UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O RÁDIO COMO FERRAMENTA DE MARKETING Por: Jaqueline Maria Freitas Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O RÁDIO COMO FERRAMENTA DE MARKETING Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em: Gestão Empresarial. Por: Jaqueline Maria Freitas. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por todas as minhas vitórias, ao meu orientador Carlos Cereja por sua paciência e carinho, a João Carlos Nogueira da Costa que sempre apostou na idéia do trabalho, ao Prof. Mário Manhães Mosso um grande mestre e amigo, ao Prof. Tufic Derzi pelas contribuições fundamentais às pesquisas e aos amigos de curso por compartilharmos momentos que ficarão em minhas melhores lembranças. Todos vocês são, de alguma forma, co- responsáveis pelo resultado final deste estudo. 4 EPÍGRAFE “Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado”. Shakespeare Sonhos de uma noite de verão 5 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho Jocarlos, razão de toda a minha luta, ao meu companheiro João Carlos por viver este sonho comigo e à minha irmã Débora, pelo apoio sempre. 6 RESUMO Neste trabalho abordaremos o uso do rádio como ferramenta de marketing. Faremos um breve histórico dessa mídia, dos áureos tempos ao momento atual e as propostas para o futuro. Conheceremos que estratégias o meio está usando para manter sua fatia do “bolo” publicitário em meio a tantas opções de tecnologias inovadoras e saberemos ainda, que para muitos o rádio é um companheiro para todas as horas e que mesmo não possuindo o recurso das imagens, consegue ter os mesmos índices que a TV no que tange à penetração de mercado. Por fim, a conclusão de que não há como relegarmos ao segundo plano um meio de comunicação tão cheio de possibilidades. Seria hora dos profissionais de propaganda repensarem sobre o potencial publicitário do rádio, avaliando melhor o seu alcance para utilizá-lo mais amplamente na divulgação de seus produtos em seus “mixes” de marketing. 7 METODOLOGIA Nosso estudo confrontou diversas opiniões, adquiridas a partir da leitura de diferentes trabalhos acadêmicos sobre o tema “marketing e rádio” dos quais se destacam as pesquisas de Claudio Arpagaus Dotto e Nahara Cristine Makovics da UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), Roberta Baldo da UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba), Clóvis Reis da FURB (Universidade Regional de Blumenau) e Marco Daniel Nerling (cujo trabalho pesquisado foi ganhador do 4º Prêmio de Mídia do Estadão em 2001, categoria estudante) além de pesquisas em sites sobre a radiodifusão e afins. Consultamos também bibliografia especifica em que se destaca o livro “Princípios de Marketing” de Phillip Kotler e Gary Armstrong. O processo de cotejamento dos textos e a escolha da linha de observação nos conduziram aos dados de pesquisas realizadas por grandes empresas da área como IBOPE, DATAFOLHA e AC NIELSEN e os websites dessas respectivas empresas, foram fontes ricas de informações e até mesmo curiosidades a respeito do tema tratado. Enriquecedoras também as contribuições da revista Inteligência Empresarial (CRIE/COPPE/UFRJ) e dos sites do GPR (Grupo de Profissionais do Rádio), Observatório da Imprensa, Folha de São Paulo, Mundo do Marketing, Microfone (Blog Alex Ferreira), Site do Radialista, IATEC (UFRJ) e Wikipédia, entre outros, cujas informações foram de extrema valia na composição deste trabalho. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I - O rádio através dos tempos. 11 CAPÍTULO II - O rádio e o mercado publicitário. 17 CAPÍTULO III - O rádio como ferramenta de marketing. 29 CONCLUSÃO 44 ANEXOS 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80 ÍNDICE 83 FOLHA DE AVALIAÇÃO 85 9 INTRODUÇÃO Desde a descoberta dos formatos de anúncio pelo rádio, até sua sensível perda de espaço para a televisão e outros meios de comunicação como jornais e revistas - perda esta que chegou a 82% no início da década de 90 - o rádio vem se reinventando para bravamente sobreviver às mudanças ocorridas com os avanços tecnológicos e às novas formas de mídia, bem como para manter fiéis ouvintes e anunciantes. O fato é que mesmo em meio à crise, este meio vem se mostrando o veículo de comunicação mais acessível, rápido, interativo e de maior utilidade pública, razão pela qual ainda fascina grande número de espectadores e conquista novos ouvintes a cada ano, nos levando a concluir que seu potencial mercadológico está longe do esgotamento e sua capacidade de adaptação aos novos tempos é apenas mais uma de suas múltiplas possibilidades. Por este motivo, vimos à necessidade de aprofundar um estudo tendo como foco a transição do rádio para o novo modelo de mercado, especificamente o publicitário (seu principal modo de captação seus recursos) e seu uso como ferramenta de marketing acompanhando os movimentos dessa parceria desde o início do rádio até os dias de hoje. As questões que levantamos sobre o futuro dessa mídia foram: o rádio conseguirá manter sua quota de participação no mercado publicitário nesses tempos de grande diversidade de mídias? Como saber quais suas expectativas futuras em relação ao mercado? Felizmente o panorama que se desenha tanto no que se refere ao aspecto humano (ouvintes) quanto ao tecnológico nos confere gratas surpresas. Dividimos este trabalho em três capítulos. No primeiro, falaremos sobre a invenção do rádio e do seu processo de popularização, com o surgimento da propaganda. 10 No segundo capítulo, abordaremos o desenvolvimento do rádio como ferramenta de divulgação de produtos. Veremos quais os principais segmentos que anunciam no rádio e como está sua credibilidade junto ao consumidor. No terceiro capítulo entenderemos melhor a afinidade entre rádio e marketing, Apresentaremos também dois cases de emissoras paulistas – Bandeirantes AM e Antena I FM - que conseguiram reverter a situação desfavorável que enfrentavam, começando pela classificação de forças e fraquezas e a definição das estratégias de reposicionamento frente ao mercado. Conheceremos também a função social do rádio e seus efeitos na vida das pessoas, e, a caminho das soluções e dos novos caminhos para o futuro, saberemos as práticas já tomadas e as tecnologias em desenvolvimento para a remodelação desse meio de comunicação em sua interface atual com o público. Por fim, concluiremos que não são poucos os fatores que fazem o rádio manter sua magia, sendo ainda para muitos - principalmente os que estão afastados dos grandes centros urbanos - o melhor entretenimento, mesmo não possuindo os apelos visuais que a televisão e a internet têm em seu favor. 11 CAPÍTULO I O RÁDIO ATRAVÉS DOS TEMPOS. Neste capítulo, abordaremos a invenção e a difusão do rádio, bem como o momento de sua popularização no Brasil, marcado pelo surgimento da propaganda. 1.1 – A invenção do rádio. O rádio começou a ser inventado com a descoberta das ondas eletromagnéticas pelo físico inglês James Clerck Maxwell, que embora tenha demonstrado teoricamente a existência dessas ondas, morreu sem comprovar de forma prática sua experiência. Outros cientistas, entretanto, mostraram interesse pelas experiências de Maxwell e deram continuidade à sua teoria. Entre estes pesquisadores destacou-se Henrich Rudolph Hertz, um jovem estudante alemão que impressionado com a teoria de Maxwell, construiu um aparelho que verificava o deslocamento de faíscas através do ar, assim Hertz conseguiu passar energia elétrica entre dois pontos sem utilizar fios. Com esta experiência Hertz provou experimentalmente a teoria de que a eletricidade viaja através da atmosfera em forma de onda, verificou ainda que essas ondas se deslocavam à velocidade da luz, cerca de 300 000 km/s, porém naquele momento não percebeu as vantagens econômicas desta experiência. As ondas descobertas foram as ondas de rádio, que também são chamadas de "Ondas Hertzianas" em homenagem a seu descobridor. No entanto, o primeiro sistema de rádio só seria inventado anos mais tarde por Nicola Tesla, um cientista nascido na Sérvia. Em 1895, o italiano Guglielmo Marconi teve conhecimento das descobertas de Hertz e do sistema inventado por Tesla. Em 1896, Marconi 12 demonstrou o funcionamento de aparelhos de emissão e recepção de sinais na Inglaterra (por Código Morse) e foi então que percebeu a importância comercial da telegrafia sem fios. Marconi foi o primeiro homem a enviar uma mensagem para o outro lado do oceano. Porém não se imaginava, até este momento, a possibilidade do rádio transmitir a voz do ser humano. Nesse mesmo ano (1895) Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, que possibilitava a mudança de estação selecionando a freqüência desejada. Embora Tesla e Marconi tenham feito grandes progressos, a transmissão de sons só foi possível com o aparecimento da válvula de três elementos desenvolvida em 1906 pelo americano Lee de Forest. Com o aparecimento desta válvula destacaram-se mais dois homens, o alemão Von Lieben e o americano Edwin H. Armstrong que utilizaram a válvula para amplificar e produzir ondas eletromagnéticas de forma contínua. A descoberta desta válvula e sua utilização permitiram a realização de uma ligação radiotelefônica transcontinental, da Virgínia (EUA) para Paris (FR). O desenvolvimento comercial do rádio foi, após esta fase inicial, muito rápido. Nos Estados Unidos da América assistiu-se a várias tentativas de transmissão comercial e amadora. Em 1920 surgiu a primeira emissora norteamericana de que se há registro - a K. D. K. A. - e a partir de então houve uma grande "explosão" de emissoras de rádio e de empresas de fabricação de receptores utilizando válvulas. Com invenção do transistor em 1947 foi possível construir aparelhos de 1 rádio cada vez menores . 1.2 – A primeira transmissão de rádio no Brasil. No dia 7 de setembro de 1922 aconteceu a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, por ocasião da comemoração dos cem anos de 13 Independência. O discurso do presidente Epitácio Pessoa foi transmitido para os visitantes da Exposição Internacional do Rio. Uma estação de 500 watts, instalada no morro do Corcovado pela empresa Westinghouse Electric International possibilitou o feito, mas mesmo após algumas transmissões posteriores, não havia sido definido qualquer projeto de continuidade desse serviço. Alguns meses depois, o espírito de pioneirismo de dois homens tornaria o sonho realidade. Em 20 de abril de 1923, surgia à primeira estação de rádio brasileira, fundada por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Seus ouvintes eram associados que contribuíam 2 com mensalidades para a manutenção da emissora . 1.3 – O surgimento da propaganda no rádio. De início, o rádio era um meio de comunicação voltado para a elite. Os primeiros ouvintes contribuíam com a programação emprestando discos de ópera e as transmissões se resumiam a, basicamente, recitais de poesia, concertos e palestras. O potencial mercadológico ainda não era explorado e os próprios ouvintes custeavam as expensas com a elaboração dos programas. A idéia primordial era difundir cultura, educação e entretenimento, porém, estes objetivos acabavam se restringindo a um grupo seleto de pessoas. Sobre o exposto encontramos o seguinte texto, de Gisele Otriwano, esclarecendo que em seus primórdios, o rádio: “...se dirigia a quem tivesse poder aquisitivo para mandar buscar no exterior os aparelhos receptores, então muito caros. Também a programação não estava voltada para atingir aos objetivos a que se propunham seus fundadores: ‘levar a cada canto um pouco de educação, de 1 2 Fonte: http://radiofonia.com.sapo.pt/Historia_Radio.htm Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatic 14 ensino e de alegria´. Nasceu como um empreendimento de intelectuais e basicamente cientistas culturais, e suas finalidades educativas e eram altruístas.” (ORTRIWANO, 1985. apud BALDO, 2004: p. 7 ) No que se refere à difusão das emissoras de rádio, a autora acima relata: “Ainda nos anos 20, o rádio já começa a espalhar-se pelo território brasileiro. As primeiras emissoras tinham sempre em sua denominação os termos “clube” ou “sociedade”, pois na verdade nasciam como clubes ou associações formadas pelos idealistas que acreditavam na potencialidade do novo meio.” (ORTRIWANO, 1985 apud BALDO, 2004: p. 5) Mas a grande virada do novo meio não tardaria a acontecer: a descoberta de um novo modelo de propaganda. Este veio para garantir os recursos financeiros que viabilizaram os programas o que permitiu a popularização do rádio. Os “reclames” eram muito comuns, embora proibidos até o ano de 1932, quando um decreto (nº 21.111) finalmente regulamentou a propaganda no rádio. Como principal critério, foi estabelecido que os espaços dedicados aos anúncios na ocasião, não deveriam ultrapassar 10% do tempo de programação, aumentando em 20% posteriormente até chegar aos 25% atuais. “A primeira fase da propaganda no Rádio foi marcada pelo pioneiro Sangirardi Jr., esta se destacou pelos programas de grandes dimensões, musicais, locutores, programas de auditório, rádionovelas com grandes recordes de audiência... uma época onde milhares de pessoas ouviam 15 rádio e se identificavam com locutores, músicas e os personagens das rádionovelas. Os grandes programas como: “Caixinha de perguntas”, “Hora do Calouro”, “Balança, mas não Cai”, o “Programa de Otávio Gabus Mendes” (um dos primeiros grandes programas de auditório, onde o público participava e dava opiniões) e o grande “Cassino do Chacrinha” com Abelardo Barbosa (que mais tarde viria a ser um grande sucesso na TV) eram Nessa pratos época, departamentos, os cheios para anunciantes restaurantes, as propagandas. eram lanchonetes, (Memória Nacional da Propaganda) lojas de xaropes...” 3 O surgimento da propaganda marca o momento em que o rádio se aproxima definitivamente das grandes massas, mudando seu contexto inicial: “A introdução de mensagens comerciais transfigura imediatamente o rádio: o que era erudito, educativo, cultural passa a transformar-se em popular, voltado ao lazer e à diversão. O comércio e a indústria forçam os programadores a mudar de linha: para atingir o público, os reclames não podiam interromper concertos, mas passaram a pontilhar entre execuções de música popular, horários humorísticos e outras atrações que foram surgindo e passaram a dominar a programação. Com o advento da publicidade, as emissoras trataram de se organizar como empresas para disputar o mercado. A competição teve, originalmente, três facetas: desenvolvimento técnico, status da emissora e sua popularidade. A preocupação educativa foi sendo deixada 3 Site: www.aconteceaqui.com.br 16 de lado e, em seu lugar, começaram a se impor os interesses mercantis.” (ORTRIWANO, 1985: p. 15 apud BALDO, 2004: p.8) A propaganda no rádio definiu-se então em dois gêneros: o comercial e o não-comercial. Ao primeiro correspondiam à persuasão e à manipulação com o objetivo de vender um produto ou serviço, ao segundo, as campanhas de cunho educacional ou institucional. 17 CAPÍTULO II O RÁDIO E O MERCADO PUBLICITÁRIO. Procuraremos neste capítulo acompanhar o rádio em seu desenvolvimento no mercado publicitário como ferramenta de divulgação de produtos. Veremos quais os principais segmentos que anunciam no rádio e como está sua credibilidade junto ao consumidor. “[...] o rádio seria o mais fabuloso e imaginável aparato de comunicação da vida pública, um sistema de canalização fantástico. Isto é, seria se não soubesse só transmitir, mas também receber, ou seja, ouvir ao rádio-escuta, mas também fazê-lo falar, não isolá-lo, mas pôr-se em comunicação com ele...” (BRECHT, 1984: 81-92 apud MAKOVICS, 2004: p.10) 2.1- Os formatos da propaganda radiofônica. “O comunicador de marketing também precisa de um formato atraente para a mensagem. No caso de um anúncio impresso, ele tem que decidir como serão o título, o texto, a ilustração e as cores [...] Se a mensagem for veiculada pelo rádio, o comunicador tem de escolher as palavras, sons e vozes. O som de um locutor que está promovendo serviços bancários deve ser diferente daquele que está promovendo um iPod.” (KOTLER E ARMSTRONG, 2008 : p. 364) Em princípio, faremos aqui uma diferenciação entre os termos publicidade e propaganda, em muitos casos tratados como semelhantes, mas que 18 possuem diferenças intrínsecas. A definição de publicidade (do latim publicus = tornar público, “vulgarizar”) corresponde ao ato de divulgar. Seu objetivo é informar, comunicar e atualmente refere-se especificamente à comunicação paga de cunho comercial. Já propaganda (do latim pangere > propagare = mergulhar, enterrar, plantar) tem significado mais amplo, possui em seu teor a intenção de inserir na mente do receptor uma idéia, uma crença ou valor. Na visão de Kotler e Armstrong, propaganda se define como ”qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoal de idéias, bens ou serviços, com um patrocinador identificado” (2008: p.357). Sobre o exposto, citemos o trecho do trabalho da Prof.ª Nahara Makovics: “A distinção entre os termos “propaganda” e “publicidade” nos serviria como via de investigação de suas funções, razões e conseqüências no plano da história das sociedades humanas. O registro mais freqüente dos dicionários etimológicos para o termo “propaganda” cita a “Propaganda Fidei” da Igreja Católica como Congregação para a Propagação da Fé Cristã organizada no ano de 1622 pelo bispado romano. Outras acepções da dicionarização moderna não variam muito de conteúdo: ‘ação exercida sobre a opinião pública para conduzi-la a um determinado objetivo, comportamento, fim, etc.’; ‘ação de exaltar os méritos de uma teoria, doutrina, idéia, serviço, produto ou mercadoria’. Já o termo “publicidade” freqüenta comumente os dicionários com as acepções: “dar destaque público a determinado assunto, princípio, idéia.”; “a propriedade do que é público”; “o fato, a arte de exercer ação psicológica sobre a opinião pública com fim comercial”.” (MARANHÃO, 1988: 41 apud MAKOVICS, 2004: p.8) Com a evolução do rádio, a propaganda específica para este meio foi adquirindo características próprias. Mas vimos no decorrer de nossa pesquisa, que, 19 oficialmente, não existe a normatização de uma tipologia desses anúncios. Entretanto, podemos destacar algumas formas mais recorrentes: • Spot - fonograma utilizado como peça publicitária em rádio. Feito por uma locução simples ou mista (duas ou mais vozes). Com ou sem efeitos sonoros e música de fundo. O Spot é geralmente utilizado na publicidade quando há muita coisa a ser transmitida em uma só mensagem. • Jingle - utiliza principalmente a música como recurso para a fácil memorização da mensagem a ser transmitida pelo público-alvo (ou target). • Testemunhal - peça publicitária disfarçada de comentários realizada pelo apresentador do programa. Pode ir ao ar ao vivo e de maneira informal. Nesse tipo de publicidade, o apresentador joga com sua credibilidade e carisma diante dos ouvintes. • Teaser – peça de comunicação com informações incompletas, com o objetivo de gerar uma expectativa no cliente sobre o que está sendo anunciado. • Patrocínio - o pagamento em dinheiro em troca da divulgação ou propaganda de um estabelecimento ou produto no início, final e durante o programa. Os anúncios de rádio mais antigos de que temos registro partiam de frases bem humoradas sobre coisas do cotidiano... “Sente-se mal? Compre uma cadeira de balanço na Casa Bela Aurora e sente-se bem...” “Pilogênio é tão bom que faz crescer cabelos até em uma bola de bilhar.” (CASE, p.49 apud BALDO, 2004 p. 10) 20 ...E o primeiro jingle da história da propaganda de rádio no Brasil, um fado do compositor Antônio Nássara produzido para uma padaria carioca, ficou assim: “Oh, padeiro desta rua tenha sempre na lembrança. Não me traga outro pão Que não seja pão Bragança. Pão inimigo da fome. Fome inimiga do pão. Enquanto os dois se matam, A gente fica na mão. De noite, quando me deito E faço minha oração, Peço com todo respeito Que nunca me falte o pão”. (CASE, p. 50 apud BALDO, 2004 p.11) Na propaganda de rádio é muito recursivo o uso do “apelo” que segundo Kotler e Armstrong pode ter três abordagens: • Emocional - desperta emoções positivas (amor, humor) ou negativas (culpas, medos) para motivar a compra. • Racional - relacionado aos interesses/valores do público como qualidade, economia, etc.. • Moral - trazem à percepção o que é “certo” e “apropriado”, como apoiar soluções para o meio ambiente ou colaborar com causas sociais. Estes recursos visam a alcançar o perfil psicológico do consumidor. E segundos estes autores, pesquisas apontam que os apelos emocionais que tangem para o humor costumam agradar mais: 21 “Em um levantamento da RoperASW, os norte-americanos escolheram o humor como abordagem publicitária preferida, com 85% dizendo que gostavam de anúncios com temas divertidos.” (KOTLER & ARMSTRONG, 2008: p. 363) Voltando ao campo da tipologia dos anúncios, cabe ainda destacar as seguintes considerações no trabalho sobre os formatos da propaganda radiofônica do Professor Clóvis Reis (FURB), cujo conteúdo foi fundamental para a composição deste capítulo: “[...] A dificuldade para a realização de uma análise comparativa permite constatar que, em geral, os autores empregam diferentes elementos de identificação no estudo da propaganda radiofônica, razão pela qual não existe consenso em torno de uma tipologia dos anúncios que se emitem no rádio. Excluindo-se noções mais ou menos comuns de conceitos como os de spot e de patrocínio, há um desacordo entre a maioria dos estudiosos na descrição de outras modalidades de anúncio. De todos os modos, pode-se dizer que esta questão constitui um campo de estudo atual cuja importância aumenta com a realização de novas pesquisas, impulsionadas pelo avanço que protagonizam o rádio e a propaganda. Trata-se de um campo onde os conceitos e as definições ainda estão por se estabelecer, o que dá a dimensão da dificuldade que implica a proposta de uma tipologia dos relatos publicitários difundidos no rádio.” (p.68) Dados da pesquisa para a Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra (Espanha) 2004 do Prof. Clóvis Reis, nos revelaram a freqüência com que os tipos de anúncios mais usuais 22 aparecem na programação das rádios da cidade de São Paulo (em análise de 102 horas de programação feita no mês de abril de 2002). Sua pesquisa mostra especificidades a respeito dos principais objetivos dessas comunicações: “A análise dos dados da mostra selecionada para a pesquisa constatou que o spot é o formato de anúncio com maior número de inserções. Os spots somaram 44,9% das emissões. A seguir, vieram os promocionais (31,1%), o jingle (6,6%), o patrocínio (5,2%), o flash (4,2%), a prescrição (3%), a entrevista comercial (1,6%), as ações especiais de comunicação de marketing (1,2%), os microprogramas (1%) e os concursos (0,6%). O estudo verificou também que, na maioria dos casos, os anúncios têm a finalidade de criar imagem da marca (50% das inserções). O objetivo de dar a conhecer um produto se situou em segundo lugar (21% das emissões) e o fim de promover uma venda ficou em terceiro (17%).” (2004: p. 6) Concluímos a partir destas informações que o contorno dos anúncios de rádio cumpre funções e finalidades bem estabelecidas acordo com as necessidades do anunciante e do consumidor. Considera-se que a relação econômica e cultural da sociedade influencia diretamente o mercado publicitário e, de certa forma, ajuda a desenvolver mais produtos criativos que convençam o consumidor a comprar idéias, produtos ou serviços. O melhor de tudo isso é que a peça publicitária para o rádio acaba sempre ganhando mais conteúdo em relação à proposta inicial, pois depende de como se processa na cabeça do ouvinte, dando sempre margem ao elemento imaginativo, nunca se fechando em si. “Um antigo chavão, muito utilizado pelos profissionais da imagem afirma que: uma imagem vale mais que mil 23 palavras... O rádio é um veículo de comunicação que utiliza mil palavras para criar cada imagem na mente do ouvinte. Porém, a mente de quem ouve as mil palavras produz muito mais do que mil imagens. Isto acontece através da união de fatos vividos, experiência de vida, conhecimento, educação / cultura formal e não-formal, etc. que cada um tem contato ao longo da vida. Em 1938, quando Orson Welles assustou os EUA com sua transmissão de A guerra dos Mundos, qualquer dúvida quanto ao poder de penetração e de sensorialidade que se tinha em relação ao rádio, foi dizimada.” (BALDO, 2006: p. 2) 2.2 – Quem são os ouvintes e anunciantes do rádio? Segundo pesquisa do IBOPE4, realizada de janeiro a dezembro de 2007, o setor que mais anuncia no rádio é o de comércio e varejo, que detém 21% dos investimentos totais do meio. Do total investido no Brasil, a cidade de São Paulo é responsável por 60% de participação. As emissoras FM representam 56% deste investimento e as emissoras AM, 44% do total designado a esta praça. Dados do Target Group Index mostram que atualmente o rádio é ouvido por 79% dos brasileiros, o equivalente a mais de 49 milhões de ouvintes, e dentre o tipo de música preferida está à sertaneja, seguida pela MPB. Ainda segundo a pesquisa, o rádio é a mídia mais acessível à população e atinge quase que igualmente a todos os públicos, independente do grau de escolaridade. Veja no anexo 1, página 46 o quadro com os números apresentados pelo referido estudo. Levando-se em conta o caráter democrático do rádio, buscamos dados que pudessem analisar não apenas o alcance, mas também a confiabilidade 4 WWW.ibope.com.br/sintonize 24 dessa mídia em relação à publicidade e à propaganda, assuntos correlatos a este trabalho. Em pesquisa da AC Nielsen, feita no ano de 2007, concluiu-se que o público em geral confia nos anúncios de rádio. Aliás, os modos tradicionais de anúncio, tipo opinião de outros consumidores e jornais impressos, tiveram os melhores índices de confiabilidade 78% e 63% respectivamente. O rádio, sétimo na pesquisa, ficou com 54%. Os menos confiáveis foram os anúncios em navegadores (34%), anúncios na internet 5 (26%) e mensagens enviadas a celulares (18%) . Encontramos ainda dados importantes sobre a confiabilidade do rádio, em pesquisa da Standard Ogilvy & Mather, cujo estudo, realizado nas sete principais capitais do país, buscava mostrar em quem os brasileiros mais confiam. Ao final da pesquisa a instituição mais votada foi a família (76%), seguida dos correios (64%), da ciência / tecnologia (59%) e da igreja (57%). Em posição intermediária, ficaram o exército (42%), o rádio (41%) e a publicidade (40%). As últimas posições ficaram com a polícia (14%), o senado (7%) e os partidos políticos (5%). 6 E quais são as empresas que anunciam no rádio? Segundo pesquisa da CROWLEY BROADCAST ANALYSIS DO BRASIL para o GPR (Grupo de Profissionais do Rádio) nas emissoras do Rio de Janeiro (período: 26/12/2009 - 01/01/2010 – 07h às 19h de segunda à sexta), que “ranqueou” os 20 principais anunciantes por número de inserções na programação, veja o quadro no anexo 2 página 47. No esforço para aumentar a interação com o ouvinte e manter o espaço no mercado, observamos a preocupação dos profissionais de rádio com a credibilidade e com a qualidade da programação das emissoras. Rubens Campos diretor de mercado do Sistema Globo de Rádio, referindo-se à CBN, disse em entrevista à Revista Propaganda em julho de 2001 (apud NERLING, 2001): “Nós procuramos ter sempre os melhores jornalistas, os melhores repórteres, tudo para criar uma relação de companheirismo com nossos 5 www.acnielsen.com.br Cadernos Umas e Outras – MENSAGEIRO LUTERANO de Outubro/97 – N.º 10 – Ano 80 Ed. Concórdia Ltda. – Porto Alegre – RS 6 25 ouvintes, que são nosso maior ativo”. Esse investimento em qualidade e confiança traz também retorno quantitativo: diversas pesquisas apontam para números surpreendentes de horários em que o rádio supera a audiência da televisão. Pesquisa do DATAFOLHA revelou que o público de rádio suplanta o da televisão entre as 5h e às18h na grande São Paulo. Durante este período de tempo, o rádio concentra uma média de 1,5 milhão de ouvintes por minuto na região, enquanto a TV reúne um público de 700 mil pessoas. Entre as 9h e às l2h, as rádios da grande São Paulo atingem, em média, 2,5 milhões de pessoas por minuto. A televisão registra uma média de 580 mil telespectadores/minuto. No Rio Grande do Sul, o IBOPE, em estudo realizado nos 10 municípios da Grande Porto Alegre, no mês de fevereiro de 1998, mostrou que quase 82%, (mais de 1 milhão e 700 mil entrevistados) de dois milhões e 86 mil pessoas, têm contato com o rádio no decorrer do dia. O alcance do rádio e a fidelidade de seu público são mesmo impressionantes, isto se deve também à vantagem de o rádio permitir a execução de outras atividades enquanto o escutamos. 2.3 - Perda de espaço no mercado publicitário. Mas nem com todas as boas perspectivas o rádio conseguiu conter o avanço das outras mídias na briga pelo mercado de publicidade. Seus bons números de audiência e credibilidade contrastam com os cenários de seguidas baixas percentuais que o acompanham desde a popularização da televisão. Esta chamou para si os grandes anunciantes, fazendo com que o potencial do rádio fosse mal aproveitado. Em decorrência disso temos resultados decrescentes de participação na sua “fatia” mercadológica se repetindo ano a ano. Se compararmos o poder de penetração do rádio com o da televisão veremos que são equivalentes - de 96 a 98% - conforme dados da pesquisa Painel do IBOPE. Esses dados comprovam que o meio está longe do 26 esgotamento, mas que o desperdício dessa capacidade segue acontecendo. A conseqüência mais visível disso é que os números relativos a investimentos publicitários para o rádio acabam ficando sempre aquém se comparados aos de outros meios. Fica a pergunta: por que o rádio é tratado como o “primo pobre” dos meios de comunicação? “Se fizermos uma análise dos investimentos dos últimos 04 anos do relatório da AC Nielsen, verificaremos que os grandes anunciantes não têm investido em rádio. O meio é sempre deixado para segundo plano nas estratégias de mídia. Esta característica de mídia secundária para a maioria das campanhas publicitárias levou o mercado ao desconhecimento da força de atuação do rádio” (Yoshihara, 1994 apud DOTTO, 1998: p.10). Se acompanharmos a trajetória do rádio, seguiremos uma linha de tempo que conheceu o apogeu na década de 1940, com muitas empresas chegando ao mercado brasileiro e diversas agências de publicidade produzindo peças de propaganda. O público não resistia às rádionovelas, que encantavam milhares de pessoas e os programas de auditório eram febre nacional. Nos anos 1960, porém, essa popularidade começou a ser abalada com a chegada da televisão. O professor Clóvis Reis nos sugere uma temporização bastante plausível: “...se pode dividir a história da publicidade radiofônica no Brasil nos seguintes períodos: a) a descoberta dos formatos de anúncio - de 1922 a 1930; b) a expansão e consolidação dos investimentos - de 1930 a 1960; c) as mudanças ante a presença da televisão - de 1960 a 1980; d) a transição para um novo modelo de mercado a partir de 1980. Estas etapas e suas transformações estão vinculadas a aspectos tecnológicos, jurídicos e 27 econômicos que protagonizam o rádio, a publicidade e o próprio país.(REIS, C. 2004 p.25)” De fato, a televisão foi avançando no mercado e tornando-se líder de investimentos em mídia. A tabela que descreve bem esse aumento percentual em comparação aos outros meios de comunicação, pode ser vista no anexo 4, pág. 49. Diante dos números apresentados, temos idéia de quanto o rádio foi perdendo participação, principalmente para a TV : “Quanto ao investimento publicitário, à queda iniciada nas décadas de 60 e 70 se manteve durante os anos 80 e o rádio entrou na década de 90 com apenas 4,8% de participação no mercado. A televisão, por sua parte, consolidou a sua liderança. No começo dos anos 90, o meio tinha uma quota de 57,3% na distribuição da publicidade. Seguiam-lhe os jornais (25,6%) e as revistas (9,6%). (MEIO & MENSAGEM, 2001, p. 12 – apud REIS, 2004: p.11)” Buscando manter-se na briga e recuperar o espaço perdido, o rádio busca se renovar para não sucumbir aos novos tempos. Ele se insere na internet, nos celulares, testando novos modelos, melhorando a qualidade de transmissão, mantendo a relação com o ouvinte mais próxima e trazendo para o anunciante a comprovação da sua própria capacidade de se reinventar. “Hoje em dia estamos perante a integração do rádio num sistema expressivo diferente: o hipermídia, determinado pelo processo de convergência tecnológica. Até pouco tempo, cada meio e cada suporte centrava-se em uns conteúdos específicos com suas correspondentes linguagens. Agora a tendência são as sinergias, intercâmbios e combinações dos conteúdos de uns meios com outros”, conforme observa a Prof.ª Esmeralda Villegas Uribe da Universidade Autônoma 28 de Bucaramanga, Colômbia, em artigo da UNIrevista - Vol. 1, n° 3 : (julho 2006). A visão acima, que contempla a dialética, a sinergia e a convergência, conceitos presentes na atual visão do mercado, define a nova situação das mídias, inclusive a do rádio. Podemos até repensar o que vemos hoje como perda de espaço, pois em uma visão sistêmica este evento pode significar apenas o processo de surgimento e amadurecimento de outro modelo, em que os conteúdos se combinam para a construção de uma rede entre os meios de comunicação. 29 CAPÍTULO III O RÁDIO COMO FERRAMENTA DE MARKETING. Aqui entenderemos melhor a afinidade entre rádio e marketing procurando mensurar o alcance dessa relação no mercado publicitário, e quais as estratégias do meio para atrair ouvintes e anunciantes. Mostraremos também a função social do rádio, que transcende o pensamento mais raso da subserviência ao interesse de mercado, promovendo a cidadania e mantendo comunidades mais distantes informadas do mundo ao seu redor. 3.1 – Rádio e marketing. Antes de nos aprofundarmos nessa relação, veremos que há várias tentativas de se estabelecerem conceituações para a palavra marketing e entre as muitas definições técnicas ou mesmo tentativas de tradução para o português estão os termos “mercadologia” (RICHERS, 1986) e "mercância" (GRACIOSO,1971)7. Usualmente, encontramos marketing com acepção não só de "comercialização", mas também “realização”. O que sabemos entretanto é que o marketing engloba todo um conjunto de atividades de planejamento, concepção e concretização, que visam a satisfação das necessidades dos clientes, presentes e futuras, através de produtos e serviços existentes ou novos. Tendo como função precípua identificar as necessidades e através delas criar as oportunidades. Segundo Kotler a definição mais simples para marketing é “administrar relacionamentos lucrativos com o cliente”. O que nos leva a concluir que o conceito de marketing vai mesmo além da “venda” propriamente dita, pois avalia como todo o processo de produção, escolha e compra de um produto se 30 dá e funciona, e através dessa avaliação identifica o público-alvo e as estratégias que serão usadas para a promoção do produto, escolhendo os meios de maior alcance ao público consumidor. Dentro dos planos de marketing de qualquer empresa há o “mix de promoção” – também chamado “mix de promoção de marketing”- que combina propaganda, promoção, marketing direto e qualquer forma de comunicação persuasiva de valor para o cliente, assim como as ferramentas que serão usadas para este fim. Nos últimos anos, temos visto os grandes anunciantes, em seus “mixes de marketing”, preferirem a televisão ao rádio para anunciarem seus produtos, mas já existem projetos no sentido de trazê-los de volta para o meio radiofônico fazendo com que voltem a pensar nesse modo de divulgação: “Se soubermos passar o lado positivo do rádio para anunciantes e agências, o meio com certeza dará um salto qualitativo no mercado publicitário, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos”, segundo Osmar Albuquerque, Gerente de Desenvolvimento Corporativo do Sistema Globo de Rádio. Osmar lembra ainda que, conforme pesquisa da Geraldo Leite Arquitetura de Mídia, o rádio já aparece espontaneamente quando os anunciantes de Rio de Janeiro e São Paulo são questionados sobre os dez melhores veículos, quanto à qualidade de atendimento e relacionamento com o mercado (dados de dezembro de 1998). “Há rádios e rádios. O mercado precisa ser educado para distinguilos”, completa Osmar Albuquerque. (NERLING, 2001 p.11-12) 7 Fonte: WWW.wikipédia.com.br 31 A simples observação dos ouvintes confirma vários dos aspectos favoráveis, afetos à publicidade no rádio, levantados até agora. Cada vez mais esta clientela (o ouvinte) exige profissionalismo, respeito, seriedade e qualidade dos meios de comunicação com os quais têm contato. Esses valores, uma vez cristalizados na mente do consumidor em relação ao meio de comunicação, acabam por estender-se ao produto anunciado, tendo como obra final a venda, que é o principal objetivo da propaganda dentro do “mix de marketing”. 3.1.1 – As 15 razões sem contestação. No site do radialista (www.sitedoradialista.com.br) encontramos um artigo, assinado pelo Sr. Marcel Leal da Rádio Morena FM de Itabuna – BA, em defesa da volta dos grandes anunciantes ao rádio. No artigo, o profissional de comunicação expõe as “15 razões sem contestação” pelas quais se deve anunciar no rádio: 1 - O rádio está junto ao consumidor na hora da compra. Segundo pesquisa Marplan, o rádio é o veículo que está junto a 93% dos consumidores na hora que antecede a compra. Ou seja, não importa o que ele viu na tevê na noite anterior porque quem decide a compra é o rádio, o comercial que ele ouviu antes de ir para o comércio. 2 - As pessoas passam mais tempo ouvindo o rádio. Para convencer o consumidor seu comercial tem que ser ouvido por ele várias vezes ao dia e o rádio é o veículo que ele mais ouve, em média por 3:45 horas, com diversos casos acima de quatro horas diárias. Some a isto que as pessoas absorvem o que ouvem (palavras) com mais facilidade do que o que vêem (imagens), principalmente se a sua mensagem estiver em forma de jingle. 3 - O rádio é imbatível durante o horário comercial. O rádio tem o triplo da audiência da televisão durante a manhã e mais do dobro durante a tarde. E mais: no horário nobre da tv (19 às 22 horas), o rádio atinge mais pessoas do 32 que a tv durante o dia. Note que o rádio é imbatível justamente no horário em que as empresas e o comércio estão abertos, fazendo dele mídia obrigatória para quem quer efetuar uma venda. A tv só tem boa audiência à noite, quando o comércio está fechado e o cliente, em casa. 4 - O consumidor passa 17% mais tempo com o rádio que a TV (e na hora certa). Pesquisa do Ibope confirma que as pessoas que fazem compras passam 17% mais tempo ouvindo o rádio que vendo a televisão, o que dá ao seu comercial 17% mais chance de ser absorvido que o comercial da tv. E no rádio o consumidor não precisa estar olhando para o aparelho para ser atingido pela propaganda - ele pode estar na cozinha fazendo uma boquinha como é costume dos televisivos, e mesmo assim sua mensagem vai atingi-lo. 5 - O rádio atinge os consumidores dos principais ramos de atividade com mais eficiência. Segundo pesquisa do Ibope, o rádio atinge a quase totalidade dos consumidores dos principais ramos de atividade em 15 dias. Observe na tabela abaixo o alcance do rádio e o perfil de consumidor encontrado pelo Ibope em cada ramo: 93% dos consumidores de refrigerante tipo cola foram atingidos pelo rádio nos últimos 15 dias (as classes ABC são 71%) 91% dos consumidores de outros refrigerantes (as classes ABC são 74% do total, com idade entre 15 e 24 anos) 91% de cerveja (predomínio de homens, entre 25 e 45 anos, sendo as classes ABC 76% do total) 88% de vinho (53% são mulheres e 47% homens, entre 35 e 45 anos, com as classes ABC sendo 65% do total) 97% de móveis (58% mulheres e 42% homens, entre 25 e 39 anos, com as classes ABC sendo 72% do total) 33 90% viagens nacionais (56% mulheres e 44% homens, entre 20 e 40 anos, sendo as classes ABC 81% do total) 94% lanchonete (54% de homens e 46% mulheres, entre 15 e 39 anos, com as classes ABC sendo 76% do total) 94% restaurante (55% homens e 45% mulheres, entre 25 e 45 anos, sendo as classes ABC 78% do total) 93% autopeças (75% de homens e 25% mulheres, entre 25 e 39 anos, sendo as classes ABC 86% do total) 99% motoristas que passam mais de 10 horas/dia no volante (78% homens e 22% mulheres, com idade entre 25 e 39 anos, sendo que as classes ABC respondem por 96% do total) 6 - O rádio chega aonde à TV não vai. O rádio é o único veículo que atinge o consumidor em qualquer lugar: começando o dia com o rádio-relógio, sendo companhia no café da manhã, no ônibus e no carro a caminho do trabalho, no restaurante na hora do almoço, na lanchonete à tarde, nas lojas do comércio, no happy hour do barzinho, à noite no encontro com os amigos, na madrugada boêmia, na praia e na fazenda, no cooper e na bicicleta com o walkman (possuído por 51% da população), ao lado enquanto surfa na Internet. Enfim, o rádio é o único veículo que tem um público exclusivo, enorme e pronto para receber sua mensagem. 7 - O rádio está em 99% das casas, contra 75% da TV. Nem todo mundo assiste tv, mas praticamente todo mundo ouve rádio todos os dias. Além desta vantagem nas casas, o rádio está em 83% dos carros contra 1% da tv, e mais da metade da população acorda com o rádio-relógio. 8 - O rádio atinge o consumidor que tem antena parabólica. Quem tem antena parabólica assiste seu canal preferido direto da rede sem ver os comerciais da emissora local. Só entre Itabuna e Ilhéus (BA) existem mais de 45.000 antenas parabólicas, o que significa um público potencial de 220.000 pessoas que não vêem os comerciais locais (quantidade igual à da população 34 de uma das cidades!). Some a isto a concorrência das vídeo-locadoras e o "efeito zapping" (detectado através de estudos, ele provou que a maioria das pessoas muda de canal durante os comerciais por causa da facilidade do controle remoto). Anunciar na tv local tem muito menos resultados porque quase metade dos consumidores não vê o comercial local. Em compensação você pode atingi-los através do rádio FM, ouvido por 99% dos donos de parabólica. Você ainda ganha o bônus de atingir o consumidor de vídeo no carro, na ida e na volta da locadora. 9 - O horário nobre do rádio dura 13 horas, o da TV só três. O rádio é imbatível das 6 horas da manhã até às 19 horas, mantendo um "horário nobre" de 13 horas contra o pequeno horário nobre da tv, situado entre 19 horas e 22 horas. É quatro vezes mais eficiência a favor do rádio, uma das razões do grande crescimento do veículo nos últimos anos. E com um custo 15 vezes menor. 10 - Só o rádio acompanha o consumidor no verão. No verão as pessoas tendem a sair mais de casa durante a noite, o que esvazia o horário nobre da tv e aumenta bastante a audiência do rádio neste horário. Só ele pode ir com o consumidor para os bares, as praças, a beira da praia e os calçadões. É um veículo especializado em acompanhar o consumidor aonde ele for marcando presença nos melhores momentos da vida do seu cliente. 11 - O rádio é o veículo de maior credibilidade. Todos os anos são realizadas pesquisas para aferir a credibilidade dos vários setores da sociedade junto ao público e todos os anos o rádio brilha. Ele é o segundo em credibilidade, logo atrás da Igreja Católica, 7 posições acima dos jornais e 17 posições acima da televisão. Ou seja: as pessoas acreditam muito mais no que é veiculado no rádio do que nos telejornais e isto se reflete também na credibilidade de sua propaganda, aceita com mais facilidade. 12 - Uma produção de alto nível no rádio custa 95% menos. Você pode usar dez helicópteros, vinte carros de Fórmula Um, uma fábrica inteira e milhares de pessoas em um comercial de rádio gastando quase nada e em 35 prazo recorde. Isto porque o rádio usa a imaginação do consumidor ao invés de usar o seu bolso. Tente fazer a mesma cena na televisão e ela se transforma em uma superprodução de alguns milhares de dólares e meses de filmagem (se o tempo permitir). Além disso, quando você mostra uma "bela mulher" na tv, ela pode ou não agradar o consumidor. Mas se você diz a ele, no rádio, que ali está uma "bela mulher", ele imagina a mulher de seus sonhos. 13 - Seu comercial de rádio pode mudar em menos de uma hora. Na tv... Um bom comercial de rádio pode ser produzido e estar no ar em menos de uma hora, enquanto o de tv requer mais de um dia e a boa vontade da emissora. Não é à toa que vemos tantos comerciais "de natal" sendo veiculados na tv após 25 de dezembro, coisa que não acontece no rádio porque nele o comercial já mudou na madrugada do dia 26. No rádio sua loja pode fazer uma promoção diferente por dia ou até por hora. Na tv, isto é impossível. 14 - Anunciar no rádio custa 15 vezes menos. Parece incrível que um veículo tão superior ainda por cima seja mais barato, mas é verdade. O rádio não só é mais barato que a tv - ele custa quinze vezes menos que a televisão. Com o dinheiro que você gasta anunciando uma semana na tv seu comercial pode passar quinze semanas no rádio atingindo muito mais pessoas com mais eficiência, e isto durante o horário comercial. E ainda chega aos milhares de consumidores que estão em lugares que a tv não alcança. 15 - O rádio é o único que dá certeza da veiculação. Desde abril de 2000 o rádio é o único veículo que pode dar certeza absoluta de que seus comerciais foram mesmo veiculados, através do Radio Control. É um sistema de auditagem de comerciais que monitora as emissoras 24 horas por dia, enviando uma mensagem via internet cada vez que o comercial é veiculado inteiramente. O cliente pode conferir o que foi veiculado na própria internet usando uma senha e um browser normal, isto de qualquer lugar do mundo e a qualquer hora. Totalmente inviolável, o Radio Control é ainda auditado pela Arthur Andersen. 36 Fonte: www.sitedoradialista.com.br As “razões” expostas pelo profissional que assina este artigo, de certa forma, reafirmam as vantagens do rádio em termos publicitários. O alcance do meio, o custo da produção, a facilidade de dirigir o foco da peça publicitária para um público específico, tornam o rádio um atraente espaço para veiculação de propaganda. A reestruturação do rádio, que vemos acompanhando nos últimos tempos, de certa forma foi definida pela necessidade de adequação ao mercado atual, mais interativo, forçando o meio a buscar novos caminhos de representação, nova linguagem, novas relações de uso, interagindo com o ouvinte, transmitindo a ele novas experiências textuais e narrativas. 3.2 – Reposicionamento: estratégia para superar os tempos difíceis. Analisamos dois cases de emissoras paulistas a Rádio Bandeirantes AM e a Rádio Antena 1 - ambos disponíveis na íntegra nos anexos 5 e 6 (pags. 50 e 64) ao final deste trabalho e no site www.iatec.ufrj.br – que retratam bem as mudanças de posicionamento tomadas pelas emissoras, como forma de enfrentarem as dificuldades de mercado e trazerem de volta ouvintes e anunciantes. Em ambos foram diagnosticados os problemas e a partir desse levantamento, um conjunto estratégias foi implantado para resolvê-los. Vejamos: 3.2.1 - Rádio Bandeirantes AM – SP Para sanar os problemas levantados em reuniões do Conselho Editorial, que sugeriu a criação de mecanismos para fiscalizar, sugerir mudanças e 37 correções na programação, foi desenvolvido um canal de diálogo com os ouvintes. Nele destacava-se a figura do ombudsman: “Os resultados dos primeiros seis meses de atuação — de setembro de 1996 a fevereiro de 1997 —, o ombudsman da Rádio Bandeirantes AM obteve alguns bons resultados diretamente ligados ao produto final e às queixas mais freqüentes dos ouvintes: a) correção de linguagem incorreta, por hábito, vício ou erro; b) melhora na edição de matérias e na formatação de programas, eliminando a repetição de matérias em horários próximos e programas diferentes; c) cobertura mais ampla do trânsito da cidade de São Paulo, com informações sobre regiões outrora negligenciadas; d) mudanças na postura dos âncoras; e) confiança do ouvinte na instituição criada em sua defesa e criação do hábito da manifestação, em ascendência, expresso nos números dos meses de janeiro e fevereiro.” “O caso da Rádio Bandeirantes AM demonstra bem a teoria defendida por Al Ries e Jack Trout segundo a qual a qualidade é uma peça básica da estratégia e raramente um fator de diferenciação. "A estratégia competitiva tem a ver com ser diferente", explica Michael Porter. E diferente não somente em relação à percepção do consumidor, mas também quanto às atividades da empresa em relação à concorrência. Com sua percepção de mercado e seu diferencial exclusivo, o caso da Rádio Bandeirantes constitui um exemplo de grande relevância, um verdadeiro paradigma no altamente competitivo.” 3.2.2 - Rádio Antena I FM – São Paulo. “Ao lançar mão dos recursos tecnológicos, enviando sua programação via satélite, a Antena l enfatizou sua linha estratégica em que a programação segmentada é a grande responsável pela conquista de novos ouvintes. 38 Num momento em que o rádio vinha perdendo participação no bolo publicitário brasileiro, a Antena l, na contramão dessa tendência, adotou como modelo uma programação personalizada e investiu em tecnologia digital e na sofisticação das transmissões em rede via satélite, dando um salto de qualificação de público e performance comercial.” A emissora procurou entender o cenário no qual estava inserida e o que poderia fazer para melhorá-lo, para isso, realizou a análise SWOT, ver tabela no aneo 00, página 00. “Com o surgimento das primeiras emissoras com atuação em rede, o rádio procurou reverter sua situação de desvantagem diante da TV. Desde seu ingresso no mercado, a Antena l sempre buscou destacar-se de seus concorrentes com diferenciais competitivos. A aposta na tecnologia digital foi a mola propulsora para o que futuramente se consolidaria como uma opção de sucesso. O primeiro passo da emissora foi alugar um canal de satélite em 1992, solução que viabilizou custos e investimentos em novos talentos. Começou aí a grande inovação da Antena l na transmissão de sua programação em rede para todo o Brasil.” Fonte: www.iatec.ufrj.br Como nos mostram os dois cases , o trabalho de mudança das emissoras de rádio teve como ponto de partida o reposicionamento. Ora, nada mais óbvio que começar de si mesmo as transformações, reestudando suas proposições face ao mercado. Esta tem sido a principal estratégia do rádio para recriar seu espaço no novo modelo de mercadológico e expandir suas plataformas. Podemos observar que até a internet e a telefonia celular antes vistas como “vilãs” das mídias mais tradicionais, acabaram beneficiando o rádio em vários aspectos - argumento confirmado pelo artigo abaixo transcrito, assinado por Fernando Morgado – isto porque: • Trouxeram de volta muitos ouvintes jovens que haviam perdido o hábito de usar aparelhos de rádio; 39 • Ilimitaram o espaço para empresas ou mesmo pessoas comuns lançarem novas estações, transformando a Internet num campo livre para o surgimento de novas músicas, locutores, programas e marcas que podem até, no futuro, ganhar espaço nos dials; • Permitiram que os ouvintes de rádios com baixa qualidade de sinal pudessem ouvir um som mais limpo através dos seus computadores; • Reforçaram a interação que sempre existiu entre o locutor/comunicador e o seu público, que passou — através de email, de salas de bate-papo e de redes sociais — a interferir instantaneamente na programação; • Fizeram estações locais do mundo todo ganharem uma audiência mundial, ampliando o potencial de internacionalização que o rádio sempre teve e que é o objeto principal da paixão de pessoas como os dexistas — aqueles que, através dos seus aparelhos receptores, procuram ouvir programações dos lugares mais distantes. A telefonia móvel — cujas ondas prejudicam, especialmente nas grandes metrópoles, a transmissão das ondas de rádio — também acabou ajudando as rádios em FM, pois, hoje em dia, praticamente todos os celulares recebem essas estações. Fonte: artigo de Fernando Morgado - http://televisionado.wordpress.com O caráter criativo é a força motriz do rádio e certamente o fará sobreviver a quantas novas tecnologias surgirem. No exemplo acima isso fica muito claro: a internet e os celulares hoje o propagam mais do que concorrem com ele, visão também já percebida pelo mercado. Todo esse esforço do rádio, entretando, não visa só ao retorno financeiro - primordial a qualquer negócio - considera também a interação que o rádio oferece, levando aos lugares mais distantes entretenimento e informação, diminuindo as distâncias e cumprindo uma função que vai além da comercial, a função social. 40 3.3 – A função social do rádio. “Quando se fala em função social do rádio, é obrigatória a menção a programas de cunho educativo e de serviço [...]. Principalmente no que diz respeito a uma programação voltada ao fortalecimento da cidadania. Instruir e educar são objetivos, em todo o país, que colidem frontalmente com a comercialização e a conseqüente banalização dos conteúdos radiofônicos de hoje.” (TABORDA, Aldrin Willy Mesquita. 20068) Possibilitando fácil acesso à informação, seja de jornalismo, seja de elementos culturais, a função social do rádio vai se cumprindo na promoção de debates, divulgação de reportagens, enquetes com os ouvintes, ouvindo autoridades, levando os assuntos abordados a ganhar as ruas, trazendo aos ouvintes o questionamento enquanto cidadãos, promovendo mudanças não só nas comunidades distantes, mas também nas grandes metrópoles. Conforme o excerto supracitado faz referência, essa função do rádio transcende e até em alguns casos colide com o interesse comercial, entretanto é de importância essencial, não só nesse, mas em todos os meios de comunicação. Temos o exemplo da iniciativa da Rádio Jovem Pan FM São Paulo, que tem como compromisso a manutenção de monumentos históricos. Em 2000 a rádio fez uma campanha para que a população paulistana escolhesse um monumento que deveria ser restaurado. Depois da escolha, a obra foi restaurada e a Rádio assumiu o compromisso de, durante um ano, ser responsável pelo monumento. Outras iniciativas nesse sentido podem ser encontradas em diversos outros lugares do país, promovendo a cidadania e buscando despertar a 8 Fonte: Observatório da Imprensa. 41 criticidade do cidadão, ajudando na garantia dos seus direitos e também em sua relação com a comunidade. Um projeto pioneiro do interior de São Paulo Projeto Rádio-Escola, de Vargem Paulista - leva o rádio às escolas, trazendo a contribuição do meio para o processo de ensino-aprendizagem e levando aos alunos à “sociabilização participativa” onde são fortalecidas as relações das crianças com seu ambiente sócio-cultural, levando-as à reflexão e à inclusão por meio de ações comunitárias e da conscientização do mundo ao seu redor. O que faz uma rádio ser cidadã é a capacidade de mobilizar, de se envolver com o cotidiano da comunidade, de ajudar a promover mudanças. Em nosso país, dezenas de coisas podem ser feitas a partir da rádio: luta por mais vagas nas escolas, por um bom serviço de saúde, combate à discriminação racial, construção de casas em regime de mutirão, incentivo à plantação de árvores em praças públicas, localização de pessoas desaparecidas, distribuição de cadeiras de rodas para portadores de necessidades especiais, defesa do patrimônio público etc. (Fonte: www.radioevangelizacion.org) Outros exemplos da utilidade pública do rádio são os serviços de “repórter aéreo” e “previsão do tempo”, já tão incorporados ao nosso dia-a-dia, e contam com a participação de diversos anunciantes, bem como a figura dos patrocinadores, que reconhecendo a audiência desses serviços, inserem suas mensagens comerciais nos programas para atingir o público que busca esse tipo de informação. Encontros, amizades, entretenimento... O rádio aproxima as pessoas nos lugares mais distantes. Em algumas cidades, onde nem mesmo o sinal de televisão consegue chegar, ele está, importante companheiro de todas as horas. 42 3.4 – O rádio digital e o novo modelo de mercado. Hoje, com a utilização de várias faixas e formatos de radiodifusão, o Brasil vai definir sua entrada em mais uma era da história do rádio: o radio digital. O padrão de rádio digital em nosso país poderá ser definido ainda esse ano (2010), com a escolha do sistema norte-americano IBOC para as nossas transmissões. Atualmente 12 emissoras brasileiras transmitem de forma experimental em sistema IBOC de rádio digital, são elas: Sistema Globo de Rádio, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Eldorado para São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Na radiodifusão tradicional (rádios AM e FM) a informação é transmitida na forma de sinais analógicos. Com o rádio digital os sinais de áudio são digitalizados antes de serem transmitidos, o que torna possível obter uma melhor qualidade de som e aumentar o número de estações. As rádios AM passariam a ter uma qualidade de som semelhante às rádios FM e as FM uma qualidade semelhante aos CDs. Esse é apenas mais um passo no sentido da remodelação do meio par adequar-se ao novo mercado. O sinal digital traz mais versatilidade para as transmissões radiofônicas tradicionais ao transformar o rádio em um meio multimídia, assim como a televisão ou a internet. No futuro o rádio será capaz de enviar textos e imagens para os aparelhos receptores. Dessa forma, enquanto o narrador de um programa fala sobre um acontecimento, os ouvintes poderão ver fotografias tiradas no local, enquanto o leitor do aparelho mostra um texto com a previsão do tempo, por exemplo. Encontramos no trabalho do professor Guilherme Bastos Nobre (Mackenzie – SP), o seguinte texto, acerca de como será o contato do ouvinte com a nova tecnologia: “Para o ouvinte, cujo principal objetivo das emissoras de rádio é de atendê-lo e satisfazê-lo nas suas necessidades; haverá uma sensível melhora na qualidade sonora e na ausência de interferências na recepção, principalmente nas 43 emissoras de AM. A interatividade ouvinte/emissoras far-seá presente de uma maneira muito mais intensa que nos dias atuais – efetuará compras, músicas, darão opiniões, etc.” (2007, p.06) A nova tecnologia que chega ao rádio traz para nosso estudo a reflexão sobre o novo cenário da comunicação de marketing nos meios de comunicação. Sobre este aspecto, Kotler aponta dois fatores que estão mudando a forma como se faz marketing hoje e que serão decisivos para o futuro do mercado: “Em primeiro lugar à medida que os mercados se fragmentam as empresas se afastam do marketing de massa. Cada vez mais elas estão desenvolvendo programas de marketing focados que são elaborados para construir relacionamentos mais próximos com clientes em micro mercados definidos mais estritamente. Em segundo lugar o enorme aperfeiçoamento da tecnologia da informação está acelerando o movimento em direção ao marketing segmentado. Com as novas tecnologias da informação existentes hoje, os profissionais de marketing podem acumular informações detalhadas sobre os clientes e monitorar de perto as necessidades deles.” (KOTLER, 2007 – p.358) Kotler ressalta ainda, que os profissionais de marketing devem pensar em novas e inesperadas maneiras de falar ao cliente, pois será cada vez mais interativa e focada a comunicação de marketing de agora em diante e mesmo que o novo modelo dos meios de comunicação de massa (neste trabalho falamos do rádio, mas as mudanças devem atingir a televisão, os jornais, etc.) demore um pouco a superar o que conhecemos atualmente, essa mudança já está se dando de maneira gradual e irreversível. 44 CONCLUSÃO A relação entre marketing e rádio, ainda que longe do que já foi no período anterior ao surgimento da TV - seja pelas mudanças em relação aos ouvintes, seja pela evolução das tecnologias - continua próxima e cada vez mais necessária ao modelo atual de mercado em que temos notado um paralelismo entre as evoluções do conceito de publicidade, do conceito de mercado, do modo de comunicar e das tecnologias de comunicação. No caso específico do rádio, a publicidade influenciou e certamente ainda influencia de forma direta as relações humanas e de consumo, sobretudo as interações empresa – produto – público. O dinamismo das comunicações atuais reforçam o intercâmbio do público com o meio, no sentido de provocar o feedback, permitindo aos comunicadores e profissionais de marketing uma melhor avaliação do ouvinte (cliente). Com o avanço da tecnologia, um novo horizonte se apresenta a esta mídia, como vimos em nosso trabalho, e isso nos levou a concluir que em breve assistiremos a uma reviravolta do rádio, onde seus conceitos já conhecidos, tais como: flexibilidade temporal, facilidade de acesso, abrangência e baixo custo de produção, serão grandes trunfos na captação dos novos clientes, foco principal dos profissionais de propaganda, dentro do processo de desenvolvimento e adaptação aos novos modelos publicitários oferecendo ao ouvinte propostas criativas e interessantes. A favor do rádio contam ainda a proximidade com o público ouvinte, a maneira particular de transmitir mensagens publicitárias, a inegável utilidade pública, o caráter interativo, o alcance a vários tipos de público (de diversas camadas sociais)... Sem esquecer que nas grandes metrópoles as pessoas passam horas presas no trânsito, e nesse momento o rádio torna-se grande companheiro de viagem, ajudando a diminuir o estresse da vida cotidiana, levando ao rádio-escuta um pouco de música e informação. 45 Certamente, esses fatores não chegam a contemplar todo o potencial do rádio, mas são exatamente essas inúmeras qualidades que farão com que o rádio sobreviva por muitos anos. Ao marketing cabe aproveitar o muito que ainda pode explorar dessa ferramenta de comunicação com o cliente. Nosso argumento encontra reforço com o surgimento de novas técnicas desenvolvidas para a radiodifusão, que devem trazer ao rádio mais modernidade, interação e inovação. Para o meio inicia-se uma nova era, pela qual estávamos aguardando, e ao que parece está bem próxima. . 46 ANEXOS Anexo 1 >> Quadro Pesquisa IBOPE. Anexo 2 >> Pesquisa IBOPE para GPR Anexo 3>> Análise SWOT – Rádio Antena I FM (SP) Anexo 4>> Distribuição dos investimentos publicitários realizados em mídia de 1950 a 1990 Anexo 5>> Case: Antena I FM Anexo 6>> Case: Bandeirantes AM 47 ANEXO 1 Quadro Pesquisa IBOPE 48 ANEXO 2 Pesquisa IBOPE para o GPR RANK 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ANUNCIANTE SUPERMERCADO PREZUNIC SUPERMERCADO GUANABARA CASAS BAHIA SULAMÉRICA SEGUROS BANCO BRADESCO DM FARMACÊUTICA BANCO DO BRASIL MC DONALDS GOV. DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO BANCO ITAÚ FETRANSPOR SUPERMECADO MUNDIAL VOLKSWAGEN LABORATORIO GLAXO SMITH KLINE OLIMPO CAPEMISA GRUPO SCHINCARIOL PONTO FRIO LOTERJ DIVICON FARMA TOTAL 675 481 366 357 331 312 251 247 228 214 200 191 176 175 165 159 150 133 133 125 Este relatório considera todas as inserções (spots de qualquer secundagem, teasers, testemunhais) realizadas nas emissoras de rádio cariocas9. 9 GPR Grupo de Profissionais do Rádio – www.gpradio.com.br 49 ANEXO 3 Análise SWOT - Rádio Antena I FM (SP) Problemas Pulverização do meio rádio Falta de cultura para anunciar em rádio Redução dos custos de TV via satélite Proliferação das FMs Fragilidade do rádio como opção de mídia Oportunidades Formação de rede via satélite Potencial de anunciantes nacionais 1°- emissora do país a implantar o Digirádio Vantagens competitivas obtidas pelas afiliadas Facilidade de programação pelas agências de propaganda Fonte: www.iatec.ufrj.br 50 ANEXO 4 Distribuição dos investimentos publicitários realizados em mídia de 1950 a 1990 Meio 1950 1960 1970 1980 1990 Jornal 38,0% 18,1% 21,0% 16,2% 25,6% Rádio 26,0% 23,6% 13,2% 8,1% 4,8% Televisão 0% 24,7% 39,6% 57,8% 57,3% Revista 10,0% 27,1% 21,9% 14,0% 9,6% Exterior 9,0% 6,4% 3,8% 3,3% 2,7% Fonte: Clóvis Reis - Elaboração própria, a partir de Leite (1950), Ortriwano (1960 a 1980) e Meio & Mensagem (1990). 51 ANEXO 5 ESTUDO DE CASO – BAND AM Introdução O pioneirismo tem, ao longo do tempo, caracterizado a Rádio Bandeirantes, esta importante emissora paulista. Trata-se de um exemplo típico de posicionamento perante o mercado, adorando o uniqueness do ombudsman. Muitas empresas adotam o conceito do posicionamento para conquistar um lugar na mente do consumidor, seja por meio da utilização de qualidades exclusiva do seu produto ou mesmo pela repetição de mensagens simples e de conteúdo específico. A Ford brasileira utilizou durante muitos anos o conceito "Pense Porte, Pense Ford" para posicionar sua linha de caminhões como os mais resistentes do mercado. Outro caso bem-sucedido de posicionamento nos é dado pela Philco que, em suas mensagens publicitárias via mídia televisiva, utiliza como assinatura eletrônica a frase "Tem Coisas que .Só a Philco Faz pra Você". Até o histórico "O Mundo Gira e a Lusitana Roda" constituiu a afirmação da empresa como transportadora de mudanças cm curtas, médias e longas distâncias, apropriando-se, ao mesmo tempo, do conceito de melhor opção do mercado. O caso da Rádio Bandeirantes AM demonstra bem a teoria defendida por Al Ries e Jack Trout segundo a qual a qualidade é uma peça básica da estratégia e raramente um fator de diferenciação. "A estratégia competitiva tem a ver com ser diferente", explica Michael Porter. E diferente não somente em relação à percepção do consumidor, mas também quanto às atividades da empresa em relação à concorrência. 52 Com sua percepção de mercado e seu diferencial exclusivo, o caso da Rádio Bandeirantes constitui um exemplo de grande relevância, um verdadeiro paradigma no altamente competitivo O ombudsman e o top de marketing O caso ombudsman da Rádio Bandeirantes AM na área de marketing de prestação de serviços se baseia em três pontos fundamentais: a) pioneirismo mundial, diferenciando a marca c a credibilidade da Bandeirantes AM dos demais meios informativos audiovisuais; b) desenvolvimento de um novo conceito de serviço para o ouvinte, com a criação de um representante para amar em sua defesa c agir internamente no processo de produção, modificando e aperfeiçoando a qualidade dó produto final; c) adoção de estratégias que visam estimular no ouvinte o exercício da plena cidadania, conduzindo o cidadão de uma postura passiva para uma situação ativa diante da mídia radiofônica, com resultados satisfatórios encontrados no diálogo interativo travado entre emissor e receptor. Tais estratégias mostram-se fundamentais em cinco fatores: • Atendimento e decisões imediatos; • Confiabilidade; • Reforço da fidelidade do ouvinte; • Personalização do atendimento; • Fim da invisibilidade do veiculo com a criação de um sistema de atendimento específico, por meio de central telefônica, telex, fax, Internet. 53 Origem histórica A figura do ombudsman é uma instituição de quatro séculos. No princípio, os suecos e finlandeses — então unidos num país do século XVI — decidiram criar uma função pública que atuaria em defesa do cidadão, como define o próprio termo sueco: ombud (aquele que representa, funciona como porta-voz de outras pessoas) e man (cidadão, homem em sueco, sem confundir com man em inglês, embora o significado seja o mesmo). Ao longo dos anos, a instituição ganhou força, atravessou fronteiras e se aperfeiçoou. No princípio, servia ao Poder Executivo como um instrumento de diálogo e prestação de contas à população. Depois, proporcionou o surgimento do chamado ouvidor, personagem da história do Brasil-Colônia, quase sempre um religioso, que funcionou com tamanha eficiência que, a partir de então, a linguagem popular incorporou a expressão "vá reclamar ao bispo". Em seguida, a iniciativa privada identificou na instituição um meio ideal para travar diálogo com públicos específicos — em geral, o público-alvo de seus produtos. Ampliaram-se então o conceito e a função do ombudsman, o modelo chegou aos Estados Unidos e invadiu organizações públicas e privadas, escolas, instituições militares, de direitos humanos e empresas de prestação de serviços. Neste quadro, em 1961, surge o ombudsman de imprensa no jornal Houston Chronicle. Tratava-se de uma coluna de reclamações, comum nos jornais de hoje, que já incorporava um dos princípios básicos da função de ombudsman ao ultrapassar o limite do simples registro das queixas dos leitores e investigar os assuntos apresentados, sobretudo na forma de acompanhamento dos atos do poder público, por meio de cobertura jornalística. Mais tarde, o ombudsman de imprensa passou a exercer a crítica interna do próprio veículo, analisando forma e conteúdo, produzindo coluna e encaminhando ao diretor do veículo as manifestações recebidas do público. 54 No Brasil, a Folha de S.Paulo foi pioneira na criação do cargo de ombudsman cm 1989, Em 1996, a Rádio Bandeirantes AM, de São Paulo, se transformou na primeira emissora de rádio do mundo a indicar um ombudsman. O conceito mercadológico do ombudsman A idéia inicial do Conselho Editorial da Bandeirantes foi simples. Há dois anos na liderança entre as emissoras jornalísticas de São Paulo e com alcance no segmento A e B, segundo o Ibope, o momento — uma reunião do Conselho, em agosto de 1996 — era de buscar novos rumos no sentido de aperfeiçoar o produto final, com a criação de um mecanismo capaz de fiscalizar, sugerir mudanças e correções na programação, com certo distanciamento do processo de produção e dos profissionais nele envolvidos, estando ao mesmo tempo em linha direta com o público-alvo, numa prestação de serviços cuja meta fosse dar um salto de qualidade e excelência. Identificada pelo slogan "A Informação Total", a Bandeirantes dava um novo passo na busca da "qualidade total", atenta aos pontos de contato que ligam o mercado publicitário às novas alternativas de marketing, à tecnologia emergente e ao seu público- alvo. Discutiam-se as possibilidades de interação entre ambos e a procura da forma mais espontânea para que tal encontro ocorresse. A Bandeirantes desejava criar um sistema de atendimento ao ouvinte, um canal de diálogo, que não fosse na prática — como na maioria dos casos existentes no mercado — mais uma atitude de gentileza na prestação de serviços, um atendimento telefônico inconseqüente, de fachada, mais sim algo que trouxesse resultados, e que estes fossem visíveis (no caso do rádio, audíveis), espontâneos, sem impingir uma imagem de falsa responsabilidade. Para a Bandeirantes, prestação de serviços não se fazia com sorriso e paciência para ouvir. Decidiu-se então que o melhor meio para se atingir as novas metas de perseguição da qualidade total era a criação da função de ombudsman na 55 rádio — a primeira do mundo. O primeiro ato do ombudsman foi criar o conceito da função na rádio, por meio de uma espécie de decálogo: "A Radio Bandeirantes AM é a primeira emissora em seu gênero a criar a figura do ombudsman." Na mídia, a figura do defensor do leitor e/ou ouvinte permanece restrita a jornais e revistas. O ombudsman da Rádio Bandeirantes AM atuará conforme o.s seguintes princípios: 1. O ombudsman trabalhará com uma equipe, a ser definida pela diretoria executiva; 2. O ombudsman terá duas tarefas básicas; a) atendimento ao ouvinte (no papel de seu defensor); b) crítica interna (com a finalidade de aperfeiçoar a qualidade do produto final). 3. O ombudsman adorará a seguinte forma de atendimento ao ouvinte: a) telefone (apoiado por uma equipe, em período comercial integral, com o preenchimento obrigatório de ficha cadastral do ouvinte com dados pessoais e profissionais e registro de queixas e/ou outras manifestações); b)cartas 1 (recebidas); c) cartas 2 (respostas. Todos os ouvintes recebem carta-resposta, não padronizada (independentemente Ombudsman no Ar); d) Internet; e) fax. de serem atendidos no programa 56 4. O ombudsman produzirá semanalmente o Jornal do Ombudsman, a critica interna da rádio, com análise de forma e conteúdo da programação; 5. O ombudsman, a equipe e o diretor executivo terão reuniões semanais, com a participação de profissionais da rádio convidados para discutir o trabalho; 6. O ombudsman produzirá quinzenalmente o programa ao vivo Ombudsman no Ar — a critica externa da rádio, com analise de forma e conteúdo da programação — a ser levado ao ar, como coluna, com a participação do diretor executivo da rádio; 7. Caberá ao ombudsman levar à diretoria executiva — à qual ele responde diretamente — queixas e outras manifestações dos ouvintes; 8. Qualquer contato feito com o ombudsman será registrado por meio de fichas padronizadas, que serão preenchidas durante a conversa com cada ouvinte e em seguida armazenadas em computador para que um contato permanente seja estabelecido; 9. O ombudsman se filiará ao órgão internacional que congrega os ombudsmen no mundo — a ONO, Organization of News Ombudsmen, com sede em Sacramento, nos Estados Unidos; 10. O ombudsman aderirá aos princípios das "Diretrizes para o Ombudsman", definidas em congresso da ONO em 1982: • Aperfeiçoar a equidade, a exatidão e a responsabilidade do veículo; • Aumentar sua credibilidade; • Investigar todas as queixas e recomendar ação corretiva quando for o caso; • Alertar o diretor de redação sobre todas as queixas; 57 • Fazer conferências ou escrever para o público sobre as linhas, as posições e as atividades do veículo; • Defender o veículo, publicamente ou em particular, quando for o caso. Dentre os meios de que dispõe o ombudsman para chegar ao seu objetivo e cumprir sua tarefa incluem-se: a) uma coluna; b) memorandos internos; c) reuniões com as equipes; d) questionários; e) conferências. "O ombudsman deve ser independente e esta independência deve ser real. Ele deve responder apenas à pessoa com a mais alta autoridade na redação. Resultados Em seis meses de atuação — de setembro de 1996 a fevereiro de 1997 —, o ombudsman da Rádio Bandeirantes AM obteve alguns bons resultados diretamente ligados ao produto final e às queixas mais freqüentes dos ouvintes: a) correção de linguagem incorreta, por hábito, vício ou erro; b) melhora na edição de matérias e na formatação de programas, eliminando a repetição de matérias em horários próximos e programas diferentes; c) cobertura mais ampla do trânsito da cidade de São Paulo, com informações sobre regiões outrora negligenciadas; d) mudanças na postura dos âncoras; 58 e) confiança do ouvinte na instituição criada em sua defesa e criação do hábito da manifestação, em ascendência, expresso nos números dos meses de janeiro e fevereiro. A seguir, as manifestações ao ombudsman, mês a mês, conforme quatro itens: sexo, profissão, idade e procedência do ouvinte: Contatos com ombudsman – Setembro/96 Total: 109 manifestações Faixa Etária: 35 a 50 anos Sexo: 24% Homens Mulheres 76% Profissão (as que mais aparecem): 7,3% 6,4% Professor 6,4% 6,4% Empresário Advogado Gerente de Vendas 6,4% 67,1% Procedência (de onde vêm as reclamações): Vendedor Outras 59 7,3% 0,9% 0,9% Outros Estado 14,7% Cidade de São Paulo Grande São Paulo Exterior Interior de São Paulo 76,2% Contatos com ombudsman – Outubro/96 Total: 123 manifestações Faixa Etária: 40 a 55 anos Sexo: 24% Homens Mulheres 76% Profissão (as que mais aparecem): 5,7% 5,7% 6,5% Professor Empresário 5,7% 5,7% Advogado Dona-de-casa Desemprego Outras 70,7% 60 Procedência (de onde vêm as reclamações): 5,7% 1,6% 11,4% Outros Estado Cidade de São Paulo Grande São Paulo Interior de São Paulo 81,3% Contatos com ombudsman – Novembro/96 Total: 35 manifestações Faixa Etária: 40 a 55 anos Sexo: 17% Homens Mulheres 83% Profissão (as que mais aparecem): 5,1% 5,1% Professor 5,1% 5,1% 5,1% 5,1% 61,6% Empresário Advogado Comerciante Jornalista Vendedor Aposentado 7,7% Outras 61 Procedência (de onde vêm as reclamações): 5,7% 22,9% Cidade de São Paulo Grande São Paulo Interior de São Paulo 71,4% Contatos com ombudsman – Dezembro/96 Total: 77 manifestações Faixa Etária: 35 a 50 anos Sexo: 28% Homens Mulheres 72% Profissão (as que mais aparecem): 5,2% 6,5% Professor 10,4% Empresário Comerciante 3,9% Jornalista 5,2% Aposentado Outras 68,8% 62 Procedência (de onde vêm as reclamações): 6,5% 14,3% Cidade de São Paulo Grande São Paulo Interior de São Paulo 11,7% Outros Estados 67,5% Contatos com ombudsman – Janeiro/97 Total: 266 manifestações Faixa Etária: 35 a 55 anos Sexo: 28% Homens Mulheres 72% Profissão (as que mais aparecem): 4,9% 4,9% 8,8% Professor Advogado 7,1% Dona-de-casa Comerciante 4,9% Aposentado Outras 69,4% 63 Procedência (de onde vêm as reclamações): 9,7% Cidade de São Paulo 17,3% Grande São Paulo Interior de São Paulo 73,0% Contatos com ombudsman – Fevereiro/97 Total: 104 manifestações Faixa Etária: 30 a 50 anos Sexo: 32% Homens Mulheres 68% Profissão (as que mais aparecem): 64 4,8% 4,8% 11,5% Professor Empresário 3,8% Dona-de-casa Engenheiro Aposentado 11,5% 63,6% Outras Procedência (de onde vêm as reclamações): 11,5% 3,8% Outros Estados Cidade de São Paulo 19,2% Grande São Paulo Interior de São Paulo 65,5% 65 ANEXO 6 ESTUDO DE CASO – ANTENA 1 INTRODUÇÃO Ao lançar mão dos recursos tecnológicos, enviando sua programação via satélite, a Antena l enfatizou sua linha estratégica em que a programação segmentada é a grande responsável pela conquista de novos ouvintes. Num momento em que o rádio vinha perdendo participação no bolo publicitário brasileiro, a Antena l, na contramão dessa tendência, adotou como modelo uma programação personalizada e investiu em tecnologia digital e na sofisticação das transmissões em rede via satélite, dando um salto de qualificação de público e performance comercial. A Antena l está consolidada atualmente como a maior e melhor rede nacional de rádio FM, com foco na programação adulta qualificada. Suas 44 emissoras afiliadas cobrem 76% do território nacional e atingem mais de 30 milhões de ouvimos. Líder absoluta nos segmentos qualificados A e B, a Antena l de São Paulo tem hoje 34 200 ouvintes por minuto na faixa etária acima de 25 anos, com 1,22% de audiência, segundo dados do Ibope de outubro de 1996, relativos à pesquisa diária realizada das 6h às 19h. Esse perfil de target tem sido um forte argumento para os profissionais de mídia das agências inserirem a emissora em suas programações, uma vez que os públicos A e B sempre foram o alvo de vários anunciantes. O pioneirismo sempre foi a marca registrada da Antena l. Tanto é que o surgimento de sua rede só foi possível graças aos avanços na transmissão via satélite, com a utilização de sistemas de computadores como o Digirádio, desenvolvido dentro da própria emissora. 66 O sistema fez da Antena l a primeira emissora do país a irradiar sua programação de forma totalmente automatizada, o que representou um salto qualitativo na área de radiodifusão. Hoje o Digirádio é um produto de sucesso utilizado por várias emissoras do Brasil. A opção por uma programação musical de boa qualidade e por um jornalismo moderno, associados a acordos operacionais com emissoras do exterior, possibilita à Antena l receber em primeira mão os últimos lançamentos e gravações exclusivas. Dessa forma, por meio da rede, a emissora transmite para suas 44 emissoras afiliadas no Brasil o que há de novo em termos de lançamentos e sucessos internacionais. Sua cobertura nacional possibilita à rede Antena l disponibilizar, para os mercados mais afastados, qualidade e sofisticação musical. Assim, as rádios que não tinham acesso à tecnologia e à programação diferenciada passaram a ganhar status de rede nacional e internacional. Cenário Inovação como palavra de ordem A Antena l foi fundada em 1978 e nasceu inovando. A emissora foi a primeira FM comercial com programação própria (anteriormente, a programação das AMs era utilizada para suprir as rádios FMs). A Antena l surgiu no final de uma década marcada pela política desenvolvimentista dos governos militares, em que se deu a concentração dos esforços tecnológicos para a viabilização da comunicação de massa pela TV. No final da década de 70, o meio rádio já estava desprestigiado junto às agências e aos grandes anunciantes, pois, desde a entrada da TV no Brasil, em 1950, aquela mídia perdeu muito espaço. Enquanto a TV investiu desde o início em talentos e buscou a centralização da sua programação, o rádio sempre teve atuação local. 67 Os satélites de TV reduziram os custos da programação unificada e gradativamente o rádio teve seu share diminuído. Naquele momento, os custos de satélite eram muito altos. Como consequência, ocorreu a migração dos grandes anunciantes e agências para a televisão. Nos anos 80, muitas emissoras de rádio se voltaram para o público jovem. As rádios perceberam que não era viável restringir-se a disputar o primeiro lugar. Deu-se então, a exemplo do mercado norte-americano, um processo de segmentação das rádios, que passaram a suprir a necessidade específica de cada um dos anunciantes. Com a imagem desgastada, a comunicação pelo rádio passou a ser cada vez mais provinciana. As emissoras atuavam com os grandes anunciantes da mesma forma com que lidavam com a "padaria da esquina", deixando de aprofundar suas relações comerciais com as agências e seus clientes. A pulverização enfraqueceu o meio. A proliferação das FMs também contribuiu para a fragilidade do meio como opção de mídia. Há seis anos, com o surgimento das primeiras emissoras com atuação em rede, o rádio procurou reverter sua situação de desvantagem diante da TV. Desde seu ingresso no mercado, a Antena l sempre buscou destacar-se de seus concorrentes com diferenciais competitivos. A aposta na tecnologia digital foi a mola propulsora para o que futuramente se consolidaria como uma opção de sucesso. O primeiro passo da emissora foi alugar um canal de satélite em 1992, solução que viabilizou custos e investimentos em novos talentos. Começou aí a grande inovação da Antena l na transmissão de sua programação em rede para todo o Brasil. Cronologia • 1978 - Fundação da Antena 1 • 1980 - Surgimento de emissoras FMs dirigidas apenas para o público jovem • 1993 - Lançamento da rede Antena 1 com 11 emissoras 68 • 1996 - Lançamento da rede Plus Transmissão em rede — quebra de paradigma A ausência de grandes anunciantes é apontada como responsável pelo tímido avanço das emissoras de rádio no Brasil. Embora a penetração geográfica do rádio seja sempre crescente, a mesma reação não se dá no que se refere aos anunciantes. Tem-se observado que o rádio não perde em número de ouvintes, mas sim em termos de posicionamento publicitário. Sabe-se que a mídia preferencial dos grandes anunciantes é a TV, mas nem por isso os jornais, revistas e outdoors são deixados de lado. Ou seja, o distanciamento maior se dá quanto ao meio rádio. De acordo com o último levantamento realizado pela Nielsen Serviços de Mídia, com 398 veículos de comunicação, o meio rádio teve uma participação de 4% do total de 10,6 bilhões de dólares movimentados pelo mercado publicitário em 1996. O desempenho é inferior em um ponto percentual ao registrado no ano anterior. De acordo com o levantamento, o rádio ficou atrás dos meios TV (51%), jornal (36%) e revista (8%), só superando o outdoor, que apresentou 1% de participação. A razão desse processo pode estar na lentidão das emissoras de rádio em entender os novos conceitos de atendimento ao mercado e a concorrência entre os meios - uma morosidade que certamente não demonstraram no atendimento ao consumidor final. Essa postura pode ter sido estimulada pela geração de receita, preferencialmente junto a pequenos e médios anunciantes diretos. As agências, por sua vez, talvez estejam despreparadas para investir em criação ou desinteressadas nisso, considerando um meio tão pulverizado e malservido por pesquisas. Elas não se dedicam ao meio rádio. A criação geralmente se origina nas peças de televisão ou revista. Por não exigir produção visual nem promover premiações de grande projeção no mercado, o 69 rádio não transfere status para o profissional de criação, que geralmente trabalha sozinho, e não traz prestígio para a agência. Uma das reações diante desse cenário desfavorável foi a criação das primeiras redes de emissoras via satélite, o que possibilita a integração nacional, levando a outras regiões os padrões de qualidade dos grandes centros. Outra vantagem das redes está na simplificação da operação no tocante ao número de materiais enviados para as emissoras programadas, volume de faturas emitidas e comprovantes de irradiações. FATORES CRÍTICOS Falta de cultura para anunciar em rádio A pulverização do meio rádio tem dificultado o acesso das agências e grandes anunciantes a essa mídia tão eficaz para os clientes que se fazem presentes. Apenas na dimensão da Grande São Paulo, são mais de 50 emissoras, a maioria formada por pequenas empresas. Portanto, verifica-se claramente a ausência de hábito, de cultura em anunciar na mídia rádio como rede. Essa realidade faz com que haja um constante desencontro: por um lado, as rádios consideram que as agências não valorizam o meio; por outro lado, as agências alegam falta de pesquisa, confusão de dados e pulverização excessiva das audiências. Contribui também para essa falta de investimento publicitário no rádio o fato de algumas emissoras pertencerem a grupos de comunicação detentores do controle de outros veículos, o que resulta nas tradicionais bonificações intragrupos. Num primeiro momento, a rede Antena l irá enfrentar uma barreira para sua expansão, pois a tabela de preços de comerciais a serem veiculados em 70 rede apresenta um custo aparentemente elevado em relação ao CPM (custo por mil) para o anunciante. Disputa por afiliadas A Antena l foi a segunda emissora do país a transmitir sua programação em rede via satélite. A disputa por emissoras afiliadas que se interessassem em compor uma rede de rádio foi uma tarefa árdua. O diferencial para a Antena l se tornar mais competitiva nessa busca foi o desenvolvimento da tecnologia de automação para esse tipo de transmissão. A disputa esbarrou também na resistência do radiodifüsor a se integrar a uma rede nacional e passar o controle de sua programação para a geradora. E comum, nos mercados mais afastados dos grandes centros, os radiodifüsores locais terem o controle pessoal do conteúdo musical e jornalístico de suas emissoras. Um projeto desse porte era, portanto, uma novidade para esse mercado emergente. OPORTUNIDADES Criação de uma rede nacional Atenta às oportunidades e voltada para a criação de soluções em um ambiente pouco favorável, a Antena l foi uma das primeiras emissoras do país a constatar que a formação de uma rede via satélite seria o turning foint para o rádio. Essa estratégia permitiria a volta da programação pelas grandes agências. Ao mesmo tempo, a rede possibilitaria a conquista de clientes do mercado nacional, oferecendo, em contrapartida, uma cobertura maior e uma qualidade de transmissão sofisticada e segmentada. Além disso, eliminaria os problemas das emissoras do interior em 71 manter um bom quadro de profissionais para locução, já que elas passariam a retransmitir a programação a partir de São Paulo. A opção pela segmentação de programação qualificada poderia ser uma ameaça num primeiro momento, já que é mais comum nos mercados afastados a programação popular. Porém, esta se mostrou uma grande oportunidade, pois., com o foco nos públicos A e B, a rede Antena l passou a oferecer ao mercado publicitário um perfil de ïarget qualificado e pronto para consumir diversos produtos e serviços. Problemas Oportunidades Pulverização do meio rádio Formação de rede via satélite Falta de cultura par Potencial de anunciantes nacionais a anunciar em rádio Redução dos custos de TV via 1°- emissora do país a implantar o satélite Digirádio Proliferação das FMs Vantagens competitivas obtidas pelas afiliadas Fragilidade do rádio como opção de Facilidade mídia de programação pelas agências de propaganda Desenvolvimento tecnológico: um forte aliado Desde 1992, quando iniciou sua transmissão em rede via satélite, a Antena l sabia que o desenvolvimento tecnológico seria um forte aliado para ganhar mais mercado e garantir melhor qualidade para sua programação. Uma demonstração clara desse processo foi a criação do sistema Digirádío, tecnologia desenvolvida internamente para a Antena l e posteriormente disponibilizada para outras emissoras de rádio. O mecanismo permite que a emissora consiga, a partir de São Paulo, disparar toda a sua programação para as 44 afiliadas da rede em todo o Brasil. Essa tecnologia era inédita no mundo. 72 As novidades não pararam por aí. Depois de ter lançado em 1993 seu projeto de automação de rede via satélite, a rede Antena l introduziu no mercado, no final de 1995, a rede Plus, destinada a emissoras de pequenas cidades com menor potencial de consumo. Rede Plus A idéia da rede Plus foi colocada em prática a partir dos pedidos de muitas emissoras do interior do país que se interessaram em irradiar a programação da rede Antena l. No projeto inicial, apenas as emissoras dos grandes centros poderiam ser incluídas na rede. Agora, as pequenas também podem transmitir a programação. Para participar da rede Plus, o radiodifüsor deve possuir os equipamentos necessários para receber os sinais via satélite, com instalações de FM em qualquer ponto do Brasil, e garantir exclusividade de transmissão da programação da geradora. Assim, as novas afiliadas não têm de arcar com nenhum custo operacional, pois a Antena l disponibiliza a programação de São Paulo para todo o Brasil. O objetivo da rede Plus é dar um plus ao cliente que compra a rede, uma vez que está agregando "valor" à mídia nacional. As rádios de cidades menores não participam das verbas NET, acrescentando assim cobertura para o cliente, sem custo. Por meio de sofisticados recursos tecnológicos, a emissora consegue controlar a programação das afiliadas durante 24 horas ininterruptas. A programação ao longo do dia é composta de quatro breaks, sendo dois com comerciais locais e dois com anúncios da rede, alternados sucessivamente. Programação segmentada — opção pela qualidade 73 A rede Antena l tem como público-alvo homens e mulheres das classes sociais A e B, com faixa etária entre 25 e 50 anos. Na sua maioria, são profissionais liberais e empresários residentes nas áreas urbanas, com acesso a informações globais, bom gosto musical e, geralmente, interagindo com a emissora de sua preferência. Rede Antena 1 Perfil do ouvinte — FM — Brasil Números absolutos Homens 111078 Mulheres 94622 AeB 98 736 C 65 824 DeE 41 140 10/19 10285 20/24 20570 25/29 34969 30/39 82280 acima de 57596 Sexo Classe social Faixa etária 40 Fonte Ibope — dez/96. Praças que compram relatório do Ibope. A programação escolhida para atingir esse target foi predominantemente musical, podendo ser definida como adulto-contemporânea, abrindo espaço 74 apenas para curtos noticiários. São músicas internacionais, geralmente flashbacks dos anos 70 c 80, suaves (não necessariamente românticas) e sucessos consagrados no mundo todo. A opção peta programação qualificada levou em conta as dificuldades para executar outro estilo de música, definindo assim um perfil de ouvinte das classes A e B, com preferência musical bastante homogênea. Seria inviável optar por músicas nacionais, pois, por se tratar de uma rede, haveria a barreira do regionalismo. Buscou-se então uma programação uniforme e pasteurizada, visando atingir as pessoas das classes A e B residentes em diversos pontos do Brasil. Isso porque, diferentemente do que possa parecer, a presença desse público qualificado também se faz marcante em outros centros urbanos. A programação da Antena l, além de utilizar recursos de informática e sistemas de programação computadorizados, conta com uma equipe altamente especializada e acordos operacionais com outras emissoras do exterior: a KWCBS de Nova York, a Coast de Míami e a Antena Uno de Roma, que abastecem a rede no Brasil com lançamentos e gravações exclusivas. Atualmente, são 2 500 músicas no play list da programação da Antena 1, renovadas constantemente. Ao estabelecer um padrão, a rede foi pioneira na segmentação do meio rádio criando uma programação qualificada e sob medida para o público adulto. Cobertura nacional em rede A inclusão constante de novos mercados à rede de afiliadas Antena l tem feito com que a emissora conquiste cada vez mais uma abrangência nacional. Com recente anexação dos mercados de'Blumenau (SC), Jaú, Ituiutaba, São Carlos e Avaré — estes últimos municípios paulistas —, já somam 44 as capitais e cidades brasileiras a receber o sinal Antena l, representando uma cobertura de 76% do potencial de consumo nacional. 75 As emissoras afiliadas acrescentam à programação da rede apenas os comerciais locais. Além da redução de custos e melhoria na qualidade de transmissão por parte das afiliadas, outra vantagem é a economia na aquisição de discos. A Antena l — cujo nome é adotado pelas emissoras no momento da afiliação — só trabalha com discos importados e estende esse privilégio às afiliadas. O tempo mínimo previsto no contrato de afiliação é de cinco anos. As emissoras afiliadas têm participação no faturamento da rede em anúncios nacionais. Já a verba de anunciantes locais destina-se integralmente à afiliada que conquistar o cliente. O padrão Antena l e de três noticiários de um minuto por dia e cerca de quatro minutos por hora de comerciais. Com o sistema computadorizado de irradiação, ao mesmo tempo que São Paulo entra automaticamente no ar com break comercial, o sistema de automação das emissoras locais transmite seus comerciais. O bom desempenho das diversas emissoras afiliadas da rede Antena l só confirma que a estratégia da transmissão em rede nacional é um sucesso. De norte a sul, os relatos são de conquista de novos mercados e liderança de audiência em varias praças. Rádio Antena 1 de Caxias do Sul No ar desde o dia 1° de agosto de 1996, a rádio Antena l de Caxias do Sul (RS) conquistou, em apenas três meses, a liderança de audiência junto ao segmento adulto qualificado da região, segundo confirmam os números das pesquisas do Ibope de novembro de 1996. Esse sucesso foi conquistado porque, além da programação, tecnologia e qualidade da rede Antena l, a emissora de Caxias do Sul criou ações promocionais e divulgou amplamente, nos veículos locais, o lançamento da emissora na região. 76 Rádio Antena 1 de Recife Nem bem comemorou seu primeiro ano de vida no Sistema Brasil Nordeste (SEN), completado em outubro de 1996, a rádio Antera l começa a conquistar novos mercados. Atingindo um público com mais de 25 anos (em Recife e na região metropolitana), já parte para a abrangência estadual; com a torre em Goiana, Zona da Mata pernambucana, atua na frequência 88,5; em Caruaru, Agreste do estado, pode ser sintonizada na faixa 101,3. Rádio Antena 1 de Brasília O sucesso da rádio Antena l na capital federal foi uma surpresa para a rede. A emissora, estrategicamente localizada no centro de decisões do governo, além de conquistar a liderança em audiência qualificada num curto espaço de tempo, tem especial papel na prospecção de contas do governo federal. Vale destacar a campanha do Ministério da Saúde, veiculada exclusivamente na rede Antena l. Atualmente, a afiliada de maior faturamento na rede é a de Brasília. Marketing de relacionamento O departamento comercial da rede Antena l tem fundamental importância no aprimoramento do marketing de relacionamento da emissora com o mercado publicitário e anunciante, principalmente no que tange ao desenvolvimento do projeto comercial da rede. Considerando-se que a tendência e de, cada vez mais, as empresas de médio porte passarem a ter distribuição nacional de seus produtos e serviços, gerando conseqüentemente verbas NET, a rede Antena l tem reforçado junto às afiliadas a necessidade de um maior empenho na geração de verbas nacionais advindas dos clientes locais. Com o objetivo de dar suporte a essa iniciativa, a Antena l implantou um núcleo de pesquisas em São Paulo que possibilita, por meio de contratos com 77 o Ibope, o Datafolha, o IBGE e o Instituto Alpha, a aquisição de informações atualizadas para monitorar o desempenho das afiliadas, subsidiando o departamento comercial na prospecção de novos anunciantes. Para o mercado publicitário, a rede oferece programações específicas criadas para aumentar as alternativas de patrocínio, visando atingir o tanget do anunciante mediante uma participação publicitária diferenciada. Nesses moldes especiais de programação, incluem-se: "Montagens Musicais", "Mercado Financeiro", "Antena l Informa", "Nonstop Music", "Performance". A criação de formatos comerciais diferenciados ampliou o número de opções oferecidas para as agencias realizarem sua programação. O departamento comercial adotou uma postura mais agressiva e inúmeras ações de marketing; de relacionamento, para reforçar a valorização do meio rádio, especialmente em rede, como uma alternativa eficaz de mídia. Houve uma reestruturação nesse departamento, e a profissionalização da equipe que hoje atende o mercado publicitário e anunciante está contribuindo para o desenvolvimento da rede Antena l e para a fixação da marca como veículo de grande eficiência. Reforço da marca pela comunicação Para acompanhar todo esse processo de evolução e qualificação implementado pela Antena l, a emissora buscou, a partir de 1995, adotar uma política de comunicação e marketing voltada para seus diversos públicos: os ouvintes, as emissoras afiliadas e os anunciantes. Para a comunicação com seu público final, foi contratada a agência F/Nazca Saatchi & Saatchi, uma das mais premiadas em 1996, que desenvolveu peças criativas e sofisticadas para a publicidade da emissora em diversas mídias. Das peças criadas pela agência para a Antena l receberam prêmios internacionais o filme Mosca, no Festival de Cannes de 1996, e o filme Mosquito, que ganhou o Globo de Ouro. 78 Essas ações foram importantes para o desenvolvimento de uma comunicação de massa em âmbito nacional, fortalecendo a marca Amena l. Para apoiar a comunicação da rede, a Antena l investiu em 1996 cerca de 2,5 milhões de dólares numa campanha publicitária nacional, veiculada nos meios de maior audiência e circulação. A adesão de uma nova afiliada é sempre acompanhada de várias ações promocionais para destacar e comunicar a entrada da Antena l nesses mercados. Entre elas estão a veiculação de anúncios em jornais locais, entrega de folders para o público-alvo da região e festa de lançamento da nova afiliada, com a presença de agências de publicidade, anunciantes e formadores de opinião. RESULTADOS Evolução da audiência A estratégia de desenvolver uma programação diferenciada consolidou a Antena l como líder absoluta no segmento adulto qualificado A e B, com 34 200 ouvintes por minuto na faixa etária acima de 25 anos, com 1,22% de audiência contra 18 mil ouvintes e 0,81% de audiência da secunda colocada. Os dados são do Ibope e se referem a outubro de 1996, Contudo, seu custo por mil é um dos menores entre as emissoras do segmento, registrando R$ 22,57 contra R$ 23,18 da segunda colocada. Atualmente, para uma campanha com 15 dias de veiculação nacional, a rede Antena l tem uma cobertura de 3 203 000 ouvintes, nos 12 mercados pesquisados pelo Ibope. Trará-se de um número fabuloso de cobertura de um público qualificado na mídia nacional. A Antena l e líder absoluta de audiência qualificada, segundo o Ibope, em nove mercados brasileiros: São Paulo (SP), Brasília (DF), Vitória (ES), Recife (PE), Santa Maria (RS), Porto Alegre (RS), Caxias do Sul (RS), Blumenau (SC) e Camboriú (SC). 79 Perfil da Audiência - Todos os dias — 6h às 19h (cobertura de 15 dias) Praça Audiência Média de ouvintes por minuto São Paulo 0,59% 80.000 Rio de janeiro 0,48% 38.500 Belo Horizonte 0,57% 16.600 Porto Alegre 0,81% 16.700 Brasília 0,81% 10.800 Recife 0.28% 6.700 Teresina 0,31% 1.800 Vitória 1.34% 12.200 Baixada Santista 0,77% 8.100 Belém 0,42% 5.100 Sorocaba 0,96% 3.100 São Luís 0,38% 2.100 Londrina 1.31% 4.000 Fonte, lbope— Out/1996 Crescimento da rede A rede Plus permitiu à Antena l uma ampliação substancial do número de emissoras afiliadas. Desde que foi implementado, o sistema possibilitou um crescimento de 300%. Para ter uma idéia do que representa esse incremento, a Antena 1 é hoje maior do que a RBS — Rede Brasil Sul (a mais tradicional rede de comunicação da região Sul) no estado gaúcho, com sete emissoras afiliadas, contra cinco daquela rede. 80 Ano Emissoras afiliadas 1993 11 1994 27 1995 32 1996 39 março/1997 44 Para ampliar ainda mais a qualidade de suas transmissões, a Antena l recentemente dobrou sua potência na cidade de São Paulo, passando de 35 mil para 70 mil watts. Crescimento de anunciantes nacionais A Antena l tem observado uma evolução constante de seus anunciantes com a inclusão de novas afiliadas na sua rede. Destacam-se entre esses anunciantes: Alumni Globosat American Express Kaiser Banco Panamericano Kodak Banco Real Mappin Bradesco McDonald's Carrefour Mercedes Benz Citibank Nestlé Editora Abril Peugeot Editora Caras Olivetti Fiat Revista Istoé General Motor Warner Bros. 81 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA KOTLER, P. & ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 12ª Ed. Prentice Hall, 2008. REIS, C.. Propaganda no rádio: Os formatos de anúncio. 1ª Ed. Blumenau: Edifurb, 2008. __________. Evolução histórica da publicidade radiofônica no Brasil (1922-1990).II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho. Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004 _________. Os formatos de anúncio e o mercado do rádio no Brasil. 2005 Trabalho apresentado ao NP 03 – Publicidade, Propaganda e Marketing, do V Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom. _________. A relação entre a forma, o conteúdo e o contexto na configuração do formato do anúncio publicitário veiculado no rádio. In: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/39.pdf MAKOVICS, Nahara C. Propaganda no rádio brasileiro: os gêneros propagandísticos radiofônicos e seus formatos. UMESP, 2º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho: 2004. BALDO, Roberta. Rádio e internet - é possível manter uma relação saudável? UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional São Bernardo do Campo - SP. Brasil - 9 a 11 de outubro de 2006 - Universidade Metodista de São Paulo. 82 ______________. O rádio no contexto da propaganda nacional. II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho. Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004. NERLING, Marcos Daniel. Marketing em rádio – informação também vende. Trabalho ganhador do 4º Prêmio de Mídia do Estadão em 2001 – Categoria Estudante – Case Rádio. Palmeira das Missões – RS: março de 2001. DOTTO, C. A. Atividades de Marketing das rádios FM paulistanas. Trabalho apresentado ao curso de Pós–graduação em Comunicação Social da UMESP, 1998. NOBRE, Guilherme de Bastos. A implantação do sistema de rádio digital em emissoras da cidade de São Paulo: análise das possíveis mudanças em relação ao conteúdo jornalístico. 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