ESTUDO COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES DE AGREGADOS GRAÚDOS Everton Luis Soares Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pampa [email protected] Mariana Islongo Canabarro Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pampa [email protected] Jaelson Budny Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pampa [email protected] Resumo. As propriedades apresentadas pelos agregados graúdos influenciam diretamente nas características do pavimento, concreto, ou em qualquer finalidade a que ele esteja sendo utilizado. A grande variação destas propriedades exige controle adequado quanto a qualidade e grande controle nos processos de seleção, de forma que o mesmo atenda aos requisitos que a ele será solicitado. O presente trabalho tem por objetivo caracterizar e comparar agregados de diferentes cidades e atacá-los, física e quimicamente, para que possa ser estimado se as amostras tem ou não desempenho satisfatório para atuarem no âmbito rodoviário ou até mesmo na construção civil. 1. INTRODUÇÃO Todo e qualquer revestimento, constituise de associações ou ligantes misturados com agregados. Quando estas estruturas são executadas e aplicadas corretamente, originam obras duráveis em sua vida útil. Porém, para que isso ocorra, deve-se conhecer e selecionar propriedades que os agregados devem exercer. Woods(1960) define os agregados como materiais sem forma ou volume específico, geralmente inerte e com dimensões adequadas para a produção de concretos e argamassas. Hoje, os revestimentos asfálticos são formados por um composto de agregados de diversos tamanhos e proporções unidos por um ligante asfáltico. O melhor desempenho do pavimento ocorrerá quando houver perfeito entendimento do comportamento dos agregados que nele existem pelo fato do pavimento conter em torno de 95% de agregados e apenas 5% de ligante. A seleção dos agregados, quando feita para utilização em revestimentos asfálticos, depende de diversos fatores como custo, disponibilidade e qualidade, mas, são as propriedades físicas e químicas que determinam principalmente sua adequação no uso para pavimentação. Por esses motivos, este trabalho tem por objetivo principal analisar o comportamento de agregados com diferentes composições por meio de ensaios que analisem a integridade físico químicas do material com o intuito de fazer um mapeamento de parte dos materiais que compõe as regiões Noroeste e Centro Oeste do Rio grande do Sul. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil 2. seguindo as prescrições do método de ensaio DNER-ME 089/94. Foram preparadas as soluções de Sulfato de Magnésio Heptaidratado (MgSO4.7H2O) dissolvendo-se 1400g a cada litro d’água, logo, foram levadas e mantidas à um ambiente com temperatura controlada de 21°C±1°C pelo período de 48h antes da realização do ensaio. Juntamente com a composição granulométrica pôde-se determinar pelo item 5.3 – C da norma as porcentagens de material a serem utilizadas. O ensaio consiste em imergir a amostra em uma solução de sulfato de magnésio por um período de 16 à 18h em um recipiente fechado (para evitar evaporação) e em temperatura controlada de 21°C±1°C. Após este período a amostra é retirada da solução e levada á uma estufa capaz de manter a temperatura de 105°C até que as amostras atinjam constância de massa. O processo de imersão e secagem alternadas totalizam 1 ciclo que foi repetido por 5 vezes durante o ensaio. Materiais e Métodos Para a execução deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais: - Brita 1. - Sulfato de Magnésio Heptaidratado. - Sulfato de Bório. - Água desmineralizada. Para fins demonstrativos resolveu-se nomear os materiais como B1 e B2 para as britas cidades de Alegrete e Cerro Largo, respectivamente. 2.1 Caracterização dos Materiais % Retida Acumulada Foram executados os ensaios de granulometria de agregados graúdos (NBR 7211/2000) de cada material analisado para determinar as porções que deveriam ser utilizadas nos demais ensaios. 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 10 Peneiras (mm) Figura 1 Composição granulométrica das britas B1 (preto) e B2 (vermelho). 100 Figura 3 Antes e após o período de submersão. Os resultados de massa específica aparente e unitária estão demonstrados na tabela a seguir: Material B1 B2 Massa Massa Específica Absorção Específica Aparente 2,71 2,78 0,954 2,80 2,87 0,820 Figura 4 Formação de cristais no entorno das amostras. Figura 2 Caracterização dos Materiais. 2.3 Ensaio de Abrasão 2.2 Ensaio de Sanidade Consiste em levar a amostra devidamente lavada e separada em frações à um tambor cilíndrico oco com 500mm de diâmetro por 700mm de comprimento com seu eixo horizontal fixado em um dispositivo externo (motor) que possa transmitir-lhe um movimento de rotação, O seguinte ensaio determina a resistência á desintegração dos materiais analisados seja ela pelo tempo ou por ataques a soluções saturadas de sulfatos XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil contendo 6 esferas de metal pesando aproximadamente 2,5kg de acordo com o item 3.1.3 da norma NBR NM 51, logo, o aparelho é ligado girando com rotações na faixa de 32 rpm até completar 500 rotações. O material retirado do tambor é novamente peneirado desta vez na peneira com abertura de 1,7mm, lavado e seco em estufa com temperatura constante de 105°C. Para a determinação da abrasão utilizase a equação presente no item 6 da norma. 3 Apresentação Resultados e Análise Agregado B1 B2 (D) Figura 6 Amostras antes (A e B) e depois do ensaio (C e D). dos As relações de perda dos materiais analisados podem ser conferidas na tabela 1. Conforme esperado, as amostras expostas aos cinco ciclos de molhagem e secagem e também por abrasão, sofreram perdas significativas em relação à sua massa inicial anterior ao ensaio. Perda por Sanidade (%) 3,92 6,17 (C) Perda por Abrasão (%) 11,9 15,1 Notou-se após o fim dos ciclos fragilidade nas amostras de diâmetro menor, enquanto observava-se fendilhamento nos agregados retidos na peneira de 19mm (figura 6). Ao termino dos ensaios foi possível analisar os dados por meio de sua porcentagem de perda em massa através dos ensaios de Abrasão e Sanidade expressos nas figuras a seguir. Figura 5 - % de perda em massa das amostras Considerando as amostras que sofreram ataques químicos por Sulfato de Magnésio, percebeu-se que o mesmo afetou de forma diferente cada amostra onde a amostra B2 obteve maior desgaste oriundo, talvez, do formato da amostra e composição mineral do agregado. Figura 7 Perda de massa por Sanidade. Figura 8 Perda de massa por Abrasão. ( A) (B) XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil 4 CONCLUSÕES As amostras contendo agregados de Alegrete apresentaram resultados a abrasão e sanidade muito semelhantes ás encontradas para as britas de Cerro Largo, porém, em uma análise comparativa entre os dois materiais, nota-se que a amostra B1 obteve desempenho superior em termos de desgaste físico-quimico ao qual as amostras foram expostas, fato ligado diretamente a composição mineralógica de cada material, sendo que foram extraídos em jazidas localizadas a mais de 300km de distância. Este trabalho é apenas o início de uma pesquisa que pretende analisar amostras de toda a região noroeste e centro-oeste, por meio de ensaios físico-químicos, a exemplo dos ensaios de abrasão e sanidade, com o intuito de mapear as jazidas existentes nestas regiões de forma que possa analisar o potencial dos agregados utilizados para construção civil e pavimentação nesta faixa do estado do Rio Grande do Sul. 2. rochas de pedreiras para estabelecimento de critérios de qualidade frente às normas e procedimentos existentes e sua aceitação. Relatório final. ECL – Engenharia, Consultoria e Economia S.A. Rio de Janeiro, 1998. [6] METSO MINERALS. Manual de britagem. 6. ed. São Paulo: Metso Brasil Indústria e Comércio Ltda., 2005. REFERÊNCIAS [1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregado Graúdo - Determinação de Massa Específica, Massa Aparente e Absorçãode água. NBR NM 53:2002. [2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregados – Composição Granulométrica. NBR NM 248:2003. [3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregados Graúdo – Ensaio de Abrasão “Los Angeles”. NBR NM 51:2001. [4] DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODGEM. Agregados – Avaliação da Durabilidade pelo emprego de soluções de sulfato de sódio ou de magnésio. [5] DNER – ME 089/1994. IPR – INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIÁRIAS. Estudos e pesquisas de XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil