16
Aná­po­lis, de 04 a 10 de julho de 2014
Cidade
Segurança
Balanço da criminalidade nos seis
primeiros meses do ano na Cidade
Crimes contra o patrimônio têm maior predominância nos primeiros dias, enquanto que os crimes contra a pessoas
ocorrem, mais, nos fins de semana. O envolvimento com o narcotráfico é apontado como a principal causa
Claudius Brito
A
Polícia Militar registrou, no período de 1º de janeiro
a 26 de junho último, um
total de 5.183 ocorrências, sendo que deste total, 3.149 (60,76%) foram
relacionadas a acidentes
de trânsito. O balanço, ao
qual o CONTEXTO teve
acesso, traz ainda dados
sobre ocorrências de furto; roubo; homicídios,
tentativas de homicídios
e as ocorrências baseadas na Lei de Drogas e Lei
Maria da Penha (violência
contra a mulher) que, somadas, dão um total de
2.034 (39,24%).
Os dados da PM permitem fazer uma espécie de
“raios-x” sobre a criminalidade em Anápolis. Por
exemplo, o maior número
de ocorrências registradas pela PM se verifica
no meio de semana (de
segunda a quinta-feira).
Conforme o balanço, foram 2.879 ocorrências
(55,55%) contra 2.304
ocorrências (44,45%) du-
rante os finais de semana
(sexta-feira a domingo). A
média mensal de ocorrências é de 863,8.
Os casos que envolvem crimes contra o patrimônio - furtos e roubos
- são predominantes nos
dias semana. Foram 889
ocorrências no período
de janeiro a junho, contra
662 nos fins de semana.
Por outro lado, os crimes
contra a pessoa - homicídios e tentativas de homicídios e Lei Maria da
Penha - têm maior predominância, nas ocorrências da PM, durante os
finais de semana. Foram
227 ocorrências registradas, contra 148 no período de segunda a quinta
feiras. Quanto às ocorrências relacionadas à Lei de
Drogas, a maior parte foi
registrada nos finais de
semana, num total de 66,
contra 47 durante os primeiros dias da semana.
As ocorrências de trânsito, num total de 3.149, estão divididas da seguinte
forma: 1.776 de segunda
a quinta feiras e 1.373 de
sexta-feira a domingo.
Em função do grande
número de acidentes de
trânsito, a Polícia Militar
e a Companhia Municipal
de Trânsito e Transportes
estão estudando a possibilidade de uma parceria, para que os agentes
de trânsito possam atuar
neste tipo de atendimento. Mas, ainda, não há
nada definido quanto a
esta questão, uma vez que
haveria a necessidade da
ampliação do efetivo de
agentes. O comandante
do 4º Batalhão da Polícia
Militar, Tenente Coronel
Rubens Maia, observa que
o tempo gasto no atendimento a ocorrências de
trânsito é muito grande.
Com isso, as viaturas que
poderiam estar atendendo
a outras demandas da população ficam paradas até
o fim das formalidades de
praxe. Quando o acidente
tem vítima fatal, muitas
vezes, pode demorar várias horas para se ter um
desfecho.
Em parte, a explicação responde a questionamentos que foram
encaminhados à reda-
ção do CONTEXTO por
leitores, dando conta de
que, em alguns bairros,
a cobertura de viaturas é
insuficiente.
De acordo com o Coronel Juverson, comandante
do 3º Comando Regional
da PM, sediado em Anápolis, o planejamento
para o uso de viaturas é
feito para cobrir todas as
regiões. Mas, não é possível à polícia estar presente em todos os lugares ao
mesmo tempo. Já há al-
gum tempo, inclusive, os
veículos da PM estampam
o número de um telefone
celular, que a população
pode utilizar para acionar
a viatura da região, agilizando o atendimento às
ocorrências.
OCORRÊNCIAS DA PM - JANEIRO A JUNHO DE 2014
NATUREZA
TOTAL
2ª / 5ª FEIRA
6ª / DOMINGO
Furto
845
490
355
Roubo
706
399
307
Homicídio
49
23
26
Tentativa de Homicídio
37
15
22
Lei de Drogas
113
66
47
Lei Maria da Penha
284
110
174
3.149
1.776
1.373
Ocorrências de Trânsito
Fonte: Polícia Militar
Mapa da Violência 2014
Brasil tem 7º maior número de homicídios entre 100 países
Ainda sem os dados do ano passado, taxa de morte e violência no país, em 2012,foi 7% maior que em 2011
Nilton Pereira - com agências
D
e acordo com a pesquisa em 2012, 154
pessoas morreram,
em média por dia, vítimas
de homicídio no Brasil.
Ao todo, foram 56.337
pessoas que perderam
a vida assassinadas, 7%
a mais do que em 2011.
Os dados são do Mapa da
Violência 2014, que mostra um crescimento de
13,4% de registros desse
tipo de morte em comparação com o número obtido em 2002. O percentual
é um pouco maior que o
de crescimento da população total do País: 11,1%.
As principais vítimas são
jovens do sexo masculino e negros. No total, foram vítimas desse tipo de
morte 30.072 jovens, com
idade entre 15 e 29 anos.
Este número representa
53,4% do total de homi-
cídios do Brasil. Também,
desse total, 91,6% eram
homens. Existem estudos
que apontam ligeira elevação desses números a
partir de3 2013.
Os dados de 2012, último ano da série projetada pelo mapa, mostram
ainda que, a partir dos 13
anos de idade, o percentual começa a crescer. Passa
de quatro homicídios a
cada 100 mil habitantes
para 75, quando se chega aos 21 anos de idade.
Os homicídios, também,
vitimam majoritariamente, negros, isto é, pretos
e pardos. Foram 41.127
negros e 14.928 brancos
mortos em 2012. Considerando toda a década (2002
- 2012), houve “crescente seletividade social”,
nos termos do relatório.
Enquanto o número de
assassinatos de brancos
diminuiu, passando de
19.846, em 2002, para
14.928, em 2012, as vítimas negras aumentaram
de 29.656 para 41.127, no
mesmo período.
Ao longo dessa década,
morreram 556 mil pessoas vítimas de homicídio,
“quantitativo que excede
largamente o número de
mortes da maioria dos
conflitos armados registrados no mundo”, destaca o texto. Comparando
100 países que registraram taxa de homicídios,
entre 2008 e 2012, para
cada grupo de 100 mil
habitantes, o estudo conclui que o Brasil ocupa o
sétimo lugar no ranking
dos analisados. Fica atrás
de El Salvador; Guatemala; Trinidad e Tobago; Colômbia, Venezuela
e Guadalupe.O Brasil já
ocupou posições piores
no ranking. A situação
foi amenizada tanto por
políticas de enfrentamento à violência, desenvol-
vidas internamente, que
frearam o crescimento
exponencial das mortes,
quanto pelo fato de países, especialmente da
América Central, estarem
vivendo “uma eclosão de
violência”. Sobre isso, o
relatório destaca que mesmo os países com menores taxas da América Latina, quando comparados
com os da Europa ou da
Ásia, assumem posições
intermediárias ou mesmo
de violência elevada. Nesses continentes, segundo
a pesquisa, os índices não
chegam a três homicídios
em 100 mil habitantes.
As políticas
Entre as políticas desenvolvidas internamente, o estudo destaca a
Campanha do Desarmamento e o Plano Nacional
de Segurança Pública, em
nível nacional, e ações
em nível estadual, como
as executadas em São
Paulo e no Rio de Janeiro,
que geraram quedas nos
índices de homicídio em
meados dos anos 2000. A
magnitude desses lugares
pesou na redução dos índices e possibilitou a leve
melhora na posição do
País no ranking mundial.
Mesmo assim, a situação
é preocupante, de acordo
com o Mapa da Violência,
que é baseado no Sistema
de Informações de Mortalidade e em outros dados
do Ministério da Saúde.
Entre 2002 e 2012,
houve crescimento dos
homicídios em 20 das
27 unidades da Federação. Sete delas tiveram
crescimento explosivo:
Maranhão; Ceará; Paraíba; Pará, Amazonas e,
especialmente - registra
o estudo -, o Rio Grande
do Norte e a Bahia. Nos
dois últimos, as taxas de
mortalidade juvenil de-
vido a homicídios mais
que triplicaram.No último ano, houve aumento
das mortes, notadamente
entre os jovens. No caso
do Rio de Janeiro, por
exemplo, ocorreram 56,5
homicídios por grupo de
100 mil jovens, em 2012.
Na década, as unidades
que diminuíram as taxas
foram: Mato Grosso; Espírito Santo; Mato Grosso
do Sul; Rondônia, Pernambuco e, com mais intensidade, o Rio de Janeiro e São Paulo. Apenas
seis estados tiveram queda entre 2012 e 2011. Um
deles, Pernambuco, diminuiu 6,8%. Os números,
todavia, mostram o desafio:
nesse estado, foram 73,8
homicídios a cada 100 mil
jovens. Goiás ocupa uma
posição intermediária, embora os estudos apontem
um elevado crescimento
no índice de homicídios na
última década.
Download

Brasil tem 7º maior número de homicídios entre