Medindo a desigualdade de renda nos municípios brasileiros: o índice
de Palma vs o índice de Gini
Iris Carmen Pinheiro Rodrigues, Lincoln Frias, Patrícia de Siqueira Ramos
Universidade Federal de Alfenas – Campus Varginha / Instituto de Ciências Sociais Aplicadas,
Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia
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Resumo: Dado que o Brasil é um país altamente desigual, em que os mais pobres possuem diversos direitos
negados, estudos relacionados às disparidades na distribuição de renda são muito necessários. Portanto, na
tentativa de transformar essa realidade, estudos como este podem colaborar para a avaliação,
monitoramento e implementação de novas políticas públicas que visem sanar ou diminuir o problema da
desigualdade brasileira. Deste modo, esta pesquisa tem por objetivo verificar o nível da distribuição de
renda no Brasil através da comparação entre dois indicadores relacionados à desigualdade, são eles: o
coeficiente de Gini – que é o mais utilizado em pesquisas da área, apesar de apresentar alta complexidade
matemática e de ser pouco intuitivo; e o índice de Palma – alternativa proposta recentemente pelo chileno
José Gabriel Palma que consiste simplesmente na razão entre a proporção da renda apropriada pelos 10%
mais ricos e aquela apropriada pelos 40% mais pobres[1], [2]. A ideia é verificar quantas vezes a soma da
renda dos 10% mais ricos é maior do que a soma da renda dos 40% mais pobres. Por exemplo, segundo os
cálculos do índice de Palma referentes aos dados do Censo Demográfico 2010 realizado pelo IBGE, temos
que, em média, a soma da renda dos 10% mais ricos era 5,69 vezes maior do que a soma da renda
incorporada pelos 40% mais pobres, ou seja, este índice fornece uma medida mais intuitiva da análise da
desigualdade para o grande público. Além da comparação entre os indicadores, a pesquisa também tem a
intenção de verificar se as três regularidades apresentadas pelo criador do índice em relação aos países são
válidas também para a realidade brasileira. Estas regularidades são: a heterogeneidade nos extremos da
distribuição, isto é, a variação da proporção da renda incorporada é maior entre ricos e pobres; a
homogeneidade na camada intermediária - pouca variação da parcela da renda incorporada pela classe
média e; por fim, a resistência à mudança destas observações. Foram utilizados dados referentes à
distribuição de renda dos 5.565 municípios brasileiros, acessados através do Atlas de Desenvolvimento
Humano no Brasil 2013. As três hipóteses foram confirmadas para o caso dos municípios brasileiros, logo,
podemos concluir que a classe média brasileira se apropriou de, mais ou menos, 50% da renda, enquanto
que os ricos e os pobres disputam os outros 50%, na maior parte das vezes, em grande detrimento dos
pobres.
Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (Fapemig).
Referências:
[1] Cobham A, Sumner A. 2013. Is it all about the tails? The Palma measure of income inequality. Center
for Global Development Working Papers, 343.
[2] Palma G. 2011. Homogeneous middles vs. heterogeneous tails, and the end of the ‘inverted U’: it’s all
about the share of the rich. Development and Change, 42(1): 87-153.
Alfenas – MG – Brasil
12, 13 e 14 de novembro de 2015
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