CONFERENCIA DE MINISTROS DE JUSTICIA DE LOS PAÍSES IBEROAMERICANOS SECRETARÍA GENERAL DECLARAÇÃO DE LISBOA SOBRE IOVAÇÃO A JUSTIÇA Lisboa, 4 de Maio de 2009 Tendo presentes as recomendações e conclusões da XV e da XVI Conferências de Ministros da Justiça dos Países Ibero-americanos, celebradas respectivamente em Espanha, em 2006, e na Costa Rica, em 2008, onde a inovação e a tecnologia incorporadas nos sistemas de justiça foram justamente consideradas como elementos determinantes quer para a melhoria da resposta e do acesso aos sistemas de justiça nacionais, quer para um desenvolvimento efectivo da cooperação internacional em matéria de justiça. Tendo em consideração a relevância que a inovação tecnológica tem assumido no desenho das políticas públicas nos últimos anos para a área da Justiça nos diversos Estados do espaço ibero-americano, pensando em primeira linha nos sistemas judiciais, um pouco por todo o Mundo confrontados com dificuldades de resposta. Reconhecendo a importância efectiva dos diversos processos nacionais de inovação na justiça que no espaço ibero-americano se encontram em franco desenvolvimento como elementos de incremento do acesso à justiça, da resposta judicial em tempo útil e de aumento da transparência e da compreensibilidade dos sistemas e, como tal, favoráveis também no seu conjunto à defesa e exercício dos direitos fundamentais dos cidadãos e propiciadores de maior coesão social. Os Ministros da Justiça e representantes dos Estados ibero-americanos, reunidos em Lisboa, Portugal, por ocasião da Comissão Delegada da Conferência de Ministros da Justiça dos Países Ibero-americanos (COMJIB), 1. Reiteram o seu compromisso e convicção de que o uso das novas tecnologias de informação e comunicação, numa lógica de inovação aplicada ao sistema público de justiça, representa uma oportunidade significativa de aumento da eficácia, da celeridade, da transparência e da qualidade no funcionamento dos sistemas de justiça, nomeadamente do sistema judicial; 2. Acordam na vantagem e conveniência em ultrapassar o tradicional conservadorismo procedimental da justiça através da incorporação de tecnologia e de novos processos e critérios de organização e gestão de tarefas, tendo por horizonte a criação de serviços cada vez mais orientados para uma resposta célere e qualificada aos seus utilizadores; 1 CONFERENCIA DE MINISTROS DE JUSTICIA DE LOS PAÍSES IBEROAMERICANOS SECRETARÍA GENERAL 3. Pugnam por uma elevação contínua dos padrões de funcionamento e de resposta dos sistemas de justiça, acreditando que as tecnologias de informação e comunicação são um elemento decisivo nesse processo; 4. Consideram que as políticas de inovação aplicadas à justiça devem ser concebidas de modo a proporcionar o incremento da coesão social, facilitando o acesso e a compreensibilidade e aumentando a transparência dos sistemas de justiça, e rejeitando qualquer tipo de exclusão ou marginalização de qualquer grupo social; 5. Relembram que a inovação apenas se torna consequente quando a ela se associa a participação e as perspectivas dos diversos profissionais da justiça e dos utilizadores do sistema, devendo ser consideradas atentamente as especificidades do trabalho na área da justiça, nomeadamente o trabalho de valoração e decisão judicial e o associado à investigação criminal, onde a dignidade dos direitos em causa requer uma atenção particular; 6. Valorizam a relação que se pode estabelecer entre a introdução das novas tecnologias e uma nova capacidade de medir, analisar e decidir com base em dados mais fiáveis e actuais sobre o funcionamento dos sistemas de justiça; 7. Destacam a importância das novas tecnologias como ferramentas de trabalho fundamentais para a eficácia de estruturas transnacionais vocacionadas para a cooperação jurídica e judiciária internacional e de entidades especialmente relevantes no domínio da prevenção e do combate ao crime transnacional, bem como para a cooperação judiciária e policial entre os diferentes Estados iberoamericanos; 8. Salientam a abertura a novas possibilidades de cumprimento de penas e medidas alternativas à prisão que a tecnologia vem permitir, contribuindo para a reinserção social dos condenados e para uma adequação adicional das medidas punitivas a aplicar; 9. Apelam à continuidade e sustentabilidade dos processos de incorporação de inovação tecnológica na justiça ibero-americana, num percurso determinado e coerente pela qualidade e modernização dos sistemas de justiça, não esquecendo a necessidade de avaliação regular e partilhada associada a estes processos; 10. Deliberam remeter a presente «Declaração de Lisboa sobre Inovação na Justiça» à da próxima Cimeira Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, a realizar em Portugal, em 2009. Lisboa, 4 de Maio de 2009. 2