PAPEL DA COMPETÊNCIA LEITORA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS MARIA DAS DORES DE MORAIS (UNIVERSIDADE CÁTÓLICA DE PERNAMBUCO). Resumo Alguns instrumentos avaliativos aplicados aos alunos do ensino fundamental têm mostrado que eles apresentam um fraco desempenho no tocante à habilidade de resolver problemas matemáticos. Reformas curriculares e metodológicas apontam para uma abordagem baseada na exposição do aluno a situações–problemas, para que se crie um ambiente que estimule o discente a propor soluções com base nas relações existentes entre o conhecimento matemático, o conteúdo correntemente apresentado e situações concretas do dia–a–dia. Contudo, resultados de avaliações de desempenho de alunos no que diz respeito à Matemática têm revelado que essa metodologia pode não ser eficiente, em razão das dificuldades que o aluno pode demonstrar para compreender os problemas a ele apresentados. Este trabalho objetiva investigar se o fraco desempenho em Matemática não está ligado apenas a limitações de cunho eminentemente matemático (conceitos não consolidados, conhecimentos não assimilados, instrumental matemático pouco desenvolvido), mas também à baixa competência em leitura. Serão aplicados dois pré–testes, um de leitura e outro com problemas de Matemática que podem ser classificados em dois grupos: questões cuja resolução passa direta e estritamente pelo instrumental matemático; questões que requerem as mesmas habilidades em Matemática exigidas pelas do primeiro grupo, contemplando, entretanto, um aparato linguístico mais desafiador e mais elaborado. Assim, no primeiro grupo destaca–se a habilidade em matemática, e, no segundo, aspectos de linguagem (competência leitora). O alvo a ser atingido no presente trabalho é o seguinte: o fraco desempenho em Matemática que muitos alunos apresentam não está ligado apenas a limitações (conceitos não consolidados, conhecimentos não assimilados, instrumental matemático inexistente ou pouco desenvolvido) de cunho eminentemente matemático: uma causa importante do fraco desempenho reside na baixa competência em leitura que caracteriza muitos alunos do Ensino Fundamental. Palavras-chave: leitura, problemas matemáticos, ensino fundamental. Introdução Apesar de existirem muitas discussões em relação ao ensino de matemática, a construção de uma aprendizagem significativa ainda não se concretizou na sala de aula. Dentre os motivos, destaca-se, aqui, que a prática pedagógica tem se limitado a um modelo tradicional de ensino baseado no simples repasse de conteúdos e aplicação de fórmulas, sem levar em consideração os conhecimentos prévios dos alunos, inclusive os relacionados a outras áreas do conhecimento. As reformas curriculares e metodológicas em relação ao ensino da Matemática que aconteceram na última década sinalizam para novas questões em relação às práticas pedagógicas. Dentre essas questões, uma que podemos destacar é a linguagem. De acordo com Lopes e Nacarato (2009), desde os anos 80 vários documentos curriculares, dentre eles as publicações do National Council of Teachers of Mathematics (NCTM) - em sua Agenda para a Ação; algumas propostas curriculares estaduais, em especial a do Estado de São Paulo; e os Parâmetros curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN), destacam a importância do papel da linguagem para a aprendizagem matemática. Além disso, esses documentos mostram que o desenvolvimento das práticas pedagógicas deva acontecer a partir de uma didática baseada na resolução situações-problemas, numa tentativa de consolidar as relações entre componentes curriculares e vida prática. Todavia, a utilização dessa metodologia voltada para um ensino reflexivo, com a intenção de formar o sujeito epistêmico, tem esbarrado no problema da fraca competência leitora dos alunos. Os resultados obtidos através do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) do Ministério da Educação evidenciam que há uma diminuição da proficiência em Língua Portuguesa (ênfase em leitura) e em Matemática (ênfase na resolução de problemas) nos alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, e da 3ª série do ensino médio, no período de 1995 a 2005 (Anexo1 e Anexo2). Esses resultados levam à suspeita de que o desempenho dos alunos em língua portuguesa interfere, de alguma maneira, na construção do conhecimento matemático sob avaliação. Pois, como podemos observar, Anexo3, qualquer mudança em Língua Portuguesa se reflete em mudança em Matemática. Situando a questão A última década do século XX e o início deste milênio têm sido marcados pela preocupação e discussão sobre a qualidade da educação e, principalmente, sobre as condições necessárias para garantir ao aluno o desenvolvimento das competências tão cobradas pela sociedade. Em relação à Matemática, os PCN (2001) têm salientado que mesmo diante dos avanços das pesquisas em relação a essa área do conhecimento, seu ensino no Brasil ainda é baseado no treino de habilidades e na mecanização de processos, sem que a compreensão dos conteúdos aconteça satisfatoriamente. Neste cenário, os alunos desenvolvem uma concepção errônea da matemática uma vez que, quase sempre, esta disciplina lhes é apresentada sem nenhuma relação com a sua realidade. De acordo com Lima (1982), todo processo escolar que não desafia é frenagem ao desenvolvimento da cognição. Charlot (2006) reforça que não se alcança o saber sem esforço, sem trabalho crítico, e que apenas a apresentação do conhecimento não possibilita que o aluno passe do eu empírico para o eu epistêmico, num movimento que vai do saber da vida cotidiana ao saber intelectualmente mobilizado. Para o autor, a questão fundamental a ser implantada por aquele que ensina é saber provocar a mobilidade intelectual daquele que aprende. Para tanto, os PCN (2001) salientam a importância que tem a Matemática em desempenhar seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades relativas ao trabalho. Além disso, chamam atenção para a necessidade de o professor estar atento ao desenvolvimento de competências de outras áreas do conhecimento que podem contribuir para o ensino de Matemática. Segundo Curi (2009) existe uma impregnação entre as linguagens materna e matemática que está presente em muitas situações do dia-a-dia, de tal forma que na maioria das vezes não percebemos e não nos damos conta de sua importância. Entretanto, na escola essa imbricação natural desaparece na medida em que a Matemática se reduz a uma linguagem formalizada, cheia de símbolos que não apresenta nenhuma significação para os alunos. Diante disto, Machado (2001) tem mostrado a necessidade de se realizar um trabalho interdisciplinar, principalmente com relação à Matemática e Língua Materna. Ele destaca ainda que, mesmo no tempo em que as pessoas iam à escola para ler, escrever e contar, essas disciplinas não se articulavam para o desenvolvimento de uma ação conjunta, desenvolviam apenas relações triviais de interdependência. O autor destaca que há uma imbricação entre elas, podendo ser caracterizada pelo paralelismo desempenhado pelas funções que exercem como sistema de representação da realidade. Além disso, salienta que as metas perseguidas pela Matemática e pela Língua Materna se complementam, fazendo com que uma dessas áreas seja redutível à outra, o que impede ações pedagógicas mais consistentes, quando se leva em consideração apenas uma delas. Para que se possa trabalhar numa perspectiva interdisciplinar, faz-se necessária a adoção de uma prática pedagógica inovadora, que vá de encontro ao modelo tradicional de ensino baseado em repetições e que produza um ambiente propício ao desenvolvimento de uma aprendizagem significativa. Segundo Ausubel (1980), essa prática ocorre quando a tarefa de aprendizagem implica relacionar, de forma não arbitrária e substantiva, uma nova informação a outras com as quais o aluno já esteja familiarizado, e quando o aluno adota uma estratégia correspondente para assim proceder. Teberosky (2003) salienta que a perspectiva construtivista difere do ensino tradicional porque propõe que o melhor tipo intervenção ocorre quando o professor apresenta atividades em que há um problema para resolver, pois através da resolução desses problemas ele pode observar todo o processo de aprendizagem no seu desenvolvimento e cooperar com ele. Além disso, essa perspectiva concebe uma grande mudança na maneira pela qual o indivíduo se apropria do conhecimento, pois em relação à aprendizagem, o que mais lhe importa não é o resultado final a que o aluno chega, mas os processos cognitivos que o conduzem à construção do conhecimento. Para a autora, a perspectiva construtivista trouxe uma nova visão de aprendizagem, entendendo-a como um processo contínuo de desenvolvimento que deve basear-se nos seguintes princípios: orientação dos professores que os alunos têm conhecimentos prévios construídos, a partir dos quais se devem construir pontes para as aprendizagens futuras; elaboração de atividades desafiadoras, nas quais as respostas podem ser construídas durante o processo de aprendizagem, em função das situaçõesproblema a resolver; oferecer ajuda aos alunos para suas possíveis e promoção de atividades conjuntas entre os alunos, possibilitando o intercambio de informações entre eles. Como se observa, na perspectiva construtivista o desenvolvimento e a aprendizagem são processos de construção de conhecimentos e essa construção não acontece ao acaso e sim num contexto social, por meio da interação com outros indivíduos.Em relação a esse último a autora chama a atenção para a responsabilidade que tem o professor em organizar atividades nas quais se desdobre um jogo de participação ativa, rico em relações sociais, ou seja, atividades de leitura e escrita compartilhadas, situações de discussão e argumentação. Em relação à perspectiva construtivista a maior contribuição que os estudos vygotskynianos têm a dar está associada às definições de Níveis de Desenvolvimento e Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). De acordo com o autor no processo de maturação o indivíduo passa por dois níveis: O nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. O primeiro está relacionado à capacidade que a criança tem de resolver uma tarefa de forma independente, sem a ajuda de ninguém. O segundo nível se relaciona as capacidades em vias de construção, ou seja, tudo aquilo que a criança é capaz de realizar com a ajuda do outro (VIGOTSKY, 2007).Entre o que a criança pode realizar sozinha e o que ele só consegue realizar com ajuda do outro existe uma distancia caracterizada como Zona de Desenvolvimento Proximal. Essa definição de ZDP é muito importante, pois faz com que o professor tenha condições de saber o que o aluno já sabe assim como aquilo o que ele precisa aprender e de que forma ele pode se organizar para conseguir alargar os conhecimentos já adquiridos pelos alunos. Assim, no que se refere ao ensino da matemática, as reformas curriculares e metodológicas sinalizam para uma didática baseada na resolução de situaçõesproblemas. Essa metodologia é vista como fator importante, contribuindo para uma aprendizagem significativa e efetiva, como preconizam os PCN (BRASIL, 2001: 22): "Ênfase na resolução de problemas, na exploração da Matemática a partir dos problemas vividos no cotidiano e encontrados nas várias disciplinas". Corroborando com essa idéia dada sua grande relevância no ensino de matemática, essa metodologia tem sido muito estudada e pesquisada por educadores. Segundo Dante (1998), a utilização de problemas matemáticos pode contribuir para fazer o aluno pensar produtivamente, ensiná-lo a enfrentar situações novas, dar-lhe a oportunidade de se envolver com as aplicações matemáticas; tornar a aula de matemática mais interessante e desafiadora; dar uma boa base matemática aos alunos e equipá-lo com estratégias para a resolução de problemas. Contudo, o uso dessa metodologia tem esbarrado num dos problemas mais graves que a educação brasileira enfrenta que é a fraca competência leitora dos alunos. De acordo com Curi (2009) as dificuldades relacionadas à resolução de problemas acontecem em parte pelo fato dos alunos não conseguirem ler e interpretar textos, já que o seu desempenho em atividades que não estão diretamente associados a compreensão de enunciados é bem melhor.Nesse sentido, Oliveira, Boruchovitch e Santos (2008) mostram em suas pesquisas que o aumento significativo do fracasso escolar ocorrido na última década pode estar associado a problemas no domínio da competência leitora, já que as diversas disciplinas dependem dessa competência para a aquisição de conteúdos e, conseqüentemente, para a construção do conhecimento. Silva (2005) define essa falta de competência como crise de leitura, cuja principal característica é a leitura bancária, ou seja, uma leitura voltada para a decodificação mecânica de grande volume de dados e não para a compreensão dos textos e de seus respectivos contextos. Para Solé (1998), essa deficiência tem se ampliado não apenas por causa do método aplicado para o desenvolvimento da competência leitora, mais pelo próprio conceito de leitura adotada pelos professores, que se restringe apenas à apreensão do código, faltando-lhe o entendimento de que a leitura é um processo de interação entre texto e leitor na busca da construção de um sentido (KOCH, 2008). Oliveira, Boruchovitch e Santos (2008) definem a competência leitora como a capacidade que o leitor tem de estabelecer relações entre o conteúdo explicitado no texto e as informações armazenadas na memória do leitor. Nessa perspectiva, Kintsch e Van Dijk (apud Oliveira, Boruchovitch e Santos, 2008) defendem que a compreensão em leitura depende da inter-relação entre os vários processos cognitivos. Para eles, quando o leitor apenas reconhece e extrai o significado das palavras, não há compreensão. Ela só acontece quando se vai além do reconhecimento e extração do significado das palavras, consistindo no desenvolvimento da capacidade de fazer inferências. Segundo Koch (2007), as inferências constituem estratégias cognitivas extremamente poderosas, capaz de estabelecer a ponte entre o material linguístico que se apresenta na superfície textual e os conhecimentos de mundo e/ou dos interlocutores. Além disso, Marcuschi (2008) destaca que as inferências podem ser utilizadas pelo leitor para preencher as idéias implícitas deixadas pelo autor do texto, e chama a atenção para o sentido inacabado que o texto possui, ressaltando que a construção do seu sentido dar-se-á por meio de uma co-autoria entre o autor e o leitor. Para Kleiman (2002) e Solé (1998), a compreensão em leitura envolve fatores linguísticos (decodificação por meio de domínio de aspectos sintáticos, semânticos, lexicais) e fatores cognitivos (memória, estabelecimento de inferências). Segundo Koch (2008), um aspecto importante a ser considerado nessa perspectiva de leitura é o resgate dos conhecimentos adquiridos anteriormente pelo leitor, pois eles têm extrema importância na construção de sentido do texto. Kleiman (1998) corrobora essa idéia, salientando que a utilização dos conhecimentos prévios ajuda no processo de compreensão do texto. Para a autora, quando o indivíduo faz uso de conhecimentos (linguístico, textual e de mundo) adquiridos no decorrer de sua vida, ele constrói o sentido do texto, confirmando a posição de Beaugrande (BEAUGRANDE, 1997: 10) para quem o texto é definido como "evento comunicativo no qual convergem ações lingüísticas, cognitivas e sociais". Kleiman (1998) ainda salienta que, ao se fazer uso de diversos conhecimentos, a leitura é considerada um processo interativo. Nessa linha de pensamento, Solé (1998) destaca três consequências que essa concepção de leitura traz consigo: a de leitor como sujeito ativo; a de que o sentido deve ser construído de acordo com o objetivo que o leitor tem com o texto e, a terceira, de que essa construção de sentido vai depender dos conhecimentos de mundo que o leitor possui. Diante disso, pode-se dizer que diferentes leitores com conhecimentos de mundo diversificados chegam a diversas interpretações e constroem sentidos diferentes para um único texto. Entretanto, em relação a este último ponto, Ferreira e Dias (2005) salientam que o autor sempre se utiliza de estratégias de organização textual, sinalizando para o leitor as possibilidades de construção de sentidos, que acontecerão a partir da associação entre a estrutura linguística do texto, do contexto e dos conhecimentos prévios adquiridos pelo leitor. Pode-se dizer, então, que as intenções e objetivos do autor são revelados através da estrutura linguística do texto que delimitará as possibilidades de construção de sentido pelo leitor, estabelecidas na relação textoautor-leitor. Outro aspecto importante para a compreensão textual diz respeito ao compartilhamento de informações. Quando o leitor não tem conhecimentos suficientes sobre o conteúdo abordado pelo texto, ele terá dificuldades na construção de sentidos do texto. Por isso, Ferreira e Dias (2005) enfatizam que nem o leitor, nem o texto, por si só, tem condições suficientes para oportunizar a construção de sentidos veiculados pelo texto. Para Ferreira e Dias (2005), Solé (1998) e Kleiman (1998), dentre as características da leitura, destacam-se: atividade cognitiva; atividade interativa e prática social. A leitura é cognitiva, pois elabora representações mentais e a compreensão não é o produto de uma cópia real das informações explicitadas no texto; é interativa, pois é capaz de mobilizar tanto os conhecimentos explicitados no texto pelo autor como aqueles adquiridos previamente pelo leitor; e, acima de tudo, deve ser considerada uma prática social, visto que o leitor tem, através da leitura, acesso aos conhecimentos construídos pela humanidade, com condições, também, de produzir novos conhecimentos, oportunizando a transformação do eu, do outro e do mundo. Além das características apresentadas, pode-se dizer que a leitura deve ser vista como uma atividade cotidiana que pode atender a diversificados propósitos sócio-comunicativos, tais como: ler para resolver problemas, ler para informar-se, ler para escrever; ler para buscar informações específicas. Smole (2002), Machado (2001) e Neves et al (2007) têm chamado a atenção para que o desenvolvimento da competência leitora não fique sob a responsabilidade apenas do professor de língua portuguesa, mostrando a necessidade de se desenvolver essa habilidade nas diversas áreas do conhecimento. No caso especifico da Matemática, é possível fazer a interdisciplinaridade através da utilização dos gêneros discursivos. Bakhtin (2003) define os gêneros discursivos como tipos relativamente estáveis, associados a situações típicas de comunicação social, que se caracterizam pelo conteúdo, estilo e construção composicional. Estudos realizados por Boruchovitch (2001), Gomes e Boruchovitch (2005), Zucolloto (2002) e Sisto (2006) mostram que as crianças têm deficiência em relação ao desenvolvimento da competência leitora, embora não tenha sido foco de seus estudos identificar se a deficiência pode estar contribuindo para o desempenho escolar dos alunos. De acordo com Oliveira, Boruchovitch e Santos (2008), a dificuldade em leitura inicia-se já no ensino fundamental, o que torna necessária a realização de pesquisas para detectar a relação entre compreensão leitora e desempenho acadêmico nesse nível de ensino. O que e por que avaliar Essas discussões, por si só, destacam a importância que um estudo sobre a relação competência leitora e resolução de problemas matemáticos tem para o ensino fundamental. A proposta deste trabalho é chamar a atenção para a relação entre o fraco desempenho em Matemática, que muitos alunos apresentam na resolução de problemas, e a baixa competência em leitura, muito freqüente no Ensino Fundamental, de forma a oferecer subsídios para o desenvolvimento de estratégias de ensino, numa perspectiva inter e/ou mesmo multidisciplinar, em situações de práticas sociais vivenciadas por esses alunos em seu meio social. O que se apresenta como questão central é que tanto a resolução de problemas quanto a leitura têm sido foco de avaliações de matemática e língua, e que os alunos têm mostrado dificuldade na compreensão dos enunciados dos problemas matemáticos. Por outro lado, questiona-se se o fraco desempenho em Matemática não estará ligado apenas a limitações de cunho eminentemente matemático, e sim à baixa competência em leitura que caracteriza muitos alunos do Ensino Fundamental. Procedimentos metodológicos Serão realizados dois testes, numa turma de quarta série do ensino fundamental de uma escola do município de Jaboatão dos Guararapes-PE. O primeiro observará o desempenho em leitura dos alunos e o segundo verificará as dificuldades desses alunos quanto à resolução dos problemas matemáticos. Aos alunos serão apresentados "problemas" de Matemática que podem ser classificados em dois grandes grupos: o primeiro consiste de questões cuja resolução passa direta e estritamente pelo instrumental matemático; o segundo consiste de questões que requerem as mesmas habilidades em Matemática exigidas pelas questões do primeiro grupo - entretanto, contempla um aparato lingüístico mais desafiador, mais elaborado que as do primeiro grupo. O primeiro grupo, portanto, tem foco na habilidade em matemática, e o segundo grupo está relacionado com aspectos de linguagem (competência em leitura). Referências ARAÚJO, C. H.; LUZIO, N. Avaliação da Educação Básica: em busca da qualidade e eqüidade no Brasil. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2005. AUSUBEL, D.P. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1980. BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BEAUGRANDE, R. 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