Avaliação da Incorporação de Argilas Organofílicas em PET de Baixa Massa Molar com Posterior Processo de Pós-Condensação no Estado Sólido. D. V. A. Chiaretti1, S. A. Cruz1 1 Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC, Santo André, São Paulo, Brasil. Nanocompósitos poliméricos compõe uma nova classe de materiais. Suas propriedades finais são muito superiores as dos compósitos convencionais ou polímeros puros. É interessante utilizar nanocargas como aditivos em polímeros, pois melhoram muitas propriedades físicas do material, fazendo com que ele possua uma maior gama de aplicações. A incorporação e esfoliação da argila é um dos grandes desafios na confecção de nanocompósitos poliméricos e a massa molar do polímero atua como fator primordial. O PET é um polímero que se tornou comercialmente importante graças as suas propriedades de barreira, resistência mecânica, podendo ser utilizado, principalmente no transporte e armazenamento de bebidas carbonatadas. Durante o processo de polimerização o polímero é submetido a um processo denominado pós-condensação no estado sólido (SSP), cuja finalidade é aumentar a massa molar. Neste trabalho foi estudada a incorporação de nanocargas de argila organofílica em PET de baixa massa molar. Após essa etapa, foi realizado o processo de SSP, para que a massa molar do nanocompósito polimérico aumentasse. Foi avaliada a influência da nanocarga no processo de SSP e verificadas as propriedades finais do material. Palavras-chave: 1.Poli (tereftalato de etileno) 2.Esfoliação 3. Nanocompósitos 4. Processo de pós-condensação no estado sólido. I. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1) Nanocompósitos Poliméricos Os avanços em diversas áreas, como por exemplo, automobilística, eletroeletrônica, farmacêutica, comunicação, construção civil, vem acompanhado pelo desenvolvimento de novos materiais. Cada vez mais novos tipos e classes de materiais são lançados no mercado, e estes, por sua vez, substituem os anteriores, e geram maior conforto às pessoas, maior funcionalidade aos aparelhos eletrônicos, etc. Uma nova classe de materiais, que tem sido amplamente estudada é a de nanocompósitos poliméricos. Nanocompósito polimérico é a junção de dois tipos de materiais. Um deles é o polimérico, e o outro, em escala nanométrica, pode ser uma cerâmica ou metal. A carga dispersa na matriz polimérica do compósito tem, em pelo menos uma de suas dimensões, medidas iguais ou menores que 100 nm. Esse tamanho determina muitas melhorias nas propriedades do material, em relação aos compósitos poliméricos convencionais [1,2]. Figura 1.1 – Demonstração de diferentes cargas em nanoescala [1]. A maior diferença entre os compósitos poliméricos e os nanocompósitos encontra-se no tamanho da carga. Por serem muito pequenas, grandes regiões interfaciais são formadas por elas. Essas regiões são aquelas onde ocorre a interação entre a carga e o polímero, logo são elas que determinam as propriedades do material. Assim, as propriedades finais dos nanocompósitos estão diretamente relacionadas com o tamanho da carga e com o controle das regiões interfaciais carga-matriz polimérica. Além de dependerem das propriedades individuais dos componentes e composição, do grau de interação entre fases, da razão de aspecto e porosidade da carga [1,3]. 2) O Poli(tereftalato de etileno) O poli (tereftalato de etileno) (PET) é um termoplástico de engenharia que apresenta boas propriedades, como por exemplo, alta resistência mecânica, boa tenacidade e estabilidade dimensional, boa resistência química, alta transparência. O seu custo é relativamente barato e uma vasta gama de aplicações é atribuída a ele. Dentre essas aplicações, destaca-se seu uso como embalagens de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos e na indústria automotiva [4,5,6]. O uso de PET para as mais diversas finalidades é muito interessante, pois além das boas propriedades apresentadas, ele é 100% reciclável e sua composição química não libera produtos químicos tóxicos [7]. 3) Confecção de Nanocompósitos Poliméricos Quando se trata de nanocompósitos, a carga se encontra em escala nanométrica. Um problema inicial na confecção deles é a dispersão da carga adicionada na matriz. A Figura 3.1 mostra as possíveis dispersões para cargas na matriz polimérica. A Figura 3.1 (d) representa o desejável na distribuição e dispersão das cargas. O processo de incorporação da nanocarga na matriz polimérica foi realizado em extrusora dupla rosca co-rotante na da Krupp, Werner & Pfleiderer, na empresa Cromex. Diferentes concentrações de nanocarga foram incorporadas em amostras de PETBMM e PETv, têm-se 1%, 3% e 5% de peso do material. A Tabela 01, mostra as diferentes amostras obtidas a partir do processo de extrusão. Tabela 01 - Diferentes amostras utilizadas no trabalho. Figura 3.1 – Diferentes tipos de distribuição e dispersão da carga [1]. Em nanocompósitos argila/polímero, é necessário modificar a argila antes de adicionar à matriz polimérica e, para que haja uma boa dispersão e adesão entre os componentes. Neste trabalho, será utilizada como nanocarga a argila 30B Cloisite, que é uma montmorillonita modificada com um sal quaternário de amônio [1,9]. É possível gerar dois tipos de estruturas com esse tipo de nanocompósito: a interlamelar e a esfoliada. A primeira trata da intercalação regular de cadeias poliméricas e camadas de argila. A segunda trata das camadas da argila esfoliadas no polímero, sem regularidade e dispersas por toda a matriz. A estrutura esfoliada gera propriedades finais melhores do que a estrutura intercalada, pois possui uma maior área de contato com a matriz [10]. 4) Pós-Condensação no Estado Sólido O processo de SSP consiste no aquecimento do polímero a uma temperatura abaixo do seu ponto de fusão, mas acima da temperatura de transição vítrea. A partir de então, ocorrem reações de esterificação e transesterificação entre os finais de cadeia ativados. Isso faz com que a massa molar aumente [8,12,13]. Na reação de esterificação, ocorre a ligação de grupos finais carboxílicos com grupos finais hidroxílicos, assim, moléculas de água são liberadas como subprodutos. A remoção dos subprodutos ocorre a partir de vácuo ou de fluxo de gás inerte, ou a partir de uma combinação dos dois. As reações citadas acima são facilitadas por essa remoção [8,11]. II. PARTE EXPERIMENTAL 1) Materiais Neste trabalho, foram utilizadas dois tipos de resinas de poli (tereftalato de etileno). Elas são a resina PET virgem (PET v), utilizada na confecção de embalagens para bebidas carbonatadas, apresentando VI de dL/g (ASTM D4603-03), densidade de 1,39 à 1,41 g/cm³ e ponto de fusão em 254 5ºC, e a resina de PET de baixa massa molar (PETBMM), não comercial (antes de passar pelo processo de pós-condensação no estado sólido) com VI de 0,60 dL/g. Ambas fornecidas pela empresa Mossi & Ghisolph. PETV PETV1 PETV3 PETV5 PETBMM PETBMM1 PETBMM3 PETBMM5 PET Virgem, extrusado, sem incorporação de nanocarga. PET Virgem, extrusado, 1% incorporação de nanocarga. PET Virgem, extrusado, 3% incorporação da nanocarga PET Virgem, extrusado, 5% incorporação da nanocarga PET de baixa massa molar, extrusado, sem incorporação. PET de baixa massa molar, extrusado, 1% incorporação de nanocarga. PET de baixa massa molar, extrusado, 3% incorporação de nanocarga. PET de baixa massa molar, extrusado, 5% incorporação de nanocarga. 2.2) Pós-Condensação no Estado Sólido A pós-condensação no estado sólido foi realizada em estufa a vácuo. Cada amostra apresentada na Tabela 01 foi submetida a diferentes tempos de encubação na estufa: 0 horas, 5 horas, 10 horas e 15 horas. O peso de cada amostra foi de 750g. Nos primeiros trinta minutos de cada processo, a temperatura da estufa estava a 170ºC. Após este período, aumentou-se a temperatura para 220ºC. O vácuo utilizado foi de aproximadamente 680 mmHg. III. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os experimentos que possibilitam a verificação do aumento da massa molar no processo de pós-condensação no estado sólido e da influência da nanocarga neste processo ainda estão em andamento, por isso, ainda não foram obtidos os resultados totais e as análises não foram concluídas. IV. CONCLUSÃO A conclusão do trabalho também não foi realizada, pois os resultados e análises dos experimentos ainda não estão concluídas. V. EXPERIMENTOS FUTUROS 2) Métodologia 2.1) Extrusão: Estão sendo realizados experimentos de viscosidade intrínseca, reometria capilar, afim de verificar o aumento na massa molar do material. E será realizado o teste de calorimetria exploratória diferencial, para propriedades térmicas do nanocompósito. verificar as poly(ethylene terephthalate) (PET) nanocomposites as prepared by selective removal of organic modifiers of layered silicate, Polymer degradation and VI. AGRADECIMENTOS stability, v.93, p. 252 – 259, 2008. À Universidade Federal do ABC, pela oportunidade de desenvolver um projeto de iniciação científica no primeiro ano do curso. À Profª. Drª. Sandra Andrea Cruz, por me orientar tão bem no projeto e me proporcionar um aprendizado e desenvolvimento tão grande neste período. 11. ACHILIAS, D. S., BIKIARIS, D. N., KARAVELIDIS, V., KARAYANNIDIS, G. P., Effect of silica polymerization nanoparticles of on poly(ethylene solid state terephthalate), European Polymer Journal, v.44, p. 3096 – 3107, VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2008. 1. 2. AJAYAN, P. M., SCHADLER, L. S., BRAUN, P. 12. Wu, D., CHEN, F., LI, R., SHI, Y., Reaction Kinetics V., Nanocomposite science and technology, 1ª ed., and Simulations for Solid-State Polymerization of Editora WILEY-VCH, Alemanha, 2003. Poly(ethylene terephthalate), Macromolecules, v.30, TSAI, S., ASHTER, A., EARL, A., MEAD, J. L., p. 6737 – 6742, 1997. BARRY, C. F., ELLENBECKER, M. J., Control of 3. ZHANG, modified simulation, Polymer, v.46, p. 7309 – 7316, 2005. CANEVAROLO Jr., S. V., Ciência dos polímeros: ARTIGO TÉCNICO. Disponível em KE, Z., YONGPING, B., Improve the gas barrier interlayer polymerization, Materials Letters, v. 59, p. 3348 – 3351, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PET. Disponível em <http://www.abipet.org.br>. Acesso em Abril de 2009. Cruz, S. 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