Química Têxtil ANO XXXIII MAR 2010 A A T CC Corporate Member Membro Titular ISSN 0102-8235 XX CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE QUÍMICA TÊXTIL PERÚ - NOVEMBRO 2010 89 Tecnologia Fibras Tecnologia Qualidade Tecnologia Não-tecidos Tecnologia Corantes Tecnologia Acabamento Tecnologia Processos Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Editorial XX CONGRESSO DA FLAQT Nesta edição da nossa revista estamos iniciando a divulgação do XX CONGRESSO LATINOAMERICANO DE QUÍMICA TÊXTIL, promovido pela FLAQT e organizado, neste ano, pela Associação Peruana de Técnicos Têxteis. O evento, que é sem sombra de dúvidas o maior acontecimento na área da “química têxtil” da América Latina, acontecerá no Sheraton Lima Hotel, (Lima, Peru) entre os dias 16 e 19 de Novembro próximo, com o tema “HARMONIZANDO O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO COM O MEIO AMBIENTE”. A associação Peruana está organizando este congresso pela terceira vez, sendo que as edições de 1970 e 1991 foram coroadas de pleno sucesso. Nesta oportunidade, o evento será realizado simultâneamente ao VI Congresso Nacional de Tecnologia Têxtil e Confecções, realização local e de responsabilidade da APTT, que tratará dos processos secos (fiação e tecelagem), confecções, desenho e da moda. Os objetivos do congresso, segundo o Comitê Organizador são: - Estimular a investigação científica, compartilhando os últimos avanços tecnológicos na indústria têxtil na América Latina. - Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia mediante a apresentação de trabalhos acadêmicos. - Estabelecer vínculos de comunicação para facilitar o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre profissionais da América Latina. - Fomentar o cuidado em relação ao meio ambiente, com a aplicação de procedimentos novos e não agressivos. - Fortalecer os laços fraternos entre as associações e profissionais da área, incrementando o desenvolvimento do setor. A ABQCT, na busca de incrementar a participação dos seus associados e dos profissionais que atuam na área de química têxtil em geral, e pensando em formar uma grande delegação de brasileiros que serão nossos representantes, convoca todos os técnicos e empresários a aderirem, pois esta será uma oportunidade de desenvolver seus conhecimentos técnicos e aplicá-los em benefício da indústria têxtil brasileira. Evaldo Turqueti Presidente. Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 03 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Membro Titular FLAQT AATCC Corporate Member Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] SUMÁRIO Editorial ...............................................................................................................................................03 Identificação de fibras por microscopia-método alternativo para preparo da amostra. Ivonete O. Barcellos*; Melissa T. O. Popenga; Giovana A. Vieira e Nelson Budag ............................ 08 Análise da influência da presença de NaCl na remoção dos corantes reativos Laranja 16 e Preto 5 utilizando o processo combinado coagulação/adsorção F.R. Furlan,L.G.M. da Silva, A.A. Ulson de Souza, A.F. Morgado .M.A. Guelli U. Souza...................14 Produção de Algodão Orgânico no Brasil e seu Potencial de Uso na Moda Adriana Yumi Sato Duarte, Júlia Baruque Ramos, Regina Aparecida Sanches, Waldir Mantovani......24 Avaliação do processo de secagem de não-tecidos de pet na fabricação de palmilhas para calçados, por curvas exotérmicas e índice de flexão L. P. Ceron, S. Einloft, M. Seferin......................................................................................................... 30 Estudo comparativo das propriedades de permeabilidade ao vapor transporte de umidade e proteção ultravioleta em malhas de poliamida 6.6 e poliéster com elastano. Fernando Gasi, Edison Bittencourt, Fernando Barros de Vasconcelos..................................................36 Efeitos da termofixação em tecido de poliéster. José Geraldo de Carvalho, João Sinézio de C. Campos, João Batista Giordano ..................................42 Um estudo da normalidade das propriedades de tensão de fios texturizados de poliester. Gabriel Guillén Buendia, Ana Maria Islas Cortes e Alejandro Yañes Kernke.......................................50 Análise comparativa da inspeção contínua x inspeção por amostragem em uma linha de acabamento têxtil Rodrigo Rodrigues Vaz, José Antonio Arantes Salles ............................................................................60 Paramêtros da curva de absorção de iodo do poliester Termofixado em diferentes temperaturas J. Gacén, J. Maillo, D. Cayuela, I. Gacén................................................................................................68 SENAI apresenta projeto «aprendiz» .........................................................................................77 Conheça os vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo ............................80 Informativo da . FLAQT 04 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. pág.82 DIRETORIA NACIONAL Presidente: Evaldo Turqueti Vice- Presidente: Lourival Santos Flor 1º Secretário: Walter José Mota 2º Secretário: Ricardo Vital de Abreu 1º Tesoureiro: Adir Grahl 2º Tesoureiro: João Lino Gonçalves Diretor Técnico: Humberto Sabino da Silva Núcleo Nordeste Coordenador: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho Vice- Coordenador: Silvagner Adolpho Veríssimo Tesoureiro: Francisco Paiva Costa Secretário: Milton Glavina Suplente: Manuel Augusto Vieira Núcleo Santa Catarina Coordenador Geral: João Vergilio Dias Vice-coordenador: Walter Alvaro da Silva Junior Secretário: Vitor Alexandre dos Santos Tesoureiro: Sergio Da Costa Vieira Suplente: André Luis Klein da Silva Suplente: Luiz Alexandre Schneider Núcleo de Americana Coordenador: Durval B. F. Costa Vice-coordenador: João Jose Gobbo Secretári:o Izaias Ezipati Tesoureiro: Eduardo Junger Suplente: José Antonio M. Lima Suplente: Irani Monteiro CORPO REVISOR Esta edição da Revista Química Têxtil contou com uma equipe técnica para revisar os artigos aqui publicados. A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Humberto Sabino Patricia Piazza Dias da Silva Reinaldo Ferreira Luiz Wagner de Paula Wagner Mota Ricardo Vital de Abreu Rafael Rodrigues Ramos Guido Valente Neto Os autores devem enviar seus artigos para publicação com, pelo menos, 3 meses de antecedência. EXPEDIENTE Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. ISSN 0102-8235 Periodicidade: Trimestral (mar./jun./set./dez.) Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT, Indústrias Têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC. Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná. Régia Comunicação e Design Jornalista Responsável: Caroline Bitencourt Mtb 02462/SC E-mail: [email protected] www.regiacomunicacao.com - FoneFax: (11) 4330.5624 Colaboradores: Kelson dos Santos Araújo e Márcio Dantas Foto-reportagem: Orlando Novaes Impressão: Ipsis Gráfica e Depto. Comercial: ABQCT Administração C.G.C: 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est.isento Praça Flor de Linho, 44 - Alphaville 06453-000 - Barueri, SP Tel: (11) 4195.4931 FAX: (11) 4191.9774 e-mail: [email protected] Tecnologia Fibras Identificação de fibras por microscopia-método Alternativo para preparo da amostra. Autores: Ivonete O. Barcellos*; Melissa T. de Oliveira Popenga; Giovana A. Vieira e Nelson Budag*. *[email protected] Departamento de QuímicaUniversidade Regional de Blumenau-FURB, Blumenau-SC Revisão Técnica: Guido Valente Neto INTRODUÇÃO Existem vários métodos para identificação de fibras têxteis que podem ser por via úmida ou via seca. Entre os métodos por via seca destaca-se a análise da morfologia da fibra tanto por vista longitudinal como transversal, sendo esta última a que melhor permite caracterizar as fibras naturais, regeneradas e sintéticas[1-12]. Entre as fibras naturais o algodão é o que costuma apresentar maior variação em sua morfologia, pois esta varia com o grau de maturidade, e tratamentos, por exemplo se é cru, caustificado ou mercerizado. Dependendo do método empregado para o corte da fibra para análise da vista transversal esta morfologia pode ser distorcida, desta forma uma técnica que permita um corte com ótima precisão é fundamental para análise microscópica e identificação da fibra. Por tanto este artigo propõe um método alternativo aos convencionais [5] de preparo de amostra para analisar, com o máximo de eficiência, através de microscópio óptico a morfologia da seção transversal das fibras, o resultado aqui apresentado é parte de um trabalho de conclusão de curso o qual trata estudo das manchas de óleo em tecidos de malha de algodão [12]. natureza em combinação com outras substâncias, sendo a mais comum a lignina. Também contém impurezas tais como ceras, gorduras, gomas e pigmentos[13]. O algodão apresenta-se com uma coloração creme. A natureza do pigmento responsável pela cor não é conhecida, mas acredita-se que está relacionado com o ácido clorogênico. Figura 1: Algodão pronto para a colheita. Fonte:http://www.fao.org.br, acessada em maio de 2009. Fibra de Algodão O algodão é uma fibra natural de origem vegetal que cresce em forma de invólucro fibroso que cobre as A análise por Raio-X mostra que a celulose tem estrutura sementes de arbustos da família das malváceas cristalina, sendo um polissacarídeo de longa cadeia e alta gossypium (figura 1). Estas fibras são essencialmente massa molecular (figura 2). As fibras celulósicas naturais constituídas de celulose, a qual se encontra sempre na têm regiões amorfas, além de cadeias cristalinas e orientadas 08 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Fibras paralelamente. No tingimento de fibras celulósicas os 1- a cutícula: é a parte mais externa da fibra. Contem pectinas corantes penetram pelas regiões amorfas [13-15]. e materiais protéicos. Cumpre a missão de recobrimento resistente a água que protege o resto da fibra. 13 2- a parede primária: corresponde a uma fina parede original Figura 2: Estrutura da celulose . da célula. Sua natureza é principalmente celulósica, e também contêm materiais peptídicos, ceras e proteínas. Está coberta e impregnada por materiais componentes da cutícula. 3- a capa envolvente: é a primeira de todas as paredes secundárias. Sua estrutura difere pouco da parede primária e também do resto da parede secundária. 4- a parede secundária: é formada por capas concêntricas de celulose e constitui o componente mais importante da fibra de algodão 5- a parede do lúmem: que se caracteriza por ser mais Morfologia da Fibra de Algodão As fibras de algodão apresentam uma morfologia resistente a algumas reações que as capas da parede tanto longitudinal quanto da secção transversal muito secundária. 6- o lúmem: correspondem ao espaço central da fibra. Seu características [1]. tamanho e forma variam de uma fibra a outra, e também seguem sua posição ao largo de fibra. Observada com maior a) Longitudinal:01 Ao longo de uma fibra madura de algodão podem facilidade no corte transversal. Contem matéria sólida de composição nitrogenada, que procede do resto sólido do distinguir-se três partes: 1.a base: consiste em uma porção frágil que durante o protoplasma vivo [13,14]. crescimento da fibra permanece incrustada no c) Diâmetro: crescimento entre as células epidérmicas. 2.o corpo: constitui a parte mais importante da fibra e As características mais surpreendentes da secção transversal das fibras de algodão são as variedades de qualquer representa de 75 a 95% de seu comprimento. 3.a ponta: está situado no extremo da fibra e constitui no parâmetro que as definem. As formas da secção transversal máximo 25% da longitude total. Carece de lúmem, são classificadas em três grupos: circular, elíptico e apresenta seu diâmetro bastante menor que o do corpo da achatados. A forma da secção das fibras maduras oscila entre elíptica e circular, sendo freqüente uma forma arredondada fibra (figura 3 ) [13,14] (comumente chamada de feijão devido a sua aparência). Em 13 fibras com uma parede secundária má formada se Figura 3: Fibra de algodão vista longitudinal apresentam secções achatadas e retangulares com as pontas arredondadas. As fibras imaturas possuem uma secção em forma de U e um lúmem maior (figura 4).. Figura 4: Imagens do corte transversal de fibras de algodão: b) Transversal: Transversalmente, se distinguem seis partes em uma fibra de algodão: a) fina imatura e b) intermediária madura.13 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 09 Tecnologia Fibras MATERIAIS E MÉTODO Materiais Utilizados Tecidos de malha 100% algodão do tipo meia malha impregnada com óleo de tear, fibras do pseudocaule da bananeira, fibras sintéticas de poliéster e poliamida. Tubo plástico e borracha para servir de base. Para imobilização das fibras utilizou-se resina epóxi comercial com a seguinte composição*: Figura 6: Micrótomo rotativo Zeiss - HM 325 *Dados fornecidos pelo fabricante na embalagem do produto. Os equipamentos utilizados foram: foulard de laboratório (Kimak- AF – 1VV); micrótomo rotativo Avaliação da Morfologia das Fibras (Zeiss- HM 325); microscópio óptico (Olympus CX31), A morfologia das fibras retiradas dos tecidos de malha balança analítica (Shimadzu - AX 200). impregnados com óleo, das fibras do pseudocaule de bananeira e das fibras sintéticas (poliéster e poliamida), foi Preparação das Amostras para Análise Morfológica examinada em corte transversal. O exame das lâminas e Preparou-se um pavio com as fibras escolhidas, microfotografias foi realizado no microscópio Olympus CX aplicou-se a resina epóxi preparada de acordo com as 31, com aumento de 400 vezes (Figura 7). instruções do fabricante e paralelizou-se as mesmas. Figura 7: Microscópio marca Olympus CX 31. Após o endurecimento ou cura da resina, este pavio foi fixado em uma borracha perfurada e centralizado em um tubo de plástico flexível que foi preenchido com a resina epóxi. Após o endurecimento, retirou-se do invólucro de plástico o bloco de resina epóxi (Figura 5) e fez-se o corte transversal em micrótomo (Figura 6) com espessura de 20 micras. Figura 5: (a) Bloco de resina epóxi (b) Tubo de plástico. 10 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Fibras RESULTADOS E DISCUSSÃO Morfologia das Seções Transversais das Fibras O método mais convencional para obter o corte da secção transversal de uma fibra, consiste no emprego de lâmina de barbear e como suportes para a fibra rolha de cortiça, conduíte plástico (recobrimento de fios elétricos) ou ainda lâmina de metal com orifícios de aproximadamente 0,75 mm [5]. Nesta proposta apresentada de preparo de amostra para análise microscópica da secção transversal os cortes foram realizados com um micrótomo. Sabe-se que os aparelhos micrótomos de precisão são capazes de fatiar materiais e fornecer finíssimos filmes. É sabido também que seu custo acaba resultando em rara presença em laboratórios industriais [1]. A determinação da morfologia de fibras de aramida mostrou-se muito difícil segundo Schneegluth[16], devido a elevada resistência desta fibra durante o corte, pois estas se movem e, somente parte da secção é cortada. Assim como para a Aramida outras fibras como Polibenzimidazol(PBI) [17], Elastano e lycra(mescla de elastano /poliamida) [18], Lyocell [19] a obtenção de microcortes se torna muito problemático e em alguns destes casos os autores recorreram a aplicação de uma cola transparente nas fibras antes do corte. Segundo Schneegluth [8] encontram-se numerosas micrografias de fibras têxteis tanto mostrando vista longitudinal quanto secção transversal. Mas o que interessa em muitos casos além da forma é se conhecer as dimensões das fibras observadas, por exemplo, seu diâmetro e comprimento, bem como mudanças na morfologia da vista longitudinal e na secção transversal que é o que acontece, por exemplo, com o algodão mercerizado [10]. Nestes casos a eficiência do método de preparo e a qualidade de resolução da análise são fundamentais. A microfotografia da fibra retirada de tecido de malha 100% algodão que passou por processo de impregnação com óleo de tear está apresentada na Figura 7a, onde pode ser observada perfeita nitidez da análise, mostrando que este método será adequado também para tecidos mistos considerando a qualidade da imagem obtida [5,9]. No exame das microfotografias pode-se visualizar fibras maduras e imaturas, conforme descrito na introdução, nos cortes transversais de todos os tecidos, pois o lúmen está bem definido, o que mostra a qualidade do corte na forma de suporte que foi empregado para imobilizar as fibras o que nem sempre é possível com outros método convencionais como citados anteriormente. A Figura 7b mostra a microfotografia de uma fibra natural do pseudocaule da bananeira que está sendo estudada visando a possibilidade de aplicação têxtil [20]. Nas Figuras 7c e 7d observa-se a morfologia das fibras sintéticas poliéster e poliamida, respectivamente. Figura 7a: Corte transversal das fibras de algodão. Figura 7b: Corte transversal das fibras do pseudocaule da bananeira. Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 11 Tecnologia Fibras morfologia da fibra de algodão vista em corte transversal. AGRADECIMENTOS Ao laboratório de anatomia patológica (FURB) pelo empréstimo do micrótomo e a técnica Neli Branco de Miranda pela realização dos cortes transversais. Ao laboratório de Parasitologia (FURB) pelo empréstimo do microscópio e ao professor Júlio César de Souza Júnior pela realização das microfotografias. Figura 7c: Corte transversal das fibras de poliéster. Figura 7d: Corte transversal das fibras de poliamida. A análise da secção transversal de uma fibra é muito útil, pois a modificação da secção transversal das fibras químicas tem permitido melhorar determinados comportamentos e conseguir efeitos especiais muito apreciados no desenho de artigos têxteis de grande qualidade [21]. CONCLUSÃO As fotos da micrografia mostram a eficiência do método de preparação das amostras para cortes microtômicos, bem como a sua reprodutibilidade. O que nos garante uma identificação da natureza da fibra mesmo em casos de mesclas de fibras sintéticas com algodão, por exemplo. Mesmo o tecido impregnado com o óleo de tear de malharia, não comprometeu a análise da 12 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. REFERÊNCIAS 1- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 2) Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 381, p. 80-83, out., 2000. 2- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 3). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 382, p. 28-30, nov., 2000. 3- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 4). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 383, p. 48-51, dez., 2000. 4- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 5). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 384, p. 32-37, jan., 2001. 5- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 6). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 385, p. 66-69, fev., 2001. 6- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 7). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 386, p. 32-38, mar., 2001. 7- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 9). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 388, p. 50-54, mai., 2001. 8- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 10). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 389, p. 74-79, jun., 2001. 9-SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 11). Tecnologia Fibras Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 390, p. 26-33, set., 2001. 10- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 12). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 391, p. 56-64, out., 2001. 11- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 17). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 396, p. 36-42, mar., 2002. 12- POPENGA, M.T.O. Estudo das manchas de óleo em tecidos de malha de algodão. 2003. 32 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Bacharelado em Química, FURB – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2003. 13- GUILLEN, J., G. – Fibras Textiles – Propriedades y descripcion. Editora Terrasa, 1987. 14- GUILLEN, J., G.; GARRIDO, J.,M. – Algodón y celulose – estrutura y propriedades. Editora Terrasa. 1987. 15- CORBMAN, P., B. – Textiles fiber to fabric. 6º ed. McGRAW-HILL internation editions. 1985. 16- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 20). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 399, p. 64-72, jun., 2002. 17- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 22). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 401, p. 66-71, out., 2002. 18- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 26). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 405, p. 42-51, fev., 2003. 19- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 28). Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 407, p. 48-53, abr., 2003. 20- COPPINI, S.R. Estudo da caracterização da fibra da bananeira visando emprego na indústria têxtil. 2008. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Bacharelado em Química, FURB – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2008. 21-GUILLÉN, G.J. ; Fibras de Seções Transversais Especiais, Química Têxtil, n.59, p 18-27, jun., 2000. Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Corantes Análise da influência da presença de NaCl na remoção dos corantes reativos Laranja 16 e Preto 5 utilizando o processo combinado coagulação/adsorção Autores: F.R. Furlan1, L.G.M. da Silva2, A.A. Ulson de Souza3, A.F. Morgado4, S.M.A. Guelli U. Souza5 1Aluna do Curso de Doutorado Engenharia Química /UFSC Aluna do Curso de Graduação 2 Engenharia Química /UFSC 3,4,5Professor do EQA - Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos/UFSC Revisão Técnica:Reinaldo Ferreira RESUMO A demanda por água de boa qualidade, assim como as restrições impostas pela legislação ambiental vigente, tanto com relação à captação de água, quanto para a liberação de efluentes para o meio ambiente, vem obrigando os setores industriais, principalmente o setor têxtil que contribui significativamente para a poluição dos rios em algumas regiões do Brasil, a realizar uma reavaliação dos seus métodos de captação de recursos hídricos e de seus tratamentos e liberação de efluentes. A combinação do processo de coagulação e adsorção para o tratamento de efluentes têxteis foi investigada. Utilizou-se um coagulante baseado em alumínio (cloreto de alumínio) e um adsorvente de origem vegetal (carvão ativado de casca de coco) para a remoção dos corantes reativos Preto 5 e Laranja 16 na presença de sal (cloreto de sódio). O efeito do NaCl na solução sintética foi investigado tanto para o processo de coagulação quanto para os processos de adsorção e dessorção. Dados de equilíbrio foram obtidos dos estudos cinéticos, sendo que o mesmo foi atingido em aproximadamente 340 e 380 minutos para as soluções com e sem sal, respectivamente, para ambos os corantes. As isotermas de adsorção foram determinadas e correlacionadas com o modelo de Langmuir. Os resultados obtidos nos ensaios de dessorção foram menos eficientes quando o adsorvente esteve saturado na presença do NaCl. Através da análise da toxicidade do efluente em relação à Artemia salina, verificou-se que o efluente, após o processo completo de tratamento, não apresentou 14 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. toxicidade aguda. Além da alta remoção de corante, os processos de tratamento combinados oferecem vantagens como aplicação de quantidades menores de coagulante e adsorvente, gerando menor quantidade de lodo no processo biológico e/ou físico-químico. Palavras-Chave: Corantes Reativos; Isotermas de Adsorção; Dessorção; Coagulação; Efluentes Têxteis; Toxicidade. 1. INTRODUÇÃO A remoção de cor dos efluentes líquidos é um dos principais problemas da indústria têxtil, devido à grande quantidade de água utilizada pela mesma, a qual deve ser total ou parcialmente reduzida depois de tratamentos industriais. Apesar da existência de várias alternativas de processos para o tratamento de águas residuárias, não há um processo simples capaz de fazer uma adequada mineralização dos efluentes coloridos, principalmente devido a sua natureza complexa. Os corantes normalmente são recalcitrantes, ou apresentam uma cinética de degradação muito lenta para processos biológicos convencionais, resultando em efluentes finais com coloração ainda muito intensa (Kunz et al., 2002; Araujo e Yokoyama, 2006; Santos et al., 2009). A presença de corantes nos efluentes é altamente visível, afeta a estética, a transparência da água e a solubilidade de gases nos corpos receptores, reduzindo também a capacidade de regeneração dos corpos hídricos em função da redução da penetração de luz solar e conseqüente alteração Tecnologia Corantes dos processos de fotossíntese (Guaratini e Zanoni, 2000). Nos processos de tingimento de fibras têxteis, além dos corantes que visam o tingimento da fibra, encontram-se presentes outras substâncias que permitem que ocorra o fenômeno de adsorção do corante. A adsorção e retenção do corante dentro da fibra pode ser química, física ou ambas, dependendo da fibra e do corante (Duan et al., 2002; Guilarduci et al., 2006.). Podem estar presentes em um banho de tingimento compostos químicos como: corantes, fixadores, seqüestrantes, retardadores e carregadores (“carriers”), entre outros. Na etapa de acabamento têxtil também são utilizados diversos produtos químicos com a finalidade de conferir as propriedades necessárias tais como: peso, toque, recuperação da ruga, vinco permanente, impermeabilidade, fungicida, antitraça, antiencolhimento, etc. Estes produtos químicos podem ser classificados em: ácidos, bases, sais, oxidantes, redutores, solventes orgânicos e produtos orgânicos diversos. Os sais em geral são aplicados nos banhos de tingimento para aumentar a eficiência na fixação do corante à fibra do tecido. O presente trabalho tem como objetivo investigar o processo de adsorção e dessorção em carvão ativado granular combinado com o pré-tratamento coagulação/floculação na remoção de cor em meios salinos, avaliando também o processo inverso de tratamento e a toxicidade final do efluente. Figuras 1 e 2 mostram os esquemas de tratamento. Figura 1: Proposta 1 - Esquema principal de tratamento. Figura 2: Proposta 2 - Esquema de tratamento do processo inverso. 2.2. Materiais Os experimentos foram realizados utilizando-se dois corantes reativos, Preto 5 e Laranja 16. Como coagulante utilizou-se o cloreto de alumínio (AlCl3.6H2O - 99,5% teor de pureza). Carbonato de sódio (Na2CO3 - 99% teor de pureza) foi utilizado como alcalinizante. Inicialmente, uma solução padrão concentrada (2000 mg/L) foi preparada a partir da mistura de quantidades estabelecidas de corante e água destilada. A solução padrão deu origem a todas as outras soluções utilizadas experimentalmente (100, 150, 200, 250, 300, 400, 600, 800 e 1200 mg/L) através de uma cuidadosa diluição. Em seguida o pH das soluções diluídas foi ajustado em um pHmetro, nos níveis desejados com adição de hidróxido de sódio e ácido clorídrico 0,1 M (molar). Visando simular as reais condições dos efluentes de banhos de tingimento, diferentes quantidades de cloreto de sódio (NaCl) foram adicionadas à solução padrão. Devido às diferentes afinidades dos corantes pelo adsorvente, na presença de diferentes concentrações de 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL sal, verificadas nos ensaios preliminares, fez-se necessária a 2.1. Proposta de Tratamento dosagem de diferentes quantidades do mesmo, assim como a A realização dos ensaios consistiu na seguinte determinação de novos valores de pH, devido sua forte seqüência de tratamento: influência no meio em estudo. As quantidades estudadas Processo 1: pré-tratamento físico-químico (coagu- foram: 0, 3, 6 e 10% da massa da solução aquosa, para o lação-floculação-sedimentação). corante Preto Reativo 5 e 0 e 1% para o corante Laranja Processo 2: adsorção do efluente pré-tratado, ou seja, o Reativo 16, para uma faixa de pH de 4 a 12. efluente bruto recebe o tratamento físico-químico (coagulação-floculação-sedimentação) e em seguida é 2.3 Métodos adsorvido em carvão ativado. 2.3.1. Processo 1: Ensaios de Coagulação-FloculaçãoO procedimento inverso, adsorção seguida de Sedimentação coagulação – proposta 2, também foi analisado. As 16 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Corantes Os experimentos de coagulação química foram realizados em equipamento de reatores estáticos (Jar Test) da Nova Ética, composto de 6 reatores (jarros) tronco-prismáticos de seção transversal quadrada, de capacidade de 2 litros cada reator. Todos os experimentos foram conduzidos com 1 L de solução em cada reator à temperatura de 25 ± 2ºC. As amostras foram deixadas para precipitar por um período de 1h depois de 1,40 min. de mistura rápida (175 rpm) e 10 min. de mistura lenta (15 rpm). Ao término do período de sedimentação, foram retiradas amostras a 2 cm abaixo do nível do efluente, para a determinação da cor residual. 2.3.2. Processo 2: Ensaios de Adsorção Os ensaios experimentais de adsorção foram realizados em batelada com o efluente sintético prétratado utilizando como adsorvente o carvão ativado, onde se determinou dados cinéticos e de equilíbrio. Para realização dos experimentos, um volume de 20 mL da solução corante foi misturado com 1 g de adsorvente (partícula entre 1,0 mm - 600 ìm) em um tubo de ensaio de 40 mL em pH 3. Procurou-se estudar a influência da adição do cloreto de sódio no processo de remoção de cor objetivando-se uma melhora no fenômeno da adsorção. 2.3.3. Experimentos Cinéticos de Dessorção Devido à grande influência que o reagente cloreto de sódio exerce sobre a fixação do corante no material adsorvente, os testes de dessorção foram realizados para dois casos diferentes visando analisar a influência do cloreto de sódio na interação entre as moléculas de corante e o adsorvente. No primeiro caso, o adsorvente foi saturado com corante em solução aquosa contendo uma quantidade determinada de cloreto de sódio. No segundo caso, a saturação do adsorvente aconteceu na ausência do sal Para realização dos estudos de dessorção, o adsorvente foi primeiramente saturado com o corante Preto Reativo 5 em uma solução aquosa com sal e sem sal, proveniente de uma solução de concentração inicial de 400 mg/L do efluente após pré-tratamento. Após estar saturado, o adsorvente foi filtrado e conduzido à estufa para secar a 80°C. Os ensaios foram realizados em tubos de 40 ml, onde foram adicionados 1 g de carvão contendo o corante adsorvido e 20 ml de solução dessorvente, mantidos sob agitação, sendo as amostras coletadas em diferentes tempos até que o equilíbrio fosse estabelecido. A concentração de corante na solução foi determinada espectrofotometricamente. A solução utilizada nos ensaios de dessorção foi uma mistura água/ etanol (50:50) em volume. 2.4. Teste de Toxicidade Aguda com Artemia salina O procedimento de eclosão e crescimento dos microcrustáceos ocorreu num período de 60 horas de incubação em solução de sal marinho sintético (32 g/L), com aeração e a uma temperatura de 30ºC. Após a eclosão, dez larvas do microcrustáceo foram selecionadas e incubadas em uma placa multipoços, tendo-se a primeira coluna da placa preenchida com solução salina e as restantes, com diferentes concentrações do efluente. As soluções foram diluídas em concentrações seriadas (100, 90, 80, 70, 60 e 50%) para melhor obtenção da CL50. Após 24 horas de incubação, foi feita a contagem do número de larvas mortas e a CL50 foi calculada. Para cada concentração testada foram realizadas análises em quadruplicata. Os ensaios de toxicidade aguda foram realizados conforme método modificado de Matthews (1995). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Influência da adição de sal na etapa de coagulação Os ensaios com a adição de sal à solução foram realizados utilizando-se os parâmetros mais adequados encontrados nos ensaios preliminares; no entanto, devido à forte influência do pH na solução em estudo, foram determinados novos valores do mesmo. A Tabela 1 apresenta as condições utilizadas no processo de coagulação. Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 17 Tecnologia Corantes A remoção dos corantes Preto 5 e Laranja 16, sob a influência da adição do cloreto de sódio em determinada faixa de pH, pode ser analisada através dos resultados apresentados na Figura 3 Figura 3: Efeito do pH com a adição de sal à solução (a) Corante Preto 5 (b) Corante Laranja 16 do corante em estudo. Para o corante Preto 5, o melhor meio na presença do cloreto de sódio foi em pH 10 e, na ausência do mesmo, em pH 6 conforme observado na Figura 3. Para o corante Laranja 16, tanto na presença quanto na ausência de sal, o meio mais adequado permaneceu em pH 6. 3.2. Influência da adição de sal na etapa de adsorção Para os ensaios cinéticos realizados na presença de sal, foi utilizada a massa de 1,0 g de carvão em 20 mL de solução e concentração inicial de corante de 400 mg/L para os dois corantes em estudo. Diferentes quantidades de cloreto de sódio foram adicionadas à solução. A influência deste composto químico na cinética de adsorção dos corantes Preto 5 Laranja 16 é apresentada na Figura 4.. Figura 4: Cinética de adsorção dos corantes com influência da adição de Cloreto de Sódio (a) Corante Preto 5 Com a adição do cloreto de sódio na solução corante, a eficiência de remoção tornou-se pior para ambos os corantes. Esta baixa remoção pode ocorrer devido à influência dos íons (cloreto e sódio), afetando significativamente a eficiência no processo de coagulação. Com relação ao corante Laranja 16, a máxima quantidade de cloreto de sódio utilizada foi de 1%, pois em concentrações maiores o mecanismo da coagulação não se realizava de maneira efetiva para este corante. Para o corante Preto 5, foi possível testar uma ampla faixa de concentrações salinas. O efeito salino pode provocar disfunções no processo de coagulação, sobretudo se ocorrerem alterações abruptas na concentração destes íons. À medida que aumenta a concentração de íons na solução, a gama de pH ótimo do sal inorgânico coagulante tende a alargar, para valores de pH mais ácidos ou mais básicos dependendo das características 18 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. (b) Corante Laranja 16 Tecnologia Corantes Observando os gráficos ilustrados na Figura 4, verifica-se que o tempo necessário para que as soluções com adição de cloreto de sódio atinjam o equilíbrio é de aproximadamente 340 minutos; no caso da solução isenta de cloreto de sódio, a adsorção é um pouco mais lenta, e o equilíbrio é atingido em 380 minutos, para ambos os corantes. As isotermas construídas para as diferentes quantidades de cloreto de sódio para os corantes Preto 5 e Laranja 16 são apresentadas na Figura 5. Figura 5: Isotermas de Langmuir para diferentes quantidades de cloreto de sódio (a) Corante Preto 5 melhorar o processo de remoção de cor para os corantes Preto 5 e Laranja 16, respectivamente. De acordo com Guelli U. Souza et al. (2008), a presença de sal promove a adsorção de forma positiva quando comparada com os experimentos na sua ausência. Pode-se sugerir que os cátions do sal neutralizam a carga negativa na superfície do carvão, possibilitando que mais moléculas adsorvam, ou que os cátions atuam diretamente nos íons adsorbatos negativos, mediante dois mecanismos: a) Os cátions do sal podem se ligar com o adsorbato negativo, reduzindo a repulsão iônica, aumentando assim a quantidade de moléculas adsorvidas na superfície; b) Pode ser que atuem como força protetora adjacente (devido às cargas positivas) entre as moléculas de adsorbato negativas. Batizias & Sidiras (2007) estudaram a adsorção do corante azul de metileno na presença de sais (CaCl2, ZnCl2, MgCl2, NaCl) e concluíram que a eficiência do processo de adsorção é aumentada na presença dos mesmos, sendo a maior eficiência obtida utilizando-se cloreto de sódio. (b) Corante Laranja 16 3.3. Dessorção do corante Reativo Preto 5 Os ensaios de dessorção foram realizados de acordo com o procedimento descrito no item 2.3.3 deste trabalho. A curva cinética de dessorção é ilustrada na Figura 6. Figura 6: Cinética de dessorção para o corante Preto Reativo 5. Analisando-se as isotermas de Langmuir para o corante Preto 5 apresentadas na Figura 5a, verifica-se que a capacidade máxima de adsorção cresce de 19 para 87,7 mg/g com o aumento da quantidade de cloreto de sódio de 0% para 6%. Porém decresce para 43,7 mg/g com o contínuo aumento da quantidade de cloreto de sódio para 10%. Em relação ao corante Laranja 16 A partir dos dados de dessorção apresentados na Figura 6, verificou-se que a capacidade máxima de adsorção pode-se determinar a quantidade de corante dessorvido em cresce continuamente de 27,5 para 74,1 mg/g com o uma solução aquosa. aumento da quantidade de cloreto de sódio de 0% para As Figuras 7 e 8 ilustram os gráficos de dessorção 1%. Dessa forma, conclui-se que 6 e 1% de cloreto de (comprimento de onda x absorbância), para as soluções com sódio são as quantidades ótimas necessárias para 20 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Corantes e sem sal, respectivamente. Figura 7: Dessorção da solução corante Preto 5 com 6% de sal 3.4. Avaliação da Toxicidade Aguda com Artemia salina A avaliação da toxicidade do corante foi realizada para as seguintes soluções: 1- Solução inicial (efluente não tratado); 2- Solução após o pré-tratamento de coagulaçãofloculação-sedimentação; 3- Solução após o processo completo de tratamento (coagulação seguida de adsorção). Os resultados são expressos através da mortalidade da Artemia salina, como apresentado na Tabela 2. Tabela 2: Toxicidade do corante Reativo Preto 5 com Artemia salina, após 24 horas de incubação. Concentração do corante (%) Figura 8: Dessorção da solução corante Preto 5 com 0% de sal Mortalidade (%) na Mortalidade (%) na solução inicial solução após o pré- Mortalidade (%) na solução após o tratamento com processo completo de coagulação tratamento 0 0 0 100* 80 5 0 90 60 0 0 80 45 0 0 70 45 0 0 60 32,5 0 0 50 25 0 0 Controle (solução salina) * A solução concentrada 100% é referente a uma concentração de 100 mg/L. Os efeitos agudos apontados pelos testes de toxicidade são avaliados de acordo com a concentração letal (CL50), ou Analisando-se as Figuras 7 e 8, pode-se observar que a dessorção do adsorvente saturado com solução corante na presença de cloreto de sódio foi menor em relação ao adsorvente saturado em solução sem cloreto de sódio. O tempo de equilíbrio para a máxima dessorção do corante na presença de NaCl foi de 60 minutos e sem NaCl foi de 300 minutos; após este tempo ocorreu uma estabilização no processo de dessorção. Nas condições estudadas, a dessorção do corante foi de 1 e 5,7%, para o adsorvente saturado em solução corante com e sem cloreto de sódio, respectivamente. Estes dados comprovam que as forças de interação entre as moléculas de corante e o adsorvente, na presença do sal, são mais fortes do que na ausência de sal, diminuindo a porcentagem de remoção de corante do adsorvente. seja, a concentração do agente tóxico, presente no ambiente aquático, que causa 50% de letalidade. A concentração letal, CL50, encontrada para o corante Preto 5, para a solução inicial é de 83,3%. Isto significa que valores de concentração maiores que 83,3 mg/L são considerados tóxicos para o ambiente aquático. O valor de CL50 foi encontrado através de uma interpolação dos resultados experimentais apresentados na Tabela 2. Para as soluções de corante após o pré-tratamento, coagulação-floculação-sedimentação, e após o processo completo de tratamento, não foi verificada toxicidade do efluente, indicando que não há formação de subprodutos tóxicos nocivos sobre o organismo teste no efluente em estudo. Logo, conclui-se que o processo completo de tratamento, além de remover maior quantidade de cor, Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 21 Tecnologia Corantes diminui a toxicidade do efluente gerado no processo baixa remoção pode ocorrer devido à influência dos íons final. (cloreto e sódio) afetando significativamente a eficiência no processo de coagulação. 3.5. Análise das Propostas de Tratamento A dessorção do corante, ou seja, a remoção do corante da Os ensaios experimentais foram otimizados para o fase sólida adsorvente para uma nova fase fluida isenta de corante Preto Reativo 5 com concentração inicial de 100 cor, foi de 1 e 5,7%, para o adsorvente saturado em solução mg/L, para as duas propostas de tratamento. corante com cloreto de sódio e sem cloreto de sódio, Os resultados das análises dos processos de respectivamente. tratamento propostos no item 2.1 são apresentados nas Através da análise da toxicidade do efluente em relação à Tabelas 3 e 4. Artemia salina, verificou-se que o efluente após os processos de tratamento não apresentou toxicidade aguda para o respectivo microrganismo, indicando que não há formação de subprodutos tóxicos no efluente em estudo. As duas propostas de tratamento (propostas 1 e 2) se mostraram eficazes na remoção de corante na ausência do cloreto de sódio na solução; na presença do mesmo a proposta 2 foi mais eficiente. Em termos econômicos a proposta 2 (adsorção seguida de coagulação) é mais vantajosa pois, além de promover maior qualidade do efluente próximo às condições reais (contendo sal), têm-se a possibilidade de se otimizar o processo de coagulação após a adsorção reduzindo a quantidade dos reagentes adicionados e, conseqüentemente, reduzindo o volume de lodo gerado no processo. As duas propostas de tratamento se mostraram 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS eficientes, removendo 100% do corante presente na ARAUJO, F.V.F.; YOKOYAMA, L. Remoção de cor em soluções de corantes reativos por oxidação com H O /UV. Revista Química Nova, v. 29, n. 1, p. 11-14, 2006. solução. Para soluções na ausência de cloreto de sódio, a BATIZIAS, F.A.; SIDIRAS, D.K. Simulation of methylene blue adsorption by saltsproposta 1 (pré-tratamento com coagulação) se mostrou treated beech sawdust in batch and fixed-bed systems. Journal of Hazardous Materials, 149, p. 8-17, 2007. mais eficiente, removendo 97,6% da cor, enquanto que DUAN, J.; WILSON, F.; GRAHAM, N.; TAY, J.H. Adsorption of humic acid by para o esquema invertido (proposta 2) a remoção foi de powdered activated carbon in saline water conditions. Desalination, 151, p. 53–66, 93,5%. Para soluções contendo cloreto de sódio, a 2002. GUARANTINI, C.C.I.; ZANONI, M.V.B. Corantes Têxteis. Revista Química Nova, v. proposta 1 de tratamento se mostrou menos eficiente, 25, n. 1, p. 71-78, 2000. removendo 50% da cor, enquanto que para o esquema GUELLI U. SOUZA, S.M.A.; PERUZZO, L.C.; SOUZA, A.A.U. Numerical study of the adsorption of dyes from textile effluents. Applied Mathematical Modelling, v. 32, invertido a remoção foi de 96,1%. Conclui-se que a p. 1711-1718, 2008. adição de sal na solução em estudo influencia GUILARDUCI, V. V. S.; MESQUITA, J. P.; MARTELLI, P. B.; GORGULHO, H. F. Adsorção de fenol sobre carvão ativado em meio alcalino. Revista Química Nova, v. significativamente no processo de remoção de cor. 29, n. 6, p. 1226-1232, 2006. 2 4. CONCLUSÕES Com a adição do cloreto de sódio na solução corante durante a etapa de pré-tratamento, a eficiência de remoção tornou-se pior para ambos os corantes. Esta 22 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 2 KUNZ, A.; ZAMORA, P.P.; MORAES, S.G.; DURÁN, N. Novas Tendências no Tratamento de Efluentes Têxteis. Revista Química Nova. v. 25, n. 1, p. 78-82, 2002. MATTHEWS, R.S. Artemia salina as a test organism for measuring superoxidemediated toxicity. Free Radical Biology & Medicine, v. 18, p. 919-922, 1995. SANTOS, K.A., COSTA, C.H., ULSON DE SOUZA, A.A., GUELLI U. SOUZA, S.M.A., Remoção de Cor e DQO de Efluentes Têxteis pelo Processo de Ozonização, Revista Química Têxtil, ISSN 0102-8235, Edição 95, p. 48-60, 2009. Tecnologia Fibras Produção de Algodão Orgânico no Brasil e seu Potencial de Uso na Moda Organic Cotton Production in Brazil and Its Fashion Employment Potential Autores:Adriana Yumi Sato Duarte: Bacharel em Têxtil e Moda - USP Júlia Baruque Ramos: Profa. Dra. Curso de Bacharelado em Têxtil e Moda - USP Regina Aparecida Sanches: Profa. Dra. Curso de Bacharelado em Têxtil e Moda - USP Waldir Mantovani: Prof. Dr. Curso de Gestão Ambiental - USP Revisão Técnica:Patricia Piazza Palavras-chave: Algodão orgânico, Brasil, moda. Resumo O presente trabalho tem como objetivo descrever a produção de algodão orgânico no Brasil, relacionando uso dessa fibra e a aplicabilidade na indústria de confecção e moda, tendo como base a mudança de comportamento de consumo gerada pela conscientização ecológica. Visa ainda levantar perspectivas para esse segmento em um futuro próximo. Figura 1: Capulho e Maçã (Fonte: www.iac.sp.gov.br) Key-words: Organic cotton, Brazil, Fashion. Abstract The present work describes the organic cotton production in Brazil, relating the employment of this fiber and its applicability in the confection and fashion industry, based in the change of consumer behavior generated by the ecological awareness. It also aims at A cultura do algodão apresenta altas taxas de aplicação de cogitating perspectives for this segment in a near future. produtos químicos, como fertilizantes e desfolhantes, gerando riscos ao ambiente e ao homem. Por este motivo, a 1. Introdução produção livre de substâncias tóxicas, denominada A fibra de algodão é unicelular, composta em sua produção orgânica, tem se expandido no Brasil, sendo parte maioria por celulose (85,5%), além de outros fundamental no desenvolvimento sustentável, que alia constituintes como óleos e ceras. A planta de algodão benefícios econômicos, sociais e ambientais (LIMA et al, pertence à ordem natural das Malváceas (Figura 1), 2006). sendo encontrada em áreas de clima subtropical como A consciência ecológica divulgada por meio da mídia Ásia, África, Egito e Américas do Norte e Sul. A espécie está mudando a preferência do consumidor, que se vê num particular da ordem Malvácea da qual a fibra é obtida é a papel atuante na manutenção do equilíbrio do sistema Gossypium, e apresenta uma extensa variedade, ambiente-sociedade, adquirindo novos hábitos de consumo cultivada de acordo com a localização geográfica com base no desenvolvimento sustentável. (BEZERRA, 2003). 24 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Fibras 2. Produção de Algodão Orgânico no Brasil A agricultura orgânica é uma técnica que tem como objetivo preservar o equilíbrio natural do ecossistema utilizando métodos contrários à aplicação de agrotóxicos, substâncias químicas e materiais sintéticos que depositam resíduos tóxicos e geram riscos à saúde ambiental e humana (AMBIENTE BRASIL, 2009). As áreas de agricultura orgânica são trabalhadas a fim de manter o equilíbrio natural, produzindo plantas sadias e conseqüente produto final limpo, com rendimento satisfatório (LIMA, 1995). As técnicas aplicadas na agricultura elevam a matéria orgânica e melhoram as condições do solo, sendo utilizadas nas diferentes etapas do plantio do algodão. A adubação verde, método que emprega esterco animal ou compostos orgânicos no solo, e a rotação de culturas são exemplos de técnicas aplicadas durante o desenvolvimento da planta (LIMA, 1995). Já no controle biológico, o manejo de pragas e doenças é realizado por métodos de monitoramento, pulverização com produtos de origem vegetal ou óleos e sabões, armadilhas de feromônios, catação manual e uso de organismos vivos tais como Bacillus thuringiensis, baculovirus ou insetos predadores e parasitas (SOUZA, 2000). No caso do Brasil, essa atividade iniciou-se em meio a uma grave crise na produção do algodoeiro Gossypuim hirsutum Marie galante Hutch, conhecido como “mocó”, que quase foi extinto na Região Nordeste devido à praga do bicudo. A cultura orgânica foi utilizada para manter e recuperar a qualidade nutricional do solo, de modo a elevar a produção local (LIMA, 1995). Os principais Estados Brasileiros produtores de algodão orgânico são Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Paraná, como mostra a Figura 2. A produção nacional de algodão orgânico está a cargo de pequenos produtores que empregam mão-deobra familiar em cultivo consorciado com outras culturas (Tabela 1). Figura 2: Principais Estados produtores de Algodão Orgânico Tabela 1: Produção de Algodão Orgânico no Brasil – 2006 Regiões Nº Produtores % Área (ha) % Produção (ton. algodão em rama) % 64,7 Nordeste 304 95,0 270 92,8 36,0 Ceará 206 64,4 218 75,0 20,0 36,0 Paraíba 18 5,6 19 6,5 5,0 9,0 Pernambuco 62 19,4 21 7,2 6,2 11,1 Rio Grande do Norte 18 5,6 12 4,1 4,8 8,6 Sul 16 5,0 21 7,2 19,6 35,3 Paraná 16 5,0 21 7,2 19,6 35,3 Total 361 100 291 100 55,6 100 Com o crescimento da demanda, criou-se a necessidade de certificar o produto orgânico, com normas que regularizem a produção, processamento e comercialização desses produtos. Coube então à Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM) elaborar legislação especifica, em vigor na União Européia e em diversos países. Outros estabelecimentos certificadores são: KRAV (Suécia), Biokultura (Hungria), Instituto Biodinâmico (Brasil), FVO (Estados Unidos) e NASAA (Austrália) (LIMA, 1995). 3. Panorama e Perspectivas do Algodão Orgânico na Moda Um exemplo da diferenciação de commodities agrícolas é o mercado de produtos orgânicos, produzidos a partir de sistemas de produção seguros sob o aspecto ambiental. É um mercado pequeno e crescente, pois a preocupação dos consumidores com o meio ambiente tem se intensificado ao Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 25 Tecnologia Fibras longo do tempo e está permitindo a segmentação de um tradicional mercado de commodities: o mercado de algodão. A fibra é um produto homogêneo, sujeito a grande assimetria informacional e forte regulamentação. Empresas do setor têxtil, buscando atender a consumidores de produtos orgânicos, passaram a demandar fibras produzidas dentro de sistemas de produção menos agressivos ao meio ambiente, como forma de diferenciar seus produtos diante do consumidor. A produção orgânica do algodão ainda é pequena, mas está levando a uma reorganização do sistema produtivo convencional. As agências que certificam o produto desempenham papel importante para assegurar a diferenciação do produto, reduzindo a assimetria de informações entre compradores e vendedores, permitindo agregação de valor ao produto e a obtenção de margens mais elevadas pelos diversos segmentos (SOUZA, 1999). Em relação ao cultivo mundial, um fator importante é que a demanda por algodão orgânico continua em crescimento, incentivando a expansão da produção e promovendo um significativo progresso no mercado. Segundo Relatório Anual da Organic Exchange, a demanda das indústrias por fibra de algodão orgânico cresceu de 13.610 toneladas em 2004 para 45.837 em 2006, o que representa um crescimento médio de 118%. Esses números vão além de dados estatísticos e significam a não emissão de produtos químicos na atmosfera, bem como a oferta de trabalho para muitos agricultores que não correm o risco de contaminação por esses produtos químicos e que se beneficiam de uma qualidade de vida com melhoras significativas na saúde. Com esse aumento da demanda, agricultores ao redor do mundo têm respondido ao movimento de forma interessante e estão cultivando mais algodão orgânico e certificando suas produções, assim eles expandem a quantidade de terra em conversão do sistema de cultivo químico para o orgânico. A produção da fibra cresceu de 25.394 toneladas na colheita de 2004/2005 para 57.931 toneladas em 2006/2007. Segundo a Organic Exchange, existem, atualmente, 50 companhias com significativos programas de 26 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. algodão orgânico, aproximadamente 1.500 pequenas e médias marcas e comerciantes participando do mercado de algodão orgânico a nível global e também, 67 projetos certificados com programa de agricultores. Neste novo mercado do algodão, não é apenas o produto final que ganha em qualidade. Todo o processo produtivo de forma orgânica apresenta vantagens em relação ao cultivo químico: o trabalho dos agricultores é reconhecido e valorizado, a identidade do produto é preservada, os consumidores têm mais alternativas e mais informações a respeito dos produtos que estão comprando, estes produtos chegam às mãos do consumidor sem perder sua história. Além de tudo isso, são distribuídos por toda a cadeia produtiva mais saúde e retornos justos, desde agricultores até as indústrias e marcas, chegando também aos consumidores, assim, todo o processo de produção até o produto final é feito com respeito ao planeta. Com essas vantagens, muitos passos importantes já foram realizados por companhias e agricultores para expandir a produção e o uso do algodão orgânico, bem como para construir novos modelos de comércio justo, com sustentabilidade, transparência e acordos no fornecimento do algodão até chegar aos acessórios, roupas, produtos de higiene pessoal e outros produtos comprados por consumidores ao redor do mundo. No ano de 2006, as vendas do mercado de produtos de algodão orgânico foram 85% mais altas do que em 2005 e estimativas mostram um crescimento de 83% nas vendas de 2006 para 2007. As porcentagens para produtos de vestimenta usual são de 85% do total das demandas do mercado, roupas de cama são 10% e higiene pessoal 5%. Hoje figuram entre os 10 maiores produtores de fibra orgânica no mundo a Turquia, Índia, China, Síria, Peru, USA, Uganda, Tanzânia, Israel e Paquistão. A indústria têxtil e de confecção é de extrema importância para a economia e geração de empregos no Brasil. A cadeia produtiva têxtil nacional é formada por aproximadamente 30.000 empresas entre fiações, tecelagens, malharias, estamparias, tinturarias e confecções, que geram 1,6 milhão de empregos formais e informais (PORTAL FATOR BRASIL, 2008). Por ser uma técnica ainda em desenvolvimento, o principal Tecnologia Fibras ponto questionado pelos produtores é a viabilidade da produção orgânica, pois o custo de produção é de 10 a 15% maior, rendimento final 15% menor, e o preço da fibra orgânica têm acréscimo médio de 45% em comparação à fibra comum, que consequentemente eleva o preço do produto final (SOUZA, 2000). Entretanto, a difusão do conceito ecológico está mudando as preferências dos consumidores, que buscam produtos com selos que garantem a procedência do produto. Isso levou a criação de novas propostas de coleção de Moda e materiais sustentáveis. O número de marcas varejistas que oferecem produtos de algodão orgânico cresceu exponencialmente de 2001 e 2005 no Japão, Europa e América do Norte. Nesse período, as vendas passaram de US$ 245 milhões para US$ 583 milhões, e com taxa média anual de 93% com relação à produção de fibra (LIMA et al, 2006). Peças de roupas produzidas a partir do algodão orgânico são oferecidas em grandes marcas e lojas de varejo, como por exemplo, Nike, Armani, H&M, Timberland e Wal-Mart (FERREIRA, 2007). No Brasil, as grifes apostam nos materiais sustentáveis, principalmente nos tecidos orgânicos, como a grife Osklen (PICK-UPAU, 2007). Outra forma de utilização dos tecidos de algodão orgânico está em linhas especificas para segmentos de mercado, como a linha infantil, das grifes YOU e Pistache e Banana (GUIA JEANS WEAR, 2007), e a underwear como Lupo, Un.i, Forum Lingerie e Upman (COMBINANDINHO, 2008). A Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Estado da Paraíba (CoopNatural), comercializa roupas feitas com algodão orgânico colorido do Brasil. A cooperativa reúne empresas e grupos de artesãos que fabricam roupas sob a marca Natural Fashion. Em Portugal, a marca NaturaPura, comercializa produtos para bebês e possui a certificação “Eco-Label” (ALVES & RUTHSCHILLING, 2007) O faturamento mundial desses produtos passou de 245 milhões de dólares para 1 bilhão de dólares entre 2001 e 2005. A previsão para os próximos anos é de triplicar esse valor. Porém o maior desafio do setor orgânico é a substituição da produção comum pela a que beneficia o meio ambiente e sociedade, fato que levará alguns anos para ser consumado, pois hoje muitos especialistas no setor divergem com relação a adoção ou não de todos os produtores da fibra de algodão. Apesar do início promissor e de contar com o apoio da patrulha de ativistas ambientalistas, a moda ecologicamente correta terá de superar alguns obstáculos para se sustentar a médio e longo prazo. O principal deles é convencer a maior parte dos consumidores a pagar mais pelas roupas "verdes". Algumas peças orgânicas chegam a custar 30% mais caro que as tradicionais. A entrada das grandes redes varejistas no negócio resolve parte do problema. O Wal-Mart está investindo pesado no ramo desde 2004, a ponto de ser hoje o principal comprador de algodão orgânico no mundo. Graças à escala monumental do negócio, a companhia americana conseguiu reduzir sensivelmente os preços, chegando a oferecer em suas gôndolas camisetas ecologicamente corretas a partir de 8 dólares. Problema resolvido? Não. Caso outras redes varejistas sigam o mesmo caminho, pode faltar matéria-prima no mercado. Atualmente, o algodão orgânico representa apenas 1% da produção global dessa commodity. A área de cultivo concentra-se na Turquia e na Índia. O Brasil, quinto maior produtor de algodão convencional no mundo, ainda não tem uma atuação significativa nesse nicho de mercado. Convencer mais agricultores a aderir ao negócio será uma tarefa árdua. Sem o uso de agrotóxicos e de fertilizantes artificiais, o trabalho de cultivo é redobrado para evitar a incidência de pragas (GIANINI, 2007). 4. Conclusões O consumo da fibra de algodão comum no mercado nacional representa cerca de 60% do total de fibras consumidas, 80% das fibras utilizadas nas fiações e 65% nas tecelagens (PERRUPATO et al, 2004 e FILHO, 2004). A cultura de algodão é uma das maiores poluidoras do meio ambiente, pois com a competitividade e necessidade de produção em larga escala, o uso de pesticidas, herbicidas e fertilizantes é prática comum, e muitos produtores recorrem a esses produtos químicos para incrementar a produção. Por Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 27 Tecnologia Fibras esse motivo, diversos casos de destruição ambiental foram registrados devido ao uso abusivo de produtos tóxicos ao ambiente. Com o objetivo de minimizar tais efeitos, o método de produção orgânica de algodão, que tem como princípio a aplicação de “técnicas verdes” principalmente no que diz respeito a adubação e controle de pragas. A produção de algodão orgânico vem crescendo a cada ano, e o processo de certificação da matéria-prima tem sido discutida e exigida pelos consumidores. Os produtores ainda enfrentam dificuldades com a articulação do mercado, tanto na produção como na comercialização da fibra. O uso dessa fibra no mercado de Moda ainda é restrito, devido principalmente ao seu custo no início e fim da confecção do produto. Porém, a consciência ecológica divulgada pela mídia está atingindo uma parcela da população, que vêem seus hábitos de consumo como grandes influentes no bem-estar geral. Portanto, a demanda do mercado para têxteis orgânicos tende a aumentar, trazendo benefícios não somente para o consumidor final, como também por todos aqueles envolvidos direta ou indiretamente com a produção. 5. Referências Bibliográficas ALVES, G.J.S.; RUTHSCHILLING, E.A. Vestuário Convencional: Aplicação e Comercialização de Eco-Têxteis. Disponível em www.nds.ufrgs.br/admin/documento/arquivos/vestuarioconvecional.pdf. Arquivo capturado em 12/04/09. AMBIENTE BRASIL. Agricultura orgânica. Disponível em http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agro pecuario/index.html&conteudo=./agropecuario/agrinatural.html #oquee. Artigo capturado em 07/04/09. BEZERRA, C. M., GONÇALVES, D. C. S., FREITAS, D. O., SOUTO, K. K. O., BARBOSA, R. X., FERREIRA, T. R. Fibras Celulósicas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Centro de Tecnologia, Depto. De Eng. Produção e Têxtil, nov/2003. COMBINANDINHO. Algodão orgânico é moda. Artigo publicado em 29/08/08. Disponível em http://www.combinandinho.com.br/2008/08/29/algodao-organico-e-moda/. Arquivo capturado em 10/04/09. FERREIRA, E. L. 1º Workshop sobre têxteis Orgânicos no 28 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Brasil, 2007. FILHO, N. O. L., LADCHUMANANANDASIVAM, R., VERISSIMO, S. A., MEDEIROS, J. I. A importância da fibra de algodão no mercado brasileiro e suas perspectivas. Anais do Congresso de Têxteis Técnicos (Associação Brasileira de Técnicos Têxteis – ABBT), João Pessoa - PB, 2004. GIANINI, T. Roupa para salvar o planeta. Artigo publicado em 29/01/07. Disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0885/mundo/m0121303.html. Arquivo capturado em 13/04/09. GUIA JEANS WEAR. Peças coloridas e matéria-prima orgânica valorizam moda infantil brasileira. Artigo publicado em 25/10/07. Disponível em http://www.guiajeanswear.com.br/novo_design/materia.asp?id=1343. Arquivo capturado em 15/04/09. LIMA, P. J. B. F. Algodão Orgânico: bases técnicas da produção, certificação, industrialização e mercado. VII Reunião Nacional do Algodão, Londrina, Paraná, 1995. PERRUPATO, F. C., SOUZA, F. A., ANTONELLI, G. C., LORENZATTO, L., PINTOR, S. Análise quantitativa da influência das características da fibra na qualidade do fio de algodão. Anais do Congresso de Têxteis Técnicos (Associação Brasileira de Técnicos Têxteis – ABBT), João Pessoa - PB, 2004. PICK-UPAU Panorama Ambiental. Grifes apostam em tecidos orgânicos. Artigo publicado em 23/01/07. Disponível em http://www.pickupau.org.br/panorama/2007/2007.01.31/grifes_apo stam_tecidos.htm http://brasilatual.com.br/sistema/?p=786. Arquivo capturado em 12/04/09. PORTAL FATOR BRASIL. Conferência Latino-americana sobre cadeia produtiva de algodão orgânico. Artigo publicado em 20/03/08. D i s p o n í v e l e m h t t p : / / w w w. r e v i s t a f a t o r. c o m . b r / ver_noticia.php?not=34137. Arquivo capturado em 15/04/09. SOUZA, M.C.M. M.C.M. Têxteis de algodão orgânico: um caso de coordenação estrita de sub-sistemas agroindustriais. Anais do II Workshop Brasileiro de Gestão de Sistemas Agroalimentares. PENSA/FEA/USP. Ribeirão Preto, 1999. SOUZA, M.C.M. Produção de algodão orgânico colorido: possibilidades e limitações. Informações Econômicas, São Paulo, v. 30, n. 6, jun/2000. SOUZA, M. C. M. Produção Brasileira de Algodão Orgânico e Agroecológico em 2006. Disponível em: www.esplar.org.br/artigos/2007/agosto/algodao_agroecologico.pdf (acessado dia 29/05/2008). Tecnologia Não-tecidos Avaliação do processo de secagem de não-tecidos de pet na fabricação de palmilhas para calçados, por curvas exotérmicas e índice de flexão Autores:L. P. Ceron1, S. Einloft2, M. Seferin2 Av. Protásio Alves, 2365 / 603, CEP 90410-002, Porto Alegre, RS [email protected] 1 Renner Têxtil Ltda 2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Química Revisão Técnica: Rafael Rodrigues Ramos A indústria têxtil é um dos setores fundamentais do mundo e está fortemente motivada a procura de processos alternativos que possam oferecer um custo mais baixo, mantendo a qualidade e o desempenho do produto final. O controle da reação de cura de resinas termorrígidas em não-tecidos de poli(tereftalato de etileno)-PET, foi otimizado pelos parâmetros de tempo e temperatura, no processo de secagem em secador Rama Texima para o fabrico de palmilhas para calçados. As curvas exotérmicas levantadas para o secador serviram como modelo da pesquisa na produção, assim como o teste de índice de flexão, realizada nas amostras. Os resultados das propriedades mecânicas mostraram que baixas temperatura e velocidade da esteira do secador são ideais para não-tecidos de PET, com a melhora da qualidade no produto e uma minimização de 19,4% com custo em gás liquefeito de petróleo (GLP). Por meio do presente trabalho, foi possível verificar que o emprego correto de energia térmica é uma alternativa eficaz para o controle da qualidade e custos de processos industriais. Palavras-chave: Tempo de Cura, Temperatura de Cura, Palmilha, Secagem, Rama. INTRODUÇÃO O setor calçadista é muito dinâmico, caracterizado pela produção constante de novos produtos. Neste contexto, está inserida a fabricação de palmilhas em base de não-tecidos de poliéster, também conhecido por “nonwoven”, que possui uma significativa participação 30 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. no mercado global nesta linha de produtos. Os não-tecidos formam o principal grupo de produtos têxteis utilizados na indústria calçadista, juntamente com os tecidos e as malhas(1). O não-tecido (Figura 1-a) é um têxtil produzido sem um entrelaçamento ordenado e homogêneo dos fios, mas sim com uma distribuição aleatória das fibras, diferente de um tecido (Figura 1-b) em que o conjunto de fios é formado por ângulo próximo de 90º, em forma de lâmina flexível(2). Figura 1 - (a) Não-tecido; (b) Tecido. A fabricação da palmilha de montagem baseia-se no processo de impregnação de solução de látex de estirenobutadieno em manta de não-tecido de poliéster, com posterior secagem e reticulação em secador Rama, seguido de compactação do produto por meio de calandras. Depois disso, o produto obtido é bobinado. Este método difundiu-se a partir de 1979 devido ao custo deste material ser inferior ao da celulose, usado até então como base para palmilhas(3). A Rama (Figura 2) é um secador com as funções de extrair água, promover a cura da resina, padronizar dimensionalmente e dar acabamento ao produto final. É constituído por um alargador que, através de garras Tecnologia Não-tecidos acopladas a correntes, trabalha numa determinada velocidade em trilhos junto à estrutura rígida da máquina, tensionando o tecido no sentido transversal e fazendo o mesmo atravessar o túnel de ar aquecido. O túnel é um longo caminho por onde passa o tecido, normalmente dividida em vários campos. Nos campos existem ventiladores para insuflar o ar quente e seco, forçando a passagem pelo tecido pelo princípio de convecção forçada, secando o tecido pelos dois lados. normas SATRA PM 3, BS 5131/1990 e NBR 10455/2006. Figura 3 - Não-tecido agulhado de poliéster. Figura 2 - Secador Rama. A complexidade do controle térmico esta em determinar a relação entre velocidade da esteira do secador e temperatura nas cinco câmaras de secagem, com ajuste nos dampers, para promover a cura da resina de forma econômica. O tempo de cura é o intervalo de tempo necessário para que a reação de reticulação ocorra, aglomerando as camadas em uma massa sólida e compacta. Já a temperatura de cura é a temperatura máxima atingida pelo sistema reacional durante a cura. Este trabalho foi desenvolvido em indústria de componentes para calçados, localizada em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil, com o objetivo de minimização dos custos de produção com GLP no processo de secagem, usando curvas de secagem exotérmicas e índice de flexão para avaliação. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido com não-tecidos agulhados de poliéster da Bidim (Figura 3), do grupo BBA-Fiberweb, nas gramaturas de 110, 150 e 200 g/m2. A geometria do túnel de secagem escolhida foi a de largura constante em 1,5 metros, pois, esta é utilizada como padrão pela empresa. O índice de flexão de cada amostra foi determinado no equipamento chamado de Máquina de Flexão de Palmilhas Fibrosas SATRA STM 129, de acordo com as O ensaio de resistência à tração e alongamento foi determinado na Máquina de Ensaio Universal EMIC DL200 Computadorizada, seguindo as normas NBR 13041/1993, BS 5131/1990 e SATRA PM 2. Os gráficos e resultados foram gerados pelo software programa Tesc versão 3.00. A primeira parte constituiu-se em um estudo térmico sobre as condições do secador e tecido, associando às aberturas dos dampers a uma gramatura de material e perfil térmico. Fixou-se nos dez queimadores a velocidade do ar de secagem em 5 m3/h. As temperaturas nas câmaras de secagem foram ajustadas em display. Para as medições das temperaturas dentro de cada câmara do secador, usou-se termopares do tipo T, acoplado a um indicador digital de temperatura Agilent 34970A. A metodologia adotada baseou-se na norma NBR 14610:2000 – Indicador de temperatura com sensor. Utilizou-se o método Simplex Modificado como auxílio, para determinar os valores máximos e mínimos para velocidade da esteira secadora, correlacionado ao teor máximo de 0,8% de umidade em palmilha seca (método direto em estufa), obtendo-se assim curvas de secagem para cada gramatura de não-tecido de poliéster. A segunda parte do estudo representa os testes nas amostras para definir qual a melhor curva de secagem, com ensaios de índice de flexão, resistência à tração e alongamento na ruptura. Utilizou-se as curvas dos extremos, uma com perfil econômico (velocidade mínima e temperatura baixa) e outra de perfil avançado (velocidade máxima e temperatura alta). Na terceira parte foi realizada a produção-teste por seis Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 31 Tecnologia Não-tecidos meses, utilizando-se das curvas de secagem econômica e avançada, como modelo de operação na Rama, para avaliar a redução nos custos com GLP. Figura 4 - Curva de secagem para gramatura de 110 g/m2. 1,2 1,1 110 g/m2 1,0 Para manta de alta gramatura, 200 g/m2, foi necessário o fechamento progressivo do damper no quarto e quinto campos do secador. Constatou-se que não-tecidos mais grossos, devido ao maior percentual de água retida entre as suas fibras para evaporar, necessitam absorver maior quantidade de energia para realizar o processo de secagem. Comprovou-se esta hipótese, pela elevação do perfil térmico mínimo de 180ºC para 190ºC, pois, o não-tecido quando exposto a um perfil térmico constante inferior a 190ºC, deixou a manta molhada na saída do secador. As curvas de secagem desenvolvidas no secador Rama, com as relações de velocidade da esteira versus umidade na palmilha, são mostradas nas Figuras 4,5 e 6. Os valores recomendados por Bomtempi(4), para umidade em palmilha de poliéster situam-se entre as linhas tracejadas, com teores de 0,30 a 0,80% de umidade interna em relação à massa seca do tecido. 32 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Umidade (% ) superfície dos tecidos de 110, 150 e 200 g/m , conseguiu-se nas cinco câmaras do secador um perfil térmico decrescente de ajuste no display, em relação ao medido na superfície do tecido, com resultados de: +10ºC, 0ºC, -10ºC, -10ºC, -20ºC. Este incremento de energia térmica inicial foi necessário por ser uma região de entrada do túnel do secador, com perda térmica para o ambiente externo, e também, devido à maior taxa de evaporação de água nesta câmara inicial. Já na segunda câmara, sem perda de energia térmica, as temperaturas de display e medido foram praticamente iguais. A partir da terceira câmara, conseguiu-se a minimização térmica com o fechamento nas aberturas dos dampers e reaproveitamento da energia. 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 8,0 8,5 180ºC 9,0 9,5 190ºC 10,0 200ºC 10 ,5 210ºC 11,0 11,5 220ºC 12,0 12,5 13,0 13,5 14,0 Velocidade da esteira (m/min) Figura 5 - Curva de secagem para gramatura de 150 g/m2. 1,2 1,1 2 150 g/m 1,0 0,9 Umidade (% ) 2 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 7,5 180ºC 8,0 8,5 190ºC 9,0 200ºC 9,5 10,0 210ºC 10,5 220ºC 11,0 11,5 12,0 12,5 Velocidade da esteira (m/min) Figura 6 - Curva de secagem para gramatura de 200 g/m2. 1 ,2 1 ,1 2 200 g/m 1 ,0 0 ,9 Umidade (% ) RESULTADOS E DISCUSSÕES Curvas de Secagem Devido à temperatura de secagem linear na 0 ,8 0 ,7 0 ,6 0 ,5 0 ,4 0 ,3 0 ,2 0 ,1 0 ,0 5,5 190ºC 6,0 200ºC 6,5 210ºC 7,0 220ºC 7,5 8 ,0 8,5 9,0 Velocidade da esteira (m/min) Perfis Econômicos e Avançados A Figura 7 mostra as identificações das amostras nas curvas de perfis econômicos e avançados, usados nos ensaios de índice de flexão, resistência à tração e alongamento na ruptura. Tecnologia Não-tecidos Observou-se que nos perfis econômicos das três gramaturas, nas zonas com baixos teores de umidade e mínima velocidade, pontos 2, 9 e 15, apresentaram os maiores valores no índice de flexão (Figura 8), obtendo produtos com melhor qualidade técnica. Os pontos 1 e 5 (secos em excesso) e os pontos 4 e 8 (com excesso de umidade) apresentaram baixo índices de flexão, mostrando que a umidade interfere nos resultados de índice de flexão. Confirmou-se a faixa de umidade ideal para palmilha de poliéster, entre 0,30 e 0,80%(4), onde os valores de índice de flexão apresentaram os melhores resultados. Palmilhas com maior gramatura tiveram os valores de índice de flexão significativamente aumentados. Figura 7 - Identificação das amostras nas curvas de perfis econômico e avançado. Índice de Flexão 1,2 1,1 2 110 g/m 1,0 0,9 Umidade (%) 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 180ºC 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0 13,5 14,0 Veloc idade da esteira (m/min) 220ºC 1,2 2 150 g/m Figura 9 - Gráfico de tração para 110, 150 e 200 g/m2. 0,8 0,7 0,6 400 360 0,5 0,4 0,3 2 Tração (N/2. 000 mm ) Um idade (%) 1,1 1,0 0,9 0,2 0,1 0,0 7,5 8,0 8,5 180ºC 9,0 9,5 10,0 10,5 220ºC 11,0 11,5 12,0 12,5 Velocidade da esteira (m/min) 320 280 240 200 160 120 80 40 Um idade (% ) 1,2 1,1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 2 200 g/m 1,0 0,9 0,8 Paralela Perpendicular Amostra Figura 10 - Gráfico de alongamento para 110, 150 e 200 g/m2. 0,7 0,6 0,5 50 0,4 45 Alongamento (%) 0,3 0,2 0,1 0,0 5,5 6,0 6,5 190ºC 7,0 7,5 220ºC 8,0 8,5 9,0 Velocidade da esteira (m/min) 40 35 30 25 20 2 Índic e de Flexão (Longitudinal) Figura 8 - Gráfico de índice de flexão para 110, 150 e 200 g/m . 4,4 4,2 4,0 3,8 2 2 2 110 g/m - 150 g/m - 200 g/m 3,6 3,4 3,2 3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 15 1 2 Paralela 3 4 5 6 7 Perpendicular 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Amos tra Como já esperado(5), o ensaio de tração as fibras depositadas na direção paralela (longitudinal) é cerca de 50% maior que a disposição perpendicular (transversal). Esta situação pode ser explicada devido ao processo de fabricação do não-tecido ser induzido ou pelo efeito de tensão dos morcetes no tecido. Amostra Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 33 Tecnologia Não-tecidos Para uma mesma gramatura os resultados de tração e alongamento mostraram-se praticamente lineares, dentro de cada perfil. Por sua vez, o perfil econômico apresentou um pequeno acréscimo nos resultados de tração e alongamento em relação ao perfil avançado. Com a elevação da gramatura do não-tecido, constatou-se maiores valores de tração e alongamento, obtendo produtos mais rígidos. Nos pontos 1, 4, 5 e 8 os resultados de tração e alongamento apresentaram valores fora da faixa recomendada pela literatura, que confirmam os efeitos excessivos de umidade e secagem em palmilha de poliéster. ASSINTECAL, 1990. p. 132-141. 2.MORONI, L. G. et al. (Org.). Manual de não-tecidos: classificação, identificação e aplicações. 3. ed. São Paulo: ABINT, fev. 2005. 3.KNORR-VELHO, S.; PUBLIO FILHO, W. T. Palmilha de não-tecido. Tecnicouro, Novo Hamburgo, v. 17, n. 9, p. 38-44, dez. 1996. 4.BONTEMPI, A. Eficiência Energética de Secadores Industriais: Análise e Propostas Experimentais. 2004. 122 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica)–PósGraduação em Engenharia Mecânica, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2004. 5.BIDIM. Cátologo de Aplicações Industriais: Bidim. [São Paulo], 2000. 8 p. Produção Teste Tabela 1- Resultados comparativos entre produção-teste e produção normal Produção Palmilha (m2/ano) GLP (kg/m2) GLP (kg/ano) Avaliação (%) Normal 2.226.192 0,103 229.298 - Avançado 2.226.192 0,135 300.536 + 31,1 Econômico 2.226.192 0,083 184.774 - 19,4 CONCLUSÕES Em termos de redução de custos de produção com GLP, utilizando-se as curvas de secagem como modelo operacional, os resultados obtidos foram considerados excelentes. Constatou-se a vantagem de se realizar a secagem em perfil térmico econômico, o qual minimizou em 19,4% o consumo de GLP. Já a produção com perfil térmico avançado aumentou em 31,1%. Os ensaios de índice de flexão, tração e alongamento demonstraram que quantitativamente é recomendável o uso de curvas de secagem com perfil térmico econômico, em zonas próximas a 0,30% de umidade e baixa velocidade da esteira, por apresentarem melhores resultados físico-químicos no produto. REFERÊNCIAS 1.NIEWOHNER, U.; KUNST, E. R. Perfomance das Palmilhas de now-woven. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DO CALÇADO, 4., 1990, Novo Hamburgo. Anais... Novo Hamburgo: 34 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. EVALUATION OF PROCEDURE FOR DRYING OF NONWOVEN OF PET FOR THE CONSTRUCTION OF INSOLES SHOES, BY COURBES EXOTÉRMICAS AND CONTENTS OF FLEXÃO ABSTRACT The textile industry is one of the key sectors of the world and is strongly motivated to search for alternative processes that may offer a lower cost while maintaining the quality and performance of the final product. The control of the reaction of cure of resins termorrígidas in non-woven fabrics of polyethylene terephthalate (PET)-PET has been optimized by the parameters of time and temperature, in the process of drying hair in Rama Texima for the manufacture of insoles for shoes. The curves exothermic raised for the dryer served as a model of search in production as well as the index of bending test, held in the samples. The results of the mechanical properties showed that low temperature and speed the wake of hair are ideal for non-woven PET, with the improvement of quality in product and a minimization of 19.4% with a cost of liquefied petroleum gas (LPG). Through this work, were unable to verify that the correct use of thermal energy is an effective alternative to control the quality and costs of industrial processes. Tecnologia Qualidade Estudo comparativo das propriedades de permeabilidade ao vapor transporte de umidade e proteção ultravioleta em malhas de poliamida 6.6 e poliéster com elastano. Autores: Fernando Gasi Doutorando em Engenharia Química – UNICAMP (SP) Edison Bittencourt PhD em Engenharia Química Professor da FEQ - UNICAMP Fernando Barros de Vasconcelos Engenheiro Têxtil Professor do Centro Universitário da FEI Revisão Técnica: Luiz Wagner de Paula RESUMO Vários estudos têm sido realizados, sobretudo na última década, analisando artigos têxteis de diferentes fibras quanto ao seu desempenho em relação ao conforto. Porém são raros os que tratam das malhas sintéticas de microfibras em misturas com elastano, notadamente aquelas produzidas em máquinas finas (3638 agulhas por polegada). Essas malhas têm sua alta aceitação no mercado devido a vários fatores, dentre os quais se destacam o conforto proporcionado ao usuário. A fim de avaliar o comportamento desses artigos com diferentes fibras (poliamida e poliéster), comparamos malhas com as características acima focando alguns aspectos ligados ao conforto e mostramos como os resultados obtidos dependem tanto do tipo de fibra como da estrutura da malha variando segundo o tipo de propriedade analisada. Palavras-chave: poliamida; poliéster; elastano; conforto; malha. 1. INTRODUÇÃO O conforto é um dos mais importantes atributos da vida. O ser humano está permanentemente consciente ou inconscientemente, procurando manter ou melhorar seu estado de conforto, físico ou psicológico. O conforto pode ser definido como um estado de harmonia física e mental com o meio ambiente, baseado na ausência de qualquer sensação de incômodo. Em relação ao uso de um vestuário, o conforto é 36 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. definido em três aspectos: 1) Físico: relacionado às sensações provocadas pelo contato do tecido com a pele e pelo ajuste da confecção ao corpo e aos seus movimentos. 2) Fisiológico: ligado à interferência do vestuário nos mecanismos de metabolismo do corpo, em especial o termo regulador. 3) Psicológico: função de fatores relacionados à estética, aparência, moda, situação, meio social e cultural. Estudar as propriedades das fibras é fundamental para se estabelecer uma relação com a funcionalidade da roupa. Os fios e tecidos inteligentes agregam, no interior da fibra, tecnologia e ciência. Em razão disso, são capazes de oferecer propriedades funcionais de desempenho, de bem-estar e de conforto. Este artigo aborda as propriedades das fibras, relacionando-as com as funcionalidades importantes dos tecidos, tais como a permeabilidade ao vapor, o transporte e absorção de umidade e a proteção aos raios ultravioleta. 2. OBJETIVOS O principal objetivo deste trabalho é analisar comparativamente as propriedades de permeabilidade ao vapor, capilaridade e proteção aos raios UV de duas principais fibras sintéticas para o vestuário: a poliamida 6.6 e o poliéster. 3. CONCEITUAÇÃO TEÓRICA 3.1. Transporte de líquido por capilaridade Segundo Laughlin (1961), o estudo da capilaridade em função do tempo para uma estrutura têxtil obdece à seguinte k relação h=ct Tecnologia Qualidade Onde “h” é a altura atingida pelo líquido num tempo “t”, e “c” é uma constante que depende da viscosidade do líquido, ângulo de contato do líquido com o tecido, tensão superficial do líquido, raio do capilar. Por outro lado, o estudo de Benltoufa et al (2008) mostra como o efeito de capilaridade numa malha é função, entre outros, da característica superficial da matéria prima (tipo de fibra) e dos espaços vazios intra fios (distância entre os filamentos no fio) e inter fios (distância entre os fios na malha). 3.2. Permeabilidade ao vapor d'água Consiste na passagem de água, sob a forma de vapor pelo substrato têxtil e é uma das propriedades mais importantes de um tecido no que tange ao conforto fisiológico. É muito importante em especial para o balanço térmico ao permitir à umidade gerada pelo suor da pele evaporar e passar como vapor pela estrutura fibrosa, facilitando o processo de termo regulação e impedindo que o vapor da transpiração fique retido entre a pele e o artigo têxtil. 3 .3. Proteção aos raios ultravioleta A radiação ultravioleta (UV) é a radiação eletromagnética com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos raios X, (de 380 nm a 1 nm). A radiação UV pode ser subdividida em UV próximo (comprimento de onda de 380 até 200 nm mais próximos da luz visível), UV distante (de 200 até 10 nm) e UV extremo (de 1 a 31 nm). No que se refere aos efeitos à saúde humana e ao meio ambiente, classifica-se como UVA (400 – 320 nm, também chamada de "luz negra" ou onda longa), UVB (320–280 nm, também chamada de onda média) e UVC (280 - 100 nm, também chamada de onda curta ou "germicida"). Segundo CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal são vários os fatores que determinam o grau de proteção da radiação ultravioleta nos têxteis, nomeadamente: Composição do tecido – a característica das matérias-primas influencia a capacidade de absorção de radiação UV. Densidade/contextura – a densidade de fios e a própria contextura da estrutura têxtil são fatores que por si só permitem maior ou menor fator de cobertura. Assim, a máxima proteção aos raios UV é obtida com a menor porosidade óptica possível, ou seja, com o maior fator de cobertura. Cor – para a mesma qualidade de matéria-prima, com tecidos de densidades e gramatura semelhantes às cores mais intensas absorvem maiores quantidades de radiação UV, conferindo por isso maior proteção. Elasticidade – a maior ou menor capacidade elástica das estruturas têxteis permite também maior ou menor capacidade de absorção. A máxima proteção consegue-se com a menor elasticidade. Umidade – quando comparados com tecidos úmidos de idênticas características, a transmitância de radiações UV em tecidos secos é menor. O fator de proteção é nestes casos superior. Design da peça – o design associado à função é também um fator determinante da máxima cobertura e, por conseguinte, da máxima proteção. 4. MATERIAIS E MÉTODOS Foram produzidas malhas de poliamida/elastano e poliéster/elastano em condiçoes equivalentes de fator de cobertura conforme especificações a seguir. 4.1. Fios Utilizados Foram selecionados os seguintes fios para os ensaios: - Fio de poliamida 6.6, com título de 1x80/68 dtex - Fio de poliéster, com título 80/72 dtex - Fio de elastano, com título 20 denier. 4.2. Produção das malhas As amostras de malha forma produzidas num tear circular com 38 agulhas/polegada, diâmetro 34 polegadas. Essa característica de máquina fornece o que há de mais atual em contrução de tecidos de malha com elastano. A seguir, para efeito de acabamento, as malhas foram fixadas em rama com sete campos num intervalo de Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 37 Tecnologia Qualidade temperatura de 185 a 190 °C com uma velocidade de 16 m/min a uma largura natural (sem tensão). 4.2.1. Tecidos de Malha para os Ensaios – Dados em Cru Tabela 1. Dados do Tecido de Malha em Cru. Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009. Onde LFA: Longuer de Fil Absorbée, op.: opaco, s.o.: semi-opaco. 4.2.2. Tecidos de Malha para os Ensaios – Dados Acabado Tabela 2. Dados do Tecido de Malha acabado. Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009. Onde LFA: Longuer de Fil Absorbée, PA: poliamida, PES: poliéster 4.3. Determinação da Capacidade de Transporte de Líquidos por Capilaridade (AATCC) A água é transportada pelo tecido imerso e se deslocará verticalmente contra a gravidade. A velocidade em que a água se desloca é visualmente observada e os tempos limites são cronometrados. Figura 1. Cuba retangular com Régua 4.4. Determinação da Permeabilidade ao Vapor (ASTM E-96-00) Um recipiente contendo determinada quantidade de água é recoberto de forma hermética com o artigo a ser avaliado. O recipiente é movimentado de forma contínua em ambiente de atmosfera padrão sendo a perda de água por evaporação controlada em intervalos de 1 hora. A transmissão do vapor de água é determinada pela reação linear entre a perda de peso e o tempo. 4.5. Determinação do Fator de Proteção Solar em Tecidos (AS/NZS 4399, 1996) O método consiste em medir através de um espectrofotômetro a radiação ultravioleta que passa pelo substrato têxtil numa faixa de comprimento de onda entre 280 nm a 400 nm (UVB + UVA). A partir dos dados obtidos é calculado o Fator de Proteção Solar (UPF), utilizando-se a expressão a seguir: Onde: Eë = Espectro eritemal segundo CIE (Comissão Internacional de Iluminação) Së = Distribuição espectral da radiação Të = Transmissão espectral do têxtil Äë = Amplitude da faixa em nm ë = Comprimento de onda em nm Os valores de UPF determinados para o têxtil são classificados em função do nível de proteção conforme tabela abaixo: Tabela 3. Fator de proteção solar (UPF) Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009. 38 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Fonte: Australian/New Zealand Standard. AS/NZS 4399, 1996. Onde U V: Ultra Violeta, UPF: Ultra Violet Protection. Factor Tecnologia Qualidade comparação com as malhas de poliéster, o que se soma ao 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES motivo anterior (característica da fibra) na explicação da 5.1. Capilaridade 5.1.2. Resultados de Capilaridade no Sentido diferença de comportamento entre as malhas. Longitudinal Figura 3. Microscopia Poliamida O gráfico a seguir mostra as curvas de transporte de liquido em função do tempo e na tabela abaixo temos os resultados de altura máxima atingida pelo líquido após 300 segundos (H max) para as duas amostras (A1 e A2) de poliamida e poliéster: Figura 2. Curva Altura do Líquido. 80 ,0 70 ,0 y = 4,0811x0,5033 R² = 0,9928 60 ,0 y = 4,0416x0,5056 R² = 0,9928 50 ,0 ) m (m40 ,0 ra u lt A PA A1 PA A2 PES A1 y = 1,7571x0,5909 PES A2 R² = 0,947 30 ,0 1,5642x0,6078 y= R² = 0,9372 20 ,0 Fonte: Autor 10 ,0 0 ,0 0,0 50,0 1 00,0 150,0 2 00,0 250,0 3 00,0 Figura 4. Microscopia Poliéster 350,0 Tempo (s) Fonte: Autor Tabela 4. Taxa de vapor por unidade de área A1 A2 media Fonte: Autor H max (mm) poliamida poliester 72,0 45,0 73,0 44,0 72,5 44,5 5.1.3. Discussões sobre a capilaridade Nas duas amostras (A1 e A2) as malhas de poliamida apresentam um efeito de capilaridade superior ao das Fonte: Autor malhas de poliéster. Se tomarmos em consideração o valor de altura 5.2. Permeabildade ao Vapor máxima atingida pelo líquido com 300 segundos temos 5.2.1. Resultados de Permeabilidade ao Vapor um resultado para a polimida 63% superior ao do Tabela 5. Taxa de vapor por unidade de área. poliéster (média de 72,5 mm na poliamida contra Taxa de vapor (g/h.m²) 44,5 mm no poliéster). poliamida poliester A poliamida tem maior afinidade superficial com a A1 34,5 29,5 água, o que afeta positivamente o efeito de capilaridade. A2 35,0 29,5 Além disso, como podemos observar nas figuras media 34,8 29,5 abaixo, as malhas de poliamida apresentam menores Fonte: Autor espaços inter fios em sua estrutura (figuras 3 e 4) em Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 39 Tecnologia Qualidade 5.2.2. Discussões sobre a permeabilidade ao vapor As malhas de poliamida apresentam resultados superiores às de poliéster em torno de 18% (média de 34,75 g/h.m² na poliamida contra 29,5 g/h.m² no poliéster). Embora as malhas de poliamida se mostrem com menos espaços vazios inter fios (como avaliado no item 4.1.3), os melhores resultados observados podem ser explicados pela diferença de Regain entre as fibras 5,75% para a poliamida 6.6 e 1,5% para o poliéster. A taxa de regain reflete a facilidade de penetração de vapor na estrutura da fibra e tem importância significativa na propriedade de permeabilidade ao vapor. poliamida apresentou resultado superior ao da malha de poliéster devido à caracteristica intrínseca da fibra e ao efeito provocado por esta na estrutura da malha; Permeabilidade ao vapor d'agua: malha de poliamida apresentou resultado superior ao da malha de poliéster devido principalmente ao seu maior regain; Proteção aos raios ultravioleta: ambas as malhas de poliamida e poliéster apresentaram proteção máxima (UPF 50+) em função da estrutura fechada das malhas com elastano. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5.3. Fator de proteção Ultravioleta (UPF) 5.3.1. Resultados de fator de proteção UV (UPF) Tabela 6. Fator de Proteção solar nos Tecidos de Malha Matéria Prima Amostra LFA UPF Médio Categoria de Proteção Poliamida 6.6 A1 980 777,016 Máxima Poliamida 6.6 A2 980 782,500 Máxima Poliéster A1 980 278,834 Máxima Poliéster A2 980 274,979 Máxima Matéria Prima Fonte: Autor 5.3.2. Discussões sobre Fator de Proteção Ultravioleta Todas as malhas, tanto de poliamida 6.6 como de poliéster apresentaram Fator de Proteção Ultravioleta (UPF) com nível de proteção máxima. Isso ocorre por que, devido à presença de elastano na estrutura, a densidade das malhas é alta, ou seja, as malhas são bastante fechadas evidenciando uma influência da estrutura da malha sobre o fator de proteção solar mais significativa do que a matéria prima. 6. CONCLUSÃO As características das malha de filamentos sintéticos com elastano analisadas nesse artigo apresentam comportamentos que dependem da estrutura da malha e do tipo de fibra. Dentro da faixa e do tipo de malha estudado podemos resumir os resultados da seguinte forma: Transporte de líquido por capilaridade: malha de 40 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 3765 Knitted Fabrics. Philadelphia: 1990, 3p. ASSOCIATION FRANÇAISE DE NORMALIZATION. NFG 07.101; Longuer de Fil Absorbée. Paris: 1985, 7p. BENLTOUFA, Sofien, FAYALA, Faten. Capillary Rise in Macro and Micro Pores pf Jersey Knitting Structure. Tunisia. P. 47-50. BOGATY, Herman; HOLLIES, Norman R. S.; HARRIS, Milton. Some Thermal P ro p e r t i e s o f F a b r i c s . Te x t i l e R e s e a r c h J o u r n a l ( D O I : 101177/004051755702700605), junho de 1957, p. 445-449. BRANDRUP, J.; IMMERGUT, H. E. Polymer Handbook. USA: Ed. John Wiley & Sons, julho de 1965, cap. VI, p. 79-85. COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatística. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1977, p. 84-120, 145-146, 181-188. CROW, Rita M. Moisture Properties of Textiles. Art. publ. in Sixth International Conference on Environmental Ergonomics. Canada: J. Frim, M. B. Ducharme & P. Tikuisis, 1994, p. 104-105. DUPONT DO BRASIL. Norma interna - Recuperação elástica dos tecidos. Paulínia: 1995, 4p. FANGUEIRO, Raul. Têxteis Funcionais. Escola de Engenharia da Universidade do Minho, p 178-181. FOURT, Lyman; HOLLIES, Norman. Clothing Comfort and Function. Nova Iorque: Marcel Dekker Inc., 1970, p. 31-45, 115-150 123, 133, 172. GYSTAD, Trude; BAKKEVIG, Martha K. Correlation between Different Formulas for Mean Skin Temperature and Thermal Comfort. Art. publ. in Sixth International Conference on Environmental Ergonomics. Canada: J. Frim, M. B. Ducharme & P. Tikuisis, 1994, p. 162-163. HIGGINS, Leah; ANAND, Subhash. Textile Materials and Products for Activewear and Sportswear. Publ. by Textiles Intelligence Limited (ISBN 1-902625-38-2). Reino Unido: julho de 2003, p. 1-15, 17, 18-19, 21-23. INTERNACIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7730, Moderate Thermal Environments-Determination of the PMV and PPD Indices and Specification of the Conditions for Thermal Comfort. Geneva: 1994. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS (IPT). Manual de dados técnicos para a indústria têxtil. Publ. IPT n° 1.257. São Paulo: 1983, p. 40-45. MARCK, Herman F. High Technology Fibers. Nova Iorque: Menachem Lewin, 1985, p. 176-183. MEINANDER, Harriet. Determination of Clothing Comfort Properties with the Sweating Thermal Manikin. Proceedings of the Fifth International Conference on PAN, N.; Zhong, W.. Fluid Transport Phenomena in Fibrous Materials. The Textile Institute, , doi: 10.1533/tepr.2006.0002. PATNAIK, A.; RENGASAMY, R. S.; KOTHARY, V. K.. Wetting and Wicking in Fibrous Materials. The Textile Institute, doi: 10.1533/lepr.2006.0001. Standards Austrália and Standards New Zealand, AZ/NZS 4399, 1996. p 1-7 TEXTILE INSTITUTE. Textiles in Sport. Cambridge, Inglaterra: Ed. R. Shishoo, 2005, p. 93, 177, 178, 289-292. TEXTILE INSTITUTE. Biomechanical Engineering of Textile and Clothing. Cambridge, Inglaterra: Ed. Y. Li e X-Q. Dai, p. 22-24, 146, 147, 149. TIKUISIS, Peter. Modelling of Heat Transfer. Proceedings of the Fifth International Conference on Environmental Ergonomics. Netherlands: W. A. Lotens and G. Havenith, 1992, p. 126-127. WIENER, Jakub; DEJLOVÁ, Petra. Wicking and Wetting in Textiles. Art. Publ. in AUTEX Research Journal, vol. 3, n° 2, June 2003, p. 65-71. Disponível em: http://www.autexrj.org/No2-2003/0054.pdf Tecnologia Processos Efeitos da termofixação em tecido de poliéster Autores: José Geraldo de Carvalho – 3M do Brasil - [email protected] João Sinézio de C. Campos Departamento de Tecnologia de Polímeros, Faculdade de Engenharia Química,UNICAMP. João Batista Giordano - Departamento Têxtil, Faculdade de Tecnologia de Americana [email protected] Revisão Técnica:Wagner Mota RESUMO Largamente utilizada na indústria têxtil é a fibra de politereftalato de etileno (PET), a qual é obtida pela extrusão do PET e é uma das fibras de maior consumo na indústria têxtil, representando mais de 50% da demanda dentre as fibras químicas. A termofixação é um processo importante no beneficiamento de tecido de poliéster, porque tem a finalidade de conferir estabilidade dimensional ao tecido. Mas esse processo altera outras propriedades do material, como hidrofilidade e alongamento. O objetivo desse trabalho é analisar as alterações proporcionadas pela termofixação nas propriedades de encolhimento, alongamento, força de ruptura e hidrofilidade do tecido de poliéster. Selecionou-se temperaturas e tempos de termofixação de interesse industrial, estando estes respectivamente nos intervalos de 120 a 220°C e de 30 a 120 segundos. Amostras de tecido plano de poliéster foram termofixadas em diversas combinações de tempo e temperatura dentro dos intervalos mencionados. Após a termofixação submeteu-se as amostras a testes de hidrofilidade, alongamento e ruptura. Também observou-se o grau de encolhimento do tecido pela comparação das dimensões das amostras antes e depois da termofixação. Os resultados mostraram que os índices de encolhimento e de alongamento aumentam em função do tempo de termofixação. Observou-se também que a 42 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. hidrofilidade do tecido diminui com a termofixação e a força de ruptura do tecido não é modificada por esse processo. 1. INTRODUÇÃO As normas ISO 2076 e a Diretiva UE definem o nome genérico poliéster (PES) como “fibra composta de macromoléculas lineares cuja cadeia contém um mínimo de 85% em massa de um diol e do ácido tereftálico”, GUILLEN (2003). O PET é o mais importante membro da família dos poliésteres, e há mais de 40 anos vem sendo utilizado em variados setores de atividades. É usado como fibra na indústria têxtil, embalagens de alimentos, cosméticos, produtos farmacêuticos, frascos de bebidas gaseificadas, e como filme em radiografias, fotografias e reprografia. Em geral, este polímero é conhecido como poliéster na indústria têxtil e no segmento de embalagens como PET, ODIAN (1991). O PET foi desenvolvido por dois químicos britânicos Whinfield e Dickson em 1941 e é classificado quimicamente como um poliéster termoplástico, ou seja, funde por aquecimento e solidifica por resfriamento. Pode ser apresentado no estado amorfo (transparente), parcialmente cristalino e orientado (translúcido) e altamente cristalino (opaco), LUDEWIG (1964). Este polímero é obtido pela polimerização por condensação do ácido tereftálico (ou tereftalato de dimetila) com o etileno glicol, ODIAN (1991). A fibra de poliéster é obtida por extrusão do PET. O polímero é extrudado por fusão (260 °C) e depois os filamentos são estirados para otimizar a orientação das Tecnologia Processos cadeias. Figura 1: Reação de condensação do PET É durante o processo de estiragem que se promove a cristalinidade do poliéster. As cadeias moleculares do poliéster são bastante rígidas em conseqüência da presença de grupos ésteres do PET que garantem à fibra um elevado grau de cristalinidade, LUDEWIG (1964). Também no segmento de mantas e não-tecidos, o poliéster é bastante utilizado em aplicações como entretelas, enchimento de agasalhos e edredons (isolante térmico), além de outras aplicações não têxteis (filtros, mantas impermeabilizantes, etc.), ODIAN (1991). .Propriedades Propriedades físicas - As propriedades físicas das fibras de poliéster variam com o método de manufatura e com o peso molecular do polímero. Um aumento no peso molecular causa aumento na resistência à tração e elongação e no módulo de Young, ARAUJO (1984). Propriedades físicas e mecânicas das fibras de PET são dadas na tabela 1. Tabela 1: Propriedades Físicas das Fibras de Poliéster Figura 2: Processo de obtenção de filamento de fibra de poliéster A fibra de poliéster é a fibra de maior consumo no setor têxtil, representando pouco mais de 50% da demanda total de fibras químicas, ABIT (2009). Pode ser utilizada pura ou em mistura com algodão, viscose, náilon, linho ou lã, em proporções variadas. Os tecidos resultantes prestam-se à fabricação de inúmeros artigos: camisas, camisetas, pijamas, calças, ternos, lençóis, cortinas, costado para indústria de abrasivos, etc. (a) fio para tecido; (b) filamento com alta resistência, alto módulo; fio industrial; (c) fibra regular de 100% poliéster, fios de tapetes, blendas com celulose; (d) alta resistência, alto módulo; fibras para aplicação industrial. Propriedades químicas: Poliéster tem boa resistência a ácidos fracos, até mesmo a altas temperaturas e é resistente a ácidos fortes à temperatura ambiente, mas se dissolve com decomposição parcial na presença de ácido sulfúrico concentrado. Podem-se deixar fibras de PET por várias semanas em água a 70 °C que elas não perdem a resistência, já deixando por uma semana a 100 °C sua resistência sofre uma diminuição de 20 %. Base forte, como a soda cáustica, Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 43 Tecnologia Processos reduz a resistência. Amônia e bases orgânicas penetram na estrutura das fibras causando degradação e diminuição das propriedades físicas. Têm excelente resistência a oxidantes, ARAUJO (1984). Propriedades ópticas: O PET é transparente, provido de brilho, o efeito brilhante é desejável para alguns fins, como vestuário. Quando esse efeito não é requerido, adicionam-se substâncias como dióxido de titânio para reduzir o brilho e melhorar a brancura. Pigmentos ou tintas podem ser adicionados durante a manufatura do polímero ou na extrusão, para se obter um material já colorido. Propriedades Térmicas: As propriedades térmicas das fibras de poliéster dependem de sua estrutura. Elas são afetadas pelo grau de cristalinidade de forma significativa, e este aspecto determina a utilização desses materiais sob diferentes temperaturas. A cristalinidade é alterada com aumento da temperatura, nas proximidades da temperatura de fusão (Tm), com isso o módulo, a rigidez, a resistência à tração e a dureza diminuem. Esse fato limita o uso de polímeros em alta temperatura. Termofixação: ROUETTE (2001) O processo de termofixação é baseado no aquecimento dentro de uma faixa específica de temperatura cujo limite superior é a temperatura de fusão e o limite inferior é a temperatura de transição vítrea da fibra (necessária para quebrar as ligações secundárias). Os principais objetivos obtidos pelo processo de termofixação são: * Homogeneização da estrutura da fibra; * Eliminação de tensão interna da fibra, resultando em redução do encolhimento durante processos de beneficiamento e uso final; * Aumento da estabilidade dimensional; * Redução do enrolamento das laterais de tecidos planos e malhas; Os parâmetros mais importantes na temofixação são temperatura, tempo de residência e a tensão mecânica aplicada ao tecido. As mudanças causadas pela termofixação não são apenas mecânicas, mas também nas propriedades de 44 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. tingimento das fibras sintéticas. A temperatura determina as propriedades de tingimento como segue: Com o aumento da temperatura (no caso do poliéster, acima de 200 °C) a proporção de regiões cristalinas diminui porque os cristalitos instáveis fundem e a massa polimérica recristaliza parcialmente. Quanto maior a proporção de regiões não cristalinas depois da termofixação, que também é influenciada pela taxa de resfriamento (resfriamento rápido reduz a recristalização), melhores serão as propriedades de tingimento posterior. A temperatura de termofixação deve ser de pelo menos 25 -30 °C (para poliéster 30 – 40 °C) acima da temperatura na qual o material têxtil será submetido nos processos subseqüentes ou no uso. A termofixação dos tecidos de poliéster pode ser feita em temperaturas compreendidas entre 160 °C e 220 °C e tempos de 30 a 120 segundos. Alteração Dimensional de tecidos Na produção dos tecidos e nos seus diferentes processos de beneficiamento, surgem alterações dimensionais devido às ações mecânicas, térmicas e químicas que, na maioria dos casos, se manifestam posteriormente, por encurtamento na direção longitudinal. Este fenômeno é geralmente referido como encolhimento. A quantidade que encolhe um tecido depende principalmente do material, das condições de produção, do ambiente que o tecido é beneficiado (água, vapor, calor, seco, etc.), a temperatura e os esforços mecânicos aos quais ele é submetido. O mecanismo do encolhimento pode ser explicado pelo alívio de tensões internas introduzidas nos fios durante os processos de fiação e tecelagem. Pela atuação de água, ar quente ou vapor, as tensões podem ser aliviadas. Melhorando a estabilidade das dimensões, e o tempo necessário para isto vai depender do tipo da fibra, do tipo e condições de tratamentos aplicados. Nos tratamentos hidrotérmicos, o encolhimento não é linear com o aumento da temperatura. Já no tratamento em ar quente, há certa linearidade na relação entre a temperatura e o encolhimento. Assim, nota-se claramente a importância do conhecimento sobre tratamentos térmicos e processos de termofixação, Tecnologia Processos Materiais e Métodos Materiais * Tecido 100 % poliéster * Urdume 36 fios/cm 30 tex * Trama 24 fios/cm 80 tex * 350 g/m² * Dinamômetro * Rama * Balança hidrostática * Corante * Vidrarias Metodologia Ensaio de tração e alongamento Recortou-se amostras de tecido de poliéster e preparou-se as mesmas para o ensaio de resistência à tração e alongamento nos sentidos da trama e do urdume, segundo a norma NBR 11912. Submeteu-se as amostras ao processo de termofixação em diferentes condições de tempo e temperatura como descrito abaixo. Submeteu-se amostras termofixadas e sem termofixar ao ensaio de alongamento ruptura em dinamômetro como descrito na norma NBR 11912 com o objetivo de verificar a influência do tempo e temperatura de termofixação nas propriedades de alongamento e força de ruptura do tecido de poliéster. Termofixação Termofixou-se amostras de tecido de poliéster nas seguintes temperaturas: 120, 160, 180, 200 e 220 °C por 30, 60, 90 e 200 segundos. Utilizou-se rama de laboratório com controles automáticos de tempo e temperatura. Encolhimento Com o objetivo de verificar a influência da temperatura e tempo de termofixação no encolhimento do tecido de poliéster, mediu-se as dimensões das amostras preparadas para ensaio de alongamento ruptura antes e depois da termofixação e em seguida calculou-se o percentual de encolhimento das mesmas. Hidrolifilidade Mediu-se a hidrofilidade do tecido através da análise de absorção de gota de solução de corante depositada na superfície do tecido, de acordo com a norma NBR 13000. Também foram feitos testes de hidrofilidade pelo método de ascensão capilar, que consiste em colocar as amostras no sentido vertical, e mergulhar uma das extremidades do tecido na solução de corante, como mostra a figura 3, e observar a altura da coluna de solução absorvida em um determinado tempo que para esse trabalho foi 15 min. Os testes de hidrofilidade foram realizados com o objetivo de verificar a influência do tempo e temperatura de termofixação nessa propriedade do tecido. Figura 3: Medição de hidrofilidade de tecidos por ascensão capilar tecido Becker com solução de corante Resultados e discussões Encolhimento A figura 4 apresenta os resultados das amostras do tecido de poliéster submetidas aos ensaios de encolhimento em função da temperatura de termofixação para trama (Fig. 4A) e urdume (Fig. 4B). Na ordenada temse o percentual de encolhimento e na abscissa as temperaturas de termofixação. Figura 4: Encolhimento (%) em função da temperatura de termofixação para amostras de tecido de poliéster no sentido da trama (A) e no sentido do urdume (B) para tempos de termofixação de 30, 60, 90 e 200s. (a) Encolhimento (%) pois estes são fundamentais para estabilidade e propriedades físico-químicas das fibras têxteis. Temperatura de termofixação oC Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 45 Tecnologia Processos Encolhimento (%) b para trama (Fig. 5A) e urdume (Fig. 5B). Na ordenada temse o percentual de alongamento e na abscissa as temperaturas de termofixação. Figura 5: Alongamento (%) em função da temperatura de termofixação para amostras de tecido de poliéster no sentido da trama (A) e no sentido do urdume (B) para os tempos de termofixação 30, 60, 90 e 200s. Alongamento e Ruptura A figura 5 apresenta os resultados das amostras do tecido de poliéster submetidas aos ensaios de alongamento em função da temperatura de termofixação 46 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Temperatura de termofixação oC b b Alongamento (%) Observa-se na figura 4, que o processo de termofixação promove encolhimento do tecido de poliéster no sentido da trama e do urdume, e esse encolhimento varia com tempo e temperatura de termofixação. Pode-se observar que o encolhimento aumenta com o aumento da temperatura do processo. Observa-se que para temperatura de 120 °C o encolhimento é pequeno em comparação às demais temperaturas. Observa-se também que as porcentagens de encolhimento são muito semelhantes em relação à trama e urdume. O tempo de termofixação também causa variação no encolhimento para cada temperatura de termofixação nos dois sentidos do tecido, podendo-se destacar que para o tempo de 30s obteve-se o menor encolhimento em todas as temperaturas, e com valor Máximo de 11% para temperatura de termofixação em 220 °C. Observa-se também que para o tempo de termofixação 60s o tecido praticamente atinge seu encolhimento máximo em cada temperatura de termofixação, ou seja, mesmo que o tempo aumente não se observa diferença dos resultados em relação àqueles obtidos a 60s. Pode-se notar também que independente da temperatura de termofixação o encolhimento teve o mesmo comportamento tanto para a trama como para o urdume, ou seja, com o aumento da temperatura aumenta o encolhimento do tecido. Alongamento (%) a Temperatura de termofixação oC Temperatura de termofixação oC Observa-se na figura 5 que o processo de termofixação promove o aumento do alongamento do tecido de poliéster no sentido da trama e do urdume, e esse aumento varia com a temperatura de termofixação, ou seja, aumentando a temperatura de termofixação aumenta-se também o percentual de alongamento do tecido. Observa-se também que o tempo de termofixação não promove alterações consideráveis no percentual de alongamento do tecido de poliéster no sentido da trama e do urdume. Esse comportamento está associado ao fato de as cadeias poliméricas terem se encolhido durante a termofixação, tornando possível um alongamento maior quando Tecnologia Processos Figura 6: Força de ruptura (Kgf) em função da temperatura de termofixação para amostras de tecido de poliéster no sentido da trama (A) e no sentido do urdume (B) para os tempos de termofixação 30, 60, 90 e 200s. Hidrofilidade A figura 7 apresenta os resultados das amostras de tecido de poliéster submetidas aos ensaios de hidrofilidade em função da tenperatura de termofixação. Na ordenada tem-se o tempo de absorção da gota de corante pelo tecido e na abscissa as temperaturas de termofixação. Figura 7: Tempo de absorção de uma gota de solução de corante em função do tempo de termofixação Tempo de absorção (s) submetidas a uma força de tração. Isso pode ser visto ao comparar as figuras 4 e 5, onde observa-se que as amostras que tiveram maior encolhimento na termofixação, foram as que alcançaram maior alongamento nos ensaios de alongamento e ruptura. A figura 6 apresenta os resultados das amostras do tecido de poliéster submetidas ao ensaio de ruptura em função do tempo termofixação para trama (Fig. 6A) e urdume (Fig. 6B). Na ordena tem-se a força de ruptura (kgf) e na abscissa as temperaturas de termofixção. Força de ruptura (Kgf) a Temperatura de termofixação oC Temperatura de termofixação oC Força de ruptura (Kgf) b Observa-se na figura 7 que o processo de termofixação promove a diminuição da hidrofilidade do tecido de poliéster, ou seja, as amostras termofixadas apresentam tempos maiores para absorção da gota de solução de corante. Pode-se observar que a hidrofilidade diminui com o aumento da temperatura e do tempo de termofixação. Não obsrva-se absorção de solução de corante pelas amostras do tercido termofixado na temperatura de 220 °C. A figura 8 apresenta amostras de tecido de poliéster sem termofixar (esquerda) e termofixada na temperatura de 220 °C por 60 s submetidas ao ensaio de hidrofilidade por ascensão capilar. Figura 8: Amostra de tecido de poliéster sem termofixar (esquerda) e termofixada a 220 °C por 60s (direita) submetidas a teste de hidrofilidade. Temperatura de termofixação oC Observa-se na figura 6 que o processo de termofixação pouco influencia na força de ruptura das amostras de poliéster no sentido da trama e do urdume. Área do tecido mergulhada na solução de corante Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 47 Tecnologia Processos Observa-se na figura 8 que as amostras de tecido de poliéster sem termofixar a solução de corante se espalhou para regiões do tecido que não estavam mergulhadas na mesma. Nas amostras termofixadas observa-se que a solução de corante só molhou a região do tecido que estava mergulhada na mesma. Conclusões 1. A termofixação promove encolhimento do tecido de poliéster e esse encolhimento aumenta com aumento da temperatura do processo. O tempo de termofixação pouco influência nessa propriedade do tecido. 2. A termofixação promove o aumento do índice de alongamento do tecido de poliéster e esse alongamento aumenta com o aumento da temperatura de termofixação. O tempo de termofixação pouco influência nessa propriedade. 3. A termofixação não promove alterações consideráveis na força de ruptura do tecido de poliéster. 4. A termofixação promove a diminuição da hidrofilidade do tecido de poliéster. 48 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A B I T – http://www.abit.org.br/site/navegação.asp?id_menu=9&id _sub=32&idioma=PT. Site consultado no dia 08/12/2009. ARAUJO, MÁRIO de CASTRO, E. M. de Melo. Manual de Engenharia Têxtil. V. 2. Fundação Cauloste Gulbenkia. Lisboa. Portugal, 1984. 948 P.. BARBOSA, M. C., ROSA, S. E. S., CORREA, A. R., DVORSAK, P., GOMES, G. L., Setor de fibras sintéticas e suprimento de intermediários petroquímicos, BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 20, p. 77-126, set. 2004. GUILLÉN, J. G., Nomes genéricos das fibras químicas normativas e legislação. Revista Química Têxtil, ano XXVI, no 70, pg. 29, Mar. 2003. LUDEWIG, H., Polyester fibres chemistry and technology, New York: Wiley-Interscience Publicacion, pg. 453, 1964. ODIAN,G.,Principles of polymerization, third edition, New York: Wiley-Interscience Publicacion, pg. 12-194, 1991. ROUETTE, HANS-KARL. Encyclopedia of Textile Finishing. Woodhead Publishing, 2001. 3011p. Tecnologia Qualidade Um estudo da normalidade das propriedades de tensão de fios texturizados de poliester. Autores: Gabriel Guillén Buendia(1), Ana Maria Islas Cortes(2)e Alejandro Yañes Kernke(3). (1) ESIME-Azcapotzalco, Instituto Politécnico Nacional - [email protected] (2) ESIT, Instituto Politécnico Nacional – [email protected] (3) ESIME-Zacatenco, Instituto Politécnico Nacional – [email protected] Tradução: Agostinho S. Pacheco – ABQCT Revisão Técnica: Guido Valente Neto é minimizar de forma direta a soma de quadrados de residuais mediante um procedimento iterativo (1). Em determinadas circunstâncias é útil considerar uma transformação de linearidade da função não linear para calcular suas constantes, primordialmente quando se trata de introduzir jovens estudantes neste campo do ajuste numérico. A exploração visual de diferentes dados associados a fenômenos naturais e/ou processos industriais pode sugerir diversas distribuições, todavia nesta ocasião prestamos atenção à distribuição unimodal de forma centrada, como a que aparece na figura 1. Figura 1. Distribuição unimodal de forma centrada 100 80 60 Frequência (No.) RESUMO Neste trabalho foi estudada a influência das condições de torção e fixação nas propriedades mecânicas dos fios de poliéster previamente texturizados. Estes fios foram retorcidos em uma máquina de dupla torção a 600 v/m e fixados na temperatura de 100ºC. Por outra parte, se apresenta o ajuste do modelo normal em quatro histogramas de freqüência usando a técnica do ponto conhecido. Esta técnica permite obter os parâmetros do modelo normal através de sua transformação linear obtida a partir de um ponto determinado aleatoriamente sobre a curva não linear. O grau de ajuste alcançado depende de tal ponto. Desta forma, utiliza-se o algoritmo de Guggenheim e o método Marquardt para verificar os resultados obtidos pela técnica que fundamenta o presente documento. Os dados correspondem a 250 valores de propriedades mecânicas dos fios de poliéster de uso comum na indústria têxtil. Palavras chave: Modelo Normal, Transformação linear, Técnica do ponto conhecido, Fios texturizados. 40 20 0 22 24 26 28 30 32 34 1. INTRODUÇÃO Em engenharia e em ciências os problemas são abordados freqüentemente usando-se modelos de regressão não linear. Quando se aplica o método de A curva envolvente sobre a distribuição anterior pode mínimos quadrados nesses modelos, as equações obedecer a múltiplas equações matemáticas, uma delas, por normais que resultam são não lineares e, em geral, exemplo, é a expressão do quadrado da secante hiperbólica(2) resolvê-las apresenta certa dificuldade. O método usado Alongamento (%) 50 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Qualidade que é indicada a seguir: Onde: f – é a freqüência dimensional correspondente à observação do tamanho “x”. fm – é a freqüência no máximo da distribuição de peso estatístico de amostra, que se manifesta para uma observação de tamanho “x” (forma estatística). k – é a constante da distribuição de peso estatístico da amostra. Seu modelo de freqüências cumulativas pode ser determinado por uma simples integração, conduzindo a um modelo matemático muito simples, do qual é possível obter o tamanho de um indivíduo “x” e fixando o número de indivíduos acumulados de esquerda para a direita, se pode perceber que estes indivíduos têm um tamanho menor do que o anteriormente mencionado, e numericamente calculável. Outra opção, e a mais generalizada, é assumir a normalidade dos dados observados, ainda que seja recomendável aferir sempre se é possível assumir ou não tal distribuição. A expressão matemática do modelo normal é: Não é possível simplificar mais este sistema de equações não lineares. Este pode ser resolvido por um método iterativo. A transformação linear do modelo normal também representa uma possibilidade que conduz a resultados satisfatórios. 1.1. A transformação linear do modelo normal O ajuste de modelos não lineares através de sua transformação linear é um assunto constantemente estudado, e é atrativo por finalidades didáticas porque o estudante dedica maior tempo para a compreensão do fenômeno em estudo, e não no método numérico. Em um trabalho anterior(3) os autores trataram da determinação numérica do modelo normal (2) através de sua transformação linear usando uma modificação do algoritmo de Guggenheim, mas no presente trabalho o citado método é usado para comprovar os resultados obtidos com a técnica do ponto conhecido. Esta técnica não aparece em textos de estatística, e sua aplicação ao modelo normal permite determinar suas Os parâmetros do modelo (2) são determináveis constantes através da transformação linear do modelo normal. Ela indica que ao inspecionar um histograma aplicando a técnica de mínimos quadrados: unimodal de moda centrada e, sobre uma zona qualquer marcar aleatoriamente um ponto, ao qual se denomina “ponto conhecido”, ou seja, Pk (xk, yk), que completa a expressão seguinte, por situar-se em algum ponto do modelo normal: Resolvendo as equações normais ¶ S ¶ A= ¶ S ¶ m = ¶ S ¶ s = 0 , vamos obter um Desenvolvendo algebricamente a expressão anterior, sistema de três equações não lineares com três chega-se a equação (6) que é a forma linear do modelo incógnitas, assinaladas a seguir: normal usando a técnica do ponto conhecido: Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 51 Tecnologia Qualidade Isto significa que colocando em gráfico os dados da coluna “x” contra os dados da coluna de transformação “Ln(f / fk)/(x – xk)”, podemos obter uma reta, que é mais acentuada quanto mais se ajusta o histograma unimodal ao modelo normal. Calculando os parâmetros da reta é 2 possível estimar a variação ( e a “média aritmética” ) s ) m ,( , como indicado abaixo: O parâmetro “A” do modelo normal é extraído de (2) e a média do parâmetro é calculada usando as coordenadas de todos os dados experimentais: conferir-lhes caráter, volume, extensão e toque mais agradável, que os torne parecidos aos fios elaborados com fibras naturais, mas mantendo as vantagens próprias das fibras sintéticas. Na imagem que segue, ilustramos o aspecto de um fio texturizado. Os multifilamentos sintéticos que são serão submetidos ao processo de texturização estão parcialmente orientados, possuem uma fase cristalina e outra amorfa e, seu processamento inicia quando o material fundido passa pela extrusão através de tubos (figura 3a) e é enrolado em pares de cilindros com diferenças de velocidades periféricas (figura 3b) e aquecidos até uma temperatura superior à de transição vítrea. A orientação do fio varia em função do número destes últimos pares presentes no processo. Figura 3. a) Fotografia de tubulação de fiação Neste trabalho foram usados dados experimentais correspondentes às propriedades mecânicas de fios texturizados de poliéster. Figura 2. Aspecto geral de um fio texturizado. b) Fotografia dos cilindros esticadores para filamentos sintéticos. Neste estudo os multifilamentos usados foram de 1.2.-A normalidade das propriedades mecânicas dos poliéster, que representa atualmente mais de 30% do fios texturizados (4) Os fios texturizados apareceram nos anos 50, e se consumo mundial de materiais têxteis, somente abaixo das entende que são aqueles multifilamentos sintéticos cujo aspecto liso e uniforme se modificam geometricamente para alterar suas características básicas, mediante a aplicação de torção e calor para fixar a ondulação e 52 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. fibras de algodão. O poliéster (5) é definido como um composto de macromoléculas lineares cuja cadeia contenha pelo menos 85% em peso de um éster de um diol e de ácido tereftálico, e sendo formado por uma unidade repetida de Tecnologia Qualidade 80 60 50 Freqüência (No.) usual dos fios deste material é de 1.39-1.4 gcm , então a proporção em peso das regiões cristalinas no fio ordinário é de 48-50%. A modificação das propriedades do poliéster depende do histórico térmico e das tensões às quais foram submetidos os fios nos processos industriais. Na prática, as variações na microestrutura e a orientação dos fios de poliéster se manifestam nas propriedades mecânicas do mesmo, quando se submete ao ensaio de tração nas condições técnicas e atmosféricas estabelecidas no método de ensaio. As propriedades mecânicas no ponto de ruptura, como o alongamento, a resistência, a resistência específica e o trabalho, para o caso de materiais sintéticos têm uma regularidade em seus valores. Pode-se dizer que ao tabular um número importante de resultados do ensaio de tração destes fios, são obtidos histogramas unimodal de forma centrada. Para algumas propriedades de materiais naturais o comportamento é diferente ao citado anteriormente. Figura 4.Histogramas de freqüência dos dados de alongamento (%), resistência (cN), resistência específica (cN/tex) e trabalho (cN.cm), todos eles com relação à ruptura dos fios texturizados de poliéster. 40 30 20 25 54 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 20 26 27 28 29 30 Alongamento (%) 360 370 380 390 Resistência (cN) 80 80 60 60 40 20 29 ASTM (6). Os resultados das propriedades mecânicas são mostrados na figura 4 sob a forma de histogramas para 40 0 350 0 0 2.- PARTE EXPERIMENTAL Foram usados filamentos texturizados de poliéster de calibre comercial de 16,7 tex (um tex é a massa em gramas de 1000 metros de fio, esta relação é usada devido a que os fios são facilmente deformáveis em seu diâmetro). O processo de texturização dos fios de poliéster foi realizado em uma máquina de dupla torção da marca RPR e as condições técnicas foram 600 torções/metro (v/m) e a temperatura de fixação foi de 100ºC. Os fios alimentados na máquina de texturização foram previamente estirados em uma máquina Barman a 1.8 de relação de estiragem. Os fios obtidos foram ensaiados à tração usando um dinamômetro universal Statimat M da Textechno, de acordo com a norma técnica 60 10 Freqüência (No.) 3 Freqüência (No.) cristalino é de 1.335 g/cm3, enquanto que a densidade alongamento (%), resistência (cN), resistência específica (cN/tex) e trabalho (cN.cm), todos eles com relação à ruptura dos fios em estudo. Freqüência (No.) aproximadamente 10.75-10.90 Å tendo uma massa molar de 15-20 kg/mol e um grau de polimerização 85130. O poliéster cristaliza em um sistema triclínico. A densidade das regiões amorfas no poliéster parcialmente 29.5 30 30.5 31 31.5 32 Resistência específica (cN/tex) 40 20 0 2500 2700 2900 3100 3300 Trabalho (cN.cm). Na tabela 1 estão os resultados de classe e freqüência dos histogramas acima assinalados, que correspondem às propriedades mecânicas dos fios em estudo. Tabela 1.Dados experimentais do ensaio de tração dos fios texturizados de poliéster. 3.APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Para determinar se os dados experimentais descritos anteriormente seguem razoavelmente uma distribuição Tecnologia Qualidade normal, foi elaborado um gráfico de probabilidades para cada uma das propriedades mecânicas. Os gráficos da figura 5 mostram tendência linear em todos os casos, com isso, fica confirmada a normalidade das propriedades mecânicas dos fios texturizados. calculando a média do parâmetro “A” para todos os pontos experimentais com (8), chega-se à expressão numéricofuncional seguinte: Figura 5. Gráficos de probabilidades realizados sobre os dados das propriedades mecânicas dos fios texturizados em estudo.Probabilidade normal Na tabela 2 aparece a transformação linear do modelo normal usando diversos pontos escolhidos aleatoriamente sobre o histograma de alongamento à ruptura da figura 4. 99.9 99 99 95 95 Porcentagem Porcentagem 99.9 80 50 20 Tabela 2.Parâmetros da transformação linear em relação ao ponto conhecido. 80 50 20 5 5 1 1 0.1 0.1 25 26 27 28 29 30 350 Alongamento (%) 99.9 370 380 390 Os parâmetros da reta, isto é a pendente e a intersecção ao eixo contidos na tabela anterior, permitem cálculos estimativos para os parâmetros do modelo normal com (7) e (8) e assim seu correspondente coeficiente de determinação do modelo não linear, como assinalado na tabela 3 a seguir: 99.9 99 99 95 Porcentagem 95 80 Porcentagem 360 Ruptura (cN) 50 20 80 Tabela 3. Parâmetros do modelo normal em relação ao ponto conhecido. 50 20 5 5 1 1 0.1 A 0.1 29 29.5 30 30.5 31 31.5 32 ? ? R2 ( %) 2 R 2500 Resistência específica (cN/tex) 2700 2900 3100 3300 Trabalho (cN.cm). Usando o histograma de freqüências do alongamento à ruptura, se escolhe um ponto aleatório, este é o chamado ponto conhecido: P1 (25.6, 10) P2 (26.1, 28) P3 (26.5, 44) P4 (27.1, 52) P5 (27.8, 54) P6 (28.3, 40) 67.0670861 68.0564887 60.8176157 57.2222048 66.7016193 90.5950377 27.2383940 27.1944844 27.1372752 27.2881500 27.2881500 27.3795313 0.85186684 0.84737673 0.90337331 0.92847685 0.86546184 0.78073202 % ? 89.2077639 86.7756114 84.3432466 90.9818799 92.2871596 75.4719482 O melhor ajuste do modelo normal foi alcançado com o ponto P5, com um coeficiente de determinação de 92.620597%, enquanto que o menor ajuste foi obtido com o ponto P6. As estimativas do modelo normal contidas na tabela De acordo com a expressão (6) ao relacionar os dados da coluna “x” contra a coluna transformação “Ln( f / fk)/(x - xk)” da tabela 1, se obtêm a forma linear do modelo normal; aplicando regressão simples a ambas as colunas chega-se à pendente da reta, a intersecção à origem e ao coeficiente de correlação, mostrados a seguir: anterior foram otimizadas pelo método Marquardt(7) chegando, em todos eles, aos valores mostrados na tabela 4 abaixo: Tabela 4. Otimização do modelo normal através do método Marquardt. Parâmetros do modelo normal Ponto escolhido A ? ? R2 ( %) 2 R Substituindo os valores (9) nas expressões (7), e 56 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. P1 (25.6, 10) P2 (26.1, 28) P3 (26.5, 44) P4 (27.1, 52) P5 (27.8, 54) P6 (28.3, 40) 59.16320 59.15790 59.17040 59.15860 59.18850 59.18390 27.35480 27.35470 27.35490 27.35520 27.35470 27.35470 0.985904 0.985852 0.983880 0.986389 0.985390 0.985584 ? 94.92840 94.92830 94.92840 94.92840 94.92830 94.92830 Tecnologia Qualidade Com o objetivo de comprovar os resultados obtidos, (3) usamos o algoritmo de Guggenheim . Este indica que tomando valores sobre a curva igualmente espaçados nas abscissas, podem ser estabelecidos dois cubconjuntos de n/2 pontos cada um (x, f) e (x', f'). Onde os (x, f) são os primeiros n/2 pontos da curva e (x', f') são os seguintes n/2 pontos da mesma. Evidentemente, por havermos tomado pontos igualmente espaçados, a diferença é Desta equação resulta que colocando em gráfico os dados da coluna “x” contra a coluna de transformação “Ln (f' / f)” se obtêm uma reta e obtendo-se os parâmetros desta podemos calcular a “média aritmética” (m ) e a “variação” 2 (s ), como assinalado em (12): constante “ t ” e se denomina constante de deslocamento de Guggenheim, como se indica na tabela 5. Tabela 5. Disposição retangular de Guggenheim A transformação linear do modelo normal usando o algoritmo de Guggenheim se expressa a seguir: A expressão (11) relaciona os dados experimentais das colunas “x” contra os dados da coluna transformação “Ln(f' / f) contidos na tabela 5, onde os parâmetros da reta são: Substituindo os valores (13) nas expressões (12) e (8) chegamos ao modelo numérico-funcional seguinte: Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 57 Tecnologia Qualidade Por fim, a tabela 6 resume os resultados obtidos ao alongamento (%), resistência (cN), resistência específica ajustar o modelo normal com as três técnicas numéricas (cN/tex) e trabalho (cN.cm) referentes à ruptura de fios tratadas no documento. texturizados de poliéster. Tabela 6. Valores numéricos do modelo normal usando diversas técnicas de ajuste numérico Método A Modelo normal ? ? R Ponto conhecido* Marquardt Guggenheim 66.70162 59.16320 71.35533 27.28815 27.35480 27.23118 0.865462 0.985904 0.828939 R ( %) 2 2 ? % 92.28716 94.92840 86.80643 Na figura 4 mostramos os histogramas de freqüências da resistência (cN), resistência específica (cN/tex) e trabalho (cN.cm) referentes à ruptura dos fios texturizados de poliéster, e na tabela 1 seus correspondentes resultados de classe e freqüências. Sobre os histogramas citados, foi ajustado o modelo normal usando as três técnicas numéricas citadas em múltiplas ocasiões, chagando-se aos resultados que se resume na tabela 7. Tabela 7. Ajuste do modelo normal usando a técnica do ponto conhecido, método de Marquardt e Guggenheim. Propriedade Técnica usada: Modelo normal Valores numéricos dos parâmetros A Alongamento (%) Pk(26.8, 48) Resistência (cN) Pk (360, 45) Resistência específica (cN/tex) Pk(30.3, 50) Trabalho (cN.cm) Pk (2800, 50) Guggenheim Punto conocido Marquardt Guggenheim Punto conocido Marquardt Guggenheim Punto conocido Marquardt Guggenheim Punto conocido Marquardt 71.35533 66.70162 59.17360 67.19573 73.25519 62.15830 74.14017 59.60628 64.83650 55.16861 65.26364 57.27250 ? 27.23118 27.28815 27.35450 366.4439 366.2167 365.9130 30.64599 30.58253 30.60590 2870.825 2901.523 2874.950 2 ? 0.828939 0.8654620 0.985521 6.630232 6.426366 7.185990 0.545236 0.603040 0.638729 175.1637 163.5170 163.9150 R2 ( %) R % ? 86.806434 92.287160 94.928200 94.220434 92.332733 96.179900 85.988586 80.784811 89.590500 73.740613 74.286635 80.659100 4.CONCLUSÕES As técnicas de transformação linear foram amplamente tratadas para resolver modelos não lineares. Neste documento apresentamos uma delas aplicadas ao modelo normal, a técnica do ponto conhecido, aparentemente não existem referências dela em livros de estatística. Esta permite a transformação linear do modelo normal marcando-se um ponto aleatoriamente sobre o histograma unimodal de modo centrado por analise, e a forma ideal de ajuste depende de tal ponto. É usado o algoritmo de Guggenheim como método de comprovação, assim como o método iterativo Marquardt. Os resultados dos três métodos são comparáveis. Neste trabalho foram usados dados experimentais mostrados em histogramas do 58 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 5.REFERENCIAS. 1. Montgomery, D. C., Peck, E. A., & Vining, G. G.; (2002), “Introducción al análisis de regresión lineal”, Primera edición, Ed. CECSA, México, 373-379. 2. Guillén, G., Islas A. M.; (2005), “El modelo de campana de Phillips como función densidad de muestra en ingeniería textil”, Revista de la Industria Textil, No. 424, 7882. España. 3. Guillén, G., Islas, A. M., Guillén, E.; (2005), “Ajuste a modelos no lineales sin el uso de computadoras“, Revista ContactoS, No. 58, 11-20. México. 4. Hearle, J.W.S, Hollick, L. & Wilson, D. K.; (2000), “Yarn Texturing Technology”, The Textile Institute, 1-8. England. 5. Campbell, I. M., (2000), “Introduction to Synthetic Polymers”, Second Editions, Oxford University Express. 6. ASTM Standard; (1992), D:2256-90, “Annual Books of ASTM Standars”, Section 7 (textiles), Volumen 07.01,596. 7. A Manugistics Products; (2000), “Statgraphics Plus”, Statgraphics Co. Somos sempre levados para o caminho que desejamos percorrer... ABQCT apresentando direções Tecnologia Acabamento Análise comparativa da inspeção contínua x inspeção por amostragem em uma linha de acabamento têxtil Autores: Rodrigo Rodrigues Vaz (UNINOVE) [email protected] José Antonio Arantes Salles (UNINOVE) [email protected] Revisão Técnica: Humberto Sabino Resumo Um dos grandes desafios na indústria têxtil é conseguir reduzir a variabilidade dos tecidos em relação à gramatura, um dos principais geradores de reclamações de qualidade por parte dos clientes. Neste artigo é apresentado um estudo de campo realizado em uma empresa do segmento visando comparar o método atual de controle de gramatura de tecidos por amostragem, com um método automatizado de monitoramento contínuo da densidade do tecido. A introdução do segundo método foi planejada a partir da adoção na empresa do modelo Seis Sigma como sistema de gestão da qualidade. Também segue uma tendência para o acabamento têxtil que é o aumento no nível de tecnologia utilizada nos maquinários, com acessórios específicos e técnicas de monitoramento na busca de melhorias. Com base nos resultados, foi possível observar que a adoção do método de monitoramento contínuo, aliado à análise estatística do processo, se mostra como uma opção efetiva para a redução da variabilidade no controle de gramatura. Este artigo exemplifica que o programa Seis Sigma, por ser uma metodologia eficaz para resolução de problemas através de diminuição de variações nos processos, vem adquirindo a cada dia mais espaço dentro das organizações. Palavras-chave: Indústria Têxtil; Controle de Qualidade; Seis Sigma. 60 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 1. Introdução Com o crescimento da competitividade no mercado interno têxtil e das importações de produtos chineses, a redução das variações nos processos e os conseqüentes benefícios gerados por esta redução nos custos de produção são fundamentais para a sobrevivência das empresas. Neste cenário a busca por novas tecnologias e ferramentas de gestão de qualidade aparece como ponto de destaque na estratégia e no planejamento, objetivando produtos com preços atrativos e de excelente qualidade. Procurando atender os requisitos deste cenário, uma empresa do segmento situada em São Paulo adotou o modelo Seis Sigma como modelo de gestão de qualidade. Um de seus projetos teve como escopo a redução da variabilidade de gramatura em seus produtos, apontada como um dos principais geradores de 2ª qualidade, de retrabalho, e de potencial para reclamações de clientes. Como a produção da empresa é alta, o impacto da perda de receita motivada pelo menor valor atribuído ao produto de 2ª qualidade quando comparado com o de 1ª qualidade é bastante significativo. Este trabalho está focado na verificação dos resultados da implantação de um equipamento para monitoramento contínuo no setor de acabamento, considerado no projeto como possível fator de melhoria para a redução da variabilidade. Este artigo tem, portanto, como objetivo, comparar dois métodos usados hoje para controle de qualidade do acabamento de tecidos em relação ao parâmetro gramatura, um por amostragem coletada no término do processo e outro por monitoramento contínuo. Tecnologia Acabamento No desenvolver deste trabalho será apresentada uma breve revisão literária sobre o modelo Seis Sigma, com destaque para aspectos de sua aplicação no cenário nacional e para suas ferramentas. Também serão tratadas algumas questões relevantes para o alvo do estudo, o acabamento têxtil. Na sequência será apresentada a metodologia utilizada e a demonstração dos resultados. 2. Modelo Seis Sigma O modelo Seis Sigma foi introduzido e popularizado pela Motorola, e em seguida adotado por outras empresas classe mundial. Tem por objetivo auxiliar a resolução de problemas de qualidade com forte enfoque na obtenção de resultados, inclusive com divulgação de cifras e ganhos obtidos por parte das empresas que o utilizam. Um dos fatores de sucesso do programa está na integração de ferramentas estatísticas para o gerenciamento, controle e diretrizes dos processos, focando nas necessidades dos clientes (CARVALHO; ROTONDARO, 2006). No Brasil, após a introdução do modelo através de subsidiárias das empresas classe mundial, percebe-se em estudos recentes que o modelo ainda está se difundindo no cenário nacional. Um destes estudos, realizado por Andrietta e Miguel (2007), do tipo survey exploratóriadescritivo, aponta como característica da empresa nacional que adota o modelo o fato de ter uma visão estratégica e de implantá-lo em quase todas as áreas funcionais da organização, tendo como objetivo principal a redução de desperdícios. Em pesquisa similar de Carvalho, Ho e Pinto (2007), a busca da melhoria da qualidade e da produtividade foi apontada como o principal motivo para a sua implantação. Com este foco na busca da melhoria da qualidade e redução de desperdícios, Rebelato e Oliveira (2006) classificam o modelo como método de avaliação da capacidade do processo de produzir livre de defeitos, utilizando a letra grega sigma, que para estatísticos, é utilizada para mensuração de variâncias em processos. O desempenho da empresa é medido então pelo nível sigma de seus processos. Porém, segundo Carvalho e Rotondaro (2006), não são apenas o pensamento estatístico e o controle da variabilidade dos processos que caracterizam o modelo Seis Sigma. Este ainda promove o alinhamento estratégico, fazendo uso de medidores de desempenho e interligando-os com os resultados da organização e prioridades estratégicas para projetos de melhoria. Neste conceito de estratégias para projetos de melhoria, é importante definir primeiramente os pontos críticos para a qualidade dentro da organização, conhecidos como CTQ (Critical to Quality), e com isso garantir que seus recursos sejam bem alocados. Tendo conhecido o CTQ a empresa passa a desenvolver projetos Seis Sigma para garantir que seu desempenho no controle de variabilidade do processo seja considerado classe mundial (FERNANDES; TURRIONI, 2007). Para o desenvolvimento dos projetos de melhoria o modelo Seis Sigma dispõe de metodologias sistematizadas, sendo uma delas o Define, Measure, Analyze, Improve and Control (DMAIC) definido por Carvalho e Rotondaro (2006) como aperfeiçoamento do processo por meio de seleção correta dos processos que possam ser melhorados e das pessoas a serem treinadas para obter o resultado. Este método é apontado como o mais difundido nas empresas nacionais (ANDRIETTA; MIGUEL, 2007). A metodologia DMAIC é composta por 5 fases. Na 1ª fase, devem-se definir os requisitos do cliente e converter em CTQ, analisando a relação custo-benefício do projeto e ter visão clara do retorno para a empresa. A 2ª fase objetiva desenhar o processo relacionado com a CTQ, realizar medições e determinar os índices de capacidade do processo, passando então para a 3ª fase, que é a análise destas medições através de ferramentas estatísticas. Nesta etapa são descobertas as causas geradoras de defeitos e fontes de variações nos processos. Tendo as causas definidas passa-se então para a 4ª fase, que é promover as melhorias nos processos existentes, transformando os dados estatísticos em dados de processo. Finalizando a metodologia, a 5ª fase trata da manutenção destas melhorias nos processos, estabelecendo e validando um sistema de medição e controle para garantir que a capacidade do processo seja mantida (CARVALHO; ROTONDARO, 2006). Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 61 Tecnologia Acabamento 2.1 Capacidade Sigma Para gerenciar a qualidade com base na redução da variabilidade dos processos, se faz necessário a adoção de técnicas de controle estatístico monitorando os parâmetros, e com isso conhecer a estabilidade do processo. A capacidade sigma esta associada às especificações atribuídas a este processo e seus limites de controle, objetivando descobrir se o processo em estudo esta sob controle, ou se é capaz (CARVALHO; ROTONDARO, 2006). A verificação se o processo é ou não capaz se dá através de coleta periódica de amostras e análise destas, sendo considerado um processo sob controle aquele em que a distribuição das amostras obtidas assume uma distribuição normal. (RUTHES; CERETTA; SONZA, 2006). De acordo com Carvalho e Rotondaro (2006) as métricas mais usuais nas empresas hoje são o Cp, Cpk, Pp e Ppk. Porém, hoje existem estudos que buscam alternativas para determinação da capacidade também para processos com distribuições não normais. Gonçalves e Werner (2009) fazem um comparativo de 3 propostas de indicadores que tratam estas situações. A primeira, de Clements, propõe o uso da família de curvas de Pierson para qualquer tipo de distribuição; a segunda, de Pearn e Chen, atende situações onde a normalidade não é verificada; e a terceira, proposta por Chen e Ding, atende qualquer distribuição e considera no cálculo a variabilidade do processo. A meta do Seis Sigma é reduzir a variabilidade até a obtenção do chamado padrão classe mundial de 3,4 defeitos por milhão (CARVALHO; ROTONDARO, 2006). 2.2 Índice Cp Tendo somente a capacidade potencial do processo, não se consegue indicar especificamente o desempenho deste. O Cp serve para indicar o quão capaz é este processo para produzir dentro dos limites especificados de acordo com a tabela 1. TABELA 1: Intervalos de referência para análise do índice Cp Cp Itens não-conformes (PPM) Interpretação Cp < 1 Acima de 2700 Processo incapaz 1 < Cp < 1,33 64 a 2700 Processo aceitável ou relativamente capaz Cp > 1,33 Abaixo de 64 Processo potencialmente capaz Fonte: Gonçalves e Werner (2009) 2.3 Índice Cpk Para obtenção do índice de capacidade C p k , primeiramente se faz necessário validar a normalidade da distribuição e que o processo seja capaz (Cp >1). A capacidade é dada pela razão entre a faixa de especificação e a variação do processo, ou seja, ± 3 desvios-padrão. Este índice é expresso pela equação (2), onde LSE é o limite superior de especificação, LIE é o limite inferior da especificação, ì é a média do processo e ó é o desvio-padrão do processo. m m LSE LIE ö æ (2) Cpk = minç ; ÷ s 3 s 3 è ø De acordo com a tabela 2, é possível identificar através do resultado em qual classe competitiva a empresa se encontra e número de partes por milhão (PPM) que estariam fora dos limites. Portanto, quanto maior o valor de sigma, menor a probabilidade de gerar defeitos e custos com não conformidades (CARVALHO; ROTONDARO, 2006). TABELA 2: Capacidade e ppm O índice Cp é definido por Gonçalves e Werner (2009) como índice de capacidade potencial do processo, considerando que o processo está centrado no valor nominal da especificação. A fórmula para o Cp é expressa pela equação (1), onde LSE é o limite superior de especificação, LIE é o limite inferior da especificação e ó é o desvio-padrão do processo. LSE LIE (1) Cp = 6s 62 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Fonte: Carvalho e Rotondaro (2006) Tecnologia Acabamento 3. Características do acabamento têxtil O acabamento têxtil através de processos químicos e físicos tem por objetivo proporcionar características mais nobres e funcionais de aparência aos tecidos, como toque, caimento e uso. Dentre seus equipamentos o de maior destaque é a rama, responsável por uniformizar parâmetros como largura, gramatura e estabilidade dimensional através de termofixação. Dentro do cenário têxtil atual, de alta competitividade tanto interna quanto externa, as empresas devem traçar estratégias para obter produtos com preços atrativos e excelência em qualidade. Uma das principais tendências para o setor apontado por Bagley (2003) é o os aumento no nível de tecnologia utilizada nos maquinários, com acessórios específicos e técnicas de monitoramento com ênfase em obter acabamentos mais eficientes e de maior qualidade em relação às características do tecido, além de contribuir na redução dos custos operacionais. No Brasil, a indústria têxtil tem por característica influenciar de maneira decisiva no desenvolvimento e geração de novas tecnologias no setor de máquinas. Como as empresas fornecedoras de tecnologia geralmente são pequenas, a interação com o usuário dos equipamentos, através de troca de informações é fundamental para adequar os acessórios as características específicas de cada usuário (GOMES et al., 2007). 3.1 Controle da gramatura A redução da variabilidade no controle de gramatura é hoje um dos maiores desafios no acabamento têxtil, pois este é apontado como um dos maiores geradores de 2ª qualidade, de retrabalho, e de potencial para reclamações de clientes. Atualmente, a maioria das empresas utiliza a coleta de amostras na saída da rama para monitoramento e correção dos valores. Com o aumento no nível de tecnologia, novos equipamentos surgem para tentar reduzir o impacto deste problema durante o processo de produção. O impacto do uso deste método é a quantidade de amostras que deve ser tomada para avaliação, gerando aparas no processo. Outro ponto é o controle manual de alimentação que exige maior perícia do operador para saber o quanto deve ser corrigido de acordo com o valor obtido. Um deles é a medição contínua através de radiação, que identifica a densidade do tecido e faz a conversão para gramatura. Com este recurso é possível interferir no cilindro alimentador automaticamente, quando fora de padrão. Neste método apenas uma amostra é coletada no início do processo, para aferir o equipamento. A tabela 3 apresenta de maneira resumida as principais características dos métodos. TABELA 3: Comparativo entre métodos Fonte: Desenvolvida pelos autores 4. Metodologia No desenvolvimento deste artigo foi utilizada a capacidade sigma para comparar dois métodos de monitoramento e controle de gramatura no processo de acabamento, visando à redução da variabilidade. Foram usados para este fim os dados primários levantados na empresa, e o referencial teórico obtido em pesquisa bibliográfica. Os dados foram tabulados e analisados utilizando o software estatístico Minitab, versão 14. Os dois principais artigos com problemas, de acordo com a figura 1, são M 8522 e M 9611. Para a pesquisa será utilizado o M 8522, pois na máquina onde este é produzido foi implantado o equipamento de monitoramento contínuo. FIGURA 1: 2ª qualidade por artigo. Fonte: Controle de Qualidade da empresa Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 63 Tecnologia Acabamento Para a avaliação da inspeção por amostragem, foram utilizados dados referentes a novembro de 2008 (5509 amostras), traçando um comparativo com cinco dias de maio/2009 (604 amostras), quando os dados foram obtidos com o uso do monitoramento contínuo. Para o artigo em estudo, os limites de especificação foram considerados de acordo com a tabela 4. FIGURA 3: Análise de capacidade - Contínuo Monitoramento contínuo (using 95,0% confidence) LS L P rocess LSL Target USL Sample Mean Sample N StD ev (Within) USL Data 193, 00000 * 217, 00000 203, 53974 604 4, 41057 P otential (Within) Cp Low er C L Upper C L CP L CP U C pk Low er C L Upper C L C C pk C apability 0, 91 0, 86 0, 96 0, 80 1, 02 0, 80 0, 74 0, 85 0, 91 TABELA 4: Limites de especificação 190 O bserved P erf ormance PP M < LSL 54635, 76 PP M > USL 81125, 83 PP M T otal 135761, 59 200 210 220 23 0 240 E xp. Within Perf ormance P PM < LSL 8432,15 P PM > US L 1137,30 P PM T otal 9569,44 Fonte: Desenvolvido pelos autores 5. Pesquisa de campo: resultados As informações obtidas através da análise no período de utilização do método de monitoramento por amostragem foram analisadas com a ferramenta de capacidade de processo, conforme a figura 2. Com base nas tabelas 1 e 2, mostradas anteriormente, verifica-se que o processo é considerado incapaz (Cp=0,78) e de classe não competitiva (Cpk=1,83ó). A tabela 5 resume os valores obtidos. Pode-se perceber que apesar de ambos os processos serem considerados incapazes (Cp<1,00), somente a mudança no método de monitoramento reduziria em aproximadamente 73% a quantidade de pontos com defeito, o que pode ser evidenciado na análise do PPM potencial, ou seja, eliminando as demais variabilidades do processo. Os métodos não apresentam diferenças em relação à média obtida para as amostras, mas sim um estreitamento da faixa de desvio no monitoramento contínuo. FIGURA 2: Análise de capacidade - amostragem. Tabela 5: Resultado Comparativo Fonte: Engenharia de Produto da empresa Fonte: Desenvolvido pelos autores Fonte: Desenvolvido pelos autores Repetindo a mesma análise para as amostras obtidas com o uso do equipamento para monitoramento contínuo (figura 3), o processo ainda é considerado incapaz (Cp=0,91) e de classe não competitiva (Cpk=2,4ó). 64 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 6. Considerações finais Buscar novas tecnologias e criar estratégias para tratar os problemas existentes é primordial para o sucesso da organização. Com base nos resultados obtidos foi possível observar que a adoção do método de monitoramento contínuo aliado à análise estatística do processo se mostra como uma opção viável a ser considerada para a redução da Tecnologia Acabamento variabilidade no controle de gramatura no processo. Outro ponto a ser destacado é que por ser o monitoramento contínuo um método de controle não destrutivo, não se faz necessário o corte do tecido, incidindo diretamente na redução de desperdício no processo. Ambos os métodos apresentam uma falha, como só é possível verificar a gramatura na saída da rama e a correção devendo ser feita na entrada, em média 30 a 40 metros de distância, esta parte em processo dentro do equipamento não sofre efeitos da correção quando identificado um problema. Fica a sugestão para estudos futuros de utilização de equipamentos que monitorem o resultado na entrada do processo. É importante ressaltar que o objetivo deste estudo foi o de apenas comparar os métodos e seus resultados. Para a eliminação da variabilidade seria necessário envolver as demais atividades do processo no estudo. Referências ANDRIETTA, J.M.; MIGUEL, P.A.C. Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resultados de um levantamento tipo survey exploratóriodescritivo e perspectivas para pesquisas futuras. Gestão e Produção, 2007, vol.14, no.2, p.203-219. BAGLEY, R.S. ITMA 2003 Mechanical Finishing. Journal of Textile and Apparel, Technology and Management, 2003, vol.3, no.3, p.1-7 CARVALHO, M.M.; HO, L.L.; PINTO, S.H.B. Implementação e difusão do programa Seis Sigma no Brasil. Produção, Dez 2007, vol.17, no.3, p.486-501 CARVALHO, M.M.; ROTONDARO, R.G. Modelo Seis Sigma no Brasil. In: CARVALHO, M.M.; PALADINI, E.P. (org.) Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Campus, p. 125-151, 2006 FERNANDES, M.M.; TURRIONI, J.B. Seleção de projetos Seis Sigma: aplicação em uma indústria do setor automobilístico. Produção, Dez 2007, vol.17, no.3, p.579-591. GOMES, R.; STRACHMAN, E.; PIERONI, J.P.; SILVA, A.O. Abertura comercial, internacionalização e competitividade: a indústria brasileira de máquinas têxteis após os anos 1990. Economia e Sociedade, Dez 2007, vol.16, no.3, p.405-433. GONÇALVES, P.U.; WERNER, L. Comparação dos índices de capacidade do processo para distribuições não normais. Gestão e Produção, Mar 2009, vol.16, no.1, p.121-132 REBELATO, M.G.; OLIVEIRA, I.S. Um estudo comparativo entre a gestão da qualidade total (TQM), o seis sigma e a ISO 9000. Revista Gestão Industrial, Mar 2006, vol.2, no.1, p.106-116 RUTHES, S.; CERETTA, P.S.; SONZA, I.B; Seis Sigma: Melhoria da qualidade através da redução da variabilidade. Gestão Industrial, 2006, vol.2, no.2, p.171-188 Você sabia? Além dos uniformes dos jogadores, sem saber, os torcedores também podem estar utilizando camisetas normais ou dos times de futebol com PET reciclado em sua composição. Afinal, a indústria têxtil brasileira é a maior usuária do material. Em torno de 38% de todo o PET reciclado no Brasil vai para esta indústria, que foi a pioneira neste tipo de uso. Em uma das primeiras edições da São Paulo Fashion Week, um dos destaques foi um desfile onde a coleção de luxo era produzida com PET reciclado. 66 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Tecnologia Fibras Paramêtros da curva de absorção de iodo do poliester Termofixado em diferentes temperaturas Autores: J. Gacén, J. Maillo, D. Cayuela, I. Gacén Universidade Politécnica da Catalunha – Espanha Tradução:Agostinho S. Pacheco – ABQCT Revisão Técnica: Ricardo Vital de Abreu RESUMO Um substrato de poliéster foi termofixado em temperaturas nominais de 160-220ºC, que correspondiam a temperaturas efetivas entre 162 e 231ºC. Dos substratos resultantes, foi determinada a absorção de iodo em um elevado número de temperaturas, de modo que foi possível determinar com facilidade diferentes parâmetros da curva de absorção de iodo em função da temperatura do ensaio, tais como a temperatura de máxima absorção, a absorção máxima, a temperatura de absorção média, a pendente do trecho ascendente da curva de absorção, a temperatura crítica de absorção, e a absorção associada a esta temperatura. Estes parâmetros foram relacionados com a temperatura efetiva de termofixação, com a cristalinidade e também entre eles. Palavras chave: poliéster, termofixação, estrutura fina, absorção de iodo INTRODUÇÃO A absorção de iodo foi proposta por Schwertassek (1), como método de medida do volume livre das fibras celulósicas. Sladecek (2) observou que a absorção de iodo do poliéster é fortemente favorecida quando se inclui fenol na solução de iodo. Mais tarde, Lacko e Galanski (3) realizaram um detalhado estudo dos parâmetros que influem no processo de absorção do iodo pelo poliéster. Gacén, Maillo e Bordas (4) estudaram a absorção de iodo em função da temperatura do ensaio com a intenção de avaliar indiretamente a distribuição do 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. volume livre nas fibras de poliéster. Estes autores estudaram também a influência da concentração da solução de absorção com efeito de estabelecer a concentração mais adequada segundo o histórico térmico do substrato (4). Na curva de absorção de iodo das fibras de poliéster em função da temperatura podemos distinguir três trechos (5). No primeiro deles, a absorção de iodo aumenta escassa ou moderadamente ao aumentar a temperatura do ensaio. A este trecho se segue outro, no qual a absorção de iodo é muito sensível à variação da temperatura, de modo que em aumentos unitários da temperatura correspondem aumentos de absorção muito mais pronunciados do que no trecho anterior. Finalmente, depois de passar por um máximo, mais ou menos definido, a absorção de iodo diminui ao aumentar a temperatura do ensaio. Quando se dispõe de suficiente informação sobre a curva de absorção de iodo pelo poliéster, podemos deduzir parâmetros globais do processo de absorção. Este é o caso da temperatura de máxima absorção (Tmax), da absorção que lhe corresponde, e da temperatura na qual se apresenta um aumento brusco da absorção (temperatura de absorção crítica TI) e a absorção a ela associada. A reta determinada por estes pontos pode servir para caracterizar o trecho ascendente da curva (6). Também se pode citar a temperatura na qual se apresenta a metade da absorção máxima (7). Em trabalhos posteriores, Gacén, Maillo e Cayuela (8) (9) estudaram a absorção de iodo do poliéster termofixado em diferentes temperaturas e/ou tempos e relacionaram estes parâmetros da curva de absorção com a temperatura Tecnologia Fibras efetiva de termofixação e com a cristalinidade e também entre eles. Nestes estudos podemos apreciar um deslocamento da curva de absorção em direção à direita do eixo de temperaturas na medida em que aumenta a temperatura de termofixação. Neles, as temperaturas efetivas estavam situadas entre 140 e 190ºC, pelo que faltava informação sobre a absorção de iodo do poliéster em todo o intervalo de condições industriais. Foi possível cobrir esta lacuna com um estudo recente no qual foi procedida a termofixação de um substrato de poliéster em uma planta industrial em temperaturas nominais entre 160 e 220ºC, que corresponderam a temperaturas efetivas entre 161 e 231ºC (10). Neste estudo foi determinada a absorção de iodo em um elevado número de temperaturas, de forma que foi possível determinar com mais precisão os valores de TI , Tmax e da pendente do trecho ascendente da curva de absorção (10). Nesta publicação foi realizado um estudo sobre a relação dos parâmetros globais da curva de absorção de iodo mencionados com a temperatura efetiva do tratamento térmico, assim como a relação entre os parâmetros globais da curva de absorção dos substratos de poliéster termofixados em diferentes temperaturas. título nominal 167/30 f/dtex. Tratamento Depois de proceder o descrude (11) o tecido descrito foi termofixado horizontalmente em uma rama industrial (Bruckner) de seis campos, na planta da indústria Tints i Aprestos Valls. As temperaturas nominais de termofixação oscilaram entre 160 e 220ºC, com intervalos de 10ºC. O tempo total de permanência foi de 90 segundos. Dos substratos termofixados foram retirados o primeiro e o último metro para garantir a uniformidade do material a estudar. Pela mesma razão foram descartados 20 centímetros a partir de cada ourela. A absorção de iodo foi determinada sobre a trama dos tecidos termofixados. Caracterização A absorção de iodo em uma determinada temperatura se define como a quantidade (em mg) de iodo absorvido por 1 grama de fibra de poliéster, depois de permanecer em contato durante 30 minutos com uma solução de iodo 0,5 M em água que contenha fenol como agente inchante. Neste estudo foi utilizada uma solução de continha 425 ml de fenol por litro. O modo operatório foi descrito com detalhes anteriormente (12). PARTE EXPERIMENTAL Material RESULTADOS A Tabela 1 mostra a absorção de iodo entre 30 e 80ºC dos Tecido de poliéster, gramatura laminar 160 g/m . Urdume:- fio contínuo de poliéster trilobal, de título substratos termofixados em diferentes temperaturas e a Figura 1 mostra sua representação gráfica. nominal 120/46 f/dtex. 2 Trama:- fio contínuo de poliéster texturizado, de Tabela 1. Absorção de iodo (mg I2/g) dos substratos termofixados em diferentes temperaturas. T efetiva Temperatura do ensaio Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 69 Tecnologia Fibras Figura 1. Absorção de iodo dos substratos termofixados Figura 2. Relação entre cristalinidade e temperatura efetiva de termofixação 90 160 oC 170 oC 180 oC 190 oC 200 oC 210 oC 220 oC Absorção de iodo (mg/g). 70 60 64 62 Cristalinidade (%) 80 50 40 30 58 56 54 52 10 50 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 Temperatura do ensaio (ºC) Tabela 2. Parâmetros da curva de absorção do poliéster termofixado em diferentes temperaturas. Temperatura nominal de termofixação (ºC) Parâmetro Temperatura efetiva (ºC) – 160 Cristalinidade 161,9 Temperatura de máxima absorção (ºC)(Tmax) 49,8 55 Absorção máxima (mg I2/g)(Smax) Temperatura de média absorção (ºC) (Tmax/2) 82,2 Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC) 46,5 7,14 Temperatura crítica de absorção (ºC) (TI) 44 Absorção crítica (mg I2/g) (STI) 23,5 Tmax – TI (ºC) 11 170 175,3 51,6 60 61,0 52,8 4,16 48 12 12 180 184,8 53,7 65 45,8 55,6 3,33 51 8,5 14 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 190 195,3 55,3 67,5 34,6 57,5 2,33 53 7,5 14,5 48 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 PEP (ºC) A Tabela 2 mostra o valor dos parâmetros globais relacionados com a absorção de iodo a partir das correspondentes curvas de absorção. Também mostra os valores das temperaturas nominais e efetivas de termofixação ou PEP (premelting endothermic peak) e a cristalinidade dos substratos termofixados, sendo que esta foi deduzida a partir de medidas de densidade em uma coluna de gradiente de densidades. Estes valores figuraram inicialmente em um trabalho anterior, assim como a representação da relação entre cristalinidade e temperatura efetiva, representação que se reproduz na Figura 2 (11). 70 68 60 20 0 a= 21,153 b= 0,1756 r= 0,997 200 206,2 57,3 70 30,9 59,0 1,66 53 6,5 17 210 216,2 59,7 70 28,4 62,5 56,5 4,5 13,5 220 231,3 61,5 74 20,9 60,2 0,88 54 4,0 20 Na Figura 1 e os dados da Tabela 1 confirmam que na medida em que aumenta a temperatura de termofixação aumenta a temperatura na qual se apresenta a absorção máxima e diminui a absorção que lhe corresponde. Em um estudo anterior, foram descobertos os fenômenos que produzem um aumento ou uma diminuição da absorção de iodo do poliéster na medida em que aumenta a temperatura do ensaio de absorção. Em temperaturas inferiores à da máxima da curva de absorção predominam os fenômenos que tendem a aumentá-la ao aumentar a temperatura de ensaio, frente aos que a diminuem. O contrário sucede em temperaturas de ensaio superiores à de máxima absorção (12). A diminuição da absorção máxima quanto maior for a temperatura de absorção máxima poderia ser devido a que uma estrutura menos aberta ou compacta (menor volume livre) fixaria menos iodo e alcançaria, em maior temperatura, o máximo de absorção. Tudo isso significaria um deslocamento das curvas de absorção para a direita do eixo de temperaturas. Na Figura 3 se encontra representada a absorção máxima de iodo em função da temperatura efetiva de termofixação (PEP). Nela podemos apreciar claramente dois trechos retos descendentes com pendentes muito diferentes. A alteração de pendente se apresenta em uma temperatura efetiva de 195ºC, que corresponde a uma cristalinidade de 55% (veja a Figura 2). A variação da pendente em relação à absorção máxima versus o PEP significa que para um determinado aumento da cristalinidade lhe corresponde uma absorção menor de iodo nos substratos com um PEP superior a 195ºC. Tecnologia Fibras Esta descontinuidade não foi possível ser determinada com certeza em trabalhos anteriores devido a que não incluíam temperaturas efetivas superiores a 205ºC (2) (3). Figura 5. Relação entre absorção máxima de iodo e temperatura de máxima absorção. 90 80 70 90 60 50 40 30 20 10 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 PEP (ºC) Absorção máxima (mg I2/g) Absorção máxima (mg I2/g) Figura 3. Relação entre absorção máxima de iodo e temperatura efetiva de termofixação. Na Figura 5, foi relacionada a absorção máxima em função da temperatura de máxima absorção. Nela se pode apreciar uma excelente linearidade (r = -0,99), de modo que, como já foi indicado, na medida em que aumenta a temperatura de máxima absorção diminui a absorção máxima. a=259,03 b= -3,2707 r= -0,992 80 70 60 50 40 30 20 10 50 A Figura 4 mostra que na evolução da temperatura de absorção máxima em função da temperatura efetiva de termofixação existem, também, dois trechos retos e neste caso ascendentes, com pendentes muito diferentes em temperaturas inferiores e superiores a 195ºC. Esta descontinuidade, que se apresenta na mesma temperatura em que a relação absorção máxima versus PEP, também não pode ser observada nos estudos anteriores. Tanto esta descontinuidade como a que se apresenta ao relacionar a absorção máxima em função da temperatura efetiva de termofixação podem ser devidas a que a partir de uma temperatura efetiva de 195ºC, que corresponde a uma cristalinidade de 55%, são produzidas variações pronunciadas ou bruscas em tamanho e/ou perfeição das zonas cristalinas da fibra (15). Figura 4. Relação entre temperatura de máxima absorção de iodo e temperatura efetiva de termofixação Temperatura de máxima absorção (ºC) 78 74 70 66 62 58 54 50 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 54 58 62 66 70 74 78 Temperatura de máxima absorção Por outra parte, acontece que esta relação linear entre estes parâmetros da curva de absorção de iodo é de caráter geral, independentemente do tipo de substrato. Concretamente, os valores obtidos neste estudo são complementados agrupando-se valores obtidos sobre substratos de poliéster microfibra termofixados entre 150 e 200ºC, estabilizados previamente na planta de produção a 150 e 190ºC (14), de substratos termofixados entre 170 e 190ºC durante tempos entre 20 e 60 segundos (13), e de substratos fabricados por uma mesma produtora destinados a diferentes campos de aplicação (15). Ao conjunto de valores agrupados corresponde um intervalo de temperaturas de máximas absorções entre 20 e 75ºC, de absorções máximas entre 20,9 e 262 mg I2/g, resultando um coeficiente de correlação de -0,99. A Figura 6 mostra a evolução da temperatura de absorção média em função da temperatura efetiva de termofixação segundo uma linha curva bem definida, na qual se pode apreciar que o aumento da temperatura de absorção média, que corresponde a um determinado aumento do PEP, diminui na medida em que aumenta a temperatura de termofixação, sem que se produza variação ao passar o PEP de 215 a 230ºC. PEP (ºC) Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 71 Tecnologia Fibras Temperatura de absorção média (ºC) Figura 6. Relação entre temperatura de absorção média de iodo e temperatura efetiva de termofixação. 66 62 58 54 50 46 42 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 PEP (ºC) Na Figura 7 se encontra representada a temperatura de absorção média em função da temperatura de máxima absorção. Nela se pode verificar um aumento pronunciado da primeira quando a temperatura de máxima absorção passa de 55 a 60ºC e um aumento linear e menos rápido entre as temperaturas de 60 e 74ºC. Temperatura de absorção média (ºC) Figura 7. Relação entre temperatura de absorção média e temperatura de máxima absorção. 68 64 a= 20,078 b= 0,549 r= 0,989 60 56 52 58 44 40 52 56 60 64 68 72 76 Temperatura de máxima absorção (ºC). O trecho ascendente da curva de absorção de iodo do poliéster em função da temperatura do ensaio foi considerado em uma publicação anterior pela linha definida pelas coordenadas da absorção máxima e as coordenadas da absorção crítica (6). Todavia, acreditamos que este trecho pode ser definido melhor através de sua pendente, a qual seria obtida pelo aumento da absorção que corresponde a um aumento 72 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. unitário da temperatura. No caso de substratos não tratados termicamente (procedentes diretamente das produtoras de fibras), o valor da pendente do trecho ascendente da curva de absorção estaria relacionado com a distribuição da ordem/desordem nas regiões não cristalinas da fibra. Uma maior pendente significaria, na curva de absorção de um determinado substrato, uma distribuição mais estreita da ordem/desordem do que em um substrato com uma pendente menor. Diferenças de pendente explicariam diferenças de estrutura fina em substratos com iguais absorções máximas. As diferentes pendentes do trecho ascendente da curva de absorção de um mesmo substrato termofixado em diferentes temperaturas podem ser interpretadas tendo em conta que a termofixação do poliéster produz uma cristalização secundária nas zonas não cristalinas da fibra. A temperatura de fusão dos novos cristalinos, conhecida como PEP (premelting endothermic peak), aumenta ao aumentar a temperatura de termofixação como conseqüência do aumento do tamanho destes novos cristalinos. Precisamente, o PEP é considerado como a temperatura efetiva de um determinado tratamento no qual se produz uma cristalização secundária. Estes cristalinos produziriam um efeito de pinçamento e, concretamente, uma limitação da capacidade de inchamento da fibra no ensaio de absorção de iodo em uma determinada temperatura ao aumentar a temperatura de termofixação ou ao aumentar a temperatura do ensaio em um substrato termofixado em uma determinada temperatura. Logicamente, a limitação da capacidade de inchamento a uma determinada temperatura e do aumento da capacidade de inchamento ao aumentar a temperatura deveria ser tanto maior quanto maior for o tamanho dos cristalinos formados na cristalização secundária, o que explicaria uma diminuição da pendente do trecho ascendente ao aumentar a temperatura de termofixação. A Figura 8 mostra que a pendente do trecho ascendente da curva de absorção diminui muito ao passar a temperatura efetiva de termofixação de 162 para 175ºC, menos rapidamente e em forma linear entre 175 e 206ºC, e muito menos entre 206 e 232ºC. Tecnologia Fibras Figura 10. Pendente do trecho ascendente da curva de absorção versus absorção máxima. 6 5 4 3 2 1 0 150 170 190 210 230 250 PEP (ºC) Por sua parte, a Figura 9 demonstra uma excelente correlação linear de sinal negativo (r = -0,999) entre o logaritmo da pendente do trecho ascendente e o logaritmo do PEP. Logaritmo pendente trecho ascendente Figura 9. Relação entre o logaritmo da pendente da curva de absorção e a temperatura efetiva de termofixação a=13,754 b= -5,844 r= 0,999 0,9 0,7 0,5 0,3 0,1 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 15 25 2,25 2,3 2,35 45 5 65 75 85 Absorção máxima (mg I2/g) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 Temperatura de máxima absorção (ºC) -0,1 2,2 35 Figura 11.Pendente do trecho ascendente da curva de absorção versus temperatura de absorção máxima. Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC) 7 2,4 Logaritmo PEP Na Figura 10 podemos ver que a pendente do trecho ascendente da curva de absorção evolui linearmente e de forma ascendente ao aumentar a absorção máxima nos substratos termofixados entre 160 e 210ºC e em maior medida quando a temperatura nominal de termofixação passa de 210 para 220ºC. Uma evolução similar, mas de sinal contrário, aparece na Figura 11 ao relacionar a pendente do trecho ascendente da curva de absorção com a temperatura de absorção máxima. Por sua parte, a Figura 12 mostra uma excelente correlação linear de sinal negativo em todo o intervalo de temperaturas de termofixação entre a pendente do trecho ascendente da curva de absorção e a temperatura de absorção média dos substratos termofixados. Pendente trecho ascendente (mg I2/g/ºC) Pendente do trecho ascendente mg I2/g/ºC 8 Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC) Figura 8. Relação entre a pendente do trecho ascendente da curva de absorção e a temperatura efetiva de termofixação Figura 12.Pendente do trecho ascendente da curva de absorção versus temperatura de absorção média. 8 a=27,678 b= -0,4422 r= -,0997 7 6 5 4 3 2 1 0 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 Temperatura de absorção média (ºC) A variação mais ou menos brusca de absorção de iodo que se apresenta ao passar do trecho inicial de baixa Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 73 Tecnologia Fibras trechos retos ascendentes, de muito maior pendente, aquele compreendido entre as temperaturas nominais de 160 e 190ºC do que quando se termofixa entre 190 e 220ºC, em cujo intervalo a diferença é de somente 1ºC. Figura 13. Relação TI versus PEP 58 56 TI(ºC) 54 52 50 48 46 44 42 40 150 160 170 180 190 200 PEP(ºC) 230 240 Figura 14. Relação STI versus PEP 28 24 20 16 12 8 4 0 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 PEP(ºC) Por último, a Figura 15 mostra a relação STI versus TI observando-se que evolui segundo dois trechos lineares de pendentes muito diferentes abaixo e acima da temperatura nominal de termofixação de 170ºC. Figura 15. Relação STI versus TI 28 24 20 16 12 8 4 0 44 46 48 TI(ºC) Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 220 pronunciadamente no intervalo de temperaturas nominais de termofixação entre 160 e 220ºC, conforme a Figura 14. 42 74 68 210 Por sua parte, a absorção de iodo que corresponde à temperatura crítica de absorção (STI) diminui muito Stc (mg l 2/g) comparação da estrutura fina das fibras de poliéster (18) (20). A temperatura crítica de absorção de iodo pode ser determinada: a) Por intersecção da linha base (trecho de baixa pendente) com a linha de máxima pendente do trecho ascendente da curva de absorção (18). b) Prolongando a linha de máxima pendente do trecho ascendente da curva de absorção e tomando como temperatura o ponto de intersecção com o eixo de temperaturas (17). O procedimento de Ingamells (17) apresenta a vantagem de que pode requerer menos pontos experimentais, entretanto, apresenta inconvenientes quando não são similares as linhas de máxima pendente dos correspondentes trechos ascendentes, sendo este precisamente o caso dos substratos termofixados em diferentes temperaturas. Por outra parte, o procedimento a) apresenta a vantagem de que permite conhecer as duas coordenadas do ponto de transição. Tendo em conta o que foi indicado e dada a abundância de dados experimentais correspondentes ao trecho inicial da curva de absorção, a temperatura crítica de absorção foi determinada segundo o procedimento a). A Tabela 2 contém dados das coordenadas do ponto de transição e nas Figuras 13, 14 e 15 foram relacionadas com a temperatura de termofixação e entre elas. Na Figura 13 podemos apreciar que a evolução da temperatura crítica de absorção de iodo (TI) se produz segundo dois Stl (mg l 2/g) pendente ao trecho ascendente da curva de absorção deve estar, logicamente, relacionada com um aumento da penetrabilidade do substrato nas condições em que se realiza o ensaio de absorção. A temperatura na qual se apresenta esta variação pode ser localizada com maior ou menor facilidade em função do número de dados experimentais disponíveis, sobretudo no trecho de baixa pendente. Esta temperatura pode ser associada a uma transição no meio correspondente, de modo similar a que se deduz da medida da absorção de corante em função da temperatura de tingimento (17) (18). Esta temperatura pode ser identificada como a temperatura crítica de absorção de iodo no meio correspondente por paralelismo com a temperatura crítica de absorção de corante (TD) (19) e contribui com um novo critério na 50 52 54 56 Tecnologia Fibras CONCLUSÕES 1.- A temperatura de máxima absorção de iodo aumenta e a absorção máxima diminui ao aumentar a temperatura efetiva de termofixação. Ambas evoluem segundo dois trechos retos de pendentes muito diferentes, sendo esta muito maior no trecho dos substratos termofixados em temperaturas inferiores a 195ºC. 2.- Foi observada uma excelente correlação linear entre a absorção máxima e a temperatura de máxima absorção. Esta relação é de caráter geral, independentemente do tipo de substrato ensaiado. 3.- A temperatura de absorção média aumenta ao aumentar a temperatura de termofixação, com aumentos cada vez menores na medida em que aumenta a temperatura de termofixação. 4.- A temperatura de absorção média e a temperatura de máxima absorção se relacionam linearmente nos substratos termofixados nominalmente entre 170 e 220ºC. No substrato termofixado a 160ºC, a temperatura de absorção média se separa da linearidade, de modo que seu valor é muito mais baixo do que lhe corresponderia caso a linearidade se mantivesse. 5.- Existe uma excelente correlação linear entre o logaritmo do trecho ascendente da curva de absorção e o logaritmo da temperatura efetiva de tratamento (premelting endothermic peak), relacionada com o tamanho dos cristalinos formados na cristalização secundária do poliéster que tem lugar na operação de termofixação. 6.- Entre a pendente do trecho ascendente da curva de absorção de iodo e a absorção máxima de iodo existe uma excelente correlação linear de sinal positivo para os substratos termofixados entre as temperaturas nominais de 170 e 210ºC, de modo que quanto maior for a absorção máxima maior será a pendente do trecho ascendente. Quando se trata do substrato termofixado a 160ºC notase um desvio da linearidade, de modo que o valor da pendente que corresponde à absorção máxima do substrato termofixado nesta temperatura é muito maior do que lhe corresponderia no caso de conservar-se a linearidade. 76 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 7.- Mesmo que a evolução seja no sentido contrário, significa que a pendente do trecho ascendente da curva de absorção diminui na medida em que aumenta a temperatura de absorção máxima, sendo que o que foi indicado na conclusão anterior é também válido para esta relação. 8.- Existe uma excelente correlação linear entre o trecho ascendente da curva de absorção e a temperatura de absorção média. 9.- A temperatura crítica de absorção aumenta rápida e linearmente entre as temperaturas efetivas de 161 e 195ºC, e também linearmente mas com uma pendente muito menor entre 195 e 231ºC. 10.- A absorção associada à temperatura crítica de absorção (absorção crítica) diminui rapidamente entre as temperaturas efetivas de 161 e 185ºC, e muito menos e linearmente entre 185 e 231ºC. 11.- A absorção crítica e a temperatura de absorção crítica evoluem em sentido contrário. Esta absorção crítica descende bruscamente quando a temperatura de absorção crítica passa de 44 para 48ºC, e mais lentamente e linearmente entre as temperaturas de absorção crítica compreendidas entre 48 e 54ºC. BIBLIOGRAFIA 1- Schevertassek, K., Faserforschung Textiltech, vol.10, 1957, p387. 2- Sladeck, Uveroflentlicher Berichtans von Wollforschunginstitut Conference Proc., vol. 2, p.20, Res. Inst. of Woll & Knitwer, Ernlo Czech Repub, 1960. 3- Lacko, V.and Galanski, M., Textilia,November 1972, p.47 4- Gacén, J.,Maillo, J.y Baixauli, J.J., Bull Scient. ITF, Vol. 9, n 34, Mayo 1980, p.14 5 - Gacén, J. and Millo, J. and Borbas, J., Bull.Scient. ITF, Vol 6,N 23, August 1977, p. 155 6- Gacén, J. and Maillo, J., Bull Scient., ITF, vol 11, N42, april 1982, p.9 7- Cayuela, D., Tesis Doctoral, Universidad de Barcelona 1994. 8- Gacén, J., Maillo, J., Naik, A. an Cayuela,D., Melliand Textilberichte, May 1991, p.347 9- Gacén, J., Cayuela D., Maillo, J. and Rodriguez, M.T., Melliand Textilberichte, august 1993, p.797. 10- Gacén, I., Tesis Doctoral, Universitat Politécnica de Catalunya, 2004. 11- Gacén, J., Cayuela, D., Maillo, J. and Gacén, I., J. Tex. Inst., 93, Part 1, N1, 2002, p.29 12- Gacén, J., Maillo, J.and Borbas, J., Bull. Scient. ITF, vol6, N23, august 1997, p0155 13 - Gacén, J., Maillo, J., Cayuela, D., Tinctoria, N8, august 1993,p.52 14- Gacén, J., Cayuela, d., Maillo, J., Rodriguez, M.T., Tinctoria, N2, Febrero 1994, p30. 15 - Gacén, J., Cayuela, D.Tzvetkova, M., Manich, A., Man-Made Textiles in Indi, vol XLV n.5, May 2002, p.168 16- Gahl, F., Textile Reserach J., Vol43, 1973, p.615 17- Ingamells, W., Peters, R. M.., Thormton, S.R., Appl. Polym. Sci 17, 1973, p.3733 18-Gulrajani, M.L., Saxena, R.K., J. Soc. Dyers and Colourists, vol.95, 1979, p.330. 19- Información de catálogos de Sandoz. 20- Moore, R.A.F., Peters, R.M., Text. Research J., vol49, 1979, p7 Capacitação SENAI Oferece SENAI apresenta projeto “aprendiz”. Nos termos da CLT, aprendiz é o jovem maior de 14 e menor de 24 anos de idade que celebra contrato de aprendizagem. Tão importante para a indústria quanto para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada às origens do SENAI. O novo projeto, previsto para iniciação no próximo ano, está em fase importante em sua estruturação, já que pesquisas de demanda estão sendo realizadas dentro de grandes empresas têxteis. A aprendizagem na empresa é resultado de uma parceria na qual ambos – SENAI e empresa – têm responsabilidades e atribuições bem definidas e negociadas. Criteriosamente planejados, acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem na empresa representam a possibilidade de unir o cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade social e o treinamento de futuros trabalhadores. Em visita à Escola SENAI Francisco Matarazzo, em São Paulo, a Química Têxtil soube de investimentos que Diretor do SENAI Márcio Viera Marinho estão sendo aplicados no curso técnico têxtil, desde novos maquinários, bem como, uma reestruturação que está sendo planejada em seu curso técnico. O coordenador técnico do campus, Paulo Sergio Salvi diz que é preciso sempre repensar o curso, pois novas tecnologias chegam a todo o momento. “A didática será a mesma, porém é importante atualizarmos sempre que possível o currículo escolar”. Para o Diretor da Escola, Márcio Vieira Marinho, cada passo deverá ser seguido com cautela. “Estamos em uma fase importante de elaboração. Estas pesquisas sinalizarão as possíveis carências das indústrias têxteis. Assim, profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação. poderemos identificar as competências requeridas pelo mercado de trabalho e, contribuir para que a formação desses profissionais possam suprir estas necessidades”, ressalta. Marinho ainda enfatiza que o objetivo do SENAI é atender à demanda. “Imagine que neste projeto de 'aprendiz', o aluno ficará 4h na escola e 4h dentro da empresa contratante. O diferencial é que profissional poderá ser formado de acordo com a política da empresa, uma vez que, via de regra, não possui vícios”, explica. A condição de aprendiz, portanto, pressupõe formalização do contrato do jovem pela empresa e da sua matrícula em curso ou programa de aprendizagem no SENAI. A idade máxima prevista não se aplica a aprendizes portadores de deficiência (Decreto nº 5.598/2005, art. 2º, parágrafo único) O que é o contrato de aprendizagem? É o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, com duração máxima de dois anos, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico- 78 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. Sobre o SENAI Criado em 1942, por iniciativa do empresariado do setor, o SENAI é hoje um dos mais importantes pólos nacionais de geração e difusão de conhecimento aplicado ao desenvolvimento industrial. Parte integrante do Sistema Confederação Nacional da Indústria CNI e Federações das Indústrias dos estados -, o SENAI apóia 28 áreas industriais por meio da formação de recursos humanos e da prestação de serviços como assistência ao setor produtivo, serviços de laboratório, pesquisa aplicada e informação tecnológica. Graças à flexibilidade de sua estrutura, o SENAI é o maior complexo de educação profissional da América Latina. Diretamente ligados a um Departamento Nacional, 27 Departamentos Regionais levam seus programas, projetos e atividades a todo o território nacional, oferecendo atendimento adequado às diferentes necessidades locais e contribuindo para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do País. Nesse sentido o SENAI colabora para transformar indivíduos marginalizados da vida econômica em cidadãos. Oferecendo aquilo que sabe fazer melhor - educar para o trabalho - a Entidade desenvolveu, em 2007, 930 projetos, que atenderam a 202.486 beneficiados, sendo 120.894 com programas de capacitação profissional, 63.151 com a prestação de serviços e 18.441 com palestras de orientação, gerando a oportunidade de ingressarem ou reingressarem na vida produtiva. Desenvolvidas em parceria com instituições, empresas, órgãos governamentais e ONGs, seus programas beneficiam jovens em situação de risco social, trabalhadores excluídos da vida produtiva, indígenas, presidiários, crianças abandonadas, candidatos ao primeiro emprego, dentre outros grupos regularmente atendidos pelo SENAI. Coordenador Técnico Paulo Sergio Salvi Processo Seletivo - Curso Técnico Têxtil Informamos a realização do Processo Seletivo Curso Técnico Textil - 1º Semestre 2010 a. O candidato poderá inscrever-se em uma única habilitação, exclusivamente na Escola em que pretende realizar o curso, podendo candidatar-se também para a mesma habilitação pretendida na 1ª opção, se ofertada pela mesma Escola em outro turno. b. No ato da matrícula, somente poderá ser aceito o candidato que comprovar ter concluído o ensino médio ou estar matriculado em curso que lhe permita concluir esse nível de ensino até a data de início das aulas. c. Haverá cobrança de taxa de inscrição de R$ 37,00 (trinta e sete reais). O boleto é gerado pelo candidato no ato da inscrição d. A prova será composta por 60 questões de múltipla escolha, em nível de conclusão do ensino médio: 20 de Língua Portuguesa, 20 de Matemática, e 20 de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia). e. Os candidatos serão chamados à matrícula obedecendo-se estritamente a ordem de classificação no processo seletivo. f. Não serão aceitas matrículas de candidatos que, embora aprovados no processo seletivo, estejam regularmente matriculados em cursos oferecidos gratuitamente pelo SENAI/SP e que pretendam cursá-los simultaneamente. Inscrições: 08 a 26/03/2010. Aplicação da Prova: 25/04/2010 às 8h. Inscrição pela Internet: www.sp.senai.br/processoseletivo Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 79 IIIPrêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Divulgado o nome dos vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo "Prof. Josep Valldeperas Morell". A Diretoria da ABQCT divulgou o nome dos vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo "Prof. Josep Valldeperas Morell". A Química têxtil realizou uma breve entrevista com os vencedores, eis que a alegria e a expectativa do vencedor Dhenes Pereira Rodrigues foi tão empolgante em sua entrevista que achamos conveniente repassar suas palavras exatamente como nos foi contatado. Dhenes Pereira Rodrigues, 25 anos, representante da FEI, curso de Engª. Têxtil. Atualmente trabalha na Camelon Mamut Tinturaria e Malharia Ltda. Reside e moraem São Paulo, capital, filho de Arsênio da Silva Rodrigues, encarregado de produção, e de Maria Eunice Pereira Rodrigues, do lar. O estágio da estudante acontecerá no mês de abril. O que sentiu quando foi comunicado como vencedor do prêmio? Não sabia o que fazer na hora! Foi muito emocionante, mas ao mesmo tempo tive uma sensação estranha porque estávamos em semana de provas, entregas de trabalho, etc, daí não consegui nem comemorar direito! Acho que a minha ficha caiu no final de semana que consegui relaxar um pouco mais, daí que a alegria tomou conta mesmo! Dhenes Pereira Rodrigues Patrocinadores 80 68 Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. IIIPrêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Para você, o que este estágio significa? Acredito que o estágio significa uma oportunidade única de aprendizado, principalmente pelo fato de ir a um lugar tão renomado. Acredito que a experiência que este estágio poderá nos oferecer, não terá dinheiro que pague. Qual a sua expectativa com relação a viagem? As expectativas são muito grandes, principalmente por um “marinheiro de primeira viagem” como eu! Sinceramente, estou um pouco perdido ainda no que posso fazer nas horas de folga lá. Como te falei, acho que a minha ficha não caiu ainda! Conheça Liliane Fernandes Dompieri, 22 anos, também vencedora do prêmio, representante da FEI/ SBC - São Paulo. A recém-formada trabalha atualmente na Freudenberg NãoTecidos. Nasceu em São Bernardo do Campo e reside em Santo André. Filha de Eliana Fernandes Dompieri, funcionária pública, e de Nivaldo Ângelo Dompieri, empresário. Para ela, o prêmio é uma grande oportunidade de crescimento dentro da profissão, já que é umcurso de alto custo e inacessível para grande parte dos que atuam na área. ‘Senti uma grande emoção quando soube do resultado. Este estágio significa a obtenção de grandes conhecimentos e crescimento dentro de um dos maiores e melhores centros de pesquisas têxteis mundialmente conhecido,’diz ela. Liliane ainda ressalta que a grande expectativa trata-se, também, devido a nunca ter tido a oportunidade de estar na Europa e de viajar sozinha para o exterior e completa: ‘Se pudesse escolher meu relatório de estágio seria referente ao reúso de água em processos têxteis e em tratamentos que relacionam não tecidos.’ O estágio da estudante acontecerá no mês de maio. É importante lembrarmos do relatório do estágio que deverá ser realizado. Você gostaria de trabalhar em que assunto, caso pudesse escolher? Por que? Sinceramente ainda não sei. Acho que ainda estou tão empolgado que quero abraçar o mundo, tipo quero fazer um pouco de tudo pra absorver ao máximo as informações, anotar tudo, aproveitar cada momento! Mas falando sério, acho que a análise das causas de defeitos e o reaproveitamento de banhos de tingimento seriam áreas legais de se trabalhar. "Este projeto é uma das mais gratificantes realizações desta gestão. O mais importante é a compreensão e o apoio das empresas para concretizarmos sempre este concurso." Evaldo Turqueti - Presidente da ABQCT Liliane Fernandes Dompieri Revista Química Têxtil n 98/Março 2010. 81 Congresso da FLAQT - Boletim Informativo El Consejo Directivo de La Asociación Peruana de Técnicos Textiles a través del presente boletín, hace llegar su más fraternal saludo a la gran familia textil latinoamericana. A la fecha, la APTT ha organizado los Congresos Latinoamericanos de Química Textil de los años 1970 y 1991, y ahora; tras 19 años y luego de la convocatoria de la FLAQT después del Congreso del 2008 realizado en Santiago de Chile, estamos enfocados a desarrollar el XX Congreso Latinoamericano de Química Textil que nos motiva a recibir nuevamente en nuestra casa, con entusiasmo y amistad; a los colegas latinoamericanos. Hemos querido que este evento, coincida con la ejecución de nuestro VI Congreso Nacional de Tecnología Textil y Confecciones, para compartir los ambientes de nuestra sede con los profesionales de la agroindustria del algodón, de los llamados procesos secos (Hilatura y Tejeduría), de las Confecciones, del Diseño y de la Moda. Estamos seguros que las conferencias técnicas y las magistrales serán de mucha utilidad, que podremos intercambiar experiencias y también compartir momentos inolvidables con toda la comunidad textil latinoamericana; por ello esperamos la participación de ustedes queridos colegas y deseamos que los 4 días del Congreso resulten en beneficio propio y de la industria. La cita es del 16 al 19 de Noviembre del presente año, y la sede es el Sheraton Lima Hotel & Convention Center, ubicado en la zona centro de nuestra capital. Los invitamos a separar en sus agendas estas fechas y dispongámonos a aprovechar al máximo del Congreso. El lema del congreso: "Armonizando el desarrollo tecnológico con el medio ambiente", conlleva a tratar durante las conferencias las perspectivas de mejora en el cuidado del medio ambiente. También será motivo de reflexión la actual situación de nuestra industria textil regional frente al contexto mundial, después de haber atravesado la etapa más crítica de la grave crisis financiera mundial iniciada en el 2008. Parte del desarrollo del evento serán las visitas a fábricas textiles, un almuerzo de camaradería y desfile de modas. Como despedida, el último día tendremos una cena bailable. Por supuesto habrá también un programa especial para los acompañantes. Desde ya los esperamos aquí en Lima, y con anticipación les deseamos a todos una feliz estadía en nuestro país y que el mayor éxito sea la culminación al esfuerzo realizado. El Comité Organizador OBJETIVOS * Estimular la investigación científica, compartiendo los últimos avances tecnológicos en la industria textil y de confecciones, tanto en el Perú como en Latinoamérica * Incentivar la investigación y el desarrollo de la tecnología mediante la convocatoria a la presentación de trabajos * Establecer vínculos de comunicación para facilitar el intercambio de conocimientos y experiencias entre profesionales de la región * Fomentar el cuidado del medio ambiente con la aplicación de procedimientos novedosos * Fortalecer los lazos fraternales entre asociaciones y profesionales, fomentando el desarrollo del sector en el actual contexto del comercio mundial. TEMAS A DESARROLLAR • Efectos de acabados funcionales Antimicrobiales, repelencia, nanotecnología, etc. • Procesos ecológicos Ahorro en el consumo de agua, procesos cortos, aplicación de enzimas, etc. • Algodón Nuevos desarrollos, variedades • Desarrollo de nuevas fibras textiles – sus procesos y acabados Bamboo, modal, etc. • Tecnología de las fibras largas Fibras de camélidos sudamericanos, pelos y lana • Protección del Medio Ambiente Tratamiento de aguas, bio-procesos, etc. • Sistemas de Gestión aplicados a la Industria Textil y Confecciones • Diseño textil y tendencias de la moda • Gestión de recursos en confecciones • Novedades en Hilatura, Tejeduría Plana y de Punto DIRIGIDO A • Profesionales del sector textil y confecciones. • Empresarios e Inversionistas del sector. • Inversionistas nacionales y extranjeros. • Empresarios nacionales y extranjeros de sectores complementarios. • Estudiantes de Ingeniería Textil y carreras afines • Prensa especializada • Autoridades del sector Las inscripciones están abiertas a todos los interesados. Si el participante inscrito no puede asistir, tiene como alternativa enviar a otra persona en su reemplazo. La notificación debe ser hecha por escrito enviándola al Fax (511) 225 7856 o por E-mail: [email protected] Para mayor información puede comunicarse con nosotros al (511) 475 4010, o visitar nuestra página Web: www.apttperu.com CUOTAS DE INSCRIPCIÓN Anulaciones: Se cobrará tasa administrativa de US $ 90.00 por anulaciones que se reciban hasta el 15 de Julio de 2010. Aquellas que se reciban después del 15 de Julio de 2010, no tendrán derecho a devolución. ABQCT convida XX CONGRESO LATINOAMERICANO DE QUIMICA TEXTIL PERÚ - NOVIEMBRE 2010 VI CONGRESO N NACIONAL DE TECNOLOGIA OGIA TEXTIL Y CONFECCIONES Esta edição da Revista Química Têxtil está chegando às suas mãos graças à colaboração dos seguintes anunciantes Sua empresa também pode contribuir com o aperfeiçoamento dos profissionais da Indústria Têxtil Anuncie aqui. Tel. (11) 4195.4931