Segurança Alimentar em Cabo Verde: Um Desafio Global mas Também Local Bernardo Pacheco de Carvalho1, Maicam Monteiro2 e Manuel Monteiro3 Cabo Verde apresenta uma situação invulgar de desafios nesta temática tão crucial para a vida das populações, não só pelas características intrínsecas do país em matéria de produção de alimentos, que desde sempre complicou imenso a sobrevivência das populações, como também pelo facto de ser um dos países que melhor desempenho apresenta em matéria de segurança alimentar, em relação ao continente africano e a muitos países em desenvolvimento. Cabo Verde assumiu sempre uma preocupação particular com a questão alimentar e logo após a independência criou a EMPA – empresa pública de abastecimento com mandato para garantir a distribuição de bens alimentares básicos em todo o território. Com o evoluir da situação económica e abertura política gradual, a aposta no funcionamento do mercado como referencial do sistema alimentar veio a acontecer, mas inovando institucionalmente, com a criação de sistema de regulação que garantisse o “razoável funcionamento desse mercado.” É assim criada a ANSA – Agência Nacional de Segurança Alimentar em 2002, com mandato específico para garantir o abastecimento do país em bens alimentares básicos, o que tem vindo a acontecer com grande eficiência e benefício para os consumidores. Contudo, se a nível macro o país tem níveis de segurança alimentar indiscutivelmente bons, a nível local o desafio permanece. Neste artigo caracteriza-se não só o evoluir do país em termos de abastecimento alimentar e dos mercados de bens básicos, mas apresenta-se também a caracterização de situações do interior em termos alimentares e de sistemas produtivos que mostram como a população procura gerir da melhor forma a sua “equação alimentar” com dados que merecem a nossa melhor atenção e motivação para mais e melhor investigação-desenvolvimento aplicada à resolução de problemas locais tão evidentes ainda. 1 Prof. da Universidade Técnica de Lisboa/Instituto Superior de Agronomia, Coordenador do CIAT-CD – Centro de Agronomia Tropical –Cooperação e Desenvolvimento 2 Mestre em Engenharia Agronómica Engenheiro Agronomo, com a especialidade tropical e Mestre em Agronomia Tropical e Desenvolvimento Sustentável 3