da
Ação
Social
Um Brasil
pouco visto
A chegada do caminhão com toneladas
de material escolar atraiu milhares de
crianças nos seis estados da Trilha da
Ação Social. O advogado mackenzista
Luís Eduardo e sua irmã Ana Elisa
Salvatore se incumbiram de comandar
a distribuição do farto material que
levaram. As lindas fotos de Luís e Ana
não registram somente a alegria dos
que receberam material tão útil e
necessário. Elas mostram também a
cara de um povo sofrido, interessado
em aprender. E revelam aos nossos
olhos belezas e segredos de um Brasil
que pouca gente vê.
Fotos Luís Eduardo e Ana Elisa Salvatore
Trilha
Parceria com dez entidades, entre elas
o Mackenzie, permitiu visita a seis estados
s irmãos Salvatore — Ana
Elisa e Luís Eduardo — e a
equipe do Trilha Brasil percorreram os estados de Goiás, Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio
Grande do Norte. Levaram material
escolar — cadernos, lápis, canetas, borrachas, réguas, compassos, além de livros, que abasteceram as bibliotecas
extremamente precárias ou até então
inexistentes naquelas regiões — em
mais um trabalho de ação social que
contribuiu de maneira significativa para ajudar a população menos favorecida. Foram 40 dias de dedicação, no
incentivo à educação e à leitura, nas
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comunidades que necessitam de ajuda, integrando professores, diretores
de escolas, alunos e pais de alunos no
projeto. As 90 unidades beneficiadas
foram cadastradas, com a inauguração
de 60 bibliotecas — 30 delas completas — em escolas que não possuíam
nem mesmo um livro. Foram distribuídos, além disso, 16 mil kits educacionais para crianças do ensino fundamental — da 1a à 4a série –, num total
de 45.210 livros entregues, o que beneficiou diretamente mais de 600 mil
crianças ao longo do percurso.
A equipe do Trilha Brasil levou todo o material diretamente para as es-
colas, entregando-o a alunos e professores, sob a orientação de representantes das secretarias de Educação local. Nos seis estados visitados, mais de
30 cidades foram beneficiadas, integrando a equipe com os alunos por
meio de brincadeiras, rodas de capoeira, teatro, orientação sobre a importância da leitura. Isso tornou a visita inesquecível para todos.
Terminando a primeira fase, professores e diretores foram orientados
a trabalhar com o material recebido e
a enviar relatórios de resultados para a
segunda fase do projeto: a manutenção das escolas. Este ano, o projeto
Trilha Brasil — visite o site www.tri
lhabrasil.com.br — contou com as seguintes parcerias: Instituto Presbiteriano Mackenzie, Instituto Camargo Corrêa, Faber-Castell, Kodak Professional,
Ipiranga Petróleo, Gráfica Van Moorsel
Andrade, Ripasa, Revista 4x4, Artfix,
Stevita e ONG Juventude Solidária.
Por um Brasil melhor
Os irmãos Salvatore têm um objetivo claro com o projeto que criaram:
“O Trilha Brasil veio para transformar
a realidade de milhares de crianças —
trabalhar o futuro delas e gerar novos
cidadãos”, dizem, em uníssono, Ana e
Luís Salvatore. Tudo começou em
1999, quando Luís Eduardo trancou
matrícula no curso de Direito do
Mackenzie e enveredou para o coração do Brasil. No início, o objetivo
era pesquisar o interior do país documentando e trazendo para a cidade
grande a cultura primitiva dos povos,
a identidade e o modo de vida de
cada um, por meio de fotos, filmes e
documentos. “Queria conhecer o
Brasil e fazer com que os brasileiros
admirassem e amassem a própria
pátria”, explica Luís. O projeto inicial
levou-o ao interior de Mato Grosso,
na aldeia indígena dos mehinakus,
onde o contato com o homem branco
era esporádico. “Depois de ficar uma
semana na aldeia, percebi que eles
vivem harmoniosamente, cada um
respeitando o espaço do outro e mantendo as tradições que são passadas
de pai para filho”, conta. Um ano depois, já em 2000, os horizontes se ampliaram. Com a ajuda de Ana Elisa,
irmã e companheira de todas as
horas, e mais uma amiga, o grupo viajou durante sete meses percorrendo
um roteiro pelos sertões dos estados
de Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, Piauí,
Maranhão, Tocantins e Goiás. “Vimos
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Trilha
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que as pessoas não precisavam apenas de comida ou roupas. Apesar de
não terem muito, eram felizes”, explica Ana Elisa.“A necessidade delas era
também por educação. Comida e
roupa acabam, mas o que se aprende
fica com a gente pelo resto da vida.”
O trabalho profissional
De volta a São Paulo e com tantas
experiências vívidas no coração, os Salvatore decidiram ampliar de vez o projeto. A idéia era profissionalizar tudo,
tanto na forma de beneficiar as comunidades, quanto no aproveitamento do
material fotográfico e de filmagens para a formação e a montagem de um banco de dados. Em 2001, já com a idéia na
cabeça,arrecadaram livros junto a escolas, montaram kits escolares e partiram
novamente.“Entramos para o Rally dos
Sertões o que nos permitiu aproveitar a
infra-estrutura da competição para distribuir os kits e os livros arrecadados
nas escolas que encontramos ao longo
do percurso”, explica Luís.
O projeto amadureceu mais em
2002,quando os irmãos Salvatore desenvolveram novas idéias.“Resolvemos que,
além da distribuição de livros e kits —
Social
feita em conjunto com as secretarias de
Educação das cidades visitadas —, devíamos cadastrar as escolas para que pudéssemos fazer o acompanhamento dos
benefícios que nossa ajuda trazia para a
comunidade”, explica Luís.
O acompanhamento tornou-se fundamental, tanto para que os parceiros
possam avaliar o retorno do investimento feito, quanto para que o Trilha Brasil
dimensione a abrangência do projeto e
programe novas realizações.“Não é suficiente a distribuição dos livros e kits se
não pudermos ter conhecimento dos
benefícios que a comunidade obtém”,
explica Ana Elisa.A forma encontrada foi
através de relatórios, preenchidos e enviados pelos professores.“Começamos a
recebê-los e percebemos que os alunos
passaram a ter maior interesse pelas
aulas e a se dedicar mais ao aprendizado”,ressalta Ana Elisa.Com os relatórios,
em 2003 eles devem retornar aos locais
visitados, levando maior número de benefícios.“O doutor Custódio Pereira, diretor Financeiro do Instituto Presbiteriano Mackenzie, deverá renovar o
apoio que nos tem dado para que ampliemos o trabalho”, exulta Luís.“Então,
no próximo ano, além de livros e kits,
nosso grupo terá cursos de capacitação
para professores e alunos. E discutiremos com eles idéias que beneficiem a
comunidade, como reciclagem de lixo,
montagem e execução de projetos, cursos de criatividade, iniciação sexual,”
salienta. Mais uma vez, a viagem trouxe
ao grupo lições de vida — como a boa
vontade e a perseverança das pessoas
que querem vencer na vida faz a diferença.“Exemplo marcante foi o de uma
mãe. Ela estava tão aflita por, de algum
modo, retribuir o estudo gratuito dos filhos, que decidiu trabalhar como voluntária na escola fazendo limpeza e merendas, sem ganhar salário”, conta Luís.
Além do trabalho social que o Trilha Brasil faz, as viagens proporcionam precioso material, produzido e
cuidadosamente arquivado pelos irmãos. São lindas as fotos que fizeram
em Canudos, em Diamantina e em
todos os locais históricos por onde
passaram. Eles têm registrados em seu
acervo a cara do povo brasileiro, seus
costumes, tendo como fundo a incrivelmente bela paisagem brasileira. São
muitas e muitas fotos. “Procuramos
mostrar curiosidades de um Brasil
nunca visto”, finaliza Luís.
Cumprida a missão, o caminhão
volta vazio. Depois de tanto trabalho
útil às comunidades visitadas, registrado
nas fotos abaixo, fica a certeza de que
tudo valeu a pena. A equipe responsável
pela Trilha da Ação Social (na última
foto à direita) adquiriu mais experiência.
E já tem planos de voltar. Agora levando
também assistência médica. Parabéns,
doutor “Luísi”. Parabéns Ana Elisa.
E aos seus companheiros de jornada!
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