Publicação da associação brasileira de distribuidores volkswagen
Ano 33 • n• 294
JULHO 2O11
Crowdsourcing,
quando o consumidor
ajuda a criar o produto
O
Gente consciente
s três principais temas desta edição de Showroom tratam de gente. E de gente motivada.
A primeira abordagem sobre pessoas é feita pelo especialista em Recursos Humanos, Daniel
Ramirez, presidente da Eagle´s Flight, empresa de treinamento, líder no seu segmento no País.
Na seção Gente, Ramirez conta, entre outras curiosidades, como as empresas estão tratando
seus funcionários e como estes estão reagindo aos maus empregadores. Uma multidão que,
diferentemente de anos atrás, não se conforma em trabalhar apenas pelo salário, mas por
princípios e compromissos que precisam ser honrados.
Mais adiante, a matéria de Capa destaca o crescimento das plataformas de geração de conteúdo
colaborativo (crowdsourcing) e de financiamento (crowdfunding) no Brasil, fenômeno que
também depende de uma multidão motivada, alinhada com o mesmo objetivo. Para quem não
está familiarizado, crowdfunding (de multidão, em inglês) foi o conceito que arrecadou 137 milhões
de dólares pela internet para eleger Barack Obama em 2008.
Como tudo no Brasil, quando pega, propaga-se rapidamente. O estouro desta modalidade de
financiamento aconteceu este ano, contando já com 12 sites ativos. O motivo? Uma multidão
entusiasmada, acreditando na ideia de financiamento colaborativo pela internet, prova
incontestável de que o brasileiro já superou o receio de negociar pela rede mundial.
Nosso terceiro assunto, que também envolve muita gente, trata do marketing de relacionamento,
matéria onde mais uma vez apontamos o quanto é importante estabelecer um canal direto
de comunicação com o consumidor. A novidade é que este consumidor está muito mais ligado
na mídia que circula na internet do que na mídia impressa, como preconizavam os ditames
do marketing direto de alguns anos. Tanto é verdade que o e-commerce foi o segmento que
proporcionalmente recebeu a maior fatia dos investimentos alocados em marketing direto no
ano passado, segundo dados da ABEMD, Associação Brasileira de Marketing Direto. De qualquer
forma, é pensando no consumidor, no cliente, na multidão nada silenciosa que questiona
qualidade, preço e conduta que os esforços das empresas estão se concentrando. A cada dia, mais
e mais organizações aderem a programas de fidelização porque sabem e as estatísticas apontam
que ações orientadas garantem a frequência até 40% maior de clientes fidelizados, clientes que
gastam, em média, 20% a mais em cada compra do que clientes comuns.
Boa leitura.
SHOWROOM
Conselho Editorial
3
A mensagem do Conselho Editorial.
5 Cartas
O que dizem sobre Showroom.
6 Quem Passou por
Aqui
Personalidades e amigos que
visitaram a Assobrav e o Grupo
Disal.
8 Gente
Daniel Ramirez, o ator e diretor de
teatro que se tornou um expert em
treinamento. Atuando na área de
RH de grandes companhias, aliou
suas competências artísticas às
mais novas técnicas de treinamento
e montou sua própria empresa.
Visionário, trouxe para o Brasil a
inovadora Eagle´s Flight, empresa
de treinamento canadense, cujo
diferencial é a tônica lúdica.
12 RH
A reflexão do psicólogo, especialista
em relações corporativas, Armando
Siqueira Neto.
16 Mundo Verde
4
Nosso recado sobre a
preservação do meio
ambiente e suas
implicações legais.
18 Capa
Crowd, multidão em inglês, é o prefixo
de plataformas de geração de conteúdo
colaborativo (crowdsourcing) e de
financiamento coletivo (crowdfunding),
hoje caracterizados por uma
economia baseada em colaboração e
interatividade, empreendedorismo e a
aceleração de projetos inovadores. Não é
uma tendência ou mais uma moda, mas
uma nova economia que está surgindo
baseada na multidão.
24 TechMania
Os testes em laboratórios e em pistas
de prova da indústria automobilística,
segundo o jornalista Fernando Calmon.
26 Freio Solto
A opinião, a crítica e a ironia do
jornalista Joel Leite.
28 Marketing
Marketing de relacionamento, one-toone, comunicação dirigida, marketing
com database: novas denominações
para o bom, segmentado e sempre
mensurável marketing direto. Com
novas tecnologias e ferramentas, o setor
de varejo é o que mais se dedica a essa
atividade.
32 A Passeio
Montenegro, um dos cinco destinos que
todos precisam conhecer. Um país muito
pequeno e muito interessante. Costa
fantástica, montanhas exuberantes,
MUNDO VERDE
A PASSEIO
CAPA
3 Recado
cidades antigas e fervilhantes. Ao norte
da costa, as Bocas de Cátaro, Kotor e a
história preservada em Budva encantam
turistas do mundo inteiro. Na costa sul,
a pequena Ulcinj, a magnífica Bar e o
Lago Skadar conquistam os visitantes. No
centro, o Monastério Ostrog, a histórica
Cetinje e o monte Lovcen. Ao norte, o
parque nacional de Durmitor e a floresta
Biogradska Gora. São muitas coisas para
serem vistas em apenas 14 mil km2
38 E se...
A ficção de Maria Regina Cyrino Corrêa
sobre as principais datas celebradas em
julho.
40 Novidades
O que há de novo em eletrônicos,
periféricos de informática e outras
utilidades.
41 Livros & Afins
Nossas dicas para a sua biblioteca,
cedeteca, devedeteca e pinacoteca.
42 Vinhos & Videiras
A opinião abalizada de Arthur Azevedo,
diretor executivo da ABS – Associação
Brasileira de Sommeliers – SP e editor da
revista WineStyle e do site www.artwine.
com.br
42 Mesa Posta
Receitas, segredos e informações sobre
a história da gastronomia com o chef
Gustavo Corrêa.
Publicação mensal da
Ano 33 – Edição 294– julho de 2011
A perua no choco
Bem divertida e verdadeira a crônica do jornalista Joel Leite na edição passada
(“A Perua no choco e o choque cultural” – nº 293 – Junho 2011). É bem verdade
que a diversidade das culturas leva, mais frequentemente do que supomos, a
interpretações erradas.
José Mauro • São Paulo - SP
Madrid
Muito legal a reportagem sobre Madrid publicada
na Showroom de junho (Seção A Passeio -Edição 293).
Ela serve como uma aula de história e um roteiro
minucioso do que se pode fazer em pouco tempo na
maravilhosa capital espanhola.
Parabéns.
Janaina Correia Mendes • Brasília - DF
Matérias pertinentes
Conselho Editorial
Antonio Francischinelli Jr. , Mauro I.C.
Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.
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Tiragem 6.000 exemplares
Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelas
publicações da Revista Showroom, com artigos e
matérias extremamente pertinentes e que dispensam
qualquer comentário. Li uma nota em uma edição passada que é possível receber em casa os
exemplares da revista. Havendo esta possibilidade, gostaria de receber Showroom
em meu endereço.
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que citada a fonte.
As matérias assinadas são de responsabilidade
do autor e não refletem necessariamente a
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Gostaria de agradecer o recebimento da ótima Revista Showroom durante todos
estes anos. É uma publicação diversificada e ao mesmo tempo de excelente
conteúdo cultural.
Sou Administrador e a utilizo sempre em meu trabalho. Já na minha casa, a
revista é disputada por todos devido às matérias e as informações sobre o
mercado automobilístico que traz.
Júlio Evaristo Salomon • Nova Friburgo - RJ
Bom instrumento para estudantes
Conheci a Revista Showroom na concessionária quando fui fazer a revisão do
meu carro Volkswagen.
Sou professora universitária e gostei muito dos artigos da revista. Curtos e
muito bem focados em diversos aspectos da realidade que vivemos. Ideais para
trabalhar tais assuntos com alunos de forma prática e proveitosa.
Maria Suelena Quadros • Professora Universidade de Caxias do Sul/RS
N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente os interessados devem
enviar um e-mail à Redação ([email protected]) informando o seu endereço
e solicitando o envio da publicação. Os pedidos serão atendidos por ordem de
chegada e conforme a disponibilidade de exemplares.
Foto de capa:
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SHOWROOM
Tiago Luiz Pavoski Klawa • Pós-Vendas VW Holanda
Veículos Ltda • Palmeira das Missões - RS
Assobrav
Av. José Maria Whitaker, 603
CEP 04057-900
São Paulo – SP
Tel: (11) 5078-5400
[email protected]
5
O ex-presidente
da Assobrav, João
Carlos Pentagna
Guimarães, com sua
elegância e carisma,
sempre presente,
quando solicitado,
para opinar sobre o
futuro do negócio
“Concessionária
Volkswagen”...
O gerente de
Unidade – TSC da
Volkswagen do
Brasil, Josimar
Balbino de Oliveira,
para reunião de
calendário da área...
Glauber Fernando de Souza Fernandes, sucessor há tempo
atuante na VW Belcar de Goiânia, para uma troca de
experiências com a nova liderança da Rede Volkswagen...
A elegante
advogada
Cecília
Oliveira, do
departamento
jurídico da
Volkswagen
do Brasil, para
prestigiar
mais um
evento
conjunto
entre e
Montadora e
a Assobrav...
6
Marcos Roberto
Ramos Costa,
superintendente
comercial da
Sulamérica
Seguros e
Previdência,
para registrar os
bons negócios da
parceria com a
Assobrav/Grupo
Disal...
O sucessor Fabiano
Hadad, diretor da
VW Capivari, no
interior de São Paulo,
munido de todo o
conhecimento para
participar de mais
um seminário sobre
vendas e marketing...
João Mariani,
diretor do Grupo
Faria, trazendo
sempre uma
boa palavra e
otimismo às
reuniões de
mercado...
Para uma visita de cortesia,
Adriano Comparoni, diretor
comercial adjunto da Cardif Grupo BNP Pariba...
Gente da Casa, o engenheiro
José Maria Graner, triatleta,
paraquedista e rato de academia,
exaltando bom humor e
competência na coordenação da
Assistência Técnica da Assobrav...
SHOWROOM
O amável Maurício
Barreto, do exigido
departamento de
Assistência Técnica da
Volkswagen do Brasil
par atualizar a agenda
de tarefas com seus
pares da Assobrav...
7
C
Daniel
Ramirez
“Competição não é
rivalidade, assim como
autoridade não é poder”
Por Silvia Bella
8
om carreira na área de Recursos
Humanos desde 1983, Daniel Ramirez,
um bom ator, talentoso e atrevido diretor
de teatro, procurava a empresa ideal para
trabalhar a despeito de uma clara vocação
para o empreendedorismo e uma boa dose
de curiosidade. Já empresário, representando
filmes canadenses de treinamento no Brasil,
participou de um congresso em Dallas em
1995. Foi quando conheceu o consultor
de vendas Alberto Couto, famoso no
mundo corporativo por sua competência e
capacidade de liderança. Da troca de ideias,
nasceu a confiança, e dali a sociedade, até
2002, na Eagle´s Flight do Brasil, versão sulamericana e muito bem-sucedida da empresa
de treinamento também canadense que se
baseia no conceito do aprendizado por meio
da experiência.
Com treinamentos intensos e enxutos, com
duração de 2, 4, e 8 horas, a metodologia
utiliza recursos lúdicos em ambientes
planejados e estruturados, onde regras e
detalhes são meticulosamente desenhados
para trazer à tona reflexões capazes de
impulsionar a mudança nos hábitos das
equipes. O que é vivido no jogo encontra
paralelo no campo profissional, ainda que
não de maneira óbvia.
Com até 50 treinamentos por mês, a
empresa é capaz de montar dinâmicas de 20
a 2 mil pessoas com a grande vantagem de
não afastar os funcionários por mais de um
dia de seus postos de trabalho.
Adepto da mão na massa, o presidente
da empresa, Daniel Ramirez, acredita que
todos, inclusive os líderes, podem aplicar
imediatamente os conceitos e atitudes que
aprendem nos jogos em suas situações de
trabalho, fazendo valer o ditado de Confúcio
de 400 anos antes de Cristo: “Se eu ouço eu
esqueço. Se eu vejo eu entendo. Se eu faço
eu aprendo”.
Showroom: Trazer a Eagle´s Flight
para o Brasil na década de 1990 foi uma
ousadia, considerando que só hoje,
E isso acontece sempre dentro de uma
sala...
Exatamente.
É mais econômico também, suponho...
Claro, se você considerar que as empresas
quando fazem os cálculos de treinamento
não contabilizam o custo das horas que
os profissionais ficam fora da empresa
– o chamado lucro cessante – além dos
gastos com hospedagem, traslado etc, a
possibilidade de treinar a equipe e fazer
dois treinamentos em um único dia, um
treinamento poderoso, cheio de vivências,
acaba sendo vista pelos organizadores
como muito mais interessante...
Mas o que lhe faz acreditar, mesmo,
que as pessoas saem diferentes dos
seus treinamentos?
Existem etapas na vida da gente em
termos de competência: temos o inconsciente
incompetente, que é quando a gente não sabe
que não sabe. Depois, quando cai a nossa
ficha e nos damos conta de que não sabemos,
passamos à etapa do consciente incompetente.
Um caso típico é a pessoa achar que sabe inglês
porque domina o básico. Quando vai para um
país de língua inglesa pela primeira vez fica
desesperada, porque não entende nada do
que as pessoas lhe respondem às perguntas
até corretas que ele faz. É nesse momento que
a pessoa percebe que precisa estudar muito
mais, para de fato dizer que sabe inglês. No
treinamento convencional verifica-se a mesma
coisa: a maioria fica ouvindo o palestrante
no piloto automático. Veja bem, não é uma
crítica às palestras, que eu também faço, e bem
conduzidas, com o tempo e o estilo certos,
são ótimas ferramentas, mas no treinamento
que se vê comumente, enquanto o palestrante
está falando, 75% ou mais da audiência está
mexendo no celular, no iPad ou pensando em
seus problemas. Ou seja, elas não sabem que
não sabem e não prestam atenção, não focam
no tema apresentado. Não há aderência. Já nas
nossas dinâmicas, onde é criado um cenário,
onde são apresentadas as regras para que o
jogo aconteça, as pessoas têm que estar 100%
envolvidas, presentes, focadas, caso contrário
não conseguirão jogar. Os outros participantes
mesmo vão pressioná-las para prestar atenção,
para atuar, uma vez que todas as dinâmicas
pressupõem equipes. Ao fim do jogo, a gente
faz a amarração, isto é, conceitua, pontua, de
maneira bastante informal, o aprendizado, o
resultado daquela vivência, trazendo para o dia
a dia profissional e até pessoal dos participantes
as escolhas vividas no jogo, porque nesse
momento, ao fim do jogo, se elas ganharam,
perderam ou ficaram em terceiro lugar,
perceberam que não sabem, e estão dispostas,
estão abertas, a aprender.
É interessante... na dinâmica a que assisti
as pessoas estavam enlouquecidas,
encantadas com o jogo de tabuleiro,
ansiosas por começar. Que fenômeno, que
reação é essa que faz com que homens
barbados se comportem como crianças
disputando o primeiro lugar?
A minha percepção é que as pessoas vêem o
jogo, o tabuleiro, como um brinquedo mesmo
e com a chance de, naquele momento, esquecer
a vida adulta, a responsabilidade. Elas querem
relaxar, se entreter com alguma coisa diferente,
que fuja totalmente à sua rotina. Nós temos um
jogo que consiste em montar pontes com peças
de lego e é mais do que comum ver diretores de
empresas, de terno e gravata, deitados no
chão para colocar uma peça fundamental
para o equilíbrio da estrutura. Só que
nesse período em que ele relaxa está
fazendo o mesmo que faz no escritório
ou no comando de pessoas: ele está
concentrado, escolhendo estratégias,
decidindo por um caminho ou outro,
ainda que ele não se dê conta disso.
Você tem dados que comprovem o
resultado positivo do seu método?
O volume de treinamentos que fazemos
por ano fala por si. Nós treinamos 30
mil pessoas por ano. Somos a maior
empresa em termos de treinamento
comportamental. O Brasil, ou seja, o
nosso escritório faz 40% de tudo que
acontece no mundo, é uma loucura. Nós
somos modelo para os outros países. O
nosso escritório, ao desenvolver toda
essa cenografia, essa aclimatação, essas
situações inusitadas, passou a ser um
modelo, uma referência de treinamento
para todo o mundo.
Ou seja, você gostou da ideia original
canadense, trouxe o modelo e o
adaptou, criou em cima?
Sim, até pelo fato de ser ator e diretor
de teatro, essa faceta da aclimatação,
da cenografia, de criar o clima para
que o jogo aconteça de forma eficiente
é bastante familiar. Também por
isso sempre tive atores na equipe,
profissionais que contribuem muito para
o bom desenrolar das dinâmicas.
E nunca sofreu preconceito
por apresentar essa equipe
“diferenciada”?
Preconceito não, mas talvez por sermos
espontâneos e estabelecermos de
imediato uma ligação bem próxima com
os clientes já houve quem confundisse
as coisas. Uma vez um executivo
responsável pela nossa contratação
durante a dinâmica de treinamento
pediu que eu o ajudasse a vencer o jogo.
Eu, obviamente, disse que não faria
aquilo porque comprometeria todo o
objetivo do trabalho, além do que ele
não era melhor do que ninguém.
Enfurecido, ele me disse
que se não o ajudasse não
me contrataria mais. Eu
respondi: tudo bem, sua
pressão de nada vale porque
SHOWROOM
vinte anos depois, o treinamento
corporativo começa a ser visto de
forma mais lúdica. Você sofreu muita
resistência?
Daniel Ramirez: No começo foi pior,
porque, imagine, no passado você fazia
um treinamento que consumia dois, três
dias das pessoas, e nós chegamos com
uma proposta de realizar treinamentos
em quatro horas ou até em duas horas,
então, era muito difícil a gente convencer
as pessoas de que este treinamento
funcionava. Para facilitar a explicação
da nossa proposta eu fazia a seguinte
analogia: quanto tempo uma criança
demora para entender que o quente dói?
É difícil explicar a uma criança isso,
mas se ela por acaso encostar o dedo no
forno vai vivenciar a dor e nunca mais vai
se esquecer de que o quente machuca.
No treinamento vale o mesmo, se o
instrutor só fala, fala, fala, o conteúdo
fica no campo racional e os ouvintes não
absorvem o conceito, mas a partir do
momento que o experimentam através de
uma atividade percebem que os resultados
que obtêm são consequência das escolhas
que fizeram e daí entendem que ao querer
um resultado melhor têm que mudar suas
escolhas, suas estratégias. Então a gente
simula situações, sempre inusitadas, - por
exemplo, uma travessia pelo deserto, uma
reunião na tavola redonda, rodar um filme
em Hollywood, uma reunião na ONU –
para que os treinandos exercitem suas
habilidades, suas competências.
9
eu sou o dono da empresa, não vou
perder meu emprego. Realmente, depois
daquele treinamento não fiz mais nada
para aquela organização até que ele foi
demitido, justamente por ser intratável.
Infelizmente ainda tem gente arrogante no
mundo corporativo, é uma minoria, mas
ainda existe…
Voltando aos jogos, outra coisa que
observei no meio da dinâmica a que
assisti foi a desinibição de algumas
pessoas, até o início do jogo muito
tímidas. O que leva o ser humano em
determinada situação a se envolver
tanto, a se liberar tanto a ponto de
levantar-se da sua mesa e ir interferir
na equipe alheia, de tentar convencer
os outros?
É a convicção que faz a pessoa sair do
seu lugar e ir convencer a outra de que a
escolha dela é a certa a seguir. É uma pena
que, de maneira geral, as pessoas desistam
muito rápido de tentar convencer as
outras. É o pensamento de que “não vai
adiantar nada eu me expor, no fim eles
não vão mudar de ideia”. Ou, pior: dou
a minha opinião e se ninguém concordar
com ela, fico logo quieto, torcendo para
o outro errar e daí provar que eu estava
certo. É aquela coisa do “eu não disse?”
Em geral as pessoas preferem perder
juntas a tentar convencer a equipe de que
o outro caminho era o certo.
10
E isto por quê? É competição entre
pessoas que estão na mesma equipe,
no mesmo barco?
A gente confunde competição
com rivalidade. Competição te faz
melhor, rivalidade não. Competição
é a concorrência lançar um carro
revolucionário e a Volks entender
e aplaudir o fato de que aquele
lançamento criou outro mercado e
que permite agora a ela lançar outro
melhor ainda. A competição cria
mercado. A competição ajuda os
fornecedores, porque eles passam
a fazer melhor e quem ganha é o
Qual é a sua recomendação aos
empresários para que esse clima de
rivalidade deixe de existir?
Primeiro é preciso que o líder goste ou
passe a gostar de gente, porque há muitos
líderes que não gostam de gente, de
lidar com pessoas, de falar com elas, de
estimulá-las. É comum ouvirmos, “nossa
meta é crescer 15%” E eu pergunto, por
consumidor. Rivalidade é torcer para
que a concorrência vá à falência, é torcer que não crescer mais, crescer 30% ou
40%? Por que não estimular as pessoas
para que aquele piloto quebre antes da
para que produzam mais e com isso
largada. Ao contrário, competição é ver
ganhem mais? Gostar de gente significa
quem ganha.
promovê-las, estimulá-las através de
prêmios, benefícios, aumentos reais de
No futebol tem muito isso. Vou
torcer para o time do outro país, para salário.
não ver o adversário do meu time
E a crise? Desde sempre enfrentamos
ganhar...
algum tipo de crise que impede
Pois é, é uma infantilidade, imagine
aumentos reais de salário...
o que seria do Corinthians sem o São
Paulo? Ninguém assistiria à televisão...É Eu não acredito em crise; eu não olho
pra isso e nem falo disso. Crise é uma
preciso mudar essa cultura, também
desculpa que se dá para não sair da zona
impregnada nas empresas. Na minha
de conforto. É uma desculpa de quem
empresa existe competição, mas não
não gosta de gente, de quem não quer
permito que exista rivalidade, porque
investir no pessoal para o crescimento da
nós, como empresa, temos uma meta e
sua própria empresa.
precisamos alcançar essa meta unindo a
É incrível como ainda há empresários
força de todos. Não se pode confundir:
que não entendem que eles dependem
a competição me estimula a ganhar do
muito mais dos empregados do que
colega, enquanto a rivalidade me faz
os empregados dele. É esse tipo de
desejar que ele fique doente para que
empresário que pára de treinar o pessoal
não venha trabalhar...
quando o mercado está fraco, daí,
empregado despreparado é empregado
Essa mudança de cultura deve
à porta da demissão, então se estabelece
começar pelo líder, não?
um círculo muito ruim.
Sem dúvida. Conto o que aconteceu
com a minha empresa em 2007. Embora
Às vezes a empresa é muito
o mercado estivesse super aquecido
autoritária...
e o clima fosse de euforia, minha
Outra coisa que é muito confundida:
equipe vivia em guerra. Quando me
conscientizei do fato,
o que fiz? Demiti
todos os diretores
e gerentes e fiquei
bem próximo à
equipe. Passei a
trabalhar diretamente
com eles. Seis
meses depois de ter
tomado essa decisão
crescemos 40%.
Superada a crise fui
readmitindo gerentes
e diretores, mas todos
com essa pegada,
a pegada ética, de
competir sem ser
rival. Este ano, até
junho, já faturamos o
equivalente a todo o
ano de 2007.
Você acha que existe algum tipo de
motivação maior do que um bom
salário?
Eu acho que é preciso oferecer várias
coisas: bons salários são importantes, mas
o que segura as pessoa em uma empresa é a
soma de salário, bons propósitos e valores.
É esse conjunto de coisas que diferencia um
funcionário motivado de um funcionário
engajado. O motivado olha mais para o
próprio umbigo, pensa em como subir
na empresa, no que a empresa lhe dá. O
funcionário engajado é aquele que pensa
no bem da empresa, que se orgulha de
fazer parte dos seus quadros, aquele que
deseja que a empresa cresça, que ganhe
reconhecimento, que seja respeitada.
E aqueles que ficam quietos na zona de
conforto, sem dar bandeira para sequer
serem notados?
Esses são a minoria.
Minoria?
Eu acho, acho que é uma minoria a que
não tem vontade de trabalhar, que se
encosta nos outros. Eu prefiro pensar
como o Diniz (Abílio Diniz, presidente
do Grupo Pão de Açúcar) que diz assim:
“se você não pode acompanhar você não
pode cobrar.” E eu acompanho tudo. Se
vejo um funcionário pouco engajado, faço
de tudo para mudar sua postura. Mas se
ele, mesmo assim, não se comprometer,
eu o demito, porque ninguém deve ficar
infeliz no trabalho. Isso é horrível. Agora,
as pessoas também precisam entender que
lamentar o ato de trabalhar é indecente,
porque enquanto elas estão se queixando
enquanto assistem ao Fantástico porque já
é domingo, outros tantos estão sofrendo
porque depois do Fantástico não precisarão
dormir imediatamente já que não têm
emprego que os faça acordar cedo na
Segunda-feira.
Que erro as empresas cometem
mais frequentemente ao montar
suas equipes? É no momento da
contratação?
Eu penso assim: o ser humano é
complexo. Assim como as empresas
fazem promessas no ato da contratação,
que às vezes depois não cumprem, os
empregados também se mostram super
dispostos na hora da entrevista e depois
de contratados não entregam o que
prometeram. Então eu acho que uma
maneira boa de contratar – e eu já errei
por não fazê-lo - é tentar entender o
histórico do candidato pela versão dos
antigos empregadores. É investigar junto
aos ex patrões, ex chefes, como aquela
pessoa se comporta no dia a dia.
Hoje ainda vemos muita rotatividade
de mão de obra, inclusive de
executivos. Todo mundo está errando
tanto assim?
Sabe o que acontece? 67% dos
funcionários saem das empresas por causa
do chefe. De cada três demissões, duas
se dão por incompatibilidade total com o
chefe.
Isso é estatística?
E Gallup. 67% dos empregados no Brasil
se demitem por causa do chefe. Enquanto
o chefe deveria ser modelo de conduta,
de conhecimento técnico, de liderança, de
educação, a realidade é o oposto.
“respeito às pessoas” No entanto, quando
o diretor entra no elevador todo mundo
tem que sair, porque ele não quer contato
nenhum com os funcionários. Então,
veja o contrassenso, a empresa ostenta
uma filosofia que o seu comandante
não pratica. E sabe para onde vão os
funcionários que saem mal da empresa?
Para a concorrência...
Exatamente. Vão para a concorrência,
para se vingar, para mostrar que podem
triunfar fora dali.
Por outro lado, o que leva uma pessoa
a permanecer anos a fio sendo
maltratada em uma empresa?
É a pressão psicológica, o assédio moral,
coisas que se a pessoa não reagir ou
buscar ajuda profissional, vão minando
sua autoestima. Por que a pessoa se
submete? Porque ela acha que saindo
daquela empresa ruim, daquele ambiente
nefasto, os outros lugares serão iguais,
mas isso não é verdade. A maioria das
empresas é séria e oferece bom clima
para trabalhar. O tempo do “manda
quem pode e obedece quem tem juízo” já
passou. O Brasil vive outra fase, uma fase
de progresso econômico e de progresso
humano também.
Aliás, falta de educação está virando
moda...
Pois é, e a maior prova de falta de
educação é o celular. Você identifica a
importância que você tem para uma
pessoa no momento em que o celular
toca. Se a pessoa disser aquele clássico
“só um minutinho”, você já sabe que
importância você tem para ela. Nenhuma.
Por que as pessoas estão tão afoitas
com o celular, com a necessidade de
informação? É medo de perder tempo,
dinheiro?
Eu concordo com o Içami Tiba
(psiquiatra) que diz: o poder não
corrompe as pessoas, o poder revela as
pessoas. As pessoas são o que são. Dê
poder e dinheiro às pessoas e elas se
revelam. Se elas se mostram mal-educadas
é porque são mal-educadas.
Eu fui a uma empresa de origem
japonesa onde um dos mandamentos
que compõem a missão da organização
está estampado em letras garrafais e diz:
SHOWROOM
autoridade e poder. Poder remete a medo,
autoridade a confiança, admiração. O líder
que tem autoridade pode se ausentar da
empresa porque a autoridade dele acontece
mesmo quando ele não está. Tem líderes
que reclamam porque não saem de férias,
e dizem com orgulho ”se eu sair de férias a
empresa não anda”, ora, eles deveriam ter
vergonha de dizer isso, porque o verdadeiro
líder é aquele que sai de férias tranquilo
porque sabe que a empresa, mesmo sem
ele, vai andar.
11
Parece que foi ontem
Embora se possa alegar que 10 mil
anos se situem longinquamente
no calendário, e que são
necessárias muitas gerações de
pessoas para cumprir tal período,
as maneiras de se viver primitiva
e contemporânea demonstram
relativizar o tempo a cada análise
que se faz acerca de como vivemos
em sociedade ontem e hoje.
A
12
o comparar como os
nossos antepassados neolíticos
se estabeleceram nas primeiras
cidades criadas no planeta com
a nossa atual forma de nos
relacionarmos socialmente, é
possível encontrar lá atrás os
vestígios das sementes que até
hoje dão frutos com o mesmíssimo
sabor, alguns adocicados, outros...
A arqueologia revelou há
certo tempo a cidade de Çatal
Hüyük, situada ao sul da
Turquia, na qual conviveram
cerca de seis mil pessoas, em
Por Armando Correa de Siqueira Neto
8.000 a.C., em casas de formato
retangular, feitas de tijolos crus,
com acesso por um andar superior
e através de escadas, pois não havia
qualquer rua que as interligasse.
Andava-se sobre elas para ir e
vir. A sua distribuição interna,
conforme as evidências apontam,
indica lugar específico para o
uso comum, qual uma lareira, e
ornamentos de parede (chifre de
touro) e estatuetas femininas que
decoravam os 24 metros quadrados
de construção existentes em média.
Conseguiu-se, inclusive, recriar
um mapa local com as muitas
residências, a partir do desenho
original encontrado cravado em
pedra - é o primeiro mapa de que se
tem conhecimento.
Porém, chama a atenção outros
tipos de evidências trazidas à luz no
sitio arqueológico turco, tais como
restos de cereais, pilões de pedra e
cerâmica. A produção alimentícia,
através do plantio, da colheita, do
processamento e da estocagem
ganhava vulto após ter-se deixado
para trás o ancestral hábito da
caça e da coleta. E, em meio a tais
achados, constatou-se a presença
de ossos de pés femininos bem
desgastados nas juntas em razão
da forçosa posição de moagem - fato
este não evidenciado nos ossos dos
pés masculinos, que, diferentemente,
indicaram desgaste na região da
rótula, levantando a suspeita de que
os homens permaneciam sentados
por longos períodos. Lembrou de algo
semelhante?
Então, consegue imaginar a
vizinhança tão próxima se
comunicando diariamente, contando
sobre suas dores e amores, esperanças
e frustrações, raiva e alegria, a respeito
das amenidades relacionadas aos
trabalhos típicos da lavoura e da lida
com os animais, o relacionamento
conjugal e a criação dos filhos, os
quais deviam ser muito importantes
haja vista emergir a necessidade de
mão de obra com o crescimento da
produção local? Percebe o provável
disse-me-disse cotidiano ali presente
com tanta gente convivendo em casas
tão próximas umas das outras, com
ocupações similares, além das ideias
diferentes que cada um devia ter em
relação aos seus próprios direitos e
deveres? Parece que foi ontem. Nem
parece que faz tanto tempo assim
desde o surgimento deste primeiro
modelo de convívio na primitiva
cidade de Çatal Hüyük e a maneira de
se relacionar dos tempos atuais.
Armando Correa de Siqueira Neto é
psicólogo (CRP 06/69637), palestrante,
professor e mestre em Liderança. Coautor
dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes
da Liderança e Educação 2006. E-mail:
[email protected]
C
Sustentabilidade
no transporte,
uma exigência e uma necessidade
Acessar o que desejamos com o menor custo possível, seja
econômico ou socioambiental, tem nos levado a conceber
inovadores modelos para transportar pessoas com maior
eficiência energética. Um dos modelos mais eficazes que
vem sendo gradativamente implantado nos grandes centros
urbanos ao redor do mundo é conhecido por BRT - Bus Rapid
Transit, em português, Ônibus de Trânsito Rápido. 16
Por Laércio Bruno Filho
Melhor e mais rápido
Até mesmo quando comparados aos modais
VLT – Veículo Leve sobre Trilho e Metrô, o BRT
demonstra melhores resultados, seja quanto
à resposta ao investimento realizado, quanto
ao tempo de deslocamento para o usuário ou
ainda à eficiência energética proporcionada. O estudo preparado por Jaime Lerner
Arquitetos Associados apontou o tempo
necessário para se percorrer uma distância de
10 km, pelos diversos modais, considerando
o tempo de deslocamento até o terminal, o
acesso à plataforma e o acesso à rua. Assim
o que se apurou foi: o passageiro de metrô
levaria 28,6 minutos; de BRT, 26 minutos;
de VLT, 34 minutos e pelo sistema de ônibus
convencional, 38,4 minutos. Quando o assunto é implantação do sistema,
também o BRT apresenta forte vantagem
sobre os outros modais segundo o estudo.
Os custos e prazos para implantação por
quilômetro para 150 mil passageiros/dia do
metrô é de R$ 2,1 bilhões; do VLT custa R$ 404
milhões; do BRT R$ 111 milhões e do ônibus
convencional R$ 55 milhões, este último mais
barato mas pouco eficiente. Uma boa solução
Tendo em vista os eventos Copa de 2014
e Olimpíada em 2016, abre-se uma
oportunidade ímpar para que as cidades
brasileiras viabilizem projetos de mobilidade
urbana. O governo tem dedicado muita
atenção a essa questão que é um dos grandes
entraves dos municípios brasileiros e tem
destinado através da Caixa Econômica Federal
e do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social recursos da ordem de R$
6,5 bilhões – dinheiro com baixo custo para a
construção de sistemas de mobilidade urbana
nas principais capitais. Também o Banco
Internacional do Desenvolvimento e o Banco
Mundial oferecem linhas de crédito a custos
muito baixos. Algumas cidades-sede já estão se capacitando
para acessar esses recursos. É o caso do Rio
de Janeiro e Belo Horizonte, Manaus, Recife,
Salvador, entre outras. Projetos que contemplem o desenvolvimento
sustentável nas áreas impactadas pelas
implantações desses sistemas serão, sem
dúvida alguma, uma das principais exigências
nas licitações. Nesse cenário, considerando os
estudos elaborados sobre os diversos modais,
o BRT se apresenta como a solução ideal. Mais
barato, mais eficiente, com infraestrutura
menos complexa e de menor impacto
ambiental, é a opção adequada a atender a
todas as exigências constantes das licitações. Entretanto, sem um amplo e bem-estruturado
programa de gestão que dê forma às políticas
de sustentabilidade exigidas nos editais,
será inviável a captação desses recursos por
parte das prefeituras, empresas ou consórcios
interessados.
Laércio Bruno Filho é Professor Convidado do MBA PECEGE da ESALQ/USP para a disciplina
Agronegócios/Sustentabilidade; Coordenador e Relator do Subgrupo que prepara a proposta de
normalização de Projetos de Carbono em Florestas no âmbito do Mercado Voluntario pela FIESP/
ABNT, membro do Grupo de Estudos sobre Gestão da Sustentabilidade, entre outras instituições.
SHOWROOM
Criado em Curitiba sob a gestão de
Jaime Lerner em 1974, o sistema veio se
aprimorando e tem sido replicado como
modelo de referência em transporte por
diversas cidades do mundo, como Los Angeles,
Nova Iorque, Cleveland, Bogotá, Quito, São
Paulo e brevemente no Rio de Janeiro e Belo
Horizonte. É reconhecido como o modelo
de transporte coletivo mais eficaz para
cidades com população a partir de 500 mil
habitantes. O sistema funciona em corredores
segregados, com paradas predeterminadas
ou até mesmo sem paradas intermediárias,
operando como um ônibus expresso. Livre dos
automóveis, permite velocidade média de 20
a 28 km/hora, o que torna mais eficaz para o
usuário a experiência de deslocar-se de um
ponto a outro. O sistema convencional oferece
uma velocidade média entre 10 e 12 km/hora. Além disso, o BRT apresenta elevada
eficiência energética quando comparado
ao transporte realizado por automóvel ou
moto. Transporta mais passageiros utilizando
menos combustível e emite menos poluentes
na atmosfera. Uma motocicleta polui 32
vezes mais e consome cinco vezes mais
energia por pessoa transportada do que os
ônibus; automóveis poluem 17 vezes mais e
consomem 13 vezes mais energia por pessoa
transportada do que os ônibus. Outra grande vantagem é que os ônibus
mais modernos podem usar combustível
renovável como etanol, energia elétrica
(trólebus), biodiesel (B20 e B100 ainda em fase
de testes) ou, de forma simultânea, conjugar
eletricidade e etanol nos modelos híbridos.
Por fim, em fase de testes, há o ônibus movido
a hidrogênio. Todos com baixíssima emissão
de gases efeito estufa e de poluentes. 17
Multidão
apaixonada e
mobilizada
O termo “nova economia” foi cunhado nos anos 1990 e se
referia a negócios baseados nas então novas plataformas
de internet, nas tecnologias de informação e comunicação.
O termo caiu em desuso e voltou com força com a web 2.0
para descrever uma economia baseada em colaboração e
interatividade, empreendedorismo e a aceleração de projetos
inovadores. Não é uma tendência ou mais uma moda, mas uma
nova economia que está surgindo baseada na multidão.
18
Rosângela lotfi
Por
rowd, multidão em inglês, é o
prefixo de plataformas de geração de
conteúdo colaborativo (crowdsourcing) e
de financiamento coletivo (crowdfunding).
Rafael Zatti, fundador da ideas.me e
especialista em crowdsourcing, explica
que os conceitos nasceram nos EUA e
são bem parecidos: “O financiamento
coletivo nasceu do crowdsourcing, ambos
trabalham com colaboração, mas não
necessariamente caminham juntos ou
necessitam um do outro. O crowdsourcing
é mais independente.” Em ambos, as
ROSÂNGELA
redesLOTFI
sociais como Facebook, LinkedIn
e outras onde é possível se conectar
facilmente e mobilizar muitas pessoas
desempenham um papel crucial. Nos EUA
o crowdfunding ganhou força em 2008
quando o então candidato a presidência
Barack Obama levantou US$ 137 milhões
de dólares para a sua campanha eleitoral
utilizando o conceito. No Brasil, onde as
redes sociais crescem há muito tempo o
boom dessa modalidade de financiamento
só aconteceu este ano e, na última
contagem, havia nada menos que
12 sites funcionando nesse modelo
de arrecadação. É um investimento
e como tal gera lucros que são devolvidos ao
investidor na proporção do investimento, mas
o que faz o crowdfunding funcionar, explica
Zatti, é a multidão. “Você precisa ter uma
multidão apaixonada e que acredita na sua
ideia. Esse é o pensamento fundamental para
que grandes multidões possam ser mobilizadas.”
O financiamento colaborativo pela internet
já é uma alternativa palpável aos fundos de
capital e outros instrumentos de crédito para
viabilizar investimentos. Só para dar uma noção
dos valores movimentados nos Estados Unidos,
um único site, o Kickstarter, já arrecadou US$ 35
milhões. No Brasil os sites atraíram R$ 600 mil
em investimentos. “Estamos cerca de cinco anos
atrasados. Fora do Brasil os dois conceitos são
rotineiros. É um grande mercado, não só nos EUA,
a Índia também é.”
Paixão por ideias
O apoio da multidão pede um vínculo pessoal
com a ideia, seja para exigir democracia no
Egito, manifestando-se na Praça Tahrir ou
para financiar música, filmes, arte, caridade e,
por que não, startups (empresas iniciantes).
Levantamento feito pelo jornal O Globo
mostra que no Brasil os principais sites
de crowdfunding investem 67,77%
do total arrecadado em projetos
artísticos, como a produção de
filmes e de livros. Os projetos
de empreendedorismo, seja
para criação de empresas ou
de produtos inovadores,
ficaram com fatia de 28,83%.
Iniciativas de cunho
social levaram 3,40% dos
recursos. “A maioria das
plataformas que surgiram
por aqui se voltaram para
a área cultural, então virou
‘destino’ - “crowdfunding é só para
área cultural.” Uma das razões é que
os projetos culturais são mais simples
e fáceis de colaborar, são quase uma
compra. Você entra em um site, conhece e
SHOWROOM
C
Sem legislação, as ideias não
saem do papel
19
A modalidade é muito
interessante para startups
analisa os projetos e se vir algo que
entusiasme, clica e gera boleto de
pagamento ou colabora com cartão de
crédito. As pessoas estão mais do que
acostumadas com compras on-line.”
Outra razão, explica Rafael Zatti,
é que não há legislação específica
para financiamento coletivo. O
enquadramento jurídico coloca
essas plataformas como meio de
investimento financeiro, o que
só pode ser feito por instituição
financeira e a legislação de equity
(participação em empresas que não
abriram capital) cria um problema
logístico, como a necessidade
de contratos assinados por cada
investidor. Assim, iniciativas como o
site de crowdfunding para startups
tecnológicas Love Money do Instituto
Inovação não saem do papel. O
site para micro empreendedor
Kiva.org é outro exemplo, eles não
conseguiram entrar no Brasil porque,
pela lei, o capital doado
não pode sair do País. O
Kiva inspirou o impulso.
org.br que transformou
os empréstimos
20
dos internautas em doações,
para respeitar a lei. Apesar das
restrições, já arrecadou quase R$ 3
mil para micro empreendedores.
Imbróglio
“São só dois exemplos, mas
já temos problemas com
financiamento de startups que
atrapalham o desenvolvimento
do crowdfunding na área de
tecnologia no Brasil”, lamenta
Zatti, que conta, sem citar nomes,
que algumas plataformas de
crowdfunding têm estratégias de
defesa prontas caso tenham que
responder a algum processo no
BC (Banco Central) ou na Receita
Federal. “Algumas conseguem
driblar a legislação, mas sempre
com medo de que, se chamarem
muito a atenção, o governo vai
querer a parte dele. Foi o que
aconteceu com o Fairplace.
O site, uma plataforma
de micro crédito e
empréstimos entre
pessoas, viabilizou
R$ 1,8 milhão
em empréstimos, mas encerrou as
atividades quando foi processado
pelo BC e pela CVM (Comissão de
Valores Mobiliários).
“Tenho esperança que consigamos
uma mudança de legislação em
um futuro não muito distante. O
governo vai ter que olhar para isso e
rever sua posição. Essa modalidade
é muito interessante para startups”,
afirma Zatti, citando que em 2008,
com a crise financeira nos EUA,
quando muitos fundos de capital de
risco quebraram, o crowdfunding
capitalizou startups como o
Profounders e o GrowVc e seus
investidores ganham participação
sobre os lucros das companhias.
“Não que seja ruim começar com
produtos culturais - foi o caminho
do Kickstarter.com, que começou
focado em projetos artísticos e
tornou-se uma incubadora de
empreendedorismo e inovação. A
esperança de Zatti apóia-se não só
no otimismo, mas no financiamento
da plataforma de crowdfunding
Incentivador (projetos de cultura)
pela empresa pública FINEP
(Financiadora de Estudos e Projetos).
“Do jeito que está hoje, estamos
perdendo projetos de tecnologia e
inovação.
Conteúdo coletivo
e os custos do
projeto, ao chamar
a multidão para criar
o Mio, a Fiat recebeu
tantas sugestões que
somente a multidão,
através da inovação
aberta, poderia entregar”,
conta Zatti. Mais de 10 mil
sugestões depois, a Fiat chegou a
um carro urbano, compacto, com
convergência de mídias, fácil de
estacionar e com emissão zero de
poluentes, que já foi mostrado
como protótipo em salões do
automóvel.
Inovação aberta
não só propaganda
A Tecnisa é outro bom exemplo,
em agosto de 2010, lançou um
portal de crowdsourcing e open
innovation, Tecnisa Ideias, que em
apenas dois meses recebeu mais
de 400 ideias, algumas em estudo
para implementação. Outras
empresas rumam para a inovação
aberta, para a criação de novos
produtos com a colaboração dos
consumidores, o que aproxima
os clientes da marca, como por
exemplo a Dell e Procter&Gamble.
Outras têm boas ideias, mas
implementação falha. Caso da LG
que fez a campanha “Para a LG
não existe mais distância entre
criadores e consumidores”. O
que era para ser uma campanha
crowdsourced virou puro
marketing. A empresa convidou
Participar não
significa aumentar
automaticamente as
vendas
participantes a enviar uma ideia que
poderia virar produto, qualquer ideia.
E recebeu várias, a maioria sem chance
nenhuma de implementação. “Virou
campanha de marketing, com sorteio
de produtos da marca, só para gerar
buchicho ( buzz) na web, no Facebook.
As pessoas mandavam qualquer
coisa. Isso desmerece o conceito,
que ainda é novo”, lamenta Zatti.
Para ele, “a tecnologia e,
fundamentalmente, a internet, as
redes, o digital, impulsionada pelo
crowdsourcing e crowdfunding, são as
maiores ferramentas de transformação
social já criadas. “Uma revolução
absoluta e irreversível”, diz, com a crença
de que o pensamento está sempre se
modificando. Gradualmente, não
como um choque, mas aos poucos.
Quando olhamos lá na frente,
algo já mudou. Trata-se de
acompanhar as mudanças ou
ficar estagnado.
SHOWROOM
Crowdsourcing é mais antigo e, de
certa forma, mais sedimentado.
O open-source, código aberto
de software como o Linux, ou
conteúdo colaborativo como o
Wikipedia, são dois exemplos
conhecidíssimos. Segundo Rafael
Zatti, o crowdsourcing anda mais
devagar. “É mais fácil colaborar com
o crowdfunding. O crowdsourcing
exige dedicar um tempo para
pensar criar uma solução, para
sentar escrever um conteúdo. As
pessoas estão mais interessadas
em doar dinheiro do que tempo.”
Crowdsourcing enfrenta outros
imbróglios dos dois lados do balcão.
De acordo com Zatti, “a inovação
está no discurso de dez entre dez
empresas, mas quando apresentamos
algo realmente inovador como
crowdsourcing elas se fecham.
Temem que se colocarem um
problema ou uma ideia na web, os
concorrentes vão se aproveitar disso,
sair na frente e dominar o mercado.
Do lado dos colaboradores, eles
acham que a ideia deles vale milhões
e que o valor oferecido é muito baixo
e que não vale a pena entregar isso
para grandes empresas.”
O empreendedor Zatti não vê
problemas. Afirma que é o que
acontece com conceitos novos no
mercado: sempre haverá pessoas
que desconfiam, outras que serão
contra, outras ainda que encontrarão
defeitos, mas também haverá
entusiastas, “é uma mudança de
cultura”. De qualquer maneira, há
no Brasil iniciativas interessantes
de crowdsourcing. O Fiat Mio, por
exemplo, nasceu com a intenção de
ser o maior laboratório de ideias na
indústria automotiva. Foi Idealizado
pela filial brasileira da Fiat e convidou
internautas para darem sugestões
e ideias para um novo carro da
montadora. O mote era desenvolver
o produto junto com os clientes,
potenciais compradores. “Além de
reduzir o tempo de desenvolvimento
21
Mais
segurança
com
automação
ao dirigir
A busca pelo tráfego eficiente persegue o
objetivo de torná-lo mais amigável ao meio
ambiente.
Por Fernando Calmon
C
24
ertas simplificações de linguagem mal utilizadas
no Brasil acabam confundindo conceitos técnicos
importantes. Uma delas é o chamado “Piloto
Automático” nos automóveis que, na verdade, não
passa – ou passava – de um simples controle de
velocidade de cruzeiro (Cruise Control, em inglês).
No entanto, trata-se de um assunto muito sério e
a Europa criou, em fevereiro de 2008, o programa
HAVEit, acrônimo em inglês que significa Veículos
Altamente Automatizados para Transporte
Inteligente.
No total são 17 parceiros entre fabricantes
de automóveis, caminhões, componentes e
institutos científicos da Alemanha, Suécia,
França, Áustria, Suíça, Grécia e Hungria com
apoio financeiro dos participantes e da União
Europeia. As preocupações existem em função
da crescente densidade de tráfego e do aumento
da idade média da população que passa a guiar
com reflexos menos imediatos, além da massa
de informações atualmente disponível aos
motoristas. Automação aliviará o estresse ao
dirigir. A busca pelo tráfego eficiente persegue
o objetivo de torná-lo mais amigável ao meio
ambiente.
Agora em junho, os parceiros se reuniram na
cidade sueca de Boräs para demonstração de sete
veículos, com diferentes graus de automação,
apresentados pela Volkswagen, Volvo, Continental,
Haldex e o Centro Aeroespacial Alemão. Hoje
já é possível comprar automóveis com controle
ativo de cruzeiro (freia e acelera conforme o
programado), assistência para se manter dentro
das faixas de rodagem e parada automática
abaixo de 30 km/h a fim de evitar colisão ou
atropelamento.
O passo adiante surgiu em um Passat equipado
com TAP (Piloto Automático Temporário, na sigla
inglesa). O sistema programado pelo motorista
conserva distância segura do veículo à frente
até 130 km/h, mantém o carro dentro das faixas
delimitadas no solo e reduz a velocidade antes de
uma curva, segundo seu raio, com ajuda do GPS.
Também tem capacidade de ultrapassar observando
regras (nunca pela direita) e limites de velocidade.
Parada e arrancada nos congestionamentos são
totalmente automáticas.Porém, o termo temporário
é usado porque, mesmo sem precisar utilizar
mãos e pés para guiar, o motorista deve ficar
atento ao tráfego na estrada e intervir em caso de
necessidade. Na realidade, ainda se considera esse
um dispositivo semiautomático, baseado em uma
combinação de recursos existentes agora agrupados
experimentalmente. Uma câmera interna monitora
o grau de atenção do motorista pela movimentação
dos olhos e dispara avisos sonoros ou vibratórios.
A Volvo desenvolveu um sistema semelhante para
caminhões que funciona sob medida quando há filas
de congestionamento nas estradas ou nas cidades.
Alivia bastante o trabalho do motorista profissional
por frear e arrancar de acordo com a movimentação
dos outros veículos e evita acidentes, em geral
catastróficos quando envolvem veículos de menor
porte.
HAVEit é um programa em constante evolução.
Futuras demonstrações serão feitas até o
amadurecimento completo das tecnologias, inclusive
tornando-as as mais intuitivas possíveis. As ideias
lançadas estão previstas para a produção seriada no
intervalo de cinco a dez anos, quando o custo ficará
mais acessível para modelos pequenos e médios.
Fernando Calmon ([email protected]) é jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor
em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística
e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É
reproduzida em uma rede nacional de 65 publicações entre jornais,
revistas e sites. É, ainda, correspondente para a América do Sul do
site just-auto (Inglaterra).
Cada qual no seu
N
26
canto
Eu mudo o jeito de abordar as pessoas
sempre que passo alguns dias no
Rio de Janeiro. Volto pra São Paulo
cumprimentando todo mundo que não
conheço: o segurança da loja, o gari
que passa varrendo a rua, a menina
que balança a seta de papelão na
esquina indicando o lançamento do
prédio. Por JOEL LEITE
em sempre sou compreendido.
Outro dia uma moça se assustou e
mudou de calçada quando eu deferi
um poderoso “Bom dia! Tudo bem
com você?”
O paulistano não está acostumado
com essa interação. Aqui na
Paulicéia a gente é muito
individualista, egoísta, encerrado
em si mesmo.
Moro há dois anos no Brooklin e
até agora não consegui contato
com os vizinhos. Eles entram com
o carro protegido pelo insufilme,
o portão elétrico abre e fecha
em segundos, pra proteger do
ladrão. Junto com a proteção,
vem o isolamento. Ficam
todos escondidos nos casarões
cercados por muros altos ou nos
condomínios residenciais, que
proliferam para abrigar os novos
ricos. É tudo doutor: médico,
advogado, juiz. Não os conheço.
Sei porque o Reinaldo, segurança
da rua, me conta a história de
cada um. O doutor Martins é
médico, sofreu um acidente
de carro, perdeu a mulher e a
memória. O doutor Fernandes já
foi ministro, é poderoso. Foi ele
quem fez a CET fechar as saídas
para a avenida, garantindo a
tranquilidade do trânsito na rua.
Dona Anne nasceu na Inglaterra.
Está no Brasil há 30 anos, mas
quando aborda uma pessoa
pergunta se ela speak english.
Seu Reinaldo conhece os donos das casas,
os empregados, os prestadores de serviço,
os assaltantes.
Do lado de fora das fortalezas ficam os
segregados, que moram bem longe dali
e só aparecem para trabalhar, chegam
de madrugada e vão embora no fim da
tarde. Outro dia a polícia abordou o Zé
Bob: mãos na parede, pernas abertas. Zé
Bob é o jardineiro; como chega cedo e
não quer acordar o patrão, fica circulando
pela vizinhança esperando dar sete
horas. Com aquele aspecto de “gente
diferenciada” - pernambucano, preto,
cara de prontuário policial – ele assusta
as pessoas, que chamam a polícia.
A população não ocupa o mesmo espaço
territorial na cidade. Burrice. Os pobres
são expulsos para a periferia e por isso
perdem mais tempo no ir e vir e custam
mais caro para o patrão.
Esse apartheid é consequência da
valorização imobiliária. Mas agora a
elite do bairro de Higienópolis resolveu
que não quer nem mesmo a presença
provisória de “gente diferenciada”.
Os moradores no bairro fizeram um
movimento para impedir a instalação
de uma estação de metrô na região,
para evitar a circulação dessa “gente
diferenciada” que anda de metrô. Um
verdadeiro respeito aos antepassados,
que já no início do século 20 quiseram se
diferenciar “higienizando” o bairro até no
nome.
Semanas depois do episódio de
Higienópolis, o prefeito paulistano
Gilberto Kassab decidiu também que
pobre não precisa de carro: proibiu
a construção de garagens em casas
populares construídas pela prefeitura.
Por uma questão espacial, no Rio as
classes sociais se misturam mais do
que em São Paulo. Isso não resolve
os problemas, evidentemente. As
dificuldades e os problemas são os
mesmos, mas pelo menos na aparência
uma sociedade compartilhada é menos
carrancuda, mais divertida.
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação
Cásper Líbero, com pós-graduação em
Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente.
Diretor da Agência AutoInforme, assina colunas
em jornais, revistas, rádio,TV e internet. Não tem
nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum
prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu.
C
Minimizar
os riscos de
investimento e
falar direto ao
cliente
Marketing de relacionamento, one-toone, comunicação dirigida, marketing com
database: novas denominações para o bom,
segmentado e sempre mensurável marketing
direto. Com novas tecnologias e ferramentas,
o setor de varejo é o que mais se dedica a essa
atividade.
Por Sophia Zahle
onsiderado um dos pais da disciplina, Lester
Wunderman cunhou a expressão marketing
direto em 1967, segundo contou em entrevista
concedida em seu nonagésimo aniversário [2010]
à Direct Marketing News: “Não queria excluir
a expressão mala direta porque definia o que
as empresas faziam, isto é, localizar usuários e
oferecer diretamente do fabricante ou fornecedor
produtos específicos. Todos os tipos de promoções
podem ser usados como parte desta plataforma,
faz os consumidores sentirem-se parte da
empresa concedendo vantagens e deixando-os
saber o que as empresas podem fazer por eles.”
Durante muitos anos o marketing direto foi
visto como primo pobre da publicidade, mas
se o objetivo for realizar uma ação para gerar
relacionamento, engajar a audiência e medir os
resultados, essa estratégia é imbatível. “Quando
pensam em marketing as empresas pensam em
marca, outdoor, anúncios em jornais, comerciais
em TV, tudo isso é muito caro e não é mensurável.
Marketing multicanal mensurável, como
gostamos de chamá-lo, minimiza os riscos dos
investimentos, porque se baseia em pesquisas
bem fundamentadas com os consumidores,
além de mensurar resultados de todas as ações”,
esclarece José César Martins, sócio da GoDigital,
ao explicar por que grandes anunciantes
brasileiros, especialmente varejistas, aderem ao
marketing direto.
“Quantas propagandas de
cerveja existem para que você
compre determinada marca
em detrimento de outra, e você
nem gosta de cerveja?”
28
“As mídias de massa são utilizadas
para captação, mas é com o
marketing direto que se desenvolve
o relacionamento.”
pessoas recebem diariamente
sem participar do públicoalvo a que elas se destinavam?
O marketing de
Quantas propagandas de
relacionamento, a versão mais cerveja existem para que você
moderna e atualizada, utiliza compre determinada marca em
as mesmas ferramentas do
detrimento de outra, e você nem
marketing direto: mala direta, gosta de cerveja? Este é um dos
e-mail e telemarketing, mais
principais motivos pelo qual o
recentemente móbile e, na
marketing direto vem obtendo
área digital, database, CRM,
sucesso e crescimento no Brasil e
internet e e-commerce. Como no mundo. Ele identifica quem a
não podia deixar de ser, este
empresa deve atingir e direciona
último segmento é o que
sua estratégia de marketing até
obteve maior participação
essas pessoas, seu target.” Outro
nas receitas investidas
desafio que o marketing direto
em marketing direto,
atende com excelência, continua
concentrando 24,9% dos
Yumi Tuleski, é ter sincronismo
investimentos.
com o calendário promocional
e ações de mídia de massa. “É
preciso conhecer e estimular
o comportamento de compra
Indicadores da Associação
do cliente não só com base em
Brasileira de Marketing Direto suas características cadastrais e
2010 (ABEMD) apontam
transacionais, mas também com
que o setor de varejo é o
base na sazonalidade proveniente
que mais cresce no uso do
de datas comemorativas e
marketing direto no Brasil. Do mesmo das ações realizadas pela
faturamento do setor em 2099 concorrência.”
que foi de R$ 21,7 bilhões, 10%
vieram das ações realizadas
para o setor de varejo que ao
Ao utilizar as ferramentas
lado dos setores financeiro
de marketing direto ou de
e de telecomunicações
comunicação dirigida, outros
figura entre os principais
objetivos perseguidos pelo
usuários do marketing com
varejo são a fidelização, retenção,
database. As razões são
vendas, apoio à construção de
várias, diz Yumi Mori Tuleski,
marca. “As mídias de massa são
consultora associada do CEDET utilizadas para captação, mas é
(Centro de Desenvolvimento
com o marketing direto que se
Profissional e Tecnológico)
desenvolve o relacionamento, pois
para desenvolvimento
tem a grande vantagem sobre os
e implementação de
demais canais, o da segmentação”,
treinamentos nas áreas
explica Martins da GoDigital.
de vendas e de marketing.
Não à toa, em grandes varejistas
Uma das razões é que o
como Grupo Pão de Açucar,
potencial de retorno do
Magazine Luiza, há equipes
marketing direto é fácil de ser internas para cuidar apenas
percebido. “Quantas ações
de CRM. No supermercado
de marketing em massa as
Pão de Açúcar, por exemplo,
CRM
estruturado
Lealdade
30
são realizadas por mês 15 ações de
marketing direto, que atingem cerca
de 500 mil clientes, segmentadas
de acordo com o perfil de compra. O
investimento é centralizado nos clientes
com maior probabilidade de retorno,
evitando a dispersão – o que demonstra
a importância de um CRM bem
estruturado, alicerce que viabiliza ações
de marketing de sucesso. Informações
de baixa qualidade impedem que as
ações atinjam seus objetivos, e, segundo
os especialistas, há muita informação
de má qualidade no mercado.
Fieis gastam mais
São muitas as opções para realizar
ações de marketing de relacionamento
para manter fieis os clientes. “A metas
das lojas é fidelizar oito em cada dez
pessoas”, afirma Marcelo Gonçalves,
diretor executivo da Marka Fidelização
e Relacionamento. Programas de
fidelização são comuns nos setores de
companhias aéreas, cartões de crédito
e de varejo supermercadista. Setores
que perceberam os benefícios de criar
vínculo com os consumidores. De acordo
com Gonçalves, para cada um real gasto
em e-mail marketing, mala direta ou
ligações telefônicas para recuperar
um cliente há retorno de entre 10 e
20 reais. De novo, o case de maior
sucesso é o grupo Pão de Açúcar: 50%
do faturamento vem das compras dos
Clientes Mais (o programa de fidelização
deles), que gastam, em média, o
dobro dos outros consumidores. O
primeiro passo é saber o que, quanto,
quando e como os consumidores
compram, considerando os produtos
que adquirem, quanto gastam e a
frequência das compras. A partir daí,
podem ofertar produtos sob medida
para esses consumidores. “O desafio não
é apenas conseguir quantidade, mas
qualificar essas relações para chegar à
gestão dos consumidores.
Os varejistas estão mais habituados a
gerenciar produtos, o relacionamento
com o cliente é uma tarefa nova,
mas vale à pena: programas bem
estruturados garantem a frequência até
40% maior dos clientes fidelizados, que
gastam, em média, 20% a mais
em cada compra”,
finaliza Gonçalves.
Montenegr
A joia da coroa
32
Por Carolina Gonçalves
Montenegro está entre os cinco lugares que você tem que
visitar. É impressionante como um país tão pequeno pode ser
tão interessante. Costa fantástica, montanhas exuberantes,
cidades antigas e fervilhantes. Ao norte da costa, as Bocas
de Cátaro, Kotor e a história preservada em Budva encantam
turistas do mundo inteiro. Na costa sul, a pequena Ulcinj, a
magnífica Bar e o Lago Skadar conquistam os visitantes. No
centro, o Monastério Ostrog, a histórica Cetinje e o monte
Lovcen. Ao norte, o parque nacional de Durmitor e a floresta
Biogradska Gora. São muitas coisas para serem vistas em
apenas 14 mil km2
para a Itália, combina duas características:
país europeu e mediterrâneo, na Península
Balcânica.
Uma das menores
capitais da Europa
A
o sul do mar Adriático, a pérola do Mediterrâneo
concentra em seu território praias tranquilas, lagos cristalinos,
rios e lindas montanhas. Tudo cercado de muita beleza natural.
O seu dia pode ser bem emocionante, com as mais diferentes
atividades e paisagens.
Incrustrado nos Balcãs, Montenegro destaca-se por sua história,
cultura e tradição, que sobreviveram por séculos. O país é um
modelo de luta pela liberdade e pela própria existência. Várias
civilizações como a cristã, muçulmana, ilíria, bizantina, turca
e eslava encontraram seu espaço em Montenegro. O clima
ameno, somado a um povo bonito – são pouco mais de 670 mil
Montenegrinos - garantem uma estadia inesquecível. De frente
Cátaro, uma das baias
mais bonitas do mundo
Indo em direção da costa, visite a antiga
capital real Cetinje, no meio do caminho. É
um tesouro cultural e histórico, situado na
base da montanha Lovcen. Durante o período
do rei Nilkola, a cidade ganhou prédios para
abrigar embaixadas que hoje pontuam toda
a cidade. Há também mosteiros como Cetinje
e Biljarda. O primeiro, construído em
1701, foi destruído várias vezes, mas
a população sempre o reconstruiu.
Ali estão relíquias de São Petar de
Cetinje, um dos patronos mais
ilustres da história de Montenegro.
Este mosteiro é a sede espiritual
SHOWROOM
ro
Você vai chegar na capital Podgorica, centro
comercial e cultural. Parcialmente destruída
na Segunda Guerra, Podgorica ressurgiu com
prédios novos, espaços verdes e parques. São
muitos teatros, monumentos culturais e
históricos.
Uma das menores capitais da Europa, com
menos de 150 mil habitantes, abriga o maior
shopping do país – Delta City – com as
principais marcas do mundo, restaurantes,
cinemas e entretenimento. Há apenas 10
km, fica Medun, uma das mais antigas
povoações da região, onde se vê belezas
naturais e tradição preservada. Medun
sobreviveu a várias civilizações e regimes e
seu museu reflete essa história. Já Duklja foi
uma importante cidade romana na região.
Visitá-la é como viajar no tempo, 20 séculos
atrás. Ruínas de termas, templos, necrópoles
e fóruns tornam o local muito interessante,
principalmente quando se sabe que a própria
Podgorica teve ali sua origem.
Outro ponto interessante é o Mosteiro Dajbase,
situado na base do Monte de mesmo nome,
fundado em 1897. Construído numa caverna
em forma de cruz, é um dos muitos edifícios
sagrados do país. A cidade de Nemanja, onde
nasceu o fundador da dinastia servia Nemanjic,
é um passeio impressionante pela beleza do
edifício de pedra e pela atmosfera romântica.
Vale visitar ainda Vranjina, uma vila pesqueira
que é uma pequena Veneza, no Lago Skadar. O
lugar hoje é muito animado e pitoresco, com
uma antiga escola e uma vista grandiosa de
toda a região.
33
34
e política do povo do país. Já o mosteiro
de Biljarda foi construído por Njegos, um
poeta, filósofo e estadista. A cidade, que
tem inúmeros museus e parques, abriga
também a Academia de Arte.
A região da Montanha Lovcen é um
parque nacional, que se eleva acima da
costa. Tem um profundo significado para
o povo montenegrino: ali repousam,
num mausoléu, os restos mortais de
Petar II Petrovic Njegos, um dos maiores
poetas, filósofos e estadistas do país.
Outro valiosos monumento é a aldeia de
Njegusi, o berço de Njegos, na estrada que
liga Cetinje a Kotor.
Siga por ela e você vai chegar em Kotor,
ou Cátaro – seu nome italiano, uma das
baías mais bonitas do mundo, formada
por quatro estreitos conectados. Altas
falésias refletem-se em suas águas azuis
e profundas do Mar Adriático. A baía tem
sete pequenas ilhas. Às suas margens
está a vila de mesmo nome. Pouco mais
de 5 mil habitantes, em sua maioria
pescadores. A Cidade Velha é típica de
Idade Média, muito bem preservada,
construída no século XII e listada entre
como patrimônio histórico e natural
pela UNESCO. Caminhando em suas ruas
pode-se chegar à catedral conhecida
como Sveti Tripun, um monumento da
cultura romana e um dos símbolos
mais conhecidos da cidade. As igrejas
multiplicam-se: Santa Ana, do século
XII, São Lucas e Santa Maria, do
século XIII e a Igreja de Cura da Mãe
de Deus – Gospe od Zdravlja, do século
15. Tem ainda o Palácio do Duque, do
século XVII e o Teatro de Napoleão, do
século XIX. A cidade é muito charmosa
e tem várias festas ao longo do ano,
tornando-se um destino imperdível
numa viagem a Montenegro.
Mansões, mimosas
e a prisão que virou
teatro
São várias cidades ao redor da Baía de
Kotor, como Perast, Risan e Herceg Novi.
Perast viveu um período de grandes
construções entre os séculos XVII
e XVIII. Na cidade, voltada para o
comércio marítimo, os capitães do mar
construíram grandes mansões que
até hoje impressionam pela beleza.
A cidade é tranquila e tem muitos
monumentos sagrados, como Igreja
de São Nicolas, do século XV. Duas
ilhas em frente à cidade têm igrejas
famosas, como a de São Jorge, do
século XII e a de Nossa Senhora das
rochas, igreja barroca de 1630.
Risan é a cidade mais antiga da área da
Baía de Kotor, construída por artesãos
e marinheiros, no século III a.C. para ser
o centro comercial do estado Ilírico. Os
romanos vieram e trouxeram palácios
de mármore grego, esculturas e
mosaicos, tudo preservado até hoje. Em
Risan veja um mosaico curioso: a única
representação do Deus Hypnos, o
deus do sonho, que existe no mundo
está lá.
Conhecida como a cidade das
mimosas, Herceg Novi é a cidade
do Sol, pelo grande número de dias
ensolarados por ano. A cidade velha,
com estruturas construídas ao longo
de diferentes épocas da história,
permite uma viagem no tempo.
A torre do relógio data de 1667. As
fortalezas Forte Mare e Spanjola
são construções impressionantes.
Mas o imbatível é o Kanli-Kula,
construído pelo turcos, para ser uma
prisão. O nome origina; era Torre
Sangrenta. Mas em 1966 tornou-se
uma maravilhoso teatro de verão,
que oferece mais de mil lugares. Nas
paredes sul da fortaleza, está a Porta
Donkey, construída por austríacos.
A cidade em inúmeras espécies de
flores tropicais. Em janeiro, acontece
o Festival de Mimosas.
Praias
Seguindo viagem, vá para Tivat,
na parte central da Baía de Kotor.
A cidade, a mais jovem ao redor
da baía, tem um marina natural,
Kaliman. É também a única a contar
com aeroporto, na costa. No centro
da cidade, está o Renaissance
Summer House Buca, residência de
verão medieval das famílias Buca e
o Festival Internacional de TV. As praias Canj e
Vode Dobre atraem muitos turistas.
O maior lago da península
balcânica
Próximas paradas,
Sveti Stefan e
Milocer
Este é o trecho mais interessante,
frequentado pelos turistas mais
exigentes. Sveti Stefan fica numa ilha
ligada ao continente por um banco de
areia. Foi construída por pescadores e
comerciantes no século XV. Desde 1960
é um resort, cidade-hotel. Desde então,
abrigou a elite europeia, recebendo
artistas e nobres. Milocer, bem perto,
era o retiro de verão da família real
Karadjordjevic. Hotéis com excelente
serviço, praia linda e plantas raras fazem
de Milocer um destino de primeira linha.
Dirigir até lá já é de tirar o fôlego. A vista
é deslumbrante. Parece um conto de
fadas.
A pequena Petrovac tem as praias mais
bonitas da chamada Riviera Budva:
Perazica Do, Lucice, Sveta Nedjelja e
Buljarice. Os nomes são difíceis, mas
passar horas ao sol por lá não oferece
nenhuma dificuldade. Andando pela
cidade, pode-se ver mosaicos do século
III e a Fortaleza Castello, construída por
venezianos no século XVI. Quem gosta
de ir para o mar, pode ir até as pequena
ilhas de Katic e Nedjelja.
Cidade portuária em desenvolvimento
constante, Bar surpreende pelas bem
cuidadas áreas verde. Ao seu redor,
atrações como a cidade velha, a fortaleza
de Haj Nehaj, do século XV e o castelo
do rei Nicola. Em Bar você pode ver
uma oliveira com mais de 2 mil anos,
onde acontece um evento chamado
de Encontro Sob a Velha Oliveira. São
vários eventos interessante, entre eles,
A maior praia de areia
Seguindo para o extremo sul, está Ulcinj, cidade
que tem a maior praia de areia no Adriático:
Velika Plaza tem 13 km de comprimento. Tem
Valdanos, uma baía com o litoral coberto de
oliveiras. A parte antiga, reconstruída, tem
restaurantes, cafés, galerias, tudo muito
agitado.
Próximo está Ada Bojana, uma ilha artificial
criada no rio Bojana. No Século XIX haviam
duas ilhas menores. Um navio naufragou entre
elas. Com o passar dos anos, os restos do navio
e as duas ilhas uniram-se com os sedimentos
do rio formando a nova ilha, um triângulo
banhado pelo Adriático de um lado e pelo rio
dos outros. A praia de frente para o mar é de
areia, com 3 km, sendo um paraíso para
velejadores. Nas margens voltadas para
o rio tem restaurantes especializados
em servir peixes à moda antiga.
As montanhas
Depois de presentear os sentidos
com a magnífica costa
SHOWROOM
Lukovic, com um centro cultural que
atrai toda a atenção. Ainda tem a
Ilha das flores, com monumentos
sagrados e Gornja Lastva, uma
antiga comunidade a 300m de
altitude. Mas as grandes atrações
são a praia Plavi Horizonti e a Ilha de
São Nicola.
Seguindo para o Sul, chegamos
a Budva. Os montenegrinos
consideram a cidade a metrópole
do turismo, por ter 17 praias lindas.
Ninguém fica indiferente. A cidade
velha fica em uma península e é um
tesouro. Ruas e praças abrigam as
Igrejas da Santa Trindade, de São
Ivan, de Nossa Senhora e de Santa
Sava e o túmulo do escritor Stjepan
Mitrov Ljubisa. Durante o verão,
Budva se transforma na cidade do
teatro, onde acontecem peças locais
e estrangeiras. Na cidade velha Stari Grad você encontra butiques,
cafés, restaurantes e galerias. Outra
grande atração são os mosteiros
de Stanjevici, Podostrog, Rezevici
Gradiste. A vida noturna é muito
agitada. A cidade não para de
crescer
Bar está ao lado do lago Skadar. A superfície
tranquila, cercada de penhascos e colinas, com
ilhas e enseadas chamam a atenção.
A história de sua formação como a vemos hoje
é interessante. Em 1858, uma forte tempestade
encheu o Rio Drin de tal maneira, que ele
arrastou partes das montanhas da Albânia,
empilhando-as no estuário do rio Bojana,
mudando seu curso. O lago cresceu e tornou-se
o maior da península balcânica. Esta mudança
mexeu até com o clima, que tornou-se mais
ameno. Tudo isso aconteceu a seis metros
acima do nível do mar. Hoje, dois terços do lago
pertencem a Montenegro e o restante pertence
à Albânia.
É um importante habitat de aves aquáticas.
O lago fica dentro de um Parque Nacional,
cuja marca é o raro pelicano crespo. O lago
tem em média 6 metros de profundidade,
mas existem partes que estão abaixo do nível
do mar, chegando a 60m. Estes lugares são
chamados “oka”. Durante o inverno, aves de
diferentes partes do mundo migram para o
lago. São muitos tipos diferentes de patos,
gansos, biguás, garças, águias, grifos e gaivotas.
A diversidade do lago faz dele um dos maiores
habitats de aves na Europa, cercado de rica
vegetação. São mais de 900 tipos de algas e 48
espécies de peixes. A Convenção Ramasar de
1996 listou o Lago Skadar como um pântano de
importância internacional.
35
36
montenegrina, é hora de rumar para as montanhas,
entrando pelo País, em direção do Parque Nacional
Durmitor, assim denominado em 1952, dada sua beleza
incrível e sua natureza intocada. O parque se estende
da montanha que lhe dá o nome, entre cânions dos
rios Tara, Sisica e Draga, até o vale do cânion do Rio
Komarnica. O gigante Durmitor tem montanhas,
lagos glaciares e florestas. Corredeiras, fauna e flora
abundantes atraem muitos amantes da natureza para
este Patrimônio da Natureza Mundial.
O cânion do rio Tara é o segundo maior do mundo.
São desfiladeiros de tirar o fôlego, forjados através de
séculos. Cachoeiras e partes mais calmas fazem um
cenário onírico. Os bancos têm vegetação e florestas de
pinho preto que tem mais de 400 anos. O rio inquieto,
de águas claras, é um convite para os amantes do
rafting.
A cidade mais alta dos Balcãs é Zabjljak, a 1.456m, bem
no centro da montanha Durmitor. É um excelente
destino no inverno. Rodeada de lagos e cumes, a
pequena cidade atrai cada vez mais turistas. A
montanha, coberta por mais de 1500 espécies de
plantas é por si só um grande atrativo. Mas ainda
tem mosteiros e igrejas nos arredores da cidade
que valem a pena ser vistos.
Depois de explorar Durmitor, vá para o outro
parque nacional, Biogradska Gora, entre os rios
Tara e Lim, no meio da montanha Bjelasica.
Pequenas corredeiras cortam a paisagem, formada
de pastos verdes e lagos cristalinos que refletem
florestas centenárias. A floresta virgem é única.
Em seu interior, está o Lago Biogradsko, um
grande lago glaciar. O parque guarda um grande
patrimônio cultural e histórico, com monumentos
secretos, sítios arqueológicos e edifícios. Rodeando
a floresta virgem da montanha, pastagens de verão
e aldeias, com construções tradicionais completam
a paisagem.
Perto do Parque, você visita Kolasin, estabelecida
pelos turcos no século XVII. Cercada pelas
montanhas Sinjajevina, Bjelasica, Kljuc e Vucje, a cidade parece
protegida por todos os lados. A uma altitude de 954m, é um
grande point de inverno, mas também recebe bem os turistas no
verão. A altitude e o clima fazem dela um spa.
Peregrinação
SHOWROOM
Voltando para Podgorica, visite o Mosteiro Ostrog, da Igreja
Ortodoxa.
O mosteiro foi fundado por Vasilije, Bispo Metropolitano
de Herzegovina, no século XVII. Ele morreu ali em 1671 e foi
glorificado alguns anos mais tarde. Seu corpo está consagrado
num relicário mantido na caverna-igreja dedicada à
Apresentação da Mãe de Deus para o Templo.
Ele não parece criado pelo homem. Foi esculpido em pedra,
numa parede quase vertical. Muitas vezes, está encoberto pela
neblina. Localizado acima do vale Bjelopavlic, bem no centro
do país, é um dos mais populares lugares de peregrinação
em Montenegro. O mosteiro fica em torno de duas cavernasigrejas. A mais baixa e mais antiga foi construída em 1655. A
que fica mais ao alto foi dedicada à Santa Cruz, no século XVIII.
Os afrescos da igreja da Apresentação foram pintados no final
do século XVII. Já os da Santa Cruz foram pintados pelo mestre
Radul, que os pintou sobre a rocha.
As duas cavernas-igrejas são as principais áreas de visitação.
Entre os seus tesouros, a igreja tem um livro de orações de 1732 e
castiçais decorados de 1779. Visitado por fieis do mundo inteiro,
Ostrog é ponto de encontro de ortodoxos e católicos, que buscam
milagres curativos.
Hospedar-se em Montenegro é uma experiência e tanto. Os
hotéis são maravilhosos. A cozinha é fantástica, tirando o melhor
do Mediterrâneo,mas com a personalidade montenegrina.
Brasileiros não precisam de visto para permanência
de até 90 dias.
37
As férias
de julho
E
38
Por Maria Regina
Cyrino Corrêa
se eu não tivesse tido estes pensamentos
tão profundos aos sete anos? Será que eu seria quem
eu sou hoje? Definitivamente não! As férias de julho
foram definitivas para eu ser quem eu sou. E as de verão
também, lógico. Mas as de verão pareciam mais naturais.
Você parava para esperar o Natal e ver o ano novo chegar.
Depois tinha que esperar o Carnaval…
Já as férias de julho são realmente férias: sua atenção é
toda pra elas.
Na infância, praia! Um universo de descobertas em
praias quase desertas. Alguém acredita que eu vi
Peruíbe praticamente intocada?
Eram verdadeiras aulas de natureza. Ainda que eu não
morresse de amores por bichinhos úmidos, gelados e
saltitantes...
Eu tenho uma memória – que nem sei se é real
– de que a areia da Praia do Canto acordava
com pegadas de onça... Aquilo sim era uma boa
história pra contar na escola em agosto!
E puxar picaré? Quem já fez isso na vida? Eu fiz! E
Julho é o mês de férias! Era,
pelo menos, enquanto eu estava
na escola. E eu tinha a sorte de
ter uma mãe professora, então
ficávamos as duas de férias.
Naquele tempo ir para a praia era
um acontecimento. E a gente ia.
Santos! Eu adorava a sensação de
chegar pela Avenida Ana Costa e
ver que à minha frente não havia
prédios. Só dos lados, mas nada
à frente… só o horizonte. Só o
profundo mar azul!
catar marisco na areia à noite? Eram tempos em que não era
perigoso ir à praia deserta à noite. A propósito, puxar picaré era
uma pesca com rede, bem bacana.
Na adolescência, o programa mudou. Fomos de armas e
bagagens pras montanhas. Poços de Caldas. Que época!
Primeiro beijo com sabor de chicle de tutti-frutti! Andar a
cavalo, dançar nos bailinhos, jogar baralho, piscina sulfurosa...
Poços era tudo de bom. Um dia, fomos a uma fábrica de cristais.
Meu cérebro pode envelhecer comigo, mas vou sempre me
lembrar com olhos de menina do encantamento de ver o
homem soprar o vidro incandescente e depois moldar um
cavalinho... Uau!
E se a minha adolescência não tivesse sido pontilhada por
histórias fantásticas contadas aos sussurros pelos corredores
do velho e elegante hotel? Eu prestava atenção em tudo. Bebia
as informações. As férias me abriam um leque tão amplo de
opções... E se eu não tivesse ido lá tantas vezes até decorar cada
corredor, cada escada, cada sala?
Na faculdade, despedindo-me da delícia de ter tantas férias,
voltei pra praia. Ah! Recém saída do colégio de meninas,
descobri um universo misto em todos os sentidos... Meninos
e meninas, direita e esquerda, proibido e permitido, medo e
coragem, desafio e recuo... Na praia, desta vez, conheci amigos
que carreguei comigo vida afora. E se eu não os conhecesse?
Definitivamente, minha vida seria mais chata. As férias de
julho ficaram pra trás quando acabei a faculdade, aos 21 anos.
Mas até hoje acho o máximo! Imaginem só! E se o governo
decretasse uma lei obrigando as empresas a liberarem as
pessoas pelo menos uma semana para férias? Com direito
a abono e tudo o mais! Quem mora em São Paulo, iria
pra Campos do Jordão, se acabar de ouvir música e comer
chocolate. Quem mora no centro oeste, poderia pescar e contar
histórias ao pé do fogo. Quem está no nordeste, voaria pra
Fernando de Noronha, ou Marajó... Férias numa ilha! Os do sul
iriam pra Gramado, lógico!
E se a gente pudesse ir pra um tipo de acampamento de férias
para adultos estressados? Andar a cavalo, tomar banho na
cachoeira, contar causos e passar a noite com lanterna acesa
embaixo do cobertor...
Sonhar – ainda! – não paga imposto!
Maria Regina Cyrino Correa
Jornalista, publicitária, sempre acha que aproveitou tudo o que
pode da vida até hoje... mas aproveitaria mais um pouquinho das
férias de julho...
[email protected]
http://felllikeaqueen.blogspot.com/
www.2showcomunicacao.com.br
Sony HT- SS380
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Já está em cartaz, mas é uma recomendação necessária: “Midnight in Paris” com certeza
“Extremamente alto & incrivelmente perto”, do
entrará na lista dos melhores filmes do ano, e também de um dos mais brilhantes de Woody
aclamado escritor norte-americano Jonathan
Allen.
Safran Foer versa sobre dois acontecimentos
O cineasta continua sua temporada europeia, que já rendeu aos cinéfilos obras-primas
históricos: o bombardeio aliado sobre Dresden,
como “Vicky, Cristina, Barcelona” e “Match Point” (Ponto final). Escrito e dirigido por Woody
que arrasou a cidade e sua população civil na II
Allen, “Meia noite em Paris” (título em português) é uma comédia romântica ao estilo dele:
Grande Guerra Mundial e o ataque às torres do
cínica. Owen Wilson é Gil, o protagonista e alter-ego de Allen, um roteirista de Hollywood
World Trade Center sob o olhar de Oskar Schell,
muito bem remunerado, mas insatisfeito. Ele sonhava em trilhar o caminho dos grandes
um menino de nove anos que tem que lidar
novelistas norte-americanos, de Hemingway e Fitzgerald, que viveram na Paris dos anos
com a perda trágica do pai, morto no atentado
1920. O próprio Gil já morou na Cidade Luz e sonha em voltar. Na história ele está de férias
de 11 de setembro.
com a noiva Inez (Rachel McAdams) e os pais dela John (Kurt Fuller), um conservador
Oskar tem uma imaginação fértil, e sofrendo
homem de negócios, e Helen (Mimi Kennedy). A família da noiva é desinteressante. Talvez
cria histórias, algumas até absurdas. Após
a imagem que Allen tenha atualmente dos seus compatriotas: republicanos fúteis, que só
encontrar uma chave nos guardados de
pensam em comprar, pedantes que merecem a descrição que Gil faz na frase:
seu pai, ficção e realidade se encontram na
“Do lugar de onde eu venho às pessoas são medidas pela quantidade de cocaína
história de sua família, narrada por seus avós,
em suas colheres.”
sobreviventes de Dresden. A narrativa mistura
É a história de Gil, que tem nostalgia do que não viveu, da efervescência cultural da Paris
essas duas tragédias, usa grafismos, cores, fotos,
do início do século XX, da crença ilusória de que as pessoas têm que uma vida diferente
códigos numéricos e textos sobrescritos, além das
da dele são sempre muito mais felizes e interessantes. É uma fantasia ao estilo de
palavras, frases e parágrafos, tentando expressar
“De volta para o futuro”, só que neste caso, ao passado para onde Gil embarca em
a dificuldade de estabelecer comunicação, de
um Peugeot 191, ele têm a chance de conviver com Hemingway, Picasso, os Scott
expressar o amor em momentos cotidianos, que pode
Fitzgerald, Buñuel, Dalí, Gertrud Stein e outros notáveis. Ele vai emergir no
anteceder acontecimentos como estes, que tornam as
presente, vivendo seus sonhos na cidade que é mais do que uma metáfora para
pessoas próximas irremediavelmente distantes.
a magia, é um sinônimo.
O mote de Oskar é similar ao de muitas personagens de
Assim como “Barcelona” foi personagem na história de Vicky e Cristina, Paris
Foer, pessoas que amam profundamente, mas que têm
também é com seu patrimônio cultural, com a beleza das ruas, avenidas,
extrema dificuldade em dizê-lo.
jardins e museus.
Talvez por ser uma dificuldade comum a muitas pessoas ou
“Meia noite em Paris” é uma homenagem de Woody Allen à cidade.
por abordar um tema sensível aos norte-americanos, o livro
O filme que abriu o Festival de Cannes 2011, estreou em 17de junho
chamou a atenção de Hollywood e está sendo adaptado para o
com 97 cópias em todo o Brasil, um recorde para um filme
cinema. Os protagonistas serão os queridinhos da América - Tom
do cineasta. De lá para cá vêm batendo
Hanks e Sandra Bullock. A estreia do filme está prevista para 2012 nos
recordes de bilheteria. São 94 minutos
Estados Unidos.
de puro encantamento, que
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Raclete (ou raclette)
Scancio, um vinho
elaborado a seis mãos
Por Gustavo Corrêa
Raclete deriva do verbo francês racler, que significa raspar,
uma alusão à forma tradicional de preparar este prato.
Menos conhecido que a fondue, a raclete é também um
prato típico suíço e que como o foundue traz mistério em sua
origem. O queijo raclete é consumido nos Alpes há 400 anos,
Uma das mais difíceis missões que um ser humano pode
e sua história tem duas versões principais: há quem conte
enfrentar é falar de uma criação sua. O pai sempre tem
que a Raclete surgiu quando um montanhês, durante um
bons olhos para seus filhos, o criador sempre tende a ser
inverno, para se aquecer e saciar a fome foi até a despensa
condescendente com a sua criatura. Digo isso como preâmbulo
para esse artigo, pois vou contar a história do primeiro vinho que
e pegou um bom queijo. Em seguida o derreteu no fogo da
tenho a honra de assinar o rótulo, o Scancio, um vinho elaborado
lareira, raspou pedaços desse queijo derretido e o acomodou
para homenagear os sommeliers do Brasil e de Portugal.
sobre pães. Comeu o queijo ainda borbulhante acompanhado
de um bom vinho. Porém, há também registros medievais
sobre uma refeição consumida por pastores que conduziam
O projeto nasceu de uma idéia do sommelier, ou melhor,
escanção, português, José Carlos Santanita, premiado profissional o gado de uma pastagem à outra, subindo montanhas e que,
que durante muitos anos trabalhou no famoso restaurante
ao anoitecer, ao redor de uma fogueira, derretiam o queijo no
Galleria, da Herdade do Esporão, no Alentejo. Partindo para
fogo e raspavam pão sobre as partes derretidas.
a ação, Santanita entrou em contato com um dos mais
No século XX este prato se sofisticou com o aparecimento
prestigiados enólogos de Portugal, Antonio Saramago, cujo
das racleteiras elétricas. Elas dispõem de panelinhas que são
trabalho ao longo de mais de 40 anos à frente de vinícolas como
colocadas sobre uma armação redonda de metal, aquecida por
José Maria da Fonseca e posteriormente sua própria vinícola,
uma resistência. Na parte de cima, encontra-se uma chapa,
a Antonio Saramago Vinhos, o credenciava para dar vida ao
onde podem ser grelhados batatas ou legumes. Algumas
vinho dos sommeliers/escanções. Aceito o convite, chegou a
permitem derreter queijo na mesa em panelinhas junto com
vez do signatário dessa coluna ser cooptado para o projeto,
outros ingredientes como toucinho, tomate, abacaxi etc.
representando os profissionais brasileiros, visto estarmos
Para a racleteira, é preciso que o queijo esteja fatiado, pois
diretamente envolvidos com a formação dos sommeliers em
as panelas e as espátulas são pequenas, feitas para porções
nosso País, por meio da Associação Brasileira de Sommeliers-SP,
individuais.
entidade que tivemos o privilégio de presidir por duas vezes. Não
Adaptações da raclete surgem a cada dia, no Brasil usam-se
hesitei em aceitar a missão e a partir daí foram longos meses de
trabalho, voltados para a escolha das uvas, do tipo de vinificação, outros queijos além do raclete. A preferência são pelos queijos
do tipo suiço - gruyére, emmental, maasdam - mas também
do tratamento em madeira e finalmente, a parte mais difícil e
dá para usar estepe, gouda, mussarela. Você pode usar os
delicada, o corte final dos vinhos. Decidimos, os três, produzir
queijos de sua preferência. Para enriquecer o prato e permitir
duas versões do Scancio, uma mais acessível no curto prazo,
mais combinações de sabores, você pode acrescentar, além das
à qual denominamos Scancio Reserva e uma mais complexa
batatas, das azeitonas e das conservas, porções de cogumelos
e ambiciosa, para longa guarda, denominada Scancio Private
frescos, berinjela fatiadas e abobrinha.
Selection, ambas da safra 2008. O nome escolhido, Scancio,
Por Arthur Azevedo
tem origem na Grécia e a palavra designava o encarregado do
serviço do vinho. Os portugueses chamam este profissional
de Escanção, não dando margens a dúvidas sobre a origem do
termo. No Brasil, usamos a palavra francesa Sommelier. Voltando
aos vinhos, depois de muitas provas e deliberações conjuntas,
chegamos ao consenso final sobre a composição dos mesmos.
O Scancio Reserva 2008 é um corte de duas uvas clássicas do
Alentejo, a Alfrocheiro e a Grand Noir, com passagem por barricas
de carvalho francês por 12 meses, o que resultou num vinho
acessível, com muita fruta, agradável e fácil de beber.
A outra vertente do projeto, o Scancio Private Selection 2008, é
uma mescla de três uvas, a saber, Aragonês, Trincadeira e Alicante
Bouschet, com amadurecimento por 24 meses em barricas novas
de carvalho francês. O resultado foi um vinho de alta gama,
intenso, complexo, elegante e sofisticado, com imenso potencial
de guarda e a mais perfeita expressão do terroir alentejano.
Os vinhos Scancio são importados para o Brasil pela Vinissimo
Importadora (www.vinissimo.com.br).
Espero que vocês gostem dos Scancio tanto quanto eu gosto, mas
não me peçam para escolher meu preferido, pois, afinal de contas,
os considero a ambos como filhos muito queridos. Saúde!
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Arthur Azevedo é diretor da Associação Brasileira de Sommeliers –SP,
editor da revista Wine Style (www.winestyle.com.br) e consultor da
Artwine (www.artwine.com.br)
Raclete Tradicional
Ingredientes:
Queijo (gouda, suiço ou outro de sua preferência, mas
que seja fácil de derreter )
Batata cozida cortada no meio
Pepino, cebolinha e picles em conserva
Frios diversos (copa, presunto parma, salame, bacon, etc)
Pães diversos para acompanhar
Modo de Preparo:
Corte os queijos em cubos, cozinhe as batatas com água e
sal (com a casca) e coloque sobre a chapa da racleteira.
A seguir, acrescente em cada: um cubinho de queijo no
recipiente que vai entre a chapa e o fogo, para derreter.
Cada um serve o prato de acordo com seu gosto; com os
frios e a batata, adicione manteiga e misture o queijo
derretido na batata cozida.
Bom apetite!
Gustavo Corrêa é chef formado pelo SENAC Águas de São Pedro.
Trabalhou em várias regiões brasileiras, em restaurantes renomados
internacionalmente. Sua especialidade e prazer são os jantares
temáticos. [email protected]
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