Título: DIÁSPORA AFRICANA, CIÊNCIA E HIERARQUIA: REFLEXÕES SOBRE O ELEMENTO NEGRO NO BRASIL Tema: Relações históricas da psicologia com o racismo: a produção de conhecimento, a prática e a formação Autor Responsável por apresentar o Trabalho: HILDEBERTO VIEIRA MARTINS Resumo: É inegável constatar a significativa produção acadêmica em certas áreas das Ciências Humanas e Sociais (história, sociologia, antropologia) a respeito dos fatores (políticos, históricos, sociais etc.) que marcaram o processo da diáspora africana, e dos seus efeitos sobre a sociedade brasileira. Seus pesquisadores há muito se interessam em compreender a elaboração de certas práticas de dominação, submissão, violência e/ou resistência elaboradas pelos escravos, ex-escravos, homens livres e libertos em decorrência desse movimento de transposição forçado, provocado pela existência do processo de escravização em solo brasileiro. Contudo, essa mesma constatação não pode ser dirigida ao campo da psicologia. Tomando emprestada essa observação, o nosso objetivo principal é discutir os efeitos subjetivos provocados pelo movimento diaspórico africano em nossa sociedade brasileira e a partir disso demonstrar como os agentes sociais implicados nesse processo históricosocial lidaram com as transformações provocadas por tal movimento e como elaboraram estratégias identitárias possíveis. Nosso trabalho discute, a partir da leitura de produção historiográfica recente, os efeitos da diáspora africana no Brasil e a importância do seu papel na constituição de novas estratégias subjetivas para o que aqui estamos denominando o elemento negro. O objetivo foi compreender os modos de reelaboração identitários construídos por certos agentes sociais definidos e autodefinidos como “negros”. Discutimos como certos sujeitos vivenciaram os efeitos desse movimento diaspórico e criaram estratégias capazes de garantir formas outras de sociabilidade que minimizassem as experiências de opressão e subalternidade inerentes ao funcionamento hierarquizante que estruturava (e estrutura) a própria realidade da sociedade brasileira. Enfatizamos as experiências de autonomia e resistência construídas por esses agentes, as estratégias inventadas por eles como forma de rompimento das regras de controle vigentes nessa sociedade. Interessa-nos discutir ainda como um modelo médico-psicológico definiu posteriormente esse mesmo elemento negro como um problema científico. Utilizando como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, analisamos textos de cunho médico-psicológico produzidos em finais do século XIX e nos períodos iniciais do século XX, principalmente os de autoria de representantes da chamada “Escola Nina Rodrigues”. Isso nos auxiliou a compreender como esses fatores sociais determinaram a constituição de um discurso racializado em torno do problema da nacionalidade brasileira E-mail: [email protected]