Primeira Lei de Newton do Movimento – Inércia
Mais de 2000 anos atrás, os cientistas da Grécia antiga estavam familiarizados com algumas ideias que estudamos hoje. Tinham um bom entendimento de
algumas propriedades da luz, mas eram confusos sobre o movimento. Um dos primeiros a estudar seriamente o movimento foi Aristóteles, o mais
proeminente filósofo-cientista da Grécia antiga. Aristóteles tentou explicar o movimento classificando-o.
• Aristóteles Explica o Movimento
Aristóteles dividiu o movimento em duas grandes classes: a do movimento natural e a do movimento violento. Vamos considerar brevemente cada uma
delas, não como um material de estudo, mas apenas como um pano de fundo para introduzir as idéias sobre movimento.
Aristóteles afirmava que o movimento natural decorre da “natureza” de um objeto, dependendo de qual combinação dos quatro elementos, terra, água, ar
e fogo, ele fosse feito. Para ele, cada objeto no universo tem seu lugar apropriado, determinado pela sua “natureza”; qualquer objeto que não esteja em
seu lugar apropriado se “esforçará” para alcançá-lo. Por ser de terra, um pedaço de barro não devidamente apoiado cai ao chão. Por ser de ar, uma
baforada de fumaça apropriadamente sobe; sendo uma mistura de terra e ar, mas predominantemente terra, uma pena apropriadamente cai ao chão mas
não tão rápido quanto um pedaço de barro. Ele afirmava que um objeto mais pesado deveria esforçar-se mais fortemente. Portanto, argumentava
Aristóteles, os objetos deveriam cair com rapidez proporcional a seus pesos: quanto mais pesado fosse o objeto, mais rápido deveria cair.
O movimento natural poderia ser diretamente para cima ou para baixo, no caso de todas as coisas na Terra, ou poderia ser circular, no caso dos objetos
celestes. Ao contrário do movimento para cima e para baixo, o movimento circular não possuía começo ou fim, repetindo-se sem desvio. Aristóteles
acreditava que leis diferentes aplicavam-se aos céus, e afirmava que os corpos celestes são esferas perfeitas, formados por uma substância perfeita e
imutável, que ele denominou quintessência. (O único objeto celeste com alguma alteração detectável em sua superfície era a Lua. Ainda sob o domínio de
Aristóteles, os Cristãos medievais explicavam isso, dizendo que a Lua era um pouco contaminada pela Terra, dada sua proximidade desta.)
O movimento violento, a outra classe de movimentos segundo Aristóteles, resultava de forças que puxavam ou empurravam. O movimento violento era o
movimento imposto. Uma pessoa empurrando um carro de mão ou sustentando um objeto pesado impunha movimento, como faz alguém quando atira
uma pedra ou vence um cabo-de-guerra. O vento impõe movimento aos navios. Enchentes impunham-no a enormes rochas e a troncos de árvores. O fato
essencial sobre o movimento violento é que ele tinha uma causa externa e era comunicado aos objetos; eles se moviam não por si mesmos, nem por sua
“natureza”, mas por causa de empurrões e puxões.
O conceito de movimento violento enfrentava suas dificuldades, pois os empurrões e puxões responsáveis por ele nem sempre eram evidentes. Por
exemplo, a corda de um arco move uma flecha até que esta tenha deixado o arco; depois disso, uma explicação adicional do movimento posterior da flecha
parecia requerer algum outro agente propulsor. Assim, Aristóteles imaginou que o ar expulso do caminho da flecha em movimento originava um efeito de
compressão sobre a parte traseira da flecha, quando o ar investisse para trás, a fim de evitar a formação de um vácuo. A flecha era propelida pelo ar como
um sabonete é propelido na banheira quando se aperta uma de suas extremidades.
Para resumir, Aristóteles pensava que todos os movimentos ocorressem devido à natureza do objeto movido ou devido a empurrões e puxões mantidos.
Uma vez que o objeto se encontra em seu lugar apropriado, ele não mais se moverá a não ser que seja obrigado por uma força. Com exceção dos corpos
celestes, o estado normal é o de repouso.
As afirmações de Aristóteles a respeito do movimento constituíram um início do pensamento científico, e embora ele não as considerasse como palavras
finais sobre o assunto, seus seguidores encararam-nas como além de qualquer questionamento por quase 2000 anos. A noção, segundo a qual o estado
normal de um objeto é o de repouso, estava implícita no pensamento antigo, medieval e do início do Renascimento. Uma vez que era evidente à maioria
dos pensadores até o século dezesseis que a Terra ocupava seu lugar apropriado, e desde que era inconcebível uma força capaz de mover a Terra, parecia
completamente claro que a Terra realmente não se movesse.
 Aristóteles (384 – 322 a.C.)
Filósofo, cientista e educador grego, Aristóteles era filho de um médico que serviu pessoalmente ao rei da Macedônia. Aos 17 anos
ingressou na Academia de Platão, onde trabalhou e estudou por 20 anos até a morte deste. Tornou-se então tutor do jovem
Alexandre, o Grande. Oito anos mais tarde fundou sua própria escola. O propósito de Aristóteles era sistematizar o conhecimento
existente, exatamente como Euclides sistematizava a geometria. Aristóteles realizou observações críticas, coletou espécimes e
reuniu, sumariou e classificou quase todo o conhecimento então existente do mundo físico. Sua abordagem sistemática tornou-se o
método do qual mais tarde a ciência ocidental surgiu. Após sua morte, seus volumosos cadernos de anotações foram preservados
em cavernas próximas à sua casa e mais tarde vendidos para a biblioteca de Alexandria. A atividade acadêmica cessou na maioria da
Europa durante a Idade das Trevas e os trabalhos de Aristóteles foram esquecidos e perdidos na erudição que manteve-se nos
impérios Bizantinos e Islâmico. Diversos desses textos foram reintroduzidos na Europa durante os séculos onze e doze, traduzidos para o Latim. A Igreja,
força cultural e politicamente dominante na Europa ocidental, inicialmente proibiu os trabalhos de Aristóteles, mas depois aceitou-os e incorporou-os à
doutrina Cristã.
• Copérnico e o Movimento da Terra
Foi nesse clima que o astrônomo polonês Nicolau Copérnico formulou sua teoria do movimento da Terra. Copérnico raciocinou que
a maneira mais simples de explicar os movimentos observados do Sol, da Lua e dos planetas no céu era supor que a Terra circulasse
em torno do Sol. Por anos ele trabalhou sem tornar públicos seus pensamentos – por duas razões. A primeira era que ele temia a
perseguição; uma teoria tão completamente diferente da opinião vigente seria certamente tomada como um ataque à ordem
estabelecida. A segunda razão era que ele mesmo tinha sérias dúvidas sobre a teoria; ele não conseguia reconciliar a idéia de uma
Terra em movimento com as idéias prevalecentes sobre o movimento. Finalmente, em seus últimos dias, incitado por amigos
íntimos, ele enviou seu De Revolutionibus pra o impressor. A primeira cópia de sua famosa exposição chegou a ele no dia de sua
morte – 24 de maio de 1543.
A maioria de nós sabe da reação da Igreja medieval à idéia de que a Terra se move em torno do Sol. Como as opiniões de Aristóteles haviam se tornado
uma parte significativa da doutrina da Igreja, negá-las era questionar a própria Igreja. Para muitos de seus líderes, a idéia de uma Terra móvel atentava não
apenas contra suas autoridades, mas contra os próprios alicerces da fé e da civilização. Para melhor ou pior, esta idéia nova era capaz de virar de cabeça
para baixo suas concepções do cosmo – embora mais tarde a Igreja a tenha abraçado.
• Galileu e a Torre Inclinada
Foi Galileu, o mais proeminente cientista do século dezesseis, quem deu prestígio à opinião de Copérnico
sobre o movimento da Terra. Fez isso desacreditando as ideias de Aristóteles sobre o movimento. Embora
não fosse o primeiro a apontar dificuldades nas concepções de Aristóteles, Galileu foi o primeiro a fornecer
uma refutação definitiva delas através da observação e dos experimentos. Galileu demoliu facilmente a
hipótese de Aristóteles sobre a queda dos corpos. Conta-se que Galileu deixou cair da torre inclinada de
Pisa vários objetos com pesos diferentes e comparou suas quedas. Ao contrário da afirmativa de Aristóteles,
Galileu comprovou que uma pedra duas vezes mais pesada que outra não caía realmente duas vezes mais
rápido. Exceto pelo pequeno efeito da resistência do ar, ele descobriu que objetos de vários pesos, soltos ao
mesmo tempo, caíam juntos e atingiam o chão ao mesmo tempo. Em certa ocasião, Galileu presumivelmente
teria atraído uma grande multidão para testemunhar a queda de dois objetos com pesos diferentes do topo
da torre. A lenda conta que muitos observadores desta demonstração que viram os objetos baterem juntos no chão zombaram do jovem Galileu e
continuaram a sustentar os ensinamentos de Aristóteles.
 Galileu Galilei (1564 – 1642)
Galileu nasceu em Pisa, Itália, no mesmo ano em que Shakespeare nasceu e Michelangelo morreu. Estudou medicina na Universidade de Pisa e então
mudou para a matemática. Cedo desenvolveu um interesse pelo movimento e logo estava em conflito com seus contemporâneos, que sustentavam as
ideias aristotélicas sobre a queda dos corpos. Abandonou Pisa para ensinar na Universidade de Pádua e tornou-se um defensor da nova teoria de Copérnico
do sistema solar. Foi um dos primeiros a construir um telescópio e o primeiro a dirigi-lo para o céu noturno e descobrir as montanhas da Lua e as luas de
Júpiter. Como publicou suas descobertas em Italiano em vez do Latim que se esperava de um acadêmico tão respeitável, e por causa da então recente
invenção da imprensa, as idéias de Galileu alcançaram um grande número de leitores. Logo ele caiu em desgraça com a Igreja e foi advertido a não ensinar
nem sustentar as opiniões de Copérnico. Manteve-se longe do público por 15 anos e, então, desafiadoramente, publicou suas observações e conclusões,
que eram contrárias à doutrina da Igreja. O resultado foi um julgamento onde foi considerado culpado e depois do qual foi forçado a renegar suas
descobertas. Já velho, com saúde e espírito abalados, foi sentenciado a prisão perpétua doméstica. Apesar disso, terminou seus estudos sobre o
movimento e seus escritos foram contrabandeados da Itália e publicados na Holanda. Anteriormente danificara os olhos observando o Sol através de seu
telescópio, o que o levou à cegueira aos 74 anos de idade. Galileu morreu 4 anos mais tarde.
• Os Planos Inclinados de Galileu
Aristóteles foi um astuto observador da natureza, e tratou mais com problemas que o cercavam do que com casos abstratos que não ocorriam em seu
ambiente. O movimento sempre envolve um meio resistivo, tal como ar ou água. Ele acreditava ser impossível a existência de um vácuo e, portanto, não
considerou seriamente o movimento na ausência de qualquer meio interagente. Por isso era fundamental para Aristóteles que sempre fosse necessário
empurrar ou puxar um objeto para mantê-lo em movimento. E foi este princípio básico que Galileu negou quando afirmou que, se não houvesse
interferência sobre um objeto móvel, este deveria mover-se em linha reta para sempre; nenhum empurrão, puxão ou qualquer tipo de força era necessária
para isso.
Galileu testou sua hipótese fazendo experiências com o movimento de diversos objetos sobre planos inclinados. Ele notou que bolas que rolavam para
baixo sobre planos inclinados tornavam-se mais velozes, enquanto que bolas que rolavam para cima, sobre um plano inclinado, tornavam-se menos
velozes. Disto ele concluiu que bolas que rolassem sobre um plano horizontal não deveriam tornar-se mais ou menos velozes. A bola atingiria finalmente o
repouso não por causa de sua “natureza”, mas por causa do atrito. Esta ideia foi sustentada pelas observações de Galileu sobre o movimento ao longo de
superfícies progressivamente mais lisas: quando havia menos atrito, o movimento dos objetos persistia por mais tempo; quanto menor o atrito, mais
próximo de uma constante se tornava a rapidez do movimento. Ele raciocinou que, na ausência de atrito ou de outras forças opositoras, um objeto
movendo-se na horizontal continuaria movendo-se indefinidamente.
Essa afirmativa era sustentada por um experimento diferente e outra linha de raciocínio. Galileu colocou dois de seus planos inclinados um de frente para o
outro. Ele observou que uma bola liberada do topo de um plano inclinado, a partir do repouso, rolava para baixo e então subia o outro plano inclinado até
quase alcançar sua altura inicial. Raciocinou que apenas o atrito a impedia de subir até exatamente a mesma altura, pois quanto mais liso era o plano mais
próximo daquela altura inicial chegava a bola. Ele então reduziu o ângulo de inclinação do plano de subida. Novamente a bola alcançava a mesma altura,
mas teve que ir mais longe. Outras reduções no valor do ângulo deram resultados similares: para alcançar a mesma altura, cada vez mais a bola tinha que ir
mais longe. Ele então pôs a questão: “Se eu disponho de um plano horizontal, quão longe deve ir a bola para alcançar a mesma altura?” A resposta óbvia é
“Para sempre – ela jamais alcançará sua altura inicial”.
Galileu analisou isso ainda de outra maneira. Como o movimento de descida da bola no primeiro plano é o mesmo para todos os casos, a sua rapidez
quando começa a subir o segundo plano é a mesma para todos os casos. Se ela movesse sob uma inclinação muito forte, rapidamente perde sua rapidez.
Sob uma inclinação menor, mais lentamente perde sua rapidez e rola por mais tempo. Quanto menor for a inclinação de subida, mais lentamente perderá
sua rapidez. No caso extremo em que não houver nenhuma inclinação – ou seja, quando o plano for horizontal – a bola não deveria perder nenhuma
rapidez. Na ausência de forças retardadoras, a tendência da bola é mover-se eternamente sem tornar-se mais lenta. A propriedade de um objeto tender a
manter-se em movimento numa linha reta foi chamada por ele de inércia.
O conceito de Galileu de inércia desacreditou a teoria de Aristóteles do movimento. Aristóteles de fato não reconheceu a ideia porque deixou de imaginar
como seria o movimento sem atrito. Em sua experiência, todo movimento estava sujeito a resistência e ele fez deste o fato central de sua teoria do
movimento. A falha de Aristóteles em reconhecer o atrito pelo que ele é – ou seja, uma força como qualquer outra – impediu o progresso da física por
quase 2000 anos, até a época de Galileu. Uma aplicação do conceito de Galileu da inércia revelaria que nenhuma força era necessária para manter para
manter a Terra movendo-se para a frente. O caminho estava aberto para Isaac Newton sintetizar uma nova visão do universo.
Em 1642, vários meses após a morte de Galileu, nasceu Isaac Newton. Quando tinha 23 anos, ele desenvolveu suas famosas leis do movimento, que
suplantaram em definitivo as ideias aristotélicas que haviam dominado o pensamento das melhores mentes por quase dois milênios. A primeira Lei de
Newton é uma reafirmação do conceito de inércia proposto anteriormente por Galileu. (As três leis de Newton do movimento apareceram primeiro em um
dos mais importantes livros de todos os tempos, o Principia, de Newton.)
 Isaac Newton (1642 – 1727)
Isaac Newton nasceu prematuramente e quase não sobreviveu no natal de 1642, o mesmo ano da morte de Galileu. O lugar
do nascimento de Newton foi a casa de fazenda de sua mãe em Woolsthorpe, Inglaterra. O pai morrera alguns meses antes
do nascimento de Newton, e ele cresceu sob os cuidados de sua mãe e de sua avó. Quando criança, não revelou qualquer
sinal de brilho e na idade de 14 anos e meio foi retirado da escola para trabalhar na fazenda de sua mãe. Como fazendeiro,
ele revelou-se um fracasso, preferindo ler os livros que tomava emprestado de um vizinho farmacêutico. Um tio percebeu o
potencial acadêmico do jovem Isaac e persuadiu-o a ir estudar na Universidade de Cambridge, o que ele fez por cinco anos,
graduando-se sem qualquer distinção particular. Uma peste infestou Londres, e Newton retirou-se para a fazenda de sua
mãe – mas desta vez para continuar os estudos. Na fazenda, com a idade de 23 anos, ele estabeleceu os alicerces para o
trabalho que o tornaria imortal. A visão da queda de uma maçã ao chão levou-o a considerar que a força da gravidade se
estendia até a Lua e mais além, e formulou a lei da gravitação universal (que ele mais tarde demonstrou); inventou o cálculo, uma ferramenta matemática
indispensável à ciência; estendeu o trabalho de Galileu e formulou as três leis fundamentais do movimento; formulou a teoria da natureza da luz e mostrou
com prismas que a luz branca é composta de todas as cores do arco-íris. Foram seus experimentos com prismas que primeiro o tornaram famoso.
Quando a peste cedeu, Newton retornou a Cambridge e logo estabeleceu sua própria reputação como matemático de primeira classe. Seu professor de
matemática renunciou em seu favor e Newton foi escolhido professor Lucasiano desta disciplina. Ele manteve o posto por 28 anos. Em 1672 foi eleito para
a Royal Society, onde exibiu o primeiro telescópio refletor do mundo. O instrumento ainda pode ser visto, preservado na biblioteca da Royal Society em
Londres com a inscrição: “O primeiro telescópio refletor, inventado por Sir Isaac Newton, e construído por suas próprias mãos”.
Somente quando Newton estava com 42 anos que começou a escrever o que é geralmente aceito como o maior livro científico já escrito, o Principia
Mathematica Philosophiae Naturalis. O livro foi escrito em Latim e terminado em 18 meses. Apareceu impresso em 1687 e não foi impresso em Inglês até
1729, dois anos depois de sua morte. Quando perguntaram-lhe como fora capaz de fazer tantas descobertas, Newton respondeu que encontrou suas
soluções não por uma iluminação súbita, mas depois de pensar nelas duramente e por muito tempo, até resolvê-las.
Com a idade de 46 anos, seus esforços afastaram-se um pouco da ciência quando foi eleito para o Parlamento. Compareceu às sessões por 2 anos e jamais
fez um discurso. Certo dia, ele levantou-se e a casa caiu em silêncio para ouvir o grande homem. A fala de Newton foi muito breve; ele apenas requisitou
que uma janela fosse fechada por causa de uma corrente de ar.
Um afastamento maior de seu trabalho em ciência aconteceu quando foi escolhido como guardião e depois mestre da casa da moeda. Newton renunciou a
seu cargo de professor e dirigiu seus esforços para melhorar grandemente os trabalhos da casa da moeda, para consternação dos falsificadores, que
prosperavam naquela época. Ele manteve seu lugar na Royal Society e foi eleito presidente, e desde então foi reeleito todos os anos pelo resto de sua vida.
Com a idade de 62 anos, escreveu a obra Opticks, que resumiu seu trabalho sobre a luz. Nove anos mais tarde escreveu a segunda edição de seu Principia.
Embora o cabelo de Newton tenha se tornado grisalho a partir dos 30 anos, ele manteve-se cheio, longo e ondulado por toda sua vida, e diferentemente de
outros em seu tempo ele não usava peruca. Foi um homem modesto, muito sensível à crítica e jamais se casou. Permaneceu saudável em corpo e mente
até idade avançada. Aos 80 anos, ainda tinha todos os dentes, sua visão e audição eram aguçadas e sua mente estava alerta. Em sua época foi considerado
por seus compatriotas o maior cientista jamais nascido. Em 1705 foi condecorado cavaleiro pela rainha Anne. Newton morreu com a idade de 85 anos e foi
enterrado na abadia de Westminster, junto aos reis e heróis da Inglaterra.
Newton mostrou que o universo seguia de acordo com leis naturais que não eram maliciosas nem malévolas – um conhecimento que fornecia esperança e
inspiração a cientistas, escritores, artistas, filósofos e pessoas de todos os ramos da vida e que lideravam na Idade da Razão. As ideias e os vislumbres de
Newton transformaram verdadeiramente o mundo e elevaram a condição humana.
• Primeira Lei de Newton do Movimento
A ideia de Aristóteles de que um objeto móvel deve estar sendo propelido por uma força constante foi completamente virada ao avesso por Galileu, aos
estabelecer que na ausência de uma força um objeto móvel deverá continuar se movendo. A tendência das coisas de resistir a mudanças no seu
movimento foi o que Galileu chamou de inércia. Newton refinou a ideia de Galileu e formulou sua primeira lei, convenientemente denominada lei da
inércia. Do Principia, de Newton:
Todo objeto permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme numa linha reta, a menos que seja obrigado a mudar aquele estado por
forças imprimidas sobre ele.
A palavra-chave nesta lei é permanece: um objeto permanece fazendo seja o que for, a menos que uma força seja exercida sobre ele. Se ele está em
repouso, ele permanece em estado de repouso. Isto é ilustrado quando uma toalha de mesa é habilidosamente puxada de súbito por baixo dos pratos
sobre uma mesa, deixando tais pratos em seus estados iniciais de repouso. Se um objeto está se movendo, ele permanece se movendo, sem fazer curva ou
alterar sua rapidez. Isto é evidente nas sondas espaciais que movem-se permanentemente no espaço exterior. As alterações no movimento devem ser
impostas contra a tendência de um objeto em reter seu estado de movimento. Esta propriedade dos objetos de resistir a alterações no movimento é
chamada de inércia.
• O Movimento da Terra
Quando Copérnico propôs a idéia de uma Terra que se move, no século dezesseis, o conceito de inércia ainda não era compreendido. Havia muita disputa e
muito debate sobre se a Terra se movia ou não. O valor de força necessária para manter a Terra movendo-se estava além da imaginação. Outro argumento
contra a ideia de uma Terra móvel era: considere um pássaro parado no topo de uma árvore bem alta. No chão, lá embaixo, está uma minhoca gorda e
suculenta. O pássaro enxerga a minhoca e mergulha verticalmente para baixo e a apanha. Isto seria impossível, foi argumentado, se a Terra se movesse,
como Copérnico sugeria. Se ele estivesse correto, a Terra teria que se mover com uma rapidez de 107000 quilômetros por hora para poder dar uma volta
completa em torno do Sol durante um ano. Convertendo essa rapidez para quilômetros por segundo, obtemos 30 Km/s. Mesmo que o pássaro conseguisse
descer do galho até o chão em um segundo, a minhoca teria sido carregada pelo movimento da Terra por uma distância de 30 quilômetros. Seria impossível
para um pássaro mergulhar em linha reta para baixo e apanhar a minhoca. Mas de fato os pássaros apanham minhocas partindo de galhos de árvores altos,
o que parecia ser uma clara evidência de que a Terra deveria estar em repouso.
Você consegue refutar esse argumento? Sim, se invocar a ideia de inércia. Veja, não somente a Terra se move a
30 quilômetros por segundo, mas também a árvore, o galho da árvore, o pássaro parado nele, a minhoca abaixo
e até mesmo o ar entre eles. Todos estão se movendo a 30 quilômetros por segundo. As coisas que estão em
movimento assim permanecem se nenhum conjunto de forças desequilibradas atua. Portanto, quando o pássaro
mergulha do galho, seu movimento lateral inicial de 30 quilômetros por segundo permanece inalterado. Ele apanha a minhoca sem ser em nada afetado
pelo movimento de seu ambiente inteiro.
Fique próximo de uma parede. Pule para cima, de modo que seus pés percam contato com o solo. A parede com
30 quilômetros por segundo trombou com você? Não, porque você também está viajando a 30 quilômetros por
segundo – antes, durante e depois de seu salto. Os 30 quilômetros por segundo é a rapidez da Terra com respeito
ao Sol – não a rapidez da parede com respeito a você.
As pessoas de 400 anos atrás tinham dificuldade com ideias como essa, não apenas porque falharam em reconhecer o conceito de inércia, mas porque não
estavam acostumadas a locomoverem-se em veículos muito velozes. Carruagens lentas, puxadas por cavalos, em estradas sacolejantes, não os conduziam
aos experimentos capazes de revelar os efeitos da inércia. Hoje nós atiramos uma moeda para cima dentro de um carro, ônibus ou avião velozes e a
apanhamos de volta como se o veículo estivesse em repouso. Nós enxergamos a evidência da lei da inércia quando o movimento horizontal da moeda
antes, durante e depois do lançamento é o mesmo. A moeda nos acompanha. A força vertical da gravidade afeta apenas o movimento vertical da moeda.
Nossas noções do movimento atualmente são muito diferentes daquelas de nossos ancestrais. Aristóteles não reconheceu a ideia de inércia porque não
percebeu que todas as coisas que se movem seguem as mesmas leis. Ele imaginava que as leis que regiam os movimentos celestes eram muito diferentes
daquelas que regiam os movimentos na Terra. Ele via o movimento vertical como natural, mas encarava como antinatural o movimento na horizontal, que
requeria uma força de sustentação. Galileu e Newton, por outro lado, perceberam que todos os objetos em movimento seguem às mesmas leis. Para eles,
as coisas que se movem não requerem força para manterem-se assim se não existem forças se opondo, tal como o atrito. Podemos apenas especular como
a ciência poderia ter progredido se Aristóteles tivesse reconhecido a unidade de todos os tipos de movimento.
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Primeira Lei de Newton do Movimento – Inércia