“ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL” Luís Eduardo Ribeiro da Cunha Diretor Científico INSTITUTO VITAL BRAZIL Natal – SBPC – 27/07/2010 Título da palestra: “”Soroterapia no Brasil: produção, distribuição e gestão dos pólos de atendimento, uma questão de saúde pública” – Introdução; _ Breve histórico da soroterapia _ As questões epidemiológicas e de informações existentes; _ A política de distribuição de soros pelo ministério da saúde no Brasil; _ Nova proposta de modelo de gestão. I “ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL” ACIDENTES..... ANIMAL PEÇONHENTO..... ALGUMAS REFERÊNCIAS HISTÓRICAS NO ESTUDO DOS ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL -1560 – Carta de José de Anchieta – Relato de acidentes com “serpentes venenosas” , lagartas e “aranhas peludas” (caranguejeiras). -1793-Atestado de óbito de Antonio da Silva Moraes-Picado de cobra. São Paulo -1838- Registro de 1 óbito por picada de cobra (entre 1044 registros) na Santa Casa de Misericórdia. Rio de Janeiro. -1901-Início da produção por Vital Brazil de soro antiofídico no Brasil e introdução do “Boletim para observação do accidente ophidico” (Primeiro instrumento de análise sistemática dos acidentes ofídicos e base dos atuais sistemas de informação epidemiológica) ** -1986-Criação do Programa Nacional de Ofidismo (SNABS/MS) -1993- Programa Nacional de Acidentes por Animais Peçonhentos. (Bochner, R., 2003) O início do estudo do ofidismo no Brasil: A Escola Tropicalista Bahiana 1865-1896 Otto Edward Henry Wucherer (1820-1873) José Francisco de Silva Lima (1826-1910) John Ligertwood Paterson (1820-1882) Coni, 1952; Coni, 1967; Falcão, 1975, 1976; Pondé, 1975; Peard, 1990, 1997, 1999, 2001; Edler, 1996, 2002, 2004; Barros, 1998 (Lira da Silva, R.M.,2010) Ofidismo, 10/03/1867 Ofidismo, 25/04/1867 (Lira da Silva, R.M., 2010) TRATAMENTOS LOCAIS: 1. 2. 3. 4. 5. Ligadura Ofidismo, 10/05/1867 Excisão das feridas Amputação ou desarticulação do dedo Extrair a peçonha por sucção com a boca ou ventosa Extrair das feridas a peçonha ou destruí-la por meios químicos (soda cáustica, manteiga de antimônio, nitrato de prata e amoníaco forte) TRATAMENTOS SISTÊMICOS: 1. Álcool, licor de amoníaco, acetato de amônia 2. Licor de amônia + aguardente 3. Azeite doce ESPECÍFICO, OU ANTÍDOTO CERTO, CONTRA A PEÇONHA DE SERPENTES, NÃO HÁ. (Lira da Silva, R.M., 2010) Ofidismo, 10/05/1867 PENSOU NO SORO: “outro meio profilático seria,..., a inoculação da peçonha da cobra, análoga a que outrora se fazia com o vírus da varíola”. “Seria muito para desejar que algum dos nossos colegas, que estivesse nas circustâncias de aprofundar tão interessante objeto, as aproveitasse em benefício da humanidade e de seu próprio renome”. (Lira da Silva, R.M., 2010) Wucherer na Obra de Vital Brazil (1865-1950) 1. BRAZIL, Vital. 1905. Ophidismo. Contribuição ao estudo do ophidismo. Imprensa Médica, XIII, 13. p. 241-247. 2. BRAZIL, Vital. 1905. Contribution à l´etude de l´intoxication d´origine ophidiene. Paris, A. Maloine ed. 26 p. 3. BRAZIL, Vital. 1911. Therapeutica do ophidismo. Revista Médica de São Paulo, XIV, p. 164-174. 4. BRAZIL, Vital. 1911. La défense contre l´Ophidisme. São Paulo, Pocai & Weiss, 181p. 5. BRAZIL, Vital. 1914. La défense contre l´Ophidisme. 2ª edição, São Paulo, Pocai & Weiss, 319p. 6. BRAZIL, Vital. 1918. Contribuição ao estudo do veneno ophidico. Collectanea de Trabalhos (1901-1917). Instituto Butantan, São Paulo, Typographia do Diário Official, p. 2-30. 7. BRAZIL, Vital. 1918. Do envenamento ophidico e seu tratamento. Collectanea de Trabalhos (1901-1917). Instituto Butantan, São Paulo, Typographia do Diário Official, p. 31-52. 8. BRAZIL, Vital & BRAZIL FILHO, Vital. 1933. Do envenenamento elapídico em confronto com o choque anafilático. Boletim do Instituto Vital Brazil, 15(3):411-461. 9. BRAZIL, Vital. 1938. Contribuição ao estudo do ofidismo. Biologia Médica, XIII:3-27. 10. BRAZIL, Vital & BRAZIL FILHO, Vital. 1950. Do envenenamento elapídico em confronto com o choque anafilático. Anais Paulistas de Medicina e Cirurgia, LX(5):411-461. (Lira da Silva, R.M., 2010) O CIENTISTA Vital Brazil Mineiro da Campanha é um dos mais importantes nomes da ciência médica brasileira e consagrado no cenário internacional. Nascido a 28 de abril de 1865, em Campanha, Minas Gerais, seu nome é uma homenagem ao santo do dia (dia de São Vital), ao estado e ao país em que nasceu, ainda na época da escravidão. O cientista foi o fundador do Instituto Vital Brazil (IVB), em Niterói/RJ e do Instituto Butantan, em São Paulo, importantes laboratórios e centros de pesquisa brasileiros. Sua principal contribuição foi provar ser necessário soro específico para tratar acidentes com cada espécie de cobra, evitando milhões de mortes por envenenamento. O Instituto Vital Brazil 1919 O IVB é um órgão da Secretaria de Saúde e Defesa Civil, do governo do estado do Rio de Janeiro. É um dos 18 laboratórios oficiais brasileiros e um dos três fornecedores de soros contra o veneno das picadas de animais peçonhentos para o Ministério da Saúde, que os distribui por todo o Brasil. Desde 2001, é o único a produzir soro contra picadas da aranha viúva negra, cujo veneno é muito tóxico e que pode levar à morte. Também atende a todo o setor público, com a produção de aproximadamente 50 medicamentos (farmacêuticos e imunobiológicos) de uso humano. Realiza estudos e pesquisas no campo farmacêutico, biológico, econômico e social. Serviços que vão dos diagnósticos laboratoriais e epidemiológicos a programas de controle de doenças. FLUXO DE PRODUÇÃO Peçonhentos Virais ANTÍGENOS ANTÍGENOS SANGRIA IMUNIZAÇÃO E SANGRIA PRODUÇÃO Produto Bacteriano Eqüinos Método POPE, procedendo-se uma digestão enzimática com pepsina, precipitação com sulfato de Amônia, filtração, diálise e concentração. FLUXO DE PRODUÇÃO CONTROLE DE QUALIDADE Controles em processo • Químico • Físico-Químico • Biológico LIBERAÇÃO Envase Acondicionamento Controle de Qualidade Envio ao INCQS/MS*** CONTROLE DE QUALIDADE O Controle de Qualidade é parte integrante do sistema da qualidade que tem como função assegurar que os ensaios necessários e relevantes sejam executados dentro das normas padronizadas pelo Ministério da Saúde/ Farmacopéia brasileira e pela ANVISA, e que os insumos e/ou produtos não sejam liberados para o uso, nem para venda ou fornecimento, até que sua qualidade esteja assegurada. SOROS ANTIOFÍDICOS ANTIBOTRÓPICO “JARARACAS” ANTICROTÁLICO “CASCAVÉIS” ANTILAQUÉTICO “SURUCUCUS” ANTIELAPÍDICO “CORAIS” ANTIBOTRÓPICO-CROTÁLICO ANTIBOTRÓPICO-LAQUÉTICO SOROS CONTRA VENENO DE ARTRÓPODOS ANTIESCORPIÔNICO “Escorpiões (Tityus) ” ANTILOXOSCÉLICO “Aranhas-marrons” (Loxosceles)” ANTIARACNÍDICO “Aranhas-marrons; Escorpiões; Aranhas armadeiras (Phoneutria) ” ANTILATRODÉCTICO “Aranhas viuvas negras” (Latrodectus) ANTILONÔMIA “Taturanas” (Lonomia) ANTIAPÍLICO “Abelhas” (Apis) Ações futuras Clonagem dos hibridomas positivos; Expansão dos hibridomas clonados e caracterização dos anticorpos monoclonais; Testar a eficácia dos anticorpos monoclonais frente ao plasma de pacientes picados por serpentes • TRANSCRIPTOMA DE CÉLULAS DE GLÂNDULA DE VENENO (banco de cDNA) pp micrurus •Banco de venenos ( aranhas/escorpiões/serpentes) •Melhoria de rendimento na produção de soro •Menor uso de animais SINAN SINITOX SIH SIM Como define a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), É o conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a cada momento, o comportamento ou a história natural de uma doença, e detectar ou prever mudanças que possam ocorrer por alteração dos fatores que a condicionam. A sua finalidade maior vem a ser recomendar, sobre bases científicas, as medidas oportunas que levem à prevenção e ao controle dessa mesma doença. É um dos instrumentos centrais que orientam as ações da Saúde Pública. As principais atribuições do serviço de vigilância epidemiológica são: • reunir toda a informação necessária e atualizada; • processar, analisar e interpretar os dados; e • recomendar a implantação e/ou implementação das atividades pertinentes ao controle imediato, ou a longo prazo, da doença. SINITOX - Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas Centros de Controle de Intoxicações SINAN- Sistema Nacional de Agravos de Notificação Polos de atendimento antipeçonhento SIH – Sistema de Internação Hospitalar SIM – Sistema de Informação de Mortalidade SINITOX Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX Tem como objetivo registrar os Casos Notificados e Atendidos pelos 36 Centros de Informação Toxicológica do Brasil e desta forma padronizar os dados, permitindo a análise dos mesmos e facilitando a tomada de decisões nos diversos níveis do Sistema Único de Saúde(SUS). Pode ser instalado em qualquer nível do SUS, desde o mais periférico(Unidade de Saúde-US/Centro de Informações Toxicológicas-CIT), até ao nível estadual ou federal. Esta possibilidade se deve ao fato do sistema dispor de rotinas para tráfego dos dados, que são as rotinas de Transferência e Recebimento. SINAN Média anual do período de 2001 a 2006 No Agravo Classificação 1o Dengue 310006 2o Tuberculose 90678 3o Acidentes por Animais Peçonhentos 70082 4o Hanseníase 55004 5o Esquistossomose 50044 6o Hepatites Virais 48917 7o Aids 36277 8o Leishmaniose Tegumentar 29619 9o Meningites 28053 10o Sífilis Congênita 5033 11o Leishmaniose Visceral 3482 12o Leptospirose 3416 13o Intoxicação por Agrotóxicos 2785 14o Sarampo e Rubéola 1830 15o Malária 1134 16o Coqueluche 1010 17o Sífilis Gestante 694 18o Febre Tifóide 630 19o Paralisia Flácida Aguda 602 20o Tétano Acidental 509 21o Doença de Chagas Aguda 376 22o Hantaviroses 133 23o Febre Maculosa 84 24o Rubéola Congênita 38 25o Difteria 31 26o Tétano Neonatal 21 27o Raiva Humana 20 28o Febre Amarela 18 29o Cólera 6 30o Botulismo 3 31o Peste 0 Fonte:SINAN Média anual do período de 1990 a 1995 Malária (todas as formas) Tuberculose (todas as formas) Dengue Hanseníase Acidentes por Animais Peçonhentos Cólera Leishmaniose Tegumentar Sarampo Aids Coqueluche Doença Meningocócica Hepatite B Leptospirose Leishmaniose Visceral Febre Tifóide Meningite por haemophilus Tétano Acidental Hepatite C Paralisia Flácida Aguda Difteria Tétano Neonatal Raiva Humana Febre Amarela Peste Hantavírus Fonte:Informe Epidemiológico do SUS No Classificação 1o 546398 2o 81390 3o 57776 4o 32454 5o 32000 6o 31259 7o 29363 8o 19421 9o 14982 10o 6836 11o 5587 12o 4140 13o 2732 14o 2486 15o 2093 16o 1559 17o 1271 18o 1083 19o 491 20o 347 21o 220 22o 51 23o 23 24o 16 25o 1 ACIDENTES CAUSADOS POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL ENTRE 2000 a 2009* 100.000 90.000 TOTAL 80.000 ESCORPIÕES SERPENTES Número de acidentes 70.000 ARANHAS LAGARTAS 60.000 50.000 ** Estimativa do número de acidentes com serpentes no Brasil feita em 1909 por Vital Brazil . 40.000 30.000 ** 20.000 10.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Fonte:SINAN/SVS/MS *Dados preliminares sujeitos a revisão ÓBITOS CAUSADOS POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL ENTRE 2000 a 2009* 250 Número de óbitos 200 150 TOTAL SERPENTES ESCORPIÕES ARANHAS 100 LAGARTAS 50 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Fonte:SINAN/SVS/MS *Dados preliminares sujeitos a revisão Portanto: Em relação à Vigilância Epidemiológica, nada se faz sem a obtenção de informações. Nova proposta de modelo de gestão. aplicações da telemedicina 1- telediagnóstico: envio remoto de dados de sinais e imagens, dados laboratoriais, etc., para finalidades diagnósticas; 2- telemonitoração: acompanhamento de pacientes à distância, monitorando parâmetros vitais; 3- teleterapia: controle de equipamentos à distância; 4- teledidática: aplicação das redes telemáticas na implementação de cursos à distância; POLOS IVB Switch WEB MCU Hospital HUAP UFF pretendemos: A) ASSISTÊNCIA MÉDICA COMPETENTE E SEGURA; B) INFORMAÇÃO (seqüelas; eficiência/eficácia da soroterapia; distribuição geográfica de serpentes ETC); A) ANÁLISE DE DADOS;( informação ) B) PROPOR NOVO MODELO DE GESTÃO DO SISTEMA; C) TREINAMENTO E ATUALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ******. OBRIGADO [email protected] www.ivb.rj.gov.br