Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 AVALIAÇÃO DE GENÓTICOS DE FEIJÃO CAUPI SUBMETIDOS A DIFERENTES NÍVEIS SALINIDADE EM CAMPINA GRANDE - PB CRISTIANA MARIA DE SOUZA1, RONALDO NASCIMENTO2, ARMINDO BEZERRA LEÃO3*, LUMARA TATIELY SANTOS AMADEU4 1 Graduada, Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 2101-1055, [email protected] Dr. Prof. Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 2101-1055, [email protected] 3 Dr. Bolsista CNPq/FAPESQ, UFCG, Campina Grande-PB. Fone: (83) 2101-1055, [email protected] 4 Graduanda, Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Fone (83) 2101-1055, [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Com o objetivo de avaliar a tolerância de genótipos feijão caupi à diferentes níveis de salinidade na água de irrigação, com base na produção de vagens, sementes e nodulação, realizouse um trabalho na Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado em um fatorial 10 x 4, com 4 repetições. Os fatores foram constituídos de 10 genótipos de feijão caupi, MNC 01 649F-2-11 (G1); MNC 02 676F-1 (G2); MNC 02 677F-5 (G3); MNC 02 701F-2 (G4); MNC 03 761F-1(G5); MNC 02 675F-4-9 (G6); MNC 02 675F-9-2 (G7); MNC 03 737F-5-10 (G8); MNC 03 737F-5-11 (G9) e BRS ITAIM (G10) e quatro níveis de salinidade da água de irrigação, com condutividades elétrica de 0,6 (nível da água de abastecimento); 2,1; 3,6 e 5,1 dS m-1 a 25º C. A semeadura foi realizada em vasos, disposta em casa de vegetação com plantio de três sementes, permanecendo uma planta por vaso, após germinação. As irrigações foram realizadas diariamente, e a irrigação com água salina foi aplicada a formação do primeiro trifólio. Foram avaliadas número de sementes, massa seca de 100 sementes enumero total de nódulos. Os resultados foram analisados por meio do programa SAS. O maior número de sementes só foi alcançado em salinidade mais baixa (0,6 dS m-1) pelo genótipo G8 (156,50 sementes). O genótipo G6 demonstrou uma tolerância maior do que os demais do peso de 100 sementes. A nodulação foi reduzida com o aumento da salinidade em todos os genótipos. PALAVRAS–CHAVE: Vigna unguiculata, salinidade, tolerância a sais, genótipos EVALUATION OF GENÓTICOS OF BEAN CAUPI SUBJECT TO DIFFERENT LEVELS SALINITY IN CAMPINA GRANDE - PB ABSTRACT: In order to assess the tolerance of cowpea genotypes with different levels of salinity in irrigation water, based on the production of pods, seeds and nodulation, there was a job at the Federal University of Campina Grande, Paraíba. We used the completely randomized design in a factorial 10 x 4, with four repetitions. The factors consisted of 10 genotypes of cowpea, MNC 01 649F-2-11 (G1); MNC-02 676F 1 (G2); MNC-02 677F 5 (G3); MNC-02 701F 2 (G4); MNC-03 761F 1 (G5); MNC-02 4-9 675F (G6); MNC-02 9-2 675F (G7); MNC 03 737F-5-10 (G8); MNC 03 737F-511 (G9) and BRS ITAIM (G10) and four levels of irrigation water salinity, with electrical conductivities of 0.6 (supply water level); 2.1; 3.6 and 5.1 dS m-1 at 25 ° C. The seeds were sown in pots, arranged in a greenhouse with planting three seeds, remaining one plant per pot after germination. Irrigation was performed daily, and irrigation with saline water was applied to formation of the first trefoil. We evaluated the number of seeds, dry mass of 100 seeds enumerate total of nodes. The results were analyzed using the SAS program. The more seeds was only achieved at lower salinity (0.6 dS m-1) by the G8 genotype (156.50 seeds). The G6 genotype showed a higher tolerance than other weight of 100 seeds. The nodulation was reduced with increasing salinity in all genotypes. KEYWORDS: Vigna unguiculata, salinity, tolerance to salts, genotypes INTRODUÇÃO O feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp.), é amplamente cultivado em diferentes sistemas de produção nos trópicos, sendo uma cultura de grande importância na região Nordeste do Brasil, com uma produção de 421.199 toneladas anuais (SINGH et al., 2009). Em áreas irrigadas, surge como uma opção, principalmente em época de entressafra, a ampliação da segunda safra, representa uma alternativa para aumentar a oferta de grãos. No entanto, há necessidade de se estudar mais quanto as cultivares adaptadas às condições de irrigação a estresses bióticos tais como a salinidade (presentes nos solos nordestinos) e abióticos, com estratégias de baixo custo e ecologicamente correta. As leguminosas se destacam por formarem associações simbióticas com bactérias fixadoras de N2, resultando aporte de quantidades expressivas deste nutriente ao sistema solo-planta (Perin et al., 2003) Segundo Franco et al. (2002), a fixação biológica é uma das formas de incrementar a produtividade de leguminosas, evitando-se custos com adubos nitrogenados solúveis. A FBN é reconhecidamente eficiente em feijão caupi que, quando bem nodulado, pode atingir altos níveis de produtividade (RUMJANEK et al., 2005). Assim, objetivou-se avaliar a tolerância de genótipos feijão caupi à diferentes níveis de salinidade na água de irrigação, com base na produção de vagens, sementes e nodulação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em condições de casa de vegetação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Localizada na zona Centro Oriental do Estado da Paraíba, Planalto da Borborema, com coordenadas geográficas: latitude sul 7º13’11’’, longitude oeste 35º53’31’’ e altitude de 547,56 m. Utilizou-se delineamento experimental inteiramente casualizado em um fatorial 10 x 4, com 4 repetições. Sendo os fatores constituídos de 10 genótipos de feijão caupi e quatro níveis de salinidade da água de irrigação, correspondendo às condutividades elétrica de 0,6 (nível correspondente a água de abastecimento); 2,1; 3,6 e 5,1 dS m-1 a 25º C. Os genótipos de feijão caupi utilizados foram: MNC 01 649F-2-11 (G1); MNC 02 676F-1 (G2); MNC 02 677F-5 (G3); MNC 02 701F-2 (G4); MNC 03 761F-1(G5); MNC 02 675F-4-9 (G6); MNC 02 675F-9-2 (G7); MNC 03 737F-5-10 (G8); MNC 03 737F-5-11 (G9) e BRS ITAIM (G10) cedidos pela Embrapa Meio Norte - Piauí, e desenvolvidos para cultivo nas condições climáticas da região semi-árida do Nordeste brasileiro. Foram semeadas três sementes por vasos com capacidade de 18 kg, permanecendo uma planta por vaso. As plantas foram irrigadas diariamente, até atingirem a capacidade de campo. Logo após a formação primeiro trifólio, iniciou-se irrigação com a água salina. Aos 60 dias da emergência (DAE) foram determinados as seguintes variáveis: número de sementes, massa seca de 100 sementes e número total de nódulos. Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente por meio do programa SAS (SAS, 1989), procedendo-se à análise de variância (ANAVA), e aplicação do teste de Tukey a 5% de probabilidade para a comparação das médias. Os dados foram analisados por regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 é apresentada as médias dos números de sementes dos genótípos avaliados de feijão caupi em diferentes níveis de salinidade, observou-se, no nível de salinidade 0,6 dS m-1, que o genótipo G8 apresentou o maior número de sementes (156,50 sementes), deferindo estatisticamente dos G10 e G4. No nível de Salinidade de 2,1 dS m-1 o G2 diferiu estatisticamente do G10 que apresentou o menor número de sementes, 89,75, porém o mesmo não difere estatisticamente dos demais. Para os níveis de salinidade 3,6 dS m-1 e 5,1 dS m-1 todos genótipos não apresentaram diferenças significativa entre eles. No entanto a média geral foi de 75,55 e 63,20, respectivamente. TABELA 1 – Médias do número de sementes (NS) de plantas de genótipos de feijão caupi irrigados com água de diferentes níveis de salinidade. DEAG/CCT/UFCG, Campina Grande, 2012. Genótipo 0,6 dS m-1 2,1 dS m-1 3,6 dS m-1 5,1 dS m-1 G1 118,00 ab 108,00 abc 80,50 a 77,50 a G2 126,75 ab 41,00 a 72,50 a G3 116,00 ab 131,50 abc 45,50 a 60,25 a G4 77,50 b 111,25 abc 95,25 a 56,00 a G5 126,50 ab 108,25 abc 94,25 a 71,00 a G6 117,00 ab 104,25 abc 69,75 a 37,50 a G7 100,25 ab 97,25 bc 71,75 a 69,25 a G8 156,50 a 126,75 abc 82,75 a 51,25 a G9 111,00 ab 159,50 ab 93,00 a 81,75 a 89,75 c 81,75 a 55,00 a G10 91,25 b DMS 63,65 Média Geral 93,23 164,50 a Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os resultados para a variável massa seca de 100 sementes (Tabela 2), demonstraram que os genótipos estudados não apresentaram diferença significativa entre eles nos níveis de salinidade 0,6 dS m-1, 2,1 dS m-1 e 5,1 dS m-1, no entanto as médias gerais foram 20,89; 17,58 e 19,45. Para o nível de Salinidade 3,6 dS m-1 o G2 apresentou o maior peso (47,10 g), diferindo estatisticamente do G3 com o menor peso (12,52 g), não diferindo dos G7, G10, G6, G4, G5, G1 e G9. NEVES et al. (2008), com a aplicação contínua de água salina (CEa de 5,0 dS m-1) iniciada após a germinação e permanecendo até o final do ciclo do feijão, verificaram que a salinidade não influenciou na massa de 100 sementes. TABELA 2 – Massa seca de 100 sementes de plantas de genótipos de feijão-caupi irrigadas com água de diferentes níveis de salinidade. DEAG/CCT/UFCG, Campina Grande - PB, 2012. 0,6 dS m-1 2,1 dS m-1 3,6 dS m-1 5,1 dS m-1 G1 17,20 a 18,57 a 17,30 bc 14,05 a G2 17,25 a 13,22 a 47,10 a 16,05 a G3 20,10 a 18,47 a 12,52 c 21,95 a G4 26,62 a 17,52 a 18,35 bc 14,27 a G5 16,55 a 16,47 a 17,62 bc 16,25 a G6 22,47 a 19,62 a 20,75 abc 39,70 a G7 23,92 a 18,12 a 22,90 abc 20,82 a G8 18,00 a 16,70 a 42,70 ab 14,20 a G9 16,47 a 14,17 a 15,90 bc 15,97 a G10 30,27 a 22,92 a 22,85 abc 21,25 a Genótipos DMS 27,07 Média Geral 20,43 Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. A variável número de nódulos (Tabela 3), obteve maior quantidade para o genótipo G4 (198,25), no nível correspondente a água de abastecimento (0,6 dS m-1) diferindo estatisticamente do G5, que por sua vez apresentou o menor número de nódulos, 29,75. No nível 2,1 dS m-1, a G6 se destacou com o maior número de nódulos, divergindo estatisticamente do G8 que apresentou o menor número de nódulos (14,25). O nível de salinidade 3,6 dS m-1, apresentou os maiores números de nódulos alcançados para as estirpes G4, G3, G2 e G1, com 116; 96,25; 90,25 e 67,50, respectivamente, diferindo estatisticamente do G5 com o menor número de nódulos, 9,00. No nível 5,1 dS m-1, foi encontrado a maior quantidade de nódulos par estirpe G6 (74,0 ), diferindo estatisticamente do G9 que apresentou o menor número ( 3,0 ). Leite et al.(2009) estudando o potencial de nodulação de rizóbio em feijão caupi sob estresse salino em Neossolo Flúvico, também verificaram uma redução significativa no número de nódulos de feijão caupi. TABELA 3 - Número de Nódulos de plantas de genótipos de feijão caupi irrigadas com água de diferentes níveis salinidade. DEAG/CCT/UFCG, Campina Grande - PB, 2012. Genótipos 0,6 dS m-1 2,1 dS m-1 3,6 dS m-1 5,1 dS m-1 G1 87,00 abcd 77,00 abc 67,50 abc 25,50 abc G2 92,50 abcd 74,00 abc 90,25 ab 17,75 abc 90,25 ab 96,25 ab 36,00 abc 33,00 abc 116,00 a 48,75 abc 27,50 bc 9,00 G3 165,25 ab G4 198,25 a G5 29,75 G6 80,25 bcd G7 57,00 bcd G8 36,00 G9 c cd 121,75 abc G10 60,25 bcd DMS 102,89 Média Geral 57,26 101,00 a d 38,25 abc 38,00 abcd 74,00 a 22,75 bc 11,00 cd 17,50 abc 14,25 c 16,25 cd 12,25 bc 55,25 bc 11,50 cd 59,00 bc 26,25 bcd 3,00 c 53,50 ab Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES O maior número de sementes só foi alcançado em salinidade mais baixa (0,6 dS m-1) pelo genótipo G8 (156,50 sementes) O genótipo 6 possui maior tolerância a sais do que os demais genótipos para o peso de 100 sementes com a elevação dos níveis de sais na água de irrigação. A nodulação é reduzida com o aumento da salinidade em todos os genótipos. REFERÊNCIAS Franco, M. C. Cassiani, S. T. A.; Oliveira, V. R.; Vieira, C.; Tsai, S. M, Nodulation in Andean and Mesoamerican cultivars of dry bean. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, p.1145-1150, 2002 Leite, J; Santos, E. B.; Dantas, J.P. Nodulação em Feijão-Caupi sob Estresse Salino em Neossolo Flúvico. In: 6, Congresso de Agrecologia; 2, Congresso Latino Americano de Agroecologia, Curitiba, 2009. Neves, A. L. R; Guimarães, F. V. A.; Lacerda, C. F. de; Silva, F. B. da; Silva, F. L. B. da. Tamanho e composição mineral de sementes de feijão-de-corda irrigado com água salina. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 39, n. 4, p.569-574, 2008. Paz, V. P. S.; Oliveira, A.; Perreira, F. A.; Gheyi, H. R. Manejo e sustentabilidade da irrigação em regiões áridas e semiáridas. 1.ed. Cruz das Armas: UFRB, 2009. 344p. Perin, A.; Guerra, J.G.M.; Teixeira, M.G. Cobertura do solo e acumulação de nutrientes pelo amendoim forrageiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, p.791-796, 2003. 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