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Nación,
February2014.
21, 2015.
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printedimpresa
edition.
13
Noviembre,
Publiicado
en lainedición
Laura Catena.
"Desde jovem sabia que podia ajudar as pessoas"
Ela é a diretora da bodega Catena Zapata, mas também é bióloga e médica de
emergências nos Estados Unidos
Por Sebastián Ríos.
Os aromas da adega familiar, aquela que tempo entre o mundo do vinho e seu trabalho
visitava quando criança com seu avô Domingo como médica de emergências em São
V. Catena, são contados dentro de suas Francisco, Estados Unidos, onde mora junto
lembranças mais apreciadas. "Enquanto ele com seu marido e três filhos. Com o Skype
provava amostras, eu desenhava, e aí sentia o como aliado - o que não evita que passe
cheiro da adega: adorava este cheiro de uva e metade do ano viajando -, Laura corre,
estar com meu avô", diz Laura Catena [46], literalmente, atrás do sonhou que divide com
diretora da Catena Zapata, que divide seu
seu pai, Nicolás: "Fazer vinhos argentinos que
concorrem com os melhores do mundo". Mas Stanford me fizeram passar pelos diferentes
apesar de que trabalhar na empresa familiar departamentos: cirurgia, medicina interna,
parecia um destino inevitável, ela escolheu pediatria, e adorava tudo. Mas quando cheguei
construir seu próprio caminho, mais longo, à sala de emergências senti que tinha
menos previsível, mas que finalmente a encontrado meu eixo, onde eu me enquadrava.
devolveu aos aromas de sua infância.
Meu avô, Domingo Vicente, me chamava de
“lauchita” (nota do tradutor: espécie de rato de
-Tendo nascido em uma família com
três gerações no mundo do vinho, o
que te levou a estudar biologia e
medicina?
cauda longa, comum no Chile e na Argentina)
porque eu sempre andava correndo, e em
emergências você vai de um paciente a outro.
Também há muito contato humano lá e as
-Estudei biologia porque a ciência me fascinava, pessoas têm muito medo. Desde jovem, sabia
apesar de que também gostava dos idiomas, da que podia ajudar as pessoas a não terem medo
história e das matemáticas. Mas quando e isso me fazia sentir muito útil. Eu queria ajudar
cheguei a Harvard fiz uma aula sobre evolução o mundo e a medicina era o mais próximo. Não
com Stephen Jay Gould, e aí soube que tinha me imaginava que com o vinho pudesse ajudar,
que ser cientista. Primeiro estudei biologia de mas, quando vejo a transformacão das zonas
plantas e, depois, medicina.
vitícolas de Mendoza, sinto que ajudo muito
mais ao mundo com meus vinhos.
-Como sua família reagiu?
-O que te levou a entrar na empresa
medicina, ele se irritou. E isso para mim era familiar?
-Quando disse ao meu pai que queria estudar
muito estranho, porque nos Estados Unidos ser -A revista Wine Expectator fazia uma feira onde
médico é uma das profissões com maior eram apresentadas as adegas que tinham
reputação. Comentei com a minha mãe e ela registrado mais de 90 pontos com seus vinhos;
me disse: "Ele sempre sonha que você vai em 1995, pela primeira vez convidaram uma
trabalhar com ele". Até este momento nunca adega argentina e nos convidaram. Meu pai
havia imaginado trabalhar com a família. Uma disse: "Vai você, Laura, porque aqui ninguém
vez meu pai veio me ver em Harvard e me fala bem inglês". E eu fui. Lembro-me de que
contou do seu sonho de mudar a história do estava na minha mesinha, ao lado tinha as
vinho argentino, de que se transformasse em grandes adegas da França e da Califórnia, e as
um vinho da categoria do francês. Falávamos pessoas faziam fila em todas. Mas passavam
muito do vinhedo e do ele fazia, mas eu não pela minha mesa, olhavam o cartaz "Argentina"
tinha nenhuma intenção de trabalhar com ele. e continuavam caminhando. Senti uma raiva!
Eu era muito independente e sentia que tinha No dia seguinte, liguei para o meu pai e disse:
que fazer o meu próprio caminho.
"Tenho que começar a trabalhar com você
porque o que você está tentando fazer é
-Como você passou da biologia de impossível". Como médica, queria ajudar as
plantas às emergências?
pessoas, mas agora queria ajudar o meu pai.
-Estudando medicina na Universidade de
Lembro-me de que lhe disse: "Eu quero
começar a trabalhar no vinhedo, sou bióloga de às 8h e se não tenho tênis com minhas amigas
plantas! Mas também quero ver o que você está argentinas, fico até às 14h no Skype em
fazendo nos Estados Unidos, porque moro aqui conference call. Às vezes, me mandam amostras
e posso te ajudar".
e degustamos, falamos dos vinhos. E depois
trabalho no hospital muitas noites e bastante
-Quando você entrou na adega,
havia poucas mulheres em postos
relevantes no mundo do vinho. Foi
difícil conquistar este lugar?
nos fins de semana. Vou para a Argentina em
fevereiro e março para a colheita; em agosto,
mês quando fazemos as assemblage; e mais
uma ou duas vezes por ano para provar vinhos.
-Eu morava nos Estados Unidos, onde havía Diria que passo 6 meses em São Francisco, 3 ou
bastante igualdade entre as mulheres e os 4 em Mendoza, e o resto no mundo todo.
homens. Eu nem pensava nisso. Foi muito mais
-Você pensa em algum momento em
e vir do mundo da medicina, onde era deixar o hospital?
difícil ser filha de Nicolás Catena que ser mulher,
especialista, ao mundo do vinho, onde não era. No hospital é minha vida emocional, e penso
Tive que aceitar que no início, as pessoas só me continuar trabalhando enquanto puder. Além
escutavam porque eu era a filha de Nicolás disso, não tenho nenhuma fantasia em relação
Catena.
à aposentadoria. Para mim, o vinho é a coisa
mais divertida: o hospital é o emocional e o
-Quando você sentiu que deixaram vinho, o divertido.
de te ver como a filha de Nicolás?
-Foi quando comecei com a pesquisa e -Enxerga em algum dos seus filhos
começamos a ver os resultados. Eu me meti a um interesse pelo vinho?
estudar o vinhedo porque se queríamos fazer -Luca [16] quer ser médico; Nicola [9] quer ser
grandes vinhos, tudo dependia, como dizem os professora, e Dante [13] quer criar coisas. Outro
franceses, de conhecer o terroir: já não apenas dia, Dante me disse: "Antes queria trabalhar
cada vinhedo, mas também cada parcela, cada com você e com o vovô, mas agora não quero
planta, que é um ecossistema em si mesmo. Eu porque li que a laranja é o sabor mais agradável,
sou a mãe do Catena Institute of Wine: todas as e eu quero fazer um licor de laranja e vendê-lor.
pesquisas que realizam são apresentadas para Quero fazer minhas próprias coisas". Para mim,
mim e eu as analiso. Sei muito de viticultura, de é importante que pessoas da família estejam na
enologia e tenho muito bom paladar, apesar de adega. Mas fico com o conselho do meu pai,
na realidade ter melhor nariz. Agora nas que diz que não temos que forçar a
degustações, posso dizer ao enólogo: não participação nos negócios familiares, temos
gosto do carvalho deste vinho, é verdade.
que deixar que as pessoas venham, se
quiserem. Acho que é uma teoria muito certa.
-Como você divide o seu tempo entre
a adega e o hospital?
-Se contamos o Skype, estou 80% do tempo na
Argentina, porque deixo as crianças na escola
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