C a d e r n o s L i n k Casos de sucesso Link "segura" comunicações do MNE Apesar da sua especificidade e do estatuto próprio enquanto organismo de um órgão de Soberania que é o Governo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) não foge a uma situação que percorre o panorama dos Sistemas de Informação e Comunicações de muitas organizações, designadamente, no âmbito da Administração Pública portuguesa: um difícil apuramento e/ou desconhecimento quase absoluto do retorno do investimento realizado e a total ausência de integração sistémica. C om efeito, ao longo da última década, nos vários organismos que constituem este Ministério, foram-se acumulando pequenas e múltiplas ilhas de informação completamente autónomas, uma multiplicidade de aplicações e um parque instalado em crescimento, o que, conjugado com a carência de recursos humanos, com a ausência de uma orientação e liderança técnica global, tornou esta situação ainda mais preocupante, tendo em conta o papel estratégico que o MNE ocupa em termos de Segurança do Estado. Cientes desta situação, da percepção de não existir uma resposta clara que esclarecesse os resultados do investimento em Tecnologias de Informação e Comunicações e conscientes que "estávamos a gastar dinheiro e não percebíamos para onde estava a ir", como diz, perplexo, Fernando Almeida –, os responsáveis do MNE criaram no final de Agosto de 2001, o Grupo de Trabalho para a Administração Informática do MNE, que tinha como incumbência fazer o diagnóstico da situação dos sistemas de informação e das redes de comunicação e preparar uma resposta sobre o que deveria ser a nova arquitectura da organização. 36 N5 - Setembro de 2003 Fernando Almeida Responsável pelo Grupo de Trabalho para a Administração Informática no MNE Como explica Fernando Almeida, responsável por este Grupo de Trabalho desde Fevereiro 2002 e Director do Programa de Reestruturação de Informática e Telecomunicações do MNE, "estávamos conscientes que o MNE estava doente e que a solução não passava por ir à farmácia. Precisávamos de uma consulta médica, mas também éramos um doente com opinião. Sabíamos que a doença não era tecnológica, mas que resultava de um problema de processos e métodos de trabalho que precisavam de ser alterados, com consequências na organização". C a d e r n o s L i n k Casos de sucesso Três estudos em simultâneo Foi neste contexto, que o MNE avançou em simultâneo, com dois estudos de diagnóstico e proposta de concepção sobre a arquitectura de Sistemas de Informação, e sobre a arquitectura de rede, em paralelo com um terceiro estudo sobre Segurança da Rede de Telecomunicações. Este projecto, que consistiu numa abordagem especializada na área da segurança das Infra-estruturas de Rede e Telecomunicações, viria a ser realizado pela Link. “O objectivo foi caracterizar e avaliar os níveis de segurança das redes de telecomunicações do MNE, dando particular atenção às redes Consular e de Cifra (que controla a informação e correspondência classificada), respeitando os requisitos de segurança, de acordo com a classificação das mensagens a veícular, e com as exigências de segurança nacionais, da NATO e da UEO”, esclarece Fernando Almeida. "Porque ganhou a Link este concurso? Porque apresentou a melhor proposta e tinha experiência. Não foi pelo preço que foi escolhida. E no final apresentou um trabalho bem escrito, bem organizado, muito bem detalhado, com as várias hipóteses em cima da mesa". Com efeito, os três estudos acabaram por ser realizados em simultâneo e em sincronia, entre Fevereiro e Julho de 2002. "Já que íamos realizar dois estudos de concepção, tivemos a preocupação de integrar as equipas", refere Fernando Almeida, no que é apoiado por Luís Amorim, responsável da Link neste projecto. "Pareceu-nos uma decisão bastante inteligente do ponto de vista de gestão de projecto do cliente. Convinha também que os novos sistemas de informação fossem suportados na nova infra-estrutura a especificar, e que as recomendações de segurança focassem já a futura implementação". Conclusões e sugestões As conclusões dos diferentes estudos acabaram por confirmar todos os receios. Segundo Fernando Almeida, foram "encontrados" sete núcleos de informática – Centro de Informática da Secretaria Geral, Cifra, o Centro de Informática das DG (Direcções Gerais) Assuntos Comunitários, o Grupo de Informatização Consular, Instituto para a Cooperação Portuguesa, a Agência Portuguesa para o Apoio ao Desenvolvimento e o Instituto Camões, que tem três divisões, além da rede do CEGER. "Encontrámos também quase uma centena de aplicações variadas e não integradas, casos em que num mesmo edifício existiam três redes diferentes, e casos de pessoas com dois e três PC, numa rede com mais de 400 equipamentos. Tudo isto, sem orientações estratégicas globais. Cada um, na sua esfera de actuação, fazia o melhor possível, mas não comunicavam entre si". No que respeita ao trabalho realizado pela Link, o estudo veio demonstrar que o MNE não tem ainda uma política de "Estamos mais fortes na área da segurança" Para a Link, este projecto representou um importante desafio, Luis Amorim não só do ponto de vista técnico, Responsável pelo projecto na Link mas também porque exigia uma sensibilidade acrescida. Com efeito, “embora estivéssemos já certificados pela Autoridade Nacional de Segurança (ANS), e tivéssemos desenvolvido outros projectos no domínio da Segurança, por exemplo, para o Gabinete Nacional de Segurança, que depende directamente da Presidência do Conselho de Ministros, este projecto no MNE envolvia exigências de segurança nacional, da NATO e da UEO”, esclarece Luís Amorim. Por outro lado, “era um trabalho que envolvia muitas pessoas de diferentes departamentos e organismos de numa organização pública, que tem outro tipo de funcionamento e de estrutura. Finalmente, havia ainda a necessidade de trabalhar em conjunto com outros consultores. Do ponto de vista técnico, visto ser uma área sensível, optámos por enriquecer a competência da nossa equipa com um consultor britânico que conhecia bem o ministério homólogo do seu país, e que ajudou a quebrar algumas barreiras e preconceitos, pela experiência trazida. Foi um projecto complexo e exigente, mas mostrou que temos capacidade para o fazer e estamos preparados para responder a este tipo de solicitações. Aprofundámos a metodologia e os conhecimentos no domínio da segurança. Hoje, estamos mais fortes!”. segurança bem definida. Fernando Almeida avança que "as comunicações entre os postos da rede da Cifra têm segurança e existem políticas informais, mas a montante e a jusante, como muita da informação é impressa, a partir desse momento deixa de existir controlo". Para já duas ideias parecem claras: é necessário uniformizar a rede e reduzir ao máximo a proliferação de sistemas, e ao nível da segurança, definir uma política, definir prioridades e os respectivos procedimentos e criar um Núcleo de Política de Segurança com poder de decisão. Também foi proposto pela Link como essencial para o sucesso desta iniciativa, o lançamento de um programa de sensibilização interna da política de segurança. Em relação aos passos seguintes, Fernando Almeida salienta: "É evidente que no MNE não temos recursos suficientes para avançar com este processo. Vemos muito bem a Link a continuar a trabalhar connosco, ajudando-nos a definir os cadernos de encargos para concretizar os plano de concepção, mas também a realizar acções de formação. Faz todo o sentido", conclui. ¶ N5 - Setembro de 2003 37