Sílvia Maria Martins da Silva Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2004 Sílvia Silva N.º de aluno: 20032359 Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2004 Índice Introdução 1 Delinquência: a definição 2 Delinquência: as causas 1- Ponto de vista cientifico 3 2- Ponto de vista social 4 II- Delinquência: várias vertentes 6 III- Delinquência masculina 8 IV- Delinquência feminina 9 V- Tratamento e prevenção 1- Terapia tradicional 10 2- Tratamento institucional 10 3- Novas abordagens 3.1. Prevenção 10 3.2. Estratégias de diversão 11 Ficha de leitura 12 Avaliação da página Web 16 Conclusão 18 Referências bibliográficas 19 Anexo I Texto da ficha de leitura Anexo II Página Web avaliada Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Introdução Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica. Aqui irei abordar o tema “Delinquência juvenil” quanto à sua definição, uma vez que levanta alguns problemas; quanto ás suas causas, referenciando o ponto de vista biológico e o ponto de vista sociológico, uma vez que sem saber as causas de um determinado problema não o podemos resolver; quanto ás variadas vertentes que lhe estão associadas, focalizando também o lado masculino e o lado feminino; e quanto ao seu tratamento, onde irei referenciar desde o tratamento mais tradicional até às novas abordagens. Este trabalho irá conter também a ficha de leitura do livro de Manuel Monteiro Guedes Valente e de Nieves Mulas Sanz, intitulado como “Direito de menores: estudo luso-espânico sobre menores em perigo e delinquência juvenil”, assim também como a avaliação de uma página Web, que neste caso, foi a página www.google.com a página escolhida. É de notar que “Na Europa regista-se um ‘crescimento massivo da delinquência juvenil’ ” (Fernandes, 2001). Ao longo deste trabalho irá surgir uma questão (que até se pode intitular como questão base de toda a pesquisa!): será que existe uma delinquência genérica? Pois, segundo Howard Becker, “rotular os adolescentes como ‘delinquentes’ constitui, simplesmente, uma atitude defensiva por parte dos adultos, para lançarem sobre os indivíduos mais jovens o peso dos seus próprios erros”. (Becker apud Macfarlane e McPherson, 2001: 75). 1 Fontes de Informação Sociológica I- “Delinquência Juvenil” Delinquência: a definição É bastante difícil encontrar uma definição adequada para o termo “delinquência” devido a subjectividade patente do ser humano. Assim, “...enquanto um conjunto de seres humanos estudar outro conjunto de seres humanos, a objectividade terá sempre certos limites...” (Sprinthall e Collins, 1994: 458). Deste modo podemos dizer que a delinquência depende da classe social e económica do adolescente, ou seja, o mesmo tipo de comportamento delinquente pode ser avaliado de forma diferente conforme a classe social em questão. Com isto surge, então, uma questão pertinente: Será que existe uma delinquência geral? Ora, para este assunto, destacam-se dois investigadores: Ruth Cavan e Theodore Ferdinand, que elaboraram um “continuum” referente às actividades delinquentes, definindo-as de modo amplo, evitando as distorções provocadas pela sociedade. É de notar que neste estudo mostra-se que “ aproximadamente 13 a 16% da população jovem toma parte em graves actos anti-sociais e que, à medida que a gravidade dos mesmos aumenta, a porção de adolescentes diminui.” (Sprinthall e Collins, 1994: 462) 2 Fontes de Informação Sociológica II- “Delinquência Juvenil” Delinquência: as causas 1- Ponto de vista biológico Qualquer comportamento humano óbvio induz os cientistas a pesquisar possíveis explicações teóricas. Este é o caso da delinquência, cujos efeitos são duradouros e bastante nítidos. Algumas causas apontadas para explicar a delinquência têm sido: o atraso mental; paragem do desenvolvimento físico; deficiências cromossómicas; etc. Note-se que todas estas explicações, defendem que a delinquência é inata e não adquirida. Quanto ao atraso mental, destaca-se Henry Goddard, um psicólogo americano, que defendia que a delinquência era resultado de uma inteligência menor (Debray-Ritzen et al., 1976: 297). Esta teoria fora refutada. No entanto, outros investigadores, destacando-se Ernest Hooton, Cesare Lombroso e G. Stanley Hall prosseguiram a investigação no sentido de encontrarem a explicação no corpo, em vez da mente (Debray-Ritzen et al., 1976: 297). Assim, defendiam que os delinquentes eram casos de regressão evolutiva. Destacam-se algumas características: Testa pequena e longa Orelhas salientes e grandes Maxilares largos Lábios finos Pele cabeluda e enrugada Braços compridos (...) Hooton, considerou mesmo que a teoria era válida e que com isto se deveria eliminar os delinquentes, com base nas suas características físicas. Ideia esta que, felizmente, não teve futuro. Um outro aspecto biológico encontrado para explicar os actos delinquentes, baseia-se numa anomalia cromossómica que consiste numa duplicação do cromossoma Y, que caracteriza o sexo masculino. 3 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Vários estudos estatísticos mostraram que “a frequência desta anomalia era aproximadamente dez vezes superior entre os detidos nas prisões à de um grupo aleatório tomado numa população normal” (DebrayRitzen et al., 1976: 298). Contudo, estudos psicológicos indicam que o “risco está muito longe dos 100%” (Debray-Ritzen et al., 1976: 298). Assim, parece bastante claro que a delinquência não é devida a factores inatos. Será então que na base deste comportamento estão factores adquiridos? 2- Ponto de vista social Do ponto de vista social, a delinquência juvenil acontece devido à inadaptação social, que se pode verificar de diversas formas. Esta inadaptação pode surgir logo a partir dos seis ou sete anos, no seio da escola e também da família. Estatísticas oficiais indicam números que “vão até 4% e 5% da população escolar” (Debray-Ritzen et al., 1976: 287). Um outro aspecto importante de se focar é que a delinquência se manifesta sobretudo na puberdade, uma vez que este é o período em que o adolescente tenta autonomizar-se e diferenciar-se dos pais, procurando a sua própria personalidade. Note-se igualmente que este comportamento se refere “em mais de 90% dos casos, a sujeitos masculinos (Debray-Ritzen et al., 1976: 287). Os factores ligados ao meio sociológico e familiar têm, então, um papel fundamental no que respeita ao encontro das causas da delinquência juvenil. Nível socioeconómico A inadaptação social e consequentemente a delinquência juvenil é mais frequente nas classes mais desfavorecidas. Urbanização A urbanização é acompanhada de um crescimento de delinquência juvenil, devido, principalmente, ás deslocações das populações que favorecem a perda dos valores tradicionais. Note-se também que aparecem, facilmente, nas suas periferias, bairros de lata, sendo estes, zonas sub culturais. 4 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” O meio familiar A ausência de relações de boa qualidade entre os membros da família leva a que muitos adolescentes procurem afecto e valorização noutro local. É também de igual gravidade a falta de estruturas de acolhimento, deixando os jovens entregues a si próprios quando os pais estão fora todo o dia. Outros factores Não nos podemos esquecer da violência à qual estamos expostos no dia a dia, através do cinema, da televisão, etc. 5 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” III- Delinquência: várias vertentes As fugas e a vagabundagem As fugas não são propriamente actos delinquentes, mas da mesma forma que a vagabundagem pode levar a uma delinquência de necessidade, assim também pode levar estes jovens a procurar refúgio em comunidades marginais. “O sentido das fugas é demasiado variado para que se possa esboçar um retrato-tipo da criança fugitiva” (Debray-Ritzen et al., 1976: 288). Assim é de grande importância sublinhar que a origem das fugas pode ser diversa: fuga às consequências de um acto repreensível que acaba de cometer; fuga impulsiva de um sujeito débil; conflitos familiares; etc. Os ataques à propriedade Os ataques à propriedade representam cerca de 70% dos delitos, no Brasil cometidos por menores. Mas temos de distinguir os furtos inocentes de crianças, dos verdadeiros roubos do delinquente, que são na maioria praticados por adolescentes. Neste campo, os roubos têm um aspecto mais utilitário, podendo ser revendidos, ou para consumo próprio. Note-se também que os estragos materiais são mais intensos e abundantes. Os delitos de violência Esta é uma vertente da delinquência juvenil em grande crescimento. Normalmente traduzem-se em agressões físicas, golpes e feridas cometidas por adolescentes, muitas vezes acompanhados por jovens adultos. Na origem destas agressões estão os acidentes de viação, assim como o álcool e certas drogas. Os delitos sexuais Os delitos sexuais revelam-se principalmente em jovens com idade pubertária. Os delitos verificados são diversos: atentados ao pudor; exibicionismo neurótico; violações;... As toxicomanias As toxicomanias cresceram em flecha entre 1967 e 1973 nos EUA. As toxicomanias englobam-se também nos actos delinquentes, uma vez que 6 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” além do uso ilícito de estupefacientes, estes jovens são muitas vezes arrastados para actos delinquentes, como por exemplo a revenda de droga. Os bandos de adolescentes Estes bandos começaram-se a formar sobretudo na década de 50, no Brasil, nos arredores das grandes cidades, tais como São Paulo e Rio de Janeiro. Nestes bandos, os actos delinquentes e violentos são a expressão da vida do grupo. Aqui encontramos adolescentes nos limites da debilidade mental, arrastados pela imaturidade intelectual e afectiva. Os actos incendiários Estes actos são pouco frequentes, embora, actualmente, se assista a uma multiplicação de incêndios provocados por crianças ou jovens adolescentes. Na origem destes actos incendiários pode estar várias dificuldades familiares e também frustrações na vida escolar. 7 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” IV – Delinquência masculina Sheldon e Eleanor Glueck incidiram um estudo sobre a delinquência, mais propriamente sobre delinquência masculina, aquando dos anos 30. Dessa investigação concluiu-se que: - 90% dos rapazes delinquentes provinham de famílias consideradas pobres e com fortes evidências de alcoolismo, criminalidade e imoralidade; - 40% referiam ter um relacionamento caloroso com o pai - 48% referiam possuir uma relação calorosa com a mãe Uma vez que não existia uma variável que pudesse distinguir com clareza o grupo dos delinquentes dos não delinquentes, combinaram, então, cinco factores específicos, como sendo a falta de coesão; a relação pai – filho, sendo calorosa ou hostil; e a relação mãe – filho, considerando os mesmos aspectos. Em jeito de conclusão da sua investigação, eles procuraram saber se a delinquência conduzia ou não à criminalidade na vida adulta. O resultado da investigação revelou que a maioria dos jovens delinquentes se tinham adaptado à sociedade, tendo, deste modo, diminuído a sua actividade em crimes graves. 8 Fontes de Informação Sociológica V- “Delinquência Juvenil” Delinquência feminina Gisela Konopka interessou-se pelo estudo da delinquência feminina, mas constatou que um dos problemas deste assunto residia nas próprias raparigas, uma vez que eram bastante desconfiadas em relação aos adultos, mostrando-se sempre muito fechadas em revelar os seus pensamentos, sentimentos, desejos e receios mais íntimos. Mas Konopka conseguiu aproximar-se delas e assim prosseguir o seu estudo. (Sprinthall e Collins, 1994: 484) Uma das primeiras descobertas de Gisela foi constatar a intensidade da imagem negativa que tinham em relação aos adultos, onde o homem era visto como brutal; a mulher, como incapaz; e a autoridade como anónima e não protectora. As causas deste tipo de delinquência podem estar na origem da segregação social e preconceitos. Estes sentimentos são sentidos maioritariamente pelas raparigas negras. Konopka designou esta terrível doença da nossa sociedade como “o estigma do preconceito”. Um outro tema de investigação foi ao que Konopka designou por “fantasia de cinderela”. Neste tema verificou que todas sonhavam com casamentos parecidos com os de Hollywood. Ou seja, como resultado da solidão, do desejo de dependência e da imagem de negligência das figuras de autoridade, as suas aspirações eram mais fantasias que realidades. Note-se que com isto, o índice de abandono escolar ara quase tão elevado como o dos rapazes no estudo feito por Glueck e Glueck, ou seja, quase 100%. De extrema importância é de salientar que no quadro dos delitos sexuais, a porção de raparigas é bem mais elevada. Tal comportamento é uma tentativa de se ver reconhecer mais depressa um estatuto de adulto. “«A prostituição na adolescência tem muito pouco a ver com o sexo, estando essencialmente relacionada com necessidades, não satisfeitas de amor e de laços afectivos»” (Sprinthall e Collins, 1994: 484). 9 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” VI- Tratamento e Prevenção 1- Terapia tradicional Um importante estudo feito em Massachesetts, no final dos anos 30 (o “Cambridge- Somerville Youth Study”), identificou um grupo de rapazes pré – adolescentes como sendo casos de prováveis delinquentes. Os rapazes em questão receberam aconselhamento individual e aulas particulares, durante cerca de cinco anos. Ao fim deste tempo, concluiu-se “que o aconselhamento regular, individual, mesmo de natureza intensiva, não tinha sido suficientemente poderoso para alterar o rumo do comportamento delinquente subsequente.” (Sprinthall e Collins, 1994: 487). Assim, este tipo de terapia foi abandonado, sendo, entretanto, tentado em grupo. Esta terapia, infelizmente, não provou ser mais eficaz que a anterior. 2- Tratamento institucional O tratamento mais tradicional no “combate” à delinquência tem sido, sem dúvida, as instituições de correcção, ou reformatório, como preferirem chamar. Num estudo feito após a II Guerra Mundial, com a duração de aproximadamente vinte anos, investigaram-se várias instituições, cujos resultados se revelaram negativos. Deste modo, a partir dos anos 70, têm vindo a ser encerradas várias instituições, uma vez que “não corrigiam nada; constituíam, meramente, “estações intermédias” e temporárias para os adolescentes.” (Sprinthall e Collins, 1994: 487). 3- Novas abordagens 3.1. Prevenção Nos E.U.A., as estimativas indicam que em cada ano é gasto cerca de um bilião de dólares no tratamento, e apenas um milhão na prevenção da delinquência juvenil. Rosemary Sarri aponta três iniciativas que visam a prevenção da delinquência: a manutenção de rendimento familiar; o direito à educação; e a criação de postos de trabalho para jovens (Sprinthall e Collins, 1994: 488). 10 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Note-se que sem dinheiro, as famílias dissolvem-se e os seus membros adolescentes podem voltar-se para a delinquência. Daí a importância, na minha opinião, de se manter o rendimento familiar, assim também como as outras medidas defendidas por Sarri. 3.2. Estratégias de diversão O programa de diversão visa proteger os jovens delinquentes do aterrador sistema de justiça juvenil. Assim, segundo isto, os jovens em vez de serem “encarcerados”, são entregues a mediadores comunitários bem treinados, que os ajuda a resolver a situação. Um segundo método de diversão consiste na prestação de cuidados dentro da residência, proporcionando um acesso aos serviços sociais de vinte e quatro horas. Esta método visa fortalecer o ambiente familiar, ajudando os pais a lidar com os vários problemas com que se deparam. Esta abordagem foi inspirada no trabalho de Roger Barker, que se intitulava como “programa de reeducação”. 11 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Ficha de leitura Título da publicação: “Direito de menores: estudo luso – espânico sobre menores em perigo e delinquência juvenil” Autor(es): Manuel Monteiro Guedes Valente Nieves Mulas Sanz Local onde se encontra: Centro de Estudos Sociais da F.E.U.C. Data da Publicação: 2003 Local de edição: Lisboa Editora: Ancora Editora Título do capítulo ou artigo: Título III – “Prevenção e controle da delinquência juvenil no processo tutelar educativo.” Capítulo IV – “Da detenção e da confiança do menor.” Cota: 347.6 (469:460) VAL 2003 N.º de páginas: 8 páginas (245- 252) Assunto: Delinquência juvenil Data de leitura: 01/Dezembro/2003 12 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Resumo: Este capítulo insere-se na obra “Direito de menores: estudo luso – espânico sobre menores em perigo e delinquência juvenil” de Manuel Monteiro Guedes Valente e Nieves Sanz. Nesta obra, aborda-se os pequenos delinquentes, sobretudo, no plano judicial, tal como veremos através do seguinte resumo: A Lei Tutelar Educativa (LTE) afirma que um menor, apenas poderá ser detido quando é surpreendido a praticar o crime ao qual corresponde a pena máxima superior a 3 anos. Com isto, o menor terá de ser apresentado ao juiz no prazo de 48 horas. Por outro lado, o menor poderá também ser detido fora do flagrante delito, mas somente e só sob mandado do juiz, tendo de se lhe apresentar no prazo de 12 horas. É de notar que, quem executa estes mandados são os Órgãos de Polícia Criminal (OPC). Quer o menor seja detido em flagrante delito, ou não, devem ser-lhe lidos e explicados, sempre, os direitos constantes do artigo 45º da LTE. Caso o menor não demonstre capacidade de compreensão, os mesmos devem ser lidos aos pais, ou ao seu representante legal. Em último caso dever-se-á contactar o Procurador de Turno ou do Tribunal de Família de Menores. Os menores são muito usados como “mão-de-obra barata e arrojada” para procederem à entrega e distribuição de estupefacientes. Estas situações limitam a intervenção imediata da Polícia, uma vez que o menor de 16 anos não será responsabilizado criminalmente. Assim, é necessário saber se o menor pratica os factos de forma livre e voluntária ou se é obrigado por terceiros. Note-se que esta distinção é efectuada pelos membros da OPC. Se os pais do menor ou o seu representante legal forem arguidos do processo do qual o menor faz parte, deve-se entregar o menor a uma instituição de internamento, para que seja apresentado no Tribunal de Família e Menores. Um dos problemas mais encarados no dia a dia pela Polícia, é o encaminhamento do menor quando não é possível apresentá-lo de imediato ao juiz. Segundo a LTE, deve-se entregar o menor aos pais ou seu representante legal. 13 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Mas, o grande dilema surge quando os pais têm conhecimento e incentivam as práticas ilícitas do menor, havendo então, 3 opções: - entregar (de igual modo) aos pais - entregar num centro educativo, donde muitas vezes foge - entregar num estabelecimento policial Segundo isto, o ideal seria a terceira hipótese, mas é de geral conhecimento que estas instalações não estão preparadas para acolher menores. Note-se ainda que, os centros educativos estão sobrelotados, não tendo capacidade para alojar mais menores. Com isto, só resta mesmo a primeira hipótese, lembrando que o menor deve ser apresentado no prazo de 48 horas ao juiz. É uma solução que parece descabida... mas talvez a melhor...! Recursos de estilo e linguagem Esta obra está muito bem organizada, e com uma linguagem bastante acessível. Para além disso, são usados exemplos que ajudam a compreensão de alguns conceitos e/ou situações mais próprias e especificas. É um livro bastante actual e que ajuda a clarificar algumas dúvidas existentes em relação ao tema em questão. Pontos fortes e fracos Na minha opinião esta obra está muito completa e muito esclarecedora quanto à actual situação judicial no que respeita à delinquência juvenil. O facto de ser escrita em duas linguas (Português e Espanhol) e de o estudo ter sido feito também nesses dois países, revela uma maior flexibilidade e possibilita que um maior número de pessoas possam usufruir deste livro. Tal como já foi referido, o facto de conter exemplos é bastante útil, uma vez que possibilita uma mais rápida e maior compreensão de conceitos e situações. 14 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Quanto a mim, o único facto que me desagradou foi o de apenas constar neste livro o aspecto judicial e incidir somente sobre esse, que no momento não era o que mais me interessava. Um outro aspecto negativo é o facto de várias vezes serem mencionados alguns códigos de lei sem se quer referirem o que significam, o que obriga o leitor a ter conhecimentos prévios, tal como podemos verificar: “...devem ser lidos e explicados os direitos constantes do art.º 45.º da LTE.” (Valente e Sanz, 2003: 246). Ora, quais são esses tais direitos dos quais o menor pode usufruir? De qualquer modo posso concluir, que no geral, é um livro acessível e para uma pesquisa mais simples é bastante esclarecedor. 15 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Avaliação da página Web Os meus motores de busca para a pesquisa deste tema foram o “Google” e o “Altavista”. Destes dois incidi mais a minha pesquisa no Google. Comecei, então, a minha pesquisa neste motor de busca através de uma pesquisa normal, com as palavras “Delinquência juvenil”, onde obtive apenas um resultado. Perante esta situação resolvi iniciar uma “aventura” na pesquisa avançada. Iniciei a pesquisa escolhendo a opção com a expressão: “delinquência juvenil”; qualquer das palavras: sexo masculino, sexo feminino, ambiente familiar; qualquer formato; qualquer idioma; qualquer dia e em qualquer lugar da página, onde obtive 510 resultados. Diante deste ruído, restringi a pesquisa, acrescentando em sem as palavras: diferenças culturais, prostituição e alterando de qualquer idioma para português, e o formato para PDF, onde obtive 268 resultados, ou seja, cerca de metade. Mas, mesmo assim, achando que ainda poderia restringir mais a minha pesquisa, resolvi alterar algumas opções: qualquer das palavras: diferenças culturais, prostituição, não utilizando, assim a opção de sem as palavras; com todas as palavras: sexo masculino, sexo feminino, ambiente familiar, onde obtive 48 resultados, parecendo-me, então, um resultado bastante positivo. Dentro destes resultados resolvi avaliar a página www.direitoshumanos.usp.br/documentos/tratados/crianca/crianca.html. O autor deste sítio é uma instituição, sendo a “Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo”, o que nos dá uma certa segurança quanto à credibilidade deste sítio. Note-se que é uma página agradável, pois está muito bem estruturada, dividindo-se em sectores por temas. Está, então, muito simples e muito acessível a todo o tipo de utilizadores. O objectivo da página é mais o de complementar informação, daí que se torna necessário possuir algum conhecimento prévio ou posterior do tema. É de notar que o sítio é actualizado, sendo que a última actualização foi em 10 de Abril de 2003. 16 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Além disso a página é gratuita e de fácil navegação, assim como também existe um mail disponível para qualquer utilizador que pretenda expor os seus comentários, as suas criticas e sugestões. De igual importância é de relevar que é um sítio de origem brasileira, sendo aqui onde se verifica a maior incidência de delinquência juvenil. Encerrei assim a minha pesquisa no dia 02 de Março, a qual tinha começado no dia 12 de Janeiro. Posso concluir, deste modo, que a maior dificuldade com que me deparei, foi o facto de não possuir computador, tornando-se, assim, bastante mais complicado o seu acesso, assim como o acesso à Internet, uma vez que na maior parte dos locais (excluindo a FEUC, e poucos mais) este é um serviço que tem de ser pago pela sua utilização. 17 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Conclusão Em jeito de conclusão, posso afirmar que “nada há para concluir” (Valente e Sanz, 2003: 289). Como se pôde verificar, existem vários pontos de vista que devem ser respeitados e discutidos. Mas uma coisa é certa, e nisso, com certeza, todos concordamos: a prevenção deste fenómeno criminógeno é um dever de toda a sociedade e não só das instituições ou do individuo isolado, uma vez que é um problema que nos afecta a todos. Após este trabalho de pesquisa, posso dizer que fiquei muito mais esclarecida sobre o tema em questão, tanto a nível judicial, como também a nível das causas e das várias vertentes de delinquência existentes, onde posso afirmar que algumas delas nunca me passaram pela cabeça que lhe estivessem relacionadas. Note-se, então, que a delinquência é um tema que ainda levanta vários problemas, principalmente no que respeita à sua resolução. É caso para dizer: “Combata-se a delinquência e não os delinquentes.” (Rijo, 2001). 18 Fontes de Informação Sociológica “Delinquência Juvenil” Referências Bibliográficas Debray-Ritzen, Pierren et al. (orgs), (1976), Dicionário de psicologia da criança. Paris: Ritz – C.E.P.L. Fernandes, Cadi (2001) “Proposta. Organização defende existência de uma politica de proximidade” Jornal de Noticias, 15 de Maio de 2001. Página consultada a 28 de Janeiro de 2004, disponível em http://www.apfn.com.pt/Noticias/Mai2001/dn15.htm. Macfarlane, Aidan e McPherson, Ann (2001), Adolescentes: da agonia ao ecstasy. s.l.: Publicações Europa – América Lda. Rijo, Daniel (2001) “Combata-se a delinquência, não os delinquentes.” O Público, 13 de Setembro de 2001. Página consultada a 27 de Janeiro de 2004, disponível em http://ultimahora.publico.pt/dossiers/cidadania/html/delinquencia_solu1. htm Sprinthall, Norman A. e Collins, W. Andrews (1994), Psicologia do adolescente: uma abordabem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Caloust Gulbenkian. Valente, Manuel e Sanz, Nieves Mulas (2003), Direito de menores: estudo luso-espânico sobre menores em perigo e delinquência juvenil. Lisboa: Ancora Editora. 19