ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CAEPE 2011 MONOGRAFIA (CAEPE) A questão ambiental e a administração pública: um estudo de caso Código do Tema: 10/365 Arquit Tec Mil Vera Maria Gomes Leal ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA VERA MARIA GOMES LEAL A QUESTÃO AMBIENTAL E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: um estudo de caso Rio de Janeiro 2011 VERA MARIA GOMES LEAL A QUESTÃO AMBIENTAL E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: um estudo de caso Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Eng. R/1 Osvaldo Albuquerque Fonseca. Rio de Janeiro 2011 C2011 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________ Arquiteta Vera Maria Gomes Leal Biblioteca General Cordeiro de Farias Leal, Vera Maria Gomes. A questão ambiental e a Administração Pública: um estudo de caso / Arquiteta Vera Maria Gomes Leal - Rio de Janeiro: ESG, 2011. 58 f.: il. Orientador: Cel Eng. R/1 Osvaldo Albuquerque Fonseca Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2011. 1. Meio Ambiente. 2. Questão Ambiental. 3. Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). 4. Resíduos Sólidos. 5. Responsabilidade Socioambiental. I.Título. À minha filha Roberta que durante o meu período de curso entendeu a minha ausência em prol das atividades da Escola Superior de Guerra. À minha irmã Ana Paula e às minhas amigas Carla e Cida o meu eterno agradecimento por terem sido capazes de repor as minhas ausências. AGRADECIMENTO Ao Senhor meu Deus, o “Grande Arquiteto de todas as obras”, pelas suas instruções e o seu cuidado. O Salmo 32:8 diz: “Eu te guiarei, eu te aconselharei, meus olhos serão os seus olhos.” Ao Senhor toda honra e toda a glória por ter-me permitido chegar até este momento com a reconfortante sensação do dever cumprido. Ao Professor Osvaldo, amigo e orientador, pela condução na busca do conhecimento. Agradeço a amizade, o carinho e o empenho na orientação para a laboração deste trabalho. Aos integrantes da Escola Superior de Guerra (ESG) pela excelência na seleção do corpo discente; pela qualidade do ensino prestado pelo corpo docente; pelo distinto trato e apoio aos Estagiários na árdua jornada acadêmica empreendida. À Força Aérea Brasileira, representada pelos amigos: Major-Brigadeiro Engenheiro Israel Batista Ferreira e Coronel Engenheiro Robson Fernandes Ramos, por esta inesquecível e inestimável oportunidade proporcionada, possibilitando-me realizar o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE). À Arquiteta Ana Beatriz Brandão, à Tenente Arquiteta Lis Barros Vilaça e aos colegas da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica, que cooperaram na pesquisa para a concretização deste empreendimento acadêmico. Agradecimento especial à engenheira agrônoma Eliana Leite do CREA-RJ, pela inestimável contribuição para esse trabalho acadêmico. Aos colegas do CAEPE 2011 – Turma Segurança e Desenvolvimento, pela qualidade de conteúdo e pela convivência durante o curso. Agradeço pela honra de poder estar ao lado de todos os senhores e senhoras, meus colegas da Turma “Segurança e Desenvolvimento”. Às amigas Liliane e Sandra por toda a dedicação e todo o carinho. Ao Coronel de Exército da Nigéria Okwudili Fidelis Azinta pela cooperação neste trabalho acadêmico. Aos componentes do grupo ECHO. Levarei sempre comigo as lembranças, os incontáveis momentos de alegria e de crescimento pessoal. Em especial ao amigo Comandante de Marinha Argentina, Vinazza, por toda dedicação nos trabalhos. E a todos que, de alguma maneira, contribuíram para a concretização deste empreendimento. “A natureza é inexorável e vingar-se-á completamente da violação de suas leis.” “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.” “Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais os repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho; além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar saída.” Mahatma Gandhi RESUMO O presente trabalho, com foco na Preservação do Meio Ambiente, visou à inserção de critérios socioambientais em Organização Militar (OM) com objetivo de construir um modelo de cultura institucional baseado no estímulo ao uso racional dos recursos naturais e dos bens públicos, no combate ao desperdício e numa gestão adequada dos resíduos sólidos. A construção de uma nova cultura institucional é possível com o envolvimento de todos os setores para a definição de uma política ambiental e de estratégias para cada instituição pública. A aplicação do Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em OMs é importante, pois estimula: a mudança nos padrões de consumo como forma de combate ao desperdício em atendimento a Política Nacional do Meio Ambiente; a sensibilização dos servidores na consolidação da consciência cidadã da responsabilidade socioambiental; a gestão adequada dos resíduos gerados com a coleta seletiva, atendendo ao objetivo da Política Nacional de Resíduos Sólidos; as licitações sustentáveis que visam aos aspectos econômicos, ambientais e sociais; e a qualidade de vida no ambiente de trabalho. Face à estruturação lógica do trabalho, é apresentada, no primeiro capítulo, a introdução. No segundo capítulo foi conceituado o que vem a ser meio ambiente, a questão ambiental e a responsabilidade socioambiental. No capítulo 3 foi apresentado o Programa da A3P e alguns comentários sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. No capítulo 4 foi estudada a aplicação da A3P em uma OM da FAB. Inicialmente comenta-se o diagnóstico da aplicação do Programa da A3P em outra instituição, quanto à implantação, ao problema encontrado e aos resultados. Ainda nesse capítulo, em atendimento à Política Ambiental, foram propostas ao Gestor da OM algumas ações quanto à redução no consumo de energia, de água e de material de consumo. No capítulo 5, Considerações Finais, visa estimular a construção de mudanças de hábitos e atitudes internas, promovendo uma nova cultura socioambiental nas OMs. Palavras Chave: Meio Ambiente. Questão Ambiental. Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Resíduos Sólidos. Responsabilidade Socioambiental. ABSTRACT This work, focusing on Preservation of the Environment, seeks the inclusion of socioenvironmental criteria in Military Organizations (OM) in order to build a model based on institutional culture that encourages rational use of natural resources and public goods in the fight against waste and inadequate management of solid waste. The construction of a new institutional culture is possible only with the involvement of all sectors in the definition of environmental policy and strategies for each public institution. The application of the Environmental Agenda Program in Public Administration (A3P) in MOs is important because it encourages; change in consumption pattern as a way of fighting waste in line with the National Policy on Environment, raising awareness of workers in the consolidation of consciousness of citizens on their responsibility to the environment, proper management of waste generated through selective collection, given the goal of the National Policy on Solid Waste, raising sustainable bids aimed at economic, environmental and social aspects, and the quality of life in the workplace. The first chapter, introduction, aimed at presenting a logical structure for the work. The second chapter conceptualized the environment, environmental issues, and environmental responsibility. Chapter 3 presented the Environmental Agenda Program in Public Administration (A3P) and commented on some items of the National Policy on Environment and National Policy on Solid Waste. Chapter 4 reviewed the application of the A3P in one MO the FAB. Initially, the work commented on the diagnosis of the implementation of the A3P program in another institution; the deployment, problems encountered, and results. Also in this chapter, in compliance with environmental policy, proposals were made to the Manager of the OM on some actions to be take to reduce consumption of energy, water and material. The Chapter 5, conclusion, aimed at stimulating change of habits and attitudes, as well as promoting a new socio-environmental culture in Mos. Keywords: Environment. Environmental Issues. Environmental Agenda Programme in Public Administration (A3P). Solid Waste. Social and Environmental Responsibility. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FOTO 1 Capa da Cartilha e do Informe .........................................................28 FOTO 2 Instalações da DIRENG ...................................................................31 GRÁFICO 1 Grau de conhecimento sobre o Programa da A3P ...........................35 GRÁFICO 2 Grau de aceitação para participação do Programa ..........................39 GRÁFICO 3 Mudar procedimentos para reduzir os impactos ambientais ............40 QUADRO 1 Prática dos 5R‟s ...............................................................................41 QUADRO 2 Demonstrativos dos materiais mais consumidos pela DIRENG .......42 GRÁFICO 4 Grau de conhecimento sobre a coleta seletiva solidária ..................44 GRÁFICO 5 Participação no Programa para gerenciar resíduos sólidos gerados na sua OM........................................................................................45 GRÁFICO 6 A administração pública deve promover ações para uma melhor qualidade de vida no trabalho. .........................................................46 QUADRO 3 Grau de importância para melhorar a qualidade de vida no Trabalho ...........................................................................................47 FOTO 3 Sala de Trabalho da DIRENG...........................................................48 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A3P Agenda Ambiental da Administração Pública CO2 Gás Carbônico COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana COMAER Comando da Aeronáutica CREA-RJ Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro DCRS Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental DIRENG Diretoria de Engenharia da Aeronáutica EA Educação Ambiental ECO 92 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) FAB Força Aérea Brasileira GAP-RJ Grupamento de Apoio do Rio de Janeiro MMA Ministério do Meio Ambiente OM Organização Militar OMS Organização Mundial de Saúde PREDCOMAER-RJ Prédio do Comando da Aeronáutica no Rio de Janeiro PRO-RSA da DIRENG Programa de Responsabilidade Socioambiental da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica RSA Responsabilidade Socioambiental SAIC Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente UNESCO United Nations Education Scientific and Culture Organization SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11 2 MEIO AMBIENTE, QUESTÃO AMBIENTAL E QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL ............................................................................... 14 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.3 2.3.1 2.3.2 MEIO AMBIENTE ..................................................................................... 14 QUESTÕES AMBIENTAIS ....................................................................... 14 Mudanças Climáticas ............................................................................. 15 Resíduos Sólidos ................................................................................... 16 Água ........................................................................................................ 18 QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS ............................................................ 18 Educação Ambiental .............................................................................. 19 Responsabilidade Socioambiental no Setor Público .......................... 20 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (A3P) ............ 22 USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS E BENS PÚBLICOS ..... 24 GESTÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS GERADOS............................... 24 QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE DE TRABALHO .......................... 26 SENSIBILIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO....................................................... 26 LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS ................................................................ 27 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.2.1 4.2.2.1.1 4.2.2.1.2 4.2.2.1.3 4.2.2.1.4 4.2.2.2 4.2.2.3 4.2.2.4 4.2.2.5 APLICAÇÃO DO PROGRAMA DA AGENDA AMBIENTAL (A3P) .......... 28 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROGRAMA APLICADO EM UMA INSTITUIÇÃO ........................................................................................... 28 IMPLANTAÇÃO DO MODELO DA A3P NUMA ORGANIZAÇÃO MILITAR ...31 Passos para implantação do Programa PRO-RSA da DIRENG .......... 32 Eixos Temáticos ..................................................................................... 35 Uso Racional dos Recursos Naturais e Públicos...................................... 35 Papel ........................................................................................................ 36 Energia elétrica......................................................................................... 37 Água ......................................................................................................... 38 Veículos oficiais ........................................................................................ 38 Gestão Adequada dos Resíduos Gerados na OM ................................... 40 Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho ........................................... 46 Sensibilização e Capacitação ................................................................... 49 Licitações Sustentáveis ............................................................................ 50 5 CONCLUSÃO .......................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 54 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ............................................................ 57 11 1 INTRODUÇÃO As atividades humanas têm produzido grandes impactos ambientais sobre a água, o ar, a paisagem natural e o ambiente construído. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem reafirmado constantemente a necessidade de controle, formulando Leis, Normas e Portarias que devem ser cumpridas, principalmente nos órgãos públicos. É impossível imaginar o Brasil, com seu grande potencial, sem a preocupação em buscar alcançar suas reais necessidades e interesses em preservar o meio ambiente. Políticas Públicas descritas na Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P 2009, p. 13 e 17)1: “As questões ambientais fazem parte da agenda pública, constituindo-se em fatores decisivos para o desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, demandando a complementaridade e a interação entre as mais diversas ações do poder público. Essas ações devem, portanto, ser articuladas e implementadas de forma transversal para que possam contribuir para a consolidação das bases que permitirão a definição e implantação de uma política efetiva para o desenvolvimento sustentável do país. Cabe às instituições governamentais buscar a mudança de hábitos e atitudes internas, promovendo uma nova cultura institucional de combate ao desperdício.” “É importante ressaltar ainda que a adoção de uma política de Responsabilidade Socioambiental (RSA) pelas instituições públicas gera economia dos recursos públicos, na medida em que esses serão gastos com maior eficiência, além de beneficiar o meio ambiente com menores emissões de CO2, contribuindo para que o país possa cumprir seus compromissos internacionais e ao mesmo tempo dando o exemplo para outros países que ainda não implantaram agendas equivalentes.” Ações para a implementação para gestores e funcionários sobre a RSA são fundamentais para o desenvolvimento sustentável do nosso país. A administração pública exerce um papel fundamental na promoção de uma nova cultura institucional de combate ao desperdício através da mudança de hábitos. O problema em questão é: “Como construir um modelo de cultura institucional visando à inserção de critérios socioambientais em Organizações Militares?” Para o desenvolvimento do presente trabalho foram adotadas as seguintes hipóteses: 1 A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública do Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. 12 H1. A construção de uma nova cultura institucional é possível com o envolvimento de todos os setores para a definição de uma política ambiental e de estratégias para cada instituição pública. H2. A aplicação do Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em Organizações Militares (OMs) é importante, pois estimula: a mudança nos padrões de consumo como forma de combate ao desperdício em atendimento à Política Nacional do Meio Ambiente; a sensibilização dos servidores na consolidação da consciência cidadã da responsabilidade socioambiental; a gestão adequada dos resíduos gerados com a coleta seletiva, atendendo ao objetivo da Política Nacional de Resíduos Sólidos; as licitações sustentáveis que visem aos aspectos econômicos, ambientais e sociais; e a qualidade de vida no ambiente de trabalho. O objetivo geral do trabalho é identificar fatores culturais críticos capazes de estimular o uso racional dos recursos naturais e dos bens públicos, o combate ao desperdício e uma gestão adequada dos resíduos sólidos em organizações militares. Na primeira parte do trabalho teceram-se comentários sobre as questões socioambientais; e uma apresentação do Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) do Ministério do Meio Ambiente. Quanto à abordagem, far-se-á uma apreciação de campo do Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) e de como pode se processar sua aplicação a uma OM da FAB. Em complemento será realizada uma pesquisa de campo nessa OM sobre a educação ambiental, a qualidade de vida no ambiente de trabalho e, quais os resíduos sólidos gerados e a sua destinação, bem como um estudo de caso num órgão que já aderiu à A3P para avaliar o Programa da instituição (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro). A pesquisa limitar-se-á a questão dos resíduos sólidos e alguns aspectos da qualidade de vida no ambiente de trabalho; focará apenas o caso de uma Unidade da Força Aérea Brasileira, a título de levantamento de campo. Não serão detalhados os seguintes objetivos da Agenda A3P: a sensibilização dos servidores quanto à responsabilidade socioambiental e as licitações sustentáveis. 13 Atualmente a atividade humana traz um rastro de poluição que ameaça as gerações futuras. A inserção da cultura ambiental nas OMs visa à mudança no estilo de vida entendendo que a responsabilidade ambiental é dever da instituição e de cada indivíduo. Entende-se que a nossa sobrevivência depende das decisões que tomamos, das escolhas que fazemos, porque o meio ambiente não é algo fora de nós, é condição de vida. Espera-se que esse trabalho mostre aos gestores das instituições públicas a necessidade do cumprimento da Política Nacional do Meio Ambiente e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 14 2 MEIO AMBIENTE, QUESTÃO AMBIENTAL E QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL 2.1 MEIO AMBIENTE Visando a um melhor entendimento do tema ambiental, a Lei nº 6.938, de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, constituiu o marco inicial das ações para conservação ambiental e incorporação do tema nas atividades de diversos setores da sociedade. O art. 3º fornece as seguintes definições: Meio Ambiente – o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Degradação da Qualidade Ambiental – a alteração adversa das características do meio ambiente; Poluição – a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Poluidor – pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; Recursos Ambientais – a atmosfera; as águas interiores, superficiais e subterrâneas; os estuários; o mar territorial; o solo; o subsolo e os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 2.2 QUESTÕES AMBIENTAIS Segundo Lovelock (2010, p. 222 e 223) os seres humanos fazem mais mal que bem à Terra: “A doença que aflige a Terra não é apenas a mudança climática – que se manifesta pela seca, calor e o nível do mar sempre crescente. A isso se soma a química mutante do ar e dos oceanos, e a forma como o mar se 15 torna cada vez mais ácido. Há então a escassez de comida para todos os consumidores do reino animal. A perda daquela biodiversidade vital que possibilita o funcionamento de um ecossistema é também parte importante do processo. Todos esses fatores afetam o funcionamento do sistema operacional da Terra e são conseqüências do número excessivo de pessoas. (...) em que os seres humanos a superpovoam até fazer mais mal que bem.” 2.2.1 Mudanças climáticas Muitos acham que o aquecimento global é coisa de cinema e que tudo que é comentado só acontecerá nas gerações futuras. Nós brasileiros já vivenciamos secas extremas, inundações, chuvas de granizo, e até furacões. Bairros inteiros sendo destruídos pelo desmoronamento das encostas; pessoas que perderam seus familiares, suas casas, suas plantações, seus animais e a sua fé2. A Terra tem um sistema climático ultra-sensível. O CO2, também chamado de gás carbônico, é parte da atmosfera terrestre e forma uma capa ao redor da Terra, que faz a temperatura do planeta adequada para a manutenção da vida – inclusive a humana. Esse processo se chama efeito estufa. Quando a temperatura sobe, o sistema entra em desequilíbrio, portanto, não é o mecanismo natural em si, mas a interferência feita pelo homem. Desde o século 18, a Revolução Industrial promoveu um salto tecnológico (os estudiosos chamam de “modelo desenvolvimento”), o crescimento das civilizações e o consumismo desenfreado dos países desenvolvidos, acarretando uma taxa inédita e perigosa de poluição e degradação da natureza. Segundo Agostinho, presidente do CREA-RJ (2011, p. 22 e 23), cita no artigo3: “Um ciclo de calamidades que precisa ser interrompido”, a falta de planejamento e o descumprimento de leis ambientais estão entre as causas da tragédia que atingiu a região serrana no Rio de Janeiro: “A população urbana no Brasil cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de 1940 e o início do século XXI. Nesse período, o país passou por um processo intenso de urbanização, tendo que abrigar mais de 125 milhões de pessoas em suas cidades. E essa transição aconteceu sem nenhum planejamento.” 2 3 Comentário segundo a organização ambientalista Greenpeace. Revista do CREA RJ n. 86, jan./mar. 2011. 16 Segundo Lovelock: “Os seres humanos que surperpovoam a Terra em número excessivo fazem mais mal que bem”. Os motivos são muitos, mas o principal advém do capitalismo através de um consumismo devorador dos recursos naturais. A questão é como crescer sem agredir as reservas da Terra? O aquecimento do planeta é uma realidade. Precisamos vencer o desafio das mudanças climáticas, ou nós sofreremos uma catástrofe sem precedentes. Não podemos só ficar envolvidos em discussões, precisamos de ações. Precisamos consolidar um crescimento econômico baseado em tecnologias que não prejudiquem o planeta. Não se trata de um problema ambiental, é um problema moral e uma questão de vida ou morte. A ECO 92 gerou um raio de esperança internacional e uma promessa de resolver o problema, mas as lideranças políticas globais mostraram-se ausentes. O mundo precisa de uma matriz elétrica diversificada. As cidades precisam de sistemas de transporte inteligentes menos poluentes. Os governos precisam deixar as florestas em pé, para permitir que as árvores ajudem a regular o clima, e conservar os oceanos, outra importante “esponja” de dióxido de carbono. Precisamos consumir menos e acima de tudo, que as pessoas queiram fazer mudanças, o momento da ação é agora. Os próximos bilhões de habitantes da Terra agradecerão. 2.2.2 Resíduos Sólidos Segundo a arquiteta Ana Brandão4 (2010, p. 14) a quantidade de resíduo gerado pelos países desenvolvidos vem aumentando de forma incontrolável: “A necessidade de diminuir o volume de resíduo gerado está presente na comunidade mundial. Hoje, a quantidade de resíduos chega a atingir volumes incontroláveis fazendo com que muitos países não tenham como dar destino aos seus resíduos gerados e cheguem ao ponto de exportá-los”. A cidade do Rio de Janeiro lidera o ranking nacional de lixo produzido por habitante. Um crime ambiental vem sendo cometido há três décadas: todo o lixo é despejado no Aterro de Gramacho (conhecido como Lixão); é o retrato do desleixo 4 Monografia da ESG, 2010 com tema: Gestão de resíduos sólidos: estudo de caso da Força Aérea Brasileira. 17 ambiental, com rios de chorume vazando para o lençol freático, gases nocivos contaminando a atmosfera e urubus em profusão pondo em risco os vôos do Aeroporto Internacional do Galeão. Além disso, milhares de catadores atuam no local, formando um degradante formigueiro humano. Tudo isso foi mostrado no filme documentário “Estamira e o Lixo Extraordinário”. Após, a Prefeitura do Rio de Janeiro apressou a inauguração da Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica. O plano inicial é despejar 1.000 toneladas diárias no local, até atingir o total de 6.000 mil toneladas diárias; o objetivo é que o CTR de Seropédica absorva, até meados do próximo ano, os resíduos que seriam levados para o aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, que será fechado em 2012 5. Em 2012 devemos chegar a 100 milhões de computadores em empresas e residências e que são trocados a cada cinco anos, transformando-se em lixo e liberados nos aterros comuns (lixões). O lixo eletrônico é outro grande problema do século XXI. São pilhas, baterias, computadores, televisores, DVDs, CDs, lâmpadas fluorescentes e outros produtos que liberam metais pesados os quais se infiltram no solo, comprometendo os mananciais e, assim, entram na cadeia alimentar sendo responsáveis por vários tipos de doenças como o câncer ou a má formação de fetos.6 A Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os resíduos perigosos, as responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Item importante na lei é a logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. Outro dado importante é a introdução da responsabilidade compartilhada na legislação brasileira, envolvendo sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal na gestão dos resíduos sólidos. 5 6 Baseado na Reportagem da Revista Veja n° 18, de 04/05/11 – p. 18. Comentário do Jornal O Estado de S. Paulo, de 29/10/2008 na matéria “Os perigos do e-lixo”. 18 2.2.3 Água A água é um elemento natural absolutamente essencial para todos os animais e vegetais da Terra, e está intimamente relacionada ao fenômeno da vida. Mas a sociedade moderna nas últimas décadas passou a poluí-la. Devido ao aumento populacional, o consumo de água vem crescendo de maneira assustadora. A população dobrou nos últimos 40 anos. Segundo Magossi e Bonacella, (2008, p. 23) sobre o consumo de água pelos países desenvolvidos: “85% da água consumida é destinada aos países ricos, que por sua vez, concentram apenas 20% da população total do planeta. Outro dado alarmante é o consumo de água doce na atividade agrícola (...) a cada 100 litros de água consumidos pela população mundial, 70 litros vão para a atividade agrícola (...) Ritmo acima da capacidade de reposição pela natureza. Alguns estudos mostram que a média de consumo de água por habitante chega a 700 litros por dia. Em alguns países da Europa é de 1.700 litros por dia e, nos Estados Unidos a quantidade astronômica de 8.000 litros diários por habitante. Quanto mais desenvolvido o país maior é o consumo de água devido ao nível de industrialização, nível de mecanização e irrigação da agricultura.” O maior problema do Brasil é o desperdício. É necessário investir numa estratégia de política racional de utilização da água doce visando conscientizar as pessoas da necessidade de evitar o desperdício, investir em novas tecnologias, principalmente para a área industrial, aplicar técnicas para o reuso da água e outros. Só assim garantiremos a sobrevivência das gerações futuras. Outro grave problema é a poluição por esgoto. No Brasil como no mundo as zonas costeiras são as mais ameaçadas por poluição. Cerca de 60% das cidades mundiais situam-se a menos de 100 km do mar. O ambiente costeiro e marinho na América Latina já está ameaçado, principalmente junto a grandes concentrações urbanas. 2.3 QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS Segundo a A3P (2009, p. 13), sobre o marco histórico no Desenvolvimento do Direito Ambiental: 19 “A legislação ambiental brasileira, um dos principais instrumentos da sustentabilidade ambiental, prevê a manutenção e conservação do meio ambiente ao mesmo tempo em que contempla a necessidade de adoção de uma nova ética social, buscando explorar a dimensão econômica de forma racional e adequada, visando à manutenção do equilíbrio ecológico, garantia da saúde, qualidade de vida e bem-estar econômico, social e ambiental das milhares de famílias brasileiras.” A promoção do desenvolvimento sustentável, a necessidade de controle e participação social, o fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o princípio da “transversalidade” são as linhas para ações, projetos e programas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) 7. O trabalho de institucionalização das políticas ambientais no Brasil tem acarretado esforços de coordenação entre os diversos setores do governo. A Política Nacional do Meio Ambiente trata com importância a responsabilidade do poluidor. O poluidor é responsável pelos danos causados ao Meio Ambiente e a terceiros, devendo repará-los. 2.3.1 Educação ambiental A educação ambiental (EA) é um direito de todos e visa ao desenvolvimento de uma compreensão do meio ambiente nas suas múltiplas e complexas relações, contendo vários aspectos: ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos. A educação ambiental segundo a A3P (2009, p. 18): “Entende-se por educação ambiental (EA) os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” O modelo econômico globalizado vem sendo causa de críticas e de protestos internacionais forçando a inclusão de tópicos globais e dos impactos sociais e ambientais nas agendas das corporações e dos órgãos públicos. Segundo relato da A3P (2009, p. 23): 7 Política Nacional do Meio Ambiente da A3P. 20 “O assunto faz parte da agenda internacional, não apenas restrita ao setor empresarial, mas também no âmbito das instituições governamentais que, cada vez mais, têm participado como ator do processo, inclusive criando estruturas de governo específicas para tratar do tema”. As empresas que investem em práticas de responsabilidade social, além de proteger o meio ambiente e do respeito aos direitos humanos ajudam a elevar os níveis de desenvolvimento social. A A3P (2009, p. 21) relata sobre a responsabilidade social: “Muitas empresas têm desenvolvido os seus programas de responsabilidade social segundo a abordagem do “triple bottom line”, que se constitui na principal ferramenta do Índice de Sustentabilidade da Dow Jones (Dow Jones Sustainability Index) da Bolsa de Valores de Nova Iorque e do Índice de Sustentabilidade Social (ISE) da Bovespa. O conceito se refere a um conjunto de indicadores utilizado para a avaliação do desempenho econômico das empresas e das suas ações de responsabilidade social e ambiental.” A Norma Internacional de Responsabilidade Social – ISO 26000 tem como temas centrais: governança organizacional, direitos humanos, práticas do trabalho, meio ambiente, práticas leais (justas) de operação, questões relativas ao consumidor e envolvimento e desenvolvimento da comunidade.8 2.3.2 Responsabilidade Socioambiental no Setor Público Responsabilidade Socioambiental (RSA) é o exercício da ética e da cidadania com respeito a todas as formas de vida. No Programa da A3P (2009, p. 25 e 26) é relatada a necessidade de mudar comportamentos pelos gestores e funcionários das diversas instituições públicas e privadas: “Os novos desafios globais e a necessidade de promover uma Agenda de Desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades, tendo como princípio a necessidade de mudar comportamentos e adotar novas práticas éticas e responsáveis – tanto no setor empresarial como público – destaca a importância da criação de políticas e programas de Responsabilidade Socioambiental (RSA).” 8 A3P 2009, p. 25. Essas iniciativas internacionais traduzem novos padrões, acordos, recomendações e/ou códigos de condutas adotados no Brasil e em outros países, e fazem parte da agenda de responsabilidade socioambiental do setor empresarial e de instituições governamentais, principalmente das empresas públicas e sociedades de economia mista. 21 Essencial para o desenvolvimento sustentável é a promoção da RSA. Para tal o governo estabeleceu quatro princípios que têm orientado a política ambiental: desenvolvimento sustentável, transversalidade, participação e controle social. A adoção de uma política de RSA pelas instituições públicas gera economia dos recursos públicos. O poder público é responsável pela conservação racional dos recursos naturais e pela proteção contra a degradação ambiental. 22 3 AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (A3P) Esse capítulo foi elaborado tendo como referência o livro da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), revisado em 2009, elaborado pela Comissão Gestora da A3P do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. A A3P é uma estratégia para construção de um modelo de cultura institucional visando à inserção de critérios socioambientais na administração pública. Surgiu em 1999 como um projeto do Ministério do Meio Ambiente com o objetivo de revisar os padrões de produção e consumo e a adoção de novos referenciais de sustentabilidade ambiental nas instituições da administração pública. São ações que visam à construção de uma nova cultura institucional. Em 2001 foi criado o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), cujo objetivo era sensibilizar os gestores públicos para a importância das questões ambientais, estimulando-os a incorporar princípios e critérios de gestão ambiental em suas atividades9. A A3P é uma ação voluntária que busca a adoção de novos padrões de produção e consumo, sustentáveis, no âmbito do governo. As diretrizes da A3P (2010, p. 33) se fundamentam: “Nas recomendações do Capítulo IV da Agenda 21, que indica aos países o estabelecimento de programas voltados ao exame dos padrões insustentáveis de produção e consumo e o desenvolvimento de políticas e estratégias nacionais de estímulo a mudanças nos padrões insustentáveis de consumo. “No Princípio 8 da Declaração do Rio/92, que afirma que „os Estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas demográficas adequadas‟ e, ainda, na Declaração de Joanesburgo, que institui a adoção do consumo sustentável como princípio basilar do desenvolvimento sustentável.” Em 2002 o Programa da A3P foi reconhecido pela UNESCO, ganhando o prêmio “O melhor dos exemplos” na categoria Meio Ambiente10. A Portaria nº 221, de 10 de setembro de 2004, estabelece a comissão gestora para propor políticas e diretrizes, normas e instrumentos técnicos, promover 9 10 Dados do histórico da A3P 2009, p. 32. Dados da A3P 2009, p. 32. 23 a articulação inter e intragovernamental, estabelecer metas, monitorar e avaliar atividades11. Em 2007, com a reestruturação do Ministério do Meio Ambiente, a A3P passou a integrar o Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental (DCRS), da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC) 12. A A3P foi fortalecida como Agenda de Responsabilidade Socioambiental do governo e passou a ser uma das principais ações no compromisso governamental ante as atividades da gestão pública. A Portaria nº 217, de 30 de julho de 2008, institui o Comitê de Implementação da A3P no Ministério do Meio Ambiente. O desafio da A3P é promover a Responsabilidade Socioambiental como política governamental por meio da inserção de princípios e práticas de sustentabilidade socioambiental no âmbito da administração pública. Através do estímulo a determinadas ações, que vão desde uma mudança nos investimentos, compras e contratações de serviços pelo governo, passando pela sensibilização e capacitação dos servidores, pela gestão adequada dos recursos naturais utilizados e resíduos gerados, até a promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. O objetivo principal é estimular a reflexão e a mudança de atitude dos servidores para que estes incorporem os critérios de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras. A Agenda Ambiental em suas ações tem priorizado como um de seus princípios a política dos 5R’s: repensar, reduzir, reaproveitar, reciclar e recusar. O último R – recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos irá definir o sucesso do Programa na implantação dos critérios ambientais na Organização Militar. O Programa da A3P foi estruturado em cinco eixos temáticos: uso racional dos recursos naturais e bens públicos, gestão adequada dos resíduos gerados, qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação dos servidores e licitações sustentáveis. 11 12 Dados da A3P 2007, p. 10. Histórico da A3P 2009, p. 32. 24 3.1 USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS E BENS PÚBLICOS Evitar o desperdício é usar de forma econômica e racional os recursos naturais e bens públicos. Este eixo engloba o uso racional de energia, água e de papel (madeira), copos plásticos e outros materiais de expediente. A economia brasileira caracteriza-se por elevado nível de desperdício de recursos naturais. Reduzir o consumismo, conservar energia, água e outros recursos naturais e reciclar resíduos transformando-os em produtos com valor agregado são ações que visam reduzir custos de produção. A citação sobre o consumismo na A3P (2009, p. 37): “Estudos apontam que o consumo dos recursos naturais já excede em 30% a capacidade do planeta se regenerar, se mantivermos o ritmo atual, somado ao crescimento populacional, em torno de 2030 precisaríamos de mais dois planetas para nos manter.” 3.2 GESTÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS GERADOS A gestão adequada dos resíduos sólidos passa pela adoção da política dos 5R´s: repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e recusar. A Educação Ambiental trabalha com a política dos 5R´s e tem como foco principal o consumismo ao invés da reciclagem; dessa forma deve-se primeiramente pensar em reduzir o consumo e combater o desperdício para só então destinar o resíduo gerado corretamente. A política dos 5R´s descrita na A3P (2009, p. 42): “Repensar a necessidade de consumo e os padrões de produção e descarte adotados. “Recusar possibilidades de consumo desnecessário e produtos que gerem impactos ambientais significativos. “Reduzir significa evitar os desperdícios, consumir menos produtos, preferindo aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade. “Reutilizar é uma forma de evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo reaproveitando tudo o que estiver em bom estado. “Reciclar significa transformar materiais usados em matérias primas para outros produtos por meio de processos industriais ou artesanais. É ser criativo, inovador usando um produto de diferentes maneiras.” 25 A administração pública gera grande parte desses resíduos na realização de suas atividades. Os resíduos produzidos em maiores quantidades são: papéis, plásticos, cartuchos e tonners, lâmpadas fluorescentes e lixo eletrônico. Segundo o Manual de Educação para o Consumo Sustentável descrito na A3P (2009, p. 42): “a reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais vantajosos, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui o volume de lixo e a poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturada, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. “Pode gerar emprego e renda para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser parceiros prioritários na coleta seletiva.” É importante observar a diferença: Reutilizar significa usar novamente um material antes de descartá-lo e Reciclar é transformar os produtos em matéria-prima para se iniciar uma nova produção. Atualmente, a maior parte dos órgãos públicos que já programam ações da A3P está se inserindo no projeto "Coleta Seletiva Solidária". A coleta seletiva é uma importante atividade na gestão dos resíduos sólidos. Trata-se do processo de seleção do lixo, que envolve duas etapas distintas: Separação do Lixo na Fonte (ou Segregação) e Coleta. A definição sobre a Coleta Seletiva Solidária segundo a A3P (2009, p. 54): “A Coleta Seletiva Solidária é uma estratégia que busca a construção de uma cultura institucional para um novo modelo de gestão dos resíduos, no âmbito da administração pública federal, direta e indireta, somada aos princípios e ações da A3P. (...) “O governo federal instituiu a Coleta Seletiva Solidária para contribuir para o acesso à cidadania, à oportunidade de renda e à inclusão social dos catadores de materiais recicláveis.” A Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo governo federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. 26 3.3 QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE DE TRABALHO A administração pública deve buscar uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho, com ações para o desenvolvimento pessoal e profissional que satisfaçam as necessidades dos servidores ao desenvolver suas atividades na organização. A satisfação com o trabalho é uma das metas da A3P (2009, p. 45): Para tanto, as instituições públicas devem desenvolver e implantar programas específicos que envolvam o grau de satisfação da pessoa com o ambiente de trabalho, melhoramento das condições ambientais gerais, promoção da saúde e segurança, integração social e desenvolvimento das capacidades humanas, entre outros fatores. Visando facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Para melhorar a produtividade é necessário haver uma conciliação entre os interesses dos funcionários e o da organização. Buscar o equilíbrio entre as partes melhora a satisfação do trabalhador dentro de seu ambiente de trabalho e aumenta a produtividade. Fazer reuniões com os funcionários para ouvir opiniões é uma das ferramentas usadas para conhecer os funcionários. 3.4 SENSIBILIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO É fundamental para o sucesso do Programa da A3P a conscientização dos gestores e servidores públicos quanto à responsabilidade socioambiental. Segundo a A3P (2009, p. 47): A sensibilização busca criar e consolidar a consciência cidadã da responsabilidade socioambiental nos servidores. O processo de capacitação contribui para o desenvolvimento de competências institucionais e individuais fornecendo oportunidade para os servidores desenvolverem atitudes para um melhor desempenho de suas atividades. A preservação dos recursos naturais está diretamente ligada à mudança de hábito, comportamento e padrões de consumo de todos os servidores. Para que essas mudanças sejam possíveis, são necessárias a capacitação e a sensibilização tanto individual como coletiva. Dessa forma será possível a criação de uma nova 27 cultura institucional de sustentabilidade das atividades na administração pública. Conscientizar os gestores e servidores públicos sobre a responsabilidade socioambiental é um grande desafio. Palestras, reuniões, oficina, filmes e teatro são instrumentos visando à construção de uma nova cultura de gerenciamento dos recursos públicos: a sensibilização e capacitação. 3.5 LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS A administração pública deve promover a responsabilidade socioambiental das suas compras. As licitações são procedimentos administrativos para as compras e contratações públicas visando selecionar a proposta mais vantajosa ao interesse público: o melhor produto pelo menor preço. A Lei n° 8.666/93 foi criada para regulamentar as licitações, embora leve em consideração o impacto ambiental do projeto básico de obras e serviços, não se refere ao fator ambiental com relação a compras. Sobre as licitações sustentáveis a A3P (2009, p. 49 e 50) diz: “As denominadas licitações sustentáveis são aquelas que levam em consideração a sustentabilidade ambiental, social e econômica dos produtos e processos a ela relativos. Licitações que levem à aquisição de produtos e serviços sustentáveis são importantes para a conservação do meio ambiente, abrangendo a própria sociedade nele inserida, como também apresentam no aspecto econômico uma melhor relação custo/benefício a médio ou longo prazo quando comparadas às que se valem do critério de menor preço. (...) “O Decreto nº 5.450, de 2005, regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns. A modalidade licitatória do pregão, realizado por meio eletrônico apresenta vários benefícios, como a redução no tempo administrativo e nas despesas, com procedimentos mais simplificados e eficientes, além da maior transparência, pois é realizado via web.” 28 4 APLICAÇÃO DO PROGRAMA DA AGENDA AMBIENTAL (A3P) 4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROGRAMA APLICADO EM UMA INSTITUIÇÃO Em cumprimento às leis federal, estadual e municipal que prevêem a implantação da coleta seletiva nos órgãos públicos, o Presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, lançou em 2009, no Dia Internacional do Meio Ambiente, o Programa de Coleta Seletiva Solidária do CREA-RJ sendo uma das ações propostas para promover a melhoria da qualidade de vida através da união de esforços de todos. Na cartilha lançada ele escreveu: “Definitivamente, a Ecologia faz parte da nossa vida. Todos são afetados pelas mudanças climáticas decorrentes dos elevados padrões de consumo do mundo contemporâneo e pelas deficiências na infraestrutura das cidades... Assim, o CREA-RJ, no espírito de uma nova cultura institucional voltada para as questões socioambientais do nosso tempo, apresenta o seu Programa de Coleta Seletiva Solidária.” FOTO 1: Capa da cartilha e do Informe. Fotos do autor. O termo “coleta solidária” é porque todo o lixo reciclável de uma instituição do governo é por lei doada a Associações e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, gerando renda para essas comunidades. 29 A cartilha elaborada pelo CREA-RJ – Programa de Coleta Seletiva Solidária do CREA-RJ – Campanha Reduzir para Ganhar possui apenas quatro folhas e foi preparada por uma comissão tendo a ambientalista Eliane Leite como organizadora dos textos. A programação visual foi bem elaborada, colorida, com desenhos ilustrativos numa linguagem de fácil interpretação. A cartilha aborda vários tópicos como: o que é reciclável e o que não é reciclável, resíduos mais gerados no órgão, a ação da substituição de copos descartáveis por canecas de uso individual, uso de caixas coletoras de papel junto às impressoras, coletores de pilhas e baterias, quem é o responsável pela coleta seletiva e informações sobre utilidade ambiental. No texto da cartilha são descritos alguns itens sobre “O que você pode fazer no trabalho” como parte da Campanha Reduzir para Ganhar. No item 05 está descrito: “Já reparou na quantidade de copos descartáveis jogados no lixo no fim do expediente? Mude isso: se possível, use sua própria caneca ou copo de vidro, para água, e xícara de porcelana para café”. No dia 10 de junho foi realizada uma entrevista no CREA-RJ com a engenheira agrônoma, pós-graduada em Planejamento Ambiental, Eliana Conde Barroso Leite, que é a Coordenadora Editorial da Folha CREA-RJ Ambiental, lotada na Assessoria Ambiental do CREA-RJ, e faz parte da Comissão de Implantação do Programa de Coleta Seletiva Solidária – Campanha Reduzir para Ganhar. Seguem as informações coletadas: 1) O Programa envolve três etapas: planejamento, implantação e manutenção. 2) Montar a equipe de trabalho de diversos setores e que estejam interessados. Manter a equipe informada sobre os passos que serão realizados durante todo o processo solicitando a participação na campanha. É importante a participação do responsável pela limpeza. 3) Após o levantamento dos dados fazer a solicitação da compra dos materiais: lixeiras, coletores de copos, caixas do tipo poliondas para coleta de papéis junto das impressoras e canecas. 4) Confecção de placas sinalizadoras, cartazes, etc. 5) Treinamento dos funcionários responsáveis pela coleta. 6) Elaboração de folhetos informativos. 7) No Dia Internacional do Meio Ambiente, 05 de junho de 2009, se deu o lançamento do Programa, tendo sido distribuída uma cartilha de 30 conscientização e orientação a todos os funcionários e colaboradores, denominada “Programa de Coleta Seletiva Solidária do CREA-RJ – Campanha Reduzir para Ganhar”, ilustrada. 8) Foram ministradas sete palestras para cerca de 300 funcionários e colaboradores – incluindo uma palestra exclusiva para os funcionários da limpeza. Durante este ciclo de palestras foi entregue a cada funcionário a cartilha do Programa e uma caneca de metal, visando desestimular o uso do copo descartável. Foi também encenada uma peça teatral, com a participação de dois funcionários: Peça “LIXO”, de Luiz Fernando Veríssimo, no dia 19 de junho de 2009. 9) A coleta seletiva teve seu início em 20 de junho de 2009, cerca de dois meses após a edição da Portaria estabelecendo a Comissão da Coleta Seletiva Solidária. 10) É necessário um processo para a seleção da cooperativa. A primeira cooperativa cadastrada foi a Cooperativa RIOCOOP. Todo o material é anotado em planilha específica e entregue semanalmente para a cooperativa. Esses dados são disponibilizados para a Comissão de Meio Ambiente. 11) O descarte de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes são destinados à empresa AMPLA, parceira do CREA-RJ no Programa. 12) Primeiros dados fornecidos pela cooperativa nos três primeiros meses da coleta no ano de 2009, verificou-se uma queda no consumo do papel branco a partir do segundo semestre de 2009: Junho: ........... 832 kg, sendo 587 kg de papel (70%) Julho: ............. 891 kg, sendo 600 kg de papel (67 %) Agosto: .......... 1.026 kg, sendo 646 kg de papel (62 %) Setembro: ...... 1.966 kg, sendo 799 kg de papel (41%) 13) São publicados periódicos com informações sobre o andamento do Programa: Informe da Coleta Seletiva. Esses periódicos são importantes para a formação funcionário. da responsabilidade socioambiental de cada 31 A engenheira e ambientalista Eliane também informou sobre os coletores para copos descartáveis e outros. O coletor para copos de água (reciclável) deve estar separado do copo de café (sujo). Foi perguntado pelas outras ações referidas na A3P, tais como a redução do consumo de água e de energia. Essas ações não foram implantadas por falta de verba. 4.2 IMPLANTAÇÃO DO MODELO DA A3P NUMA ORGANIZAÇÃO MILITAR A Organização Militar pesquisada é a Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (DIRENG). A escolha foi baseada na preocupação de vários funcionários com a questão ambiental. FOTO 2: Instalações da DIRENG. Fotos do autor (2011). A DIRENG tem por finalidade a orientação normativa, a execução, a coordenação e o controle das atividades relacionadas com Engenharia de Infraestrutura Aeroportuária, Engenharia de Edificações, Engenharia de Campanha, 32 Patrimônio, Transporte de Superfície e Contra-incêndio afetas ao Comando da Aeronáutica (COMAER)13. Localiza-se no Prédio do Comando da Aeronáutica, no Rio de Janeiro (PREDCOMAER-RJ), no bairro Castelo, na cidade do Rio de Janeiro. A DIRENG ocupa dois pavimentos do prédio, numa área aproximada de 3.000,00 m 2. O efetivo da DIRENG é de 259 funcionários entre civis e militares14. O Programa a ser implantado na OM foi denominado de Programa de Responsabilidade Socioambiental da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (Programa PRO-RSA da DIRENG) e visa a uma nova gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas e operacionais, com o propósito de minimizar ou eliminar os impactos ao meio ambiente provocados por atividades administrativas ou operacionais. 4.2.1 Passos para a implantação do programa PRO-RSA da DIRENG A implantação do Programa de Responsabilidade Socioambiental da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (Programa PRO-RSA da DIRENG) visa aos seguintes objetivos: • Mudanças nas relações coletivas – buscar a melhoria da qualidade de vida, saúde e bem-estar dos funcionários da Organização Militar; • Procedimentos para correção de hábitos de desperdício; • Reuniões com o propósito de motivar os servidores públicos a aceitarem as mudanças nos procedimentos administrativos; • Adoção de um modelo de gestão pública que corrija e diminua impactos negativos gerados durante a execução das tarefas no trabalho; • Distribuir Informativos Periódicos sobre o uso eficiente dos recursos naturais, materiais, financeiros e humanos; e • Implantar campanha para a participação no Programa da Coleta Seletiva dos Resíduos Sólidos gerados na OM. Os passos para a aplicação do Programa PRO-RSA da DIRENG devem ser baseados nos passos da A3P (2009, p. 91): 13 14 http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=comgap acessado em 22/07/2011. Dados obtidos na DIRENG em 09/08/2011. 33 1° Passo: Criar a Comissão Gestora Criar uma Comissão Gestora que ficará encarregada de sensibilizar os gestores sobre a importância da implantação do Programa e fazer o planejamento, a implantação e o monitoramento das ações. A Comissão deverá ser composta por pessoas de todas as áreas da OM, com 5 a 10 pessoas, sendo um representante de cada setor; esta medida é fundamental para a obtenção de apoio no acompanhamento dos projetos e atividades. A Comissão deve ser institucionalizada oficialmente e ser publicada em boletim. 2° Passo: Realizar um diagnóstico da instituição Fazer um levantamento de dados sobre a situação socioambiental da instituição. Identificar o modelo de consumo e descarte dos recursos naturais e resíduos gerados, além de conter o levantamento das informações sobre a situação atual da logística existente e da estrutura física, os aspectos legais, a estrutura administrativa, a estrutura operacional, os aspectos sociais e os hábitos dos funcionários envolvidos. Após, pode-se identificar os pontos críticos; avaliar os possíveis desperdícios em relação ao consumo e os impactos ambientais gerados pela postura dos funcionários; fazer um levantamento do consumo dos recursos naturais e materiais de expediente, além de mapear os gastos da instituição. Fazer uma pesquisa de opinião com os funcionários para identificar os seus hábitos e assim direcionar melhor as campanhas de sensibilização. O diagnóstico deve ser realizado pelos membros que compõem a Comissão e discutido com os demais envolvidos (gestores, servidores e terceirizados). Dessa forma o diagnóstico garante a participação efetiva de todos, produzindo conhecimento de forma coletiva com o intuito de garantir a sustentabilidade das ações adotadas. 3° Passo: Desenvolver projetos e atividades Após, o Programa de Gestão Socioambiental deve estabelecer, de forma documentada, os objetivos, as ações que serão implementadas e as metas. As ações devem ser estabelecidas tendo como base os eixos temáticos da A3P, prazos fixados para conferir um maior engajamento dos servidores no processo de implantação e, descritos os recursos disponíveis para a implantação. Para um melhor controle, os resultados deverão ser registrados e documentados em relatórios e/ou fichas de acompanhamento das ações. Implantação e operacionalização das atividades, para as quais a OM deverá disponibilizar recursos físicos e/ou financeiros para a compra de materiais ou de serviços específicos, assim como designar seus representantes específicos, com responsabilidade e autoridade definidas. Nesta fase é importante identificar a necessidade de capacitação nas áreas de maior prioridade, além de promover a conscientização e sensibilização de todos os funcionários para a importância da implantação da A3P. 4° Passo: Promover a Mobilização e Sensibilização O trabalho de mobilização e sensibilização é fundamental para a efetiva implantação do Programa PRO-RSA da DIRENG. A Comissão deve desenvolver um Plano de Sensibilização a ser implementado durante o ano, tais como campanhas, cursos, publicação de material educativo, entre outros, para os servidores e funcionários da limpeza. Para que o plano de sensibilização seja efetivo é necessário ter iniciativas para capacitação dos servidores e terceirizados, contribuindo para o desenvolvimento da OM e do funcionário nas questões relativas à gestão 34 socioambiental, ao mesmo tempo em que fornece aos servidores oportunidade para desenvolver habilidades e atitudes para um melhor desempenho das suas atividades, valorizando aqueles que participam de iniciativas inovadoras e que buscam a sustentabilidade. As ações de sensibilização e mobilização devem ser permanentes e contínuas, de modo a satisfazer as necessidades primordiais da OM com o intuito de incentivar a adoção, pelos servidores, de uma postura socioambientalmente correta, pois a mudança de hábitos depende do envolvimento de cada indivíduo. 5° Passo: Realizar a avaliação e o monitoramento das ações Realizar avaliação e monitoramento para verificar o desempenho das ações; identificar falhas e pontos de melhoria e replanejar as atividades que não estão alcançando os resultados esperados. Foi realizada uma pesquisa com funcionários da DIRENG, em julho de 2011, e teve como objetivo avaliar o grau de conhecimento dos funcionários de uma organização militar sobre a aplicação do Programa da A3P sob o foco da segregação de resíduos sólidos, redução do consumo e satisfação no ambiente de trabalho. O alvo era atingir 20% no número total de funcionários da DIRENG. Para tal foram distribuídos 50 questionários entre os diversos funcionários civis e militares nos mais diversos níveis. Com grande índice de participação foram respondidos 96% dos questionários. A grande maioria ao entregar o questionário solicitou que fosse divulgado o resultado dos cinco itens mais votados quanto às prioridades para melhoraria da qualidade de vida no seu local de trabalho. A pesquisa não avaliou quanto ao grau de escolaridade. Foi avaliado o tempo de serviço na OM, já que um dos focos da pesquisa é avaliar o grau de satisfação do funcionário no seu ambiente de trabalho. A pesquisa mostra que 32% dos avaliados estão há mais de 10 anos na OM, 30% com até 5 anos e 20% com menos de 1 ano. A renovação do quadro de funcionários possibilita a introdução de novas idéias na OM. A permanência do funcionário na OM por um longo período é necessária para que se possa transmitir sua experiência profissional aos novos funcionários, pois muitas das atividades exercidas na DIRENG são exclusivas das Forças Armadas. 35 GRÁFICO 1: Grau de conhecimento sobre o Programa da A3P. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). De acordo com o resultado da entrevista, o primeiro gráfico demonstra que 77% dos entrevistados não conhecem o Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P); apenas 8% dos entrevistados têm conhecimento do assunto. Faz-se necessário apresentar aos funcionários uma palestra sobre o Programa. Quando foi perguntado: “Você conhece o que é responsabilidade socioambiental?”, no entanto, 55% dos servidores civis e militares responderam que conhecem e apenas 6% desconhecem, o que demonstra que há um interesse pela questão ambiental. Baseado no roteiro do Programa da A3P, sugere-se que o Programa PRORSA da DIRENG deve seguir com os mesmos eixos temáticos, que são: uso racional dos recursos naturais e bens públicos, gestão adequada dos resíduos gerados, qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação dos servidores e licitações sustentáveis. 4.2.2 Eixos temáticos 4.2.2.1 Uso racional dos recursos naturais e públicos O governo como grande consumidor de recursos naturais, bens e serviços nas suas atividades provoca impactos socioambientais negativos. A adoção de uma política de RSA pelas OMs gera economia dos recursos públicos. Usar racionalmente os recursos naturais e bens públicos implica em usá-los de forma econômica e racional evitando o seu desperdício. Consumir cada vez mais bens e 36 serviços faz parte das sociedades e economias modernas; a cultura do desperdício é a marca do nosso tempo. Sobre a racionalização dos recursos coube à pesquisa de campo na DIRENG a seguinte pergunta: “Você acha que a educação ambiental é fundamental para diminuir o consumismo?” Resposta: 70% dos entrevistados concordam plenamente e 19% concordam com ressalvas. Esses resultados demonstram que as pessoas têm conhecimento sobre educação ambiental, mas reduzir o padrão de consumo ainda é questionável. É importante a confecção de uma cartilha sobre o Programa PRO-RSA da DIRENG que aborde os assuntos como os descritos a seguir. 4.2.2.1.1 Papel A madeira é a matéria-prima para execução de mobiliários, utensílios e nas construções. A administração pública é grande consumidora desse recurso utilizando-o no mobiliário e nas divisórias de escritórios. A produção e o consumo de papéis são de grande escala no Brasil. A administração pública é uma grande consumidora de papéis. O processo de produção do papel, além de utilizar recursos florestais (madeira), necessita de grandes quantidades de água e grandes volumes de efluentes líquidos, de resíduos sólidos e de emissões atmosféricas. Precisamos de ações para minimizar a utilização do papel nas OMs. Dicas para a otimização do uso do papel descritas no Programa da A3P (2009, p. 66): Utilize frente e verso das folhas, sempre que possível. Use os papéis que seriam jogados fora na confecção de blocos para anotações. Utilize e-mail para comunicação interna e externa. Ao ser enviado material pelo correio, procure saber se há possibilidade de serem encaminhados outros em conjunto ou se pode o material ser encaminhado por outra forma (correio eletrônico). Verifique se é necessário, realmente, extrair cópias reprográficas ou imprimir material e, em caso positivo, preste atenção para não copiar ou imprimir material em excesso. Quando for imprimir confira sempre no monitor se não há qualquer erro. 37 Use meio digital, tanto quanto possível, para gravação de cópias de ofícios e documentos para arquivos, gerando aumento de espaço nas repartições e gabinetes. Adote sistemas que facilitem a economia do papel ao imprimir documentos, tais como usá-lo em frente e verso, configurar duas páginas em uma folha e assim por diante. Reformate documentos desnecessárias. para evitar espaços em branco e vias Produza papelaria para eventos – crachás, pastas e blocos, sem indicar data e nome. 4.2.2.1.2 Energia elétrica A energia elétrica é uns dos bens de consumo fundamentais para as sociedades modernas. O desenvolvimento tecnológico está ligado ao constante crescimento do consumo de energia; ela é necessária para gerar iluminação, movimentar máquinas e equipamentos, controlar a temperatura produzindo conforto térmico e vários outros fatores associados à qualidade de vida. O consumo de energia elétrica está aumentando cada vez mais, é necessário utilizá-la de modo inteligente e eficaz. As OMs precisam estimular ações que visem eliminar desperdícios e buscando fontes alternativas mais eficientes e seguras para o homem e o meio ambiente. Dicas para economizar energia descrita no Programa da A3P (2009, p. 69): Dê preferência à iluminação natural, abrindo janelas, cortinas e persianas. Apague as lâmpadas de ambientes vazios ou quando deixar o ambiente de trabalho. Não deixe computadores e outros equipamentos elétricos ligados por muito tempo sem uso. Ao sair para o almoço, desligue, ao menos, o monitor do computador. Otimize o uso de elevadores. Se subir apenas um andar ou se for descer dois andares, use a escada. Além de fazer exercício economiza-se energia elétrica. Evite o uso de tomadas em sobrecarga (fios de extensão e benjamins). Mantenha as paredes do ambiente de trabalho preferencialmente pintadas com cores claras. Não se esqueça que, por critério de padronização no serviço público, as paredes são pintadas na cor branca. Se estiver com sistema de ar condicionado ligado, mantenha portas e janelas fechadas para evitar a entrada de ar externo e otimizar o sistema. Não mexa, em hipótese alguma, nas grelhas de entrada e saída de ar sem a orientação de um técnico, isto pode comprometer o sistema e aumentar o consumo de energia. 38 4.2.2.1.3 Água Outra ação necessária é a maximização da eficiência do uso da água dentro do edifício da administração pública e que pode ser facilmente adotada seja em edifícios em construção como naqueles já construídos. A água é elemento essencial à vida e é a base para as atividades sociais e produtivas do ser humano. O Brasil apresenta um alto índice de consumo de água, talvez por possuirmos grandes reservas, principalmente na Região Amazônica. É necessário investir numa estratégia de política racional de utilização da água doce, visando conscientizar as pessoas da necessidade de evitar o desperdício, investir em novas tecnologias, aplicar técnicas para o reuso da água e outros. Só assim garantiremos a sobrevivência das gerações futuras. Dicas para economizar água descrita no Programa da A3P (2009, p. 73): Coloque ou sugira a colocação de adesivos com mensagens educativas lembrando a todos da necessidade do bom uso da água no ambiente de trabalho. Substitua as torneiras e as caixas de descargas por outras mais econômicas. Utilize “Dispositivos Economizadores de Água” que podem resultar numa redução de vazão de até 12l/min, por peça sanitária (torneiras, chuveiros, etc.). Instale um sistema de aproveitamento de água de chuva, com utilização de água não potável nas instalações sanitárias, lavagens de garagens e automóveis e para irrigação de jardins; instale um sistema de reuso das águas cinzas que, após tratamento específico, podem ser reutilizadas nas instalações sanitárias, lavagens de garagens e automóveis e irrigação de jardins. Observe as contas de água do edifício. Este procedimento poderá indicar aumentos de consumo incomuns que podem representar vazamentos ou desperdício de água pelos usuários. Providencie de imediato os consertos de torneiras, bebedouros e descargas vazando em seu local de trabalho. 4.2.2.1.4 Veículos oficiais A OM do governo federal tem por obrigação dar bom exemplo quanto à manutenção da sua frota oficial de veículos. Segundo a A3P (2009, p. 74): As revisões preventivas e periódicas sugeridas pelos fabricantes, o uso do combustível recomendado e a calibragem de pneus são itens 39 imprescindíveis para a manutenção adequada de veículos. Isso contribui para o prolongamento da vida útil do veículo, representa uma economia financeira e minimiza o lançamento de poluentes no ar, no solo e nas águas. Outro bom exemplo é a compra de automóveis econômicos, eficientes e que utilizem combustível de fonte renovável, como álcool ou biodiesel. Com os carros flex pode-se avaliar qual o combustível que traz melhor benefício econômicoambiental. Pesquisa realizada com os funcionários da DIRENG, em julho de 2011: GRÁFICO 2: Grau de aceitação para participação do Programa. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). O segundo gráfico mostra que 80% dos entrevistados aceitam participar do Programa para usar os recursos naturais e os bens públicos de forma a evitar o desperdício e 18% aceitariam se obtivessem algum incentivo. Esse resultado mostra que para o sucesso da implantação do Programa PRO-RSA da DIRENG será necessário criar um incentivo para o funcionário. Como exemplo, elaborar uma placa com o nome e o cargo do funcionário, onde estará escrito “Eu faço parte do Programa de Responsabilidade Socioambiental da DIRENG desde 2011.” (data da assinatura do compromisso). O funcionário, para ter o direito de usar a placa na sua estação de trabalho, deve assistir a palestras e/ou a filmes sobre o Programa e, também, assinar um Termo de Compromisso. 40 GRÁFICO 3: Mudar procedimentos para reduzir os impactos ambientais. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). A posição do 9° questionamento foi proposital e é uma continuidade do 4° questionamento. Pergunta: “Estudos apontam que o consumo dos recursos naturais já excedeu em 30% a capacidade do planeta de se regenerar. Se mantivermos o ritmo atual, somando ao crescimento populacional, em 2030 precisaríamos de mais dois planetas para nos manter. Você concordaria em rever suas atitudes e mudar procedimentos para reduzir os impactos ambientais?” Resultado: 88% dos entrevistados concordariam e 12% concordariam, se todos se comprometessem. Esse resultado mostra que a maioria dos funcionários precisa ter consciência que a mudança é individual. É preciso rever atitudes e mudar procedimentos para reduzir os impactos ambientais tanto no trabalho como em casa. A 1ª ação para implantação do Programa PRO-RSA da DIRENG é ministrar palestras sobre o tema educação ambiental. A estratégia é apresentar aos funcionários da OM filmes, palestras e peças teatrais sobre o tema. É fundamental que todos os funcionários tenham conhecimento de que a responsabilidade socioambiental deve ser aplicada em qualquer lugar. 4.2.2.2 Gestão adequada dos resíduos gerados na OM Sobre os resíduos sólidos, a arquiteta Ana Beatriz (2010, p. 80) relata: “A geração de resíduos sólidos é um fenômeno inevitável, que ocorre diariamente, processo que se não for gerenciado apropriadamente, pode ocasionar danos irreparáveis ao meio ambiente afetando os interesses da sociedade.” 41 As preocupações com a coleta, o tratamento e a destinação dos resíduos sólidos representam apenas uma parte do problema ambiental. A geração de resíduos é precedida por uma ação impactante sobre o meio ambiente – a extração de recursos naturais. O projeto para a gestão dos resíduos sólidos da DIRENG deve estar baseado na Prática dos 5R’s15: repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e recusar. RECUSE REPENSAR O Consumismo desnecessário e o desperdício A necessidade de consumo e de produção RECICLE REDUZA Separe o material reciclado e faça doação A quantidade de resíduo gerado REUTILIZE Dê nova utilidade ao material usado QUADRO 1: Prática dos 5R‟s. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: A3P (2009). A DIRENG gera uma grande quantidade de resíduos decorrentes de suas atividades. Os resíduos produzidos em maior quantidade são: a geração de papéis, copos de plástico, cartuchos e tonners, lâmpadas fluorescentes e lixo eletrônico. A Empresa Cardeal é uma prestadora de serviço. Ela é responsável pela limpeza das instalações físicas da DIRENG. No seu contrato ela fornece os materiais de limpeza e os de higiene, como papel higiênico e papel toalha. De acordo com a informação recebida da Empresa Cardeal foram utilizados em 2010 15 Segundo a A3P: A política dos 5R‟s é uma abordagem para os projetos de Educação Ambiental que trabalha a questão do resíduo sólido como tema gerador. 42 3 cerca de 3.000 sacos de lixo com capacidade para 80 litros, gerando 240.000 m de resíduos sólidos por ano. Esse resíduo não sofre qualquer separação e é recolhido pela COMLURB16. Relação dos materiais mais utilizados nas atividades realizadas na DIRENG no ano de 2010: Descrição dos Principais Materiais Consumidos em 2010 Canetas esferográficas Cartuchos de tinta para impressora CD-R (caixa com 100 un) Copos de plástico para água (pacote com 100 copos cada) Copos de plástico para café (pacote com 100 copos cada) Envelope pardo grande Envelope pardo pequeno Guardanapo de papel 30x30 (pacote) Lâmpada fluorescente Papel A4 Toner QUADRO 2: Relação dos materiais mais consumidos pela DIRENG em 2010. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Levantamento do Consumo Mensal de Materiais durante o ano de 2010 elaborado pelo GAP do PREDCOMAER-RJ. A DIRENG tem um grande consumo de papel do tipo A4, pois elabora muitas especificações e manuais que fazem parte dos projetos para a execução de obras de engenharia. É necessário imprimir esses documentos para correção e para o trabalho final, gerando um grande consumo de papel e aumentando a geração de resíduo sólido. Faz-se necessário fazer um diagnóstico detalhado do uso do papel, 16 COMLURB – Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro. 43 elaborar um programa e a sua aplicação de como usar o papel de forma racional, sem desperdício. A questão é conscientizar o servidor: a repensar seus valores e práticas, reduzindo o consumo exagerado e o desperdício; e a reduzir a quantidade de resíduo gerado, consumindo apenas o necessário. A seguir fazemos uma breve descrição dos resíduos gerados na DIRENG e o que fazer segundo a A3P (2009, p. 75): Papel O papel é o resíduo gerado em maior quantidade pela administração pública e o que possui maior valor para aproveitamento por meio da reciclagem, se bem separado por meio da coleta seletiva. Uma das maneiras de promover a correta separação do papel é a disposição de recipientes adequados para o seu descarte. Na maioria dos órgãos públicos são utilizadas caixas de papelão, individuais ou coletivas. Essas caixas também devem ser separadas de acordo com a destinação dos papéis, ou seja, se serão reutilizados (rascunhos) ou destinados à reciclagem. É muito importante que o papel não seja amassado nem seja misturado com outros tipos de materiais para que não sujem, o que reduz o valor do material para reciclagem. Plástico Ao lado do papel, o plástico se constitui em um dos principais resíduos gerados pela administração pública na forma, principalmente, de copos plásticos utilizados para o consumo de água e café. (...) Uma medida simples que otimiza a separação dos copos plásticos para reciclagem é a disponibilização nos órgãos públicos de coletores de copos plásticos e a conscientização dos usuários para sua correta utilização. Além da implantação de formas de destinação menos poluentes, é importante que sejam adotadas medidas que promovam a redução na geração desse resíduo, como por exemplo, a realização de campanhas para uso racional dos copos plásticos ou substituição de copos descartáveis por copos duráveis. Lâmpada fluorescente As lâmpadas fluorescentes, apesar de serem mais econômicas do que as incandescentes contêm mercúrio, um metal pesado altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde. Os resíduos de lâmpadas fluorescentes são considerados resíduos perigosos (Classe I) pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), porque apresentam concentrações de mercúrio e chumbo que excedem os limites regulatórios, o que exige a adoção de medidas adequadas para o seu descarte que não deve jamais ser feito diretamente nas lixeiras. Como forma de minimizar os impactos provocados pelo descarte inadequado de lâmpadas, os órgãos da administração pública devem buscar soluções internas e possuir um gerenciamento específico que permita a correta descontaminação e descarte dessas lâmpadas. Cartuchos e tonners Os cartuchos e tonners – assim como pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes – são resíduos considerados perigosos e devem ter uma destinação apropriada. Caso esses resíduos sejam manejados de forma inadequada, podem contaminar o solo, a água, os animais e os seres humanos, causando sérios problemas ao meio ambiente e ao homem. A melhor opção é encaminhá-los para empresas especializadas que possam proceder a sua recarga para posterior reutilização, prolongando sua vida útil. Não sendo possível o encaminhamento, é preciso buscar uma forma de encapsulá-los ou destruí-los. 44 Carcaças de computadores e ar condicionados Podem ser comprados para desmonte. Em cidades como Curitiba e São Paulo existem empresas que recebem esses materiais para o reaproveitamento ou reciclagem. Móveis Podem ser levados para aterros sanitários ou doados às entidades sociais. Divisórias e cortinas Quando verificada a impossibilidade de reaproveitamento, devem ser encaminhadas aos aterros sanitários. Uma das ações mais importantes do Programa PRO-RSA da DIRENG é a Coleta Seletiva Solidária da DIRENG. A coleta seletiva é também uma maneira de sensibilizar as pessoas para a questão do tratamento dispensado aos resíduos sólidos produzidos no dia-a-dia, quer seja nos ambientes da OM quer nas suas casas. O termo “coleta seletiva solidária” é porque todo o lixo reciclável de uma instituição do governo é por lei doada a Associações ou a Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, gerando renda para essas comunidades. GRÁFICO 4: Grau de conhecimento sobre a coleta seletiva solidária. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). O quarto gráfico demonstra o grau de conhecimento sobre a definição de coleta seletiva solidária. Pelo resultado da pesquisa, em que 49% responderam que conhecem apenas a coleta seletiva e 19% não conhecem a coleta seletiva solidária, isso demonstra que muitas das ações da política ambiental do governo federal não são do conhecimento da grande maioria dos funcionários públicos. Para determinar a melhor tecnologia para tratamento, aproveitamento ou destinação final do lixo é necessário conhecer a sua classificação. O lixo comercial é 45 formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos. GRÁFICO 5: Participação no Programa para gerenciar resíduos sólidos gerados na sua OM. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). O quinto gráfico mostra o desejo da participação no Programa para gerenciar resíduos sólidos gerados na sua OM. A pesquisa apresentou um resultado em que 55% dos funcionários participariam e os 45% restantes precisam ser trabalhados. Mudar procedimentos atinge a todos os funcionários da DIRENG. Deve-se buscar a adesão para a implantação da coleta seletiva dos resíduos sólidos na DIRENG, junto às lideranças (líderes e chefias) dos diversos grupos, para que os demais possam aderir. É necessária a introdução de novos hábitos na OM, como separar o lixo no seu local de trabalho e armazená-lo. O lixo deve ser separado em recicláveis, rejeitos e orgânicos. A propaganda também é fundamental para o sucesso do Programa. A DIRENG pode promover um concurso interno entre os funcionários para a elaboração da programação visual do Programa da Coleta Seletiva Solidária da DIRENG, que são em princípio: cartazes, informativos, cartilha, selo, canecas, placas e outros. Essa pergunta de Carlos A. Nobre do INPE17 fez parte do questionário realizado entre os funcionários civis e militares da DIRENG: Acredita que poderá o Brasil, no século XXI, tornar-se uma “potência ambiental tropical” ou o 1° país tropical desenvolvido? 57% dos entrevistados responderam que acreditam, mas 17 Palestra sobre Mudanças Climáticas Globais e o Brasil no II Simpósio de Créditos de Carbono e Ciclo de Debates “Estudo e Sociedade”, em 18 de maio de 2010, em Vitória – ES. 46 precisamos melhorar muito e 32% responderam que não vejo essa possibilidade. O consumo consciente e as ações com Responsabilidade Socioambiental podem consolidar o Brasil como uma “potência ambiental tropical”. 4.2.2.3 Qualidade de vida no ambiente de trabalho A promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na OM. Na pesquisa, 93% dos entrevistados responderam que concordaram plenamente que a administração pública deve buscar uma melhor qualidade de vida no trabalho, promovendo ações para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus servidores. A DIRENG deve desenvolver e implantar um programa específico que envolva o grau de satisfação do funcionário com o ambiente de trabalho, melhoramento das condições ambientais gerais, promoção da saúde e segurança, integração social e desenvolvimento das capacidades humanas, dentre outros fatores18. GRÁFICO 6: A administração pública deve promover ações para uma melhor qualidade de vida no trabalho. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). O gráfico 6 demonstra que 93% dos servidores concordam plenamente que a OM promova ações para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus servidores. 18 Política da A3P. 47 Visando à conciliação dos interesses dos funcionários e da Organização Militar, ou seja, ao melhorar a satisfação do trabalhador dentro de seu contexto laboral, conseqüentemente a produtividade vai melhorar, foram elaborados 10 itens, dos quais os entrevistados deveriam escolher os 5 itens mais importantes para melhorar a qualidade de vida no seu local de trabalho. Também foi facultada a opção de propor uma nova sugestão. Veja o resultado no demonstrativo do Quadro 3. Os itens que os funcionários da DIRENG votaram como os mais importantes para melhorar a qualidade de vida no seu local de trabalho foram: Itens mais importantes para melhorar a qualidade de vida no seu local de trabalho 85% 1- capacitação para aprimorar o desempenho de sua atividade 69% 2- reuniões de equipe com o intuito de promover a integração, harmonia e o bom relacionamento no ambiente de trabalho 61% 3 - mobiliário ergométrico que contribui para a saúde ocupacional 59% 4 - melhor aproveitamento de suas habilidades 50% 5 - compreensão da chefia sobre seus problemas pessoais 41% 6 - criação de uma caixa para depositar sugestões e/ou reclamações 39% 7- maior autonomia na atividade que desenvolve 20% 8- privacidade pessoal 8% 9- toque pessoal na decoração de sua estação de trabalho 6% 10- outros (proposta de uma nova sugestão) QUADRO 3: Grau de importância para melhorar a qualidade de vida no trabalho. Elaborado pelo autor (2011). Fonte: Entrevistas efetuadas pelo autor na DIRENG no PREDCOMAER-RJ (2011). A opção mais votada foi sobre a capacitação para aprimorar o desempenho das suas atividades. A comissão do Programa PRO-RSA da DIRENG deve fazer um diagnóstico ouvindo os servidores e gestores, levantar custos e elaborar um Plano de Capacitação para os funcionários, com o objetivo de promover o desenvolvimento individual e também capacitá-los para serem 48 multiplicadores. A área técnica apontou a necessidade de atualização permanente para atender aos avanços tecnológicos. Em 2° lugar foi à necessidade de se fazer reuniões com a equipe, com o intuito de promover a integração, a harmonia e o bom relacionamento no ambiente de trabalho. Essa reunião com a equipe de trabalho tem como finalidade a integração do grupo e a criação de um fórum de discussão, equilibrando relacionamentos, criando incentivos na elaboração da rotina de trabalho; tendo como objetivo o aumento da produtividade e a satisfação do trabalhador nos diversos níveis hierárquicos. Atualmente a DIRENG é formada por escritórios tipo paisagem com estações de trabalho e divisórias de vidro. Esse tipo arquitetônico de escritório cria visualmente uma sensação de falta de privacidade. Verificou-se que o item privacidade foi um dos menos votados no questionário sobre qualidade de vida; isso demonstra que espaços amplos e abertos proporcionam bem-estar aos funcionários. FOTO 3: Sala de Trabalho da DIRENG. Fotos do autor (2011). Outro item bastante polêmico foi sobre a compreensão da chefia sobre seus problemas pessoais. Cada chefia deverá avaliar esse quesito de forma a 49 conciliar o interesse do indivíduo e o da OM, com a finalidade de alcançar melhoria na produtividade, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Outro dado importante levantado na pesquisa é que poucos funcionários optaram por propor novas opções. Apesar de sabermos que há um plano de melhoria salarial para os servidores civis e militares, nenhum funcionário fez uma nova opção sobre o aumento salarial. Isso demonstra que o salário é mais um dos fatores para melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho. Outros fatores são muito importantes, como a saúde e a segurança dos funcionários. Segundo a A3P (2009. p. 96) para a qualidade de vida no trabalho é necessário implantar os seguintes programas de qualidade de vida, saúde e segurança: Implantar programa de prevenção de riscos ambientais; Instituir comissão de prevenção de acidentes e brigadas de incêndio; Realizar manutenção ou substituição de aparelhos que provocam ruídos no ambiente de trabalho; Promover atividades de integração no local de trabalho e qualidade de vida como: ginástica laboral, oficinas de talento, etc. 4.2.2.4 Sensibilização e Capacitação É fundamental para o sucesso do Programa PRO-RSA da DIRENG a conscientização dos gestores e servidores públicos quanto à responsabilidade socioambiental. Programas e projetos de sensibilização e capacitação são instrumentos essenciais para a construção de uma nova cultura de gerenciamento dos recursos públicos. Segundo a A3P (2009, pg. 96) caberá a Comissão do Programa PRO-RSA da DIRENG a elaboração de um plano de sensibilização e de capacitação como: • Realizar campanha de sensibilização dos servidores com divulgação na intranet, cartazes, etiquetas e informativos; • Promover a capacitação e sensibilização por meio de palestras, reuniões, exposições, oficinas, etc; • Produzir informativos referentes a temas socioambientais, experiências bem-sucedidas e progressos alcançados pela instituição. 50 4.2.2.5 Licitações Sustentáveis Aquisições de bens e materiais; contratações de serviços e projetos ambientalmente sustentáveis são ações a serem usadas. O Programa da A3P (2009, p. 96) recomenda: • Comprar impressoras que imprimam em frente e verso; • Incluir no contrato de reprografia a impressão dos documentos em frente e verso; • Comprar papel não-clorado ou reciclado; • Incluir nos contratos de copeiragem e serviço de limpeza adoção de procedimentos que promovam o uso racional dos recursos e a capacitação dos funcionários para desempenho desses procedimentos. A Lei 8.666/93 que regulamente as licitações, considera o impacto ambiental para o projeto básico de obras e serviços, mas não se refere ao fator ambiental para as compras. Assim, as exigências de produtos que contemplem o conceito de sustentabilidade ambiental são possíveis na discriminação do produto a ser adquirido, porém não é regulamentada e nem obrigatória. Regulamentar esse procedimento seria um importante passo em direção às licitações sustentáveis19. 19 Orientação da A3P. 51 5 CONCLUSÃO Com o uso da inteligência, as pessoas criaram instrumentos e métodos de trabalho mais aperfeiçoados e eficazes. Esse aprimoramento das técnicas levou a Humanidade a ter domínio sobre a natureza, permitindo-lhe explorar mais intensamente os recursos naturais existentes no planeta. O que vemos é que poucos lugares não sofreram alterações provocadas pelos seres humanos; esses poucos lugares praticamente intocáveis, são as regiões polares, as florestas tropicais e os grandes desertos. Por falta de planejamento e pelo descumprimento das leis ambientais assistimos diariamente tragédias que atingem várias regiões do nosso planeta como: deslizamentos de encostas, alagamentos, chuvas de granizo, furacões, secas e muitos outros. O crescimento do Brasil e a degradação ambiental são temas de várias abordagens. O século XXI será progressivamente urbano e precisamos pensar na agenda verde das cidades, segundo o jornalista e ativista André Trigueiro: “O nosso problema é cultural, precisamos corrigir hábitos, comportamentos e padrões de consumo”. Na entrevista20 concedida, ele diz: “Perdemos o direito de errar, apostar que o desenvolvimento tecnológico corrigirá a tempo todos os nossos erros é outro erro. Tecnologia ajuda, e muito, mas não resolve. A solução começa com a educação em casa e prossegue nas escolas”. O governo federal tem estimulado a necessidade do cumprimento da Política Nacional do Meio Ambiente e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O governo é um importante indutor para a mudança de atitude e serve de exemplo para outros setores da sociedade, promovendo a economia de recursos naturais e redução de gastos institucionais. O Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) do MMA tem como objetivo a promoção da Responsabilidade Socioambiental como política governamental por meio da inserção de princípios e práticas de sustentabilidade socioambiental no âmbito da administração pública. A Agenda Ambiental em suas ações tem priorizado como um de seus princípios a política dos 5R’s: repensar, reduzir, reaproveitar, reciclar e recusar. O último R – recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos irá 20 As cidades e suas soluções, na visão de André Trigueiro – entrevista exclusiva concedida ao site do Prêmio Jovem Cientista, em 6 de agosto de 2011. 52 definir o sucesso do Programa na implantação dos critérios ambientais nas Organizações Militares. O Círculo Virtuoso da Reciclagem é um conceito formulado para explicar o processo da cadeia produtiva da reciclagem. As organizações públicas precisam de ações para sair do circulo perverso, cabendo aos gestores elaborar ações sobre o que é a responsabilidade socioambiental; contribuir para a revisão dos padrões de produção e consumo; e adotar novos referenciais no âmbito da administração pública. A consultora socioambiental Pólita Gonçalves21 faz análise da situação e a configuração das mudanças necessárias para transformar o círculo perverso em círculo virtuoso na gestão do resíduo sólido. No círculo perverso – o que vivemos – os atores não contribuem para a excelência do sistema por ignorância, falta de recursos, irresponsabilidade ou oportunismo. A Educação Ambiental ministrada aos funcionários aliada a novos procedimentos administrativos nos fazem entrar para o circulo virtuoso. Através do estímulo a determinadas ações, que vão desde uma mudança nos investimentos, compras e contratações de serviços pelo governo, passando pela sensibilização e capacitação dos servidores, pela gestão adequada dos recursos naturais utilizados e resíduos gerados, até a promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. O Programa de Responsabilidade Socioambiental da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (Programa PRO-RSA da DIRENG) é um instrumento essencial para a construção de uma nova cultura de gerenciamento dos recursos públicos, podendo servir como modelo orientador para os gestores de outras OMs instaladas no PREDCOMAER-RJ. O objetivo principal do programa é estimular a reflexão e a mudança de atitude dos servidores para que estes incorporem os critérios de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras. O programa visa ao cumprimento da Constituição Federal, artigo 225, que diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988, grifo nosso) 21 Consultora do site ww.lixo.com.br. 53 O Programa PRO-RSA da DIRENG é um bom exemplo para a sociedade brasileira, pois a inserção de critérios socioambientais como o uso racional dos recursos naturais e dos bens públicos, o combate ao desperdício e uma gestão dos resíduos sólidos buscam a sustentabilidade e a melhoria na atitude da cidadania. O impacto das mudanças individuais pode parecer pequeno, mas ajuda a divulgar a idéia do consumo consciente, porém a mudança coletiva forma o pensamento sustentável e as ações com Responsabilidade Socioambiental podem consolidar o Brasil como uma “potência ambiental tropical”. 54 REFERÊNCIAS ANTUNES, Wilson Pereira. A questão ambiental e as suas conseqüências políticas. 1996. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 1996. A História das coisas. Documentário The story of stuff. PERMACULTU, [2011]. Versão dublada em português. Disponível em: <http://www.lixo.com.br/>. Acesso em: 18 jul. 2011. BRANDÃO, Ana Beatriz de Souza. Gestão de Resíduos Sólidos: estudo de caso da Força Aérea Brasileira. 2010. 89 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2010. _____. 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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual para elaboração do trabalho de conclusão de curso: monografia. Rio de Janeiro, 2011. ITAIPU BINACIONAL. Projeto Coleta Solidária com Catadores de Materiais Recicláveis da Bacia do Paraná 3: Coletando esperança. Paraná, 2011. KERRY, J.; KERRY, T. H. Antes que a Terra acabe: um relato real dos desafios ambientais. São Paulo: Saraiva, 2008. BRASIL. Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluído os resíduos perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Ministério do Meio Ambiente, 2010. 55 LOVELOCK, James. Gaia: alerta final. Tradução: J. de P. Assis; V. P. Assis. Rio de Janeiro: Intríseca, 2010. MAGOSSI, L. R.; BONACELLA, P. H. Poluição das águas. 2. ed. reform. 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UM CICLO de calamidades que precisa ser rompido: relatório preliminar sobre a tragédia que atingiu a Região Serrana, Revista do CREA, Rio de Janeiro, n. 86, p. 20-31. jan./mar. 2011. 56 SUSTENTABILIDADE. Quando o lixo vira design. Veja, São Paulo, anos 43, n. 2.196, p. 55, 2010. Edição especial. SILVA, Marina da. SUSTENTABILIDADE: Uma evolução silenciosa, Veja, São Paulo, Ano 43, n. 2.196, p. 68-71. 2010. Editora especial. SUSTENTABILIDADE: o planeta gota. Veja, São Paulo, ano 43, n. 2.196, p. 72-77, 2010. Edição especial. COSTANZA, Robert; FARLEY, Joshua Sustentabilidade: Sustentabilidade ou colapso, Veja, São Paulo, ano 43, n. 2.196, p. 80-81. Ediçao Especia. SUSTENTABILIDADE: O Fim do Lixão. Veja, São Paulo, ano 44, n. 18, p. 18-19, 2011. MELO. Carolina. O plano para salvar o lago que está secando: mar em busca de água. Veja, São Paulo, ano 44, n.18, p. 144-145, 2011. BRASIL. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. Comissão Gestora da A3P. 4. ed. Brasília, DF: Esplanada dos Ministérios, 2007. (Cartilha A3P). VIVIEN, Franck-Dominique. Economia e ecologia. São Paulo: Senac, 2011. 57 APÊNDICE A - Questionário – TCC da Escola Superior de Guerra (ESG) Caro respondente, o presente questionário tem por finalidade avaliar o grau de conhecimento de uma organização militar sobre a aplicação do Programa da Agenda Ambiental do Meio Ambiente (A3P) sob o foco da segregação de resíduos sólidos, redução do consumo e satisfação no ambiente de trabalho. Não há necessidade de se identificar. Há quanto tempo trabalha na OM:________ Seção:___________________ Assinale uma das opções: 1. Você conhece o Programa da Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P)? ( ) Conheço ( ) Ouvi falar, mas não sei do que se trata ( ) Conheço, mas não me lembro bem ( ) Não conheço 2. Você sabe o que é responsabilidade socioambiental? ( ) Conheço ( ) Ouvi falar mais não sei do que se trata ( ) Conheço, mas não saberia dar um exemplo ( ) Não conheço 3. Você acha que a educação ambiental é fundamental para diminuir o consumismo? ( ) Concordo plenamente ( ) Não concordo ( ) Concordo com ressalvas ( ) Não saberia opinar 4. Você aceitaria participar do Programa para usar os recursos naturais e os bens públicos de forma a evitar o desperdício? ( ) Aceitaria ( ) Não acredito em tais programas ( ) Aceitaria se obtivesse algum incentivo ( ) Não aceitaria 5. A A3P tem como política os 5Rs: Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar e Recusar. Qual sua opinião sobre “Recusar”, tendo em vista que essa ação consiste em recusar produtos que geram impactos socioambientais? ( ) Concordo plenamente ( ) Não acredito em tais programas ( ) Concordo com ressalvas ( ) Não concordo 6. Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Solidária? ( ) Conheço ( ) Conheço apenas a coleta seletiva ( ) Conheço, mas não lembro bem ( ) Não conheço 7. Você participaria de um programa para gerenciar resíduos sólidos gerados na sua OM? ( ) Participaria ( ) Participaria, se toda a OM se mobilizasse ( ) Participaria, se houvesse algum incentivo ( ) Não participaria 8. A administração pública deve buscar uma melhor qualidade de vida no trabalho, promovendo ações para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus servidores. ( ) Concordo plenamente ( ) Não acredito em tais programas ( ) Concordo com ressalvas ( ) Não concordo 58 9. “Estudos apontam que o consumo dos recursos naturais já excedeu em 30% a capacidade do planeta de se regenerar. Se mantivermos o ritmo atual, somado ao crescimento populacional, em 2030 precisaríamos de mais dois planetas para nos manter“. Você concordaria em rever suas atitudes e mudar procedimentos para reduzir os impactos ambientais? ( ) Concordaria ( ) Minha atitude não mudaria nada ( ) Concordaria,se todos se comprometessem ( ) Não concordaria 10. Você acredita que o Brasil poderá, no século XXI, tornar-se uma “potência ambiental tropical” ou o 1° país tropical desenvolvido, independente da forma como gerencia seus resíduos sólidos? ( ) Acredito, já estamos em desenvolvimento ( ) Não há relação entre as duas coisas ( ) Acredito, mas precisamos melhorar muito ( ) Não vejo essa possibilidade Por fim, assinalem na lista abaixo, em ordem crescente de prioridade, os cinco itens mais importantes para melhorar a sua qualidade de vida no seu local de trabalho: ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) melhor aproveitamento de suas habilidades; ) maior autonomia atividade que você desenvolve; ) criação de área comum para integração dos servidores; ) privacidade pessoal; ) toque pessoal na decoração da sua estação de trabalho; ) criação de uma caixa para depositar sugestões e/ou reclamações; ) capacitação para aprimorar o desempenho de sua atividade; ) mobiliário ergométrico que contribui para a saúde ocupacional; ) compreensão da chefia sobre seus problemas pessoais; ) reuniões de equipe com o intuito promover a integração, harmonia e o bom relacionamento no ambiente de trabalho; e ( ) propor uma nova sugestão: ________________________________________________________ Obrigada por sua contribuição!