Regência É a relação sintática que se estabelece entre um termo regente ou subordinante (que exige outro) e o termo regido ou subordinado (termo regido pelo primeiro) A regência pode ser: verbal ou nominal. Quando o termo regente é um verbo a regência é verbal, quando é um nome, a regência é nominal. O conhecimento da regência correta de cada verbo e de cada nome é função do uso. Dessa forma cada falante conhece a regência dos verbos e dos nomes que fazem parte de seu repertório usual. Pode ocorrer que o falante desconheça certas regências da norma padrão pelo fato delas não ocorrerem no uso popular. Regência nominal A regência nominal estuda os casos em que nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem uma outra palavra para completar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu complemento é estabelecida por uma preposição. Alguns nomes e as preposições que mais comumente eles exigem adepto a alheio a ansioso para, por, de apto a, para aversão a, por feliz de, por, em, com favorável a imune a, de contente com, por, de indiferente a inofensivo a, para junto a, de, com próximo a, de referente a simpatia a, por tendência a, para paralelo a relativo a Mais nomes e as preposições que comumente eles exigem acessível, adequado, desfavorável, equivalente, insensível, obediente - a capaz, incapaz, digno, indigno, passível, contemporâneo - de amoroso, compatível, cruel, cuidadoso, descontente - com entendido, indeciso, lento, morador, hábil - em inútil, incapaz, bom - para responsável - por Regência verbal A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). Ex.: Isto pertence a todos. termo regido termo regente Agradar a) No sentido de fazer carinho, é transitivo direto. Ex.: A mulher agradava o filhinho. V.T.D objeto direto b) No sentido de contentar, satisfazer, é transitivo indireto (exige objeto indireto com a preposição a). Ex.: O desempenho do time agradou ao técnico. V.T.I objeto indireto Aspirar a) No sentido de respirar, sorver (perfume, ar), é transitivo direto. Ex.: Ele aspirou um gás venenoso. V.T.D objeto direto b) No sentido de pretender/ desejar, é transitivo indireto (exige objeto indireto com a preposição a). Ex.: Os jovens aspiram ao sucesso profissional. V.T.I objeto indireto Observação: O verbo aspirar não aceita os pronomes lhe, lhes como objeto indireto, por isso você deve substituí-los por a ele, a ela, a eles, a elas. Assistir a) No sentido de ver, é transitivo indireto (exige objeto indireto com a preposição a). Ex.: Todos assistiram ao jogo da seleção. V.T.I objeto indireto Observação: Usado nesse sentido, assistir não aceita lhe, lhes, como objeto indireto; por isso, quando necessário, você deverá trocá-lo por a ele, a ela, a eles, a elas. Ex.: Você assistiu ao jogo? Sim, eu assisti a ele. b) No sentido de prestar assistência/ajudar, é transitivo direto. Ex.: A enfermeira assistia os acidentados. V.T.D objeto direto c) No sentido de pertencer/caber, é transitivo indireto (exige objeto indireto com a preposição a). Ex.: O direito de criticar assiste aos cidadãos. V.T.I objeto indireto Observação: Nesse sentido, assistir admite lhe, lhes como objeto indireto. Ex.: Esse direito lhes assiste sempre. O.I V.T.I Esquecer e lembrar Esses dois verbos não mudam de sentido, mas podem ser transitivos diretos ou indiretos. a) São transitivos diretos quando não são pronominais, isto é, quando não estão acompanhados de pronome oblíquo (me, te, se, nos, etc.). Ex.: Eu lembrei seu aniversário. V.T.D objeto direto Jamais esqueceremos esse dia. V.T.D objeto direto Esses são fatos que ela já esqueceu. OD V.T.D b) São transitivos indiretos (exigem preposição de) quando usados como verbos pronominais, isto é, acompanhados de pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos). Ex.: Eu me lembrei de seu aniversário. V.T.I objeto indireto Jamais nos esqueceremos desse dia. V.T.I objeto indireto Esses são fatos de que ela já se esqueceu. objeto indireto V.T.I Obedecer e desobedecer São sempre transitivos indiretos (exigem objeto indireto com a preposição a. Ex.: Você obedeceu ao regulamento. V.T.I objeto indireto Os operários desobedecerão às suas ordens. V.T.I objeto indireto Pagar e perdoar Não mudam de sentido, mas podem ser transitivos diretos ou indiretos, dependendo do tipo de objeto que apresentam. a) São verbos transitivos indiretos (exigem a preposição a) quando o objeto refere-se a gente, pessoa. Ex.: Nós pagamos ao vendedor. Deus perdoa aos pecadores. b) São verbos transitivos diretos quando o objeto é coisa. Ex.: Nós pagamos o material. Eu jamais perdoaria seu erro. Observação: Esses dois verbos (pagar e perdoar) podem apresentar, ao mesmo tempo, objeto direto e indireto. Ex.: Nós pagamos o material ao vendedor. Preferir Exige dois objetos: um direto e um indireto (iniciado pela preposição a). Esse verbo é, portanto, transitivo direto e indireto. Preferir alguma coisa a outra coisa. Ex.: Ele sempre preferiu o trabalho ao estudo. VTDI OD OI Chegar - Ir Há certos verbos que, no uso popular, ocorrem com uma regência e, no uso culto, com outra. Nesse caso, a Gramática propõe como correto apenas o uso culto. O verbo chegar e o verbo ir são intransitivos e exigem a preposição a quando indicam lugar. Uso popular: O menino foi no jogo com o pai. Uso culto: O menino foi ao jogo com o pai. Uso popular: Eu cheguei em casa cedo. Uso culto: Eu cheguei a casa cedo. Namorar O verbo namorar é transitivo direto. Quem namora, namora alguém. Ex.: Paulo namora a Jennifer. VTD objeto direto Visar a) No sentido de “mirar” e “pôr visto” é transitivo direto. Ex.: O atirador visou o alvo. O gerente visou o cheque do cliente. b) Quando significa “ter como objetivo, pretender” é transitivo indireto. Ex.: Ele visa a uma promoção no emprego. VTI objeto indireto Simpatizar/antipatizar Os verbos simpatizar e antipatizar são transitivos indiretos e exigem a preposição com. Atenção! Esses verbos não são pronominais. Ex.: Não simpatizo com a idéia. VTI objeto indireto Antipatizamos com o diretor no primeiro dia. VTI objeto indireto 01) A expressão de que preenche corretamente a lacuna da frase: (A) Muita gente ignora ...... ficam refletindo os velhinhos às janelas. (B) As imagens virtuais ...... nos entregamos costumam ter força de realidade. (C) Muitos jovens ficam imaginando ...... têm o mundo sob seu controle, na Internet. (D) Queria adivinhar os pensamentos ...... se povoam as cabeças desses velhinhos.. (E) É visível a ansiedade ...... as crianças manifestam, quando diante de um monitor. 02) A expressão com que preenche corretamente a lacuna da frase: (A) A revista britânica esqueceu-se de que os cubanos notabilizaramse pelo sentimento de solidariedade ...... já demonstraram nas últimas décadas. (B) Foi dura, mas justa, a réplica ...... Sergio Pastrana se valeu, em desagravo à dignidade do país. (C) Foi grande a repercussão ...... obteve o editorial da revista entre pesquisadores latino-americanos. (D) A muitos cubanos ofenderam os termos ...... o editorial se referiu ao futuro do pais.. (E) As grandes potências costumam ser presunçosas quando analisam o tipo de sociedade ...... os pequenos países escolheram construir. 03) A expressão sublinhada está empregada adequadamente na frase: (A) A inesgotabilidade da água é uma ilusão na qual não podemos mais alimentar. (B)) A cadeia econômica à qual o texto faz referência tem na água seu centro vital. (C) Os maus tempos dos quais estamos atravessando devem-se a uma falta de previsão. (D) A água é um elemento cujo o valor ninguém mais põe em dúvida. (E) A certeza em que ninguém mais pode fugir é a do valor inestimável da água. 04) Está correto o emprego do elemento sublinhado em: (A) De todo e qualquer réu assiste o direito da ampla defesa. (B) O único apoio de que um acusado sem recursos pode contar é o de um defensor público. (C) Encerrou-se um processo cujo o mérito sequer foi avaliado. (D) Foi uma sentença estranha, cuja acabou por provocar grande descontentamento. (E)) É um rito tortuoso, de cuja burocracia os espertos tiram proveito. 05) Está correto o emprego da expressão sublinhada na frase: (A) Vovó é do tempo de onde as pessoas ficavam demoradamente nas janelas das casas. (B) Os meninos de hoje talvez não entendam o por que de os velhinhos ficarem à janela. (C) Eram simpáticas aquelas casinhas aonde as janelas davam diretamente para a calçada. (D) Praticamente não mais se constroem casas cujas as janelas se abram sobre a calçada. (E) São raras as casas em cujas janelas as pessoas fiquem observando a vida das ruas.. 06) A força de um desfile carnavalesco está tanto na euforia dos que participam do desfile carnavalesco quanto na dos espectadores que assistem ao desfile carnavalesco, lembrando ainda que a observância dos limites que dão forma ao desfile carnavalesco é uma de suas atrações. Para evitar as abusivas repetições do texto acima, é preciso substituir os elementos sublinhados por, respectivamente: a) lhe participam - o assistem - lhe dão forma. b) nele participam - lhe assistem - dão-no forma. c) dele participam - a ele assistem - lhe dão forma d) dele participam - lhe assistem - o dão forma. e) nele participam - assistem-no - o dão forma. 07) O advogado de defesa encaminhou uma apelação. Para fundamentar a apelação, organizou a apelação numa progressão de itens bem articulados. Ainda assim, recusaram a apelação os juízes do Supremo, que consideraram a apelação inconsistente de todo. Evitam-se as abusivas repetições do período acima substituindo- se os elementos sublinhados, respectivamente, por: (A) fundamentá-la - organizou-lhe - recusaram a ela – consideraram-na (B) fundamentá-la - organizou-a - recusaram-na – a consideraram. (C) fundamentar a ela - a organizou - recusaram-lhe – lhe consideraram (D) fundamentar-lhe - organizou-lhe - recusaram-na – a consideraram (E) a fundamentar - organizou-a - recusaram-lhe - consideraram- na 08) Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas o texto. Com o mesmo atraso das idéias neoliberais, desembarcou entre nós, no final dos anos 80, o tema da governabilidade. Associada imediatamente __1__ impotência dos governos diante _2__ inflação, adquiriu, logo depois da promulgação da Constituição de 1988, o conteúdo estratégico combinado das teses de Huntington e Buchanan. Em duas palavras: a ingovernabilidade brasileira seria resultado de um excesso dedemandas sociais reconhecidas pela nova Constituição e da resistência __3__implementação das reformas neoliberais capazes de devolver estabilidade e crescimento __4__ economia brasileira. Ao mesmo tempo, e com uma rapidez própria das situações de atraso, foi sendo construído o consenso publicitário de que qualquer coisa, que não fosse isso, geraria uma progressiva ingovernabilidade na sociedade brasileira até __5__ limite da entropia final. 1 a) à b) à c) a d) à e) à 2 3 Da à À à Da à À na Da à 4 a à à na à 5 ao o no o o Crase Crase É a fusão (junção) da preposição a exigida pela regência do verbo ou do nome mais o artigo definido a, os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo e o pronome demonstrativo a. A crase é indicada pelo acento grave (`). Condições para ocorrência de crase 1. O termo regente deve exigir a preposição a. 2. O termo regido tem que ser uma palavra feminina que admita artigo a(s). Ex.: Ele foi a a fazenda ontem depois do almoço. à Regra prática Para você saber se há crase antes de uma palavra feminina, troque essa palavra por uma masculina correspondente e observe: 1. Se antes da palavra masculina aparecer ao(s), use crase antes da feminina. Ex.: Ela foi à feira ontem. Ela foi ao mercado ontem. 2. Se antes da palavra masculina aparecer apenas a(s) ou o(s) não use crase. Ex.: Os jogadores visitaram a cidade. Os jogadores visitaram o museu. Casos em que ocorre crase Nas locuções adverbiais femininas. Ex.: O rapaz saiu à tarde e chegou à noite. (locução adverbial de tempo) Ex.: Ele foi à feira e depois à lavanderia. (locução adverbial de lugar) Ex.: O governador viajou às pressas. (locução adverbial de modo) Observação: Com as locuções adverbiais femininas de instrumento a crase é facultativa. Ex.: O pai saiu sem fechar a porta à chave. O pai saiu sem fechar a porta a chave. Ex.: O soldado foi ferido à baioneta. O soldado foi ferido a baioneta. Nas locuções prepositivas (formadas por a + palavra feminina + de) Ex.: Meu amigo conseguiu ser aprovado à custa de muito esforço. Ele saiu à procura de ajuda. Nas locuções conjuntivas (formada por a + palavra feminina + que). Ex.: A cidade se acalma, à medida que escurece. À proporção que chovia, aumentavam os buracos na rua. Observação: Nas expressões à moda de, à maneira de, a palavra principal pode ficar oculta. Então o à poderá ficar diante de palavra masculina, como no exemplo: Ex: Usava cabelos à Luís XV. (à moda de Luís XV) Casos em que a crase é facultativa Antes de pronomes possessivos femininos (porque antes desse tipo de pronome o artigo é facultativo). Ex.: Ele se refere à minha mãe. Ele se refere a minha mãe. Antes de nomes de mulheres Ex.: Eu me referi à Maria. Eu me referi a Maria. Depois da palavra até. Ex.: Todos os alunos foram até à escola. Todos os alunos foram até a escola. Casos em que não ocorre crase Antes de nomes masculinos (porque essas palavras não admitem o artigo a. Ex.: Ele adora andar a cavalo, ela prefere andar a pé. Antes de verbos (porque antes de verbos não aparece artigo) Ex.: Assim que saíram, começaram a correr. Antes de pronomes que não admitem artigo. a) Pronomes pessoais (porque antes deles não se usa artigo) Ex.: Todos se dirigiram a ela. b) Pronomes de tratamento (porque antes deles não se usa artigo) Ex.: Dirigi-me a Vossa Excelência para despedir-me. Observação: Os pronomes de tratamento dona, senhora e senhorita, pelo fato de admitirem o artigo, admitem também a crase. Ex.: Nada disse à senhora. c) Pronomes demonstrativos, indefinidos e relativos Ex.: É hora de dar um basta a essa barbárie. Não demonstrava sua tristeza a ninguém. Aquela é a senhora a quem dirigi meus votos de felicidade. Observação: Pode ocorrer a crase entre a preposição a e os pronomes relativos a qual e as quais. Ex.: Estas são as finalidades às quais se destina o projeto. Seria aquela a jovem à qual você se referia? Quando o a (sem s) aparece antes de uma palavra no plural. Ex.: Ele se dirigia a pessoas estranhas. Em expressões com palavras repetidas Ex.: O tanque se encheu gota a gota. Antes de nomes de cidades (que não admitem o artigo feminino a), sem especificativos Ex.: Eles pretendem ir a Paris. Observação: Quando o nome da cidade apresenta um especificativo, ele passa a admitir artigo e, nesse caso, pode ocorrer a crase, desde que o termo regente exija a preposição a. Ex.: Eles pretendem ir à fascinante Paris. Antes da palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada. Se vier determinada aceita a crase. Ex.: Voltei a casa cedo. Voltei à casa de meus pais cedo. Antes da palavra terra, no sentido de chão firme, tomada em oposição a mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a crase. Se vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase. Ex.: Os marinheiros já voltaram a terra. Os marinheiros voltaram à terra de seus sonhos. Observação: Quando a palavra terra for usada no sentido de terra natal ou planeta, a palavra terra admite artigo, por isso, ocorrerá crase, se o termo regente exigir preposição. Ex.: A espaçonave voltara à Terra, no ano 3000.