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A União Europeia: História, Instituições e Políticas
Carla Pinto Cardoso, Cláudia Ramos, Isabel Costa Leite,
João Casqueira Cardoso, Paulo Vila Maior
O livro “A União Europeia: História, Instituições e Políticas” é, desde logo, um desafio complicado ao ser assumido como um manual académico para um público heterogéneo. Complicação potencialmente agravada por ser um concerto escrito a dez mãos. Não obstante, a
partitura final tem um resultado harmonioso que corresponde aos objectivos que o Quinteto se propôs: “…uma ferramenta de pesquisa para aqueles discentes que se mostrem interessados em aprofundar assuntos relacionados com a integração europeia” (p.13).
A organização do livro é muito clara e obedece a uma análise racional e compartimentada
das Comunidades Europeias, estruturada em quatro partes que nos levam da perspectiva
histórica e da abordagem genérica, a uma pormenorização sucessiva, que nos transporta da
II Guerra Mundial e do Tratado de Roma até às minudências da PAC e do FEOGA.
Os autores cometem a proeza de manterem uma linha estritamente analítica e descritiva das
grandes linhas e dos (importantes) detalhes da União Europeia, mesmo quando abordam
temas polémicos e susceptíveis de debate e discordâncias como são os diversos tratados,
mormente o Tratado Constitucional, os alargamentos (especialmente os futuros eventuais),
ou o princípio da subsidariedade.
Este livro adquire um redobrado interesse e actualidade agora que, por força do facto de
Portugal assumir durante o semestre corrente a presidência rotativa da EU, a problemática
comunitária nas suas múltiplas vertentes ganha uma acuidade e interesse acima do normal
entre os Portugueses.
“A União Europeia: História, Instituições e Políticas” é o livro asado para estudantes e não
estudantes, seguidores atentos e interessados eventuais pelas temáticas comunitárias:
actual, conciso quando necessário, detalhado quando o assunto o exige (indo ao pormenor
de utilizar a versão comunitária do nome de Durão Barroso – p. 102), de leitura fácil, mesmo
quando o tema é árido (vide o diagrama do processo de co-decisão impresso na página
179) e com profusa bibliografia adstrita a cada sub-capítulo.
Esta é a terceira edição da obra e, a julgar pela motivação enunciada pelos autores, logo na
página 13, “Os autores sentiram a necessidade de publicar uma nova edição do livro [devido
às alterações causadas] pela entrada em vigor do Tratado de Nice.”, outras se seguirão. Tal
acontecerá dada a elevada e crescente propensão que os líderes dos Estados-membros da
União Europeia e a própria Comissão Europeia revelam para a produção de tratados e, entre
os que vingam, os que fenecem e os que renascem das cinzas, a que podemos acrescentar a
saga dos alargamentos e da respectiva fadiga, não faltarão, na EU, mudanças que justificarão
novas edições, mesmo sabendo que a natureza da obra e o estilo imposto pelos autores não
os levará para o tipo de abordagem que me permito nesta recensão.
Dando por adquirida a ocorrência de novas edições, permito-me sugerir duas alterações: a
inclusão de um índice remissivo, tornaria ainda mais fácil o uso da obra e mais rápida a consulta; a melhoria da qualidade dos mapas que encerram a obra, mormente introduzindo a
policromia – tornaria a leitura mais agradável e precisa e evitaria que, como sucede no Mapa
7, a Turquia parecesse já pertencer à União Europeia. Seria irónico que um livro pautado por
um rigor espartano e deliberadamente despido da polémica que normalmente acompanha o
dito projecto europeu, terminasse com um statement subliminar tão explosivo quanto esse.
Rui Miguel Ribeiro
Notícias da Imprensa
Da fiabilidade à falaciloquência
Mário J. F. Pinto
Esta é mais uma obra de Mário Pinto, dando sequência a outros trabalhos de análise de
conteúdo da imprensa portuguesa. O autor realiza um percurso pelos jornais de economia
(Diário Económico e Jornal de Negócios), passa por jornais de referência (Público e Diário
de Notícias) e acrescenta-lhes um jornal de grande tiragem (Jornal de Notícias). No entanto,
Pinto confessa que o critério apenas reside no seu gosto pessoal.
Segundo a terminologia dos jornais, o professor analisa os conteúdos de TEMA/DESTAQUE,
NACIONAL, INTERNACIONAL, MUNDO E SOCIEDADE. Debruça-se sobre análises comparativas, interessantes pelas semelhanças, diferenças, contrastes e contradições em relação a
uma mesma razão de ser notícia.
É mais um valioso contributo do autor no plano académico mas também, e sobretudo, na
área do jornalismo profissional. Mário Pinto fornece matéria para abundante reflexão sobre
erros demasiado comuns no fazer da informação impressa. Os exemplos desfilam numa lógica suficientemente motivadora para o leitor que se espera seja candidato a jornalista ou profissional em actividade. Aprender com os erros para não os repetir. O livro aparece estruturado
metodicamente, enquadrando o leitor, em grande medida, nos equívocos do jornalismo.
O quadro teórico de Pinto projecta-se nas conclusões a que chega após o seu estudo:
• “a não identificação das fontes;
• O generalizado desrespeito, nas citações, pela escrupulosa observação das palavras originais;
• O carácter parcelar/fragmentário da informação fornecida…/…”
Assim, a grande contribuição da obra centra-se na aplicação prática que os seus conteúdos
representam no âmbito universitário e no vastíssimo número de interessados em conhecer os
fundamentos da informação de todos os dias. Pelos conteúdos que trata, bem pode ser uma
obra de referência para professores, alunos, jornalistas e estudiosos do jornalismo em geral.
A terminar o seu livro, Mário Pinto esclarece o “palavrão” falaciloquência: vocábulo cuja origem remonta a 1889 e que significa “discurso cheio de falsidades, de palavras enganosas”.
Rui de Melo
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