Rev. Bras. Fisiot. Vol. 4, No. I (1999), 39-47 ©Associação Brasileira de Fisioterapia INCIDÊNCIA DE LESÕES NO FUTEBOL: UM ESTUDO PROSPECTIVO COM JOGADORES MASCULINOS ADULTOS AMADORES CANADENSES Ladeira, C. E. Department of Physical Therapy, Faculty of Rehabilitation Medicine, University of Alberta, AB, Canada Correspondência para: Carlos E; Ladeira, Physical Therapy Program, College of Allied Health, 3200, South University Dr., Ft. Lauderdale, FL 33328-2018, EUA, e-mail: [email protected] Recebido: 10/07/98- Aceito: 15/09/99 RESUMO Esta investigação incluiu o estudo da incidência, recorrência, circunstâncias e conseqüências de lesões futebolísticas. Sessenta e dois jogadores amadores canadenses sofreram 22 lesões durante um campeonato de seis meses. A incidência de lesões foi de 13,4/1.000 horas de partidas de futebol. O índice de recorrência de lesões foi de 27%. Oitenta e seis por cento das lesões afetaram os membros inferiores (Mis) dos atletas: 32% foram estiramentos Iigamentares e 36% foram distensões músculo-tendinosas. Sessenta e quatro por cento das lesões foram causadas· sem contato físico entre jogadores. Apenas 9,1% das lesões foram consideradas graves. Apesar da pequena amostra de jogadores estudados e do pequeno número de lesões observadas, os resultados deste estudo foram similares às características de lesões no futebol publicadas em outras investigações. Palavras-chave: futebol, lesões, incidência, epidemiologia, distensões musculares, estiramentos ligamentares. ABSTRACT This study researched the incidence, the recurrence rate, the circumstances, and the consequences of soccer injuries. Sixty two players were studied during a six month outdoor soccer season. Twenty two lesions were observed. Game injury incidence was 13.4/1000 hours. Injury recurrence rate was 27%. Eighty six percent of the injuries affected the lower extremities of the players: 32% were ligament sprains e 36% were musculotendinous unit strains. Sixty four percent of the injuries occurred without foul play and/or physical contact among players. Only 9.1% of the injuries were considered major or serious. Despi te the small sample size studied and the small number of injuries observed, the results of this investigation were similar to soccer injury incidence and characteristics published elsewhere. Key words: soccer, injury, incidence, epidemiology, muscle strains, ligament sprains. INTRODUÇÃO O futebol é responsável pelo maior número de lesões desportivas do mundo (Frank, 1977; Keller et al., 1977). Este número de lesões é tão alto que de 3% a 10% de traumas físicos tratados em hospitais europeus são causados pelo futebol (Frank, 1977). Em um estudo conduzido na Noruega, trabalhadores perderam 91.500 dias (em um período de cinco anos) de trabalho devido ao tratamento de lesões futebolísticas (Roaas & Nilson, 1979). Nos Estados Unidos, o custo médio do tratamento de cada lesão futebolística em uma escola de segundo grau foi calculado em 126 dólares (Pritchett, 1981). Na França, uma companhia de seguro saúde estimou que gastou aproximadamente 20 milhões de dólares em um período de um ano para cobrir lesões do futebol (cus- tos médicos, pagamento por dias perdidos de trabalho e morbidade física) (Berger-Vachor et al., 1986). Os autores deste trabalho não têm o conhecimento de estudos epidemiológicos de lesões futebolísticas no Brasil. Entretanto, devido à paixão do brasileiro pela prática e jogo do futebol, provavelmente há uma enorme população neste país que sofre com tais lesões. A epidemia mundial de lesões futebolísticas com suas devidas conseqüências sócioeconômicas é indiscutível. A melhor maneira de diminuir a incidência dessas lesões parece ser por meio do estudo da prevenção das mesmas. A prevenção de lesões desportivas deve se basear em um estudo epidemiológico de lesões. Médicos, fisioterapeutas, e treinadores físicos devem compreender a incidência, a porcentagem de recorrência, a localidade, a natureza, as 40 Rev. Bras. Fisiot. Ladeira, C. E. circunstâncias e as conseqüências de lesões futebolísticas para combater suas causas (Keller et al., 1987). Profissionais que reconhecem situações perigosas nas quais acidentes ocorrem, podem educar os jogadores para evitar lesões. A determinação de fatores de risco no futebol ajuda na prevenção de lesão nesse esporte. Portanto, esta pesquisa teve quatro objetivos: I. determinar a incidência e a porcentagem de recorrência de lesões no futebol; 2. determinar as circunstâncias da ocorrência (durante jogo, treino ou insidiosa; origem direta ou indireta) e conseqüências (tempo sem poder jogar ou treinar e atenção médica) das lesões; 3. determinar a localidade das lesões (joelho, tornozelo, entre outras); 4. determinar a natureza das lesões (estiramentos, fraturas, distensões, contusão, entre outras). DEFINIÇÃO DE TERMOS Definições são muito importantes em pesquisas epidemiológicas. Sem definições de termos, pesquisadores não podem comparar os resultados de suas investigações (Keller et al., I987). Por exemplo, um estudo que registra apenas lesões atendidas em hospitais não inclui machucados (pequena distensão muscular, dente quebrado, entre outras) que não requerem uma visita hospitalar. E assim, este último trabalho não poderia ser comparado com uma investigação em que lesões são registradas por um fisioterapeuta em contato direto com o jogadores de futebol de um clube. Portanto, a necessidade das definições abaixo: I. Uma lesão futebolística foi definida como qualquer machucado que ocorresse em uma prática ou jogo de futebol e não permitisse que o atleta voltasse ao treino ou partida no mesmo dia ou dia seguinte à lesão (Keller et a!., I987; Noyes et al., I988). 2. Uma recorrência de lesão foi definida como qualquer machucado que ocorresse dentro de oito semanas na mesma área do corpo e com características similares a uma lesão anterior (distensão músculotendinosa, estiramento ligamentar) (Ekstrand et al., 1983). 3. Lesão direta foi qualquer machucado que ocorresse devido à colisão física entre jogadores ou entre um jogador e qualquer outro objeto; por exemplo, uma fratura na extremidade superior após uma queda ou um estiramento ligamentar de joelho causado por um chute, um carrinho ou uma rasteira (Kirdendall & Wiiker, 1988). 4. Lesão indireta foi qualquer machucado que ocorresse sem uma colisão física, como um estiramento ligamentar de tornozelo, quando um jogador torce seu tornozelo tentando driblar seu oponente e rompe ligamentos sem nenhum contato físico com outro jogador ou contato direto com o solo, ou uma distensão muscular quando um jogador rompe fibras correndo sem contato com nada ou ninguém (Kirdendall & Weiker, 1988). 5. Distensão foi usado para referir-se a uma lesão indireta na unidade músculo-tendinosa, incluindo tendinites e excluindo contusões (Ekstrand et a!., 1983; Ekstrand & Gillquist, 1983; Eriksson et a!., I986). 6. Estiramento foi usado para referir-se à uma ruptura ligamentar articular, causada indireta ou diretamente (Ekstrand et a!., I983; Ekstrand & Gillquist, I983; Keene, I990). 7. Atenção médica refere-se apenas ao atendimento de um jogador em um consultório médico, não importa o tipo de tratamento (injeção, medicamentos, cirurgias etc.) para lesão. 8. A seriedade de cada lesão foi classificada pelo tempo que o atleta machucado não jogasse futebol (incluindo treinos) (Keller at al., I987; Noyes et al., I988): (a) suave: de um à sete dias sem participação; (b) moderada: de oito dias a quatro semanas sem participação; e (c) grave: mais de quatro semanas sem participação. METODOLOGIA Sujeitos Jogadores que pertenciam à liga amadora de futebol em Edmonton (Alberta, Canadá), em I990, foram selecionados para participar nesta pesquisa. Somente jogadores masculinos, que pertenciam à primeira divisão, foram selecionados. A primeira divisão tem oito clubes, entretanto, os treinadores de dois times recusaram participar no estudo. Portanto, somente seis times participaram no estudo, dos quais, 69 jogadores (média de idade: 24,8 anos) voluntariaram-se para o estudo (uma média de II jogadores por clube). Os jogadores assinaram um documento (aprovado pelo Comitê de Pesquisa da "Faculty of Rehabilitation Medicine, University of Alberta"), dando permissão para a participação no estudo, antes do início da pesquisa. Jogadores que se machucaram em uma atividade física não relacionada ao futebol foram excluídos da pesquisa para controle dos dados (Keller at al., I987; Noyes et al., I988). Jogadores que não participaram de jogos ou treinos por mais de oito semanas consecutivamente também foram excluídos da pesquisa para garantir uma exposição similar de tempo jogado de futebol entre os atletas (Keller et al., I987). Entre os 69 jogadores que voluntariaram-se para participar na pesquisa, sete foram excluídos. Um jogador mudou Vol. 4 No. I, 1999 Incidência de Lesões no Futebol de ,clube e seu novo time não estava sendo estudado. Dois outros atletas viajaram e não participaram do campeonato por mais de dois meses consecutivamente. Quatro jogadores sofriam de lesões do campeonato anterior à temporada estudada (lesões ocorridas na temporada de inverno de futebol) e estiveram ausentes por mais de oito semanas consecutivamente. Assim, apenas 62 jogadores participaram nesta pesquisa. Coleta de Dados O autor principal desta pesquisa esteve em contato semanal com os treinadores para investigar a ocorrência de lesões. Este último assistia pelo menos a um jogo de futebol por semana e comunicava-se com os jogadores durante as partidas para colher dados. Na tentativa de fazer a coleta de dados o mais confiável possível, quando um jogador se machucava, os detalhes de sua lesão eram anotados numa entrevista pessoal com o autor principal. Ou seja, a determinação da lesão foi feita baseada na história do acidente relatado pelo jogador de futebol (Luthje et al., 1986). Esta história médica foi baseada em um questionário aprovado pelo Comitê de Pesquisa da "University of Alberta". As lesões foram identificadas apenas de acordo com a história do trauma físico, sem o terapeuta tocar nos atletas durante a entrevista como descrito na literatura (Lindenfeld et al., 1988; Noyes et al., 1979). Estatística A incidência de lesões foi expressa pelo tempo exposto ao futebol, para fazer a comparação entre as lesões mais significativas (Keller et al., 1987; Noyes et al., 1988). A incidência de lesões foi expressa por 1.000 horas jogadas de futebol, como sugerido na literatura (Ekstrand & Gillquist, 1983; Keller et al., 1987; Luthje et al., 1996; Noyes et al., 1988), de acordo com a seguinte equação: Incidência = (total de lesões I total de jogadores) x 1.000 A média de número de horas jogadas de futebol para os atletas durante o campeonato A recorrência de lesões foi expressa em porcentagem, ou seja, se entre 10 distensões, 6 repetissem durante o estudo, a recorrência de distensões seria de 60%. A circunstância de ocorrência de lesões (jogo ou prática, direto ou indireto), as conseqüências das lesões (gravidade e atenção médica), a localidade e a natureza das lesões também foram descritivamente apresentadas. RESULTADOS por semana (1 ,5 hora), por seis meses (total de 36 horas de jogos no campeonato). Os treinadores reportaram uma participação de 60% dos 62 jogadores selecionados para a pesquisa, portanto, cada atleta jogou aproximadamente 21 ,6 horas de futebol por campeonato. Pela equação descrita anteriormente, a incidência de lesões foi de 13,4/1.000 horas de partidas de futebol. A incidência de lesões não foi expressa em horas de treinos porque os treinadores não anotaram o tempo que seus atletas participavam nos mesmos. Oitenta e seis por cento das lesões afetaram os Mls dos atletas: 32% foram estiramentos ligamentares (quatro no joelho e três no tornozelo), 36% foram distensões músculo-tendinosas (cinco nos ísquio-tibiais, duas nos adutores do quadril e uma no tendão de Aquiles) (Tabelas 1 e 2). Dezoito jogadores se machucaram em jogos, um jogador se machucou em um treino e três outros jogadores se machucaram sem saber o momento exato que seus sintomas iniciaram, ou seja, seus sintomas começaram insidiosamente. Nove atletas procuraram atenção médica para 11 lesões (50% das lesões). A proporção de lesões graves para lesões suaves foi mínima. Todas as lesões graves ocorreram em jogos, estas foram lesões diretas causadas por jogadas violentas que foram penalizadas pelo juiz de futebol (Tabelas 3 e 4 ). Tabela 1. Incidência e recorrência de lesões. Lesões futebolísticas Incidência o/o deN Recorrência o/o deN Estiramento: joelho 4 018,18% Estiramento: tornozelo 3 013,60% *Distensão de ITs 5 022,80% *Distensão de AQ 2 009,10% 04,55% *Distensão de TA 004,55% 04,55% Fasciite Plantar 004,55% 04,55% Bursite: metatarso 004,55% o 00,00% Contusão na tíbia 004,55% o 00,00% Laceração de joelho 004,55% o 00,00% Lombalgia 004,55% o 00,00% Contusão de nanz 004,55% o 00,00% Estiramento: Polegar 004,55% o 00,00% 100,00% 6 27,27% Total Dezenove jogadores (31% dos atletas) sofreram 22 lesões durante o campeonato ( 18 em jogos e 4 em treinos e/ou insidiosamente). Cada time de futebol jogou uma partida 41 22 o 00,00% 04,55% 2 09,10% N = 22 ou número total de lesões. % = porcentagem. * distensão músculo-tendinosas: IT = ísquio-tibiais, AQ = adutores de quadril, TA= tendão de Aquiles. 42 Ladeira, C. E. Rev. Bras. Fisiot. Tabela 2. Natureza e localidade das lesões. Natureza da lesão Parte do corpo lesada Total de lesões (100%) Tronco e cabeça: 2 (9,1%) Membros superiores 1 (4,5%) Membros inferiores 19 (86,3%) *Distensão da UMT: 8 (36,5%) Nenhum Nenhum Tendão de aquiles: I Ísquio-tibial: 5 Adutor do quadril: 2 Contusão: 2 (9,1%) Nariz: I Nenhum Tíbia: I Estiramento ligamentar 9 (36,3%) Coluna lombar: I Dedo: I Joelho: 4 Tornozelo: 3 Laceração: I (4,5%) Nenhum Nenhum Joelho: I Bursite e fasciite (9,1%) Nenhum Nenhum Fasciite plantar: I Bursite Mctasarsal: I * UMT: unidade músculo-tendinosa. Valores dentro da tabela representam númerto de lesões e sua respectiva porcentagem. Tabela 4. Conseqüências das Lesões. DISCUSSÃO Definições epidemiológicas de lesões são diferentes de termos usados por clínicos. Estas definições podem confundir a interpretação dos resultados de uma pesquisa. De acordo com as definições citadas anteriormente, um machucado (uma tendinite, estiramento ligamentar, entre outras) que permite do atleta jogar futebol, mesmo afetando a habilidade de seu jogo, não é registrado como lesão. Estiramento: joelho Tabela 3. Circunstâncias das lesões. *Distensão deAQ Jogo Treino Insidioso Direto o 3 Estiramento: tornozelo 2 o o 3 3 o 4 o o o Bursite: metatarso o o o 2 Contusão na tíbia o o o 5 Laceração de joelho o o o o o 2 o o o o o o o *Distensão de!Ts 5 o o *Distensão deAQ 2 o o *Distensão de TA o o Contusão de nariz Fasciite Plantar o o Estiramento: Polegar Bursite: metatarso o o Lombalgia o Porcentagem Contusão na tíbia o o o o Laceração de joelho o o o Lombalgia o Contusão de nariz o o o o o o o Estiramento: Polegar o o o o 36,4% 2 o o 13,60% 2 Fasciite Plantar 3 04,55% 2 o Estiramento: tornozelo 81 ,82% Não o 3 Porcentagem Sim o Indireto Estiramento: joelho 2 2 Grave Moderada *Distensão de TA Mecanismo Ocorrência Lesão Suave *Distensão de!Ts Atenção médica Severidade Lesão 63,6% *Distensão músculo-tendinosas: IT = ísquio-tibiais, AQ = adutores de quadril, TA= Tendão de Aquiles, N = 22. 40,90% 04,55% 13,60% o 50,00% 50,00% *Distensão músculo-tendinosas: IT = ísquio-tibiais, AQ = adutores de quadril, TA= Tendão de Aquiles, N = 22. Da mesma forma, a maneira que a severidade de uma lesão é classificada também pode confundir a interpretação da gravidade da mesma. Por exemplo, é possível que uma fratura na mão de um atleta, geralmente considerada grave por clínicos, pode ser classificada em lesão suave ou moderada se o atleta conseguir jogar futebol com a mão engessada. Portanto, o leitor deve entender as delimitações destas definições Vol. 4 No. I, 1999 Incidência de Lesões no Futebol epidemiológicas para interpretar os resultados de trabalhos como o presente. A maneira que lesões são diagnosticadas na clínica também podem ser diferentes da mesma em uma pesquisa epidemiológica. Ao contrário de certos trabalhos em que os pesquisadores fizeram um exame físico de cada atleta (Luthje et al., 1996), a determinação de lesões aqui foi feita apenas através da estória da lesão em uma entrevista com o jogador lesado. Em pesquisas, há problemas com o diagnóstico de lesões por meio de um exame físico. Primeiro, a validade e a confiabilidade de testes manuais para diagnosticar lesões, como estiramentos ligamentares e lesão de menisco, são questionaveis (Cooperman et al., 1990; Katz & Fingeroth, 1986; Stratford & Binkley, 1995), a não ser que todos os pacientes tenham suas lesões confirmadas com uma artroscopia, o que não seria possível com todo jogador machucado nesta pesquisa. Segundo, a interpretação de testes manuais é subjetiva (Fletcher et al., 1988). Um teste positivo pode fazer o examinador continuar a procurar um machucado e aumentar as chances do registro de tal lesão. Da mesma forma, um teste negativo pode fazer um examinador parar de procurar uma lesão que, se estiver presente, não será registrada (Fietcher et al., 1988). A investigação de lesões por meio de definições de termo como nesta pesquisa talvez não determine especificamente a localidade de uma lesão ligamentar ou de um menisco, entretanto, esta determinação permite uma documentação mais científica, mais imparcial e mais consistente da pesquisa. A diferença metodológica usada em várias pesquisas faz a comparação deste trabalho com outras investigações muito difícil (Inklaar, 1994; Keller et al., 1987). Pesquisas sem definição de lesão futebolística (Me Master & Walter, 1978) ou sem incidência de lesão expressa por exposição ao jogo de futebol (Aibert, 1983) não podem ser comparadas com este trabalho, por causa da deficiência metodológica das mesmas (Inklaar, 1994; Keller atai., 1987; Noyes et al., 1988). Investigações nas quais os dados foram coletados em hospitais (Jensen et al., 1993; Sadat-Ali & Sakaran-Kutty, 1987; Stokes et al., 1994) ou em companhias de seguro saúde (Benger-Vachon et al., 1986; Loes, 1995; Pritchett, 1981) freqüentemente documentaram lesões mais sérias do que aquelas obtidas por um terapeuta em contato direto com atletas (Berger-Vachon et al., 1986; Katz & Fingeroth, 1986), assim, elas não puderam ser comparadas com esta pesquisa. Estudos com mulheres (Egstrõn et al., 1991) ou crianças e adolescentes (Inklaar et al., 1996; Kibler, 1993; Putukian et al., 1996) não puderam ser comparados com este trabalho devido a diferença de gênero e idade entre os jogadores destes últimos e os atletas do estudo atual. Portanto, esta pesquisa só pode ser significativamente comparada a trabalhos em que as variáveis controladas e as definições de termos fossem similares. Este trabalho foi similar às pesquisas de Nielsen & Y de (1989), Egstrõm et al. (1990), Ekstrand et al. (1983) e Lüthje 43 et al. (1996). As similaridades destes últimos com o trabalho atual foram em termos de participantes Uogadores adultos masculinos), organização do estudo (prospectivo, incidência expressa por 1.000 horas de exposição ao futebol) e definição de termos (incluindo lesão futebolística e gravidade de lesão). A incidência de lesões de 13,4/1.000 horas foi similar à mesma de estudos europeus: isto é, futebol amador dinamarquês foi 14,3/1.000 horas (Nielsen & Yde, 1989), futebol amador sueco foi 16,9/1.000 horas (Ekstrand & Gilquist, 1983; Ekstrand et al., 1983), futebol semi-profissional sueco foi 13/1.000 horas (Egstrõn et al., 1990) e finlandês foi 16,6/1.000 horas (Lüthje et al., 1996). Oitenta e seis por cento das lesões afetaram os Mis, Ekstrand et al. (1983), Nielsen & Yde (1989), Egstrõm et al. (1990) e Lüthje et al. (1996) também observaram resultados similares: 88%, 84%, 93% e 76%, respectivamente. O joelho foi afetado em 22% das lesões deste estudo. Nielsen & Y de (1989), Ekstrand & Gilquist (1983), Ekstrand et al. (1983) e Lüthje et al. (1996) também observaram porcentagens similares de lesões no joelho (16,2%, 20% e 19%, respectivamente). O tornozelo foi lesado em 13,6% das lesões. Ekstrand & Gillquist (1983), Ekstrand et al. (1983) e Lüthje et al. (1996) observaram uma porcentagem similar de lesões no tornozelo: 17%. Nielsen & Yde (1989) e Engstrõm et al. ( 1990) documentaram uma maior porcentagem de lesões no tornozelo: 35% e 22%, respectivamente. Entretanto, considerando a natureza das lesões deste estudo e dos estudos anteriores (Ekstrand & Gillquist, 1983; Ekstrand et al., 1983; Nielsen & Y de, 1989), a porcentagem de lesões no tornozelo foram mais parecidas. Neste trabalho, estiramento ligamentar foi a única lesão observada no tornozelo (I 3,6% ). Ekstrand & Gillquist ( 1983), Ekstrand et al. ( 1983) e Engstrõm et al. (1990) documentaram uma porcentagem similar de lesões ligamentares no tornozelo: 16,7% e 15,3%, respectivamente. Quanto a natureza das lesões, 41% foram estiramentos Iigamentares. Estudos europeus documentaram uma porcentagem similar de estiramentos: 29% (7, 8), 34% (28) e 48,6% (9). Lüthje et al. (1996) separaram ruptura de estiramento ligamentar sem definir estes termos, portanto, o trabalho destes últimos não puderam ser comparados com o atual. O joelho e o tornozelo sofreram 44% e 33,3% de estiramentos, respectivamente. A porcentagem de estiramentos no tornozelo foi mais alta do que a mesma para o joelho em estudos europeus. Ekstrand & Gillquist ( 1983), Ekstrand et al. (1983) e Nielsen & Y de (1989) observaram, respectivamente, 34% e 26,4% de estiramentos ligamentares no joelho, estes últimos documentaram 59% e 66% de estiramentos ligamentares no tornozelo. Os autores deste trabalho não sabem explicar essa última diferença de resultados. A porcentagem de distensões músculo-tendinosas (32%) foi maior do que a mesma para estudos europeus: isto é, 18% (Ekstrand & Gillquist, 1983; Ekstrand et al., 1983), 12% 44 Ladeira, C. E. (Egstron et al., 1990) e 21 o/o (Nielsen & Y de, 1989). Lüthje et a!. ( 1996) separaram ruptura e distensão muscular sem definir estes termos, portanto, o trabalho destes últimos não pode ser comparado com o atual. A razão para um maior número de distensões em jogadores canadenses é provavelmente porque estes últimos não treinavam sobre a mesma supervisão técnica de times europeus. Treinadores atléticos supervisionavam as práticas dos jogadores semi-profissionais europeus com o menor número de distensões (Egstron et al., 1990). Jogadores amadores suecos e dinamarqueses sempre praticavam sobre a supervisão de técnicos. Treinadores e técnicos podiam instruir seus jogadores em exercícios de aquecimento e alongamento antes dos treinos e jogos. Entretanto, os times de Edmonton (Canadá) não praticavam ou jogavam sempre na presença de técnicos ou treinadores. O autor principal deste trabalho observou muitos jogos de futebol em Edmonton onde os jogadores não faziam aquecimento e/ou alongamento para as partidas. Portanto, é possível que alguns dos jogadores canadenses de Edmonton sofreram distensões por falta de aquecimento e alongamento muscular (Keller et al., 1987). Os jogadores apenas procuraram atenção médica quando estavam sangrando (contusão no nariz, contusão na tíbia e corte no joelho) ou eram incapazes de correr no campo de futebol (dois estiramentos de joelho graves, uma fasciite plantar, uma distensão do tendão de Aquiles e uma bursite na cabeça do primeiro metatarso). Para piorar a situação, os jogadores freqüentemente tentavam se automedicar. Apenas quando reagravavam as lesões, eles procuravam ajuda médica (três distensões musculares, uma fasciite plantar e uma bursite). Esse problema de jogadores se automedicarem e retornarem à prática de futebol sem orientação médica e fisioterápica preocupa muito (Ekstrand et al., 1983; Njororai, 1994 ); porque a grande maioria de lesões graves que ocorrem sem colisões físicas são o resultado da reabilitação de jogadores machucados sem supervisão de profissionais da área médica (Ekstrand et al., 1983). Ekstrand & Gillquist (1983) e Ekstrand et al. (1983) confirmaram que lesões graves geralmente ocorrem como conseqüência de lesões suaves mal reabilitadas. Portanto, fisioterapeutas devem educar seus atletas para não jogar futebol durante a recuperação de lesões suaves, lesões suaves podem reagravar e gerar complicações (inflamações crônicas, instabilidades articulares) que requerem tratamentos caros e inconvenientes (cirurgias, injeções e/ou fisioterapia prolongada) (Ekstrand & Gillquist, 1983; Ekstrand et al., 1983). Entre as lesões observadas neste estudo, 27% recorreram durante o campeonato. Ekstrand & Gillquist (1983) e Ekstrand et al. (1983) observaram uma recorrência similar de lesões: 33%. Lüthje et al. (1996) e Engstróm et al. ( 1990) não publicaram recorrência de lesões. Nielsen & Y de ( 1989) não definiram recorrência de lesões, mas documentaram que 58,6% das lesões foram repetições de incidentes antigos. Rev. Bras. Fisiot. A porcentagem de recorrência de Lüthje et al. (1996) foi mais alta do que deste estudo, por que, estes últimos consideraram lesões de mais de ano na mesma parte do corpo com a mesma natureza como recorrência. Os autores atuais apenas consideraram recorrências as lesões que repetissem dentro de oito semanas. As recorrências deste estudo foram na grande maioria distensões músculo-tendinosas com gravidade de lesão nas categorias suave e moderada. Ekstrand et al. (1983) e Njororai (1994) acreditam que a falta de informação médica de treinadores e atletas que praticam futebol é o principal motivo desta alta porcentagem de recorrência de lesões emjogadores amadores. Estes últimos acreditam que a educação de jogadores de futebol poderia prevenir a recorrência de lesões. A maioria das lesões observadas nesta pesquisa não causaram conseqüências drásticas para os jogadores. Lesões na categoria grave foram responsáveis por apenas 9% das lesões observadas, o que indica que o futebol praticado por este grupo de atletas é relativamente seguro. Uma proporção similar de lesões graves (1 1 o/o) foi observada entre jogadores amadores que jogavam futebol na quarta divisão sueca (Ekstrand & Gillquist, 1983; Ekstrand et al., 1983). Entretanto, Nielsen & Y de (1989), Engstróm et al. (1990), e Lüthje et al. ( 1996) reportaram proporções mais altas de lesões graves para atletas amadores dinamarqueses (35%), jogadores semi-profissionais suecos (29%) e finlandeses (16% ). Lüthje et al. (1996) e Engstrom et al. (1990) observaram uma maior proporção de lesões graves do que os autores atuais, provavelmente, devido ao fato de terem estudado futebol semi-profissional com nível de competição física mais exigente e perigosa do que o futebol amadorestudado pelos autores atuais (Keller et al., 1987). Entretanto, o fato de Nielsen & Y de (1989) terem observado um maior número de lesões graves do que os autores presentes não pode ser explicado. Na presente pesquisa, a maioria das lesões graves ocorreram no joelho (75%) e foram causadas por chutes e carrinhos. Lüthje et al. (1996) não documentaram o mecanismo ou a porcentagem de lesões classificadas como grave no joelho. Ekstrand Ekstrand & Gillquist (1983) e Ekstrand et al. (1983), Engstróm et al. (1990) e Nielsen & Y de (1989) também reportaram que a maioria das lesões graves no futebol afetaram o joelho (respectivamente: 35%, 46% e 55%). Além disso, Nielsen & Y de ( 1989) e Engstrom et al. ( 1990) reportaram, respectivamente, que 55% e 50% de lesões graves de joelho são causadas por jogadas ilegais no futebol, como carrinhos e pontapés nas pernas dos jogadores. Neste estudo, 50% dos estiramentos de joelho graves foram causados por jogadas violentas penalizadas pelo juiz de futebol. Lesões de joelho podem debilitar a habilidade de um jogador de futebol permanentemente (Bjordal et al., 1997; Egstrón et al., 1990). Certas lesões de joelho, como instabilidades ligamentares, podem causar doenças degenerativas articulares que afetam a qualidade de vida do jogador mesmo depois Vol. 4 No. I, 1999 Incidência de Lesões no Futebol que este parar de praticar esportes (Bjordal et al., I 997; Moretz et al., I 984 ). A preparação física de atletas não pode prevenir as jogadas ilegais responsáveis pelas lesões graves mencionadas anteriormente. Para diminuir a incidência destas lesões causadas por jogadas ilegais, é necessário que atletas entendam a conseqüência das mesmas. A punição vigorosa de jogadores que cometam faltas violentas, também, poderia ajudar na diminuição da incidência de lesões graves de joelho. A lesão mais comum observada nesta pesquisa foi a distensão de ísquio-tibiais. Distensão de ísquio-tibiais não causam as mesmas conseqüências dramáticas no futebol como as lesões de joelho (Egstron et al., 1990). Entretanto, estas lesões podem ocorrer em momentos inoportunos afetando a participação de um atleta em um jogo importante. Além do mais, distensões como a dos músculos ísquio-tibiais podem ter um alto índice de recorrência. Nesta pesquisa, 40% das distensões dos ísquio-tibiais recorreram. Esta recorrência de distensões faz o atleta perder mais tempo de treino e jogo, o que pode atrapalhar a participação do jogador no percurso de um campeonato importante. O treinamento físico de atletas com distensões sobre a supervisão médica e/ou fisioterápica pode evitar tal problema de recorrência de distensões (Ekstrand et al., 1983). As lesões na maioria dos jogadores ( 64%) foram indiretas. Resultados similares foram reportados em um estudo europeu: 63% (Nielsen & Yde, I 989). Ekstrand & Gillquist (I 983), Ekstrand et al. (I 983) e Engstrom et al. (I 990) não documentaram lesões de uma maneira que o mecanismo direto ou indireto pudesse ser calculado. Lüthje et al. (1996) observaram 74% das lesões causadas diretamente devido ao contato físico entre jogadores, esta alta porcentagem de lesões diretas provavelmente reflete uma maior competição com contato físico do jogo semi-profissional. A ocorrência indireta de lesões nesta pesquisa provavelmente reflete uma baixa porcentagem de incidentes físicos entre os jogadores documentados no futebol de nível amador. A porcentagem atual de lesões indiretas poderia ser diminuída com um treinamento físico mais apropriado. A maioria das lesões indiretas ocorreu durante as partidas de futebol. Treinadores devem prestar atenção na preparação dos atletas imediatamente antes e durante as partidas de futebol. Preparadores físicos devem fazer seus atletas aquecer o corpo e alongar os músculos antes de cada jogo (Ekstrand et al., 1983; Moller et al., 1985). No intervalo das partidas, treinadores não devem permitir que os jogadores esfriem o corpo (Ekstrand et al., 1983; Moller et al., 1985) e devem fazer os mesmos alongar novamente antes do segundo tempo (Moller et al., 1985). Treinadores, também, não devem permitir que jogadores cansados continuem na partida de futebol a fim de evitar lesões causadas por fatiga (Eriksson et al., I 986). Entre as lesões observadas neste estudo, I 3,6% iniciaram insidiosamente. Nielsen & Yde (I 989), Ekstrand & Gillquist ( 1983) e Ekstrand et al. ( 1983), e Lüthje et al. ( 1996) 45 não documentaram lesões que iniciaram insidiosamente. Entretanto, Engstrom et al. ( 1990) observaram uma porcentagem (26%) bem mais alta de lesões insidiosas do que os autores deste estudo. As lesões insidiosas deste trabalho e da pesquisa de Engstrom et al. ( 1990) foram na grande maioria tendinites e bursites, ou seja, incidentes que muitas vezes ocorrem por excesso de uso articular (Eriksson et al., 1986). Um jogador de futebol pode correr de 5 até 12 km em uma partida, dependendo do preparo físico do atleta (Kirkendall, 1985). Quanto melhor o preparo físico do jogador, mais ele corre em um jogo e geralmente maior as chances deste sofrer uma tendinite ou bursite por excesso de uso articular (Eriksson et al., 1986). A incidência de lesões insidiosas mais alta para os jogadores semi-profissionais suecos provavelmente reflete um maior preparo físico e maior excesso de uso articular destes últimos em relação aos atletas amadores estudados aqui. Quinze por cento dos jogadores receberam atenção médica para 50% das lesões. Nielsen & Y de (I 989) observaram uma porcentagem similar (51%) de lesões que receberam atendimento médico à porcentagem da pesquisa atual. Na pesquisa de Lüthje et al. (I 996) todas as lesões receberam atenção médica, entre as quais 19% receberam cirurgia. Engstrom et al. ( 1990) reportassem uma porcentagem de lesões que recebeu tratamento mais alta do que a desta pesquisa atual, estes autores observaram que 20% das lesões foram tratadas em hospitais e 90% em clínicas fisioterápicas. Estes dois últimos trabalhos (Engstron et al., 1990; Luthje et a!., 1996) estudaram jogadores semi-profissionais que praticavam futebol em uma liga de elite mais competitiva do que a mesma do Canadá, o que provavelmente contribui para uma maior porcentagem de lesões sérias tratadas em hospitais e clínicas. Além do mais, os jogadores semi-profissionais podem ter dado mais importância ao tratamento de suas lesões do que os atletas desta pesquisa presente; já que estes primeiros recebem uma compensação financeira para jogar futebol, enquanto, os últimos são atletas exclusivamente amadores e não são pagos. CONCLUSÃO A incidência, as circunstância e as conseqüências de lesões futebolísticas neste grupo de jogadores amadores canadenses foi similar à de jogadores europeus. A maioria das lesões afetaram os membros inferiores dos jogadores. A maioria de lesões afetaram o joelho e o tornozelo, entre estas, a maioria foi estiramento Iigamentar e distensão músculo-tendinosa. Lesões graves afetaram com freqüência o joelho. Como em outros estudos com jogadores amadores, poucos atletas desta investigação procuraram ajuda médica ou fisioterápica após a primeira incidência de uma lesão. Um estudo epidemiológico de lesões futebolísticas no Brasil é necessário para determinar as características das 46 Ladeira, C. E. mesmas neste país. Variáveis que afetam as características de lesões futebolísticas podem gerar acidentes únicos em um país como o Brasil: habilidade do jogador, ritmo do jogo, qualidade do gramado, clima, temperatura, entre outras. Um melhoramento importante deste estudo poderia ser feito com um maior número de jogadores na amostra da pesquisa. Agradecimentos - O autor principal deste trabalho recebeu auxílio financeiro da CAPES na realização do mesmo. Esta pesquisa foi realizada durante a obtenção de Título de Mestre em Fisioterapia pelo autor principal. 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