apresentada por diversos autores. Deming (1990) por exemplo, em seus 14 pontos relativos a como formar a qualidade, cita dois ligados à atividade de treinamento: instituir o treinamento em serviço permanentemente e instituir um sólido programa de programa e aperfeiçoamento . Paralelamente, Ishikawa (1993) afirma que a qualidade começa e termina com a educação. 98 8.5 SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS PELO NDC Atualmente, são disponibilizados os seguintes produtos e serviços pelas Unidades do NDC: • Acesso a bases de dados nacionais e internacionais: Possibilita a pesquisa local e/ou remota nas bases de dados especializadas eletrônicas ou em CD-ROM. • Assistência técnica na organização dos arquivos da UFF - Prestar assessoramento técnico aos órgãos da Universidade Federal Fluminense, na organização da documentação correntes e transferência de documentos de uso não corrente ao Serviço de Arquivo Intermediário. • Comutação bibliográfica - Possibilita através Programa de Comutação Bibliográfica (COMUT) ou Bireme Scad a obtenção de cópias de artigos, teses e capítulos de monografias disponíveis no acervo das principais bibliotecas do país e do mundo por meio eletrônico, mediante o uso do aplicativo ARIEL. • Consulta ao acervo bibliográfico - Disponibilidade de acervo ao público em geral com livre acesso às estantes. A localização dos documentos poderá ser realizada remotamente através de consulta ao catálogo eletrônico. • Disseminação da informação • Empréstimo domiciliar de acervo bibliográfico – Possibilita o empréstimo de material bibliográfico a comunidade universitária (alunos, professores e funcionários) mediante inscrição na biblioteca, consoante o que estabelece a Ordem de Serviço NDC 01/2000 e as normas específicas do Regulamento Interno de cada biblioteca. Condições especiais de empréstimo domiciliar podem ser oferecidas mediante solicitação prévia justificada. • Empréstimo entre bibliotecas - Possibilita ao usuário realizar empréstimos de obras pertencentes ao acervo de outras Instituições de 99 Ensino e Centros de Pesquisa participantes do Compartilhamento entre Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro • Informações legislativas • Normalização de documentos • Treinamento de usuário – Instrução formal ou informal prestada aos usuários para melhor utilização de todos os serviços e recursos de informação existentes na biblioteca. • Localização de periódica – Localização de coleções de publicações periódicas científicas e técnicas nas principais bibliotecas do país, através de consulta ao Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN), coordenado pelo IBICT, uma rede cooperativa de unidades de informação de instituições localizadas no Brasil. • Microfilmagem documental – Serviços técnicos de microfilmagem de documentos administrativos e técnicos da Universidade. • Orientação e tratamento técnico para preservação de documentos • Restauração de documentos – Serviços técnicos de conservação preventiva e reparadora, restauração e reencadernação do acervo da Universidade; oferece estágios, cursos de treinamento e consultoria. Observa-se que inúmeros serviços e produtos são oferecidos pelo Sistema NDC. Entretanto não fica evidente até que ponto estes foram concebidos a partir de um diagnóstico sobre a cultura do sistema no contexto da UFF. Essa dúvida direciona para outros questionamentos sobre a forma de gestão, pois pode estar havendo uma falha de comunicação entre as Unidades do sistema, entre a Universidade, seus usuários e comunidade. Nota-se ainda, que, caso haja, essa falha oriunda de um sistema cuja atividade fim é trabalhar com informação parece no mínimo estranha e que não há uma cultura organizacional voltadas para a filosofia da qualidade. 100 8.6 PLANEJANDO O FUTURO: Ações e atividades 2003-2006 Num documento intitulado AÇÕES/ATIVIDADES NDC 2003-2006, a Direção do Núcleo de Documentação apresenta, dentre outras informações, as ações, os objetivos e as metas a serem alcançadas no período de 2003 a 2006. Basicamente o planejamento prevê duas ações básicas: NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO – AÇÕES/ATIVIDADES 2003-2006 Ações Objetivos • Ampliação de captação de recursos financeiros para manter e melhorar a qualidade do atendimento aos usuários nas unidades do sistema. • Melhorar os recursos tecnológicos e Melhoramento da infra-estrutura das acesso à informação unidades de informação do Sistema • .Reformar e adequar as instalações e de Bibliotecas e Arquivos da UFF serviços das unidades de informação visando melhor atendimento inclusive de usuários especiais • Aprimorar a política de desenvolvimento de coleções • Unificar e coordenar os arquivos existentes na UFF Implantar um Sistema de Arquivos na • Disponibilizar na Web informações UFF arquivísticas (acadêmicas e administrativas), padrões, instrumentos de busca e serviços do Arquivo Central Fonte: NDC, 2004 Destaca-se que o referido documento ainda se desdobra em inúmeras metas a serem alcançadas. Ainda que tal documento reflita, de uma maneira, ou de outra, muitos dos objetivos e metas propostos podem expressar um excesso de otimismo, percebese clara a distinção entre uma preocupação geral com o aprimoramento dos serviços e o estabelecimento de uma cultura organizacional centrada na melhoria contínua. Entretanto, isso por si só não é suficiente. Nota-se que o conceito de qualidade está sendo apresentado de forma pontual e está muito mais relacionado com o “fazer bem feito” do que com o conceito proposto pela gestão pela qualidade total. 101 Segundo Medeiros; Greco (2001): É necessário atentar que as bibliotecas universitárias não podem mais justificar a sua necessidade apenas pelo aspecto teórico da importância da informação, mas faz-se necessário agregar a esse discurso, dados objetivos que justifiquem sua necessidade para as instituições as quais elas estão ligadas, particulares ou públicas, bem como os gastos por elas realizados. VERGUEIRO (1998) ainda afirma que: [...] prevalece uma prática de aplicação pontual de propostas ou técnicas específicas de GQT, sem que haja um compromisso efetivo com o estabelecimento de um problema mais completo ou que, muitas vezes, essa limitação esteja claramente colocada. Convém destacar que existe uma variedade de modelos que propiciam um desempenho favorável à melhoria da qualidade em serviços, no caso específico da área de serviços de informação, o referencial consultado tem revelado a aplicação do modelo de qualidade total como modelo de adequação para área. O ato de planejar consiste em definir o que se almeja, tomar diretrizes para realizar ações, estabelecer metas e definir quais os métodos para atingir as propostas traçadas. Requer também um cuidado com as instruções e o treinamento das pessoas quanto aos objetivos a serem alcançados e no uso e orientação dos recursos (utilização da infra-estrutura) e manter o foco nas atividades e tarefas a serem implementadas. Seria de grande valia se Sistema NDC realizasse uma análise dos seus processos e identificasse seus indicadores da qualidade, enfatizando sempre as necessidades dos usuários. Ao se realizar uma análise dos processos no sistema implica a identificação das lacunas existentes entre os objetivos e resultados esperados. Compreender os fluxos da informação requer conhecer características estratégicas, tácitas e operacionais das organizações e entender as necessidades dos usuários. Para facilitar a análise dos processos pode-se mapear desde o volume por unidade de tempo, a seqüência das atividades, as esperas e a duração do ciclo, 102 especificação de dados e informações, pessoas envolvidas, a relação e dependências entre as partes comprometidas no funcionamento do processo. A identificação e análise dos indicadores de qualidade, é um dos pontos de consenso na literatura, pois se torna necessário buscar padrões para os produtos e serviços oferecidos. Paralelamente, seria de fato um grande passo se fosse institucionalizado um plano de ação voltado a valorização dos recursos humanos e adoção de gestão participativa, com a transformação de setores funcionais em equipes de processos tendo como premissas: • O foco nos usuários, • Adequação permanente da tecnologia de informação; e, • Um sistema de acompanhamento do desempenho organizacional norteado pelo monitoramento constante dos indicadores de qualidade. A partir dos processos da organização pode-se definir os indicadores, que são as medidas destes processos e que podem ser classificados em indicadores de resultados, indicadores críticos e indicadores de desempenho A definição de indicadores deve estar associada às estratégias e metas da organização, visando o monitoramento contínuo do desempenho organizacional. Recomenda-se o estabelecimento de um número limitado de indicadores, alinhados com a visão do Sistema, para permitir uma melhor visibilidade e acompanhamento por parte dos gestores. É necessário, também, que uma definição clara da metodologia de coleta e cálculo seja divulgada a todos os elementos envolvidos. 8.7 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DE DESEMPENHO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS INDICADORES DE Para se atingir objetivos de tornar uma organização válida, tem-se que implantar a “qualidade total” nos serviços e produtos oferecidos por ela. Deve-se, ainda, obedecer a alguns aspectos relevantes, que são como fases de implantação da qualidade em uma Unidade de Informação. 103 Segundo Belluzzo (1999), são aspectos : • Planejar estrategicamente produtos e serviços • Estudar as necessidades e expectativas de satisfação de clientes • Estabelecer política de formação e desenvolvimento de coleções, tratamento da informação, elaboração e oferecimento de produtos e serviços • Monitorar problemas em atividades rotineiras utilizando as ferramentas da qualidade • Desenvolver habilidades de comunicação interpessoal entre os clientes internos e externos • Criar mecanismos de divulgação e marketing dos produtos e serviços”. Ainda segundo Belluzzo (1999), alguns procedimentos e atitudes devem ser seguidos, para se garantir a “qualidade no atendimento” nos serviços prestados em uma Unidade de Informação, que são : • Promover interação entre clientes internos e externos • Capacitar as equipes Bibliotecárias para a necessidade de se oferecer produtos e serviços com a qualidade desejada pelos clientes externos • Identificar sistematicamente as condições de melhoria e proceder às correções e/ou ajustes necessários • Redefinir imediatamente os processos/atividades após à solução de problemas detectados, eliminando as suas causas • Criar um sistema de avaliação dos produtos/serviços e do desempenho da Unidade de Informação junto aos clientes internos e externos • Adotar um manual de procedimentos para o uso de técnicas, indicadores e metodologia da qualidade”. Todas essas “tarefas” são auxiliares na tarefa de orientar e integrar as ações em direção aos “bons resultados” que se espera atingir. 104 A importância em se focalizar a qualidade no processo gestor, como um componente fundamental para o sucesso desse novo empreendimento, é o que determinará o sucesso nesse processo de mudança que se atravessa. Desenvolver uma gestão voltada para a qualidade em uma Unidade de Informação consiste em: • ter uma filosofia bem definida e divulgada; • guiar-se por novos princípios que norteiem uma nova realidade; • internalizar esses princípios; • administração aberta ao diálogo, ao debate e à negociação; • valorizar o ser humano, integrando lideranças; • ter, como objetivo máximo, clientes satisfeitos; • conquistar credibilidade; • ter uma visão pró-ativa; • saber diagnosticar a realidade, que deve ser conhecida, bem como a organização, que deve ser transparente e atenta às transformações; • pensar em competitividade, produtividade e modernidade. Uma observação importante, com relação ás características da gestão da qualidade total, é que procura envolver todos os profissionais no mesmo processo de inovação e produção do conhecimento. A demonstração de maturidade nos relacionamentos interpessoais dentro de uma organização é percebida, quando a responsabilidade e a criatividade são incentivadas a todos da equipe. Os conceitos que aqui estão sendo analisados e refletidos devem ser observados sob alguns aspectos: a) considerar o ambiente ao qual a Unidade está inserida; b) internalizar esses conceitos, para que as atitudes daqueles que irão executar as tarefas e rotinas demonstrem espontaneidade, naturalidade e, principalmente, que demonstrem ser verdadeiras. 105 9. CONCLUSÃO É impossível pensar a Biblioteca Universitária hoje, sem que se considere o cliente, o usuário, o cidadão satisfeito com a qualidade. Isto é o maior desafio que ela terá que enfrentar para o seu reconhecimento, sua credibilidade e participação efetiva dentro do contexto universitário. O que se pode observar é que pelo fato de a qualidade vir por trás da idéia de que aperfeiçoamento constante e da administração participativa, ela pode ser amplamente discutida no âmbito das Bibliotecas Universitárias. Percebe-se, ao longo deste trabalho, que a questão central não é se o sistema de medição de desempenho de uma organização é importante ou não, mas sim se a medição sistemática, seguindo uma estrutura planejada, faz a diferença na capacidade de uma organização apresentar resultados. Para que se obtenha a garantia da qualidade na implantação de um programa nas bibliotecas é necessário que os bibliotecários desenvolvam padrões, medidas e indicadores dentro de suas unidades, tendo como alvo as necessidades dos usuários como também promovam a sensibilidade da equipe, implantando treinamento contínuo para que executem bem suas atividades técnicas rotineiras, utilizando-se adequadamente das estatísticas como parâmetros de avaliação para determinação de indicadores bons ou ruins, através da interação com seus clientes transformando suas expectativas em medidas quantitativas e qualitativas. Neste contexto, os padrões qualitativos devem guiar a formulação de medidas e indicadores estabelecendo, assim, um novo rumo a ser tomado pelas bibliotecas com relação ao planejamento, desempenho e produtividade. 106 Dentro desta perspectiva, há uma real oportunidade de trabalhar e implementar a filosofia da qualidade nas Bibliotecas Universitárias. E isto só poderá ser construído em bases sólidas tendo como referência o retorno – feedback – da avaliação de produtos e serviços oferecidos aos clientes internos e externos. Logo, sobre a aplicação de conceitos de Gestão pela Qualidade Total em unidades de informação, observa-se as seguintes tendências na literatura pesquisada: • Aplicação de métodos e conceitos da GQT como base para a melhoria de produtos e/ou serviços; • Preferência pela técnica 5S como fase preliminar de adequação do Sistema; • Normalização de processos de trabalho e capacitação dos recursos humanos • Aplicação pontual dos 14 princípios de Deming Todavia, estas técnicas, por si só não surtem efeito. É preciso acrescentar autoconhecimento, diálogo permanente, aberto e receptivo, liderança e compromisso com a melhoria da qualidade. A aplicabilidade da filosofia da Gestão pela Qualidade nas Unidades de Informação depende fundamentalmente de uma preocupação mais ampla que, necessariamente, deve abranger a visão sistêmica da organização. Em relação à Qualidade Total em Bibliotecas, podem-se tecer algumas conclusões quanto aos estudos, pesquisas e aplicações práticas realizadas. • Os estudos brasileiros relacionam a preocupação com a motivação dos recursos humanos associada à melhoria da qualidade dos serviços prestados por Bibliotecas. Afirmam que deve haver um ambiente adequado na Biblioteca, onde sejam atendidas, entre outras, as expectativas dos clientes internos e externos e constatada a satisfação das pessoas em relação ao trabalho que executam. 107 • Os autores dos estudos consideram que o elemento primordial dessa visão é o indivíduo que, motivado, estará em busca permanente de níveis cada vez maiores de qualidade. Constatam ainda que o envolvimento dos recursos humanos resultará no comprometimento com o trabalho e no sucesso da Biblioteca. Para tanto, recomendam que, antes de implantar um programa da Qualidade, deve-se conhecer a cultura organizacional vigente, identificando as atitudes, o comportamento e o pensamento predominante dos funcionários da Biblioteca, considerando-os também como clientes, com suas necessidades a serem atendidas. Essas ações refletirão numa reação em cadeia, no resultado do serviço prestado ao cliente final, o usuário da Biblioteca. • Para alguns autores, qualquer que seja a ação tomada, esta deve atingir a todos na Biblioteca e não somente a área técnica, como constatam as aplicações realizadas até então. As poucas pesquisas e aplicações práticas que buscam o envolvimento das pessoas ainda não dão ênfase devida aos fatores de satisfação e insatisfação das pessoas no trabalho, na busca por informações capazes de auxiliar nas ações a serem tomadas. Entretanto, já é certo que os resultados observados apontam para a pouca motivação dos funcionários em Bibliotecas Universitárias. Percebe-se ainda a falta de sistemas de medições adequados para que haja efetividade das estratégias de melhoria do desempenho da Biblioteca e seus Sistemas. Logo, a avaliação da obtenção das metas traçadas no planejamento deve ser feita através da análise de um conjunto de indicadores, interrelacionados entre si. A elaboração destes indicadores deve seguir referências, com o intuito de evitar a não abrangência dos mesmos. Desse modo, os Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade podem ser utilizados como referencial para a formulação dos indicadores. Para tanto, os estudos estrangeiros recomendam o desenvolvimento de estratégias fundadas no entendimento dos fatores que influenciam o comportamento dos recursos humanos em Bibliotecas, recorrendo-se às teorias a fim de identificar os fatores que causam satisfação e insatisfação no trabalho. 108 9.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS À luz da nossa realidade, houve a preocupação, no desenvolvimento desta dissertação, em analisar determinados aspectos sobre a adoção da filosofia da Gestão pela Qualidade Total em Bibliotecas Universitárias – e conseqüentemente nos sistemas que as gerem – bem com a adoção por parte destes organismos de indicadores de desempenho como forma de monitorar o processo de melhoria constante. Pode-se então, traçar algumas considerações finais: • Há inúmeras limitações da aplicação da Qualidade Total em uma área específica da organização – principalmente em uma universidade – uma vez que a filosofia da GQT é adotar o princípio da gestão global e sistêmica, compreendendo todos os processos da organização, ligados diretamente a seus produtos e serviços finais • Há necessidade de introduzir novas maneiras de gerir as bibliotecas universitárias. Implementar uma política voltada para a qualidade englobando programas de motivação e mobilização de equipes é essencial, pois a qualidade requer o envolvimento, entendimento e ação de todos os níveis organizacionais sobre os valores, metas e os métodos que nortearão as atividades. • A utilização de indicadores de desempenho balanceada e confiável torna possível a avaliação e a análise do ambiente interno e da utilização dos recursos humanos e financeiros. Propiciam ainda a avaliação do desempenho institucional. Na ambiência da biblioteca universitária deve ser adotada uma postura mais agressiva no que diz respeito à utilização de novas técnicas gerenciais, estudando e construindo medidas, indicadores e padrões tendo em vista não a competitividade apenas, mas sim a própria razão de ser. 109 9.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Segundo Vanti (2002): É impossível pensar Biblioteca Universitária hoje, sem que se considere o cliente satisfeito com qualidade. Isto é o maior desafio que ela terá que enfrentar para o seu reconhecimento, sua credibilidade a participação efetiva dentro do contexto universitário. E é neste mesmo sentido que esta dissertação pretende apontar algumas sugestões para futuros estudos: • Elaborar um modelo de Plano de Gestão pela Qualidade para Bibliotecas Universitárias; • A construção de indicadores de desempenho na definição de critérios para a determinação de padrões de qualidade para as bibliotecas universitárias nacionais Buscou-se ainda aprofundar as discussões referentes à utilização de indicadores de desempenho por parte das bibliotecas universitárias, cujo papel é auxiliar na produção de novos conhecimentos e, por sua vez, na produção da própria ciência e suas teorias. Trata-se também de um segmento importante, visto que as Bibliotecas Universitárias são, hoje, as maiores do país, em recursos, acervo e pessoal. 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, M. T. D. et al. Mudanças e inovações: novo modelo de organização e gestão de biblioteca acadêmica. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 3, p. 311318, set./dez. 1998 ANDRADE, Marcos Vinícius M. 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