Sermão para o Domingo da Hora Luterana
Textos: Salmos 51.1-12; 2 Samuel 11.1-5, 12.1-15; João 14.1-14; Efésios 6.10-18
Autor: Pastor Otávio Augusto Schlender (CEL da Paz de São Vicente, SP).
“No Caminho para a recuperação”
“Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me uma vontade nova e firme!” (Salmos 51.10)
Saudação
Queridos irmãos e irmãs em Cristo!
No culto de hoje agradecemos a Deus pelos 68 anos de existência da Hora Luterana,
que é a entidade missionária da nossa querida IELB. Louvamos ao Senhor porque, ao longo
desses anos, milhares de pessoas desgarradas no mundo, as quais trilhavam os mais
variados caminhos que levavam à morte, foram - e têm sido - reconduzidas ao Salvador
Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida! Nós também já andamos nesses caminhos, mas,
pela graça de Deus, fomos recuperados por e para Cristo em nosso batismo. Queremos
pedir a bênção do nosso querido Deus nesse momento, para que possamos viver sempre
nesse Caminho que é Jesus. Amém.
Transição para o Salmo 51
Estamos diante de um dos Salmos mais conhecidos da Igreja Cristã. Um Salmo que
fala ao nosso coração de forma profunda, pois constata a triste realidade da nossa vida ao
falar do nosso pecado, mas que, por outro lado, e para a nossa grande alegria, fala da
profunda misericórdia de Deus que vem ao encontro do pecador perdido para reconduzi-lo
ao verdadeiro Caminho, dando-lhe perdão, vida e salvação.
E é disso que queremos falar hoje: que todos nós nos desviamos do caminho original
que Deus havia traçado para nós, mas que agora, por sua graça, somos recuperados para
uma nova vida em Cristo, o Caminho!
Para entendermos as lições deste salmo é preciso considerarmos o seu pano de
fundo. O mesmo diz respeito ao momento quando o profeta Natã foi falar com Davi depois
que este havia cometido adultério com Bate-Seba, que era casada com Urias, soldado do
exército de Israel.
Quando a mensagem divina proclamada por Natã acordou a consciência dormente
de Davi, fazendo com que ele visse a enormidade de sua culpa, o grande rei de Israel
escreveu este salmo. Por um momento, Davi havia deixado de lado sua harpa enquanto
cedia aos desejos da carne, mas voltou para ela tão logo sua natureza espiritual fora
despertada e sua confiança no perdão divino renovada.
Davi, grande rei, mas ser humano (pecador) como nós...
Davi inicia o Salmo 51 orando: “Por causa do teu amor/compaixão tem misericórdia
e apaga os meus pecados” (v.1).
Davi era homem de paixões muito fortes, um soldado aguerrido, que dirigia o povo
de Israel sempre em espírito de oração. No entanto, ele também carregava no coração a
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“No Caminho para a recuperação”
mesma natureza que eu e vocês carregamos. Natureza que nos leva a cometer pecados
os mais variados, os quais, mesmo que disfarçados ou aparentemente inofensivos, nos
tornam merecedores da condenação eterna.
Vamos falar um pouquinho sobre a nossa condição de pecadores. Davi era um servo
dedicado que estava sempre na presença de Deus. Compunha salmos e cumpria com seus
deveres de rei e servo do Senhor. No entanto, chega um momento em que entra na zona
de conforto. Em 2 Samuel 11.1-2, vemos que Davi não foi para a guerra, que era seu dever.
Antes ficou em casa dormindo, passeando pelo terraço, quando então viu Bate-Seba, a
mulher de Urias, tomando banho. A partir daí, Davi se desvia do caminho correto de Deus,
e entra no caminho do pecado e perdição.
Nossa vida cristã é semelhante nesses aspectos também. Em alguns momentos
estamos vibrantes e encorajados na nossa fé. Temos noção exata dos prejuízos causados
pelos nossos pecados e procuramos evitá-los. Mesmo não sendo possível não pecar,
pedimos perdão porque sabemos que erramos diariamente. Sabemos que existe uma
guerra contra o mal e entramos nela com as armas do Espírito (Efésios 6.10-18).
Porém, em tantos outros momentos, entramos na zona de conforto. Deixamos de
perceber essa guerra e nossa natureza pecaminosa, o diabo e o mundo vão nos levando a
uma “preguiça” espiritual. Tendemos a olhar apenas para os pecados dos outros, ou então
só confessamos os nossos quando se trata de algo mais “grave”. Quando o pastor prega
na igreja, cutucamos quem está ao nosso lado e cochichamos: “uhm, dá pra ver que o
pastor está falando para fulano”. Desse modo, quando menos percebemos, entramos no
caminho destruidor do pecado e a recompensa dele sempre se dá com consequências
terríveis, sendo a pior delas a morte.
Caindo na real...
Davi só pôde suplicar por misericórdia quando teve real noção do seu pecado: “Pois
eu conheço bem os meus erros; o meu pecado está sempre diante de mim” (v.3). Essa
constatação de Davi, de que o seu pecado agora estava diante dele, precisa ser a nossa
também. Por isso, é importante que nos questionemos: será que entendo a real gravidade
dos meus pecados? Será que não me encontro na zona de conforto espiritual, me
escondendo atrás de tradições, tais como “vou pro céu porque sou luterano de berço”,
“estou em dia com minha contribuição” e “não preciso ir aos cultos ou receber visita do
pastor, pois sou da família que fundou a igreja” e tantas outras razões semelhantes?
Davi, embora rei, é colocado por Natã diante do verdadeiro Senhor, o Rei do
Universo. Diante de Deus, Davi se humilha porque se vê merecedor na morte. Sabe que
Deus teria razão em julgá-lo e condená-lo. Por outro lado, e acima de tudo, Davi crê que
esse Rei é misericordioso e, portanto, pode orar: “Por causa do teu amor, ó Deus, tem
misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão, apaga os meus pecados” (v.1).
Davi pede por misericórdia, não por justiça. Misericórdia é o remédio de Deus para o
pecador arrependido.
Quando conhecemos a nossa triste condição de pecadores natos, podemos notar o
quanto temos trilhado por caminhos tortuosos. Então, quando notamos que Deus revela o
seu amor por nós, manifestado na pessoa de Cristo, que entregou sua vida em nosso
resgate, morrendo e ressuscitando por nós, podemos ter de volta o caminho para a
restauração/recuperação.
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“No Caminho para a recuperação”
Mas como voltar a esse caminho?
É importante que vejamos aqui como esta restauração se dá. Você percebe que Davi
afirma que Deus deseja que tenhamos um coração sincero (v.6a)? Mas como podemos dar
esse coração a Deus uma vez que a sua natureza é insincera? A resposta vem na
sequência do próprio versículo e nos seguintes: “enche (tu) o meu coração com a tua
sabedoria”. Aqui está a chave! A verdadeira restauração vem de fora, do próprio Deus.
Jesus afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode chegar até o Pai a
não ser por mim” (João 14.6).
Jesus é o Caminho que traz perdão:
Davi crê que Deus pode tirar o seu pecado e deixá-lo limpo. E isso serve para você
também. Não importa o seu pecado, modo como se deu e sua consequência, Jesus, com
seu sangue vertido na cruz, deu um banho de misericórdia em você tornando-o mais branco
do que a neve (v.7).
Jesus é o Caminho que traz mudança
A obra de Cristo na cruz é tão maravilhosa que produz mudanças internas e externas
em nossa vida. Internamente, ganhamos um coração puro e uma vontade renovada. De
volta ao Caminho, exultamos de alegria porque fomos recuperados e salvos. A partir dessa
recuperação, podemos servir a Deus e ao próximo de modo obediente, testemunhando a
profundidade desse amor que me abraça sendo eu tão mal.
E, finalmente,
Jesus é Caminho que nos leva para céu
Se nos desviamos da rota para o céu por causa dos nossos pecados, somos
recolados no Caminho, na Verdade e na Vida corretos! Jesus um dia pagou o preço do
nosso resgate derramando o seu sangue na cruz. Esse mesmo sangue agora nos purifica,
alimenta e salva.
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro],
para que lhes assista o direito à arvore da vida, e entrem na cidade pelas
portas" (Apocalipse 22:14).
Conclusão
Jesus percorreu o caminho de amargura que estava destinado a nós. Ele, sendo
santo, fez-se pecado por nós. Fez questão de dar-se à morte para devolver-nos a vida. Ele
restaurou-nos por completo, como fez com Davi. Nossos pecados foram perdoados, nosso
coração renovado e nossa vontade de servir nessa graça restabelecida.
O mundo precisa muito ouvir sobre esse Caminho! E, para isso, Deus tem chamado
sua Igreja, chamado a mim e a você. Ele também, ao longo desses 68 anos, tem chamado
a Hora Luterana. Podemos ser parceiros nessa grande proclamação do Caminho com
nossas ofertas, trabalho e divulgação. E a motivação para tanto não é outra do que a
certeza que fomos recuperados pelo Espírito Santo! Sigamos, portanto, firmes nesse
Caminho, Jesus, pois nele sempre encontraremos a Verdade que nos levará para a Vida
eterna. Amém.
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“No Caminho para a recuperação”
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