mas, também, a maneira de o fotógrafo pensar imagem, suas metodologias de trabalho e questões éticas e estéticas. Ao considerarmos as diversas áreas de atuação dos fotógrafos no universo fotográfico, como por exemplo publicidade, editorial, fotojornalismo, industrial, social, expressão pessoal e o u t r a s , não p o d e m o s afirmar de forma generalizada que a migração da fotografia convencional para a fotografia digital deva ser imediata. Ela deve, sim, ser estudada caso a caso. Há várias questões a serem consideradas antes de esta decisão ser tomada: a qualidade da imagem fotográfica digital é boa o suficiente para a finalidade a que ela se destina? • Quais as vantagens da utilização da imagem fotográfica digital? • Qual o investimento necessário? Quão rápido e de que maneiras haverá retorno? • Qual a exigência de novos conhecimentos e aptidões que o fotógrafo terá que adquirir? Ao analisarmos as questões acima, verificaremos que dependendo da área de atuação do fotógrafo a mesma questão nos leva a respostas diferenciadas. Analisando o fator qualidade da imagem fotográfica digital, para um fotógrafo que atua na área de publicidade e editorial, em que grande parte das fotos que executa é utilizada em catálogos ou revistas em tamanho de até uma página (21 x28cm), existem câmeras digitais que produzem fotos com qualidade boa o suficiente para este tipo de reprodução. Já para um fotógrafo que atua na área social (casamentos por exemplo) e fornece álbuns de fotografia para seus clientes no tamanho 24x30cm, a qualidade final não seria a m e s m a que a o b t i d a pelo p r o c e s s o convencional. Se analisarmos o retorno do investimento para os dois casos acima, somente em termos de economia de filme fotográfico, no primeiro caso este será muito mais rápido. C o n s i d e r a n d o as vantagens na utilização da imagem digital, temos como alguns dos fatores a instantaneidade e a possibilidade de transmissão remota, que a tornam essencial para fotojomalismo. A facilidade de "manipulação" da imagem digital é uma vantagem considerável, pois permite ao fotógrafo novas soluções criativas por meio da manipulação digital, criando novas imagens a partir de imagens já existentes ou combinando múltiplas imagens em uma única. O investimento necessário é alto e deve ser cuidadosamente planejado, examinando-se os requisitos de qualidade de imagem desejada (resolução, definição e cor), sistema de computador (plataforma, capacidade e velocidade), manipulação, saída (impressão), arquivo das imagens. Devemos levar em conta o custo do sistema existente (convencional) e o ganho em tempo, mão-de-obra e material. O retorno do investimento deve ser analisado sob dois aspectos. No caso de um estúdio fotográfico que produz trabalhos para utilização interna (estúdio de agência, por exemplo), a diminuição de custos é fator predomi-nante. No caso de um estúdio fotográfico que fornece serviços a clientes, o lucro é o fator prep o n d e r a n t e , pois este lucro muitas vezes é indireto, ou seja, mais clientes procuram o estúdio pelo diferencial de serviço oferecido, no caso fotografia digital. Entrevistas e pesquisas mostram que os fotógrafos estão migrando para fotografia digital de forma gradual e não abrupta. De um modo geral os fotógrafos começam pela utilização da fotografia digital de 2 a geração (fotografia digital obtida pelo escaneamento de imagem fotográfica convencional, obtida em filme), devido à facilidade de sua manipulação e pelo fato de as câmeras digitais terem um custo tão elevado quanto um sistema de computador para manipulação de imagens. Com a aquisição de uma câmera digital se faz necessária a compra de um sistema de computador, mas para poder manipular uma ima-, gem digital a compra de uma câmera digital não é necessária, pois o fotógrafo continua a fotografar em filme e manda suas fotos a um bureau para serem escaneadas. O u t r o fator que leva a esta preferência é que até uma determinada ampliação (não muito grande, dependendo do equipamento utilizado) da imagem fotográfica digital, obtida em câmera digital, a quali-dade é boa o suficiente, mas para ampliações maiores, há falta de qualidade e, no caso da imagem obtida com filme, esta pode ser escaneada em um equi-pamento de alta resolução, resultando em imagens fotográficas digitais de 2a geração com qualidade que permite ampliações bem maiores. As câmeras digitais e os acessórios de acoplamento digital (para serem utilizados em câmeras convencionais) atualmente disponíveis no mercado dividem-se basicamente em 3 tipos quanto ao método de captura da imagem: • de exposição única (permitem fotografar cenas estáticas e dinâmicas), • de exposição tripla, fazem 3 tomadas da cena, uma para cada filtro, vermelho/verde/azul (permitem fotografar somente cenas estáticas) e •de escaneamento, varrem a imagem formada na câmera (permitem fotografar somente cenas estáticas). As câmeras de exposição única, que seriam as ideais, têm a desvantagem de ter resolução mais baixa. As de alta resolução são as de escaneamento que, em contrapartida, têm o tempo de exposição demasiadamente longo (até 15 minutos por exemplo). É importante que o fotógrafo, independente de sua área de atuação, acompanhe de perto essa nova tecnologia para não perder o passo. Ela exige que o fotógrafo amplie seu conhecimento em áreas até então de pouca relevância para o desempenho de sua atividade. A fotografia de base química coexistirá com a fotografia de base eletrônica ainda por um longo período, mas no futuro a fotografia de base eletrônica substituirá a de base química por completo, principalmente em aplicações comerciais. A fotografia está mudando, mas não está morta.