ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6309 DE 24 DE NOVEMBRO DE 2015 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE GUIA DAS PME Munshi Ahmed/Bloomberg Como INTERNACIONALIZAR II Diário Económico Terça-feira 24 Novembro 2015 GUIA DAS PME: COMO INTERNACIONALIZAR Passo a Escolher o destino certo, tendo em conta as questões racionais mas também irracionais. E preparar-se para a muita papelada que vai ter pela frente. IRINA MARCELINO E RAQUEL CARVALHO [email protected] 1 Escolher destino Os estudos sobre os países são importantes e há várias entidades a fazê-los, de forma mais ou menos completa. Mas informação pode criar (alguma) confusão. Infografia: Mário Malhão | [email protected] Há muitos dados disponíveis e ainda mais ‘rankings’, informações sobre o PIB, emprego e potencial mercado. Há top 10 sobre os países onde é mais fácil fazer negócio e há estatísticas sobre os países que correm mais riscos políticos ou onde há mais probabilidade de se ficar a haver pagamentos. Informação não falta. Mas para Nuno Simões, CEO da exportadora Yap, que vende para o México mas também para a Alemanha e até para o Burkina Faso, “por vezes o excesso de dados não é qualidade”, havendo mesmo muita “desinformação”. Esta tem, então, de ser (bem) desbastada. Deve-se, no entanto, saber, que o ‘ranking’ Doing Business 2016, do Banco Mundial, considera Singapura, Nova Zelândia, Dinamarca, Coreia do Sul e Hong Kong como os cinco países onde é mais fácil fazer negócios. O ‘ranking’ tem em conta factores como a legislação, os tribunais, as questões tributárias, a estabilidade, entre outros. Na cauda da lista está um país onde em tempos as empresas portuguesas viram como potencial: a Líbia. O Sudão do Sul aparece um lugar acima e a Eritreia um abaixo (189º). As empresas portuguesas exportam mais para países “clássicos”, mas há quem olhe com muita atenção para destinos alternativos. A própria AICEP reforçou a sua presença em países como o Cazaquistão, a Coreia do Sul, em Cuba, no Equador, no Gana, na Guiné Bissau, na Guiné Equatorial, no Irão, em São Tomé e Príncipe, no Senegal, na Suíça e em Timor Leste, alargando assim a sua presença para um total de 65 mercados. Terça-feira 24 Novembro 2015 Diário Económico III passo da internacionalização PUB betão, a executar cofragens e cimbres e a pavimentar as zonas circundantes de um projecto na zona de Cólon/lago Gatun. A obra correu bem desde o início, e David Sousa, International Manager da empresa, conta ao Diário Económico que ao superar “as expectativas do cliente” conseguiram “sextuplicar o contrato inicial”. A obra ajudou, além disso, de bandeira à entrada em outros países. É do Panamá que a empresa, “em sinergia interna, comanda, gere e coordena o mercado da Costa Rica, onde temos mais três obras a decorrer”, conta David. Antes de se lançar na escolha do melhor destino, analise bem a informação que tem em mãos. Se possível, vá aos destinos ver como as coisas funcionam na prática. A AICEP pode ajudar, fornecendo uma lista de potenciais clientes, fornecedores e distribuidores. Pode pedir ajuda a um gestor de conta, que terá o papel de o acompanhar na missão de preparar todo o processo de internacionalização e exportação. Também entidades como o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação, as várias Câmaras de Comércio e Indústria podem dar uma ajuda neste trabalho. 2 Formalidades Papéis, papéis e mais papéis. Certificações, impostos, registos de marcas e... atenção aos câmbios. Se puder certificar a sua empresa, produto ou serviço tem mais hipóteses de ter sucesso tanto nas exportações como na aprovação de fundos ou outros instrumentos de financiamento ao negócio. Na hora de exportar há procedimentos a fazer na Autoridade Aduaneira. Tem que obter uma licença de disponibilização de classificação de produto e um documento de » ??????????????????????? “Mas é claro que, em simultâneo, devemos continuar a consolidar a nossa presença nos principais mercados da União Europeia e nos EUA, nossos principais e tradicionais clientes”, frisa Miguel Frasquilho, presidente da entidade que apoia a internacionalização das empresas. Apesar de não estar em nenhum desses países, a portuguesa Vilaplano apostou num destino ainda pouco olhado pelas empresas portuguesas: o Panamá. Foi neste país com pouco mais de três milhões de habitantes que Portugal abriu recentemente uma embaixada. E é aqui que a Vilaplano tem tido algumas obras. A primeira surgiu através de um convite de um concurso que o Grupo Unidos por el Canal, empreiteiro da obra composto pelas empresas Sacyr+Impregilo+Jan De Nul+Cusa. A Sacyr já era cliente desta empresa especializada na área das estruturas de betão armado em todo o género de obras desde pontes, viadutos, edifício simples, singulares, privados, públicos, barragens, obra marítima e industrial. No Panamá a empresa está hoje a intervir na aplicação de IV Diário Económico Terça-feira 24 Novembro 2015 GUIA DAS PME: COMO INTERNACIONALIZAR 2 P E R G U N TA S A MIGUEL FRASQUILHO PRESIDENTE AICEP PORTUGAL GLOBAL Portugal Exportador Aconteceu na semana passada e recebeu mais de 1.500 visitantes. A 10ª edição do Portugal Exportador recebeu, mais uma vez, exportadores, mas também embaixadas, associações, câmaras do comércio, entidades governamentais e financiadores. Este ano estiveram 14 países em destaque: Angola, Argélia, Brasil, Canadá, China, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América, França, Marrocos, México, Moçambique, Panamá, Polónia, e Reino Unido. Em destaque estiveram as delegações do Panamá e do México, que vieram a Portugal com importantes delegações. O Panamá foi um dos ‘stands’ mais concorridos e percebe-se porquê: o pequeno país da América Latina está a crescer 6% ao ano, tem um pacote de obras previstas na ordem dos 20 mil milhões de dólares. Neste momento, apenas 163 empresas exportam para lá. As questões culturais também devem ser tidas “A preocupação dos empresários deve começar em casa” em conta em cada país. ANGOLA ainda é o país para onde mais » acompanhamento da exportação, que irá acompanhar o seu produto até à estância aduaneira de saída. Nesta fase, há que ter em conta quando quer exportar, pois só tem 30 dias para poder fazer sair os seus produtos após receber aceitação. Tem ainda que ter em conta o tipo de produto a exportar, pois as taxas variam, havendo produtos que não pagam IVA. Verifique também que procedimentos são necessários no destino. E tenha em conta que as taxas, impostos e regras por vezes podem mudar dentro do próprio país, de região para região ou de Estado para Estado. Escolher o modelo de internacionalização que vai adoptar é importante para ter melhor noção dos passos a dar. Se vai apostar na internacionalização através de parcerias ou por presença física. Ou se vai optar por exportação directa, indirecta ou exportação própria, sendo que esta última consiste na venda directa aos clientes finais no país de destino. Independentemente da via que escolher há documentos obrigatórios que tem que apresentar e exigir. O importador irá solicitar-lhe a factura ‘pro forma’ (resposta do fabricante a um pedido de preços e disponibilidade de fornecimento), a carta de porte, apólice de seguro e ‘packing list’, que contém a listagem da totalidade da mercadoria por item expedido e a respectiva quantidade. Como exportador, deverá pedir uma ordem Stringer / Reuters empresas portuguesas exportaram em 2014, cerca de 9.440. Mas entre 2013 e 2014, apesar do crescimento, este não foi tão intenso como nos outros anos (+92). França e Inglaterra, destinos tradicionais, é que parecem ter voltado a ter as preferências das empresas portuguesas. Entre os dois últimos anos, foram mais 1.000 as exportadoras que escolheram estes dois destinos. de compra e, dependendo das condições de pagamento acordadas, poderá nesta fase serem necessários outros documentos como a carta de crédito. O sucesso das suas exportações pode passar pela diferenciação da marca. E se é uma empresa inovadora, convém proteger a sua invenção, para mais tarde não ter surpresas. Tanto em Portugal como na União Europeia o registo da marca ou patente não é obrigatório para a maioria das actividades. Só obtendo o registo do nome que pretende dar ao negócio ou aos seus produtos poderá “gozar do direito de exclusivo” no país para onde pretende exportar e impedir que terceiros utilizem ou registem a marca, diz Margarida Martinho do Rosário, agente de propriedade industrial da Gastão Cunha Ferreira. A advogada explica ser “muito frequente o agente ou parceiro local se aperceber de que o registo da marca não foi feito e registá-la a seu favor”. Ao acontecer isso, a recuperação da marca “pode tornar-se muito complicada”. A empresa exportadora deve ainda ter em conta a cobertura de risco cambial (’hedging’), que nem sempre é tratada pelas empresas portuguesas de forma estratégica. “Tradicionalmente, a maior preocupação reside no euro/dólar devido à exposição nas importações/exportações, mas também pelo risco indirecto em termos de concorrência e influência em muitos mercados mundiais”, afirma Filipe Garcia, da IMF. O especialista lembra que após um início de ano em que o dólar valorizou, há agora “claros riscos de esse intervalo ser quebrado em baixa ainda este ano” devido às diferentes políticas monetárias da FED e do BCE”. 3 Vicissitudes Nem todos os países são iguais. Por isso, além de estudar bem as estatísticas do seu destino tem de perceber por dentro o país que está a escolher. Saber escolher bem o destino faz toda a diferença. E nem sempre os factores de escolha são os mais racionais. António Santos, administrador financeiro da CESO, empresa de consultoria na área do desenvolvimento internacional, considera que é essencial ao exportador ou à empresa que se quer internacionalizar que passe uns dias no país que pretende, que conheça a sua cultura, os seus hábitos e os seus gostos, pois “só assim também terá maior noção se o produto que quer exportar tem potencial naquele país e se respeita as condições de comercialização e » Ainda há sectores com potencial para crescerem as suas exportações? Quais? Considero que todos os sectores têm potencial para crescer e a perseverança e resiliência dos empresários portugueses é factor decisivo neste sentido. Cabe aos empresários identificarem novas oportunidades de negócio nos mercados externos, para o que poderão contar sempre com o total compromisso e apoio da AICEP. Destacaria, no entanto, a tendência de crescimento dos grupos de produtos acima referidos (veículos e outros materiais de transporte, máquinas e aparelhos e produtos agrícolas). No sector dos serviços, as tecnologias de informação e o turismo continuam a ter um forte potencial de crescimento. Quais são as dificuldades mais comuns que as empresas portuguesas enfrentam na hora de iniciar ou reforçar as suas exportações? As empresas estão cada vez mais conscientes que têm de estar muito bem preparadas se querem ter sucesso no seu processo de internacionalização. Todos os mercados têm riscos, a par das oportunidades, e as empresas devem preparar-se, com rigor, previamente ao processo de internacionalização. Todos os países querem aumentar as exportações e atrair mais investimento estrangeiro. Assim, a preocupação dos empresários portugueses deve começar “em casa”, preparando-se bem, começando por se assegurar da qualidade dos seus produtos e serviços, financiamento, logística, canais de distribuição, promoção e gestão das marcas, conhecimento dos seus concorrentes e indo até ao conhecimento profundo do mercado para onde pretendem exportar. Uma vez num mercado externo, deverão acompanhar a operação com todo o empenho e rigor, privilegiando o contacto directo e regular com clientes e parceiros. ■ I.M. PUB VI Diário Económico Terça-feira 24 Novembro 2015 GUIA DAS PME: COMO INTERNACIONALIZAR » as regras locais do país”, explicou. Nuno Si- Atitude a ter depende do país Em África é valorizada a relação pessoal, nos Estados Unidos as reuniões para falar de negócios são ao pequeno almoço e é valorizada a sinceridade. Estas são algumas das observações feitas pelo livro “Empresários à conquista do mundo - As regras do protocolo internacional”, de Maria Duarte Bello. A autora refere outras curiosidades. No Japão a empresa tem de ir preparada para responder sempre à mesma pergunta feita por várias pessoas. O objectivo é cruzar informações e detectar possíveis contradições. No México o contacto pessoal é preferido a cartas e emails, e para esses encontros não se deve chegar atrasado. A empatia e a cortesia são fundamentais para os mexicanos. Na Europa, os alemães não admitem reuniões mal preparadas. No Reino Unido, o comportamento informal é muito mal visto. Nos países árabes os costumes, estilos e religião mudam. Mas o desconhecimento da lei islâmica, que estabelece regras sociais e, também legais, específicas de países muçulmanos, pode ser fatal para o negócio. A saber: os árabes prezam a amizade e a confiança com quem se está a fazer negócio. I.M. O Paypal deixou de ser apenas uma forma de fazer pagamentos internacionais. Com o objectivo de ajudar as empresas a potenciar as suas vendas, criou a ferramenta Paypal PassPort que dá a conhecer em detalhe informações sobre os dias festivos mundiais onde se registam picos de vendas no comércio electrónico, ou datas onde pode haver oportunidades de negócio, como o ‘Dia dos Solteiros’, comemorado nos EUA, na China ou no Reino Unido. A Paypal dá ainda dicas sobre processos aduaneiros e câmbio monetário, rastreamento de envios imprevisíveis e serviços postais e ciclos de vendas sazonais. Michael Nagle / Bloomberg mões, da Yap, concorda com a ideia de ir ao país como funcionam as coisas por dentro, até para ganhar vantagem competitiva na negociação: “os “factores intangíveis”, refere, “por vezes são mais importantes” no processo. “Saber se é ao almoço que se deve fechar o negócio ou quantas vezes é preciso reunir pessoalmente até o fazer” são, afirma, “ensinamentos que não vêm em lado nenhum, mas podem ser mais importantes que a informação recolhida sobre o PIB per capita ou o mercado consumidor potencial, por exemplo”. Em questões de gostos e hábitos que mudam de país para país, as produtoras de vinho já perceberam que os gostos estéticos mudam de país para país, e muitas adaptam o formato da garrafa e mudam os rótulos. Para retratar as questões de gostos, uma fonte da AICEP conta o caso de uma empresa portuguesa que quis exportar para o Japão um produto em embalagem de cartão, tal como fazia para vários outros países. O resultado não foi o melhor: é que basta um o cartão ter um vinco ou ficar danificado na viagem para o produto ser um completo insucesso no país do Sol Nascente. Estudar as questões racionais e irracionais de cada país requer tempo e dedicação. E se quer mesmo exportar um produto ou internacionalizar a sua empresa, ter uma pessoa dedicada a 100% a essa área é a opção certa. O consultor António Santos não tem dúvidas disso. Um gestor “com orientação internacional e capacidade de negociação internacional, que conheça bem a empresa e tenha percepção das variáveis ambientais do destino de origem é um factor determinante para o sucesso da internacionalização”. » As opções de financiamento com que as PME podem contar Incentivos do Portugal 2020, linhas de crédito, ‘factoring’ e seguros de crédito são alguns dos instrumentos disponíveis. Com 25 mil milhões de euros disponíveis até 2020, o Programa Portugal 2020 privilegia as PME que apostem no crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. As produtoras de bens e serviços transaccionáveis que contribuam para o aumento das exportações nacionais são as preferidas na hora da escolha. Devido ao elevado número de candidaturas na primeira fase (mais de cinco mil), os vale inovação e empreendedorismo estão suspensos, tendo já a AICEP, uma das entidades responsáveis pela aceitação das candidaturas, admitido estar em cima da mesa “uma reorganização” dos instrumentos, com indicadores mais restritivos Vales Os vales de internacionalização e empreendedorismo vão ser reorganizados. Em Janeiro abre novo concurso. e critérios de candidatura mais específicos, afirma fonte da AICEP. É também possível que o incentivo seja menor. A ter em conta: em Janeiro abre novo concurso para os vales de internacionalização. É também nesse mês em que se prevê entrarem em vigor dois fundos geridos pela Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), mais conhecida por banco de fomento, que garante que vão estar disponíveis 150 milhões de euros para ajudar a capitalização das empresas. Tanto o Programa Portugal 2020 como o IFD terão como parceiros a banca. Mas o envolvimento dos bancos no apoio a PME vai mais além, na Linha PME Crescimento 2015, com um ‘plafond’ de 1.400 milhões de euros; na Linha Bei, com ‘plafond’ de 300 milhões de euros; no IFAP Proder, com um montante global de financiamento de 150 milhões e na mais recente linha de crédito para empresas portuguesas internacionalizadas em Angola, com um ‘plafond’ de 500 milhões de euros. Fora dos apoios públicos, existem soluções financeiras que devem ser tidas em conta na hora de exportar ou internacionalizar-se. O ‘factoring’ de exportação, uma ferramenta que antecipa potenciais problemas e fornece soluções para as necessidades de cada empresa, é uma. Outro instrumento que oferece segurança em caso de incumprimento no pagamento de uma factura, assegura a rentabilidade da empresa e dá confiança a uma instituição bancária para oferecer as melhores condições de financiamento é o seguro de crédito. Para quem aposta no comércio internacional, é preciso ter também em conta as cartas de crédito, uma garantia de segurança a comprador e vendedor. Consiste numa carta endereçada pelo banco do comprador ao banco representado no país de destino a garantir a antecipação dos custos do comprador, que assim apenas precisa de liquidar a quantia já com a operação realizada. Também não será de esquecer o papel crescente do capital de risco e dos ‘business angels’ no apoio às ‘start ups’, micro e PME. ■ R.C. PUB VIII Diário Económico Terça-feira 24 Novembro 2015 GUIA DAS PME: COMO INTERNACIONALIZAR 4 Logística Gerir mal a logística das suas exportações é meio caminho para as coisas correrem mal. Saiba que erros deve evitar. A logística é factor essencial para o sucesso de uma exportação. Tal como é importante ter os melhores distribuidores e os melhores importadores no destino, é igualmente fundamental escolher o parceiro ideal em termos de logística até ao país e dentro do país. Os produtos podem ser transportados por via terrestre, aérea, ferroviária ou marítima e esta decisão tem que ser bem estruturada. Qual o melhor transporte para o produto a exportar? Precisa de frio, aguenta quanto tempo na estrada, chega até onde? E dentro do destino, como são as vias de comunicação? Estas são as respostas que deve tentar encontrar. Depois, tenha em conta as condições nos países de destino. Não adianta escolher a via marítima se o país não tiver infra-estruturas de portos desenvolvidas. 5 A quem pedir ajuda Advogados, consultoras e banca são algumas das entidades que o podem ajudar na sua internacionalização. Além do AICEP e do IAPMEI, que têm especialistas para o ajudar no seu processo de internacionalização, é importante que peça apoio jurídico para ter acauteladas todas as questões legais. As leis mudam de país para país, e o Brasil, por exemplo, tem muita complexidade fiscal, uma vez que em cada estado há uma lei diferente. Este tipo de apoio ajuda-o também a escrutinar todos os gastos associados. Para quem pretende recrutar, há consultoras especializadas que lhe dão conta de todos os procedimentos a fazer. Os bancos também podem ser parceiros importantes, não só porque precisa deles para financiar os projectos, mas também porque muitos têm equipas especializadas em vários países com a missão de ajudar empresários na sua internacionalização. Dependendo da legislação de cada país, os seguros para expatriados Paulo Figueiredo » podem terr coberturas com uma maior amplitude, especificamente desenhados para fazer face a situações imprevistas. Sabe que tipo de seguro protege o seu expatriado? Seguros podem depender do tipo de protecção social do país para onde vai. Quando se vai trabalhar para o estrangeiro há sempre riscos. É por isso importante ter uma boa apólice de seguros. Nesta medida, deve ter em mente o que está ou não abrangido no seu contrato de trabalho. De acordo com Ana Matos, directora de ‘employee benefits’ da corretora MDS, “os acidentes de trabalho de que sejam vítimas trabalhadores estrangeiros têm direito às prestações da lei” e pode mesmo “suceder que no país estrangeiro o Estado reconheça o acidente, situação em que o trabalhador pode optar pela lei mais favorável”, explica. Mas para que tenha direito a isso, é importante avisar previamente a seguradora que vai trabalhar para fora do país. Uma coisa é certa. Se as despesas médicas e medicamentosas estão automaticamente garantidas nas deslocações ao estrangeiro, já as despesas de repatriamento “depende de convenção estabelecida com a seguradora”, lembra a responsável , frisando que esta é uma cobertura que pode ser contratualizada. Ana Matos frisa ainda que, apesar do seguro de Acidentes de Trabalho ter um nível de abrangência bastante elevado, “ainda assim nem todas as necessidades se encon- tram devidamente salvaguardadas” com este seguro. Por exemplo, não se encontram garantidas situações de doença e acidentes ocorridos fora do tempo e local de trabalho. No caso dos expatriados, que podem ficar de um a cinco anos ou mais fora do país, torna-se importante definir se continuará a existir ou não contribuições para a Segurança Social portuguesa e averiguar o nível de protecção social garantido pelo país de deslocação, “para se confirmar a necessidade ou não de seguros que complementem essa protecção” nos casos de baixa por doença, por exemplo. Para se evitar surpresas, pode-se sempre optar por um programa internacional de seguros, conjunto de apólices de abrangência multinacional que garantem protecção uniforme em todos os países onde está implementado, esclarece. Há também os seguros pensados para expatriados, mas a sua contratação “depende ou de autonomia conferida pela casa mãe, ou de práticas de benefícios/necessidades existentes em cada mercado”. Se o empregador não o fizer, o funcionário pode fazê-lo. A generalidade dos produtos de expatria- dos incluem coberturas mais normais, como hospitalização e assistência ambulatória. Mas a diferença está no facto de cobrirem outros riscos como terrorismo, rapto, sequestro e extorsão. Estes seguros estão direccionados prioritariamente para mitigação e prevenção de riscos, formação sobre comportamentos e medidas a adoptar em situação de crise e acompanhamento e negociação dos eventos cobertos. Garantem ainda aconselhamento jurídico ou assistência, ou evacuação de emergência do país. Em alguns seguros de expatriados pode estar contemplada uma cobertura que garante o pagamento de honorários a negociadores e protecção jurídica. ■ R.C. Acidentes Nos seguros de acidentes de trabalho nem sempre estão garantidas doenças ou acidentes fora do tempo e local de trabalho.